Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal Catarinense Campus de Rio do Sul ALANA MACHADO COSTA, ANDREI HANG VANDERLINDE, GUILHERME GIACOMOZZI, JOATHAN SIMONETI, VINICIOS AUGUSTO SCHEFFMACHER FERNANDES BEM ESTAR ANIMAL: FRANGOS DE CORTE Rio do Sul 2016 2 ALANA MACHADO COSTA, ANDREI HANG VANDERLINDE, GUILHERME GIACOMOZZI, JOATHAN SIMONETI, VINICIOS AUGUSTO SCHEFFMACHER FERNANDES BEM ESTAR ANIMAL: FRANGOS DE CORTE O presente trabalho tem o objetivo de enxergar os animais como seres vivos e buscar uma forma mais humana de tratá- los durante os processos de produção de alimentos. Prof ª: Marilac Priscila Vivan Rio do Sul 2016 3 SUMÁRIO 1. Introdução ......................................................................................... 4 2. sistemas de produção para frangos de corte .................................... 4 2.1. sistema intensivo/industrial ............................................................ 4 2.2. sistema extensivo/caipira/colonial.................................................. 5 2.3. sistema semi-intensivo .................................................................. 6 2.4. sistema orgânico............................................................................ 7 3. princípios de bem estar de frangos desrespeitados .......................... 8 4. principais problemas apresentados pelos frangos .......................... 10 5. propostas para melhorar o bem estar dos frangos de corte ............ 13 6. avaliação do bem estar animal ........................................................ 17 7. bem estar animal x qualidade do produto final ................................ 18 Referência bibliográfica ............................................................................ 19 4 1. INTRODUÇÃO A domesticação de aves iniciou-se apenas para alimentação dos próprios criadores, no caso de uma criação familiar, ou como distração, por exemplo na obtenção de plumagens coloridas através de cruzamentos ou brigas de galos, e para alguns povos, as aves tornaram-se símbolos e oferendas. No Brasil, as primeiras galinhas chegaram com os portugueses, em 1532. Mas somente depois de 1930 a criação tornou-se uma atividade comercial com ganho de lucro. Ao longo dos anos, técnicas e tecnologias foram sendo desenvolvidas para obter melhores resultados com a criação comercial de aves, possibilitando a produção em larga escala com maior quantidade de carne em menor espaço e menor tempo. A falta de percepção do ser humano em identificar que os animais são seres senciêntes, levou ao desenvolvimento de técnicas de criação e manejo, hoje consideradas, estressantes e cruéis. Com a manifestação de organizações e sociedade contra a crueldade imposta aos animais, criados para qualquer finalidade, iniciou-se uma alteração na compreensão do ser humano com relação ao animais. Aperfeiçoou-se, então, os processos de produção, direcionando a manipulação e ambiente ao bem estar dos animais, preservando produtividade, qualidade e lucros. 2. SISTEMAS DE PRODUÇÃO PARA FRANGOS DE CORTE 2.1. SISTEMA INTENSIVO/INDUSTRIAL São utilizado animais com alta linhagem comercial, selecionados por sua alta taxa de crescimento, além da sua grande eficiência alimentar. As aves são criadas confinadas, ou seja, em galpões onde passam todo o seu ciclo de vida, em uma grande densidade de animais por metro quadrado (aves/m²). Deve-se tomar muito cuidado com a sanidade dos galpões e das aves, pelo fato de os animais estarem em grande número em um local pequeno, o que facilita o desenvolvimento e transmissão de doenças. Para evitar adversidades, deve-se 5 manter o lote saudável além de trocar a cama com frequência mantendo-a sempre em condições adequadas. Apresenta as melhores taxas de produção, porém, é a pior na questão de bem-estar animal. Torna-se um sistema caro, por conta dos elevados gastos com manejo, equipamentos e instalações. Figura 1 - Sistema industrial 2.2. SISTEMA EXTENSIVO/CAIPIRA/COLONIAL As aves são criadas em regime de pastejo, ou seja, livres ocupando espaços ociosos dentro da propriedade. Trata-se de um sistema que não visa a obtenção de lucros, e sim a produção para consumo familiar. Mas em alguns casos, ocorre a venda do excedente, que possui um valor de mercado superior ao produto industrial. No ponto de vista de bem-estar