Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Análise Sistemática da Produção Acadêmico-Científica sobre Liderança e Aprendizagem Organizacional Autoria: Aulina Judith Folle Esper, Andrea Valéria Steil, Jane Lucia S. Santos Resumo: O objetivo deste trabalho é realizar uma análise sistemática da produção científica que associa os temas liderança e aprendizagem organizacional. Para isto, foi utilizado o método de estudo bibliométrico e de análise sistemática das publicações indexadas à base de dados Web of Science até 2012. Foram localizados 197 artigos publicados em 123 periódicos e escritos por 454 autores, vinculados a 252 instituições oriundas de 32 países. Entre esses artigos foram identificados 22 trabalhos empíricos e 4 teóricos que enfocam explicitamente a relação entre aprendizagem organizacional e várias abordagens de liderança, sendo que a mais estudada é a liderança transformacional. 2 1. Introdução A aprendizagem organizacional (AO) é a disciplina que visa compreender como ocorre o processo de aprendizagem nas e das organizações, como uma analogia à capacidade do ser humano de aprender e de se aperfeiçoar, em um processo que envolve tanto mudanças cognitivas quanto comportamentais nos níveis individual, de grupo, da organização como um todo e, inclusive, no nível interorganizacional (ARGYRIS; SCHÖN, 1978; EASTERBY- SMITH; LYLES, 2005; ANGELONI; STEIL, 2011). Pesquisas na área da AO indicam que muitos trabalhos tratam deste construto como um sinônimo de organizações de aprendizagem. Entretanto, ambos possuem diferentes características e enfoques, que podem ser vistos retratados nas publicações sobre os temas, as quais os determinam como sendo duas áreas específicas (TSANG, 1997; ANGELONI; STEIL, 2011). Para Angeloni e Steil (2011), as pesquisas em AO visam descrever e compreender processos e comportamentos, estando pautadas no rigor científico, caracterizando-se como uma abordagem descritiva do fenômeno da aprendizagem. Nos escritos sobre organizações de aprendizagem, todavia, há a consideração de um estado ideal, um conjunto de recomendações, baseada principalmente em experiências de consultoria sobre as melhores práticas para a organização, caracterizando-se como uma abordagem prescritiva (TSANG, 1997). Apesar do grande volume de publicações sobre a temática (CROSSAN; LANE; WHITE, 1999), a AO ainda não obteve a convergência sobre o significado fundamental do termo, ou ainda sua natureza básica. Fatores como: a) a característica multidisciplinar da área, que envolve a psicologia organizacional, a ciência administrativa, a sociologia e a teoria organizacional, dentre outras disciplinas (ANTAL et al, 2003); e b) divergências quanto ao foco, se está centrado no processo (aprendizagem) ou no produto (conhecimento); aos níveis de análise dos agentes da aprendizagem e a questão do locus da aprendizagem, se é uma mudança cognitiva ou comportamental; retratam essa dificuldade de estabelecimento da natureza básica da AO (EASTERBY-SMITH; LYLES, 2005). Para tratar esses desafios, vários pesquisadores têm buscado subsídios conceituais em outras áreas de pesquisa para ajudar a explicar o fenômeno de AO. Neste sentido, acredita-se que associar AO com outros construtos ajuda a agregar novas evidências para a compreensão dos processos de aprendizagem nos seus diferentes níveis de análise (CROSSAN; MAURER; WHITE, 2011). Examinar o papel da liderança nos processos de AO, como fizeram alguns estudiosos (p.ex. JANSEN; VERA; CROSSAN, 2009; SUN; ANDERSON, 2012), apresenta- se como um dos temas mais relevantes e promissores para pesquisas científicas nessa área. Neste contexto, apesar de existir claramente diversos trabalhos que associam AO e liderança, pouco se sabe sobre o perfil desses estudos e como os dois temas têm sido interligados ao longo do tempo pelas pesquisas científicas. Assim, uma revisão de literatura estruturada (bibliométrica) que apresente este mapeamento pode ser útil para identificar as interseções entre os dois temas e disponibilizar à comunidade acadêmico-científica subsídios para a realização de futuras pesquisas teóricas e, principalmente, empíricas. Destaca-se ainda que não foram encontradas, nas principais bases de dados brasileiras, publicações recentes de estudos bibliométricos ou revisões sistemáticas sobre a relação entre AO e liderança na língua portuguesa. Na base SciElo os descritores “aprendizagem organizacional” e “liderança” não retornaram nenhum resultado, e inserido apenas o descritor “aprendizagem organizacional” o resultado obtido foram de seis artigos científicos, os quais não tratam de aspectos sobre o tema liderança. Pesquisando os mesmos descritores (“aprendizagem organizacional” AND “liderança”) na base de Periódicos da Capes foram encontrados 45 resultados, dentre os quais nenhuma análise bibliométrica ou revisão sistemática sobre ambas temáticas. Efetuada a busca na base Spell foi encontrado o artigo de 3 Leite e Aquino (2008), que relata um estudo de caso, portanto, nenhum trabalho específico de revisão bibliográfica sobre o tema foi encontrado no Brasil. A fim de contribuir para preencher esta lacuna, por meio deste artigo disponibiliza-se para a comunidade acadêmico-científica brasileira um amplo levantamento das publicações internacionais dos estudos que associam AO e liderança. Assim, o objetivo deste trabalho é realizar uma análise sistemática da produção científica sobre AO e liderança, publicada em periódicos indexados à ISI Web of Knowledge (Web of Science), em língua inglesa, entre os anos completos disponibilizados pela base até o momento da pesquisa (1956 e 2012). Na próxima seção deste artigo é apresentada uma visão geral dos fundamentos teóricos iniciais sobre AO e liderança; na seção de procedimentos metodológicos são descritas as etapas de pesquisa que orientaram a busca e análise sistemáticas; na seção de apresentação dos resultados é descrito o perfil das produção científica mapeada a partir da busca sistemática e são discutidos os principais resultados da análise sistemática; e, na última seção estão as considerações finais. 2. Liderança e Aprendizagem Organizacional Ainda que não haja um consenso sobre o significado fundamental do termo, o fato de que as organizações passam por um processo de aprendizagem é reconhecido pelos estudiosos da área. Este trabalho encontra-se filiado à visão proposta por autores como Argyris e Schön (1978), que consideram que o processo de aprendizagem envolve tanto mudanças cognitivas quanto comportamentais. Nesse sentido, pessoas e grupos aprendem através da compreensão, que reflete na ação, ou pelo contrário, por intermédio da ação as pessoas e grupos podem vir a interpretar a situação e alcançar o nível da compreensão (ANGELONI; STEIL, 2011). Mas não basta a aprendizagem individual, ou de um grupo, para que se considere como ocorrida a aprendizagem organizacional, para tanto é necessário que haja a passagem desse conhecimento à organização, no processo chamado de institucionalização, sendo então essa forma de conhecimento armazenada em repositórios não-humanos, tais como rotinas, sistemas, estruturas, cultura e estratégia (VERA; CROSSAN, 2005). Percebe-se assim que a AO se apresenta como um fenômeno que ocorre em multiníveis, visto que da aprendizagem dos níveis individual e de grupo, passa-se então a considerar toda a organização e até mesmo a relação inter-organizacional. Muito embora haja um consenso entre os pesquisadores quanto a essa