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ELE-31 Princ´ıpios de Telecomunicac¸o˜es Prof. Manish Sharma November 25, 2015 7 Introduc¸a˜o a comunicac¸o˜es digitais Vimos no cap´ıtulo anterior que e´ poss´ıvel representar sinais cont´ınuos no tempo por um conjunto de amostras, desde que a taxa de amostragem fs seja maior do que a banda a mensagem. A quantizac¸a˜o em amplitude permitiria representar cada amostra com um nu´mero finito de bits, k introduzindo algum erro que depende do nu´mero de n´ıveis de quantizac¸a˜o. Assim, aceitando algum erro, e´ poss´ıvel representar sinais cont´ınuos com uma certa taxa de bits Rb = k · fs. A melhor forma de transmitir bits e´ utilizando transmissa˜o digital. Isto pode ser afirmado pois a recepc¸a˜o de sinais digitais e´ matematicamente a melhor poss´ıvel no sentido de reduzir ao ma´ximo erros de transmissa˜o. Ale´m disso, te´cnicas de controle de erro permitem que os sistemas operem com taxas de erro ta˜o baixas quanto necessa´rias1. Neste cap´ıtulo veremos como a transmissa˜o e recepc¸a˜o de sinais digitais pode ser feita. Para isso e´ necessa´rio utilizar algumas simplificac¸o˜es como a representac¸a˜o geome´trica de sinais. Algumas modulac¸o˜es digitais sa˜o apresentadas. 7.1 Representac¸a˜o geome´trica de sinais • Um espac¸o vetorial n dimensional pode ser gerado a partir de uma base {ui}, com i = 1, 2, ..., n. Qualquer vetor deste espac¸o pode ser escrito como: v = n∑ 1 ui · vi (1) onde:vi e´ o produto interno entre v e ui. Podemos definir para este espac¸o vetorial relac¸o˜es como norma, independeˆncia linear, a desigualdade triangular, entre outras. • Uma base ortonormal2 com N elementos para um conjunto de m vetores vi pode ser obtido atrave´s do processo de Gran-Schmidt: 1. Escolhemos arbitrariamente um vetor v1. 2. Definimos o primeiro elemento da base como: u1 = v1 ||v1|| , (2) onde ||v1|| e´ a norma do vetor v1. 3. O segundo elemento da base e´ obtido removendo a contribuic¸a˜o do primeiro elemento da base no segundo vetor do conjunto, seguido de normalizac¸a˜o: u′2 = v2 − (< v2,u1 >) · u1 u2 = u′2 ||u′2|| (3) 1Ha´ sistemas onde as taxas de erro sa˜o ta˜o baixas que sa˜o imensura´veis 2Onde todos os vetores sa˜o ortogonais entre si e tem mo´dulo unita´rio. 1 4. O j-e´simo elemento da base pode ser obtido de forma semelhante: u′j = vj − ∑j−1 k=1(< vj ,uk >) · uk uj = u′j ||u′j || (4) 5. O processo continua ate´ N ≤ min(n,m). • Este processo resulta em uma base capaz de gerar todos os vetores do conjunto fornecido. • Todas as relac¸o˜es aplicadas acima para vetores pode ser aplicada para sinais cont´ınuos no tempo atrave´s da definic¸a˜o do produto interno entre dois sinais: < x1(t), x2(t) >= ∫ ∞ −∞ x1(t) · x∗2(t)dt (5) e da definic¸a˜o da norma: ||x(t)|| = (∫ ∞ −∞ |x(t)|2dt ) = √ εx (6) onde εx e´ a energia do sinal x(t). • Com estas definic¸o˜es temos a desigualdade triangular: ||x1(t) + x2(t)|| ≤ ||x1(t)||+ ||x2(t)|| (7) e a desigualdade de Cauchy Schwarz: | < x(t), y(t) > | ≤ ||x(t)|| · ||y(t)|| = √εx · εy (8) • Podemos obter uma base para qualquer conjunto finito de sinais si(t), i = 1, 2, ...,M atrave´s do mesmo processo anterior: 1. O primeiro elemento e´: φ1(t) = s1(t)√ ε1 (9) onde ε1 e´ a energia de s1(t). 2. Para obtenc¸a˜o do segundo elemento, retiramos a contribuic¸a˜o do primeiro elemento em s2(t), obtendo assim um vetor ortogonal a φ1(t). Apo´s, normalizamos (tornamos igual a 1) a energia do sinal obtidos. Matematicamente: c21 =< s2(t), φ1(t) >= ∫ ∞ −∞ s2(t) · phi∗1(t)dt γ2(t) = s2(t)− c21 · φ1(t) ε2 = ∫ ∞ −∞ |γ2(t)|2dt φ2(t) = γ2(t)√ ε2 (10) onde c21 e´ a projec¸a˜o do segundo sinal no primeiro elemento da base φ1(t), γ2(t) e´ o vetor ortogonal a φ1(t) e ε2 e´ a sua energia. O resultado e´ o segundo elemento da base, φ2(t). 