Buscar

Alfabetização e Letramento Aula 10 Slide

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
METODOLOGIA E PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
TAISA COSTA VLIESE 
EAD – PEDAGOGIA - CAMPUS VIRTUAL
Rio de Janeiro, 28 de julho de 2011. 
*
*
LEITURA É .....
POLIFONIA
DIALOGISMO
ESTÉTICA
PRAZER 
SUBJETIVIDADE
FORMAÇÃO
*
AULA 10
O QUE É LER?
	
	
	Por quê? Não promove a interação criativa com o texto, e tampouco, desenvolve a formação desse gostar de ler, pois as crianças pouco percebem sentido na atividade da leitura.
	
Para Cagliliari (2009), para um
“ leitor ler um texto e compreender o que está escrito, não basta decifrar os sons da escrita nem é suficiente descobrir os significados individuais das palavras” (p. 307), de forma descontextualizada e mecânica. 
A leitura na alfabetização não pode ser
 leitura como decodificação.
*
O QUE É LER?
	
	Envolve aspectos semânticos e fonéticos, pois possibilita “o leitor apropriar-se das idéias que descobriu, ao decifrar o texto, e acrescentar suas próprias idéias às do autor” (Cagliari, 2009, p. 310). 
	“Um texto vive das relações entre as palavras e as frases em todos os níveis lingüísticos” (Cagliari, 2009, p. 307) e, neste diálogo, o leitor reconhece os subentendidos, os pressupostos, as conotações e os demais elementos que formam as entrelinhas de um texto. 
AULA 10
A leitura é um ato de dialogismo e interpretação
*
A CONCEPÇÃO ESCOLAR DA LEITURA
Em que se baseia a leitura? No desejo.
Qual é a ideia de leitura que temos?
Momento de tranquilidade?
Obrigação escolar para execução de trabalho?
Concepções escolares de leitura
A leitura como decodificação;
A leitura como avaliação.
(Fonte: Kleiman: 2001, 24)
AULA 10
*
A CONCEPÇÃO ESCOLAR DA LEITURA
	Reconhecer a existência de diferentes formas de leitura na contemporaneidade. Há uma dezena de gêneros literários, formas e objetivos com a leitura. Leitura incidental, abreviada, hipertextual, clássica, jornalística entre outras. 
Há espaço para todas na escola?
Magda Soares
*
COMO A MAIOR PARTE DAS ESCOLAS TRABALHA A LEITURA
Conversa sobre o tema do texto;
Os alunos fazem leitura silenciosa;
Leitura do texto, em voz alta, por alguns alunos;
Leitura, em voz alta, pelo professor.
Elaboração de perguntas sobre o texto: Onde aconteceu a estória? Quando? Quem são os personagens? 
Ensino de gramática através de frases do texto; ortografia utilizando palavras do texto.
(Fonte: Kleiman: 2001, 24)
AULA 10
*
AULA 1
CRÍTICA ÀS ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO
	
“ Fazer a interpretação de texto pode ser uma catástrofe para a vida escolar do aluno se ele chegar a conclusão de que só pode aprender algo respondendo à perguntas ou, pior ainda, se passar de ano pensando que aprendeu,ao ver que respondeu corretamente, às perguntas que lhe foram feitas, de acordo com o livro ou com a matéria que o professor passou na lousa”. 
	(CAGLIARI, 2009, p. 328)
*
AULA 1
CRÍTICA ÀS ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO
	O aluno precisa exercer sua criatividade e refletir sobre o que lê. É necessário o diálogo com o autor, a re-significação dos seus presumidos e de sua subjetividade. Impossibilita, sobretudo, “a imaginação dedutiva que o leva a propor para si coisas novas, a partir de coisas velhas que aprendeu”. (CAGLIARI, 2009, p. 2009). 
	
	Elemento que facilita a interpretação: tratar a leitura como um ato e não, vinculá-la sempre à avaliação. A leitura poder ser trabalhada na escola como prática de informação, interpretação e entretenimento. Nem sempre deve estar atrelada à avaliação. A leitura pode ter um objetivo em si mesma.
*
Vídeo: Ler devia ser proibido
(1:21)
http://www.youtube.com/watch?v=iRDoRN8wJ_w 
*
COMO DEVE SER A 
INTERPRETAÇÃO ?
	O sujeito será o resultado de sua 
	atividade no meio sócio-cultural. 
	Para Vygotsky (1998a), a relação do homem com seu meio sócio-cultural é sempre uma relação mediada por outros homens ou por instrumentos culturais. A imersão do sujeito na cultura e sua transformação ocorrem via um outro sujeito que funciona como um elemento mediador entre a realidade sócio-cultural e o homem. 	
	
