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Didática da Alfabetização e do Letramento - Temas 1 ao 10

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Matéria: Didática da Alfabetização e do Letramento 
Assunto: Temas 1 ao 10 
Curso de Pedagogia 
Licenciatura – 3º Período 
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Anhanguera - Pedagogia – Didática da Alfabetização e do Letramento – Temas 1 ao 10..................... Página 2 de 69 
 
Escrita Pictográfica: utiliza figuras para representar cada objeto (Exemplo: 
desenhos em cavernas, inscrições rupestres) Pode remeter a vários significados, já 
que existem muitas formas diferentes de se “ler” um desenho. 
 Escrita Ideográfica: o homem passou a utilizar uma imagem (ou figura) que 
representasse uma ideia (como desenhos estilizados e padronizados), e não mais 
rabiscos e figuras associados à imagem que se queria registrar. 
Na escrita ideográfica, a intenção não era apenas representar uma ideia, mas 
também os sons com que tais objetos ou ideias eram nomeados em cada idioma, 
facilitando a leitura e o registro dos fatos. Essa estratégia de escrita é conhecida 
como rébus. 
Nesse contexto, com o signo passando a ter um valor fonético, foi possível 
exprimir todas as formas linguísticas, até mesmo as mais abstratas, em símbolos 
escritos. 
Escrita Silábica: utiliza os símbolos para representar os sons da fala como, por 
exemplo, as sílabas. 
Como há, em média, 30 tipos de sílabas diferentes por língua, o sistema de 
símbolos necessário para representar as palavras através das sílabas ficou muito 
reduzido e fácil de ser memorizado. 
Escrita Alfabética: O alfabeto foi uma criação única que mudou a história da 
humanidade. A invenção do sistema de escrita alfabético se deu graças a noção de 
que a escrita poderia ser mais bem organizada se cada som individual fosse 
representado por um sinal específico, o que reduziria, consideravelmente, a 
quantidade de sinais utilizados para representar a escrita. 
A invenção do papel contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da 
escrita. 
 A Escrita no Contexto Escolar 
Vemos, com frequência, nos anos iniciais e em classes alfabetizadoras, um 
exercício mecânico do ato de escrever e ler, deixando de lado a linguagem escrita 
propriamente dita, ou seja, o “sistema particular de símbolos e signos cuja 
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Anhanguera - Pedagogia – Didática da Alfabetização e do Letramento – Temas 1 ao 10..................... Página 3 de 69 
dominação prenuncia um ponto crítico em todo o desenvolvimento cultural da 
criança”, segundo Vygotsky. 
Num primeiro momento, a linguagem falada regula, organiza a linguagem 
escrita que, posteriormente, prescinde da linguagem falada para converter-se, ela 
mesma, num sistema de signos que passa a representar essa linguagem falada. 
Como a aquisição de um sistema tão complexo de signos pode ocorrer de 
maneira mecânica, imposta e tão precoce como observamos nas escolas? 
O que não pode ocorrer é que essa prática seja exclusivamente mecânica e 
artificial. 
Para Vygotsky, a aquisição da escrita resulta de um longo processo de 
desenvolvimento das funções superiores do comportamento infantil, etapa a qual o 
autor dá o nome de Pré-história da linguagem escrita. 
A história da língua escrita tem início com o surgimento do gesto como um 
signo visual para a criança, seguido do desenvolvimento do simbolismo no 
brinquedo, no desenho e, por fim, na escrita. 
 Gestos e Signos Visuais 
Durante essa etapa pictórica da criança, há um momento em que ela começa a 
desenhar objetos mais complexos, representando as qualidades reais destes como, 
por exemplo, o registro do redondo. 
Segundo Vygotsky “essa fase do desenvolvimento coincide com todo o 
aparato motor geral que caracteriza as crianças dessa idade e que governa toda a 
natureza e o estilo dos seus primeiros desenhos”. 
 O Desenvolvimento do Simbolismo no Brinquedo 
É a segunda etapa que une os gestos e a linguagem escrita. Nessa etapa, a 
criança confere significado aos gestos, aos objetos e à brincadeira. 
Durante essa etapa, quanto menor for a criança, mais gestos ela utilizará para 
se comunicar; e quanto maior ela for, mais a fala vai predominando, enquanto os 
gestos diminuem. 
 O Desenvolvimento do Simbolismo no Desenho 
Nesse momento, a criança costuma desenhar o que vê e o que ela sabe que 
existe, como, por exemplo: barriga, blusa, a carteira no bolso etc. 
A criança também desenha o que fala, e este nível de produção exige abstração 
e memória, sendo uma etapa anterior ao desenvolvimento da escrita. 
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No decorrer desse processo, há um momento relevante durante a passagem 
dos rabiscos para os desenhos que já expressam, representam ou significam algo. 
 O Simbolismo na Escrita 
Por considerar a escrita uma atividade simbólica, Vygotsky aponta que 
atividades igualmente simbólicas tais como o gesto, o jogo e o desenho (mediados 
pela fala) vão compondo a gênese da escrita na criança. 
Essas atividades simbólicas, portanto, revelam fases da Pré-história da escrita 
e contribuem para o surgimento da própria escrita. 
Com base em experimentos realizados com crianças, Vygotsky aponta que a 
simbolização da escrita vai evoluindo gradativamente. 
Partindo de simples traços indiferenciados (sinais indicativos, traços 
imitativos, rabiscos simbolizadores e marcas topográficas), a representação gráfica 
da criança avança para pequenas figuras e pequenos desenhos (tentativas de marcar 
o ritmo das frases, e transcrições de quantidades, tamanhos, formas, cores), como 
numa pictografia primitiva. 
Seguindo-se à representação pictográfica, as crianças iniciam a escrita 
simbólica, criando maneiras de expressar informações difíceis de serem 
desenhadas, substituindo, ao final do processo, os desenhos por signos, conforme 
referem Fontana e Cruz (1999, p. 204): 
Para superar os limites que encontravam no desenho, as crianças passavam do 
registro do conteúdo da fala para o registro de uma ideia. Nesse processo, o desenho 
deixa de ser o desenho de alguma coisa para ser o desenho de palavras. Esse 
procedimento aparentemente simples envolve um grau considerável de 
desenvolvimento intelectual e abstração. A criança percebe que a fala também pode 
ser desenhada. Ao longo das tentativas de utilização da escrita, as crianças, que 
inicialmente não compreendiam o significado da escrita e tentavam utilizá-la por 
imitação de uma atividade do adulto, foram elaborando e aprimorando técnicas 
primitivas de registro, diferenciando-as gradualmente, até chegar ao significado 
funcional do símbolo. 
No processo de alfabetização da criança, segundo Vygotsky e Luria 
(VYGOTSKY, 1999), há uma relação entre a escrita primitiva (pictográfica) infantil e 
a escrita convencional, pois, em seus experimentos, foi possível constatar que as 
crianças iam fazendo diferenciação gradual entre os símbolos usados pra escrever, 
como afirmam Fontana e Cruz (1999, p. 205): 
 
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Anhanguera - Pedagogia – Didática da Alfabetização e do Letramento – Temas 1 ao 10..................... Página 5 de 69 
No processo de alfabetização, a criança, interagindo com os usos e formatos da 
língua escrita, pela mediação do adulto, de quem recebe informações sobre o sistema 
convencional de escrita, tenta utilizar as letras para ler e produzir textos. Ela imita o 
adulto nos atos de ler e escrever e segue suas instruções. Ela confronta suas técnicas 
primitivas de escrita com as regras da escrita convencional. Assim ela vai se 
apropriando dos mecanismos da escrita simbólica culturalmente elaborada. O 
domínio do sistema de escrita convencional vai substituindo, então, suas técnicas 
primitivas de escrita. 
O que se espera com esse processo de aquisição da escrita, esclarecidopor 
Vygotsky, o qual procuramos representar aqui, é oferecer situações que preparem e 
organizem essa transição que ocorre naturalmente. Assim que a criança domina o 
princípio da linguagem escrita, fica então a encargo da escola simplesmente 
aperfeiçoar os métodos e as especificidades da escrita, sempre levando em 
consideração o seu caráter cultural e social. 
Implicações Práticas 
Vemos, nos dias atuais, que cada vez mais cedo as crianças conseguem ter 
atenção e memória, e muitas delas fazem combinações de signos (B+O=BO). 
O que ressaltamos aqui, e ainda discutiremos ao longo do curso, é como a 
alfabetização vem ocorrendo nesse contexto onde crianças cada vez mais novas 
ingressam no universo escolar transbordando informações. Para isso, o ensino 
precisa ser organizado como tal, e deve atender às exigências dessa nova demanda 
de alunos. 
É importante repensarmos nossas ações e darmos espaço a novas tendências 
educativas, tomando o aluno como sujeito de sua aprendizagem e oferecendo 
situações para que a leitura e a escrita sejam algo de que a criança necessite. 
Assim, poderemos reverter o quadro do ensino da escrita como uma 
habilidade motora para uma atividade cultural muito mais significativa 
(VYGOTSKY, 1999). 
 