natureza, poucos estudos têm trabalhado explicitamente com essa estrutura, o que mostra a dificuldade no desenvolvimento de pesquisas que considerem ao mesmo tempo diversas instâncias de análise com todas as suas particularidades (CROSSAN; MAURER; WHITE, 2011; LÄHTENENMAKI, TOIVONEN, MATTILA, 2001). Crossan, Lane e White (1999),apresentam um modelo multinível da AO entendendo-a como o conjunto de quatro processos (4I): intuir, interpretar, integrar e institucionalizar, que perfazem a ligação dos níveis individual, do grupo e da organização. Considerando este modelo, Steil e Santos (2012, p. 4) afirmam que a intuição envolve a presença e reconhecimento de padrões e/ou possibilidades no nível pré-consciente individual. Aprender nessa dimensão significa identificar e reconhecer semelhanças e diferenças entre padrões e possibilidades. Interpretação é o ato de verbalizar um insight, uma ideia ou conhecimento para alguém ou para um grupo de pessoas. Pela linguagem se realiza a passagem do nível pré- consciente para a consciência individual ou de um grupo. Integração é o processo de construir uma compreensão compartilhada entre indivíduos e desenvolver uma ação coordenada mediante ajuste mútuo. Por fim, institucionalização é a via pela qual há a incorporação de conhecimentos na forma de sistemas, estruturas, estratégias, rotinas e práticas. O processo de AO encontra-se intimamente ligado à relação entre grupos e à própria estrutura organizacional. Para além da estrutura hierárquica posta na organização, as 4 pesquisas na área de liderança trabalham com os processos de interação humana, considerando-se especialmente as influências de uma ou mais pessoas chave, o líder ou os líderes, dentro de um grupo ou equipe, conduzindo-se este corpo de pessoas a um objetivo de valor comum (HEIFETZ, 1998; VERA; CROSSAN, 2004). Não há, todavia, um consenso na forma pela qual a liderança se dá nas organizações. De modo diverso, há uma sucessão de propostas e teorias, desde o final do séc. XIX até o presente, em um conjunto de noções que considera desde traços inatos que diferenciam o líder das demais pessoas; para uma visão do poder de influência do líder; para então a consideração do comportamento dos líderes; para a visão de que na realidade é o contexto que demanda um determinado perfil de líder; para então se chegar às visões da liderança como processo de trocas entre líderes e liderados (liderança transacional); ou a capacidade de carisma e influência do líder, visando a transformação do liderado e das organizações (liderança transformacional) (VAN SETERS; FIELD, 1990; GANGA; NAVARRETE, 2013). Mais recentemente novas abordagens vêm sendo discutidas, como a liderança autêntica e sua busca pela construção de relações mais éticas e verdadeiras nas organizações (AVOLIO; GARDNER, 2005), ou ainda as propostas de liderança vista como processos, práticas e interações, considerando-se os fenômenos da co-liderança, da liderança compartilhada, ou ainda da liderança distribuída (CREVANI; LINDGREN; PACKENDORFF, 2010). Tendo em vista o fato de que a liderança trabalha com a capacidade de influência na organização, considerados os seus múltiplos níveis (YAMMARINO; DANSEREAU, 2008); e que a AO é um processo que ocorre na organização, também em diversos níveis de relação, pesquisadores passaram a considerar a associação entre ambos os construtos. Berson et al (2006), por exemplo, destacam estudos que usam variáveis da aprendizagem como medidas da liderança ou os papeis da liderança em determinadas áreas da organização, enquanto outros trabalhos buscaram sistematicamente conectar os processos de AO com a liderança, considerando o papel da liderança nas diversas instâncias da AO. Para os referidos autores, a liderança facilita a aprendizagem organizacional (BERSON et al, 2006). Leite e Aquino (2008) desenvolvem um estudo de caso com corte longitudinal em um grupo nacional do ramo petroquímico, visando apresentar as relações entre liderança, AO e responsabilidade e a interação dinâmica entre os construtos. Ao estudarem a alta gestão de três organizações do grupo, bem como do executivo do topo do grupo, os pesquisadores verificaram que enquanto as lideranças das três organizações são propulsoras da aprendizagem organizacional, o executivo do topo se mostrou como inibidor dos processos, tendo em vista sua forma de liderar e o seu comprometimento com a AO. Verificada a diversidade de propostas e abordagens, tanto nas pesquisas sobre AO, quando nos trabalhos sobre liderança e mais ainda a relação entre os dois construtos, pretende-se compreender a forma pela qual as pesquisas sobre AO e liderança têm trabalhado a intersecção entre estudos dos dois construtos. Para isto, foram adotados procedimentos metodológicos fundamentados em análise bibliométrica, os quais estão descritos na próxima seção deste artigo. 3. Procedimentos Metodológicos Os procedimentos metodológicos utilizados neste trabalho foram desenvolvidos em duas principais fases de pesquisa: (i) busca sistemática, e (ii) análise sistemática de literatura. Essas fases estão descritas a seguir. 3.1 Fase 1: Busca sistemática da literatura Para a busca sistemática a técnica adotada foi a bibliometria, que se utiliza de métodos estatísticos e matemáticos para mapear informações, a partir de registros bibliográficos 5 presentes em bases de dados (SANTOS; KOBASHI, 2009). Foram adotados as três etapas utilizadas por Santos, Maldonado e Santos (2011). Na etapa de identificação da base de dados foi escolhida a base ISI Web of Knowledge (Web of Science) e, dentro dessa, a Social Sciences Citation Index (SSCI). As buscas foram feitas no segundo semestre de 2013, então foram incluídas as publicações disponível até o último ano completo, desde 1956 até 2012. Conforme Mugnaini e Strehl (2008), a Web of Science é uma base de dados altamente reconhecida pela comunidade científica, e devido às suas características é possível saber quantas vezes um artigo indexado foi citado por trabalhos publicados posteriormente, bem como analisar o Fator de Impacto das publicações, sendo inclusive precursora no uso dessa ferramenta. Na etapa de buscas propriamente ditas, foram utilizados os descritores em inglês dos temas de interesse de pesquisa, ou seja, liderança e aprendizagem organizacional. Os termos buscados no campo Topic (TS) foram: “leader* AND ‘organi?ational learning’” OR “organizational learning” AND leader*”, como representativos da maior gama possível de artigos publicados sobre o tema, mediante testes de buscas anteriores. Como filtros de refinamento foram considerados somente os trabalhos em inglês e os artigos científicos/ revisões (não incluídas as revisões de livros), excluindo-se as demais formas de publicação. Essas buscas retornaram um total de 197 artigos. Na terceira etapa, houve a importação das informações bibliométricas dos 197 artigos para o software HistCite® e, em seguida, os dados foram organizados no formato de tabelas/quadros para facilitar a apresentação dos resultados (ver seção 4.1 deste trabalho). 