3. O j-e´simo elemento pode ser obtido como: φj(t) = γj(t)√ εj (11) 2 onde: cji =< sj(t), φ(t) >= ∫ ∞ −∞ sj(t) · φ∗i (t)dt γj(t) = sj(t)− j−1∑ i=1 cji · φi(t) εj = ∫ ∞ −∞ |γj(t)|2dt (12) • Para M sinais, precisaremos de uma base com N ≤ M elementos, com igualdade se todos os M sinais si(t) fornecidos forem linearmente independentes. • Assim, um sinal si(t) pode ser representado pelo vetor si: si = [ci1 ci2 · · · ciN ] (13) • Chamamos o vetor si de s´ımbolo. • Um conjunto de sinais pode enta˜o ser representado como um conjunto de pontos no espac¸o M -dimensional, chamado de espac¸o de sinais. O conjunto de pontos e´ chamado de constelac¸a˜o. • A base obtida na˜o e´ a u´nica poss´ıvel: a ordem de escolha dos sinais determina a base. Entretanto, a base sempre tera´ N elementos. Ale´m disso, a constelac¸a˜o tera´ sempre o mesmo formato, isto e´, a distaˆncia da origem de cada um dos pontos e o produto interno entre dois pontos(vetores) quaisquer sera˜o sempre os mesmos. • A energia de um sinal pode ser calculada no espac¸o de sinais via: ||si(t)|2 = εi = N∑ n=1 |sin|2 = ||si||2 (14) 7.2 Modulac¸o˜es Digitais • Um modulador digital pode ser visto como uma func¸a˜o que tem como entrada uma sequeˆncia de bits e tem como sa´ıda uma sequeˆncia de s´ımbolos. • Caso haja M = 2k s´ımbolos poss´ıveis, o modulador agrupa os bits de entrada em blocos com k bits. • Algumas definic¸o˜es ba´sicas: – Durac¸a˜o de s´ımbolos = Ts = Durac¸a˜o da transmissa˜o Nu´mero de s´ımbolos transmitidos – Taxa de s´ımbolos = Rs = 1 Ts – Durac¸a˜o de um bit = Tb = Ts k = Ts log2M – Taxa de bits = Rb = Rs · k – Probabilidade de transmitir o m-e´simo s´ımbolo: pm – Energia do m-esimo simbolo = εm – Energia me´dia = εavg = M∑ m=1 pm · εm – Energia me´dia por bit = εbavg = εavg k – Poteˆncia me´dia = P = εavg Ts = εbavg Tb • Na˜o ha´ a princ´ıpio nenhuma restric¸a˜o sobre a escolha de sm(t). Na pra´tica, os sinais diferem em amplitude, fase, frequeˆncia, ou uma combinac¸a˜o dos mesmos. 3 7.2.1 Modulac¸a˜o de amplitude (PAM) • O caso cont´ınuo foi analisado no cap´ıtulo anterior. • No caso digital, em banda base, podemos limitar os s´ımbolo a: sm(t) = Am · p(t) (15) onde Am = ±1,±3, ...,±(M − 1) O pulso p(t) e´ um pulso de durac¸a˜o T com energia εp. • Se todos os sinais forem equiprova´veis, a energia me´dia desta modulac¸a˜o e´F: εavg = 1 M M∑ m=1 A2m · εp = (M2 − 1)εp 3 (16) • O valor por bit e´: εbavg = (M2 − 1)εp 3 · log2[M ] (17) • Todos os s´ımbolos desta modulac¸a˜o podem ser representados por uma base com um u´nico elemento φ(t) = p(t)√εp , o que resulta nos sinais: sm(t) = Am √ εp · φ(t) (18) • Logo, os pontos da constelac¸a˜o sa˜o: sm = [Am √ εp] (19) isto e´, sa˜o pontos igualmente espac¸ados em cima de uma reta. A dimensa˜o desta constelac¸a˜o e´ 1. • Uma poss´ıvel escolha para p(t) em banda base (em torno de f = 0) e´ escolher p(t) = Π ( t Ts ) . Uma poss´ıvel escolha em banda passante seria p(t) = Π ( t Ts ) · cos(2pifct) • Um paraˆmetro importante para o desempenho e´ a distaˆncia Euclidiana entre dois pontos m e n da constelac¸a˜o, definida como: dmn = √ ||sm − sn||2 (20) o que, neste caso, vale dmn = |Am − An|√εp. A menor distaˆncia entre dois pontos e´ a distaˆncia mı´nima dmin: dmin = min m,n;m 6=n [dmn] (21) que no caso PAM vale dPAMmin = 2 √ εp. Podemos escrever a distaˆncia mı´nima em func¸a˜o da energia me´dia via: dPAMmin = 2 √ εp = 2 √ εavg3log2[M ] M2−1 = √ 12log2[M ] M2−1 εbavg (22) • Desta equac¸a˜o vemos que, quanto maior εbavg, maior dmin. Esta relac¸a˜o e´ comum para quase todas as modulac¸o˜es utilizadas na pra´tica. • A equac¸a˜o para sm(t) apresentada se encontra em banda base. E´ poss´ıvel obter o sinal equivalente em banda passante realizando a conversa˜o: sBPm (t) = <{sm(t) · exp(j2pifct)} (23) • Poder´ıamos ter obtido uma base para gerar os sinais diretamente