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Estrutura e Análise das Demonstrações Financeiras Autor: Vinícius Fernandes Inácio Tema 05 Ciclo operacional e ciclo de caixa (indicadores de atividade – prazos médios). Estrutura e análise do fluxo de caixa seç ões 2 3 Tema 05 Ciclo operacional e ciclo de caixa (indicadores de atividade – prazos médios). Estrutura e análise do fluxo de caixa Como citar este material: INÁCIO, Vinícius Fernandes. Estrutura e Análise das Demonstrações Financeiras: Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa. Estrutura e Análise do Fluxo de Caixa. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2018. Seções 2 3 Seções LEITURAOBRIGATÓRIA FINALIZANDO REFERÊNCIAS GABARITO CONTEÚDOSEHABILIDADES AGORAÉASUAVEZ GLOSSÁRIOLINKSIMPORTANTES 4 544 5 Tema 05 Ciclo operacional e ciclo de caixa (indicadores de atividade – prazos médios). Estrutura e análise do fluxo de caixa 54 54 5 O tema proposto neste caderno tem por objetivo aprofundar e complementar os conhecimentos adquiridos até o momento sobre os indicadores de análise econômico- financeira. Isto porque os indicadores de atividade que trataremos no caderno são considerados índices não financeiros, visto que têm o objetivo de identificar o ritmo do negócio em número de dias. Portanto, com a apresentação desses indicadores, conseguiremos ter uma visão ainda mais abrangente da situação da empresa, analisando-a tanto sob a perspectiva financeira, quanto não financeira. Também será objeto de nosso estudo a apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa, a DFC, e ainda algumas considerações acerca da administração do capital de giro. Na DFC serão apresentados os métodos de elaboração da demonstração, sendo eles o direto e o indireto, bem como uma análise comparativa das principais diferenças entre eles. Vale ressaltar que não há um método certo ou errado, são apenas metodologias diferentes para atender a diferentes necessidades. Contudo, o método indireto costuma ser mais utilizado, inclusive por empresas listadas na Bolsa de Valores, como é o caso da Guararapes, que temos abordado nas atividades aplicadas nos cadernos anteriores. Vamos lá?! Bons estudos! CONTEÚDOSEHABILIDADES 6 766 7 LEITURAOBRIGATÓRIA Os indicadores de atividade, também conhecidos como prazos médios, têm uma característica particular que os diferencia dos indicadores econômico-financeiros que abordamos nos cadernos anteriores. Isto porque esses indicadores de atividade são índices não financeiros, ou seja, não medem o desempenho econômico-financeiro da empresa, e sim a dinâmica do negócio em relação ao tempo necessário para o desenvolvimento das suas atividades. Os indicadores de atividade têm por objetivo complementar os indicadores econômico- financeiros, de modo a proporcionar uma melhor compreensão da situação financeira da organização. Trata-se, no entanto, da identificação do “ritmo” de trabalho da empresa ou do ciclo das suas atividades. (MARION, 2012) Podemos dizer que o objetivo dos indicadores de atividade é mostrar, em linhas gerais, se a empresa está demorando muito ou não para receber de seus clientes, ou pagar seus fornecedores, por exemplo. Mas... qual seria o objetivo dessas análises? Em suma, é verificar se a empresa está fazendo uma administração financeira eficiente! Porém, essa análise da eficiência da administração financeira, nesse primeiro momento, ficará restrita à questão do tempo que a empresa leva para realizar suas transações, pois todas as análises realizadas por meio dos indicadores de atividade serão em números de dias que a empresa leva para efetivar essas transações. Em seguida, ainda nesse caderno, avaliaremos também a eficiência da organização em relação à administração do fluxo de caixa. Os indicadores de atividade, os quais mencionamos na apresentação do presente caderno, são organizados em (MARION, 2012): 76 76 7 LEITURAOBRIGATÓRIA 1. Prazo médio de recebimento de vendas - PMRV; 2. Prazo médio de pagamento