	
	
AULA 10
Suas funções psicológicas superiores serão construídas ao longo da história social, no contato com outros homens e com suas produções culturais. (Vliese, 2000)
Maria Teresa de Assunção Freitas
*
AULA 10
GRACILIANO RAMOS, INFÂNCIA. 
	. 
	
	
	
A literatura é uma importante fonte de informação e reflexão sobre as práticas sociais realizadas com a infância, pois apresenta nas alegorias literárias as representações e costumes de uma época
Essa relação foi interpretada por LEMOS (2001) que estudou a qualidade do contato do menino – narrador do livro Infância - com os livros categorizando-a em leitura como armas terríveis e como a provisão dos sonhos. 
	
Essa análise pode nos trazer importantes reflexões sobre as práticas de leitura e interpretação de texto na escola.
*
GRACILIANO RAMOS, INFÂNCIA. 
	
	
	
	
	
	
	
	(Fonte:Vliese, 2000)
AULA 10
O narrador teve contato com diferentes formas de leitura, as memórias narradas me levam a observar que o ato de ler estava intimamente relacionado ao ambiente sócio-cultural do narrador: há várias rememorações que envolvem práticas de leitura em casa, na escola e no alpendre do pai. 
Exemplo. Uma escola primária da roça na qual ouvira as crianças cantarem a soletração de várias maneiras diferentes. Segundo ele: “ A sala estava cheia de gente. Um velho de barbas longas dominava uma negra mesa, e diversos meninos, em bancos sem encostos, esgoelavam-se: - Um b com um a – b, a : ba ; um b com um e – b, e: be. Assim por diante, ate u” (RAMOS, 1980, p. 10).
*
	Pode-se identificar a relação que o narrador estabeleceu com instrumentos culturais privilegiados na formação de suas funções psicológicas superiores. 
	Destaque para os livros, pois o contato com a literatura e a produção textual despertaram as mais diferenciadas habilidades cognitivas no narrador: estimularam seu senso estético, ético, crítico e criativo. 
	O narrador fala sobre os livros que o faziam percorrer diversos caminhos: Joaquim Manuel de Macedo, Júlio Verne. 
	(Fonte:Vliese, 2000)
	
AULA 10
*
Graciliano Ramos, Infância. 
Folhetos devorados na escola, debaixo das laranjeiras do quintal, nas pedras do Paraíba; em cima do caixão de velas e junto ao dicionário que tinha bandeiras e figuras. 
Sem mergulhar no texto, a mãe não o compreende e provoca no narrador a impressão que este seria um exercício aterrorizante, penoso! 
Um exercício monótono e incompreensível. Segundo as palavras do narrador: “ Minha mãe lia devagar, numa toada inexpressiva, fazendo pausas absurdas, engolindo vírgulas e pontos, abolindo esdrúxulas, alongando ou encurtando as palavras. Não compreendia bem o sentido delas. E com tal prosódia e tal pontuação, os textos mais simples se obscureciam ” (Idem, p. 69). 
(Fonte:Vliese, 2000)
AULA 10
*
GRACILIANO RAMOS, Infância. 
	
	As memórias narradas apresentam a função social que a leitura teve na infância do narrador. 
	Uma leitura utilitarista, ensinada como uma arma terrível na luta pela árida sobrevivência no interior do nordeste. 
	
	
Uma leitura como instrumento de luta pela ascensão social, pois os homens leitores eram reconhecidos como os sabedores, como os padrões a serem seguidos pelas crianças da vila. Enfim, uma leitura que estava fundamentada numa concepção de linguagem própria da gramática normativa, pois as palavras eram, maniqueisticamente, divididas em certas e erradas. 
*
	
	O livro Infância retrata a língua como um monumento: pronta, fixa e externa ao sujeito. Tinha como objetivo sujeitá-los a ela e era identificada por um padrão rígido de normas gramaticais. 
	Concepção de linguagem que é retratada nas práticas de leitura do início do século XX pode ser compreendida como uma herança do modelo pedagógico criado pelos padres Jesuítas no século XVI. Em suas missões evangelizadoras e
escolarizadoras, os missionários na Companhia de Jesus tinham como um dos seus objetivos construir uma identidade cultural na colônia portuguesa, a partir da imposição de uma língua única aos índios e gentios que aqui viviam. 
	(Fonte:Vliese, 2000)
*
AULA 1
POR QUE HÁ FALHAS NA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS?
Dificuldades no processo de compreensão do texto – acontece quando os alunos têm dificuldade com a interpretação dos aspectos semânticos do texto. São capazes de ler, mas não compreendem o texto.
	
