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Agricultura - Solos

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. BUENO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Iporá - GO 
2014 
 
 
 1 
SOLO 
Conceito 
Solo é a camada natural e superficial da Litosfera (crosta terrestre), constituída de 
matéria orgânica (húmus) e de minerais desintegrados e decompostos pela ação do 
intemperismo físico, químico e biológico, na qual as plantas fixam suas raízes e de onde 
retiram, através destas, ar, água e os elementos químicos necessários para sua formação, 
desenvolvimento e produção. 
Origem e formação 
Os solos tem sua origem apartir da transformação das rochas (ígneas, sedimentares e 
metomórficas) pela desintegração, decomposição e ação de organismos vivos, que ao longo do 
tempo, formam camadas distintas, a crosta terrestre. 
Solo = f ( rocha + clima + relevo + organismos + tempo) 
As rochas (Ígneas, sedimentares, metamórficas,) situadas em posições diferentes na 
superfície (relevo) da Litosfera terrestre, ao longo bilhões de anos (tempo), têm sofrido 
desgastes pela ação das variações de temperatura, pressão e umidade (fatores climáticos) que 
culminam pôr desintegrá-las em partículas cada vez menores e promovem mudanças em sua 
composição química, possibilitando que organismos pouco exigentes (líquens pôr exemplo) ali 
nasçam, cresçam, reproduzam e morram, incorporando-se ao substrato, modificando-o, 
melhorando as condições deste, para que organismos mais exigentes, também possam 
nascer, desenvolver-se e ao morrer, incorporem-se novamente ao substrato, melhorando ainda 
mais as condições para que outros organismos mais exigentes, como os vegetais, possam ali 
se fixar e retirar o seu sustento. Este material mineral desintegrado, decomposto e enriquecido 
de húmus, constitui o solo. 
Os processos de transformação da rocha em solo denominam-se intemperismo: 
Físico – quando ocorre a quebra das partículas minerais e orgânicas a proporções cada 
vez menores (Desintegração), por variações de temperatura, pelo calor ou congelamento de 
água em fissuras, ou pela ação mecânica do vento e da água. 
Químico – quando os elementos químicos existentes nas partículas reagem com os 
elementos químicos do ar, da água, de outras partículas e entre si, alterando as moléculas das 
substâncias (Decomposição), levando à remoção de elementos químicos e à formação de 
novos minerais. 
Biológico – quando macro ou microorganismos (vegetais e animais) utilizam do material 
existente, sintetizando substâncias insolúveis (inaproveitáveis pelas plantas) em substâncias 
solúveis e/ou fixando o nitrogênio do ar no solo, possibilitando o aproveitamento pelas plantas 
dando a condição necessária ao seu desenvolvimento e produção. 
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Perfil do solo 
Os processos de formação do solo, inicialmente agem na superfície, mas, 
progressivamente, aprofundam-se conforme as condições ambientais, transformando o 
material rochoso de cima para baixo, ficando este, na maioria das vezes, sobre a própria “rocha 
matriz”, em camadas distintas de diferentes composições e profundidades, revelando os 
estágios de ação dos fatores de intemperização sobre o material original. 
Essas camadas que constituem o “perfil do solo” são denominadas de “horizontes” e sua 
análise é de fundamental importância no estudo do solo para que se determine sua 
classificação e aptidões. 
Perfil do solo, portanto, é a secção vertical do solo que se estende da superfície até 
onde penetra a ação do intemperismo. 
Os horizontes são representados pelas letras iniciais e maiúsculas do alfabeto, 
acompanhadas de numeração para indicar as fases de transição. 
 