Ágrafo: segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, é um adjetivo de dois 
gêneros que significa “1. Que não é ou não está escrito (ex.: patrimônio ágrafo). 2. 
Que não tem escrita (ex.: línguas ágrafas)". 
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Cuneiforme: um dos primeiros sistemas genuínos de escrita. A escrita cuneiforme 
se desenvolveu numa região onde, atualmente, está localizado o sul do Iraque (entre 
4000 e 3000 a.C.), e se baseava na regra de “uma palavra-um símbolo” (ELLIS, 1995). 
Ideográfica: segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, significa: 
“representação das ideias por imagens ou símbolos”. A escrita ideográfica também é 
chamada de logográfica ou analítica. 
Pictografia: segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, significa: Sistema 
primitivo de escrita em que as ideias e os objetos eram representados por desenhos. 
Antes do desenvolvimento do alfabeto, muitos povos antigos transmitiam suas 
mensagens por meio do sistema pictográfico. Os egípcios gravavam ou pintavam 
pictogramas em tumbas e monumentos. 
Rébus: estratégia de escrita que se utiliza de desenhos e ideogramas pelo seu valor 
fonético, em vez de semântico. 
Com o uso da estratégia de rébus, no processo de evolução da escrita, as figuras 
utilizadas evocavam os significados formados pelo encadeamento dos sons das 
palavras a elas correspondentes, e não mais os significados visualmente aparentes. 
Dessa maneira, ao tornar os sons visíveis, os rebuses passaram a permitir 
representar conceitos abstratos com clareza muito maior. Evidências do uso desse 
princípio também podem ser encontradas nos hieróglifos egípcios. 
Signo: Saussure trouxe novos caminhos para a Linguística, graças ao seu estudo 
sobre a língua e a fala (langue e parole). Para Saussure, a língua é imposta ao 
indivíduo, ao passo que a fala é um ato particular. A soma língua + fala resulta na 
linguagem. Outro aspecto básico da doutrina saussuriana é a do signo linguístico. O 
signo é o resultado de significado mais significante. Signo = significado + 
significante; significado: conceito; significante: forma gráfica + som. 
Toda palavra que possui um sentido é considerada um signo linguístico. Exemplo: 
“livro” é um signo linguístico. Quando observamos o signo “livro” percebemos que 
ele é a união de som, conceito e escrita, ou seja, significado e significante. 
 
 
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A Aprendizagem e a Língua 
Aprendizagem é um ato intelectual em que o aluno se apropria de um novo 
conhecimento, e, neste caso, não é um ato condicionado, como o obtido a partir de 
repetições de sequências de exercícios, de cópias, entre outros, diferenciando-se de 
uma reprodução apenas. 
Assim, a aquisição de um novo conhecimento e, neste caso, a aquisição da 
competência leitora e escritora são resultantes de práticas significativas, de práticas 
contextualizadas. 
Escrever textos no processo de alfabetização é contextualizar a grafia criando 
sentido na mensagem. 
É criar a intenção de comunicação entre emissor e receptor por meio da 
mensagem. 
 
Vale ressaltar que a escrita surge com o objetivo de comunicar. Dos desenhos 
ao alfabeto que conhecemos hoje, ela foi se desenvolvendo em um processo natural, 
aprimorando-se pouco a pouco. Ela é um sistema que está sempre mudando, e não 
faz sentido aprender formas arcaicas, salvo por motivos específicos para aprendê-la. 
Aquisição da Competência Leitora e Escritora e a Questão dos Métodos 
Antes de chegar à escola, os alunos já têm experiência da língua portuguesa, 
pois atuam como falantes e já leem muitas coisas. 
Emília Ferreiro, na década de 1980, desenvolveu muitos estudos sobre a 
língua, e alguns deles apresentavam novas formas de se pensar a aquisição da leitura 
e escrita. 
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Antes de serem conhecidas estas ideias, a alfabetização ocorria com o emprego 
de métodos sintéticos (fônico, silábico). 
Em todos esses métodos, os textos empregados e as produções escritas se 
voltam a textos artificialmente construídos, textos elaborados para cada etapa da 
aprendizagem, e não textos da vida real, textos que circulam na sociedade, ou seja, 
textos autênticos. 
 O Papel do Aluno 
Para que a prática pedagógica proposta por autores como Emília Ferreiro se 
torne possível, é necessário compreender o aluno não como sujeito passivo, um 
receptáculo vazio em que se deposita informações, conteúdos já prontos e 
selecionados pelo professor. 
 
Veja a importância da ação do aluno para que a aprendizagem ocorra: 
• O aluno tem um papel ativo, isso significa que ele constrói seu próprio 
conhecimento a partir da ativação de estruturas cognitivas, à medida 
que se relaciona com o meio (colegas, professor, livros etc.) em uma 
relação entre sujeito e objeto. 
• A criança passa a associar a linguagem oral às formas gráficas na 
medida em que começa a compreender o princípio alfabético. Assim, 
é necessário relacionar a fala com a escrita e buscar, desde o início do 
processo de alfabetização, a criação de sentido ao ler. 
• O professor dever adotar sempre a norma culta, tanto na sua 
oralidade quanto na sua escrita, explicando o porquê e reconhecendo 
o valor das variações linguísticas e seu emprego em espaço não 
escolar. O professor deve trabalhar no sentido de que a criança se 
torne capaz de compreender o processo de conceitualização da língua 
escrita e aquisição da norma culta da língua. 
 Exposição a Textos Autênticos 
O trabalho com textos autênticos é fundamental, e a primeira etapa da 
alfabetização é a decifração, pois sem ela não é possível escrever. 
É ao decifrar que o sujeito é capaz de compreender como a escrita funciona. A 
leitura é uma condição para a compreensão. 
A criança já compreende a linguagem ao ser alfabetizada, mas é no processo 
de alfabetização que ela desenvolve a habilidade de reconhecer e de produzir a forma 
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gráfica das palavras (ler e escrever). Deve ser capaz de realizar uma leitura 
compreensiva e de produzir textos dotados de sentido.Sobre a Correção 
Lembre-se de que você aprendeu a falar português falando! A criança pequena 
aprendeu a falar “eu comi carne ontem”, e não “eu comeu calne ontem”, porque foi 
corrigida sem humilhação, sem ter de fazer lista de verbos no passado várias vezes. 
Ela aprendeu falando em situações reais de fala. Ela foi corrigida e aprendeu na 
prática, principalmente ouvindo outras pessoas. O processo de aquisição da escrita 
deve ocorrer da mesma forma, de forma natural, tendo acesso a textos escritos 
diversos e autênticos. Vale lembrar que, apesar de o processo de aquisição da escrita 
se aproximar da aquisição da fala, devem ser resguardadas as devidas diferenças, 
uma vez que o alfabeto representa a estrutura fonológica da língua. 
• Consideramos que o processo de alfabetização deve ser prazeroso, em que a 
escrita espontânea seja estimulada, visto que a apresentação de diferentes textos 
contribui para que a criança relacione a linguagem oral com a escrita e perceba sua 
adequação em cada caso com enfoque na aquisição da norma culta. A orientação 
para a leitura compreensiva e a escrita espontânea permite que o aluno relacione fala 
e escrita, e a apropriação da norma culta é consequência de um processo em que a 
criança compara, por exemplo, sua produção escrita com a do livro e com a dos 
colegas e pouco a pouco vai se apropriando deste conhecimento naturalmente. 
Há conteúdos em que o aluno é desafiado a pensar em caminhos e a encontrar 
respostas, mas, por exemplo, na aprendizagem da ortografia de palavras cujos sons 
têm mais de uma grafia, como em sozinho, casa, lápis, feliz, o professor deve 
apresentara ortografia correta e explicar que a grafia pode mudar, mesmo diante de 
um mesmo som, e ela pode ser empregada para outros sons também. É 
principalmente lendo que a criança vai passar a conhecer a ortografia correta das 
palavras. Para tanto, na fase inicial de alfabetização, o professor deve trabalhar, 
como foi apresentado, para que a criança entenda o princípio alfabético. 
 O Letramento 
O letramento, para além da aquisição da leitura e escrita (alfabetização), busca 
expandir esse processo para o desenvolvimento de competências e habilidades do 
uso da língua em práticas sociais, nos diversos contextos em que a leitura e a escrita 
ocorram. 
Exemplo: ser capaz de empregar o gênero textual adequado a determinado 
contexto. 
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Há, portanto, uma relação de interdependência entre a aquisição da língua 
escrita e as atividades de letramento, pois elas se complementam. 
De acordo com Barcellos (2007, p. 18) 
 “Dissociar alfabetização de letramento é um erro, pois os processos ocorrem 
simultaneamente. São interdependentes, porém cada qual tem sua especificidade, 
exigindo um trabalho direcionado”. 
 Sobre o Papel do Professor 
O papel do professor nesta prática é de contribuir para que os alunos possam 
tomar consciência de que a língua escrita se relaciona com a fala e seu objetivo é a 
comunicação entre as pessoas. 
A língua é um código capaz de transmitir ao receptor certa mensagem. 
A relação emissor - mensagem - receptor permite a interação humana. 
A decifração (leitura) e a codificação (escrita) é um processo com objetivo da 
interação social. 
De acordo com Cagliari (2009, p. 8-9), neste processo: 
Não basta deixar de lado o livro das cartilhas; é preciso deixar de lado o método das 
cartilhas, o ensino centrado na noção de sílaba como unidade privilegiada da escrita 
e da leitura. Ensinar as crianças a tornar conscientes os procedimentos de decifração 
da escrita é uma estratégia que as agrada mais do que ficarem repetindo coisas 
aparentemente sem sentido, ou ser largadas à própria sorte, esperando que saiam de 
dentro de si os conhecimentos que a escola exige para ler e escrever. 
Esse processo pode ser aprendido de forma prazerosa, e não excludente. 
O aluno, ao escrever de forma espontânea com a mediação do professor, cria 
hipóteses e pouco a pouco vai adquirindo conhecimentos linguísticos em uma ação 
natural, como visto, tal qual quando aprendeu a falar - praticando, neste caso, lendo 
e escrevendo. 
O Papel do Erro 
Para que isso seja possível, ele não pode ter medo de errar. 
O erro é compreendido como parte do processo de tomada de consciência. 
É a partir dele que se aprende, visto que contribui para a construção de novas 
hipóteses, para a aquisição de novos conhecimentos. 
O erro não pode ser punitivo! 
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O erro é um momento de reflexão tanto para o aluno como para o professor. 
Neste momento, as hipóteses são reorganizadas. Cada sujeito, em um diálogo 
consigo mesmo, reflete sobre as hipóteses construídas e elabora novas 
possibilidades. O professor, como mediador da situação de aprendizagem, 
diagnostica o que é necessário ser trabalhado com mais ênfase para contribuir para 
que o aluno construa seu conhecimento. 
Podemos concluir que o professor das séries iniciais de alfabetização deve 
propor e analisar práticas sobre a aquisição da leitura e escrita com base na 
construção do conhecimento por crianças, jovens, adultos e idosos, valorizando as 
hipóteses por eles construídas ao produzirem ou lerem textos. 
Para que a criança possa se alfabetizar é necessário que ela compreenda que o 
sistema alfabético é um sistema fonográfico, isto é, ele parte da representação de 
sons para compor as palavras, frases, textos. 
É ele que torna possível a formação de palavras que representam os conceitos, 
ou seja, os significados. 
O erro deve ser entendido como parte do processo de aquisição de novos 
conhecimentos, e o aluno, como um sujeito ativo. 
Neste processo, a aquisição da escrita deve ocorrer partindo de textos 
autênticos e da produção de textos dotados de sentido, de forma que os conceitos de 
alfabetização e letramento façam parte desse processo. 
A língua é uma prática social, uma vez que sua função é a comunicação, a 
interação entre emissor e receptor. Ela existe enquanto instrumento de 
comunicação. 
O trabalho com texto autêntico é fundamental, uma vez que a língua é uma 
prática social e sua função é comunicar. 
Quando aprendemos a falar, aprendemos em contextos em que a fala era 
necessária e era dotada de sentido; assim, aprender a língua escrita envolve também 
situações em os textos sejam dotados de sentido, sejam textos do cotidiano, textos 
presentes na sociedade. 
Trabalhar com textos adaptados, artificiais descontextualiza a escrita 
escolarizando-a mais do que o necessário, dificultando a aquisição da escrita. 
Na atualidade, o emprego do termo alfabetização remete à aquisição da 
competência para ler e escrever, no sentido de codificar e decodificar as palavras, os 
textos. 
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Anhanguera - Pedagogia – Didática da Alfabetização e do Letramento – Temas 1 ao 10..................... Página 12 de 69 
O letramento parte da aquisição da leitura e escrita e vai além, ampliando esse 
processo. Ele se volta ao uso da língua escrita nos diversos contextos em que ocorre, 
considerando que o aluno deve saber reconhecer os gêneros textuais, as diferenças 
entre eles e sua aplicabilidade, bem como ser capaz de realizar uma leitura 
compreensiva de qualquer tipo de texto. 
 Letramento e alfabetização são indissociáveis porque se relacionam e um só 
existe se outro também existir. 
 