	
Dificuldades no processo de decifração do texto – acontece quando os alunos imitam a fala do adulto, inventam uma leitura de palavras que não conseguem realizar ao ter contato com o texto. 
Wanderley Geraldi
*
AULA 10
	
	(Barbosa, 1994). “A leitura é mais que um exercício dos globos oculares, pois se apóia, por um lado, no que o leitor recebe do seu sistema de visão e, por outro, nas informações que o leitor tem disponíveis na sua cabeça, na sua estrutura cognitiva”. (p. 116)
“A leitura é um encontro de subjetividades, no qual o leitor traz seus presumidos em relação ao texto e dialoga com o autor na construção de sentidos para cada palavra e frase. Portanto, para um mesmo texto pode haver várias interpretações. Elas dependem do contexto de leitura, da subjetividade do leitor e da intenção que ele apresenta ao ler um texto.” ( Vliese, 2000) 
Ler é uma atividade cognitiva complexa, pessoal e intransferível que acontece na interação com os mais diversos textos que conhecemos. 
*
AULA 10
O QUE É O DIALOGISMO NA LEITURA?
O significado de cada enunciado depende do contexto sócio-histórico em que os falantes estiverem inseridos” (LEMOS, 2002, p. 143). 
Dialogismo é um permanente diálogo entre os diferentes discursos de uma comunidade, cultura e sociedade, pois instaura a natureza interdiscursiva da linguagem que tem no enunciado a sua unidade de análise (Mikhail Bakhtin, 1997).
*
AULA 10
LEITURA COMO ARMA E COMO SONHO
Acentua que “além da dureza metálica da arma, 
existe a suave maciez poética do sonho” (p. 122).
Kramer (1998) categoriza a leitura e a escrita como uma arma na “luta inglória pela sobrevivência e (será) como caminho para ascensão numa sociedade tão desigual, competitiva e autoritária como a nossa” (1998, p. 120). 
A leitura não objetiva apenas elementos conceituais, técnicos e instrumentais que preparam para o mundo do trabalho, mas uma leitura que possibilite o sonho e a criação de novas condições de vida e novos conhecimentos sobre a vida (VLIESE, 2000).
*
AULA 10
LEITURA COMO ARMA
Armas terríveis – Como o menino aprendeu a ler a partir da soletração, sendo ameaçado de castigo caso errasse a decifração das palavras e lendo livros cujos significados nem sempre eram compreensíveis, percebemos que a função social que a leitura teve na infância do menino foi uma atividade utilitarista, ensinada como uma arma terrível na luta pela árida sobrevivência no interior do nordeste. Uma leitura como instrumento de luta pela ascensão social, pois os homens leitores eram reconhecidos como os sabedores, como os padrões a serem seguidos pelas crianças 
	da vila alagoana. (Lemos: 2001)
*
Kramer (1998) apontou que a prática de leitura como arma desconsidera o contexto sócio-cultural do leitor e suas situações reais de vida. 
A leitura como arma é uma prática social que reduz e simplifica as complexas potencialidades da leitura de textos, na medida em que apresenta como principal objetivo a instrumentalização das classes populares na luta contra o processo de exploração e dominação econômica a que são submetidos cotidianamente.
AULA 10
*
LEITURA COMO SONHO
Larrosa nos fala que a leitura como experiência é “não deixar que as palavras se solidifiquem e nos solidifiquem, é manter aberto o espaço líquido da metamorfose” (p. 60). 
A leitura como experiência implica ler uma palavra tal como nunca foi lida, pois sua significação será construída no instante na leitura, a partir dos conhecimentos presumidos do leitor e de sua interação com o texto lido. 
*
	A leitura como experiência é aquela que transforma a pessoa e sua subjetividade. E para tanto, é necessário que o sujeito leitor se coloque em movimento, saia sempre para além de si mesmo e trave um combate entre as palavras ditas e as palavras não ditas, pois esse movimento permitirá que o sujeito crie um outro modo de leitura, um outro modo de ser. 
À medida que atribuímos novos significados para as palavras lidas, internalizamos essas contribuições e nos formamos, nos transformamos e nos deformamos. 
Jorge Larrosa
*
MOMENTO ATIVIDADE
Vidas Secas – Graciliano Ramos
http://www.youtube.com/watch?v=1rvx62MtcKM&feature=related
AULA 10
*
VOCÊS JÁ LERAM VIDAS SECAS?
Vamos fazer um desafio? 
