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1 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². Medicina Veterinária – Faculdade de Americana. A Importância do Bem-estar Animal na Suinocultura. The Importance of Welfare in Swine Culture. RESUMO O objetivo desse trabalho foi apontar o bem-estar animal na suinocultura que é baseada na adoção de práticas mais humanitárias em todas as fases da cadeia produtiva ou seja, do nascimento ao abate. Essa prática tende a oferecer cuidados desde o ambiente em que os animais vivem até a forma como é feito o seu abate. As adesões dessas técnicas na rotina das granjas apresentam benefícios não apenas para os suínos, mas também para os proprietários e, inclusive, no lucro final. Utilização de padrões com foco no bem- estar animal coincide com ganhos de produtividade. Palavras chaves: Suinocultura, suínos, bem-estar animal. ABSTRACT The objective of this work was to point out animal welfare in pig farming, which is based on the adoption of more humanitarian practices in all stages of the production chain, that is, from birth to slaughter. This practice tends to offer care from the environment in which the animals live to the way they are slaughtered. The adhesion of these techniques in the routine of the farms presents benefits not only for the pigs, but also for the owners and, even, in the final profit. Use of standards with a focus on animal welfare coincides with productivity gains. Keywords: Pig farming, pigs, animal welfare. CUNHA, T¹; CHIARINI, C¹; SOAVE, N¹; GUIROTO, F¹; PACOLA, G². ¹ Graduandas da Disciplina Etiologia e Bem-Estar Animal - Faculdade de Medicina Veterinária – FAM/Americana, SP. ² Docente da Disciplina de Etiologia e Bem-Estar Animal – Faculdade de Medicina Veterinária – FAM/Americana, SP. 2 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². INTRODUÇÃO A suinocultura é a segunda atividade mais praticada e com maior crescimento no mercado nos dias atuais, e isso ocorre pois é o tipo de carne que é mais consumido mundialmente (ABARAUJO, 2020). No entanto, apesar destes animais geralmente serem destinados para o consumo alimentício, são necessários muitos cuidados em cada fase de seu crescimento, tendo em mente o manejo e o bem-estar dos mesmos. Levando em consideração que a maioria dos suínos irá passar grande parte de sua vida em instalações, é necessário proporcionar um ambiente que o permita apresentar um comportamento natural, e que lhe garanta satisfação e supra suas necessidades básicas. É preciso mantê-los livres de sede, fome, desconforto, medo e estresse, e fazer com que tenham uma boa nutrição, saúde (evitando dor, injúrias e enfermidades) e que possam se expressar de forma normal. Além disso, é importante se atentar com o bom manejo sanitário, ou seja, realizar a limpeza das baias, bebedouros, comedouros; temperatura do ambiente adequada; enriquecimento ambiental; fornecimento de alimento de boa qualidade e fonte de água limpa; comportamentos estereotipados (ligados ao estresse); realização dos métodos de profilaxias (vacinas) e de outros procedimentos que irão contribuir no desenvolvimento desses animais. BEM-ESTAR ANIMAL A Suinocultura é uma unidade de sistema de criação de suínos em que a maioria são mecanizadas e o animal passa toda a sua vida em instalações fechadas, muitas vezes isolado dos outros suínos e em espaço reduzido e, com isso, gerando diversas situações de estresse (HEMSWORTH et al., 1989). Para avaliar o bem-estar dos animais é necessário que sejam avaliadas diferentes variáveis que interferem na vida dos animais. Para isso, o Comitê Brambell desenvolveu o conceito das Cinco Liberdades, que foram aprimoradas pelo Farm Animal Welfare Council – Fawc (Conselho de Bem-estar na Produção Animal) do Reino Unido e têm sido adotadas mundialmente (LUDTKE, 2010). As cinco liberdades são: -Livres de sede, fome e má-nutrição; -Livres de desconforto; -Livres de dor, injúria e doença; -Livres para expressar seu comportamento normal; -Livres de medo e estresse. Confinamento intensivo, isolamento social, ausência de substrato ou enriquecimento, fome, alta densidade, agressão de animais dominantes, monotonia do ambiente, mutilação, baixa qualidade do ar são todos os fatores causadores de estresse que podem levar os animais a redirecionar o seu comportamento natural para estereotipias (MACHADO FILHO e HÕTZEL, 2000). 