Descrição de um perfil hipotético completo: 
 
 
 
 
 
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Características dos horizontes: 
a) Horizonte “O” ou Orgânico - É a camada formada pôr matéria orgânica em início de 
decomposição; geralmente ela se apresenta tão fina que chega a ser ignorada na descrição do 
perfil. Divide-se em: 
O1 - Folhas soltas e resíduos orgânicos não decompostos; 
O2 - Resíduos orgânicos parcialmente decompostos. 
b) Horizonte principal “A” – Horizonte mineral com grande acúmulo de matéria 
orgânica em decomposição, elevada atividade biológica, remoção de materiais dissolvidos ou 
suspensos em água (eluviação), variação de temperatura e umidade, coloração mais escura e 
é mais solto. É a camada onde as plantas geralmente desenvolvem suas raízes e retiram seu 
alimento (água e nutrientes). Divide-se em: 
A1 - subhorizonte com máximo acúmulo de matéria orgânica, misturado com material 
mineral; 
A2 - subhorizonte que apresenta as características mais fortes do horizonte; zona de 
máxima eluviação. 
A3 - subhorizonte que representa a passagem do horizonte “A” para o horizonte “B”, 
porém com maiores características de “A”. 
c) Horizonte principal “B” - Camada rica em argila, devido o transporte desta fração do 
horizonte “A”. A cor deste horizonte é dada pela combinação de cores dos diferentes tipos de 
argila e óxidos presentes nesta camada, tornando-se um ponto chave no processo de 
classificação do solo. É também explorada pelas raízes das plantas em busca de alimento e 
sustentação, embora em menor quantidade que no horizonte anterior. Divide-se em: 
B1 - subhorizonte que representa a passagem do horizonte “A” para o horizonte “B”, 
porém com maiores características de “B”; 
B2 - subhorizonte com máximo acúmulo de argila ou expressão de cor; 
B3 - subhorizonte que representa a passagem do horizonte “B” para o horizonte “C”, 
porém com maiores características de “B”. 
d) Horizonte “C” - Caracteriza-se pela presença de minerais primários (rocha em 
decomposição). A presença de raízes nesse horizonte é mínina. 
e) Horizonte “R” - É a própria “rocha mãe” ou “rocha matriz” do solo e, geralmente 
estabelece a sua profundidade. 
 
 
 
 
 
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SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DO SOLO (SiBCS) (2005) 
Ordem Caracteristicas 
1- Argissolos 
Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B texturall 
imediatamente abaixo do A ou E, com argila de atividade baixa ou alta. 
2- Cambissolos 
Solos constituido por material mineral com horizonte B incipiente subjacente a 
qualquer tipo de horizonte superficial. 
3- Chernossolos 
Solo mineral, que apresentam horizonte A chernozêmico seguido por horizonte B 
incipiente ou B textural, com argila de atividade alta e saturação por bases alta. 
4- Espodossolos 
Solo mineral, apresentando horizonte B espódico, imediatamente abaixo de 
horizonte E, A, ou horizonte hístico, dentro de 200cm da superfície do solo. 
5- Gleissolos 
Solo mineral com horizonte glei iniciando-se dentro dos primeiros 150cm da 
superfície, imediatamente abaixo de horizonte A ou E. 
6- Latossolos 
Solo mineral, apresentando horizonte B latossólico abaixo de qualquer tipo de 
horizonte A, mede 200cm, se o horizonte A apresenta mais que 150cm, pode 
alcançar até 300cm. 
7- Luvissolos 
Solo mineral, apresentando horizonte B textural com argila de atividade alta e alta 
saturação por bases, abaixo de qualquer tipo de horizonte A, exceto A 
chernozêmico. 
8- Neossolos 
Solo mineral pouco evoluído, constituído por material mineral ou por material 
orgânico com menos de 20cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de 
horizonte B. 
9- Nitossolos 
Solo mineral com 350g/kg ou mais de argila, inclusive no horizonte A, argila de 
atividade baixa na maior parte do horizonte B, dentro de 150cm da superfície. 
10-Organossolos 
Solos constituídos por material orgânico (teor de carbono orgânico maior ou igual 
a 80 g/kg de TFSA), que apresentamhorizonte hístico. 
11- Planossolos 
Solos constituídos por material mineral com horizonte A ou E seguidos de 
horizonte B plânico, não coincidente com horizonte plíntico ou glei. 
12- Plintossolos 
Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte plíntico ou 
litoplíntico ou concrecionário. 
13- Vertissolos 
Solos constituídos por material mineral com horizonte vértico entre 25 e 100cm de 
profundidade e relação textural insuficiente para caracterizar um B textural 
 
 
 
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Composição Volumétrica do Solo: 
 
Figura 1- Composição volumétrica ídeal do solo em porcentagem da fase sólida (Minerais e 
matéria orgânica), da fase líquida (água) e da fase gasosa (ar). 
 
Um solo ideal para o plantio deve apresentar em torno de 50% de material sólido e 50% 
de poros (espaços vazios). A parte sólida do solo apresenta ±45% de material mineral e ±5% 
de material orgânico. Os poros estão divididos em macroporos (espaços grandes, através dos 
quais o ar e a água circulam) e microporos (espaços pequenos, através dos quais a água fica 
retida), apresentando ±25% de ar e ±25% de água. 
A matéria mineral, formada pôr partículas de diferentes tamanhos (pedras, seixos, 
aréias, limos e argilas), tem sua origem nas rochas, sendo a argila a menor delas (menos que 
0,002 mm de diâmetro) é também a mais ativa e, ao contrário das outras (inertes) fornece os 
nutrientes às plantas, através da “solução do solo”. 
A matéria orgânica, formada pôr resíduos vegetais e animais, às vezes já decompostos 
e incorporados (húmus), torna o solo solto e poroso. Ela retém umidade, forma galerias e 
enriquece o solo em nutrientes, muito especialmente o “nitrogênio”, que não tem origem na 
matéria mineral. 
A água do solo é mais rica em sais, pois nela estão dissolvidos os elementos químicos 
da matéria mineral e da orgânica, constituindo a solução do solo, de onde as plantas retiram os 
nutrientes. 
Existem três tipos de condições de água no solo: 
Água supérflua ou livre - existindo, principalmente, depois das chuvas saturando o 
solo. Perde-se pôr gravidade enquanto provoca “erosão” (arrastamento das partículas do solo 
declividade abaixo) e “lixiviação” (lavagem dos nutrientes do solo para os horizontes inferiores), 
determinando o “ponto de saturação” do solo; 
Água disponível – distribui-se pelos poros, solta ou levemente presa às partículas do 
solo, determinando sua “capacidade de campo”, pois é aproveitada pelas plantas; 
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Água indisponível – é tão pouca que se encontra fortemente presa às partículas do 
solo, não sendo mais aproveitada pelas plantas, pois elas não conseguem retirá-la, 
determinando o “ponto de murcha” do solo. A progressiva perda de água conduzirá ao “ponto 
de murcha permanente” do solo, com morte das plantas. 
O ar do solo é mais concentrado em gás carbônico (CO2) produzido pela respiração das 
raízes e na decomposição da matéria orgânica, necessitando de aeração (renovação) pois o 
oxigênio do ar do solo (O2) é essencial para a respiração das raízes e microorganismos. 
 
PROPRIEDADES DOS SOLOS 
Morfologia do solo - descrição da aparência do solo no campo (perfil). Características 
visíveis a olho nu ou perceptíveis por manipulação. 
Propriedades Físicas: 
Textura - é a distribuição percentual das partículas sólidas do solo em diferentes classes 
texturais. 
Tipos de frações ou partículas minerais do solo: 
- Areia - são partículas que apresentam diâmetro entre 2,0 a 0,02mm. Não possui CTC, 
não fornece nutrientes às plantas. É áspera ao tato. 
- Limo ou Silte - são partículas que apresentam diâmetro entre 0,02 e 0,002mm. Possui 
pequena CTC.É macia ao tato. 
Argila - são partículas que apresentam diâmetro menor que 0,002mm. Possui alta CTC. 
É a fração ativa do solo. É liguenta ao tato. 
Escala de tamanho das partículas minerais dos solos, em mm, proposta pela Sociedade 
Internacional de Ciência do solo (ISSC): 
Fração 
Limites dos diâmetros das partículas 
(mm) 
Argila < 0,002 
Silte ou limo 0,002 – 0,02 
Areia fina 0,02 – 0,2 
Areia grossa 0,2 – 2 
Cascalho 2 – 20 
Pedras > 20 
 
A distribuição percentual das partículas de um amostra de solo é determinada em 
laboratório de física do solo. A maior ou menor proporção de areia, silte e argila, encontrada 
nos solos, determina a textura dos mesmos, como mostrado no diagrama da figura 1. 
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Figura 2 - Porcentagem de areia, silte e argila nas principais classes texturais do solo. Para 
usar o diagrama, localise a porcentagem de areia, em primeiro lugar e projete para dentro, 
como mostrado pela seta. Proceda de igual modo para o percentual de silte (ou argila). O ponto 
em que as projeções se cruzarem, identificará o nome da classe. 
 
Tipos de Matrizes Texturais: 
Textura arenosa - São solos que apresentam mais de 85% de areia; apresentam textura 
grosseira ou leve; são permeáveis e de fácil lixiviação; não oferecem resistência à erosão; são 
“pobres” em nutrientes para as plantas. 
Textura limosa ou siltosa - São solos que apresentam menos de 35% de argila e menos 
que 85% de areia, apresentam condições intermediárias entre os solos arenosos e os 
argilosos. 
Textura argilosa - São solos que apresentam mais de 35% de argila; são pesados e 
possui grande capacidade de reter água e de fornecer nutrientes às plantas. 
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Geralmente de acordo com o teor de argila temos: 
ARGILA 
(%) 
TEXTURA 
60 – 100 Muita argilosa 
35 – 60 Argilosa 
15 – 35 Média 
0 – 15 Arenosa 
 
Partículas coloidais 
À medida que os solos são formados, durante os processos de intemperização, alguns 
minerais e a matéria orgânica são reduzidos a partículas extremamente pequenas. Alterações 
químicas diminuem ainda mais estas partículas até o ponto em que elas não podem mais ser 
vistas a olho nu. Estas partículas de menor tamanho é que são chamadas de “colóides”. Os 
colóides argilosos são frações menores que 0,001 mm ou 1 micra. Os colóides orgânicos 
constituem-se no húmus, produtos da decomposição da matéria orgânica, transformados 
biologicamente. 
Os colóides (argila ou húmus) apresentam, em geral, um balanço de cargas negativas (-) 
desenvolvido durante o processo de formação. Isto significa que eles podem atrair e reter íons 
com cargas positivas (+), figura 3, da mesma forma que pólos diferentes de um imã são 
atraídos, ao passo que repelem outros íons de carga negativa, como pólos iguais de um imã se 
repelem. Em certos casos, os colóides podem, também, desenvolver cargas positivas (+). 
Muitos solos da região tropical apresentam também cargas positivas, muito embora na 
grande maioria predominem as cargas negativas. Mesmo em solos que apresentam um teor 
considerável de cargas elétricas positivas, a presença da matéria orgânica, cuja quase 
totalidade é formada por cargas negativas e dependentes do pH, leva a um balanço final de 
cargas negativas nas camadas superiores do solo. Isto não elimina a possibilidade de ocorrer 
em certos solos, nas camadas subsuperficiais, uma predominância de cargas positivas. 
 
Capacidade de troca de cátions (CTC) e capacidade de troca de ânions (CTA) 
As partículas (colóides) do solo apresentam cargas elétricas negativas e/ou positivas, 
sendo que as diferenças entre estas cargas induzem à retenção de cátions ou ânions. Este 
fenômeno, de extrema importância na natureza, é chamado troca ou adsorção iônica, podendo 
ser catiônica (CTC) - Al3+, Ca2+, Mg2+, K+, Na+, NH4+, etc.; ou aniônica (CTA) - NO3-, PO4-, 
HPO42-, HCO3-, SO42-, etc. Como nos solos, em geral, predominam as cargas negativas, os 
estudos envolvendo CTC são muito mais abundantes do que aqueles sobre CTA. 
 
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Figura 3 – Partícula coloidal de cargasnegativas atraindo cátions. 
 
Cátions retidos (adsorvidos) nos colóides do solo podem ser substituídos por outros 
cátions. Isto, em termos práticos, significa que eles são trocáveis. O cálcio pode ser trocado 
por hidrogênio e, ou, potássio, ou vice-versa. O número total de cátions trocáveis que um solo 
pode reter (a quantidade de sua carga negativa) é chamado de sua Capacidade de Troca 
(adsorção) de Cátions ou CTC. Quanto maior a CTC do solo, maior o número de cátions que 
este solo pode reter. Portanto, a CTC é uma característica físico-química fundamental ao 
manejo adequado da fertilidade do solo. 
Estrutura - é o arranjamento das partículas do solo em agregados, ou seja, é a forma 
como o solo se organiza, influenciando decisivamente na permeabilidade e na resistência a 
erosão do solo. Os principais tipos de estruturas são: cúbica, colunar, laminar e granular. 
Cor - A cor do solo tem origem na composição mineralógica da “rocha mãe”, sendo 
moldada pelo ambiente. Geralmente, os solos vermelhos são ricos em ferro (Fe+2), escuros 
ricos em matéria orgânica, os claros ricos em areia e os cinzas revelam que sofreram 
hidromorfismos (Fe+3). 
Porosidade – refere-se a quantidade de poros do solo, sendo função do tamanho e do 
arranjo de suas partículas, é a porção ocupada pelo ar e pela água. 
Geralmente os solos mais porosos são aqueles em que predominam as partículas 
pequenas (argilas); que tem suas particulas minerais distribuídas em agregados e; com 
maiores teores de matéria orgânica. Num solo há predominância de água nos microporos e ar 
nos macroporos. 
Permeabilidade – é a maior ou menor capacidade que um solo apresenta em deixar 
passar água e ar. 
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Nos solos arenosos a permeabilidade é grande ou seja, é rápida, sendo pequena ou 
lenta nos solos argilosos e compactos. 
Camadas impermeáveis no solo podem ser formadas dificultando a absorção de água e 
renovação do ar; na superfície são conhecidas como “camadas envidradas” (removidas ou 
destruídas pela escarificação, aração e gradagem) e no subsolo como “piso de arado” ou “pé 
de grade” (quebradas ou rompidas pela subsolagem ou arações profundas). 
Profundidade – o solo além de fornecer água, ar e nutrientes para as plantas, serve 
também, como suporte físico adequado para fixar-las e permitir que elas se desenvolvam. 
Quanto mais as raízes penetrar no solo, tanto lateralmente como para baixo, maior será a 
quantidade de água e nutrientes à sua disposição e se fixará melhor ao solo, evitando 
tombamentos. A profundidade do solo deve ser maior que a profundidade média do sistema 
radicular da cultura de interesse. Solos com profundidades acima de 2m, são profundos, ideais 
para maioria das culturas. 
 
Propriedades químicas 
Elementos químicos essenciais 
Cerca de dezesseis elementos são considerados essenciais para o crescimento vegetal. 
Os únicos elementos químicos que não são originado das rochas são o nitrogênio (N) e 
carbono (C) e que são incorporados ao solo pela matéria orgânica. O oxigênio e o Hidrogênio, 
embora encontrados em grandes quantidades nas rochas, as plantas retiram da água. 
Chamamos de elementos essenciais, todos aqueles elementos químicos em que na ausência 
total de um deles, a planta não completa seu ciclo de vida. 
Os nutrientes essenciais se dividem em: 
Macronutrientes - são aqueles nutrientes que as plantas exigem em maior quantidade: 
 
Nome Símbolo Químico Fórmula absorvível Observações 
Carbono C CO2 
Nutrientes retirados do ar e da 
água. 
Oxigênio O H2O 
Hidrogênio H H2O 
Nitrogênio N NO3- e NH4+ 
Macronutrientes Principais. Fósforo P H2PO4- e HPO4-2 
Potássio K K+ 
Cálcio Ca Ca+2 
Macronutrientes Secundários. Magnésio Mg Mg+2 
Enxofre S SO4-2 
 
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Micronutrientes - São aqueles que as plantas exigem em menor quantidade: 
Nome Símbolo Químico Fórmula absorvível 
Ferro Fé Fe+2 
Zinco Zn Zn+2 
Cobre Cu Cu+2 
Manganês Mn Mn+2 
Cloro Cl Cl- 
Boro B H2BO3- 
Molibidênio Mo MoO4-2 
Níquel Ni Ni+2 
 
Minerais do solo 
Os minerais existentes no solo refletem o material de origem, ou "rocha-mãe", bem 
como os processos de intemperismo. Os minerais da rocha-mãe, que ainda persistem no solo, 
são conhecidos como minerais primários. Os minerais secundários são os que se formam dos 
produtos de decomposição do material de origem do solo. Os principais minerais que ocorrem 
em solos são do grupo dos silicatos e os óxidos de ferro e alumínio. 
As partículas mais grosseiras do solo são mais ricas em minerais primários. Destaca-se 
o mineral quartzo que, pela sua resistência, é o mineral mais abundante das areias de quase 
todos os solos. Dependendo do grau de intemperismo dos solos, outros minerais podem ser 
mais ou menos abundantes nas frações grosseiras do solo. Os principais são feldspatos, 
micas, magnetita e ilmenita. 
Na fração argila são encontrados minerais secundários, destacando-se os chamados 
minerais de argila e os óxidos de ferro e alumínio. Os minerais de argila são silicatos de 
alumínio hidratados que apresentam estruturas laminares. As estruturas básicas dos minerais 
de argila são lâminas de tetraedros de sílica e lâminas de octaedros de alumina. Com base no 
número dessas lâminas, os minerais de argila são classificados no tipo 2:1, contendo duas 
lâminas de tetraedros de sílica e uma lâmina de octaedros de alumina, e no tipo 1:1, com uma 
lâmina de tetraedros de sílica e uma lâmina de octaedros de alumina. 
O mineral de argila do tipo 1:1 mais comum em solos tropicais é a caulinita e do tipo 2:1 
são a ilita, a montmorilonita e a vermiculita. 
Uma das propriedades importantes dos minerais de argila é a troca de cátions, devido à 
existência de carga elétrica negativa na superfície das partículas. Essa carga elétrica negativa, 
principalmente nos minerais de argila do tipo 2:1, é de caráter permanente, tendo origem em 
um desbalanceamento estrutural causado por substituições isomórficas. A substituição de 
silício tetravalente por alumínio trivalente na camada tetraédrica de sílica, e de alumínio 
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trivalente por magnésio divalente, na camada octaédrica de alumina, gera o excesso de carga 
negativa. 
Outros minerais existentes na fração argila de solos e abundantes em solos de regiões 
tropicais são os chamados óxidos de ferro e alumínio, ou seja: 
Gibbsita - Al(OH)3 
 Goetita - FeOOH 
Hematita – Fe203 
Os minerais de argila do tipo 2:1 caracterizam-se por elevada superfície específica, que 
no caso da montmorilonita, expandem-se e apresentam superfícies internas. Por essa razão, 
são minerais de alta atividade de superfície. Por isso mesmo e pela riqueza em elementos 
como magnésio e silício, esses minerais não persistem em solos de climas quentes e úmidos, 
favoráveis ao intemperismo e à remoção desses componentes. A caulinita, por outro lado, 
apresenta uma atividade e superfície específica bem mais baixa. O mesmo acontece com 
óxidos de ferro e alumínio, de uma maneira geral. 
 
Matéria orgânica 
A existência da matéria orgânica no solo demonstra a ação dos agentes biológicos, 
diferenciando o solo do material de origem. Devido à atividade biológica, o solo passa a conter, 
através da matéria orgânica, dois importantes elementos não existentes no material de origem 
do solo carbono e nitrogênio. 
O desenvolvimento gradativo de vegetais e outros organismos, no processo de 
transformação de rochas em solos, permite o acúmulo progressivo de matéria orgânica, até um 
nível de equilIbrio entre adições e perdas por decomposição. A formação do solo leva tempo, 
centenas ou talvez milhares de anos. O carbono da matéria orgânica provém do gás carbônico 
(CO2) do ar, fixado pelas plantas clorofiladasatravés do processo de fotossíntese. O nitrogênio 
provém de pequenas adições anuais de nitrogênio inorgânico pela água da chuva e fixação do 
nitrogênio atmosférico por microorganismos. Em um determinado ecossistema em equilíbrio, o 
teor de matéria orgânica do solo é relativamente constante, refletindo o equilíbrio entre a 
incorporação de novos restos orgânicos e a decomposição por ação dos organismos. 
No solo existe matéria orgânica em vários estágios de decomposição, desde tecidos 
vivos, até um produto que já sofreu uma série de processos bioquímicos de transformação. 
Denomina-se húmus aquela matéria orgânica escura, bem decomposta e relativamente 
estável, na qual não é mais possível reconhecer os materiais que lhe deram origem. 
A composição química da matéria orgânica conserva os elementos remanescentes dos 
seres vivos que a produziram, ou seja, carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e 
fósforo. Esses elementos formam a estrutura básica da matéria orgânica, constituída de 
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cadeias de carbono, envolvendo oxigênio e hidrogênio e grupamentos funcionais diversos nos 
quais destacam-se o nitrogênio, o enxofre e o fósforo. 
O húmus, ou matéria orgânica do solo, não é apenas uma fonte de nutrientes. Funciona 
como condicionador de solo, agregando partículas minerais e conferindo ao solo condições 
favoráveis de porosidade e friabilidade (solto). Além disso, ela aumenta a retenção de água em 
solos e é responsável, em grande parte, pela capacidade de troca de cátions em solos. 
 
Propriedades biológicas: 
Os organismos fazem parte do solo de maneira indissociável, sendo responsáveis por 
diversos processos de transformação que ocorrem, principalmente relacionados à matéria 
orgânica. Certamente os microorganismos são importantes, porém organismos superiores, 
como vegetais, animais e o próprio homem, afetam o solo, às vezes de maneira decisiva. 
Os organismos superiores têm uma ação física importante no solo. Os vegetais, além 
dos restos orgânicos que adicionam ao solo, perfuram-no através de suas raízes, criando 
espaços e translocando materiais de um local para outro. Diversos animais povoam o solo, 
merecendo destaque minhocas, formigas e cupins. 
As minhocas têm sido consideradas os animais mais importantes do solo. Formam 
extensos canais e melhoram a estrutura do solo, pelo processamento de materiais que 
atravessam seus organismos. No trato intestinal das minhocas existem microorganismos e 
enzimas que transformam a matéria orgânica fresca em matéria orgânica humificada e formas 
mais simples de compostos nitrogenados, incluindo uréia e amônia. Os dejetos das minhocas 
tendem a ser mais ricos que a média do solo em que vivem. As minhocas são importantes para 
levar matéria orgânica da superfície para o interior do solo. 
Os protozoários e os nematóides são os mais importantes representantes da microfauna 
do solo. Os primeiros são predadores de bactérias e de outros microorganismos. Os 
nematóides alimentam-se de matéria orgânica em decomposição, de outros microorganismos 
ou, também, de plantas superiores, das quais podem tornar-se parasitas. 
A microflora do solo compreende algas, fungos e bactérias. Algumas algas contêm 
clorofila e podem sintetizar compostos orgânicos, através da fixação do gás carbônico do ar .. 
Os fungos são importantes agentes de degradação de tecidos orgânicos em produtos 
humificados. Eles são mais ativos em solos ácidos, sendo versáteis e persistentes, degradando 
açúcares, amido, proteínas, celulose, resinas, lignina, etc. Alguns fungos do solo são 
importantes parasitas vegetais, outros associam-se com raízes de plantas, com mútuo 
benefício para a hospedeira e para o fungo. É o caso das micorrizas. 
As bactérias são outro grupo de enorme importância em solos, atuando em vários 
processos. A maioria das bactérias que ocorrem em solos são heterotróficas, retirando o 
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carbono e a energia diretamente da matéria orgânica do solo. As bactérias autotróficas, que 
obtêm sua energia de componentes minerais, tais como amônio, enxofre ou ferro, são menos 
importantes em número. Adquirem, porém, grande significado por atuarem nas reações de 
nitrificação e de oxidação de enxofre, de fundamental importância para a nutrição dos vegetais 
superiores. Algumas bactérias fixam diretamente o nitrogênio do ar, em associação ou não com 
raízes de plantas. O exemplo mais importante é o das bactérias do gênero Rhizobium, que 
fixam o nitrogênio do ar através de nódulos que formam em raízes de leguminosas. 
 
Absorção de nutrientes 
A captação dos elementos essenciais é determinada não só pela disponibilidade dos 
nutrientes retidos no solo mas também por seu posicionamento nas proximidades das 
superfícies radiculares. Os nutrientes são fornecidos às superfícies radiculares de três 
maneiras: Em primeiro lugar, à medida que as raízes penetram o solo, entram em contato com 
os colóídes do solo, onde se acham retidos os nutrientes, o que é denominado interceptação 
radicular. Em segundo lugar, alguns nutrientes se deslocam para as raízes com a água que é 
absorvida pelos vegetais. Tal movimento denomina-se fluxo de massa. Em terceiro lugar, à 
medida que os nutrientes são absorvidos pelas raizes, cria-se um gradiente de concentração 
entre a zona imediata ao redor das superfícies radiculares e as zonas de solo mais afastadas. 
Como réplica a este gradiente, inicia-se a difusão dos íons para as superfícies radiculares. 
Quanto a cátions tais como K+ e Ca+2, a difusão é, por larga margem, o veículo mais importante 
de suprimento de nutrientes às raízes. 
Captação radicular de nutrientes pelos vegetais exige íntima associação solo-raizes. A 
pesquisa porém tem claramente demonstrado que a planta não absorve simplesmente, de 
maneira passiva, os nutrientes essenciais que lhe são oferecidos. Em primeiro lugar, a 
solubilidade do nutriente é amplamente influenciada pelas exsudações radiculares e pelas 
atividades microbianas na vizinhança das raízes (rizosfera). Além disso, o ingresso dos 
nutrientes solúveis ao interior das células radiculares é estimulado pelo metabolismo das raízes 
vegetais. "Carregadores" químicos (provavelmente proteínas) transportam os íons através das 
membranas para dentro das células. Uma combinação de transporte ativo e difusão iônica 
torna possível a movimentação dos íons da solução do solo para os vasos que carreiam para 
cima os nutrientes nas plantas. A respiração pelas células radiculares supre energia para essa 
absorção de nutrientes. Assim, os processos vegetais, microbianos e de solo, promovem a 
utilização eficaz dos elementos essenciais para produção agrícola.

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