de compras – PMPC; 3. Prazo médio de renovação de estoques – PMRE; 4. Ciclo operacional – CO; 5. Ciclo Financeiro – CF. Para fins de análise, quanto maior a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoques, melhor. Por outro lado, quanto mais lento for o pagamento das compras, desde que não corresponda a atrasos, melhor. Segundo Marion (2012), a soma do PMRV com o PMRE aproxima-se bastante do Ciclo Operacional da empresa, já que se mede, em média, quantos dias os estoques levam para serem vendidos, e somados ao prazo de recebimento das vendas. Nesse sentido, Marion (2012) orienta que o ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a soma do PMRE com o PMRV fosse igual ou inferior ao PMPC, isto é: (PMRE + PMRV) / PMPC ≤ 1 Dessa forma, a empresa poderia vender e receber a mercadoria adquirida para, depois, liquidá-la junto a seu fornecedor. Assim, se PMRE for de 30 dias, o PMRV for de 54 dias e o PMPC for de 90 dias, a empresa terá ainda, em média, uma folga de seis dias. Esta folga é representada pela diferença entre o tempo que a empresa demora para receber suas vendas e renovar seus estoques (30+54) e o prazo em que paga seus fornecedores (90). Desta forma, seu posicionamento será de: (30 + 54) / 90 = 0,93 (favorável) Em linhas gerais, quando o resultado for menor que 1 (um), a empresa apresentará uma situação favorável, haja vista que consegue receber suas vendas e renovar seus estoques antes de pagar seus fornecedores. Nem sempre trazer esse índice em situação favorável 88 9 LEITURAOBRIGATÓRIA (inferior a 1) é tarefa fácil. Contudo, é algo que a empresa deve perseguir permanentemente! Quando se fala em PMRV, Marion (2012) faz algumas ponderações em relação às vendas, visto que no PMRV não são consideradas apenas as vendas a prazo, mas o total de vendas. Se uma empresa vende 50% a prazo (e o restante à vista), com prazo de faturamento em torno de 60 dias, o PMRV deverá girar em torno de 30 dias (50% x 60 dias). Se o objetivo for trabalhar com PMRV a prazo, haverá dificuldades, pois nem sempre (quase nunca) o total de vendas a prazo é discriminado. O mesmo esquema é válido para as compras! O total de vendas a ser utilizado para o cálculo do PMRV é a Receita Bruta, deduzida de Devoluções e incluídos os Impostos S/Vendas; O total de Duplicatas a Receber não deve excluir a Provisão para Devedores Duvidosos e Duplicatas Descontadas; Um problema que sempre surge para o cálculo do PMPC é o valor das compras, já que a DRE não a destaca, mas apenas os Custos das Vendas. Se se tratar de uma empresa comercial, tudo se simplifica. Sabe-se que o CMV destacado na DRE é a soma do Estoque Inicial com as compras do período, deduzindo-se o Estoque Final: CMV = EI + C – EF. Utilizando os valores dos estoques indicados no Ativo Circulante em duas colunas (Estoques Inicial e Final) e o próprio valor do CMV indicado na DRE, encontra-se o valor das compras. Quando se tratar de uma empresa industrial, a dificuldade aumenta, pois surgem no cálculo do CPV os Gastos Gerais de Fabricação – GGF (mão de obra direta + outros custos diretos de fabricação + custos indiretos de fabricação): CPV = EI + C + GGF + EF Em alguns casos, por meio de diversos critérios, os profissionais procuram estimar o valor de compras para esses casos. Porém, o ideal, sem dúvida, seria conseguir esse dado na empresa. Para fins didáticos, vamos considerar, nos exercícios que realizaremos, que a empresa é do tipo comercial, para facilitar a identificação dos custos, consequentemente, do valor das compras. 98 9 LEITURAOBRIGATÓRIA Vale lembrar ainda que, quando se tratar de uma empresa prestadora de serviços, a composição dos custos se dará de forma diferente, sendo a seguinte: Custo da Mão de Obra + Custo do Material Aplicado. (SEBRAE,2017) Esses índices não refletem a realidade, se aplicados em empresas que não têm compras e vendas uniformes durante o ano. Significa dizer que não são adequados para empresas com vendas sazonais ou compras esporádicas. (MARION, 2012) O cálculo dos prazos médios utilizará contas tanto do BP (Duplicatas a Receber, Fornecedores e Estoques), quanto da DRE (Vendas, Compras e Custo), justamente por existir uma relação direta entre elas. Na sequência, vamos aprender sobre como calculá-los e interpretá-los para fornecer mais estas informações importantes para a gestão das empresas no formato proposto por Marion (2012). Prazo médio de recebimento de vendas - PMRV O PMRV diz respeito à identificação de quanto tempo a empresa leva, em média, para receber as vendas que realiza a prazo aos seus clientes. PMRV = (360 dias x Duplicatas a Receber) / Vendas Brutas PMRV = (360 x 220.000) / 800.000 = 99 dias A empresa espera, em média, 99 dias para receber suas vendas. Prazo médio de pagamento de compras – PMPC O PMPC destina-se a identificar com quanto tempo, em média, a empresa consegue realizar o pagamento das compras a prazo feitas junto aos seus fornecedores. PMPC = (360 dias x Fornecedores) / Compras 1010 11 LEITURAOBRIGATÓRIA Sendo que: Compras = CMV = EI + C - EF 650.000 = 390.000 +C -420.000 C = 680.000 Logo, PMPC = (360 x 220.000) / 680.000 = 116 dias A empresa demora, em média, 116 dias para pagar suas contas. Prazo médio de renovação de estoques – PMRE O objetivo do PMRE é calcular em quanto tempo, em média, a empresa realiza a reposição do estoque vendido. A divisão de 360 dias (ano comercial) pelo resultado da fórmula nos permite identificar ainda outro indicador, o giro do estoque. Ou seja, se o resultado do PMRE foi de 120 dias, podemos dizer que o giro do estoque da empresa é 3, o que significa dizer que a empresa consegue girar seus estoques, em média, três vezes no ano. PMRE = (360 dias x Estoques) / Custos das Vendas PMRE = (360 x 420.000) / 650.000 = 232 dias Em média, a cada 232 dias, a empresa renova/vende seus estoques. Seguindo a lógica do posicionamento da atividade, o PA, abordado anteriormente, temos que: 1110 11 LEITURAOBRIGATÓRIA POSICIONAMENTO DA ATIVIDADE (POSIÇÃO RELATIVA) PA = (PMRE + PMRV) / PMPC PA = (232 dias+99 dias) / 116 dias = 2,85 (desfavorável) Nesse caso, a empresa demora para vender (PMRE) e, para receber suas vendas (PMRV), o prazo exagerado de 331 dias (232 + 99). O prazo de quase um ano é seu Ciclo Operacional. Por outro lado, em 116 dias paga suas compras. Em outras palavras, a empresa nem vendeu ainda (PMRE = 232 dias) e já precisou pagar salário, aluguel, fornecedores etc. Isso evidencia problemas de capital de giro. Vejamos abaixo como esses “ciclos” funcionam na prática! Ciclo operacional – CO O ciclo operacional nada mais é que o resultado do somatório entre o PMRV mais o PMRE. Com isso, conseguimos identificar quanto tempo, em média, a empresa demora para realizar suas atividades operacionais, isto é, vender, receber e repor o estoque de suas mercadorias/produtos. CO = PMRE + PMRV CO = 232 + 99 CO = 331 Ciclo Financeiro – CF O ciclo financeiro, por sua vez, mostrará se a empresa pode incorrer em problemas de fluxo de caixa e, caso isso ocorra, por quanto tempo o seu “caixa” (entendido como todas as disponibilidades da empresa) ficará descoberto. 1212 13 LEITURAOBRIGATÓRIA Para isso, o cálculo do CF se dá por: CF = CO - PMPC CF = 331 - 116 CF = 215 O período de 215 dias é a lacuna existente entre o momento em que a empresa paga seus fornecedores até o momento em que conclui o seu ciclo operacional, isto é, recebe as vendas e renova o estoque. Esta situação mostra a Necessidade de Capital de Giro a ser financiada. Administração do capital de giro Existem várias definições para o capital de giro, que são utilizadas em função das abordagens de diversos autores. Entretanto, é de consenso que o capital de giro está diretamente associado aos itens circulantes do balanço patrimonial. Segundo Assaf Neto e Silva (2002), grande nome da Administração Financeira, o conceito de capital de giro ou capital circulante está associado aos recursos que circulam ou giram na empresa em determinado período de tempo. Ou seja, é uma parcela de capital da empresa aplicada em seu ciclo operacional. Como vimos, o ciclo operacional, por sua vez, representa quanto tempo (em número de dias) a empresa demora para vender e para receber suas vendas. Quando o ciclo operacional é maior do que o prazo médio para pagamento das compras, isto é, a empresa paga suas compras antes mesmo de vender seus estoques e receber por eles, indica que a organização pode ter problemas de capital de giro (HOFFMANN, 2015). Retomando o exemplo do tópico anterior... Se, por exemplo, a empresa tem um prazo médio de renovação/venda de estoques de 232 dias, e um prazo médio de recebimento de vendas de 99 dias, seu ciclo operacional será 1312 13 LEITURAOBRIGATÓRIA de 331 dias, conforme equação abaixo: CO = PMRE + PMRV CO = 232 + 99 CO = 331 O período de 215 dias é a lacuna existente entre o momento em que a empresa paga seus fornecedores até o momento em que conclui o seu ciclo operacional, isto é, recebe as vendas e renova o estoque. Esta situação mostra a Necessidade de Capital de Giro a ser financiada. Em outras palavras, se a empresa realizasse o pagamento dos fornecedores hoje, apenas daqui a 215 dias ela conseguiria concluir o ciclo operacional, ou seja, renovar o estoque e receber as vendas feitas a prazo. F = CO - PMPC CF = 331 - 116 CF = 215 Até aqui vimos a NCG em número de dias, mas em termos financeiros, como isso se apresenta? A NCG pode ser calculada por dois métodos: Por meio do saldo das contas no Balanço Patrimonial; ou • Por meio do Ciclo Financeiro (Prazo Médio de Renovação de Estoques + Prazo Médio de Recebimentos das Vendas - Prazo Médio de Pagamentos das Compras). No caso do saldo das contas no Balanço Patrimonial, o cálculo da NCG é dado por: NCG = Valor das Contas a Receber + Valor em Estoque - Valor das Contas a Pagar. 1414 15 LEITURAOBRIGATÓRIA Exemplo: Contas a Receber: R$ 150.000,00 + Estoques R$ 100.000,00 - Contas a Pagar R$ 35.000,00 = Necessidade de Capital de Giro: R$ 215.000,00. Já no caso do Ciclo Financeiro, a NCG poderá ser encontrada da seguinte maneira: NCG = Ciclo Financeiro x Valor das Vendas por Dia Exemplo: PMRE 232 dias + PMRV 99 dias – PMPC 116 dias = Ciclo Financeiro: 215 dias Vendas por dia: R$ 1.000,00 NCG: R$ 215.000,00 (R$ 1.000,00 x 215 dias). A necessidade de capital de giro, e a forma de financiamento de capital, podem ser identificadas a partir de três situações (DI AGUSTINI, 1999): • Capital de giro nulo; • Capital de giro próprio; • Capital de giro de terceiros. Capital de giro nulo É a relação em que o ativo circulante é igual ao passivo circulante, ou seja, os bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são iguais às obrigações exigíveis no mesmo prazo. Capital de giro próprio 1514 15 LEITURAOBRIGATÓRIA É a relação em que o ativo circulante é maior do que o passivo circulante, ou seja, os bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são maiores do que as obrigações exigíveis no mesmo prazo. Capital de giro de terceiros É a relação em que o ativo circulante é menor do que o passivo circulante, ou seja, os bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são menores do que as obrigações exigíveis no mesmo prazo. Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC A DFC é um dos principais relatórios contábeis para fins gerenciais, de natureza obrigatória a partir da modificação da Lei nº 6.404/76 pela Lei nº 11.638/07 e que veio substituir a Demonstraçãodas Origens e Aplicações de Recursos – DOAR. E qual seria o objetivo da DFC? A demonstração evidencia as modificações ocorridas no saldo de disponibilidades (caixa e seus equivalentes) da companhia em determinado período, por meio de fluxos de recebimentos e pagamentos. A DFC pode ser construída por dois métodos: • Direto (a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa) • Indireto (com base no Lucro/Prejuízo do Exercício) Em ambos os métodos, as práticas internacionais dispõem que essa demonstração seja segregada em três tipos de fluxos de caixa: • Fluxos das atividades operacionais; 1616 17 LEITURAOBRIGATÓRIA • Fluxos das atividades de financiamento; • Fluxos das atividades de investimento. Dentre a possibilidade de utilização dos dois métodos, o mais usual é o método indireto, inclusive é o modelo apresentado pelas empresas listadas na Bolsa de Valores, antiga BM&FBovespa, atual B3, Brasil, Bolsa e Balcão, de acordo com Costa (2011). Costa (2011) explica que o método indireto, portanto, possui o seguinte roteiro de elaboração: 1. Registrar o lucro líquido apurado na DRE; 2. Somar (ou subtrair) os lançamentos que afetam o lucro, mas que não têm efeito no caixa; 3. Somar (ou subtrair) os lançamentos que, apesar de afetarem o caixa, não pertencem às atividades operacionais; Esses três primeiros itens referem-se aos ajustes necessários no lucro líquido apurado pela empresa, antes de iniciarmos a elaboração da DFC. 4. Somar as reduções nos saldos das contas do Ativo Circulante e do Realizável a Longo Prazo vinculadas às operações; 5. Subtrair os acréscimos nos saldos das contas do Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo vinculadas às operações; 6. Somar os acréscimos nos saldos das contas do Passivo Circulante e do Passivo Não Circulante vinculadas às operações; 7. Subtrair as reduções nos saldos das contas do Passivo Circulante e do Passivo Não Circulante vinculadas às operações. A lógica dos itens 4 a 7 é verificada nos exemplos abaixo: Se houve uma redução em Contas a Receber (AC), significa que foi recebida do cliente a venda realizada a prazo, logo, o saldo do Caixa aumenta em função dessa operação, 1716 17 LEITURAOBRIGATÓRIA portanto, soma-se o valor reduzido. Quando há um aumento em Contas a Receber (AC), significa dizer que a empresa aumentou o volume de vendas a prazo, em detrimento das vendas à vista, logo, quem está “financiando” o cliente é a empresa, por isso o Caixa diminui, portanto, diminui-se o valor aumentado. Se a conta de Fornecedores (PC) aumenta é porque não houve desembolso de dinheiro para pagar essa obrigação, isto é, as compras de mercadorias foram realizadas a prazo, logo, o valor do aumento é somado às operações. Ao contrário do item anterior, quando há uma redução na conta de Fornecedores (PC), significa dizer que a empresa efetuou o pagamento da obrigação, isto é, houve desembolso de dinheiro, portanto, a redução da conta deve ser subtraída da operação. De forma resumida, temos o seguinte: No Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo: Redução Soma Acréscimo Diminui No Passivo Circulante e Não Circulante: Redução Diminui Acréscimo Soma Conforme mencionado, o modelo direto é construído a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa, contudo, a elaboração de ambos os modelos vai obedecer à seguinte estrutura. 1818 19 Figura 1 - Modelo de DFC Fonte: <https://portaldeauditoria.com.br/demonstracao-fluxo-de-caixa/>. LEITURAOBRIGATÓRIA 1918 19 Fonte: Sá (1998, p. 36) E para concluir, apresenta-se na sequência um esquema comparativo entre os dois métodos possíveis para a construção da DFC: M ét od o di re to M ét od o in di re to LEITURAOBRIGATÓRIA 2020 21 Quer saber mais sobre o assunto? Então: O capital de giro é, sem dúvida alguma, uma variável fundamental para o bom funcionamento do negócio. No artigo “Capital de Giro: saiba como calcular e controlar”, você terá mais informações sobre importante recurso para a empresa e como gerenciá-lo da melhor forma. Acesse <https://endeavor.org.br/capital-de-giro/>. Vimos que o fluxo de caixa representa as entradas e as saídas de dinheiro da empresa. O seu devido controle faz com que a empresa tenha uma gestão financeira eficiente e tome as melhores decisões. Acesse o artigo “Dicas para ter fluxo de caixa completo na empresa”, e obtenha mais informações sobre o assunto. Disponível em: <https://endeavor.org.br/dicas- para-ter-fluxo-de-caixa-completo-na-empresa/>. Para concluir a temática da gestão do fluxo