3 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². SISTEMA INTENSIVO DE CRIAÇÃO DE SUÍNOS No sistema intensivo de suínos, os animais passam toda sua vida em instalações fechadas com espaço reduzido gerando diversas situações de estresse. Esse sistema valoriza muito pouco o bem- estar animal e isso pode ser melhorado através do “enriquecimento ambiental” que consiste em incluir melhorias no sistema de confinamento tornando o ambiente mais adequado aos animais. Segundo Costa et al. (2005), podem ser consideradas como medidas de enriquecimento ambientais: a) Utilização de baias coletivas para porcas em gestação (após 35 dias de gestação ou todo período); b) Melhora nas celas de parição (aumentando a área, melhorando os bebedouros e comedouros); c) Colocação de objetos como correntes e “brinquedos” sobre as baias para quebrar a monotonia do ambiente. d) Manejo diário com os animais (alimentação, limpeza das baias e vistoria do plantel) de maneira que o tratador se relacione com os animais sem gritos, agressões e violência, conversando e com contato físico com os suínos e do uso de uniformes. e) Da melhor qualificação da mão de obra com ênfase ao bem-estar dos animais, meio ambiente e segurança alimentar e da utilização da mão de obra feminina na maternidade e creche. FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO Na suinocultura, podemos dividir as fases de crescimento em quatro, sendo elas: reprodução/gestação, maternidade, creche e engorda/terminação. Na fase de reprodução, as fêmeas (matrizes) são cobertas pelos machos, e passarão aproximadamente três meses, três semanas e três dias gestacionando (144 dias, no total). Quando estiverem prestes a parir, as mesmas serão transferidas à sala de maternidade e lá permanecerão por cerca de quatro semanas (até se acostumarem com o ambiente), onde darão à luz aos leitões em local protegido. Importante ressaltar que após o nascimento, deve ser realizado o manejo ideal, como: a limpeza do animal para a retirada das membranas fetais; auxílio (se necessário) na primeira mamada para a certificação da ingestão do colostro; corte e sepsia do umbigo, ente outros. Quando os filhotes forem desmamados (com 8 Kg), serão colocados na creche até que completem aproximadamente 8 a 10 semanas de vida e atinjam em torno de 20 Kg. Para a última fase, os animais serão alimentados até que atinjam o peso ideal de mercado (100/120 Kg), e geralmente serão vendidos com cinco a seis meses de idade. Pensando no bem-estar animal e/ou também no produto final, é essencial que sejam feitos enriquecimentos ambientais com palhas ou correntes nos locais em que os leitões irão crescer, a fim de minimizar os fatores de estresse e proporcionar um ambiente saudável. Além disso, deve ser 4 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². feito um manejo sanitário adequado (nas baias, bebedouros, entre outros), manter uma boa temperatura (para não haver estresse térmico) e implantar medidas de biosseguridade. CORTE DE CALDA Quando se trata de criadores de suínos, ou reprodutores, é importante ressaltar que o manejo é uma das coisas essenciais para se obter o sucesso. Por viverem juntos, alguns animaisacabam brigando o que causa o canibalismo, os animais acabam comendo caudas e orelhas uns dos outros, e por esse motivo, é necessário a realização da caudectomia, que é a realização do corte do último terço da cauda dos suínos, sendo uma medida preventiva para que não cause danos maiores para eles. O corte da cauda deve ser realizado nos primeiros três dias de vida do leitão, com um alicate desinfetado, cortando o ultimo terço de uma vez e aplicar o iodo para desinfecção do local a ser realizado o procedimento. Outra medida utilizada é o uso de um soldador elétrico, sua extremidade é semelhante a um machado que se aquece quando o aparelho está ligado, a cauda do animal fica esticada em cima de uma tábua e em uma única vez se faz o corte. Há também o método onde a cauda é esmagada e consequentemente ela cairá, evitando a hemorragia. Assim como esses métodos de corte de cauda, existem outros e sua real intenção é inibir o desencadeamento de canibalismo entre os animais; é aconselhável utilizar métodos que visem o bem-estar do animal, ou que chegue mais perto disso, é necessário escolher um método que possibilite o corte e a cicatrização conjuntamente. O papel do veterinário é de suma importância para que complicações futuras não causem a queda na produção e a morte dos animais, vale lembrar que nem todos utilizam essa técnica. CASTRAÇÃO A castração para os leitões é utilizada como prática de manejo na suinocultura. Os leitões devem ser castrados por volta dos 12 dias de idade; O abate só deverá ser realizado após 45 dias da castração realizada. Conforme o Decreto-Lei n.