animal, este é o melhor modelo, já que possibilita as aves a expressarem seus instintos naturais, pois são criadas em 6 espaços livres. Não é utilizado métodos artificiais para chocar os ovos, isto é, ocorre tudo naturalmente. Figura 2 - Sistema colonial 2.3. SISTEMA SEMI-INTENSIVO As aves ficam livres a maior parte do dia, mas diferente do sistema extensivo, visa o lucro. Requer mais investimentos por parte do produtor em galpões, programas de vacinação e rações balanceadas. Este sistema possui características do sistema intensivo, como uso de galpões e alimentação balanceada, e extensivo, as aves ficam livres boa parte do dia, por exemplo. São utilizados métodos artificiais para a chocagem dos ovos, através das chamadas incubadoras. Dentro dos galpões, as aves ficam em maior número, mas por não ficarem sempre presas, esse fator acaba não interferindo no aspecto sanitário das aves. 7 Figura 3 - Sistema semi-intensivo 2.4. SISTEMA ORGÂNICO Assemelha-se ao sistema extensivo, o que o difere é a questão da alimentação e uso de medicamentos. A alimentação das aves baseia-se em uma dieta totalmente orgânica, utilizando-se apenas alimentos certificados. Não adota-se o uso de medicamentos químicos, apenas naturais (medicina natural, cura por plantas medicinais). Figura 4 - Sistema orgânico 8 3. PRINCÍPIOS DE BEM ESTAR DE FRANGOS DESRESPEITADOS Nos sistemas orgânico, extensivo e semi-intensivo, o bem estar das aves são respeitados. O espaço livre em ambiente externo lhes permite demonstrar seu comportamento natural, como ciscar e o banho de areia, prevenindo o estresse. As aves geralmente são de linhagens crioulas, seu crescimento é natural e não forçado, evitando lesões, principalmente, nas patas e articulações. A liberdade proporciona baixa densidade ao ambiente, prevenindo o aparecimento de doenças que surgiriam em um ambiente com alta densidade de frangos. Em processo intensivo, mais utilizado pela indústria para produção de carne, muitos dos comportamentos naturais das galinhas são reprimidos. Em um ambiente confinado com alta densidade de animais, o movimento fica restrito. Abrir asas, ciscar, hábitos comuns em aves, são impedidos pela falta de espaço. O crescimento rápido e alto peso apresentado pelos animais no fim da vida, características das linhagens usadas pela indústria, acarretam lesões físicas que comprometem, principalmente, a locomoção dos frangos. A alta densidade apresentada propicia o aparecimento e transmissão de doenças entre os animais confinados. Quando os animais se assustam, dirigem-se para longe do perigo. Esta movimentação provoca tumulto, onde animais fracos são pisoteados, pois não existe espaço para fuga, devido à alta densidade. Em ambiente onde não existe controle adequado da temperatura pode ocasionar morte por asfixia, pois realça os gases exalados pelas fezes existente na cama, além da produção de monóxido de carbono, reduzindo a taxa de oxigênio no ambiente. Galos criados parareprodução, mantidos separados, geralmente passam fome, para que não engordem muito. Durante a apanha e pré-abate, o manejo das aves ocorre de maneira que ocasiona lesões, principalmente nas asas e patas, além de provocar estresse e medo no animal. O transporte pode provocar morte de aves pela falta de controle da temperatura e alta densidade de animais nas caixas. 9 Figura 5 - Apanha de frangos pelas patas Figura 6 - Apanha de frangos pelas asas 10 Figura 7 - Consequências de transporte inadequado de aves 4. PRINCIPAIS PROBLEMAS APRESENTADOS PELOS FRANGOS Como a maioria dos frangos é abatida com 5 a 7 semanas de idade e com aproximadamente 1,5 a 2,0 kg, como o tempo de crescimento é muito rápido, elas se tornam muito pesadas para se locomover normalmente. Os músculos do corpo crescem muito rápido, mas os ossos, principalmente os das pernas, crescem mais devagar. Em consequência disso as pernas podem não conseguir sustentar o seu corpo, o que pode causar o risco de serem pisoteadas e com isso desenvolvem desordens nas patas. Com essas desordens, estão associadas inflamações nas articulações, nos jarretes e ossos. 11 Figura 8 - Evolução do frango de corte Algumas doenças também podem ser causadas com isso como: necrose bacteriana da cabeça do fêmur, tenossinovite e artrite, síndrome infecciosa de enfraquecimento, doença varo-valgo, discondroplasia da tíbia, raquitismo, condrodistrofia e espondilolistese, osteocondrose, doença degenerativa das articulações, ruptura espontânea do tendão gatrocnêmio e dermatite de contato Frangos com dificuldade de locomoção sentem muita dor ao caminhar, frustação e problemas por ter a incapacidade de se alimentar e saciar a sede o que causa um baixo grau de bem estar. A densidade é outro fator que causa problemas. Os números típicos de população de frango em um galpão são cerca de 10.000 a 20.000 aves. Um problema no sistema intensivo, é que há uma presença muito grande de aves e pouca ou até nenhuma inspeção, de tal forma que se há algum animal fraco ou doente dificilmente será visto. Essas aves podem morrer e ficar sem serem detectados na cama do galpão. Outra desvantagem que a alta densidade pode ocasionar é a histeria. Aves assustam-se facilmente, isto pode provocá-las a correrem rapidamente ao final do galpão, onde ocorre empilhamento e muitos animais pode ser esmagados até a morte. 12 Figura 9 – Galpão com alta densidades de animais Outro fator que causa problemas são as excretas, que ficam acomodadas sobre a cama até o final do período de crescimento, isso causa várias feridas no peito, lesões nos jarretes e nos coxins plantares. A ascite é outra condição causada pelo crescimento rápido dos frangos, e também conhecida como hipertensão pulmonar, o que resulta no extravasamento do fluido, proveniente do sangue, para a cavidade abdominal. Esta síndrome pode causar a morte e enfraquecimento das aves. Figura 10 - Dermatite apresentada em coxim plantar de frangos A apanha dos frangos, quando feito de maneira errada, provoca lesões na carcaça do animal. Quando as aves são carregadas pelas asas ou pernas sofrem traumatismos que condenam aquela parte da carcaça, causando prejuízos ao produtor e frigorífico. 13 Figura 11 - Danos causados durante a apanha 5. PROPOSTAS PARA MELHORAR O BEM ESTAR DOS FRANGOS DE CORTE Para proporcionar o bem estar aos animais durante seu curto período de vida, inicia-se proporcionando-lhes um ambiente adequado e confortável para viverem. Ventilação adequada, controlando a temperatura do ambiente, e iluminação azul, quando manejadas durante a noite reduzem o estresse das aves e permitem que se alimentem adequadamente, já que a alta temperatura reduz o consumo de ração. A densidade de frangos no galpão deve permitir que possam movimentar- se livremente, chegar até o bebedouro e comedouro normalmente e permitir que possam abrir asas ou ciscar, expressando seu comportamento natural, e também, facilita o controle sanitário do galpão, pois viabiliza a visualização de animais doentes e controle de doenças. Um manejo adequado da cama também reduz várias das adversidades apresentadas pelas aves, como lesões no coxim plantar e jarrete. Controlando o excesso de umidade e dejetos sobre a cama através de bebedouros que evitem o derramamento de água e densidade controlada dos animais, além da troca da mesma sempre que for colocada novo lote de frangos no galpão. O treinamento adequado das pessoas que irão lidar com os animais diariamente, bem como durante a apanha, transporte e abate, proporciona um ambiente mais tranquilo as aves, evitando tumultos desnecessários e consequentes lesões. 14 O processo de apanha deve ser feito de modo calmo, reprimindo ao máximo tumulto entre os animais. Escolher a hora mais fresca do dia, e quando feita de noite, usar luz azul, auxiliam na manutenção do bem estar das aves. Assim como oferecer água até as mesmas entrarem no caminhão. O modo menos traumático e que causa os menores danos as galinhas durante a apanha é pegá-la pela dorso, duas galinhas por vez, usando sempre as duas mãos pressionando as asas das aves contra seu próprio corpo. A pega pelas asas e pescoço provoca ferimento e fraturas nas asas das aves, impossibilitando sua comercialização e causando prejuízo ao produtor. A pega pelas pernas é aconselhada em animais com até 1,8kg, com no máximo 3 galinhas por mão. Acima desse peso elas poderão sofrer lesões nas patas já enfraquecidas. Figura 12 - Pega de frangos pelo dorso A apanha também pode ser realizada de maneira automatizada, com esteiras e equipamentos fabricados para esta finalidade. 