 
 
Escrita: é uma tecnologia da comunicação que expressa o pensamento humano. Para 
escrever, empregam-se símbolos dotados de sentido sobre determinado suporte. 
Língua: instrumento desenvolvido com o objetivo de comunicação.Sistema 
organizado e complexo de sons e gestos que se articulam, dotados de sentido. 
Oralidade: derivada do oral, sem o uso da escrita, é expressa pela fala e tem por 
objetivo a comunicação. 
Princípio alfabético: capacidade de perceber que as letras (grafemas) são segmentos 
e compõem as palavras. Eles representam os fonemas (sons produzidos na fala). 
 
 
A Consciência Fonológica começa a existir a partir dos seis anos de idade, 
quando as crianças geralmente são encaminhadas à pré-escola. 
Antes dessa idade, alguns autores estudiosos do processo de alfabetização 
consideram 
que essa consciência esteja presente no individuo, porém não há como avaliá-la. 
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A Consciência Fonológica é ter a ciência dos sons da fala. Quando temos essa 
ciência, o processo de aquisição da língua escrita torna-se mais rápido e com sentido 
prático. 
O processo de alfabetização analisa a relação entre as letras e os sons, 
enquanto a consciência fonológica se refere a operações baseadas na fala, ou seja, na 
língua oral. 
Para que a representação do nível do fonema aconteça, é necessário que a 
criança tenha a habilidade de consciência fonológica, ou seja, que tenha a capacidade 
para: objetivar a palavra, direcionar a atenção para sua estrutura, perceber seus 
segmentos e manipulá-los de diferentes formas. 
Conforme a criança avança em seu processo de alfabetização, ela percebe que 
cada som pode representar uma letra, que cada fonema e grafema possui uma 
sequência e que, alterando essa sequência, há a produção de uma palavra diferente. 
A consciência fonológica pode ser dividida em três tipos: 
1. Consciência sintática: faz referência à consciência das palavras, ou seja, 
possui a habilidade de segmentar a frase em palavras; de ordenar as 
palavras nas frases; de organizar as palavras que foram distribuídas de 
forma desordenada e, por fim, de contar o número de palavras numa frase. 
2. Consciência de sílabas: esta consciência constitui uma sub-habilidade da 
consciência fonológica, pois envolve a habilidade de segmentar as palavras 
em sílabas, de contar o número de sílabas, de identificar a sílaba inicial e 
final e, por fim, de subtrair uma ou mais sílabas formando novas palavras. 
3. Consciência de fonemas: se refere ao fonema como constituidor de 
palavras. Nesta consciência há a habilidade de: analisar os fonemas que 
compõem uma palavra, o uso dos fonemas na formação de novas palavras, 
a indicação da quantidade de fonemas que compõem a frase, a 
identificação de palavras a partir dos fonemas ditados ou citados e, por fim, 
a subtração ou a substituição dos fonemas para formar novas palavras 
Há três grandes métodos de alfabetização: o método sintético, o método 
analítico e o método misto, também classificado como método sintético-analítico. 
Os mais difundidos são os dois primeiros. 
 Método Sintético, neste método, também classificado como método fônico, 
parte-se da identificação de pequenos elementos para a formação de palavras, ou 
seja, da “parte” para o “todo” do texto. Busca-se, ainda, a relação entre fonemas e 
grafemas, com o intuito de possibilitar à criança uma aquisição de leitura e escrita. 
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O desenvolvimento deste método envolve exercícios que combinem a consciência 
fonológica e o exercício de correspondência entre os grafemas e os fonemas. 
 Método Analítico, também classificado como método silábico, pois são 
dadas às crianças as palavras para que delas sejam extraídas as sílabas, ou seja, parte-
se do “todo” para as “partes”. Neste método, primeiro é apresentada a forma e o nome 
das vogais e, posteriormente, são combinadas as vogais para se formar os ditongos 
e os tritongos para que, em seguida, sejam passadas as consoantes. 
O processo de aquisição de escrita envolve quatro níveis, a saber: 
1. Nível pré-silábico: neste nível a criança não realiza nenhuma 
correspondência entre a fala e a escrita, ou seja, qualquer traço ou rabisco é 
considerado a escrita para a criança. 
2. Nível silábico: neste nível a criança começa a organizar seu pensamento de 
modo que compreende que para ler algo diferente é necessário ler de uma maneira 
diferente. A criança começa a se preocupar com a quantidade de palavras faladas e 
escritas, evidenciando nesta etapa grafismos mais definidos. É neste nível que a 
relação entre a fala e a escrita se torna mais consistente. 
3. Nível silábico-alfabético: neste nível a criança já conhece as sílabas e já é 
capaz de identificar que as sílabas podem ser fragmentadas em unidades menores. 
Neste caso, já há o entendimento de que o fonema não necessariamente é igual ao 
grafema e vice-versa. 
4. Nível alfabético: neste nível inicia-se o processo de uma escrita regular, 
mais formal. A consciência fonológica que existia nos três níveis anteriores era, 
respectivamente, a fala, a palavra e a sílaba e, agora, se concentra ao nível dos 
fonemas, tornando-se um processo mais analítico e não mais automático. 
A consciência fonológica é baseada na habilidade de organizar a estrutura 
sonora das palavras, ou seja, para adquirir essa consciência, a criança tem que ser 
capaz de relacionar os grafemas e os fonemas. 
Santamaria afirma que existe uma relação entre as habilidades de leitura e 
escrita e o processamento temporal. Essa relação, segundo a autora, pode ser de três 
tipos: a consciência fonológica, a velocidade de acesso ao léxico mental e a memória 
de trabalho fonológico. 
Atividades para se trabalhar com o desenvolvimento da consciência 
fonológica: 
• Atividades de consciência das palavras: Levar a criança a perceber que 
as frases variam em número de palavras, ao falar uma por uma. Por 
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exemplo: contar as palavras de provérbios como: "filho de peixe, 
peixinho é”. 
• Atividade de rima: A poesia Jogo de Bola, de Cecília Meireles, dá uma boa 
atividade de rima, pois contém as palavras amarela, Arabela... Para 
destacar a rima, todos os "ELA" podem ser trocados por um símbolo. 
• Atividades de síntese silábica: Ao colocar ou tirar sílabas de palavras, o 
aluno pode formar novas palavras: se tirar o “de” de verde, fica ver; “sa" 
+ bichão forma sabichão. 
A consciência fonológica é um importante processo para o desenvolvimento 
da leitura e escrita das crianças de seis e sete anos de idade. 
Para as crianças surdas o processo de aquisição da leitura e escrita envolve 
outra forma de comunicação, ou seja, a espaço visual por meio do uso da Língua de 
Sinais. 
Para o professor, é importante saber identificar nos seus alunos quando estes 
já possuem a consciência fonológica e como fazer para desenvolvê-la com maior 
habilidade. 
Quanto aos alunos surdos, não há como desenvolver a consciência 
fonológica, mas é importante auxiliá-lo na aquisição da leitura e escrita da língua 
portuguesa. 
Referindo-se aos métodos de alfabetização, você acompanhou que existem 
os métodos sintático e analítico. 
O método analítico, no qual está presente a consciência fonológica, também 
é chamado de método fônico. 
Já o método sintático é chamado também de método global. 
Por fim, você observou que a consciência fonológica está vinculada com a 
relação entre os fonemas e os grafemas que, em síntese, favorecem o 
desenvolvimento da língua escrita. 
A consciência fonológica é importante, pois envolve o reconhecimento pela 
criança de que as palavras são formadas por diferentes sons, que podem ou não ser 
manipulados,abrangendo não só a capacidade de reflexão, mas também a de 
operação com fonemas, sílabas, rimas e aliterações (MEDEIROS; OLIVEIRA, 2008). 
Desse modo, a consciência fonológica pode ser dividida em três tipos: 
consciência sintática, consciência de sílabas e consciência de fonemas. 
Nesta última consciência há a habilidade de: analisar os fonemas que 
compõem uma palavra, o uso dos fonemas na formação de novas palavras, a 
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indicação da quantidade de fonemas que compõem a frase, a identificação de 
palavras a partir dos fonemas ditados ou citados e, por fim, a subtração ou a 
substituição dos fonemas para formar novas palavras. 
No processo de alfabetização, a consciência fonológica se desenvolve em 
crianças entre seis e sete anos de idade na medida em que a criança adquire 
conhecimentos de palavras, sílabas, fonemas e grafemas. 
Essa consciência pode ser dividida em três tipos: consciência sintática (faz 
referência à consciência das palavras), consciência de sílabas (habilidade de 
segmentar as palavras em sílabas) e consciência de fonemas (se refere ao fonema 
como constituidor de palavras). 
Uma das formas de avaliar a consciência fonológica é verificar se uma 
dificuldade de aprendizagem existe de fato, identificar quais são ou qual é essa 
dificuldade, analisar por que essa dificuldade existe e, por fim, identificar quais 
seriam ou qual seria a diferença entre essa dificuldade e as demais dificuldades 
vivenciadas por crianças da mesma faixa etária. 
A consciência fonológica pode ser dividida em três tipos: 
1. Consciência sintática: faz referência à consciência das palavras, ou seja, 
possui a habilidade de segmentar a frase em palavras, de ordenar as palavras nas 
frases, de organizar as palavras que foram distribuídas de forma desordenada e, por 
fim, de contar o número de palavras numa frase. 
2. Consciência de sílabas: esta consciência constitui uma sub-habilidade 
da consciência fonológica, pois envolve a habilidade de segmentar as palavras em 
sílabas, de contar o número de sílabas, de identificar a sílaba inicial e final e, por fim, 
de subtrair uma ou mais sílabas formando novas palavras. 
3. Consciência de fonemas: se refere ao fonema como constituidor de 
palavras. Nesta consciência há a habilidade de: analisar os fonemas que compõem 
uma palavra, o uso dos fonemas na formação de novas palavras, a indicação da 
quantidade de fonemas que compõem a frase, a identificação de palavras a partir dos 
fonemas ditados ou citados e, por fim, a subtração ou a substituição dos fonemas 
para formar novas palavras. 
 