º 135/2003, de 28 de junho devem ser castrados mais novos pois o procedimento é menos traumático e pelos animais serem novinhos, sua cicatrização é mais rápida. Os suínos machos que são produzidos para a finalidade de abate no Brasil devem ser castrados, sendo o motivo principal o forte odor, conhecido como “odor sexual”, causado pelo Androsterona e o Escatol. O Androsterona é encontrado nos testículos onde é transportado pelo sangue até as glândulas salivares, lá atua no comportamento sexual, sendo um esteroide metabólico da testosterona; já o Escatol é acumulado na gordura do animal na medida em que eles amadurecem causando o “odor” do macho inteiro, onde o sabor da 5 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². carne fica amarga e extremamente desagradável para o consumidor. Assim como o lado positivo, a castração também tem seu lado negativo, devido à queda de hormônio anabolizante natural, há como consequência o aumento de tecido adiposo e uma queda na condição produtiva desses animais em vista de fêmeas inteiras. Há diversos métodos que podem ser adotados para a castração dos leitões, dentre as técnicas está a cirúrgica, uma das mais praticadas em suínos, com ação direta nos testículos, impedindo a produção de espermatozoide o que limita o odor na carne e diminui o comportamento sexual. Pode ser realizado também outra castração cirúrgica, chamada de inguinal, onde é tracionado o cordão espermático, expondo os testículos envoltos na túnica vaginalis e com o bisturi se faz a raspagem dos cordões para ruptura suave, porém, não é tão utilizada devido ao estresse que os animais são submetidos e em alguns países é proibido. A imunocastração é uma forma de castração através de uma vacina injetável, modificando o hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH) estimulando os anticorpos do animal contra o GnRH. É uma vacina onde sua vantagem está correlacionada com o efeito anabólico dos hormônios; As doses devem ser aplicadas em 2mL, via subcutânea, no pescoço logo atrás da orelha; A primeira dose é realizada com 18 semanas de vida, e a segunda dose deve ser aplicada de quatro a cinco semanas antes do abate; após a segunda, se observa cerca de um declínio de 90% da testosterona. É importante lembrar que no Brasil o abate de suínos machos inteiros é totalmente proibido e restrita somente ás granjas, que desenvolvem programas de melhoramento genético, o que consta na legislação Brasileira devido o artigo 121 do RIISPOA, Decreto 30.691 de 29.03.1952, alterado pelo Decreto 1255 de 25.06.1962. CORTE DE DENTES O desgaste dos dentes dos leitões recém-nascidos é uma prática muito comum na criação de suínos, e tem como objetivo a redução de lesões na glândula mamária das matrizes, lesões cutâneas na face dos leitões, agressão de machos castrados, o canibalismo, entre outros. Geralmente, as brigas dos leitões ocorrem a fim de disputarem pelos tetos que mais produzem leite. São mais evidentes em casos de leitegadas maiores, produção baixa de leite e da grande variação de peso da leitegada (ao nascer), e tem seu pico 3 horas após o parto. Os dentes 3º incisivos e caninos decíduos serão desgastados pós-parto, e no primeiro mês de vida, os primeiros incisivos decíduos e 3º e 4º pré-molares decíduos irão germinar. No segundo a terceiro mês, o 2º pré-molar e 2º incisivo decíduos eclodem, e completam a dentição decídua. O primeiro dente permanente vai eclodir ao redor dos seis meses de idade, e estará completa até os 18 meses de idade (1ano e 6 meses). Para o manejo dentário, 6 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². atualmente há três alternativas: realizar o desgaste dos dentes com degastador (pedra porosa rotativa), cortar os dentes com alicate (específico), ou manter os dentes intactos. No entanto, a realização do mesmo tem sido bastante criticado devido a dor e redução de bem-estar do animal, já que no período de aleitamento, os leitões e as matrizes apresentam bastante dor, que acarretará em estresse e consequentemente, diminuição na taxa de peso ao desmame e em outros aspectos. Além disso, sabe-se que tal técnica (quando feita nas primeiras 24 horas de vida) levará a uma fratura no esmalte dentário e uma exposição pulpar direta, ocasionando uma colonização bacteriana que pode evoluir para um caso de abscesso periapical. Alguns observam que o desgaste é importante para o desempenho dos leitões na maternidade, e quando bem executados, também podem interferir positivamente na saúde das matrizes, a realização do mesmo torna-se um procedimento importante. Porém, nota-se que não há ganho de peso significante na maternidade e creche quando é realizado o desgaste; leitões com dentes intactos apresentam menor taxa de mortalidade e redução do volume de serviço na maternidade; devido ao estresse causado aos animais, há ocorrência de ferimentos induzidos pelo homem na hora do procedimento. Portanto, visando o bem- estar e o fato de que tal realização não gerou melhorias significativas, o ideal seria eliminar o manejo dos dentes dos leitões. MATRIZES Na fase de gestação as matrizes são colocadas em celas que são feitas de barra de metal e possuem espaço extremamente limitado que as porcas não conseguem nem mesmo se virar. As matrizes são confinadas a estas celas durante as 16 semanas e meia de prenhes. Após esse período, as matrizes vão para uma área da granja determinada como maternidade, onde são confinadas em celas de parição, e depois voltam para celas de gestação até serem descartadas. Isto significa que as matrizes ficam isoladas desta forma durante a maior parte de suas vidas. Os estudiosos têm desafiado e intimado a cadeia produtiva a levar em consideração seguintes aspectos básicos visando proporcionar maior conforto ás fêmeas (SOBESTIANSKY et al, 2003): - A fêmea gestante deve possuir condições de deitar em decúbito, sem que o aparelho mamário fique em contato com a cela adjacente, ou seja, devem ser evitados quaisquer tipos de compressão do aparelho mamário contra paredes, barrasde ferro ou outros tipos de barreiras. • A cabeça da fêmea gestante não pode ficar apoiada sobre o comedouro frontal da cela gestante. - O posterior das fêmeas não pode ficar em contato permanente com a estrutura de sustentação traseira da cela de gestação. - A fêmea gestante deve ter condições de levantar sem nenhum tipo de impedimento. Estudos mostram que as celas infligem uma série de problemas de saúde e de bem-estar em matrizes como o contato social, 7 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². estereotipias, desconforto físico e falta de exercício. BEM-ESTAR NA FASE DE PRÉ-ABATE As operações pré-abate abrangem todo o manejo envolvido antes do abate do animal, tanto na coleta, embarque e transporte para o frigorífico, como na recepção, seleção, espera e condução ao abate. Jejum Pré-abate O jejum pré-abate é uma atividade desejada e de relevância na cadeia produtiva dos suínos (PELOSO, 2002). Esta prática resume-se na retirada dos alimentos sólidos (ração) aos suínos de 18 à 24h, no entanto, os suínos devem ter à sua disposição água de boa qualidade (FAUCITANO, 2000). Alimentar o animal antes do transporte, é desaconselhável pois o estresse digestivo normalmente leva o animal à morte. A ração administrada nas últimas 10 horas não agrega à carcaça e o estresse do transporte combinado com estômago cheio promove a proliferação de espécies de Salmonela spp. no intestino e sua excreção no ambiente, comprometendo a segurança alimentar (BONOTTO, 2013). No manejo pré-abate, o jejum é fundamental, pois contribui em diversos aspectos, tais como: economia de ração, redução da taxa de mortalidade durante o transporte, diminuição do volume de dejetos e nas ocorrências vômitos durante o transporte, facilita e aumenta a velocidade do processo de evisceração na linha de abate no frigorífico e possibilita maior segurança alimentar (DALLA COSTA, 2006; FAUCITANO, 2000; PELOSO, 2002). Coleta e Embarque É recomendável que os animais destinados ao abate sejam separados do rebanho principal e permaneçam em uma instalação fora do setor de engorda e terminação, localizada, preferencialmente, em local de fácil acesso. Isto facilita a execução do jejum e a identificação dos animais, quando necessário, bem como a operação de coleta (SILVEIRA, 2006). A condução dos animais para o veículo de transporte deve ser realizada em corredores com largura suficiente para que os animais caminhem lado a lado sem comprimirem um ao outro excessivamente. O piso deve ser de material antiderrapante em toda a extensão. Os animais embarcam com maior facilidade no veículo quando a