Vocês aceitam ler as duas primeiras páginas do livro comigo e avaliarem se vão gostar da forma como vou conduzir a leitura?
*
ELEMENTOS QUE FACILITAM A INTERPRETAÇÃO
Conhecimento sobre o autor, sua obra e suas 
ideias. Conhecer o universo literário do autor ajuda o leitor a ter expectativas sobre o que poderá encontrar no texto.
Leitura pode ser lúdica, com significado para a aprendizagem. Por que a escola ainda torna a leitura de textos literários obrigatória? Há algum planejamento de atividades que contribuam para a compreensão dos textos?
Tratar a leitura como um ato e não, vinculá-la sempre à avaliação. A leitura poder ser trabalhada na escola como prática de informação, interpretação e entretenimento. Nem sempre deve estar atrelada à avaliação. A leitura pode ter um objetivo em si mesma.
AULA 10
*
AULA 10
ELEMENTOS QUE FACILITAM A LEITURA E A INTERPRETAÇÃO
Resgatar seus presumidos em relação ao tema abordado no texto – Quando lemos e buscamos compreender as informações contidas no texto, fazemos um resumo entre nossos conhecimentos antigos e os novos que foram inseridos a partir da leitura.
Conhecer o gênero textual lido – Quanto mais o leitor sabe sobre as características do gênero, mais fácil se torna a compreensão do texto.
Possibilitar a emergência de diálogo com o autor. De um mesmo texto, muitas interpretações podem surgir, sobretudo, se tratamos de um texto literário. O leitor pode concordar ou não com o autor. Pode interagir com o texto como num diálogo.
	(LEMOS, 2002)
*
*
UMA PROPOSTA PARA O TRABALHO COM A LEITURA
Leitura silenciosa do texto. 
Narrar a história, dando destaque aos elementos selecionados em sua leitura prévia: a narrativa é um gênero oral e precisa ter a riqueza da entonação e do ritmo da narrativa.
Dramatizar a história, compreendendo os sentimentos e a subjetividade dos 4 personagens e da cachorra Baleia. 
 Fazer um desenho que represente a história: numa única cena representada graficamente apresentar importantes informações sobre o texto e seus personagens. 
Refletir e escrever sobre a fragilidade da condição humana: o menino sucumbe no chão.
AULA 10
*
Responder o que causa mais sofrimento para o ser humano, utilizando metáforas e até experienciais pessoais que se identifiquem com a mudança dos retirantes.
Escrever outro final para a história. 
Discutir a frase: Seca, fenômeno histórico produzido e mantido pelas mãos humanas. Aspectos políticos e ideológicos.
Vidas Secas, qual a relação que você pode fazer desse título com o universo dos personagens da obra? 
Para terminar, deixar o filho ou carregá-lo, em nosso contexto, como essas atitudes podem ser representadas na qualidade de cuidados que as famílias prestam a seus filhos? 
AULA 10
*
*
Quem gostou pode ler o livro! 
Como avaliaram as atividades?
 Será que os alunos gostariam?
*
*
DESPEDIDA....
Se ficou para vocês que ler e escrever
podem ser atividades simples, lúdicas
e que potencializem o sujeito, facilitando 
as suas interações e criando novos espaços de reflexão.
Já está bom!
Abraços!
Taísa Vliese
tavliese@terra.com.br
www.taisavliese.com
Ouçam a história que uma menina me contou!!!
*
*
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKTHIN, M. Marxismo e a Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1997a.
CAGLIARI , L. C. Alfabetizando Sem o Ba Be Bi Bo Bu Serie Pensamento e Ação no Magisterio.
FREITAS, M. T. de A . O pensamento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil. Campinas: Papirus, 1994.
_____ . Vygotsky e Bakhtin: Psicologia e educação : Um intertexto. São Paulo: Ática/EDUFJF, 1995.
KLEIMAN, Ângela B. Oficina de Leitura. Teoria e Prática. Campinas: Pontes, 1999.
KRAMER, S. Por entre as pedras : Arma e sonho na escola. São Paulo: Ática, 1998.
LARROSA, J. Pedagogia Profana. Danças, Máscara e Piruetas. Belo Horizonte, Autêntica: 1999.
LEMOS, T. V. Graciliano Ramos, infância pelas mãos do escritor. Um ensaio sobre a formação da subjetividade na psicologia Sócio-Histórica. Campinas/Juiz de Fora, Musa/EDUFJF, 2001.
VLIESE, T. C. Graciliano Ramos, infância pelas mãos do escritor. Um ensaio sobre a formação da subjetividade na psicologia Sócio-Histórica. Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2000. 
*

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais