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1 Notas de aula para o curso de análise econômica de projetos Nota 6, análise de impactos (5) e viabilidade legal e ambiental (6) Thiago Fonseca Morello fonseca.morello@ufabc.edu.br sala 301, Bloco Delta, SBC 1 Identificando impactos das alternativas [Fonte: OECD, HM, EC] O objetivo deste estágio é identificar todos os impactos que podem ser gerados pelos projetos alternativos. Trata-se de uma tarefa exaustiva. Vê-la como uma taxonomia, i.e., como um exercício de enquadramento dos impactos em categorias, é esclarecedor. Existem diversos sistemas de classificação. O que será apresentado está de acordo com o estágio do estudo de um projeto que corresponde à análise econômica e tem como base conceitual a análise de custo-benefício. O sistema se fundamenta em três dicotomias. Elas estabelecem que um impacto é (i) positivo ou negativo, (ii) interior ou exterior, (iii) comercializado ou não-comercializado. Quanto à primeira dicotomia, impactos positivos são ganhos ou benefícios (i.e., promovem o aumento do lucro, no caso de projetos privados, e do bem-estar social, considerando-se projetos públicos), enquanto os negativos são perdas ou custos (reduções de lucro ou bem-estar social). A segunda dicotomia diz respeito à entidade sobre a qual incide o impacto. Sendo o próprio realizador do projeto, tem-se um impacto interior, caso contrário, i.e., caso o impacto incida sobre outras entidades, o impacto é dito exterior. A terceira dicotomia é mais clara: caso o impacto incida sobre um bem ou serviço transacionado em mercado, é dito comercializado, do contrário, não- comercializado. Os impactos exteriores se subdividem em três classes. As duas primeiras classes correspondem a duas modalidades de externalidades. Por externalidade se entende, grosso modo, um impacto não-visado de uma decisão individual ou coletiva sobre terceiros, i.e., entidades que não tomam a decisão1. É útil distinguir dois tipos de externalidades. As externalidades pecuniárias se propagam através dos mercados sendo causadas por alterações de preços. Por exemplo, quando um projeto de transporte aumenta a frota de ônibus, aumentado a demanda por óleo diesel, este combustível se torna mais caro, reduzindo o lucro de empresas transportadoras que utilizam caminhões. Já as externalidades tecnológicas não se propagam através dos mercados. Mas sim através do meio ambiente e de relações sociais que não ocorrem nos mercados, deslocando funções de produção das empresas e funções de utilidade dos consumidores. É o caso de impactos ambientais, como a poluição do ar causada pela expansão da frota 1 A definição rigorosa é encontrada em Baumol e Oates, cap.3, seção 1. matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce 2 de ônibus, o que reduz o bem-estar proporcionado pelo consumo dos serviços urbanos, e também o caso de problemas de ação coletiva como o congestionamento. A terceira categoria de impactos exteriores recebe o nome de “efeitos multiplicadores” 2. Trata-se de variações na mão-de-obra empregada e na produção feita por empresas “exteriores” – de outros setores de atividade, geralmente -, variações estas que ocorrem caso não haja alterações relevantes nos preços. Os efeitos multiplicadores se propagam através dos mercados, mais precisamente por meio das transações que ocorrem entre setores econômicos. Cabe explicar melhor. Os efeitos multiplicadores se propagam por dois canais. O primeiro é o “encadeamento para trás (na cadeia produtiva)”. Este capta o fato de que os projetos demandam fatores de produção, ofertados por fornecedores (empresas e trabalhadores). Estes últimos, pois, são beneficiados pelos projetos que para eles geram receita ou renda. Tal é o resultado geralmente enfatizado ao mensurar o efeito de encadeamento “para trás” e não se trata de uma externalidade pecuniária, apenas de lucro proporcionado por uma transação. Porém, se o efeito de encadeamento para trás for muito forte, os preços dos fatores podem aumentar e daí haverá externalidades pecuniárias. O segundo canal de “multiplicação” é o “efeito de encadeamento para frente (na cadeia produtiva)”. Capta o papel do projeto como ofertante de bens e serviços que são utilizados para produzir outros bens e serviços. É o caso de um projeto dos setores de energia, saneamento básico, saúde, transporte, etc. O encadeamento para frente pode gerar externalidade pecuniária se for grande o bastante para representar um aumento da oferta que redunde na redução dos preços dos bens e serviços. Cabe apresentar dois exemplos de projetos em que os efeitos multiplicadores são potencialmente relevantes. A construção e operação de uma usina hidrelétrica (UHE) aumenta a demanda local por fatores de produção, mão-de-obra e materiais, por exemplo, este o efeito de encadeamento para trás e, além disso, há encadeamento para frente devido ao aumento da oferta de energia. Caso a demanda por fatores e a oferta de produtos sejam muito grandes, os preços são alterados. Por exemplo, o aumento do salário conduziria a uma redução da produção agropecuária e industrial, já a redução do preço da energia contribuiria para aumentar a produção destes dois setores. Os efeitos sobre a produção de outros setores, bem como o consumo correlato, são denominados externalidades pecuniárias. Outro exemplo é o de instalação de uma estação de tratamento de água ou de esgotos (ETE), ambas intensivas em energia. Há, pois, um aumento da demanda por eletricidade, o que beneficia as UHEs. Como efeito para frente há o aumento da oferta de água que é utilizada por diversos setores produtivos (p.ex., a indústria química e a indústria de bebidas). Um terceiro exemplo também vem do setor de energia: 2 O artigo de Perobelli e co-autores é especialmente elucidativo a respeito dos efeitos multiplicadores de projetos públicos. http://www.brsa.org.br/fotos/arquivo1-2015-09-18-09-02-43.pdf. Ver também OCDE, seção 5.3. matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce 3 “ (...) a energia eólica pode oferecer uma contribuição significativa para a geração de empregos, gerando até 330 mil empregos-ano até 2020. Os empregos diretos correspondem a cerca de 70% dos empregos totais, e a maior contribuição é dada pela atividade de construção, que possui ainda grande potencial para a criação de empregos locais em diversas localidades rurais. Assim, a energia eólica tem potencial para contribuir para o desenvolvimento sustentável no Brasil (Simas, 2012).” (notar que 30% dos empregos a serem gerados são indiretos, i.e., correspondem à contratação por outros setores) Os efeitos multiplicadores, portanto, são impactos em outros setores que ocorrem caso não haja alterações de preços. Já as externalidades pecuniárias apenas ocorrem quando há alterações de preços. Ou seja, efeitos multiplicadores e externalidades pecuniárias são aqui distinguidos em função da ocorrência ou não de alterações de preços. Contudo, por mais que seja possível, conceitualmente, distinguir estas duas modalidades de impacto exterior, não se trata de algo fácil ou talvez necessário na prática. No que segue, pois, tanto externalidades pecuniárias como efeitos multiplicadores serão referidos