rampa de acesso e carroceria estão no mesmo nível (SILVEIRA, 2006). Transporte O transporte é uma atividade nova para os suínos e por isso pode provocar medo e várias novas condições de estresse, como barulhos e cheiros diferentes, vibrações e mudanças súbitas na velocidade do caminhão, variação da temperatura ambiental e menos espaço social ambiental (FAUCITANO, 2000). O caminhão que irá transportar os animais deve estar limpo, higienizado e desinfetado, antes de chegar à propriedade, assim, evitando a exposição dos 21 animais 8 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². a eventuais agentes contaminantes. Deve ser efetuado com calma, de preferência durante a noite, sempre aproveitando as horas mais frescas ou de menor temperatura. Quando for em estradas não pavimentadas ou irregulares, o cuidado do transporte deve ser redobrado (EMBRAPA, 2003). O excesso de animais (sobrecarga), além de desconforto para os suínos, gera para os frigoríficos carcaças escoriadas, fraturadas, arranhadas e que podem ainda conter carne de qualidade, e isto pode acontecer quando são desrespeitadas as normas de transporte de suínos vivos, quando a densidade populacional dos suínos transportados é alta resultará em desconforto, pois nem todos são capazes de deitar, alguns sentarão sobre os outros, posição essa que causa dispneia. Para livrar-se dessa situação, os animais fazem um tipo de alongamento, colocando seus pés dianteiros sobre outros. Outra dificuldade refere-se à troca térmica a que o suíno é particularmente sensível, além das condições favoráveis ao bem-estar do animal, como a ventilação e o tempo do transporte (SILVEIRA, 2006). Desembarque Ao chegarem ao frigorífico os suínos devem ser descarregados com auxílio de rampas móveis que devem ter no máximo 20°C, e também serem dirigidos as pocilgas, onde também será realizado o descanso, que varia de 4 a 5 horas. Os suínos devem ser descarregados imediatamente para que a temperatura interna da carroceria do caminhão não aumente e seja prejudicial à qualidade da carne (MONDELLI, 2000). Os suínos devem ser desembarcados no frigorífico o mais rápido possível, caso contrário, o caminhão deve ter ventilação adequada (DALLA COSTA, 2006). O estresse do desembarque é semelhante ao do embarque. Ao chegaram no frigorífico, os suínos estão extremamente cansados ou 22 estressados devido ao manejo do transporte que foram submetidos. Assim, esses animais precisam eliminar o excesso de ácido lático acumulado nos músculos e restabelecer o seu equilíbrio homeostático que somente pode ser alcançado com a submissão dos suínos a períodos de descanso adequado (FAUCITANO, 2000). As baias de espera além de garantir fluxo continuo do sistema de abate do frigorífico, esse período de descanso (sob dieta hídrica) permite a recuperação do desgaste físico ocasionado durante o manejo pré-abate (VAN DE WAL, 1997). CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos que a importância do bem-estar para os animais, não só de suínos, mais em geral, é de extrema importância e necessidade. O bem-estar animal condiz com a qualidade de vida que o animal leva, como ele consegue reagir ao ambiente em que ele vive, não só em relação a suas condições físicas e de saúde mais também em relação ao seu psicológico, sendo livre para expressar qualquer tipo de comportamento. Sabemos que existem diversas formas para proporcionar o bem-estar, podemos 9 CUNHA, T¹. CHIARINI, C¹. SOAVE, N¹. GUIROTO, F¹. PACOLA, G². fornecer o mesmo em diversas situações e condições para que eles tenham uma aceitação melhor do “novo” e se adaptem da forma mais natural possível. As cinco liberdades é a regra a ser seguida dentro do bem-estar para que se tenha um resultado positivo. Só assim, conseguiremos fornecer o melhor para os animais. Nós seres humanos queremos viver em conforto, seguro e bem nutridos, devemos fornecer tudo isso e ainda mas para os animais, não só os de produção como os domésticos, pois todos devem viver e ter o direito de ter uma vida digna. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ADAMS, T.E. USING GONADOTROPIN- RELEASING HORMONE (GNRH) AND GNRH ANALOGS TO MODULATE TESTIS FUNCTION AND ENHANCE THE THE PRODUCTIVITY OF DOMESTIC ANIMALS. ANIMAL REPRODUCTION SCIENCE, V.88, 127-139, 2005. ABARAUJO. PRODUTOS VETERINÁRIOS. CRIAÇÃO DE SUÍNOS: RAÇAS, MERCADO DE CRIAÇÃO. ATUALIZADO EM: 09 DE MARÇO DE 2020. 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