 
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Aliterações: se refere à figura de linguagem que consiste na repetição de 
determinados elementos fônicos, ou seja, sons consonantais idênticos ou 
semelhantes. 
Consciência fonológica: se refere à habilidade de perceber a estrutura sonora das 
palavras ou de parte das palavras. Fonemas: são as menores unidades de som 
significativas de uma língua. 
Grafemas: é a representação gráfica dos sons da fala, ou fonemas. Consideram-se as 
maiúsculas e as minúsculas porque têm funções diferentes na nossa língua. 
Processamento temporal: pode ser definido como a percepção do som ou da 
alteração do som dentro de um período restrito e definido de tempo, ou seja, refere-
se à habilidade de perceber ou diferenciar estímulos que são apresentados numa 
rápida sucessão. 
 
 
Pode-se dizer que tradicionalmente os métodos de alfabetização subdividem-
se em método sintético, analítico e misto. Segundo Frade (2007), tais métodos 
apresentam como conteúdo o ensino da leitura e da escrita, porém diferem no 
tocante ao ponto de partida e encaminhamento do processo de alfabetização. 
O método sintético parte da unidade para o todo, ou seja, da letra para a sílaba, 
da sílaba para a palavra e da palavra para a sentença. 
O ensino da leitura parte da compreensão das letras e seus respectivos nomes 
- método alfabético; 
Ou de seus sons - método fônico; 
Ou ainda, das famílias silábicas - método silábico; 
percorrendo uma ordem crescente de dificuldades. 
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Isto posto, “[...] reunidas as letras ou os sons em sílabas, ou conhecidas as 
famílias silábicas, ensinava-se a ler palavras formadas com essas letras e/ou sons 
e/ou sílabas e, por fim, ensinavam-se frases isoladas ou agrupadas” (MORTATTI, 
2006, p. 5). 
Em suma, os processos derivados do método sintético podem ser definidos 
como método alfabético, método fônico e método silábico. 
No método alfabético, o processo de ensino decorre do nome das letras e sua 
configuração, para as sílabas e suas modificações e, por conseguinte, para as 
palavras e suas propriedades. 
No método fônico, o processo de ensino parte do som da letra, o fonema, para 
a sua representação gráfica e, em seguida, para a sílaba, a palavra e a frase. 
No método silábico, empregam-se as sílabas como unidades-chave, ensinam-
se as vogais, com o auxílio de recursos ideográficos e, posteriormente, realizam-se 
exercícios de combinação de cada vogal com as diferentes consoantes, formando-se 
palavras que possibilitarão a fixação do padrão silábico estudado (MONTEIRO; 
OLIVEIRA, 1985). 
Para Monteiro e Oliveira (1985), os processos derivados do método sintético 
enfatizam o aspecto mecânico da leitura, a partir de elementos fonéticos destituídos 
de significado, bem como apresentam divergências quanto aos princípios 
psicológicos de aprendizagem. 
Conforme Cagliari (2009) e Mortatti (2006), o método sintético prevaleceu até 
o final do período imperial brasileiro, em especial no âmbito das aulas régias. 
Contudo, de acordo com Frade (2007, p. 34), “é preciso reconhecer que a 
permanência de métodos sintéticos para o ensino do sistema alfabético de escrita é 
muito recorrente na história das práticas pedagógicas”. 
O método analítico, por sua vez, passa a ser divulgado, de modo sistemático e 
ordenado, a partir da década de 1880, em virtude da publicação da obra Cartilha 
Maternal, do poeta português João de Deus, cujo ensino da leitura fundamentava- se 
no método da palavração, segundo pressupostos da “moderna linguística da época” 
(MORTATTI, 2006, p. 6). 
Diferentemente dos métodos de marcha sintética até então utilizados, o 
método analítico, sob forte influência da pedagogia norte-americana, baseava-se em 
princípios didáticos derivados de uma nova concepção - de caráter 
biopsicofisiológico - da criança, cuja forma de apreensão do mundo era entendida 
como sincrética. (MORTATTI, 2006, p. 7) 
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Nos métodos analíticos, o ensino da leitura parte do todo para, em seguida, 
proceder-se a analise de suas unidades constitutivas, buscando romper com o 
princípio da decifração e intervindo na compreensão do fenômeno linguístico 
(FRADE, 2007). Neste sentido: 
Estes métodos tomam como unidade de análise a palavra, a frase e o texto e 
supõem que se baseando no reconhecimento global como estratégia inicial, os 
aprendizes podem realizar posteriormente um processo de análise de unidades que 
dependendo do método (global de contos, sentenciação ou palavração) vão do texto 
à frase, da frase à palavra, da palavra à sílaba. (FRADE, 2007, p. 26) 
Desse modo, os processos derivados do método analítico podem serclassificados como método de palavração, método de sentenciação e método global 
ou de contos. Segundo Frade (2007), 
No método de palavração são apresentados grupos de palavras que serão, 
posteriormente, reconhecidas por meio da visualização e configuração gráfica, 
mediante o recurso da memorização. São empregadas estratégias de leitura global, 
contudo, a atenção pode dirigir-se a detalhes da palavra, como sílabas, letras e sons. 
No método de sentenciação, a unidade-chave é a sentença, a qual, após o seu 
reconhecimento global e a sua compreensão, será segmentada em palavras e sílabas. 
Já o método global ou de contos parte do reconhecimento global e 
memorização do texto, para subsequente fragmentação em sentenças, palavras e, 
finalmente, sílabas. Atribui como princípios o interesse, a percepção visual e global, 
bem como a leitura espontânea. 
Todavia, a respeito dos métodos analíticos, é oportuno interrogar, segundo 
Frade (2007, p. 35), se para além da “aplicabilidade para a fluência e compreensão”, 
esses métodos possibilitariam apreender também “as regras do sistema alfabético”. 
Por fim, de acordo com Mortatti (2006), a partir de meados da década de 1920, 
vivencia-se um cenário de emancipação didática, decorrente das novas demandas 
políticas e sociais da época, assim como a Reforma Sampaio Dória, no Estado de São 
Paulo. Com o passar do tempo, acirra-se o debate entre os defensores dos métodos 
sintéticos e dos métodos analíticos, contestando-se as suas possibilidades e 
limitações. Tais divergências resultam na conciliação de ambos, instituindo-se o 
método misto ou eclético. Desse modo, o método misto ou eclético emprega tanto a 
análise como a síntese, por meio de atividades que visam decodificar e codificar o 
símbolo gráfico, estabelecendo um ecletismo conceitual e metodológico no processo 
de alfabetização. 
Dentre as obras que se fundamentaram nos princípios do método misto ou 
eclético destacam-se a cartilha Caminho Suave, de Branca Alves de Lima, 
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publicada no ano de 1948 (CAGLIARI, 2009) e a cartilha Minha Abelhinha, de 
Almira Sampaio Brasil da Silva, Lúcia Marques Pinheiro e Risoleta Ferreira 
Cardoso, publicada na década de 1970 (MONTEIRO; OLIVEIRA, 1985). 
Destarte, pode-se dizer que os métodos sintético, analítico e misto de 
alfabetização sustentavam-se em: 
 