de caixa, o vídeo disponível em <https://www. youtube.com/watch?v=TZz6II5PVpw> mostra como essa ferramenta de controle gerencial de aplica na prática. Assista para saber mais! Todas essas informações que temos apresentado na disciplina têm como destinatário, dentre outros usuários, o gestor financeiro. Posição essa que pode ser ocupada pelo profissional de contabilidade ou por outros profissionais de áreas correlatas, que serão apoiados pelas informações geradas pela contabilidade. Assista ao vídeo disponível em <https://www. youtube.com/watch?v=lSME-l8SL1g>, para saber mais sobre o papel do gestor financeiro nas organizações. LINKSIMPORTANTES 2120 21 Instruções: Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Sabendo que os indicadores de atividade contribuem para, além de identificar o rit- mo no negócio, indicar se a empresa está passando por problemas de capital de giro, Considere as demonstrações financeiras apresentadas a seguir para responder as questões de 2 a 4: Balanço Patrimonial - (Reais Mil) Guararapes Confecções S.A. Conta Descrição 31/12/X4 31/12/X3 31/12/X2 1 Ativo Total 5.941.264 4.758.289 4.240.672 1.01 Ativo Circulante 3.563.606 2.619.343 2.372.135 1.01.01 Caixa e Equivalentes de Caixa 358.993 232.914 297.238 1.01.02 Aplicações Financeiras 202.179 176.937 163.463 1.01.02.01 Aplicações Financeiras Avaliadas a Valor Justo 202.179 176.937 163.463 1.01.02.01.03 Títulos e Valores Mobiliários 196.122 176.937 163.463 1.01.02.01.04 Instrumentos Financeiros Derivativos 6.057 0 0 1.01.03 Contas a Receber 2.102.907 1.522.287 1.291.437 1.01.03.01 Clientes 2.102.907 1.522.287 1.291.437 1.01.04 Estoques 774.084 558.654 537.563 convido você, aluno, a pesquisar e listar ao menos dois motivos que levam as empresas a apresentarem deficiência no seu capital de giro. 2222 23 AGORAÉASUAVEZ 1.01.06 Tributos a Recuperar 99.730 89.817 60.735 1.01.08 Outros Ativos Circulantes 25.713 38.734 21.699 1.01.08.03 Outros 25.713 38.734 21.699 1.02 Ativo Não Circulante 2.377.658 2.138.946 1.868.537 1.02.01 Ativo Realizável a Longo Prazo 272.009 203.538 174.343 1.02.01.06 Tributos Diferidos 171.525 111.897 105.041 1.02.01.06.01 Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 171.525 111.897 105.041 1.02.01.09 Outros Ativos Não Circulantes 100.484 91.641 69.302 1.02.01.09.03 Depósitos Judiciais e Outros 13.106 11.713 10.427 1.02.01.09.04 Tributos a recuperar 87.378 79.928 58.875 1.02.02 Investimentos 206.296 212.135 214.391 1.02.02.02 Propriedades para Investimento 206.296 212.135 214.391 1.02.03 Imobilizado 1.832.482 1.670.457 1.440.150 1.02.04 Intangível 66.871 52.816 39.653 1.02.04.01 Intangíveis 66.871 52.816 39.653 2 Passivo Total 5.941.264 4.758.289 4.240.672 2.01 Passivo Circulante 1.643.301 1.240.928 995.122 2.01.01 Obrigações Sociais e Trabalhistas 226.067 180.055 150.452 2.01.01.01 Obrigações Sociais 84.658 73.887 81.389 2.01.01.01.01 FGTS 9.009 7.568 6.210 2.01.01.01.02INSS 17.863 10.488 15.472 2.01.01.01.03 PIS e COFINS 57.786 55.831 59.707 2.01.01.02 Obrigações Trabalhistas 141.409 106.168 69.063 2.01.01.02.01 Salários 555 3.253 2.209 2.01.01.02.02 Provisão de Férias e Encargos 66.503 62.017 52.126 2.01.01.02.03 Participação nos Lucros 67.944 35.201 11.130 2.01.01.02.04 Outros 6.407 5.697 3.598 2.01.02 Fornecedores 256.775 244.427 227.777 2.01.02.01 Fornecedores Nacionais 203.167 223.933 203.708 2.01.02.02 Fornecedores Estrangeiros 53.608 20.494 24.069 2.01.03 Obrigações Fiscais 286.630 229.519 178.084 2.01.03.01 Obrigações Fiscais Federais 145.143 89.410 82.613 2.01.03.01.01 Imposto de Renda e Contribuição Social a Pagar 145.143 89.410 82.613 2.01.03.02 Obrigações Fiscais Estaduais 141.487 140.109 95.471 2.01.03.02.01 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS 141.487 140.109 95.471 2322 23 AGORAÉASUAVEZ 2.01.04 Empréstimos e Financiamentos 212.119 170.658 148.349 2.01.05 Outras Obrigações 661.710 416.269 290.460 2.01.05.02 Outros 661.710 416.269 290.460 2.01.05.02.04 Dividendos a pagar 