3.2 Fase 2: Análise sistemática da literatura Este artigo tem como objetivo não somente apresentar dados bibliométricos acerca das publicações de artigos científicos que trabalham com a relação entre AO e liderança, mas também desenvolver uma análise sistemática sobre os mesmos. Para a realização desta fase da pesquisa foram empregadas como referência as etapas adotadas por Crossan e Apaydin (2010). Inicialmente foram definidos os principais critérios para selecionar, entre os 197 trabalhos localizados, uma quantidade representativa de artigos sobre o tema. Estes critérios foram: (i) O artigo deve tratar explicitamente do tema aprendizagem organizacional e liderança, aparecendo ambos os termos no título e/ou resumo; (ii) O artigo deve tratar sobre liderança, descartando-se os artigos que mencionam superficialmente o corpo de líderes da organização enquanto partícipes do processo de aprendizagem organizacional; e (iii) O texto completo do artigo deve estar disponível para acesso, descartando-se aqueles que apenas apresentem o resumo. Durante pesquisas preliminaressobre o assunto foram encontrados muitos artigos que consideravam apenas a figura dos líderes da organização no processo de aprendizagem organizacional, sem discutir o seu papel ou influência, ficando no âmbito do que Vera e Crossan (2004) consideraram como uma suposição implícita que os líderes são a força condutora da AO. Optou-se então por selecionar apenas artigos que tratam sobre liderança e AO, excluindo-se aqueles que fizerem mera referência à liderança ou aos líderes da organização. Os artigos que não atenderem ao critério da disponibilidade da íntegra do artigo também foram excluídos Dos 197 artigos trabalhados na análise bibliométrica, 131 atenderam aos critérios de análise, com os termos liderança e AO presentes no título e no resumo, o que representa um corte de 66 artigos científicos. Outros 14 artigos científicos foram eliminados, pois a versão completa do artigo não possuía acesso disponível, ficando assim um total de 117 artigos científicos. Em seguida, outros 56 artigos foram eliminados devido ao fato de não abordarem diretamente a relação entre AO e liderança, reduzindo-se a um total de 61 artigos científicos. Ao final, outros 35 artigos científicos foram excluídos, desta vez em função de não abordarem 6 diretamente liderança, mas tratarem tão somente da figura do líder participando do processo de AO. Deste modo, no presente trabalho, o total de 26 artigos científicos foram efetivamente selecionados para o desenvolvimento da análise sistemática dos seus textos completos. Os 26 artigos selecionados foram importados para o software EndNote® junto de suas referências disponíveis na ISI Web of Knowledge (Web of Science). Para a fase da análise dos artigos foram definidos como dados a serem colhidos e considerados, dentro dos artigos selecionados, os seguintes: (i) objetivo principal; (ii) tipo de estudo, se teórico ou empírico; (iii) outros construtos/variáveis estudados conjuntamente; e (iv) tipo de liderança estudado. A última etapa da análise sistemática, a síntese, que visa retratar conceitualmente o campo estudado (CROSSAN; APAYDIN, 2010), é apresentada na seção 4.2 deste artigo. 4. Resultados Nesta seção a apresentação dos resultados é feita em duas partes: resultados da busca sistemática (seção 4.1) e análise sistemática da literatura (seção 4.2). Os resultados da busca sistemática representam alguns dados bibliográficos referentes aos 197 trabalhos localizados inicialmente. Em seguida, são apresentados os resultados das análises dos textos completos dos 26 artigos científicos selecionados. 4.1 Resultados da busca sistemática O levantamento bibliométrico trouxe como resultados 197 artigos científicos que continham ambos os construtos dentro do seu título, resumo ou palavras-chave. Estes artigos foram publicados em 123 periódicos diferentes, congregando um número total de 454 autores, vinculados a 252 instituições diferentes de 32 países. O número de palavras-chave diferentes utilizadas alcançou o total de 699, enquanto que o número de referências citadas é de 9.378. Como mencionado, os 197 artigos localizados estão publicados em 123 diferentes periódicos, o que dá uma média de 1,6 artigos por periódico. Entretanto, os periódicos mais representativos quanto à quantidade de publicações sobre o tema são Management Learning, com nove artigos sobre o tema, seguido pelo Educational Administration Quarterly, com sete artigos. Na sequencia estão o International Journal of Human Resource Management e Leadership Quarterly, ambos com seis artigos publicados sobre o tema. O periódico Human Relations possui cinco publicações, e os periódicos Implementation Science e Quality and Safety in Health Care, ambos com quatro publicações que associam AO e liderança. Este grupo de periódicos publicaram 41 artigos científicos, que representa 20,8% do total de artigos localizados. Quanto à quantidade de citações desses periódicos, percebe-se que em primeiro lugar está o Research Policy (com 221 citações, sendo que 197 citações são advindas do artigo de HOBDAY, 2000), o qual não aparece na lista dos periódicos com maior quantidade de artigos publicados sobre AO e liderança. O periódico Management Learning ocupa a 2º posição entre aqueles com as maiores quantidades de citações (162 citações) e, também, é o primeiro em quantidade de publicações sobre o tema (Tabela 1). Tabela 1 – Periódicos com mais artigos publicados sobre aprendizagem organizacional e liderança, e sua correspondente quantidade de citações Periódicos Quantidade Citações Posição* Management Learning 9 162 2º Educational Administration Quarterly 7 119 7º International Journal of Human Resource Management 6 80 11º Leadership Quarterly 6 133 5º Human Relations 5 98 8º Implementation Science 4 22 27º Quality and Safety in Health Care 4 154 4º Fonte: Elaboração própria, baseada em dados da Web of Science (2013). 7 A Tabela 2 permite verificar o fato de que há uma baixa concentração de publicações em torno de um pesquisador. Quem mais publicou trabalhos foi García-Morales, com 6 artigos, sendo que o segundo grupo é composto por 6 autores que publicaram 3 artigos sobre o tema. Outros 24 autores publicaram 2 artigos sobre AO e liderança, enquanto que os demais 422 autores publicaram um artigo científico cada um, a média total é de 2,3 autores por artigo científico publicado. Embora a maioria dos 197 trabalhos localizados tenham sido escritos por autores vinculados a instituições dos Estados Unidos da América (total de 68 artigos, ou seja, 34,5% do total), os autores que mais publicaram sobre AO e liderança estão vinculados a instituições da Espanha, Israel e Taiwan, que representam 16,3% das publicações. Conforme apresentado na Tabela 2, 18 artigos (9,1% do total) foram publicados por autores espanhóis; e os autores taiwaneses e israelenses publicaram 7 artigos cada um. Os autores espanhóis que mais publicaram encontram-se vinculados às Universidades de Granada, com 10 artigos, e Valência, com 4 artigos. Em Israel, destaca-se a Universidade de Haifa, visto que dos 7 artigos israelenses, 6 foram são de pesquisadores dessa instituição. Tabela 2 - Os autores que possuem maior número de publicações e sua correspondente afiliação Autores Quantidade de Trabalhos Afiliação País GARCIA-MORALES, V. J. 6 University of Granada Espanha CAMPS, J. 3 University of Valencia Espanha CHANG, J. C. 3 Taipei University of Technology Taiwan HSIAO, H. C. 3 Cheng Shiu University Taiwan LIPSHITZ, R. 3 University of Haifa Israel LLORENS-MONTES, F. J. 3 University of Granada Espanha POPPER, M. 3 University of Haifa Israel Fonte: Elaboração própria, baseada em dados da Web of Science (2013) Entre os 197 artigos identificados, os dez trabalhos com o maior número de citações na Web of Science (WoS) foram publicados entre 1997 e 2004. Conforme apresentado na Tabela 