[...] uma concepção de leitura e escrita como decodificação e codificação. O 
aprendizado do código alfabético se dava por meio do ensino transmissivo das 
unidades da língua, seguindo uma progressão pré-determinada que ia das unidades 
mais fáceis para as mais difíceis. Partia-se do pressuposto de que todos os alunos 
iniciavam o processo sem conhecimento algum sobre a escrita e que cabia aos 
professores o ensino das letras, sílabas e palavras. Ao aluno, nessa concepção, cabia 
um papel passivo de ‘recebedor’ de algo pronto: a língua. (ALBUQUERQUE, 2012, p. 7-
8) 
A aprendizagem da escrita compreendia as habilidades de caligrafia e 
ortografia, ensinadas concomitantemente à habilidade de leitura, mediante 
exercícios de cópia, ditados, entre outros (MORTATTI, 2006). 
Afim de complementar o conteúdo estudado, é pertinente ressaltar que ao final 
da década de 1980 e início da década de 1990, devido a inúmeras críticas tecidas aos 
métodos “tradicionais” de alfabetização - métodos sintético, analítico e misto - e, 
especialmente, graças à consolidação de teorias sobre a psicogênese da língua 
escrita, postuladas por Emília Ferreiro e seus colaboradores, observa-se no Brasil 
uma tendência de “desmetodização” do processo de alfabetização, segundo 
princípios construtivistas, compondo o discurso institucional vigente. Segundo 
Mortatti (2006, p. 10): 
Deslocando o eixo das discussões dos métodos de ensino para o processo de 
aprendizagem da criança (sujeito cognoscente), o construtivismo se apresenta, não 
como um método novo, mas como uma ‘revolução conceituai’, demandando, dentre 
outros aspectos, abandonarem-se as teorias e práticas tradicionais, desmetodizar-se 
o processo de alfabetização e se questionar a necessidade das cartilhas. 
Conforme o exposto, você pode compreender que a história da alfabetização no 
Brasil concentrou-se, especialmente, na questão dos métodos de ensino, ainda que 
algumas discussões sinalizem a recusa aos tradicionais métodos de alfabetização. No 
entanto, para além da “questão dos métodos”, muitas são as demandas envolvidas 
nesse fenômeno, “[...] que vem apresentando como seu maior desafio a busca de 
soluções para as dificuldades de nossas crianças em aprender a ler e escrever e de 
nossos professores em ensiná-las” (MORTATTI, 2006, p. 14). 
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Nesse contexto, ao abordar a questão dos métodos no processo escolar de 
alfabetização, Cagliari (2009) demonstra que os mesmos fundamentam-se em dois 
métodos básicos: o método de ensino, assim como os métodos sintético, analítico e 
misto, e o método de aprendizagem, denominados respectivamente pelo autor como 
método 1 e método 2. 
De acordo com Cagliari (2009), no método 1, orientado exclusivamente para o 
ensino, a alfabetização configura-se, em síntese, como um processo de “desmontar e 
montar as palavras da língua”, de modo artificial. Acrescentam-se informações, uma 
após a outra, à medida que o conteúdo é dominado pelo aluno, por meio de 
procedimentos de repetição, segundo uma ordem crescente de dificuldades. A 
avaliação compreende somente o conteúdo ensinado e “[...] constitui-se do que o 
aluno precisa dominar e repetir” (CAGLIARI, 2009, p. 50). Logo, o erro assume 
equivocada relevância, sinalizando aquilo que o aluno ainda não dominou e a 
necessidade de se repetir a lição. 
De caráter mecanicista, o método 1 fornece ao aluno um modelo pronto a ser 
seguido. “Se tentar inovar, corre-se o risco de errar e não saber mais retomar o 
caminho suave e tranquilo das coisas já dominadas” (CAGLIARI, 2009, p. 52). 
O método 2, direcionado para o processo de aprendizagem, difere do método 1 
ao centrar-se especialmente na reflexão. Conforme Cagliari (2009), o método 2 
considera os conhecimentos prévios e espontâneos dos alunos e concebe a 
linguagem como manifestação do pensamento. A técnica empregada baseia-se em 
explicações adequadas, conduzidas pelo professor em situações oportunas, 
assumindo, assim, o papel de mediador entre o saber, historicamente construído, e 
os seus alunos. A avaliação não se limita a constatar o erro, quantificá-lo e atribuir 
um conceito final, como no método 1, mas sobretudo, consiste em “[...] realizar um 
estudo interpretativo daquilo que foi feito, para verificar o que está correto e o que 
está errado e por que está correto e por que está errado” (CAGLIARI, 2009, p. 58). 
Desse modo, a avaliação, contínua e permanente, associada à mediação do professor, 
fornece ao aluno subsídios para generalizar o conhecimento que possui e construir 
novas hipóteses. Nessa perspectiva, o aluno “aprende a aprender”. 
Em suma, acerca dos respectivos métodos no processo de alfabetização, Cagliari 
(2009, p. 61) ressalta que: 
Um método não é uma panaceia que resolve todos os problemas educacionais. 
[...] Os dois métodos podem alfabetizar, mas o método 1 o fará de uma maneira 
indesejável, embora aparentemente adequada. 
O método 2 exige experiência e competência do professor, paciência dos pais e 
uma escola preparada para ser uma oficina de trabalho, não apenas uma sala onde o 
professor ensina e o aluno tem de se virar para aprender. 
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Assim como argumenta o autor, ao passo que a alfabetização limitou-se aos 
métodos, aos livros e cartilhas e à autoridade do professor, muitos alunos não 
conseguiram se alfabetizar. De outro modo, na medida em que as propostas e 
práticas de alfabetização passaram a valorizar o aluno e o seu processo de 
aprendizagem, instituiu-se um ambiente favorável, que propiciou a interação entre 
o professor e o aluno, assegurando condições adequadas para a efetivação desse 
processo. 
Cagliari (2007) evidência, ainda, que a competência do professor é a essência do 
método. Neste sentido, bons resultados são frutos de uma ação competente do 
professor, apoiada, sobretudo, em conhecimentos técnicos e linguísticos. 
Destarte, com vistas a buscar caminhos para a superação das dificuldades e dos 
inúmeros desafios envolvidos no processo de alfabetização, as discussões 
necessitam exceder a questão dos métodos de ensino. 
 
 
Métodos: pode-se compreender o método como um caminho, racional e rigoroso, a 
ser percorrido, formado por um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos. 
Aulas régias: as aulas régias representam a consolidação do ensino laico e público no 
Brasil, anteriormente sob o domínio da Igreja. As aulas régias compreendiam os 
Estudos menores, correspondentes ao ensino primário e secundário, instituídos 
pelas Aulas de primeiras letras e as Aulas de humanidades, em substituição às classes 
e escolas conduzidas pelos jesuítas (CARDOSO, 1999). 
Sincrética: referente a sincretismo, representa a combinação de concepções e 
percepções heterogêneas, ecléticas. Segundo o teórico Henri Wallon (1879-1962), o 
pensamento sincrético, natural da infância, incorpora em um mesmo plano aspectos 
da realidade e fantasia, em uma visão global e generalizada de mundo (SALLA, 2011). 
Reforma Sampaio Dória: reforma da Instrução Pública, em 1920, no Estado de São 
Paulo, a partir do projeto de lei proposto por Sampaio Dória, então Diretor da 
Instrução Pública. Segundo a referida Reforma, a alfabetização configura-se como “a 
questão nacional por excelência", priorizando o acesso à escola de populações 
historicamente excluídas e marginalizadas. Com vistas à universalização da escola 
pública, institui-se a redução da escolarização básica para dois anos, com base no 
método de intuição analítica, o qual possibilitaria “[...] desenvolver a capacidade de 
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conhecer, pelo fecundo contato da inteligência com a natureza e pelo exercício das 
faculdades perceptivas" (DÓRIA, 1923, p. 63 apud CARVALHO, 2010, p. 100). 
Psicogênese da língua escrita: formulada segundo a teoria do desenvolvimento 
humano de Jean Piaget, a teoria sobre a psicogênese da língua escrita transformou 
profundamente as concepções e práticas de alfabetização tradicionais. Segundo essa 
concepção, o aprendiz assume um papel ativo na interação com o objeto do 
conhecimento - a língua escrita, bem como apresenta hipóteses sobre o código 
linguístico antes mesmo de frequentar a escola. Emília Ferreiro e seus colaboradores 
estabelecem uma sequência psicogenética de aquisição da língua escrita e descrevem 
as hipóteses formuladas pelos aprendizes acerca do sistema alfabético, as quais 
podem ser definidas como hipóteses pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e 
alfabética (MENDONÇA; MENDONÇA, 2014). 
 