785 824 76.505 2.01.05.02.05 Outros Passivos 75.303 84.149 66.141 2.01.05.02.08 Juros sobre Capital Próprio a Pagar 115.037 101.602 0 2.01.05.02.09 Obrigações com Administradoras de Cartões 470.585 229.694 147.814 2.02 Passivo Não Circulante 1.122.190 688.238 718.621 2.02.01 Empréstimos e Financiamentos 790.739 406.672 476.268 2.02.02 Outras Obrigações 162.818 137.876 112.123 2.02.02.02 Outros 162.818 137.876 112.123 2.02.02.02.05 Empréstimos com partes relacionadas 152.836 127.819 100.419 2.02.02.02.06 Outros Passivos Não Circulantes 9.982 10.057 11.704 2.02.03 Tributos Diferidos 64.961 70.181 73.974 2.02.03.01 Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 64.961 70.181 73.974 2.02.04 Provisões 103.672 73.509 56.256 2.02.04.01 Provisões Fiscais Previdenciárias Trabalhistas e Cíveis 103.672 73.509 56.256 2.02.04.01.05 Provisões para Riscos Trabalhistas, Fiscais e Cíveis 103.672 73.509 56.256 2.03 Patrimônio Líquido Consolidado 3.175.773 2.829.123 2.526.929 2.03.01 Capital Social Realizado 2.600.000 2.300.000 2.000.000 2.03.04 Reservas de Lucros 419.862 368.729 362.133 2.03.04.01 Reserva Legal 90.508 81.127 81.907 2.03.04.04 Reserva de Lucros a Realizar 329.354 287.602 279.888 2.03.04.08 Dividendo Adicional Proposto 0 0 338 2.03.06 Ajustes de Avaliação Patrimonial 155.911 160.394 164.796 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE Guararapes Confecções S.A. Conta Descrição 31/12/X4 31/12/X3 31/12/X2 3.01 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 4.728.129 4.069.090 3.545.995 3.02 Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos -1.824.128 -1.651.885 -1.474.969 3.03 Resultado Bruto 2.904.001 2.417.205 2.071.026 3.04 Despesas/Receitas Operacionais -2.271.367 -1.845.402 -1.566.522 3.04.01 Despesas com Vendas -1.789.743 -1.436.865 -1.216.400 2424 25 Questão 2: Com base nas demonstrações apresenta- das acima, qual seria o PMRV para empre- sa em X4: a) 130 dias b) 80 dias c) 147 dias d) 161 dias e) 99 dias Questão 3: Com base nas demonstrações apresenta- das acima, qual seria o PMPC para empre- sa em X4: a) 46 dias b) 30 dias c) 42 dias d) 28 dias e) 35 dias. AGORAÉASUAVEZ Fonte: <https://www.rad.cvm.gov.br/ENETCONSULTA/frmGerenciaPaginaFRE.aspx?NumeroSequencialD ocumento=53595&CodigoTipoInstituicao=2>. 3.04.02 Despesas Gerais e Administrativas -485.068 -399.006 -351.344 3.04.02.01 Gerais e Administrativas -470.344 -386.248 -339.026 3.04.02.02 Honorários da Administração -14.724 -12.758 -12.318 3.04.04 Outras Receitas Operacionais 3.444 -9.531 1.222 3.05 Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos 632.634 571.803 504.504 3.06 Resultado Financeiro -29.805 -35.458 -20.449 3.06.01 Receitas Financeiras 70.469 42.190 53.157 3.06.02 Despesas Financeiras -100.274 -77.648 -73.606 3.07 Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 602.829 536.345 484.055 3.08 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -122.719 -115.761 -118.504 3.08.01 Corrente -190.561 -134.899 -128.832 3.08.02 Diferido 67.842 19.138 10.328 3.09 Resultado Líquido das Operações Continuadas 480.110 420.584 365.551 3.11 Lucro/Prejuízo Consolidado do Período 480.110 420.584 365.551 2524 25 Questão 3: Com base nas demonstrações apresentadas acima, qual seria o PMRE para empresa em X4: a) 150 dias b) 161 dias c) 153 dias d) 100 dias e) 116 dias AGORAÉASUAVEZ Questão 5: Ainda tomando por base as demonstrações da empresa Guararapes apresentadas aci- ma, qual a sua posição em relação ao ciclo operacional do negócio para o ano de X4? Questão 6: Com base nas informações obtidas nas questões anteriores, é possível afirmar que a empresa tem problemas de capital de giro? 2626 27 FINALIZANDO O tema abordado neste caderno discutiu os indicadores de atividade, também conhecidos como prazos médios, que, diferente dos indicadores econômico-financeiros que vimos nos cadernos anteriores, não têm uma perspectiva financeira, pois se encarregam de identificar a dinâmica ou ritmo do negócio em número de dias. Vimos