3, o artigo com maior quantidade de citações recebidas é o trabalho de Hobday, publicado em 2000 no Research Policy (com 197 citações na WoS), seguido pelo trabalho de Vera e Crossan, publicado em 2004 no Academy of Management Review (149 citações). Tabela 3 - Os 10 trabalhos mais citados sobre liderança e aprendizagem organizacional N. Autores Título do trabalho Fonte da Publicação Ano Citações 1 Hobday The project-based organisation: an ideal form for managing complex products and systems? Research Policy 2000 197 2 Vera e Crossan Strategic leadership and organizational learning Academy of Management Review 2004 149 3 Dess et al. Emerging issues on corporate entrepeneurship Journal of Management 2003 123 4 Hult et al. Organizational learning in global purchasing: a model and test of internal users and corporate buyers Decision sciences 2000 75 5 Rousseau Organizational behavior in the new organizationalera Annual review of psychology 1997 74 6 Edmondson Learning from failure in health care: frequent opportunities, pervasive barriers Quality & Safety in health care 2004 68 7 Bierly, Kessler; e Christensen Organizational learning, knowledge and wisdom Journal of organizational change management 2000 63 8 Storck e Hill Knowledge diffusion through “strategic communities” Sloan management review 2000 61 9 Popper e Organizational learning – mechanisms, Management Learning 2000 59 8 Lipshitz. culture and feasibility 10 Rahim. Toward a theory of managing organizational conflict International journal of conflict management 2002 57 Fonte: Elaboração própria, baseada em dados da Web of Science (2013). O artigo mais citado, de Hobday (2000), refere-se a uma análise da eficácia da produção de produtos, sistemas, redes, bens de capital e construções complexos e de alto valor em uma organização que trabalha com gestão por projetos, comparando-a com uma organização de matriz funcional mais tradicional. No decorrer do trabalho, o autor considera estratégias de AO e liderança técnica, como formas de melhorar o desempenho das organizações baseadas em projetos. Já o trabalho de Vera e Crossan (2004) considera a influência da liderança estratégica, especialmente do topo da estrutura hierárquica organizacional, nos diversos níveis de aprendizagem (indivíduo, grupo e organização). Dess et al. (2003) abordam algumas das questões acerca do empreendedorismo corporativo, considerando as implicações na aprendizagem organizacional, no papel da liderança e da troca social no processo de empreendedorismo. O artigo de Hult et al. (2000) é uma pesquisa para examinar um modelo centrado em aprendizagem organizacional para a gestão da cadeia de suprimentos. Hult et al. (2000) conclui que a AO é influenciada pelos fatores de cultura organizacional como localidade, liderança transformacional e abertura. O trabalho de Rousseau (1997) desenvolve uma revisão das pesquisas sobre comportamento organizacional, considerando dentre os aspectos-chave para a pesquisa a AO e a liderança. Não há, contudo, uma consideração de ambos os construtos em conjunto, bem como no que toca à liderança. O o trabalho considera muito mais a teoria dos substitutos da liderança, que procura por outras formas de relações sociais nas organizações, que dispensem a figura do líder (VAN SETERS; FIELD, 1990). Edmondson (2004) estuda a aprendizagem organizacional dentro das organizações de saúde, considerando especialmente a aprendizagem com as falhas. Assim, a autora considera as formas pelas quais os líderes estimulam o processo estudado. Bierly, Kessler e Christensen (2000) desenvolveram um modelo para analisar o impacto da AO e do conhecimento na vantagem competitiva, considerando os dados, as informações, o conhecimento e a sabedoria. No decorrer do trabalho, os autores consideram a liderança transformacional como um fator que integra o processo de aquisição da sabedoria na organização. Storck e Hill (2000) descrevem o processo de desenvolvimento de comunidades estratégicas (comunidades de prática) como procedimento para a difusão do conhecimento, tomando por base o caso da Xerox e o seu projeto da Aliança de Transição (Transition Alliance). No decorrer do trabalho são discutidos tanto o papel da liderança da organização como também a liderança no interior das comunidades estratégicas. A comum confusão entre os construtos AO e organizações de aprendizagem é objeto de consideração do artigo de Popper e Lipshitz (2000), que aborda a matéria considerando quatro questões controversas sobre AO: suas similaridades e diferenças com as organizações de aprendizagem; as condições para promover a AO de modo produtivo; sobre quando a AO é viável; e como a AO está relacionada com as organizações de aprendizagem. Apesar de constar no resumo do trabalho o líder como responsável pela viabilidade da AO, o artigo não considera diretamente o papel da liderança. Rahim (2002), por fim, trabalha com a gestão de conflitos organizacionais, considerando que esta poderia fomentar o processo de aprendizagem organizacional. O autor enfoca na teorização da gestão de conflitos, relacionando o construto com a AO, porém não considera a relação entre a AO e liderança. Dentre os artigos mais citados, nem todos foram contemplados na fase de análise sistemática, por não abordarem diretamente a relação entre AO e liderança e, consequentemente, não atenderem aos critérios de inclusão (seção 3.2). Dentre os trabalhos apresentados, o artigo de Vera e Crossan (2004) é aquele que apresenta o foco mais claro na 9 relação entre ambos os construtos, talvez por isso seja o grande referencial para as publicações posteriores sobre o tema. As autoras partem da constatação de que os trabalhos sobre AO haviam dado baixa consideração ao papel dos líderes na implementação da AO, destacando que apesar da noção implícita de que os líderes são a força-motriz da AO, não constavam na literatura comportamentos específicos e mecanismos pelos quais os líderes impactam na aprendizagem. Assim, em seu artigo é abordado o impacto do estilo de liderança da alta gestão nas organizações, valendo-se das teorias da liderança transformacional e transacional (VERA; CROSSAN, 2004). Outras análises semelhantes estão apresentadas a seguir. 4.2 Resultados da análise sistemática A leitura e análise dos textos sobre AO e liderança revelaram que, muito embora um número expressivo tenha atendido aos critérios fixados para este trabalho (ver seção 3.2), poucos se encontravam aptos para uma análise sistemática sobre o assunto. Isso ocorreu pois muitos dos artigos trabalham com os construtos AO ou liderança não como objeto de consideração direta, mas apenas fazem uma alusão a eles no decorrer do trabalho. Alguns dos trabalhos sobre AO mencionam a importância da liderança, ou que esta é um fato a ser considerado, porém, não cuidam em definir, apresentar sustentação teórica, ou incluir dentro de suas investigações, sejam elas teóricas ou empíricas (quantitativas ou qualitativas). Do mesmo modo, outros trabalhos consideravam a AO como um processo importante a ser desenvolvido pelo corpo de líderes, sem incluí-la diretamente na pesquisa. Assim, a partir dos 197 artigos científicos que foram estudados durante a fase da busca sistemática, 26 foram selecionados para integrar a análise sistemática. Esses artigos foram lidos na íntegra e classificados quanto à abordagem de liderança utilizada, os métodos de pesquisa utilizados e a relação entre AO e liderança explicitamente estudada e descrita no artigo (Figuras 1, 2 e 3). Percebe-se que somente quatro dos 26 artigos são estudos teóricos (Figura 1), entre os quais está o trabalho de Vera e Crossan (2004). Os trabalhos de Mazutis e Slawinski (2008), e Hannah e Lester (2009), associam teoricamente AO com liderança autêntica e liderança compartilhada, respectivamente. E, no trabalho de Berson et al. (2006) é apresentada uma revisão de literatura sobre AO e liderança. Figura 1 – Artigos que relacionam liderança e aprendizagem organizacional: síntese dos estudos teóricos Autores Abordagem de Liderança Relação entre Liderança e Aprendizagem Organizacional (AO) Mazutis e Slawinski (2008) Liderança autêntica Os líderes autênticos colaboram com a AO através do mecanismo do diálogo, criando uma cultura que favorece a aprendizagem nos níveis individual, de grupo e organizacional. Hannah e Lester (2009) Liderança Compartilhada AO é vista como um Sistema onde os líderes promovem estratégias de intervenção nos níveis individual (micro), da rede (meso) e sistêmico (macro). Os líderes estabelecem as condições e a estrutura para a ocorrência da aprendizagem e também limitam interferênciasdiretas nos processos criativos. Vera e Crossan (2004) Liderança transacional e transformacional As autoras desenvolvem um modelo teórico sobre os impactos da alta liderança da organização na AO, adotando tanto a liderança transformacional quanto a liderança transacional como base. Berson et al. (2006) (Não definem uma abordagem) Trata-se de uma revisão de literatura sobre a relação entre liderança e AO. Os autores trabalham com os construtos exploration, exploitation e integração, nos níveis individual, diádico/grupo, da organização e da mediação pelo contexto organizacional, considerando também possibilidades para pesquisa futura em cada um dos pontos. Fonte: elaboração própria 10 Dentre os artigos que integraram a análise sistemática o mais antigo é o de Hult et al. (2000), que está presente no grupo dos 10 trabalhos mais citados, com um total de 75 citações. Na sequência outros dois artigos foram publicados em 2002, os trabalhos de Driver (2002), que propõe um modelo integrativo da abordagem da liderança transacional com a AO, e o artigo de Silins, Mulford e Zarins (2002), que estuda as escolas da Austrália, encontrando a importância da liderança transformacional dos diretores de escola, além de considerar também a figura da liderança distribuída na equipe docente. A partir de 2004 o cenário das publicações sobre AO e liderança se alterou, em parte devido à publicação do trabalho de Vera e Crossan (2004), que apresenta um modelo teórico sobre a liderança transacional e transformacional dos membros da alta gestão da organização e sua influência na AO. Analisando-se os 22 trabalhos empíricos, verifica-se a preponderância de estudos quantitativos que tratam da relação entre AO e liderança, um total de 19 artigos. Em sua maioria os trabalhos quantitativos buscaram demonstrar a associação direta ou indireta entre os dois construtos. Dez desses artigos associaram empiricamente a liderança transformacional e a aprendizagem organizacional, tais como descritos na Figura 2. Figura 2 – Artigos empíricos que relacionam liderança transformacional e aprendizagem organizacional Autores e Tipo do Estudo Relação entre Liderança e Aprendizagem Organizacional (AO) Hult et al. (2000) Empírico, quantitativo Os autores analisam as dimensões da cadeia de suprimentos global, considerando amostras de compradores e vendedores, buscando fatores que influenciam a AO. Identificaram uma relação positiva entre a localidade, liderança transformacional e abertura, com a AO, tanto nas amostras de vendedoras, quando em compradores. Silins, Mulford e Zarins (2002) Empírico, quantitativo A liderança transformacional dos diretores de escolas na Austrália se mostrou um importante fator para a promoção da AO. García-Morales, Lloréns-Montes, Verdú-Jover (2006) Empírico, quantitativo Os autores buscam demonstrar que a inovação organizacional e a AO compõem a performance organizacional, considerando a liderança transformacional como elemento da AO. Os autores concluem que a inovação organizacional e a AO são fundamentais para se fomentar o empreendedorismo nas organizações. Aragón-Correa, García- Morales e Cordón-Pozo (2007) Empírico, quantitativo Os autores buscaram comprovar que a AO, enquanto processo coletivo, e a liderança transformacional, como atividade individual, influem na prática da inovação nas organizações. Os resultados indicam que a AO influencia mais na inovação do que a liderança transformacional do CEO. Porém, verificou-se que a liderança possui uma significativa influência na AO, indicando uma influência indireta da liderança na inovação. García-Morales et al. (2008) Empírico, quantitativo Investiga a influência da liderança transformacional na inovação organizacional e na performance, dependendo do nível de AO em empresas tecnológicas. O estudo mostra que as relações entre liderança, inovação e performance são maiores nas organizações que apresentam maiores níveis de AO. Marchionni e Ritchie (2008) Empírico, quantitativo O trabalho aborda os fatores organizacionais que influenciam um guia de melhores práticas para as organizações da área da saúde, considerando a cultura de AO e a liderança transformacional como fatores facilitadores. García-Morales e Lloréns-Montes e Verdú-Jover (2008) Empírico, quantitativo Os autores desenvolveram e testaram empiricamente um modelo que demonstra a inter-relação entre liderança transformacional, conhecimento e inovação. Os autores concluem que a liderança transformacional estimula a geração de conhecimentos, que encoraja a capacidade de absorção da organização e que conduz ao processo de AO nas organizações. Hsiao e Chang (2011) Empírico, quantitativo O estudo busca verificar se a AO é um elemento intermediário entre a liderança transformacional e a inovação organizacional. As conclusões do estudo indicam que ambas as variáveis (AO e liderança transformacional) têm efeito positivo na inovação organizacional, bem como se defende que a AO faz um importante papel de mediação entre a liderança e a inovação. Flores et al. (2012) Empírico, quantitativo Os autores propõem e buscam demonstrar a estrutura da AO e os reflexos da cultura organizacional na AO, considerando-se que a tomada de decisão participativa, a abertura, a orientação à aprendizagem e a liderança 11 transformacional compõem a cultura organizacional. Os resultados indicam as diferenças que cada um dos componentes da cultura, inclusive a liderança autêntica, produzem na AO. García-Morales et al. (2012) Empírico, Quantitativo Os autores demonstram empiricamente que a liderança transformacional influencia a performance da organização mediante a AO e a inovação organizacional, bem como a AO influencia a inovação, e esta última, a performance. Fonte: elaboração própria. Além dos trabalhos apresentados na Figura 2, outros artigos trataram da associação empírica entre AO e liderança transformacional, fazendo isto juntamente com a liderança transacional (ZAGORŠEK; DIMOVSKI; ŠKERLAVAJ, 2009) e liderança servidora (CHOUDHARY; AKHTAR, ZAHEER, 2012). Tal como descrito na Figura 3, esses trabalhos buscaram verificar qual é a abordagem de liderança mais condizente com a AO, como fazem Zagoršek, Dimovski e Škerlavaj (2009) com a liderança transacional e transformacional e Choudhary, Akhtar e Zaheer (2012) com a liderança transformacional e servidora. Outros estudos consideraram a relação da liderança com componentes da AO, como os trabalhos de Jansen, Vera e Crossan (2009), que abordam as relações entre a liderança transformacional e transacional, com os construtos exploration e exploitation ou Jung e Takeuchi (2010), que consideram a relação entre a supportive leadership e as noções de exploration e exploitation. A Figura 3 sintetiza as principais informações sobre os últimos 12 artigos analisados. Figura 3 – Artigos que relacionam liderança e AO: síntese do conteúdo dos estudos empíricos Abordagem de Liderança Autores e Tipo do Estudo Relação entre Liderança e Aprendizagem Organizacional (AO) Learning Leadership Carmeli e Sheafer (2008) Empírico, quantitativo A learning leadership facilita os mecanismos de aprendizagem pelas falhas, estando positivamente relacionada com a capacidade organizacional percebida de se adaptar às mudanças no ambiente. Liderança Espiritual Aydin e Ceylan (2009) Empírico, quantitativo AO é influenciada pelas características da liderança espiritual. Todavia, a liderança espiritual apresentava baixa influência nos processos de AO no setor econômico estudado, referente à indústria de metais. Liderança Transacional Driver (2000) Empírico, qualitativo Propõe um modeloque une a abordagem da liderança transacional com a AO. Joo (2010) Empírico, quantitativo O artigo demonstra empiricamente que para a obtenção do comprometimento organizacional são necessários esforços em nível de uma cultura de AO, no nível organizacional, e da prática da liderança transacional, no nível do grupo. Camps e Torres (2011) Empírico, quantitativo O trabalho parte da hipótese de que a cultura da AO influencia diretamente e indiretamente o comportamento de remuneração contingente, através da auto-percepção do nível de empregabilidade do trabalhador, comprovando-se a relação entre a percepção dos empregados sobre a cultura de AO e o comportamento de remuneração contingente do líder. Liderança transacional e transformacional Zagoršek, Dimovski e Škerlavaj (2009) Empírico, quantitativo Os autores buscam demonstrar a relação entre a liderança transacional e a liderança transformacional (juntas chamadas full- range leadership) com a AO, para posteriormente verificar qual das abordagens é mais influente nos processos de AO. Os autores concluem que a liderança transformacional possui um forte impacto nos quatro principais construtos da AO. Apesar disso, os autores concluem que a utilização de ambas as abordagens de liderança possibilitam o melhor desenvolvimento da AO. Jansen,Vera e Crossan (2009) Empírico, quantitativo O trabalho busca associar a liderança transacional e transformacional com as noções de exploration e exploitation da AO. Enquanto a liderança transformacional apresenta-se como mais adequada para um modelo exploratório do conhecimento, a liderança transacional se 12 mostra interessante quando se busca aproveitar o conhecimento já possuído na organização (exploitation). Sun e Anderson (2012) Empírico, qualitativo Os autores buscam considerar como os estilos de liderança combinados da alta e média gestão da organização influenciam na capacidade de absorção. Os autores concluem que o uso de um estilo transformacional pela alta e média gestão favoreçe a aprendizagem exploratória, enquanto que o uso de um estilo transacional por ambas as instâncias favorece a exploitation. Uma aprendizagem transformadora era estimulada quando a alta gestão adotava um perfil transformacional e a média gestão um estilo transacional. Liderança transformacional e servidora Choudhary, Akhtar e Zaheer (2012) Empírico, quantitativo O estudo compara o impacto das duas abordagens de liderança na AO, concluindo que a liderança transformacional possui um maior impacto que a liderança servidora. Supportive leadership Lloréns-Montes, Moreno e García- Morales (2005) Empírico, quantitativo Os autores concluem que a liderança supportive favorece a coesão no trabalho em equipe, na AO e também na inovação técnica e administrativa; a coesão no trabalho em equipe também estimula a AO, que incentiva a inovação técnica e administrativa. Esses três resultados garantem a melhoria na performance da organização. Jung e Takeuchi (2010) Empírico, quantitativo Estuda as inter-relações entre liderança da alta gestão, cultura organizacional e práticas de recursos humanos, e os seus reflexos no desempenho de pequenas e médias empresas japonesas. Os autores consideram as formas de aprendizagem exploration e exploitation, concluindo que a aprendizagem exploitation possui uma relação maior com a liderança supportive e com a cultura da organização, podendo conduzir a um melhor desempenho organizacional. Não define uma abordagem Soekijad et al (2011) Empírico, qualitativo O autor trabalha com duas estratégias de liderança que favorecem a AO através de redes de prática (networks of practice ou NOPs). Uma estratégia privilegia a mediação dos processos (brokering and buffering ou B&B) enquanto a outra trabalha com um perfil de liderança condutor dos processos (conducting and controlling ou C&C). Ao desenvolver um estudo de caso em profundidade, os autores concluem que a estratégia mais centrada na figura do líder implica numa visão unilateral de institucionalização, enquanto que a estratégia B&B protege a rede de um excessivo intervencionismo da organização. Assim, conclui-se que a estratégia B&B se mostra mais capaz de favorecer a construção de um processo de AO em multiníveis através das NOPs. Fonte: elaboração própria. Com três publicações em cada grupo estão os trabalhos sobre a liderança transacional de Driver (2002), Joo (2010) e Camps e Torres (2011). Na sequência, os trabalhos sobre a liderança supportive estão representadas pelas publicações de Lloréns-Montes, Moreno e García-Morales (2005), que pesquisaram organizações espanholas; Jung e Takeuchi (2010), que estudaram pequenos negócios no Japão; e, também, autores que não optaram por uma abordagem específica de liderança, tais como Berson et al. (2006) que realizaram uma revisão de trabalhos teóricos e empíricos sobre AO; ou, ainda, Soekijad et al (2011), que abordam as estratégias de condução ou mediação de processos para a implementação da AO mediante redes de prática. Carmelli e Sheafer (2008) trabalham com a learning leadership como facilitadora da aprendizagem pelas falhas; Mazutis e Slawinski (2008) consideram o uso do diálogo autêntico, com base na teoria da liderança autêntica, para a criação de uma cultura favorável à AO; Hannah e Lester (2009) se baseiam na liderança compartilhada para trabalhar a integração dos níveis de AO com a liderança nas organizações. Aydin e Ceylan (2009) promovem um estudo sobre a influência da liderança espiritual na AO e concluem pela sua 13 existência, muito embora os seus níveis no setor escolhido para o estudo, referente à indústria de metais, foram muito baixos. Por fim, Choudhary, Akhtar e Zaheer (2012) estudam comparativamente as lideranças transformacional e servidora, considerando que a primeira abordagem é mais impactante que a liderança servidora, em termos de promoção da AO. Em menor número estão os estudos qualitativos, que correspondem a dois artigos científicos, caracterizados pelos estudos de caso de Soekijad et al. (2011) em uma organização holandesa, buscando analisar os impactos da liderança nas redes de prática, para os processos de AO; e de Sun e Anderson (2012), que estudam um grande grupo econômico do sudeste asiático, considerando o impacto dos estilos de liderança na capacidade de absorção da organização, a partir dos os níveis da alta e média gestão. 5. Considerações Finais Esta pesquisa foi desenvolvida com a proposta de entender a situação atual das pesquisas que trabalham a questão da liderança junto dos processos de AO. Neste intuito foram desenvolvidas uma busca sistemática na base de dados ISI Web of Knowledge (Web of Science) aliada a uma análise sistemática da literatura selecionada sobre o tema. A análise conjunta dos resultados bibliométricos e da análise sistemática da literatura permitem constatações sobre o estado das pesquisas na temática. Nota-se que os trabalhos sobre AO e liderança têm sido desenvolvidos sob uma abordagem descritiva, condizente com o enfoque conceitual da área de pesquisa Aprendizagem Organizacional. A maioria dos estudos analisados neste trabalho está voltada a examinar a relação entre AO e liderança, ou da liderança com determinados aspectos pertencentes à prática da aprendizagem organizacional, sob uma perspectiva de que a liderança é um fator de promoção da AO nas organizações. Muito embora Vera e Crossan (2004) já tenham indicado como uma possibilidade futura de pesquisa analisar as diferentes formas pelas quais a liderança pode ser um entrave à implementação da AO nas organizações, não foram encontrados artigos estudando esse fenômeno. Foi possível constatar tambémque grande parte dos trabalhos têm enfocado, principalmente, o estilo de liderança transformacional, ou a liderança transacional, ou ambas em conjunto, que se configuram nas abordagens de liderança que tiveram maior destaque nas pesquisas sobre liderança entre os anos 1970 e 1990. Porém, a partir dos anos 90, especialmente após a publicação do artigo de Bass e Steidlmeier (1999), as questões da ética na liderança passaram a ser objeto de consideração direta dos pesquisadores, pois pode haver tanto o líder transformacional autêntico, quanto inautêntico, este último agindo em último grau por desígnios exclusivamente próprios, podendo suas ações estar pautadas ou não em princípios eticamente aceitáveis. Identificou-se que alguns artigos da área trabalham com perspectivas que enfocam AO à questão ética da liderança, como a liderança autêntica (MAZUTIS; SLAWINSKI, 2008), a liderança espiritual (AYDIN; CEYLAN, 2009), ou ainda a liderança servidora (CHOUDHARY, AKHTAR, ZAHEER, 2012), porém mais estudos adotando estas perspectivas se mostram necessários. Além disso, a preponderância de estudos quantitativos revela um número reduzido de artigos que empregaram métodos de estudo qualitativos. Se a relação entre AO e liderança é algo que já está respaldada não somente na teoria (VERA; CROSSAN, 2004), mas também em diversos estudos empíricos, se faz necessário entender como ocorre a influência, seja positiva seja negativa, do fenômeno da liderança na aprendizagem das organizações e requer estudos qualitativos que busquem entender em profundidade as singularidades dessas relações. Conforme Minayo (1993), é necessário ter por base a complementaridade dos estilos de pesquisa existentes, para que assim se possam obter conhecimentos cada vez mais precisos e melhor fundamentados sobre a realidade científica a ser estudada. 14 Outra questão importante verificada é a baixa continuidade nas pesquisas científicas que integraram esta revisão. Com exceção do grupo das universidades de Granada e Valência, que demonstram uma linha contínua de pesquisa sobre como a liderança e a AO impactam na inovação organizacional e, esta última, promove a melhoria no desempenho da organização; ou o trabalho de Vera e Crossan (2004), que após estabelecer os marcos teóricos, buscou testá-los empiricamente em Jansen, Vera e Crossan (2009), percebe-se que os demais trabalhos estão muito fixados na demonstração da relação entre AO e liderança, ou da AO com um determinado tipo de liderança. Essa realidade remete à crítica de Huber (1991), no sentido de que há pouco trabalho acumulativo e, por resultado, ainda há muito o que se pesquisar sobre ambas as temáticas. Por fim, destaca-se que o reduzido número de publicações de pesquisas brasileiras sobre a temática indica que o estudo sobre como se dá a relação entre AO e liderança em organizações brasileiras é uma linha de pesquisa a ser explorada e aprofundada. Mediante esta busca e análise sistemáticas foi possível verificar que ao mesmo tempo muito já foi desenvolvido, em termos dos estudos da relação entre liderança e AO, porém, ainda há muito a se pesquisar, para que assim os processos de AO nas organizações possam ser apoiados ou até mesmo conduzidos na linha das relações de liderança estabelecidas. REFERÊNCIAS ANGELONI, M. T.; STEIL, A. V. Alinhamento de estratégias, aprendizagem e conhecimento organizacional. In: TARAPANOFF, K. Aprendizado organizacional: fundamentos e abordagens multidisciplinares. Curitiba: IBPEX, 2011. v. 1. ANTAL et al. Organizational learning and knowledge: reflections on the dynamics of the field and challenges for the future. In: DIERKES et al. Handbook of organizational learning and knowledge. Oxford: Oxford, 2003. p. 921-940. ARAGÓN-CORREA, J. A.; GARCÍA-MORALES, V. J.; CORDÓN-POZO, E. Leadership and organizational learning's role on innovation and performance: lessons from Spain. Ind Mark Manage, v. 36, n. 3, p. 349-359, 2007. ARGYRIS, C.; SCHÖN, D. Organizational learning: a theory of action perspective. Reading: Addison-Wesley, 1978. AVOLIO, B. J; GARDNER, W. L. Authentic leadership development: getting to the root of positive forms of leadership. The Leadership Quarterly, v. 16, n. 3, p. 315-338, 2005. AYDIN, B.; CEYLAN, A. The effect of spiritual leadership on organizational learning capacity. African Journal of Business Management, v. 3, n. 5, p. 184-190, May 2009. BASS, B. M.; STEIDLMEIER, P. Ethics, character, and authentic transformational leadership behavior. The Leadership Quarterly, v. 10, n. 2, p. 181-217, 1999. BERSON; Y. et al. Leadership and organizational learning: a multiple levels perspective. Leadership Quarterly, v. 17, n. 6, p. 577-591, 2006. BIERLY, P. E.; KESSLER, E. H.; CHRISTENSEN, E. W. Organizational learning, knowledge and wisdom. Journal of Organizational Change Management, v. 13, n. 6, p. 595-618, 2000. CAMPS, J.; TORRES, F. Contingent reward behaviour: where does it come from? Systems Research and Behavioral Science, v. 28, n. 3, p. 212-230, 2011. CARMELI, A.; SHEAFFER, Z. How learning leadership and organizational learning from failures enhance perceived organizational capacity to adapt to the task environment. Journal of Applied Behavioral Science, v. 44, n. 4, p. 468-489, 2008. CHOUDHARY, A. I.; AKHTAR, S. A.; ZAHEER, A. Impact of transformational and servant leadership on organizational performance: a comparative analysis. Journal of Business Ethics, v. 116, n. 2, p. 433-440, 2012. 