 
Letramento e Alfabetização 
Para Soares (2001), letrar é mais do que alfabetizar. É inserir a criança, o jovem 
e/ou o adulto no mundo letrado, trabalhando com os diferentes usos da escrita na 
sociedade e ensinando-lhes a ler e escrever dentro de um contexto em que a escrita e 
a leitura façam parte suas vidas. Para ampliar a alfabetização funcional, é necessário 
fazer mais do que alfabetizar, ou seja é preciso alfabetizar letrando (KLEIMAN, 
1995). 
Mas, como isso ocorre? É preciso ensinar a ler e a escrever no contexto das 
práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se torne, ao mesmo 
tempo, alfabetizado e letrado” (SOARES, 2001, p. 47). 
Alfabetização é uma prática e letramento não é método, nem é habilidade, 
tampouco alfabetização. 
É importante saber que ambos são processos cognitivos e metodológicos 
diferentes, inseparáveis e não excludentes. 
Complementam-se em suas aplicabilidades e especificidades. 
Segundo Kleiman (1995), essa é uma terminologia usada para fins 
metodológicos e não para fins conceituais. 
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É importante ressaltar que nesses processos um é condição do outro, isto é, a 
alfabetização é condição para o letramento existir e vice-versa; e um não precede o 
outro. 
 Durante muito tempo, acreditou-se que só conseguiríamos letrar alguém se 
antes o tivéssemos alfabetizado, ou seja, era preciso aprender o código para depois 
praticá-lo. 
Segundo Cagliari, 
 “para alguém ser alfabetizado, não precisa aprender a escrever, mas sim aprender a 
ler. No processo de alfabetização, o professor poderia prescindir do ensino da escrita, 
mas não da leitura” (2009, p. 114). 
O autor acrescenta que o segredo da alfabetização é a leitura, ou seja, a 
decifração da escrita. 
Vimos que a alfabetização é uma prática que corresponde à codificação por 
meio da escrita e à decodificação por meio da leitura, cujo objetivo é o domínio do 
sistema alfabético e ortográfico. É uma ação predominantemente individual, que 
ocorre entre o indivíduo e o objeto do conhecimento. 
Para Piaget e Vygotsky, os processos de ensino-aprendizagem ocorrem entre 
o sujeito, o objeto do conhecimento e a cultura em que vive, interativamente, 
cognitivamente e individualmente, ou seja, ninguém aprende pelo outro. “Aprender 
é um ato individual: cada um aprende segundo seu próprio metabolismo intelectual” 
(CAGLIARI, 2009, p. 38). 
Afirmar que o conceito de Letramento surgiu para substituir o lugar ocupado 
pela Alfabetização seria como dizer que, com isso, os problemas de analfabetismo no 
Brasil estariam resolvidos e, também, que novos conjuntos de saberes sobre os 
códigos da escrita e códigos alfabéticos seriam implementados e, então, os 
exaustivos trabalhos de aquisição das primeiras letras e operações cognitivas 
estariam com os dias contados. Na verdade, isso não ocorreu, tanto que a definição 
de Letramento ainda é algo amplo, complexo e plural, pois abrange aspectos sócio-
históricos e culturais da aquisição da escrita. 
Então, por que a palavra letramento apareceu em nossa língua? Soares (2001) 
esclarece que o termo letramento é a versão para o português da palavra de língua 
inglesa literacy, que significa o estado ou condição que assume aquele que aprende 
a ler e a escrever. Esse mesmo termo é definido no Dicionário Houaiss (2001) como 
“um conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de 
material escrito”. 
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A aparição de novas palavras num idioma não é privilégio da língua 
portuguesa. Isso acontece em todas as línguas, porque a linguagem é um organismo 
vivo, ou seja, ela está diretamente em contato com um mundo em constantes 
mudanças e transformações. 
Há pouco tempo, não precisávamos das palavras flex, tablet, spam, 
empreendedorismo, antivírus, selfie, computação em nuvem, smartphone, ebola, e-
book, mochileiro, test drive etc. Essas palavras foram se relacionando a fenômenos 
que o mundo foi nos impondo. 
O mesmo aconteceu com o termo letramento. 
Vários pesquisadoresforam aperfeiçoando os estudos acerca da alfabetização, 
ou seja, afastando dessa prática a redução de uma tecnologia de leitura e escrita. 
“O ‘entulho' que se acumulou com o tempo enchendo a alfabetização de 
ridículos exercícios de prontidão e coisas semelhantes foi sendo eliminado da 
prática escolar” (CAGLIARI, 2009. p. 33). Para o autor: 
A alfabetização tem outros objetivos, além de ensinar a decifrar a escrita, 
sobretudo na escola. Saber escrever corretamente é um deles. 
A escrita não deve ser vista apenas como uma tarefa escolar ou um ato 
individual, mas precisará estar engajada nos usos sociais que envolve, 
principalmente como forma especial de expressão de uma cultura. (CAGLIARI, 2009, 
p. 115) 
Conforme isso acontecia, a quantidade de indivíduos analfabetos foi 
diminuindo. Soares (2001) explica que à medida que o analfabetismo vai sendo 
superado, mais pessoas leem e escrevem. Concomitantemente, a sociedade vai se 
tornando mais grafocêntrica, e um novo fenômeno ocorre: “não basta apenas a ler e 
escrever” (2001, p. 45). Mas, esse não foi o fator preponderante e determinante para 
o surgimento da expressão letramento. 
São gritantes as transformações pelas quais a sociedade passou ao longo dos 
últimos 20 anos. O advento da Internet e as novas Tecnologias da Informação (TI) 
revolucionaram a vida e o modo de ser e estar num mundo onde tudo muda o tempo 
todo. “Ouvimos com muita frequência que o mundo mudou. Isso é óbvio, a novidade 
não é a mudança do mundo, mas a velocidade da mudança” (CORTELLA, 2014, p. 
18). Temos a cada dia mais velocidade de informação, de relações, de comunicação, 
de aprendizagens e de práticas. De certa forma, esses fenômenos nos obrigaram a 
repensar nossas práticas e processos de trabalho. 
A escola faz parte do mundo e é claro que ela não deixaria de ser atingida por 
essas mudanças. Kleiman (1995) afirma que a escola era o lugar onde se esperava 
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que os alunos usassem lápis e caderno para escrever de forma legível, mas hoje, se 
espera que eles escrevam coisas com sentido no caderno e no computador, e que 
também dominem a Internet. 
As crianças de classe média têm em suas casas essa comodidade e também têm 
a oportunidade de ler livros de histórias, revistas, gibis, jornais etc., ou seja, são 
crianças que vivem a inserção, a valorização e a compreensão no mundo da escrita. 
Mas isso não ocorre com todas as crianças do Brasil, principalmente com as que estão 
na escola pública. 
Para pensar em letramento, é preciso, sobretudo, pensar na multiplicidade de 
culturas brasileiras e na multimodalidade, ou seja, nos diversos modos que um texto 
assume na vida social. Na escola, os textos são trabalhados com uma única 
linguagem, que é a escrita, mas o texto pode assumir outras modalidades, conforme 
a sua aplicabilidade social (ROJO, 2009). 
O letramento, um caminho para a inclusão social 
A escola tem valorizado as práticas de leitura e escrita mais prestigiadas 
socialmente em detrimento das práticas de letramento, ou seja, as que privilegiam a 
importância que a leitura e a escrita podem assumir na vida da criança, do jovem e 
do adulto. 
Frequentemente, a escola escolhe práticas dominantes, e “o comando da 
leitura e da escrita se dá a partir de palavras e de temas significativos à experiência 
comum dos alfabetizandos e não de palavras e de temas ligados à experiência do 
educador” (FREIRE, 1986, p. 26). 
As questões relacionadas à alfabetização no Brasil são de caráter político e 
muitas vezes desencadeiam injustiças e desigualdades sociais, as quais são 
amplamente fortalecidas quando as práticas de leitura e escrita tecnicistas e as 
metodologias arcaicas afastam ou expulsam ainda mais os alunos da escola e do 
mundo letrado, sobretudo os indivíduos de classes desfavorecidas, oprimidas e 
carentes. 
Os letramentos e suas práticas puseram em xeque o tipo de conhecimento que 
a escola vinha construindo sobre a própria cultura e do que era mais importante ser 
apreendido ou descartado dentro de uma determinada sociedade. Isso obrigou a 
escola a pensar nos alunos das periferias, população esquecida quando havia 
somente ênfase nas práticas que beneficiavam as elites. 
O ensino da língua padrão, ou seja, da norma culta, cujas regras e exceções, que 
muitas vezes não têm nenhum significado com as vivências e com a história de vida 
dos alunos, devem ser decoradas e aplicadas ao texto, é uma prática muito frequente 
na escola e quase obrigatória. Cagliari (2009) afirma que ensinar a norma culta deve 
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ser uma atividade secundária em relação à aprendizagem da leitura e da escrita. Um 