como “efeitos de transbordamento (spill-overs)” e, como se propagam pelo mercado, devem ser classificados como “efeitos exteriores comercializados”. Há outros impactos que se enquadram nesta categoria, como a economia de divisas (moedas estrangeiras) proporcionadas por projetos que substituem importações e também a segurança quanto ao suprimento,este último enfatizado para insumos básicos como petróleo, carvão mineral, etc. A árvore de possibilidades abaixo apresenta a concatenação das três dicotomias e também da tricotomia dos impactos exteriores. É assumido que impactos interiores são sempre comercializados. Figura 1 Sistema de classificação de impactos da ACB É necessário discutir com mais detalhe a classificação de externalidades pecuniárias enquanto positivas ou negativas, i.e., enquanto custos ou benefícios. De acordo com a Não- comercializado Comercializado Externalidade tecnológica Efeito de transbordamento Interior Exterior Custo (-) Comercializado Não- comercializado Comercializado Externalidade tecnológica Efeito de transbordamento Interior Exterior Benefício (+) Comercializado Impacto matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce matheus.f Realce laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight 4 teoria econômica é incorreto afirmar que uma externalidade pecuniária é positiva ou negativa. Isso pois tanto produtores como consumidores se adaptam da melhor maneira possível a flutuações dos preços, sempre atingindo o maior nível de bem-estar e de lucro. As alterações de preço apenas redistribuem o bem-estar social entre os subgrupos sociais que se distinguem pelo lado que ocupam no mercado. As externalidades pecuniárias não podem alterar o nível de bem-estar social, não têm, pois, quaisquer implicações em termos de eficiência. Porém, podem ter implicações em termos de equidade, aspecto que é tão relevante quanto a eficiência para a análise de custo benefício. É por isso que, neste estágio de elaboração do projeto, as externalidades pecuniárias devem ser consideradas. Uma externalidade pecuniária pode ser positiva ou negativa a depender do sentido em que o preço varia, caindo ou subindo, e do lado do mercado. Um projeto energético, ao aumentar a demanda por mão-de-obra reduz o lucro dos demais setores, pois todos eles terão de pagar mais por trabalho. Os trabalhadores têm sua renda e, consequentemente, seu bem-estar, aumentado. Genericamente, é correto dizer que efeitos de transbordamento negativos correspondem a perdas de renda e bem-estar causadas por variações de preços. Simetricamente, efeitos de transbordamento positivos correspondem a ganhos de renda e bem-estar causados por variações de preços. Também devem ser considerados como efeitos de transbordamento positivos os ganhos de renda e bem-estar causados por efeitos multiplicadores. Não há uma categoria similar no caso dos efeitos de transbordamento negativo, pois serão avaliados apenas projetos que aumentam a oferta de bens e serviços, e, consequentemente a demanda por fatores de produção. O próximo passo corresponde a relacionar com formas concretas de impactos e exemplos, como segue. 1 Custos ou impactos negativos: 1.a) Custos interiores: compreendem os “custos contábeis”, i.e., desembolsos de que a realização do projeto depende. Uma subdivisão potencialmente útil (em linha com Buarque, 1994) é a seguinte: 1.a.i) Custo de instalação, o qual pode ser subdividido em categorias que refletem a natureza dos fatores de produção, como segue (para mais detalhes, ver Buarque, 1994, seções 3 e 4): 1.a.i.α) Instalações e equipamentos 1.a.i.β) Materiais 1.a.i.γ) Mão-de-obra laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight 5 1.a.i.δ) Serviços (inclui água3, energia, transporte e serviços terceirizados); 1.a.ii) Custo de operação, este também pode ser subdividido tal como o custo de instalação, geralmente acrescentando-se as rubricas “custo de administração” e “custo financeiro”; 1.b) Custos exteriores (também chamados de “disbenefit” (“desbenefícios”), Blank e Tarquin, cap.9) 1.b.i) Custos exteriores comercializados: perdas de renda e de bem-estar causadas por externalidades pecuniárias (aumentos de preço prejudicam compradores e quedas prejudicam vendedores). Também devem ser incluídas aqui distorções causadas pelos impostos que financiam o projeto e por subsídios direcionados a ele; 1.b.ii) Custos exteriores não-comercializados: danos causados por externalidades tecnológicas, i.e., impactos ambientais negativos. 2 Benefícios ou impactos positivos: 1.a) Benefícios interiores: compreende receitas geradas pelo projeto (por meio de tarifas sobre água, energia e transporte, p.ex); 1.b) Benefícios exteriores: 1.b.i) Benefícios exteriores comercializados: ganhos de renda e de bem-estar causados por externalidades pecuniárias (aumentos de preço beneficiam vendedores e quedas beneficiam compradores) e por efeitos multiplicadores. 1.b.i) Benefícios externos não-comercializados: ganhos ou danos evitados decorrentes de externalidades tecnológicas. Por exemplo, a redução do tempo de deslocamento proporcionada por projetos de transporte, morbidade e mortalidade evitada por projetos de saúde e a degradação evitada de ecossistemas proporcionada por projetos de proteção ambiental. 3 Trata-se, na verdade, dos serviços de abastecimento hídrico e de coleta de esgoto. laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight 6 Tabela 1 Exemplos de aplicação do sistema de classificação da ACB* BR 040 - MG UHE Belo Monte Custos Interior .Instalações e equipamentos: equipamentos para atendimento a acidentes e para a arrecadação de pedágio .Materiais: asfalto; .Mão-de-obra: operários (não- qualificada) e engenheiros (qualificada); .Serviços (inclui água, energia, transporte e serviços terceirizados): terraplenagem, pavimentação. .Instalações e equipamentos: turbinas; .Materiais: ensecadeiras (para contenção de água em barragens), estruturas de concreto; .Mão-de-obra: operários (não- qualificada) e engenheiros (qualificada); .Serviços (inclui água, energia, transporte e serviços terceirizados): engenharia, levantamentos topográficos, elaboração do EIA. Exterior comercializado .Não há menção a variações de preços na documentação do projeto (externalidades pecuniárias negativas podem ser assumidas como mínimas); .O projeto será executado a partir de concessão pública à iniciativa privada (distorções tributárias tendem a ser mínimas) .Externalidade pecuniária: deslocamento populacional para Altamira causou aumento de preços de bens não-duráveis e daí aumento do custo de vida; .Distorções tributárias: há distorções decorrentes do financiamento subsidiado do BNDES; .A operação será custeada com a tarifa e impostos e há renúncia fiscal e isenções (Bermann, NAEA, 2012) Exterior não- comercializado .Deslocamento de famílias e de empreendimentos .Impactos na qualidade do solo (erosões, assoreamentos, ravinamentos, inundações, deslizamentos, etc) .Deslocamento de famílias, tribos indígenas, ribeirinhos e quilombolas .Alagamento (degradação) e desmatamento de áreas de floresta amazônica .Impactos no rio Xingu: redução da qualidade da água, perda de receita pesqueira, eliminação de peixes migratórios .Emissão de metano pelos reservatórios Benefícios Interior Receita gerada com o pedágio Receita gerada com a tarifa cobrada sobre a eletricidade Exterior comercializado .Externalidade pecuniária: é possível deduzir que a redução do custo de transporte tende a alterar o padrão de comércio nas localidades afetadas. Não há menção a variações de preços na documentação; .Multiplicadores:na instalação, demanda por fatores, na operação, expansão da oferta do serviço de transporte. .Externalidade pecuniária: é possível deduzir que a redução do custo de energia é positiva para os consumidores industriais e residenciais. Não há menção a variações de preços na documentação; .Multiplicadores: na instalação e operação, demanda por fatores (BNDES estimou a criação de empregos indiretos em 23 mil), na operação, expansão da oferta de energia. Exterior não- comercializado .Redução do tempo de deslocamento nos trechos MG-DF, SP-MG, SP-DF, RJ-MG .Menor probabilidade de acidentes Não há 7 *Para cada classe são apresentados apenas alguns exemplos de impactos, pois a tabela objetiva ilustrar o sistema de classificação da ACB. 2 Viabilidade legal e ambiental 2.1 Licenciamento ambiental: introdução Como preâmbulo, vale mencionar que a política pública ambiental se subdivide em pelo menos duas categorias de ações ou “instrumentos” de regulação. Em primeiro lugar há os instrumentos de comando-e-controle, os quais operam (i) estabelecendo limites aos impactos e (ii) fiscalizando o cumprimento dos limites e sancionando aqueles que os descumprem. Em segundo lugar, há os instrumentos econômicos ou de mercado, os quais compreendem taxas e impostos (impostas à geração de impacto), subsídios (à redução de impacto) e a criação de mercados em que seja transacionado o direito de causar impacto. Todo e qualquer empreendimento ou projeto, público ou privado, apenas pode ser implementado mediante autorização do sistema nacional de meio ambiente (SISNAMA4). A concessão da autorização ou, mais precisamente, das licenças de instalação e operação, é um produto do processo de licenciamento ambiental (figura 2). O licenciamento é, pois, um instrumento de comando-e-controle que funciona para impedir a realização de atividades cujos impactos negativos sobre o meio ambiente e a sociedade são grandes o bastante para fazer com que o custo social da atividade seja inferior ao benefício social proporcionado. Conforme afirma Almeida (2013)5, “[a] avaliação de impacto ambiental no Brasil foi considerada, de acordo com a Lei Federal no 6938/1981, um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente. Sua função é oferecer informações que subsidiem a tomada de decisão quanto à viabilidade ambiental de projetos a serem implantados (...).” O licenciamento ambiental é necessário para quaisquer atividades que envolvam a “localização, instalação, ampliação e a operação” (Almeida, 2013) de estruturas de produção e de prestação de serviços. O IBAMA é o órgão responsável por determinar se o projeto é capaz de desencadear impactos ambientais significativos (figura 2), o que é feito de acordo com a legislação. Projetos enquadrados em tal categoria apenas podem ser licenciados com base na análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do resumo com linguagem acessível que deve acompanha-lo, denominado por Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Estes dois documentos devem ser preparados, pois, por projetos com significativo impacto. De fato, a resolução CONAMA No 001 de 23 de Janeiro de 1986 (CONAMA 001/1986), apresenta, em seu segundo artigo, uma listagem de “atividades”, i.e., projetos, para os quais é obrigatório elaborar o EIA/RIMA (Box 1 ao final). O EIA deve ser elaborado de acordo com as normas estabelecidas em CONAMA (001/1986). Isso pressupõe a verificação dos seguintes critérios: 4 A estrutura do SISNAMA que engloba os três níveis de governo está descrita em: http://www.mma.gov.br/port/conama/estr1.cfm 5 Estudo disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-25022014- 093825/pt-br.php laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight 8 1. (cenários alternativos) É preciso considerar múltiplas opções de tecnologia e localização. Também deve ser considerado o cenário sem-projeto (“hipótese de não execução do projeto”). Isso está de acordo com o subestágio de análise de opções, com o detalhamento de que é necessário formular projetos alternativos que diferem em função da localização; 2. (área de influência) Os limites da área geográfica (espaço físico) a ser afetada por impactos do projeto devem ser demarcados e definidos com precisão, com referência à bacia hidrográfica local, trata-se da “área de influência do projeto”; 3. (compatibilidade com outras ações governamentais) Programas e planos governamentais “propostos ou em implantação na área de influência do projeto” devem ser considerados e a compatibilidade deles com o projeto deve ser discutida. Os componentes do EIA, definidos pelas normas são: 1. (diagnóstico ambiental) O EIA deve conter um diagnóstico detalhado do ambiente e da sociedade que existem na área de atuação. O diagnóstico é uma descrição com ênfase nos aspectos mais importantes para o projeto em que se tenta identificar problemas, riscos e fragilidades; 2. (análise de impactos) Todos os impactos gerados nas fases de instalação e operação devem ser identificados (taxonomia) e mensurados ao menos qualitativamente. A resolução toma por base, contudo, um sistema de classificação distinto daquele sugerido pela ACB (subseção anterior), em que as classes são: (i) “diretos e indiretos”, (ii) “imediatos e a médio e longo prazos”, (iii) “temporários e permanentes”, (iv) “grau de reversibilidade”, (v) “propriedades cumulativas e sinérgicas”, (vi) “distribuição dos ônus e benefícios sociais”; 3. (ações de mitigação) Devem ser descritas em detalhe ações que visem mitigar impactos negativos, i.e., reduzir a intensidade de tais impactos e recuperar perdas ambientais e sociais, eventualmente recompondo componentes do ambiente (por exemplo, reflorestando áreas desmatadas); 4. (ações de monitoramento) A instalação e operação do projeto devem ser monitoradas, com base em instrumentos e procedimentos que permitam medir os níveis de impacto. Ademais, a resolução 0001/1986 estabelece que o EIA deve ser elaborado por uma equipe “multidisciplinar” autônoma e com independência, contratada e remunerada pela parte interessada em executar o projeto e que todos os demais custos de elaboração do RIMA também ficam a cargo da parte interessada. É bastante importante o critério de que a equipe do projeto não seja influenciada, em sua análise, pelo contratante que tem interesse em realizar o projeto, do contrário teria-se um EIA/RIMA viesado e artificialmente favorecedor ao projeto (um “parecer encomendado”). Já o RIMA deverá conter as conclusão do EIA, uma descrição detalhada do projeto (especificando fontes de custos e benefícios), síntese do diagnóstico, descrição dos impactos ambientais, a caracterização da qualidade ambiental da região de influência em cada um dos cenários considerados (incluindo o cenário sem-projeto), descrição dos laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight laranjinha Highlight 9 efeitos esperados das medidas mitigadoras, apresentação do programa de monitoramento de impactos e uma “recomendação da alternativa mais favorável”. A resolução assinala que o RIMA deve ser escrito em linguagem não-técnica, mas acessível ao público em geral, especialmente às partes interessadas no projeto (i.e., os potenciais impactados). Figura 2 Processo de avaliação de impacto ambiental, Sánchez (2008) apud Almeida (2013) Box 1 Atividades para as quais a elaboração do EIA/RIMA é obrigatório, resolução CONAMA 001/1986 I - Estradas de rodagem comduas ou mais faixas de rolamento; II - Ferrovias; 10 III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia. 2.2 O EIA da UHE Belo Monte O par EIA-RIMA deve chegar a uma conclusão acerca de qual alternativa, incluindo o cenário sem-projeto, é a mais adequada, ou seja, trata-se de realizar uma análise de projetos, mas, porém, com base em uma metodologia distinta daquelas apresentadas neste curso. Para compreender melhor a diferença, cabe trazer à tona características de um EIA concreto. Será considerado o projeto da usina hidrelétrica (UHE) de Belo Monte. Trata-se de uma obra de grande porte, cuja realização foi objeto de muito debate e polêmica. O EIA em questão compreende um conjunto de 36 volumes (livros, ~ laranjinha Highlight 11 50.000 páginas no total) que abordam (i) caracterização do empreendimento, (ii) aspectos jurídicos (legislação a ser atendida e compatibilidade com planos e programas governamentais), (iii) áreas de influência, (iv) diagnóstico ambiental, (v) diagnóstico socioeconômico e cultural, (v) avaliação de impactos, (vi) programa de monitoramento e de mitigação de impactos. No item (v) são avaliados os impactos gerados em todas as etapas do processo de implementação do projeto. Para a UHE Belo Monte, tais etapas são (Volume 29, parte 1, p.19): “Planejamento: período de estudos, que se estende até a obtenção da Licença de Instalação (LI); Construção: período no qual, após a obtenção da LI, ocorrerá a implantação das obras de infra-estrutura de apoio e das obras principais, bem como, em seqüência, a liberação das áreas do reservatório para o seu enchimento (entenda-se aqui “reservatório” como os setores Reservatório do Xingu e Reservatório dos Canais); Enchimento: período que sucederá a obtenção da Licença de Operação (LO), compreendendo a inundação das áreas devido ao fechamento do rio Xingu e desvio das águas para o Reservatório dos Canais. Inclui ainda as atividades de comissionamento e teste da primeira unidade geradora da Casa de Força Principal; e Operação: período transcorrido a partir da entrada em operação da primeira unidade geradora da Casa de Força Principal .” As variáveis ambientais e sociais impactadas durante as etapas acima estão relacionadas na tabela abaixo. 12 Meio Variável Ambiental Físico Clima Geologia Geomorfologia Solos Recursos Minerais Suscetibilidade Erosiva Estabilidade de Encostas Dinâmica Fluvial Biótico Flora Terrestre Fauna Terrestre Flora Aquática Fauna Aquática e Semi-aquática Qualidade das Águas Socioeconômico e Cultural Demografia Atividades Produtivas Infra-estrutura Saúde Educação Saneamento Organização Social Modos de Vida Patrimônio Arqueológico Patrimônio Natural Recursos Cênicos Patrimônio Espeleológico Patrimônio Edificado Recursos Econômicos Finanças Públicas Fonte: EIA UHE Belo Monte, volume 29, quadro 10.2.2-3. 2.3 Sistemas de classificação de impactos utilizados no EIA Belo Monte O sistema de classificação de impactos empregado no EIA da UHE Belo Monte é tal como reproduzido no Box 1 abaixo. Tal sistema serve ao que é o EIA se refere como “caracterização” do impacto. Box 2 Os dois sistemas de classificação de impacto empregados no EIA da UHE Belo Monte 1 Sistema de classificação para a caracterização de impactos (a) Quanto à ocorrência (i.e., possibilidade de manifestação) Certa: alteração com certeza de ocorrência; Provável: alteração com alta possibilidade de ocorrer; Improvável: alteração com baixa possibilidade de ocorrer. (b) Quanto à natureza Positiva: alteração de caráter benéfico que resulta em melhoria da qualidade ambiental; Negativa: alteração de caráter adverso que resulta em dano ou perda ambiental. 13 (c) Quanto à incidência ou ordem [i.e., quanto à existência de mediações entre o projeto e o impacto] Direta [não mediada]: o impacto direto é a primeira alteração que decorre de um processo/ação do empreendimento, sendo também chamado de “impacto primário” ou “de primeira ordem”; Indireta [mediada]: alteração que decorre de um impacto direto, sendo também chamada de “impacto secundário”, “terciário” etc, ou “de segunda ordem”, de “terceira ordem” etc., de acordo com sua situação na cadeia de reações ao processo gerador do impacto direto ou primário. (d) Caracterização espacial ou abrangência (âmbito) Pontual: a alteração se manifesta exclusivamente na área/sítio em que se dará a intervenção (isto é, na ADA – Área Diretamente Afetada) ou no seu entorno imediato. Local: a alteração tem potencial para ocorrer ou para se manifestar por irradiação numa área que extrapole o entorno imediato do sítio onde se deu a intervenção, podendo abranger a AID – Área de Influência Direta. Regional: a alteração tem potencial para ocorrer ou para se manifestar, por irradiação e através de impactos indiretos associados, na AII – Área de Influência Indireta ou mesmo na AAR – Área de Abrangência Regional. (e) Caracterização temporal ou dinâmica e.i Prazo para a Manifestação (ou momento em que o impacto se manifesta) Imediato ou Curto Prazo: alteração que se manifesta simultaneamente ou imediatamente após a ocorrência do processo que a desencadeou. Médio a Longo Prazo: alteração que demanda um intervalo de tempo para que possa se manifestar. e.ii Forma de Manifestação (frequência com que o impacto se manifesta) Contínua: a alteração é passível de ocorrer de forma ininterrupta. Descontínua: a alteração é passível de ocorrer uma vez ou em intervalos de tempo não regulares. Cíclica: a alteração é passível de ocorrer em intervalos de tempo regulares ou previsíveis. e.iii Duração da Manifestação (ou duração do impacto) Temporária: a alteração passível de ocorrer tem caráter transitório em relação à fase do projeto na qual se manifestará o impacto. Em suma, o impacto temporário ocorre em um período de tempo claramente definido em relação à fase do empreendimento durante a qual se manifesta. Permanente: a alteração passível de ocorrer permanece durante a vida útil do projeto, oumesmo a transcende. 2 Sistema de classificação para a mensuração de impactos Um segundo sistema de classificação foi aplicado com o intuito de mensurar, de maneira qualitativa, a “magnitude” dos impactos. Por magnitude, neste caso, deve-se entender a variação na qualidade de um componente ambiental, i.e., trata-se de comparar a qualidade do componente antes e depois do projeto. Os conceitos deste segundo sistema são: 14 (a) Reversibilidade Reversível Imediatamente/Curto Prazo: é aquela situação na qual cessado o processo gerador do impacto o meio alterado retorna, imediatamente ou no curto prazo, a uma dada situação de equilíbrio semelhante àquela que estaria estabelecida caso o impacto não tivesse ocorrido ou caso a ação ambiental que possa ser proposta para preveni-lo ou mitigá-lo não venha a ser aplicada. Reversível a Médio/Longo Prazo: é aquela situação na qual cessado o processo gerador do impacto o meio alterado retorna, no médio ou no longo prazos, a uma dada situação de equilíbrio, semelhante àquela que estaria estabelecida caso o impacto não tivesse ocorrido ou caso a ação ambiental que possa ser proposta para preveni-lo ou mitigá-lo não venha a ser aplicada. Irreversível: o meio se mantém alterado mesmo após cessado o processo gerador do impacto, não se identificando ações ambientais que possam ser propostas para procurar preveni-lo ou mitigá-lo. (b) Relevância (esta categoria toma por base duas categorias do primeiro sistema, (i) natureza, (ii) caracterização espacial, (iii) caracterização temporal) Baixa: a alteração na variável ambiental é passível de ser percebida e/ou verificada (medida) sem, entretanto, caracterizar ganhos e/ou perdas na qualidade ambiental da área de abrangência considerada, se comparados ao cenário ambiental diagnosticado. Média: a alteração na variável ambiental é passível de ser percebida ou verificada (medida), caracterizando ganhos e/ou perdas na qualidade ambiental da área de abrangência considerada, se comparados ao cenário ambiental diagnosticado Alta: a alteração na variável ambiental é passível de ser percebida e/ou verificada (medida), caracterizando ganhos e/ou perdas expressivos na qualidade ambiental da área de abrangência considerada, se comparados ao cenário ambiental diagnosticado. 2.4 Exemplos de impactos Nesta subseção são reproduzidas as descrições e classificações de alguns dos impactos do projeto UHE Belo Monte estimados como “significativos”, tratando-se de impactos diretos de alta magnitude capazes de desencadear impactos indiretos de magnitude alta ou média. Um exemplo é o caso do impacto “aumento do fluxo migratório”, provocado na etapa de planejamento, o qual tende a desencadear outros impactos (figura a seguir). 15 Aumento do Fluxo Migratório Intensificação do Uso e Ocupação Desordenado do Solo, em Especial no Entorno das Vilas Residenciais Aumento da Demanda por Equipamentos e Serviços Sociais Sobrecarga na Gestão da Administração Pública Aumento da Demanda por Segurança Pública Aumento da Disseminação de Doenças Endêmicas e Possibilidade de Introdução de Novas Endemias Aumento da Disseminação de Doenças Infecto-contagiosas Especulação Imobiliária e Aumento sobre os Imóveis do Entorno Aumento da Pressão de Caça Perda de Diversidade da Fauna Aumento da Pressão sobre os Recursos Florestais Madeireiros e Não Madeireiros Aumento da Perda de Diversidade da Flora Aumento na População de Espécies Exóticas (Flora e Fauna) Proliferação de Zoonoses Impactos sobre os Usos Sustentáveis dos Recursos Pesqueiros – Sobrepesca e Perda de Modalidade de Pescarias Alterações na Repartição dos Benefícios da Explotação Pesqueira 16 Caracterização e Avaliação do Impacto “Aumento do Fluxo Migratório” Descrição: a implantação do AHE Belo Monte atrairá grandes contingentes populacionais que, certamente, acorrerão à região em busca de oportunidades de trabalho (...) Parte desta população deverá trazer a família consigo [o número total de imigrantes é estimado em 96.000 pessoas. É preciso destacar que, atualmente, as municipalidades não contam com instrumentos de planejamento e gestão nem com equipes suficientes e adequadamente capacitadas para fiscalizar e controlar a ocupação do solo no seu território.” Impacto Aumento do Fluxo Migratório Etapa Construção Fase Implantação de Infra-estrutura de Apoio à Construção Processo Mobilização e Contratação de Mão-de-obra Variável Ambiental Impactada Dinâmica Demográfica, Infra- estrutura – Saúde, educação e Saneamento, Modos de Vida Caracterização do Impacto Ocorrência Certa A ocorrência do impacto é certa não só como conseqüência do número elevado de postos de trabalho que serão necessários à construção do AHE Belo Monte, como também em função de seu cronograma físico que leva a uma relativa manutenção destes postos por um período mínimo de 3 anos (período correspondente ao incremento da mobilização, no ano 2 de implantação, até, pelo menos, o final do ano 4) e à reduzida disponibilidade de mão-de- obra local (nas AII e AID) para preenchimento dessas vagas. Outro fator que facilita o fluxo migratório decorre das condições de acessibilidade viária da região de inserção do empreendimento, já em melhorias devido ao asfaltamento da Rodovia Transamazônica e da BR-163 no âmbito das obras do PAC, viabilizando um melhor acesso à cidade de Altamira, pólo regional constituído e que, portanto, exercerá atratividade sobre a população migrante. Incidência Direto O impacto é direto dado que decorre diretamente do processo de mobilização e contratação de mão-de-obra na fase de construção . Natureza Negativo A natureza do impacto é negativa em função do número significativo de migrantes (da ordem de 96.000) que deverá ser atraído em especial para a AID, acarretando uma rede de precedência de impactos que se caracteriza, em especial, por potenciais efeitos deletérios sobre diferentes variáveis ambientais associadas, em especial, aos Meios Biótico e Socioeconômico e Cultural. Abrangência Regional Este é um impacto de ampla abrangência, manifestando-se na ADA e na AID, que deverão receber a maior parte do contingente populacional (estimado em torno de 90%), mas também extensivo até a AII, ainda que em menor grau. No entanto, considerando-se que o impacto diz respeito à atração de fluxo migratório, que deverá abarcar outras regiões do país, em especial as regiões norte e nordeste, de onde deverão vir os principais contingentes, o mesmo assume um caráter regional. Temporalidade Imediato A atração de fluxo migratório deverá se manifestar, mesmo que de maneira pouco significativa, ainda na etapa de planejamento, uma vez que a concessão da Licença Prévia pode ser um fator impulsionador para o aumento do fluxo migratório que, no entanto, se concretiza a partir do início da mobilização/contratação de mão-de-obra, ou mesmo a antecedendo em função da geração de expectativas afetas a novas oportunidades de emprego e renda. Forma de Manifestação Contínua Uma vez iniciado, este impacto não sofre interrupções enquanto perdurar o processo que o originou. Duração da Manifestação Temporária O aumento do fluxo migratório ocorrerá em um período de tempo claramente definido pelo cronograma físico das obras e, em 17 conseqüência, por aquele associado à mobilização/contratação de mão-de-obra, concentrado, portanto, nos quatro primeiros anos da Etapa de Construção, passando a declinar a partir de então até o décimo ano. Observa-se,no entanto, que os resultados da aplicação do modelo do BNDES utilizado para estimar a geração de empregos revelam que poderá ocorrer uma certa defasagem entre o cronograma efetivo de mobilização e aquele afeto ao aumento real do fluxo migratório, defasagem esta avaliada em um ano(...). Avaliação do Impacto Reversibilidade Reversível a Longo Prazo O impacto é reversível a longo prazo considerando que uma vez concluído o processo de mobilização e contratação de mão-de-obra e decorrido o tempo de execução das obras, uma parcela da população migrante tenderá a permanecer se integrando a dinâmica social e econômica da região. Relevância Alta Conforme demonstrado na rede de precedência associada a este impacto primário, vários serão os impactos a partir dele desencadeados, influenciando negativamente diferentes variáveis ambientais. Vale ainda ressaltar o contingente populacional que deverá ser atraído para a região de implantação do AHE Belo Monte, constituído por cerca de 96.000 pessoas. Magnitude Alta Em função de ser um impacto reversível a longo prazo e de ter relevância alta, sua magnitude também é elevada. 18 QUADRO 10.4.2-1 Caracterização e Avaliação do Impacto “Aumento na Arrecadação de Tributos” Descrição: “A presença do empreendimento tenderá a ampliar as atividades formais [que pagam regularmente os impostos e a favorecer a regularização fiscal de algumas atividades já realizadas na região]. Durante as obras, impostos como ISS, COFINS e PIS, principalmente, serão arrecadados, assim como a base de arrecadação para o ICMS [além da Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos para Fins de Geração de Energia Elétrica (CF)” continua Impacto Aumento na Arrecadação de Tributos Etapa Construção Fase Implantação de Infra-estrutura de Apoio à Construção Processo Mobilização e Contratação de Mão-de-obra Variável Ambiental Impactada Finanças Públicas Impacto de Ordem Superior na Rede de Precedência Alteração na Relação Oferta-demanda por Insumos, Mercadorias e Serviços e Dinamização da Economia Aumento na Arrecadação de Tributos Ampliação da Renda Caracterização do Impacto Ocorrência Certa Considera-se como certa a ocorrência do impacto face à alteração positiva na relação oferta-demanda por insumos, mercadorias e serviços e ao aumento de renda diretamente derivado desta demanda, ambos impactos avaliados como de ocorrência certa. Incidência Indireto O impacto é indireto, de segunda ordem em relação ao Processo de Mobilização e Contratação de Mão-de-obra, sendo decorrente do impacto primário de “Alteração na Relação Oferta-demanda por Insumos, Mercadorias e Serviços e Dinamização da Economia Aumento na Arrecadação de Tributos” e, em caráter terciário, do impacto de “Ampliação da Renda”. Natureza Positivo A natureza do impacto é positiva pois contribuirá, beneficamente, para as finanças públicas municipais. Abrangência Regional O impacto deverá manifestar-se em especial na AID, com reflexos, ainda que menores, na AII. Por este motivo, foi considerado como de abrangência regional. Temporalidade Imediato/ Curto Prazo Este impacto tem manifestação imediata e/ou a curto prazo, dado que o aumento na arrecadação de tributos ocorrerá pari passu a alteração na relação oferta-demanda por insumos, mercadorias e serviços, impacto gerador daquele em pauta e que ocorrerá imediatamente após o início da mobilização e da contratação de mão-de-obra. 19 QUADRO 10.4.2-36 Caracterização e Avaliação do Impacto “Aumento na Arrecadação de Tributos” conclusão Caracterização do Impacto Forma de Manifestação Contínua O impacto se manifestará de forma contínua, não sofrendo interrupções enquanto perdurar o seu fato gerador, isto é, a alteração na relação oferta-demanda de serviços que, como anteriormente visto, também terá manifestação contínua. Duração da Manifestação Temporária O impacto terá duração temporária, dado que a alteração na relação oferta-demanda por insumos, mercadorias e serviços, impacto gerador deste ora analisado, ocorrerá em um período de tempo determinado, representado, em especial, pela duração da Etapa de Construção do AHE Belo Monte. Avaliação do Impacto Reversibilidade Longo Prazo É um impacto considerado reversível a longo prazo, pois mesmo após cessada a sua ação geradora o aumento na arrecadação de tributos derivado de atividades econômicas para atender as demandas criadas pela mobilização e contratação de mão-de-obra continuará a se manifestar, tendo em conta atender a parcela da população migrante que permanecerá na área. Relevância Média A relevância deste impacto frente ao processo de mobilização e contratação de mão-de-obra foi avaliada como média, dado que sofrerá aumentos progressivos durante a Etapa de Construção, até atingir seu ápice na Etapa de Operação. Magnitude Média Em função de ser um impacto reversível a longo prazo e de ter relevância média, sua magnitude é considerada também como média. 20 QUADRO 10.4.2-2 Caracterização e Avaliação do Impacto “Intensificação da Perda de Cobertura Vegetal” Descrição: Este impacto se manifestará em decorrência de diferentes processos associados à Etapa de Construção do AHE Belo Monte, relacionados à Fase de Implantação de Infra-estrutura de Apoio, à Fase de Implantação das Obras Principais e à Fase de Liberação das Áreas para Formação dos Reservatórios (...)A formação dos reservatórios (dos Canais e do Xingu) eliminará ou alterará substancialmente, por efeito de inundação, vários tipos de cobertura vegetal.” continua Impacto Intensificação da Perda de Cobertura Vegetal Etapa Construção Fase Implantação de Infra-estrutura de Apoio à Construção Processo Construção da Infra-estrutura de Apoio Variável Ambiental Impactada Flora Terrestre Fauna Terrestre Suscetibilidade Erosiva Atividades Produtivas Recursos Econômicos Caracterização do Impacto Ocorrência Certa Considera-se como certa a ocorrência deste impacto face às obras previstas para implantação da infra-estrutura de apoio nos quatro sítios construtivos. Incidência Direto O impacto é direto, de primeira ordem em relação ao Processo de Construção da Infra-estrutura de Apoio. Natureza Negativo A natureza do impacto é negativa, dado que redundará em impactos ambientais indiretos, todos com efeitos deletérios, referentes à perda ou alteração de habitats naturais, à redução da biodiversidade, incremento do potencial erosivo e redução da disponibilidade de recursos madeireiros e não madeireiros, bem como dos serviços ambientais associados à flora. Abrangência Pontual Associado ao processo em questão, considera-se que a alteração da cobertura vegetal se resumirá à ADA , especificamente nas áreas onde serão localizados os sítios construtivos, bem como naquelas onde serão efetuadas melhorias e implementação de novos acessos. Temporalidade Imediato/ Curto Prazo Este impacto tem manifestação imediata/a curto prazo, concomitante com o desenvolvimento do processo de construção da infra-estrutura de apoio. Forma de Manifestação Descontínua Considera-se que o impacto se manifestará de forma descontínua, em função do cronograma físico associado às obras em cada sítio, a cada acesso e ao porto da obra. Duração da Manifestação Temporária O impacto terá duração temporária, levando-se em conta as medidas propostas neste EIA para recuperação das áreas onde ocorrerão as interferências necessárias à implantação da infra- estrutura de apoio. 21 QUADRO 10.4.2-79 Caracterização e Avaliação do Impacto “Intensificação da Perda de Cobertura Vegetal” conclusão Avaliação do Impacto Reversibilidade Irreversível É um impacto considerado irreversívelmesmolevando em consideração o estado atual de degradação dos ecossistemas. Relevância Baixa A relevância foi considerada baixa tendo em vista o caráter ainda restrito, em termos de abrangência espacial, das alterações decorrentes do processo de construção da infra-estrutura de apoio. Magnitude Baixa Em função de ser um impacto reversível a médio/longo prazos e de ter relevância baixa, sua magnitude é considerada também como baixa. 22 QUADRO 10.4.2-3 Caracterização e Avaliação do Impacto “Comprometimento do Patrimônio Arqueológico” Descrição: destruição, total ou parcial, de sítios arqueológicos: por destruição total ou parcial de sítios arqueológicos, entende-se a ocorrência de ações que levem à depredação ou à profunda desestruturação espacial e estratigráfica de antigos assentamentos indígenas, de curta duração (acampamentos), de longa duração (aldeias), ou de atividades específicas (oficinas de produção de artefatos líticos, sítios cerimoniais etc.), bem como de sítios de grafismos rupestres, subtraindo-os à memória nacional. continua Impacto Comprometimento do Patrimônio Arqueológico Etapa Construção Fase Implantação de Infra-estrutura de Apoio à Construção Processo Construção da Infra-estrutura de Apoio Variável Ambiental Impactada Patrimônio Arqueológico Caracterização do Impacto Ocorrência Provável Considera-se como provável a ocorrência deste impacto face às obras previstas para implantação da infra-estrutura de apoio nos quatro sítios construtivos, tendo em vista o conhecimento ainda restrito sobre o contexto arqueológico regional, a ser ampliado quando da implementação das medidas mitigadoras previstas neste EIA. Incidência Direto O impacto é direto, de primeira ordem em relação ao Processo de Construção da Infra-estrutura de Apoio. Natureza Negativo A natureza do impacto é negativa, dado que, conforme antes aqui apresentado, poderá redundar em depredação ou desestruturação espacial e estratigráfica de antigos assentamentos indígenas, de curta duração (acampamentos), de longa duração (aldeias), ou de atividades específicas (oficinas de produção de artefatos líticos, sítios cerimoniais etc.), bem como de sítios de grafismos rupestres, subtraindo-os à memória nacional. Além disso, como impacto indireto relacionado se tem a descaracterização do entorno dos sítios arqueológicos pela ocorrência de ações que alterem fisicamente a área onde serão implantados os sítios construtivos. Esta alteração dificulta e, às vezes, pode até mesmo inviabilizar interferências científicas que explique os motivos pelos quais determinados ambientes foram escolhidos por seus habitantes para seus assentamentos, em detrimento de outros, bem como a definição e caracterização do território de captação de recursos das populações pré-coloniais que ocuparam a área. Caracterização do Impacto Abrangência Pontual Associado ao processo em questão, considera-se que a alteração da paisagem se resumirá à ADA , especificamente nas áreas onde serão localizados os sítios construtivos, bem como naquelas onde serão efetuadas melhorias e implementação de novos acessos, além do porto dedicado às obras. Temporalidade Imediata Este impacto tem manifestação imediata, concomitante com o desenvolvimento do processo de construção da infra-estrutura de apoio. Forma de Manifestação Descontínua Considera-se que o impacto se manifestará de forma descontínua, em função do cronograma físico associado às obras em cada sítio, a cada acesso e ao porto da obra. Duração da Manifestação Permanente O impacto terá duração permanente, pois as alterações promovidas sobre o contexto arqueológico regional terão caráter definitivo. 23 QUADRO 10.4.2-74 Caracterização e Avaliação do Impacto “Comprometimento do Patrimônio Arqueológico” conclusão Avaliação do Impacto Reversibilidade Irreversível É um impacto considerado irreversível, uma vez que, conforme antes aqui exposto, o impacto principal associado à perda de bens arqueológicos não pode ser revertido. Relevância Média A relevância foi considerada média tendo em vista o caráter ainda restrito, em termos de abrangência espacial, das alterações decorrentes do processo de construção da infra-estrutura de apoio. Magnitude Média Em função de ser um impacto irreversível e de ter relevância média, sua magnitude é considerada também como média 24 QUADRO 10.4.2-4 Caracterização e Avaliação do Impacto “Alteração na Relação Oferta-demanda por Insumos, Mercadorias e Serviços e Dinamização da Economia” Descrição: “A implantação do AHE Belo Monte irá necessitar de diversos insumos, bens e serviços, criando uma pressão de demanda em vários setores da economia. Destacam-se os mais diretamente ligados às obras, como máquinas e equipamentos para construção civil, e os indiretamente relacionados, decorrentes do fluxo migratório, como alimentação, hospedagem, combustíveis e comércio de mercadorias.” continua Impacto Alteração na Relação Oferta-demanda por Insumos, Mercadorias e Serviços e Dinamização da Economia Etapa Construção Fase Implantação de Infra-estrutura de Apoio à Construção Processo Construção da Infra-estrutura de Apoio Variável Ambiental Impactada Atividades Produtivas Recursos Econômicos Impacto de Ordem Superior na Rede de Precedência Melhoria na Acessibilidade pela Ampliação do Sistema Viário Caracterização do Impacto Ocorrência Certa Considera-se como certa a ocorrência do impacto face à necessidade dos diferentes insumos para a implantação do empreendimento, para atender a demanda da mão-de-obra a ser contratada e ao fluxo migratório esperado, estimulando a cadeia produtiva que decorrerá dessa demanda, estimulando a ampliação da oferta de bens e serviços que, através da melhoria na acessibilidade, terão a capacidade de escoamento de sua produção facilitada. Incidência Indireto O impacto é indireto, de segunda ordem em relação ao Processo de Construção da Infra-estrutura de Apoio. Natureza Positivo A natureza do impacto é positiva pois contribuirá para a ampliação da renda regional e para a arrecadação de tributos, conforme antes já mencionado para este impacto quando associado ao Processo de Mobilização e Contração de Mão-de-obra. Abrangência Regional O impacto deverá manifestar-se não só nas ADA e AID, como também na AII e mesmo externamente a ela, principalmente tendo em vista que este impacto deverá ser potencializado pelas melhorias nos principais acessos viários à região, com destaque para as Rodovias Transamazônica e BR-163, já em curso no âmbito do PAC e do Programa BR-163 Sustentável. 25 QUADRO 10.4.2-66 Caracterização e Avaliação do Impacto “Alteração na Relação Oferta-demanda por Insumos, Mercadorias e Serviços e Dinamização da Economia” Conclusão Caracterização do Impacto Temporalidade Imediato/ Curto Prazo Este impacto tem manifestação imediata e/ou a curto prazo, dado que a alteração na relação oferta-demanda por insumos, mercadorias e serviços, bem como a conseqüente dinamização da economia, ocorrerá imediatamente após o início da mobilização e da contratação de mão-de-obra que, de forma geral, estará sendo realizado, no tempo, concomitantemente ao Processo de Construção da Infra-estrutura de Apoio. Forma de Manifestação Contínua O impacto se manifestará de forma contínua, não sofrendo interrupções enquanto perdurar o seu fato gerador, isto é, a melhoria da acessibilidade pela ampliação do sistema viário. Duração da Manifestação Temporária O impacto terá duração temporária se o mesmo for considerado diretamente atrelado ao aumento do fluxo migratório, dado que a alteração na relação oferta-demanda por insumos, mercadorias e serviços, e a conseqüentedinamização da economia, ocorrerá em um período de tempo determinado, representado, em especial, pela duração da Etapa de Construção do AHE Belo Monte. Avaliação do Impacto Reversibilidade Longo Prazo É um impacto considerado reversível a longo prazo, considerando-se aqui que o aumento da demanda decorrente do fluxo migratório irá durar, de forma mais significativa, nos quatro primeiros anos de construção e que a manutenção das estradas será garantida durante toda a Etapa de Construção, perpassando, portanto, o aumento mais relevante da demanda. Relevância Alta Frente ao montante dos empregos a serem gerados, direta e indiretamente pelo AHE Belo Monte, e tendo em vista a estimativa apresentada anteriormente para este impacto neste capítulo (o valor investido em obras da construção - cerca de R$ 7 bilhões – deverá gerar a demanda de mais R$ 12 bilhões em toda e economia, com destaque para o próprio setor de construção, comércio, cimento e atividades agropecuárias), avalia-se como alta a relevância do impacto, passível de ser medida em termos de seus ganhos, em especial para a economia local, frente ao aumento da oferta verificada através da melhoria da capacidade de escoamento da produção. Vale ainda ressaltar que, no tocante à geração de oportunidades econômicas voltadas às atividades agropecuárias, há um potencial de alavancagem das mesmas associado à implementação do Programa Territórios da Cidadania, abrangendo, no denominado “Território da Transamazônica”, todos os municípios que integram a AID do AHE Belo Monte, além de outros que são abarcados pela AII. Tal observação é válida, dado que um dos eixos estratégicos que alicerçam o referido Programa traduz-se no fomento ao desenvolvimento sustentável de atividades agropecuárias como forma, inclusive, de fixação da população rural. Magnitude Alta Em função de ser um impacto reversível a longo prazo e de ter relevância alta, sua magnitude é considerada também como alta. 26 2.5 Sistema de classificação EIA UHE Belo Monte e ACB Um exercício interessante, que permite fixar as categorias dos sistemas de impacto apresentados, consiste em reclassificar os quatro impactos destacados acima da UHE Belo Monte no sistema de classificação da ACB. Aumento do Fluxo Migratório Este impacto desencadeia uma cadeia de impactos. Para entender, pois, o impacto do aumento do fluxo migratório sobre o bem-estar social é preciso conhecer como os impactos “derivados”, de segunda ordem, alteram tal indicador. Assinalo, pois, que se deve evitar a tentativa de classificar, diretamente, o aumento do fluxo migratório. Isso fica claro para a classificação como impacto positivo ou negativo, pois apenas é possível a realizar com base no efeito agregado líquido dos impactos individuais. Sejam considerados alguns impactos de segunda ordem, a intensificação no uso e ocupação desordenada do solo, o aumento da disseminação de doenças endêmicas e o aumento da demanda por bens e serviços públicos. Os dois primeiros são claramente negativos, exteriores e não comercializados. O caráter negativo é claro para o segundo pois a disseminação de doenças reduz o nível de saúde regional. Para o segundo é o termo “desordenado” que faz a diferença pois invoca habitações precárias provavelmente localizadas em áreas irregulares (sujeitas, p.ex., a deslizamentos). Quanto ao terceiro impacto, ele é negativo. A razão está em que, na descrição, é dito que os governos municipais responsáveis pela provisão de bens e serviços públicos na área de influência do projeto não têm capacidade para atender o aumento da demanda. Conclui-se, pois, que o impacto referido como “aumento da demanda por bens e serviços públicos” é negativo, exterior e não-comercializado. Esta última classificação tem em vista que a parcela da demanda aumentada que permanecerá não atendida se transformará, em parte, em pressão da população sobre o governo. Há uma classe de impactos de segunda ordem do aumento do fluxo migratório que são desconsiderados no documento original (EIA UHE Belo Monte). Trata-se dos impactos referentes ao aumento da demanda sobre bens e serviços providos pelo mercado (iniciativa privada). Esta classe de impactos é discutida a frente. Aumento na Arrecadação de Tributos Aqui também tem-se um conjunto de impactos, com pelo menos dois impactos. Seja, por simplicidade, considerado apenas o aumento de impostos cobrados sobre bens e serviços. Considerando exclusivamente o impacto de aumento da receita gerada por tais impostos, tem-se um efeito positivo, exterior e comercializado. É importante notar que há aumento da arrecadação advindo do pagamento de impostos pelo projeto e também advindo do aumento do pagamento de impostos por atividades que o projeto estimula. Este segundo efeito é um multiplicador tributário. Há, porém, um segundo impacto, negativo, exterior e comercializado. Ele decorre do fato de que, quanto maior é o valor de tributos pagos, maior é o valor total do peso morto imposto (transações econômicas não-realizadas) pelos tributos. Intensificação da Perda de Cobertura Vegetal Negativo, exterior e não comercializado. Comprometimento do patrimônio arqueológico Negativo, exterior e não comercializado. 27 Alteração na Relação Oferta-demanda por Insumos, Mercadorias e Serviços e Dinamização da Economia Ror simplicidade, seja considerado apenas o aumento da demanda por bens e serviços a serem utilizados diretamente na obra. Há, pois, impactos claros que tendem a ocorrer como efeitos multiplicadores “para trás”, aumentando a produção e o emprego nos setores fornecedores. Estes impactos são positivos, exteriores e comercializados, como é o caso, em geral, dos efeitos multiplicadores. Porém, os efeitos multiplicadores não são os únicos impactos. Se os efeitos multiplicadores forem muito fortes, os preços dos bens e serviços demandados pelo projeto aumentarão e externalidades pecuniárias ocorrerão. As externalidades pecuniárias não podem ser, como discutido anteriormente, classificadas como negativas ou positivas, apenas como impactos exteriores comercializados. 2.6 Diferenças entre análise de impactos do EIA-RIMA e análise econômica Os sistemas de classificação empregados no EIA da UHE Belo Monte (Box 2) permitem uma apreciação qualitativa dos impactos. A análise econômica, porém, se embasa na apreciação quantitativa. Esta permite que os impactos sejam mensurados com base na mesma unidade de medida e agregados de maneira a que se possa conhecer o resultado líquido do projeto. I.e., o cálculo permite responder se o custo social é ou não mais do que compensado pelo benefício social. Do ponto de vista da análise econômica de projetos, o par EIA-RIMA se mostra uma análise prévia de viabilidade legal, ambiental e social de projetos, que serve mais para eliminar alternativas inadequadas do que para selecionar alternativas adequadas. laranjinha Highlight
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