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Mistura Profª Ma. Marlene Saraiva de Araújo Neta E-mail: saraiva.marleneneta@gmail.com Mistura: • Conceito: “Uma operação unitária que tem por objetivo trabalhar dois ou mais componentes, a princípio segregados ou parcialmente misturados, de modo que cada unidade (partícula, molécula, etc.) de cada um dos componentes passe a entrar em contato o mais próximo possível com as unidades de um outro componente ou de cada um dos outros componentes.” Mistura Perfeita Tipos de Mistura • Podem ser classificadas em 3 tipos: - Misturas positivas - Misturas negativas - Misturas neutras Mistura Positiva • Componentes que se misturam por difusão de uma forma espontânea e irreversível, tendendo a aproximar-se à condição de mistura perfeita. • Ex.: Gases ou líquidos miscíveis. Mistura Negativa • Verifica-se a tendência à separação dos componentes da mistura. Quando isso acontece rapidamente, para manter os componentes dispersos de modo adequado, é necessário fornecer energia continuamente. • Para outros casos de mistura negativa, os componentes tendem à separação muito lentamente. • São mais difíceis de serem obtidas e mantidas, exigindo um grau de eficiência de mistura maior, quando comparada às misturas positivas. Ex.: Emulsões, cremes e suspensões viscosas. Ex.: Suspensão de calamina (loção de calamina) = Dispersão de sólido em líquido de baixa viscosidade. Misturas Neutras • Misturas de comportamento estático • Os componentes não apresentam mais tendência à mistura nem à segregação espontâneas. Ex.: mistura de pós, pastas e unguentos. Importante! O tipo de mistura pode ser variável durante um determinado processo. Se a viscosidade do meio aumenta, por exemplo, a mistura pode mudar de uma mistura negativa para uma mistura neutra. De modo similar, o tipo de mistura pode mudar se o tamanho da partícula, o grau de molhabilidade ou a tensão superficial do líquido são alterados. Fatores que afetam a mistura • Viscosidade (que pode mudar com o tempo da operação) • Forma das partículas (ovóides, blocos, esferas, flocos, lascas, bastonetes, filamentos, cristais, formas irregulares) • Superfície da partícula (área e carga elétrica) • Tamanho das partículas (tamisação/granulometria /granulação) • Densidade dos componentes (aeração, vibração e compactação) • Molhabilidade e fluidez (escoamento) dos pós • Tensão superficial dos líquidos • Friabilidade do material (quebra/abrasão) • Umidade • Limitações de temperatura O processo de mistura Segregação completa Mistura ideal perfeita Mistura Aleatória A probabilidade de escolher um tipo de partícula específico é a mesma em todos os pontos da mistura Mistura de pós • Mecanismo de mistura de pós: - Convecção - Cisalhamento - Difusão • Mistura por convecção: Ocorre transferência de grandes grupos de partículas por meio de pás e colabora com a mistura de partículas macroscópicas. A mistura ocorre de maneira rápida mas não ocorre no interior dos blocos (as partículas não se movem) então é necessário um tempo de mistura maior, como ocorre quando um misturador de palhetas ou pás desloca-se no seio da mistura. Mistura de pós • Mistura por cisalhamento: Camadas de material deslizam uma sobre as outras em velocidades diferentes. Agitadores de alto cisalhamento ou por tombamento: a ação do misturador induz a formação de gradientes de velocidade dentro do leito de pós e, consequentemente, o cisalhamento de uma camada sobre a outra. Mistura de pós • Mistura por difusão: A mistura por difusão promove o movimento individual das partículas. Quando uma camada de partículas que está em repouso é forçada a se movimentar/fluir, aumenta o volume por diminuição do empacotamento possibilitando as partículas caírem por força gravitacional com baixa velocidade de mistura. Mistura de pós IMPORTANTE! • Os três mecanismos podem ocorrer em uma única operação de mistura, mas qual será o mecanismo predominante e a extensão de cada um deles depende do tipo de misturador das condições do processo (carga, velocidade) e da flotabilidade de cada componentes. Mistura de pós - equipamentos • Misturadores de volteadura - São montados de modo que possam ser girados em torno de um eixo. - Mistura de grânulos ou de pós com boas propriedades de fluxo. - Mistura por cisalhamento e por difusão Misturador em V Misturador em Y Misturador Cúbico Misturador de cone duplo Movimento do pó dentro do misturador por volteadura • Misturadores-granuladores de alta velocidade Uma lâmina impulsora, colocada centralmente no fundo do misturador, gira em alta velocidade, arremessando o material para as paredes da câmara, sob efeito da força centrífuga. Na sequência, o material é forçado para cima antes de precipitar-se para o centro do misturador. O movimento das partículas no interior da câmara provoca a mistura dos componentes de modo rápido, devido às elevadas forças de cisalhamento, originadas da alta velocidade de rotação, assim como devido à expansão do leito de material, o que permite a mistura por difusão. Mistura de pós - equipamentos • Misturadores de leito fluidizado O principal uso de equipamentos de leito fluidizado ocorre na secagem de grânulos ou no revestimento de materiais multiparticulados. Esse tipo de equipamento pode, porém, ser utilizado na mistura de pós, antes destes serem granulados na mesma câmara de mistura. Mistura de pós - equipamentos • Misturadores por agitação Baseia-se no movimento de uma palheta ou pá pelo produto e, por isso, seu principal mecanismo de mistura é por convecção. Misturador nauta Misturador agitador de parafuso helicoidal Misturador planetário Mistura de pós - equipamentos • Considerações práticas - Quantidade compatível com tamanho de misturador (expansão) - Aumento do tempo - A monitoração do tempo de mistura é feita por análise de amostra. - Presença de fio-terra (dissipar eletricidade estática acumulada) Mistura de pós - equipamentos Segregação de pós • Segregação é o efeito oposto à mistura, ou seja, os componentes tendem à separação. Extremamente importante na preparação de produtos farmacêuticos, uma vez que, em caso de segregação, a mistura pode passar de uma condição aleatória para outra não aleatória ou, também, pode acontecer da mistura aleatória nunca ser obtida. • A segregação origina-se do fato de as misturas de pós diferirem quanto ao tamanho, forma e densidade. • Diferença entre o tamanho de partícula: - Principal causa de segregação na mistura de pós. As partículas menores tendem a cair dentro dos espaços vazios existentes entre as partículas maiores, deslocando-se, dessa maneira, para o fundo da massa. • Efeitos da densidade da partícula: - Quando os componentes de uma mistura têm densidades diferentes, as substâncias de maior densidade terão a tendência de deslocar-se para baixo, ainda que os tamanhos de partícula sejam iguais, num fenômeno conhecido como segregação por trajetória. • Efeitos da forma das partículas: - As partículas esféricas são as que possuem as melhores características de fluxo e, por isso, são as mais fáceis de serem misturadas, mas segregam de modo mais fácil se comparadas com partículas de forma não esférica. Segregação de pós Mistura de líquidos • Mecanismos de mistura de líquidos: - Transporte bruto (transporte de massa) - Mistura por turbulência - Difusão molecular • Mistura por transporte bruto (transporte de massa): Semelhante ao mecanismo que ocorre nos sólidos, considera que há movimento de grande quantidade de líquidos movidos pelas pás, de forma rápida mas que as moléculas internas desta quantidade de massa líquida não se misturam. Ex.: Misturadorde pá. Mistura de líquidos • Mistura por turbulência: Origina-se do movimento ao acaso das moléculas, quando são forçadas a uma forma de fluxo turbulento. - Altamente eficiente. - Regiões de