exemplo clássico é a produção de um texto, cujo tema é Minhas Férias na Praia, e a 
constatação do aluno: “Professora, eu nunca fui à praia...”. 
Cortella (2001) adverte que práticas como essa tornam a sala de aula um 
ambiente arcaico, independentemente do tempo em foram feitas e usadas. Para 
tanto, o autor adverte que é preciso saber a diferença entre tradicional e arcaico: 
Tradição é aquilo que vem do passado e precisa ser protegido, guardado, 
levado adiante. Mas há coisas que vêm do passado e que têm que ficar lá no passado, 
porque elas são ultrapassadas, elas já não têm mais lugar, elas já não fazem mais 
sentido. A isso nós chamamos de arcaico. Há uma diferença entre o tradicional e o 
arcaico. O tradicional é o que veio do passado e nós temos que proteger, o arcaico é o 
que veio do passado e nós temos de descartar, deixar lá. (CORTELLA, 2001, p. 152) 
Alfabetizar Letrando 
A escola, um espaço privilegiado de interação social, torna-se excludente e 
distante de ser um ambiente propício ao “alfabetizar letrando”. 
Mas, como isso é feito? É possível alfabetizar e ao mesmo tempo letrar? São 
perguntas que exigem muitas respostas, mas a primeira delas é que alfabetizar 
letrando (SOARES, 2001) só é possível se houver condições letradas na escola e na 
sala de aula, ou seja, um espaço onde existam, circulem e sejam trabalhados textos 
de todos os tipos, que possam ser não só lidos e escritos, mas também discutidos. É 
necessário enriquecer e diversificar o ambiente escolar não só com livros, mas 
também com vídeos, filmes, desenhos, música e dança, ou seja, com todas as formas 
e vivências culturais mais amplas, haja vista a transmissão da cultura não estar mais 
restrita à leitura e à escrita. 
Distinguir alfabetização de letramento se faz necessário para podermos 
trabalhar os dois processos paralelamente. 
 É possível afirmar que alfabetização corresponde ao domínio do código 
escrito, ao sistema de escrita alfabética; 
 Enquanto as atividades de letramento referem-se às práticas sociais de leitura 
e de escrita que ocorrem na sociedade. 
Em se tratando de alfabetização e letramento para crianças, estas aprendem a 
ler e a escrever convivendo com a leitura e a escrita reais, cotidianas. 
É inegável, do ponto de vista cognitivo e linguístico, que para aprender a ler e 
a escrever é preciso fazer a relação dos sons com as letras (com os grafemas), porque 
a nossa escrita alfabética é um registro dos sons de acordo com um sistema de 
representação complexo. 
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Cabe, então, à criança, aprender a relacionar os sons da língua com 
“desenhos”, que são as letras. 
Mas, as crianças devem aprender isso primeiro ou devem ter acesso imediato 
aos livros, revistas, gibis e jornais? Na verdade, os dois devem ocorrer ao mesmotempo, para que as crianças sintam que estão aprendendo algo que tem uso, 
aplicabilidade. 
Por outro lado, cabe ao professor trabalhar com as duas práticas, por exemplo, 
a escrita é usada para muitas finalidades e varia conforme o interlocutor, assim, o 
professor pode ler uma fábula ou um texto informativo e, neste momento, a criança 
está aprendendo e entendendo para que serve e quais são os usos que são feitos da 
escrita, no contexto em que ela vive. 
Contudo, a criança deseja escrever e ler sozinha, por isso, é importante a 
intervenção do professor neste processo, que deve ser sistemático e constante. 
Quanto à alfabetização e letramento de adultos, é tarefa do professor criar 
uma diversidade de situações que trabalhem de modo qualitativo com a leitura e a 
escrita, com diferentes materiais e com situações reais, para promover interações 
que tragam os saberes que os alunos já têm e que foram apropriados fora da escola. 
Mas, como inseri-los em práticas sociais de leitura e de escrita? Trazendo essas 
situações para sala de aula, onde os alunos vão ter contato agradável, prazeroso e 
curioso com a leitura e a escrita, no sentido de buscar informações em livros, 
pesquisar o significado de uma palavra no dicionário, investigar a origem de uma 
planta etc. 
Quando o professor consegue trazer para a sala de aula os mais variados 
objetos que circulam na sociedade da qual fazemos parte, todos os suportes e os 
materiais impressos, ele privilegia a reflexão da sua prática, e mais ainda, ele 
consegue justificar o que se faz e por que se faz, ou seja, auxilia os alunos a 
dominarem o sistema e a saberem quantas letras são necessárias para escrever uma 
palavra, ou quantas letras cada palavra tem. 
Trazer as práticas sociais para o interior da escola é, sobretudo, olhar primeiro 
para fora da escola, para ver como ocorre esse processo. 
Alfabetizado, letrado, analfabeto e iletrado 
Estas não são palavras desconhecidas; algumas delas, inclusive, já foram 
usadas de maneira pejorativa. Quando alguém tinha intenção de ofender uma 
pessoa ou taxá-la de ignorante, era comum ouvirmos “esse é um analfabeto de pai e 
mãe”. 
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Muitas vezes, do ponto de vista social, a afirmação era verdadeira. A falta de 
oportunidade e acesso à escolarização não era e ainda não é um caso isolado. Apesar 
de a taxa de analfabetos ter caído no período de 2011 a 2013, ainda há no Brasil, 
segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cerca de 13 milhões 
de pessoas acima de 15 anos analfabetas. Entretanto, essas pesquisas investigam o 
nível de analfabetismo da população brasileira, ou seja, a quantidade de pessoas que 
não sabe ler ou escrever, e não o nível de letramento, o qual revela a capacidade de 
usar adequadamente a leitura e a escrita e de saber ler e escrever um requerimento, 
um bilhete, uma procuração, um ofício etc. 
Os conceitos ‘estado' e ‘condição' são fundamentais para entendermos a 
diferença que há entre analfabeto, alfabetizado e letrado (SOARES, 2009). Por 
exemplo, pode-se citar uma criança, um jovem ou um adulto quando aprende ler e a 
escrever. Até então, essa pessoa era analfabeta, ou seja, até aquele determinado 
momento, antes de alguém começar o processo de alfabetização, ela era analfabeta. 
Quando o processo se inicia, ela começa a se alfabetizar, a letrar-se, portanto, vai aos 
poucos se tornando letrada. 
“E isso tudo vem explicitado ou sugerido ou escondido no que chamo de 
‘leitura do mundo' que precede sempre a ‘leitura da palavra’” (FREIRE, 1997 p. 90). 
Uma pessoa letrada passa a viver e conviver num mundo onde as respostas 
oferecidas pelo senso crítico são as que mais o convencem e as que melhor o 
esclarecem para o entendimento de fatos que explicam os fenômenos da realidade. 
A mudança de classe social não é garantida, contudo, há grandes 
probabilidades de melhorias, alcançando uma ocupação social de maior destaque e 
poder aquisitivo. 
O anseio à cultura e às práticas afins é praticamente inevitável no mundo 
letrado. Portanto, um iletrado e vinculado permanentemente à “condição de” são 
palavras que, de fato, esclarecem e diminuem a distância entre analfabeto e iletrado. 
É possível que daqui a alguns anos novos conceitos sejam incorporados à 
educação pelos mesmos motivos que o conceito de letramento surgiu, qual seja, para 
andar ao lado do conceito de alfabetização. 
Contudo, é preciso que saibamos que não adianta buscarmos novas práticas e 
técnicas se não conquistarmos o que ainda não temos, que é uma educação de boa 
qualidade para todos. 
Não estamos falando de escola pública ou privada, de ricos ou de pobres, mas 
de escola boa ou ruim. 
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Muitos educadores repetem o mesmo discurso: “vamos alfabetizar nossos 
alunos num resgate à cidadania”. 
A frase é válida, mas uma reflexão quanto à palavra resgate se faz necessária. 
Só resgatamos algo que um dia tivemos, que já foi nosso e que perdemos. 
Sabemos que muitos indivíduos não tiveram sequer uma chance de serem 
cidadãos nem puderam exercer a cidadania, num país tão caracterizado por 
desigualdades e injustiças sociais como o Brasil. 
Sabemos que “a alfabetização é o momento mais importante da formação 
escolar de uma pessoa” (CAGLIARI, 2002, p. 10), mas dominar a leitura e a escrita é 
um privilégio de poucos, sobretudo das elites. 
A História demonstrou correspondência entre essas desigualdades e as 
relações de poder. A escrita era e é forte instrumento de reivindicação e de 
transformação social, portanto, a alfabetização e o letramento são um problema que 
ultrapassa as esferas da Educação e da ação do professor Alfabetizador/Letrador. 
É por essas razões que a busca do conhecimento em novas técnicas, teorias e 
estudos não pode se esgotar jamais, pois como já dizia Paulo Freire, o professor antes 
de tudo deve exercer sempre a curiosidade epistemológica, dentro e fora da sala de 
aula. 
 