também que os indicadores de atividade podem nos auxiliar na identificação de eventuais problemas de capital de giro que a empresa pode apresentar. Uma das formas de identificar, portanto, essa deficiência ou necessidade de capital de giro é por meio do cálculo do ciclo financeiro. Além disso, vimos também a Demonstração dos Fluxos de Caixa, a DFC, seu objetivo, sua estrutura, e os métodos possíveis para sua elaboração, sendo eles o método direto e o indireto. Finalizamos esta unidade com o cálculo dos indicadores propostos para identificar o ritmo do negócio, bem como identificamos a situação da empresa Guararapes, sob o ponto de vista da análise dos índices de atividades, para o ano de X4. 2726 27 GLOSSÁRIO Fluxo de caixa: mostra o fluxo de dinheiro que entra e sai da empresa em um determinado período. Capital de giro: recursos que circulam ou giram na empresa em determinado período de tempo, representado por uma parcela de capital da empresa aplicada em seu ciclo operacional. Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento. Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. Atividades de investimento: são as que se referem à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. 28 292828 29 GABARITO Questão 1 Resposta: O aluno deverá pesquisar duas empresas que atuem no mesmo ramo e analisar, mediante a técnica de análise vertical, como as empresas têm se comportado em relação à distribuição do valor adicionado nos últimos três anos. Questão 2 Resposta: E Explicação da resposta: (Pessoal / Valor adicionado a distribuir) x 100 (1.229.400 / 2.567.289) x 100 47,89% Questão 3 Resposta: A Explicação da resposta: (Remuneração de capital próprio / Valor adicionado a distribuir) x 100 (192.459 / 2.567.289) x 100 7,5% Questão 4 Resposta: B Explicação da resposta: 2928 2928 29 GABARITO (Impostos, taxas e contribuições / Valor adicionado a distribuir) x 100 (623.072 / 2.567.289) x 100 24,27% Questão 5 Resposta: Explicação da resposta: ((Pessoal X6 – Pessoal X4) / Pessoal X4) x 100 ((1.229.400 – 908.607) / 908.607) x 100 35,31% 30 313030 31 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas,2002. B3. Brasil, Bolsa, Balcão. Empresas Listadas. Disponível em: <http://www.bmfbovespa. com.br/pt_br/produtos/listados-a-vista-e-derivativos/renda-variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 30 set. 2017. COSTA, Rodrigo Simão da. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): Conceitos e Es- truturas. Revista Interciência e Sociedade. Disponível em: <http://fmpfm.edu.br/intercien- ciaesociedade/colecao/online/v1_n1/demonstracao_de_fluxos_2.pdf>. Acesso em: 21 out. 2017. CPC, Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 26 (R1) - Apresentação das Demons- trações Contábeis. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pro- nunciamentos/Pronunciamento?Id=57>. Acesso em: 21 out. 2017. CPC, Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 03 (R2) - Demonstração dos Fluxos de Caixa. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamen- tos/Pronunciamento?Id=34>. Acesso em: 21 out. 2017. DI AGUSTINI, C. A. Capital de Giro: análise das alternativas, fontes de financiamentos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Pearson, 2010. HOFFMANN, Carolina. IDENTIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO EM EMPRESAS AGRÍCOLAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE GRÃOS EM PATO BRANCO- -PR. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5593/1/PB_COC- TB_2015_2_06.pdf>. Acesso em: 21 out. 2017. LEMES JÚNIOR, Antônio Barbosa; RIGO, Cláudio Miessa; CHEROBIM, Ana Paula Mussi Szabo. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 3130 3130 31 MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SÁ, Carlos Alexandre de. Gerenciamento do fluxo de caixa. Apostila, São Paulo: Top Even- tos, 1998. SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Custos na Pres- tação de Serviços. 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