redemoinhos (mistura não efetiva) Mistura de líquidos • Mistura por difusão molecular: Promove o movimento individual das partículas. - Se for o único mecanismo faz-se necessário um maior tempo. Mistura de líquidos • Relação entre viscosidade de líquidos e sedimentação das partículas - Os líquidos de baixa viscosidade são misturados facilmente entre si. As partículas sólidas podem ser suspensas em líquidos de baixa viscosidade sem dificuldade, embora tendam a sedimentar-se rapidamente, quando a mistura é descontinuada. - Já os líquidos viscosos são de agitação e mistura mais difícil, mas são capazes de reduzir a velocidade de sedimentação das partículas em suspensão. Mistura de líquidos Tipos de fluxo • Longitudinal: paralela ao eixo do agitador; • Rotacional: tangencial ao eixo do agitador; • Radial: perpendicular ao eixo do agitador; Longitudinal Rotacional Radial • Misturadores de hélice - O agitador em hélice apresenta palhetas em ângulo, que forçam o fluido a circular tanto na direção axial como na radial. - Um vórtice forma-se quando a força centrífuga, transmitida ao líquido pelas palhetas da hélice, faz com que este retorne circularmente pelas paredes do misturador, criando uma depressão em torno da haste do agitador. Mistura de líquidos - equipamentos • Misturadores de turbina - Conforme o líquido é forçado a passar em grande velocidade pelos pequenos orifícios dos anéis difusores, são produzidas forças de cisalhamento consideravelmente intensas. - Pode ser utilizado em fluidos mais viscosos, porém não são apropriados para líquidos de viscosidade muito elevada, uma vez que estes não podem ser arrastados para dentro do cabeçote do misturador. Mistura de líquidos - equipamentos Turbina de pás retas verticais Turbina tipo Disco de Rushton Turbina tipo Disco de Cowles • Agitadores de pá e âncora - Menor velocidade que os misturadores tipo turbina. Mistura de líquidos - equipamentos Misturadores de pás Misturadores de âncora Vantagens e limitações de alguns misturadores de líquidos Tipo de misturador Vantagens Limitações Agitador de pás Bom fluxo radial e rotacional, barato Fluxo perpendicular fraco, alto risco de formação de vórtice e velocidade mais alta Agitador de múltiplas pás Fluxo bom nas três direções Mais caro, maior necessidade de energia Agitador de hélices Fluxo bom nas três direções Mais caro do que o agitador de pás Agitador de turbinas Mistura muito boa Caro e com risco de entupimento Mistura de semi-sólidos • Problema que surge durante a mistura de semi-sólidos (ungentos e pastas): - Não se misturam com facilidade - fluxo difícil; - Os materiais podem entrar em um ponto morto do misturador • Portanto, um misturador apropriado deverá ter elementos rotatórios, com uma folga estreita entre eles e a parede do recipiente misturador. Além disso, a parede do recipiente de mistura e esses elementos deverão produzir um elevado nível de mistura por cisalhamento, um vez que a mistura por difusão e por convecção não é verificada no caso de semi-sólidos. Mistura de semi-sólidos - equipamentos • Misturadores planetários - A lâmina misturadora está posicionada fora do centro e é transportada mediante auxílio de um braço que gira. Consequentemente, ela translada em torno da circunferência da bacia de mistura, enquanto gira, ao mesmo tempo sobre o seu próprio eixo. Ex.: mistura de materiais semi-sólidos altamente viscosos. • Misturadores sigma ou malaxadores - Esse tipo de misturador robusto é destinado ao trabalho com pastas firmes, unguentos ou misturar pós úmidos (granulação via úmida). - O funcionamento depende do encaixe mútuo entre duas lâminas que se assemelham a letra grega ∑ (sigma) para sua ação. Mistura de semi-sólidos - equipamentos Seleção do misturador • Propriedades físicas - Densidade, viscosidade, miscibilidades • Considerações econômicas - Tempo requerido, energia necessárias • Custo do equipamento e manutenção