 
Fonema: é a menor unidade sonora do sistema fonológico de uma língua. Fonologia 
é a disciplina que estuda cada um dos sons da voz. 
Grafema: é a unidade fundamental de todo e qualquer sistema de escrita, sendo 
indivisível (base) e abstrato (não material). Por serem a base dos sistemas de escrita, 
os grafemas permitem diferenciar palavras com sonorização e/ou escrita muito 
próximas (homônimas perfeitas). 
Grafocêntrica: diz respeito às imagens visuais. Quando vemos uma placa de trânsito, 
é possível entendermos o seu significado sem que haja necessariamente uma escrita 
indicativa. Portanto, do ponto de vista grafocêntrico, lemos as imagens. 
Psicogênese: é a parte da Psicologia que se dedica ao estudo da origem e do 
desenvolvimento dos processos mentais, das funções psíquicas e das causas 
psíquicas, que podem causar uma alteração no comportamento dos indivíduos. 
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Segundo Magda Soares (2013), a principal contribuição das autoras foi a de 
deslocar a centralidade do processo de alfabetização, até então baseado nos métodos 
de ensino, para o sujeito que aprende. E essa também é a interpretação de Luiz Carlos 
Cagliari (1998) quando afirma que a alfabetização pode ser vislumbrada a partir de 
duas concepções, uma baseada no ensino e outra na aprendizagem. 
Para o autor, ao contrário do que muitos pensam, ensino e aprendizagem não 
são sinônimos e, portanto, revelam dois diferentes métodos de alfabetização: o 
método de ensino e o método deaprendizagem. O método de ensino é aquele baseado 
no professor e nas cartilhas, parte de uma abordagem homogênea na qual se entende 
que todos os alunos pouco ou nada sabem quando ingressam na escola e, assim, 
podem receber o mesmo conteúdo com as mesmas estratégias de ensino, 
indistintamente. No método de ensino os erros cometidos pelo aluno são 
trabalhados a partir da repetição, até que o aluno possa reproduzir o modelo de 
escrita esperado pela escola. 
O método de aprendizagem, por sua vez, está centrado no aprendiz e 
reconhece que ao ingressar na escola cada aluno traz diferentes bagagens de 
conhecimento sobre o universo da escrita. Por essa razão, cabe ao professor 
identificar, considerar e valorizar tais conhecimentos. Como cada aluno pode trazer 
mais ou menos familiaridade com a escrita, o método de aprendizagem se torna uma 
prática heterogênea, visto que pressupõe diferentes intervenções por parte do 
professor. No método de aprendizagem, os erros são analisados como hipóteses de 
construção do conhecimento e permitem ao professor discutir as convenções da 
escrita com o aluno. Este método exige do professor alfabetizador maior reflexão e 
conhecimento sobre o conteúdo que ensina (CAGLIARI, 1998). 
Pela similaridade com a teoria apregoada por Ferreiro e Teberosky (1986) e por 
Ferreiro (2011), o método de ensino e o método de aprendizagem, conforme nomeia 
Cagliari (1998), podem ser entendidos como, respectivamente, método tradicional 
e método construtivista de alfabetização. Entretanto, a associação da terminologia 
método ao conceito de construtivismo é bastante discutível. Soares (2013) afirma 
que o conceito de método precisa ser ressignificado, pois por muito tempo esteve 
associado aos métodos de ensino baseados nas cartilhas de alfabetização. Para a 
autora, esta é a razão pela qual, atualmente, a palavra método tem sido tão rejeitada, 
dentro e fora da escola. Ademais, cabe destacar que Ferreiro e Teberosky (1986) 
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alegam, logo no primeiro parágrafo da introdução de sua obra, que não pretendem 
propor uma nova metodologia de aprendizagem, e sim compartilhar a análise dos 
dados obtidos no decorrer de dois anos de um trabalho experimental. 
Com base na pesquisa realizada pelas autoras, bem como na teoria cognitiva 
de Jean Piaget, cujo aporte teórico trata do desenvolvimento da criança através de 
uma sequência de etapas, Ferreiro e Teberosky (1986) propuseram uma sequência 
de níveis evolutivos pelos quais a criança na fase da alfabetização perpassa até 
alcançar a escrita escolar convencional. Nas palavras de Ferreiro: 
Não há forma de recuperar por introspecção a visão do sistema de escrita que 
tivemos quando éramos analfabetos (porque todos fomos analfabetos em algum 
momento). Somente o conhecimento da evolução psicogenética pode nos obrigar a 
abandonar uma visão adultocêntrica do processo. (FERREIRO, 2011, p. 32). 
Segundo Cagliari (1998, p. 48), muitas vezes, o adulto julga que sabe o que é 
mais fácil ou mais difícil de se ensinar ao aluno. Assim, começa, por exemplo, 
ensinando a letra A, ao invés da letra X. Para o autor esse é um grande equívoco do 
professor, pois tanto o uso da letra A como o da letra X são igualmente complexos 
dentro da produção escrita para o alfabetizando. Se a letra X gera confusões quando 
utilizada com som de CH em lixo, com som de S em próximo, com som de Z em exame 
ou com som de KS em táxi, por sua vez, para o aluno que fala “fizeru” ou “acharu” é 
difícil compreender por que deve usar a letra A, grafando fizerAm ou acharAm. Da 
mesma forma, ao falar “todamiga”, o aluno pode não compreender por que deve 
registrar duas letras A todA Amiga, quando pronunciou apenas uma. 
Por essa razão, a teoria psicogenética da aquisição da escrita resgata o percurso 
da criança em seu processo de alfabetização. Ferreiro e Teberosky (1986), em seu 
estudo experimental, se propuseram a ouvir crianças com idade entre quatro e seis 
anos, com o intuito de conhecer e compreender suas interpretações e processos de 
construção da escrita. 
A análise dos registros feitos pelas autoras identificou que a princípio desenho 
e escrita se confundem, pois para as crianças toda marca visível sobre o papel possui 
a representação gráfica de um conceito. Assim, é comum que ao ser solicitada a 
escrever o nome de alguém a criança desenhe essa pessoa, ou ainda que represente 
diferentes pessoas ou objetos a partir de círculos (bolinhas) ou de linhas verticais 
(pauzinhos). Segundo Ferreiro (2011, p. 18): 
As primeiras escritas infantis aparecem, do ponto de vista gráfico, como 
linhas onduladas ou quebradas (ziguezague), contínuas ou fragmentadas, ou então 
como uma série de elementos discretos repetidos (séries de linhas verticais, ou de 
bolinhas). 
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Para a autora, a evolução da escrita ocorre quando: 
1) a criança entende a distinção entre o desenho como um modo de 
representação icônico e a escrita como um modo de representação não icônico; 
2) a criança desenvolve critérios quantitativos (número de letras) e 
qualitativos (quais letras utilizar) de escrita; e 
3) a criança realiza a fonetização da escrita (estabelece a relação entre fonema 
e grafema, compreendidos no período silábico e no período alfabético). 
Conforme Anacleto (2013), com o tempo a criança passa a elaborar hipóteses 
sobre a diferença entre o desenho e a escrita, inferindo que a escrita representa o 
nome do objeto desenhado. Essa etapa seria denominada por Ferreiro e Teberosky 
(1986) como “hipótese do nome”. Anacleto (2013) alega que, nessa fase, a criança 
ainda guarda estreita relação com a representação icônica da escrita. Pouco tempo 
depois, ela começa a aceitar que o escrito não depende do desenho, mas da 
significação de um adulto. Logo, se um adulto disser que ali está escrito banana, a 
criança acreditará. Nessa etapa, ainda há uma certa resistência à leitura de verbos, 
uma vez que esses são dificilmente representados por meio de um desenho, o que 
demonstra que a criança ainda acredita que a escrita (mesmo desacompanhada do 
desenho) está associada à lógica do desenho. 
Um período posterior consiste na fase da conceituação. Nessa etapa, a criança 
já começa a atribuir propriedade gráfica ao texto, porém, utiliza as letras ainda sem 
um valor sonoro. Reside nessa fase uma série de hipóteses que a criança começa a 
elaborar sobre as características da escrita, que permitem ao texto ser ou não legível. 
Dentre essas características cabe destacar: 
• A quantidade suficiente de caracteres: segundo a opinião das crianças 
participantes da pesquisa de Ferreiro e Teberosky (1986, p. 40) “com poucas letras 
não se pode ler”. Assim, um número ideal de letras consiste em três caracteres, caso 
contrário, a palavra “não serve para ler”. A explicação se torna oportuna para se 
compreender por qual razão as primeiras escritas de crianças, em geral, evitam o 
registro de uma palavra com menos de três letras. Assim, para as crianças, a 
legibilidade de um texto depende de uma quantidade suficiente de letras. 
• A variedade de caracteres: palavras constituídas pelas mesmas letras 
MMMMM ou AAAAA foram rejeitadas pelas crianças como legíveis. Mesmo 
apresentando a quantidade aceitável de caracteres (mais que três letras), as crianças 
alegaram que o fato de todas as letras serem iguais não permitia a leitura. 
Além da quantidade e variedade de caracteres, Ferreiro e Teberosky (1986) 
também investigaram a interpretação das crianças de palavras grafadas em letra 
imprensa e letra cursiva. Nesse contexto, algumas crianças avaliaram que os cartões 
Gostou? Então

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