15 Figura 13 - Apanha automatizada de frangos O transporte também deve ser feito no período mais fresco do dia e evitar viagens longas se possível. Se for necessário viagens longas, pode-se molhar as aves para prevenir o superaquecimento dos frangos. Para viagens curtas não realizar o banho das aves. Respeitar a densidade das aves na caixa proporciona um viagem tranquila as aves. Os animais precisam ter espaço para se deitar sem amontoar-se, e a quantidade deve variar conforme a temperatura durante o transporte. Em climas mais quentes recomenda-se o uso de caixa altas para proporcionar melhor circulação de ar durante a viagem. 16 Figura 14 - Transporte de frangos Ao chegarem no abatedouro, os frangos não devem esperar muito tempo para o abate, ficar em ambiente protegido do sol, com ventilação e aspersão de água, para controlar a temperatura. As caixas devem ser descarregadas utilizando esteiras e elevadores, para que não sofrem agitação e cause lesões nos animais. Figura 15 - Esteira para carregamento e descarregamento de frangos vivos 17 Figura 16 - Ambiente de espera pré-abate 6. AVALIAÇÃO DO BEM ESTAR ANIMAL A avaliação do bem estar dos frangos pode ser feito diariamente pela pessoas que trabalham no criadouro, através de inspeção visual. Observando-se o número de animais nos bebedouros e comedouros, pode- se ter uma ideia das condições das aves. Por exemplo, muitas aves bebendo água é sinal de estresse térmico. Durante o abastecimento de ração pode ser avaliado se as aves estão se alimentando corretamente pela quantidade de ração ainda disponível nos comedouros. Aves ofegantes sinalizam, também, estresse térmico. A observação de aves amontoadas pode indicar baixa temperatura do ambiente. Verificar se as galinhas praticam seu comportamento natural, como limpeza de penas, ciscar, abrir asas, e mesmo a movimentação pelo galpão, são indicações de bem estar das aves. Para avaliar a saúde dos animais pode-se observar a presença de animais que possuemdermatite de contato, indicador de pouca movimentação e de cama com excesso de dejetos. O número de aves encontradas doentes ou mortas sinaliza um ambiente inadequada para as aves. O comportamento das galinhas com a aproximação dos seres humanos do mesmo modo sinaliza animais não estressados. Se permitem a aproximação de pessoas é sinal de que não estão com medo, pois o ambiente lhe oferece boas condições de vida. 18 Figura 17 - Diagnóstico de bem estar animal 7. BEM ESTAR ANIMAL X QUALIDADE DO PRODUTO FINAL Um ambiente que ofereça boas condições de vida aos frangos durante sua curta vida, terá como consequência lucros ao criador. Um ambiente adequado permite que as aves alimentem-se normalmente, proporcionando o ganho de peso exigido pelo mercado. O estresse provocado por qualquer circunstância, evita que o animal alimente-se corretamente e lhe causa doenças, consequentemente o criador terá prejuízo em sua produção. O manejo correto do mesmo modo proporciona lucros, pois evita perdas durante o manejo e transporte dos animais, principalmente daqueles que estavam em boas condições de saúde durante sua estadia no galpão. Aplicando esta metodologia, os criadores tendem somente a ganhar, pois seu lucros estão ligados diretamente ao bem estar dos frangos. 19 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BROOM, Donald M; FRASER, Andrew F. Comportamento e bem-estar de animais domésticos. 4. ed. Barueri: Manole, 2010. FIGUEIRA, Samantha V. Bem estar animal aplicado a frangos de corte. 2013. 32 f. Seminário (Mestrado em Ciência animal). Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2013. SOUZA, Ana Paula de O. Boas Práticas na Avicultura. In: Oficina de Políticas Públicas para o Bem-estar de Animais de Produção, 2015, Brasília. Seminário. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/Influencia%20do%20sistema%20de%20cria cao%20no%20bem- estar%20de%20frangos%20de%20corte%20reduzido%20para%20pdf.pdf. Acesso em: 16 ago. 2016. BORATTO, Adriano. Avicultura. Barbacena, MG. 2011. Apostila do Setor de Ensino à Distância do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Barbacena. LAZIA, Beatriz. Os melhores sistemas para criação de aves são: sistema extensivo, sistema semi-intensivo e sistema intensivo. Disponível em: < http://www.portalagropecuario.com.br/avicultura/principais-sistemas-de-criacao-de- frango-e-galinha-caipiras/>. Acesso em: 16 ago. 2016.
Compartilhar