15 CREVANI, L.; LINDGREN, M.; PACKENDORFF, J. Leadership, not leaders: on the study of leadership as practices and interactions. Scand. Journal of Manag., v. 26, p. 77-86, 2010. CROSSAN, M.; APAYDIN, M. A multi-dimensional framework of organizational innovation: a systematic review of the literature. Journal of Management Studies, n. 47, n. 6, p. 1.154-1.191, 2010. CROSSAN, M.; LANE, H.; WHITE, R. An organizational learning framework: from intuition to institution. Academy of Management Review, v. 24, n. 3, p. 522-537, 1999. CROSSAN, M.; MAURER, C. C.; WHITE, R. Reflections on the 2009 AMR decade award: do we have a theory of organizational learning? Academy of Management Review, v. 36, n. 3, p.446–460, 2011. DESS, G. G. et al. Emerging issues in corporate entrepeneurship. Journal of Management, v. 29, n. 3, p. 351-378, 2003. DRIVER, M. Learning and leadership in organizations: toward complementary communities of practice. Management Learning, v. 33, n. 1, p. 99-126, 2002. EASTERBY-SMITH, M.; LYLES, M. (Ed.) Handbook of organizational learning and knowledge management. Malden: Wiley-Blackwell, 2005. EDMONDSON, A. C. Learning from failure in health care: frequent opportunities, pervasive barriers. Quality & Safety in Health Care, v. 13, p. 3-9, 2004. FLORES, L. et al. Organizational learning: subprocesses identification, construct validation, and an empirical test of cultural antecedents. Journal of Management, v. 38, n. 2, 2012. GANGA, F, NAVARRETE, E. Enfoques asociados al liderazgo eficaz para la organización. Revista Gaceta Laboral, v. 19, n. 1, p. 52-77, 2013. GARCÍA-MORALES, V.; JIMÉNEZ-BARRIONUEVO, M.; GUTIERREZ-GUTIERREZ, L. Transformational leadership influence on organizational performance through organizational learning and innovation. Journal of Business Research, v. 65, n. 7, 2012. GARCÍA-MORALES, V.J.; LLORÉNS-MONTES, F. J.; VERDÚ-JOVER, A. J. Antecedents and consequences of organizational innovation and organizational learning in entrepreneurship. Industrial Management & Data Systems, v. 106, n. 1-2, p. 21-42, 2006. GARCÍA-MORALES, V. J.; LLORÉNS-MONTES, F. J.; VERDÚ-JOVER, A. J. The Effects of Transformational Leadership on Organizational Performance through Knowledge and Innovation. British Journal of Management, v. 19, n. 4, p. 229-319, 2008. GARCÍA-MORALES, V. J.; MATÍAS-RECHE, F.; HURTADO-TORRES,N. Influence of transformational leadership on organizational innovation and performance depending on the level of organizational learning in the pharmaceutical sector. Journal of Organizational Change Management, v. 21, n. 2, p. 188-212, 2008. HANNAH, S. T.; LESTER, P. B. A multilevel approach to building and leading learning organizations. Leadership Quarterly, v. 20, n. 1, p. 34-48, 2009. HEIFETZ, R. A. Leadership without easy answers. Oxford: President and Fellows of Harvard College, 1998. HOBDAY M. The project-based organisation: an ideal form for managing complex products and systems? Research Policy v. 29, n. 7-8, p. 871-893, 2000. HSIAO, H.; CHANG, J. The role of organizational learning in transformational leadership and organizational innovation. Asia Pacific Education Review, v. 12, n. 4, p. 621-631, 2011. HUBER, G. P. Organizational learning: the contributing processes and the literatures. Organization Science, v. 2, n. 1, p. 88-105, May 1991. HULT, G. T. M. et al. Organizational learning in global purchasing: a model and test of internal users and corporate buyers. Decision Sciences, v. 31, n. 2, p. 293-325, 2000. JANSEN, J.; VERA, D.; CROSSAN, M. Strategic leadership for exploration and exploitation: the moderating role of environmental dynamism. Leadership Quarterly, v. 20, n. 1, 2009. 16 JOO, B. K. Organizational commitment for knowledge workers: the roles of perceived organizational learning culture, leader-member exchange quality, and turnover intention. Human Resource Development Quality, v. 21, n. 1, p. 68-85, 2010. JUNG, Y. H.; TAKEUCHI, N. Performance implications for the relationships among top management leadership, organizational culture, and appraisal practice: testing two theory- based models of organizational learning theory in Japan. International Journal Of Human Resource Management, v. 21, n. 11, p. 1931-1950, 2010. LÄHTENMAKI, S.; TOIVONEN, J.; MATTILA, M. Critical aspects of organizational learning research and proposals for its measurement. British Journal of Management, v. 12, p. 113-129, 2001. LEITE, N.; AQUINO, L. Aprendizagem organizacional, liderança, responsabilidade: fatores propulsores e inibidores. Revista Pretexto, v. 9, n. 2, p. 117-142, 2008. LLORÉNS-MONTES, F.; MORENO, A.; GARCÍA-MORALES, V. Influence of support leadership and teamwork cohesion on organizational learning, innovation and performance: an empirical examination. Technovation, v. 25, n. 10, p. 1159-1172, 2005. MARCHIONNI, C.; RITCHIE, J. Organizational factors that support the implementation of a nursing best practice guideline. Journal of Nursing Management, v. 16, n. 3, 2008. MAZUTIS, D; SLAWINSKI, N. Leading organizational learning through authentic dialogue. Management learning, v. 39, . 4, p. 437-456, 2008. MINAYO, M.; SANCHES, O. Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade? Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 239-262, 1993. MUGNAINI, R.; STREHL, L. Recuperação e impacto da produção científica na era google: uma análise comparativa entre o Google Acadêmico e a Web of Science. Revista eletrônica de Ciência da Informação, n. especial, p. 92-105, 2008. POPPER, M.; LIPSHITZ, R. Organizational learning: mechanisms, culture, and feasibility. Management learning, v. 31, n. 2, p. 181-196, 2000. RAHIM, M. A. Toward a theory of managing organizational conflict. The International Journal of Conflict Management, v. 13, n. 3, p. 206-235, 2002. ROUSSEAU, D. M. Organizational behavior in the new organizational era. Annual review of psychology, v. 48, p. 515-546, 1997. SANTOS, J.L; MALDONADO, M.; SANTOS, R. Mapeamento das publicações acadêmico- científicas sobre memória organizacional. Anais... XXXV Encontro da ANPAD, 2011. SANTOS, R. N. M.; KOBASHI, N. Y. Bibliometria, cientometria, infometria: conceitos e aplicações. Pesq. bras. Ci. Inf, v. 2, n. 1, p. 155-172, 2009. SILINS, H. C.; MULFORD, W. R.; ZARINS, S. Organizational learning and school change. Educational Administration Quarterly, v. 38, n. 5, p. 613-642, 2002. SOEKIJAD, M. et al. Leading to learn in networks of practice: two leadership strategies. Organization Studies, v. 32, n. 8, p. 1005-1027, 2011. STEIL, A. V.; SANTOS, J. L. S. Building conceptual relations between organizational learning, knowledge and memory. International Journal Of Business And Management Tomorrow, v. 2, n. 2, p. 1-9, 2012. STORCK, J.; HILL, P. A. Knowledge diffusion through “strategic communities”. Sloan Management Review, v. 41, n. 2, p. 63-74, 2000. SUN, P. Y. T.; ANDERSON, M. H. The combined influence of top and middle management leadership styles on absorptive capacity. Management Learning, v. 43, n. 1, p. 25-51, 2012. TSANG, E. W. K. Organizational learning and the learning organization: a dichotomy between descriptive and prescriptive research. Human Relations, v. 50, n. 1, p. 73-89, 1997. VAN SETERS, D. A; FIELD, R. H. G. The Evolution of Leadership Theory. Journal of Organizational Change Management. v. 3, n. 3, p. 29-45, 1990. 17 VERA, D.; CROSSAN, . Organizational learning and knowledge management: toward an integrative framework. In: EASTERBY-SMITH, M.; LYLES, M. (Ed.) Handbook of organizational learning and knowledge management. Malden: Wiley-Blackwell, 2005. VERA, D.; CROSSAN, M. Strategic leadership and organizational learning. Academy of Management Review, v. 29, n. 2, p. 222-240, 2004. YAMMARINO, F.; DANSEREAU, F. Multi-level nature of and multi-level approaches to leadership. The leadership quarterly, v. 19, n. 2, p. 135-141, 2008. ZAGORŠEK, H.; DIMOVSKI, V.; ŠKERLAVAJ, M. Transactional and transformational leadership on organizational learning. Journal of East European Management Studies, v. 14, n. 2, p. 144-165, 2009.
Compartilhar