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Introdução à Filosofia: Definição e Contextualização

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Prévia do material em texto

Filosofia
Introdução à Reflexão Filosófica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Andrea Borelli 
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota 
5
• O que é Filosofia?
• Para que Filosofia?
• Filosofia Antiga – do século VI a.C ao 
século VI d.C
Para realizarem a unidade, acessem o item Documentos da Disciplina. Em primeiro 
lugar, vocês acessarão o conteúdo com o Referencial Teórico da unidade. Em seguida, 
testem seus conhecimentos, respondendo as perguntas da Atividade de Aplicação acerca 
do assunto abordado.
Vocês encontrarão também dicas de Materiais Complementares, que enriquecerão ainda 
mais seu estudo sobre o tema.
Por fim, realizem as Atividades da unidade. Ela os levará a refletir acerca da teoria estudada.
Então, bom estudo e lembrem-se: 
Em caso de dúvidas, entrem em contato pelo ambiente virtual.
Até mais!
 · Nesta unidade, vamos iniciar nosso trabalho discutindo a 
definição de Filosofia, de conhecimento, ciência e senso 
comum. Além disso, discutiremos também os principais 
períodos da Filosofia.
Introdução à Reflexão Filosófica
6
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
Contextualização
Vamos iniciar nosso trabalho, contextualizando a importância da Filosofia através de um 
texto de Karl Jaspers. 
Leia com atenção! 
O Texto vale a pena! 
A filosofia no mundo 
Mas como se põe o mundo em relação com a filosofia? Há cátedras de filosofia 
nas universidades. Atualmente, representam uma posição embaraçosa. Por 
força da tradição, a filosofia é polidamente respeitada, mas, no fundo, objeto 
de desprezo. A opinião corrente é a de que a filosofia nada tem a dizer e 
carece de qualquer utilidade prática. É nomeada em público, mas - existirá 
realmente? Sua existência se prova, quando menos, pelas medidas de defesa a 
que dá lugar. A oposição se traduz em fórmulas como: a filosofia é demasiado 
complexa; não a compreendo; está além de meu alcance: não tenho vocação 
para ela; e, portanto, não me diz respeito. Ora, isso equivale a dizer: é inútil 
o interesse pelas questões fundamentais da vida; cabe abster-se de pensar no 
plano geral para mergulhar, através de trabalho consciencioso, num capítulo 
qualquer de atividade prática ou intelectual; quanto ao resto, bastará ter 
“opiniões” e contentar-se com elas. A polêmica torna-se encarniçada [...]
Muitos políticos veem facilitado seu nefasto trabalho pela ausência da filosofia. 
Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas 
tão-somente usam de uma inteligência de rebanho. É preciso impedir que os 
homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista como 
algo entediante. Oxalá desaparecessem as cátedras de filosofia. Quanto mais 
vaidades se ensinem, menos estarão os homens arriscados a se deixar tocar 
pela luz da filosofia. Assim, a filosofia se vê rodeada de inimigos, a maioria dos 
quais não tem consciência dessa condição. A autocomplacência burguesa, os 
convencionalismos, o hábito de considerar o bem-estar material como razão 
suficiente de vida, o hábito de só apreciar a ciência em função de sua utilidade 
técnica, o ilimitado desejo de poder, a bonomia dos políticos, o fanatismo das 
ideologias, a aspiração a um nome literário - tudo isto proclama a antifilosofia. 
E os homens não o percebem porque não se dão conta do que estão fazendo. 
E permanecem inconscientes de que a antifilosofia é uma filosofia, embora 
pervertida, que, se aprofundada, engendraria sua própria aniquilação. O 
problema crucial é o seguinte: a filosofia aspira à verdade total, que o mundo 
não quer. A filosofia é, portanto, perturbadora da paz. 
Karl Jaspers 
(Adaptado de ARANHA, Maria Lucia. Filosofando, Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1993, p.78)
7
Essa pergunta permite muitas respostas...
Alguns podem apontar que a Filosofia é o “estudo de tudo” ou “o nada que pretende 
abarcar tudo”. 
Diante de tantas possibilidades, podemos iniciar nosso trabalho procurando o significado 
da palavra, que é de origem grega. Trata-se da junção de dois termos: ‘philos’ que significa 
amizade e “sophia” que significa sabedoria; portanto, Filosofia é o amor pela sabedoria.
Considerando essa ideia, podemos dizer que a Filosofia indica um estado 
de espírito, um desejo de procurar o conhecimento, cultivá-lo e respeitá-
lo. Segundo a tradição, foi o grego Pitágoras de Samos que criou esse 
conceito. Pitágoras considerava que a sabedoria absoluta era um privilégio 
divino, mas os homens poderiam desejá-la e ao se dedicarem a obtê-la, 
tornavam-se FILÓSOFOS.
A Filosofia é uma criação grega. Foram os gregos que, encantados com o mundo que os 
cercava e insatisfeitos com as explicações de caráter tradicional, procuraram entender os 
fenômenos com base na inteligência humana. Em suma, eles perceberam que o mundo poderia 
ser conhecido pelo homem e por isso, ensinado.
O que é Filosofia?
 
Philo = 
amizade 
Sophia = 
sabedoria filosofia 
Pitágoras de Samos 1
Para que Filosofia?
8
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
Marilena Chauí conta que quando você pergunta a um filósofo para que serve a 
Filosofia, a primeira resposta será “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, 
sem maiores considerações”1. 
O que ela quer dizer com isso? Sua afirmação permite considerar que a Filosofia 
demanda uma atitude diferenciada perante o conhecimento e as suas formas. Trata-se 
da ATITUDE FILOSÓFICA. 
A atitude Filosófica é marcada por dois movimentos: 
a atitude crítica perante as informações recebidas e o 
pensamento crítico, marcado por indagações rigorosas 
sobre o mundo.
Esse tipo de atitude aponta a necessidade de observar 
o conhecimento como algo em construção e que pode ser 
alterado, ampliado e acima de tudo criticado. O filósofo grego 
Sócrates dizia que a atitude filosófica fundamental era aceitar 
que: “Sei que nada sei”.
A atitude filosófica, portanto, é uma atitude de indagação constante e as perguntas que 
marcam essas indagações são as mesmas, independentes dos objetos que a Filosofia pretenda 
conhecer. Observe o gráfico que segue:
Aos poucos, a Filosofia volta as suas questões para o próprio 
pensamento, ou seja, o pensamento passa a interrogar a si mesmo 
e esse movimento é chamado de REFLEXÃO. A reflexão filosófica 
é considerada radical, pois coloca em discussão como é possível 
a existência do próprio pensar e como isso realmente acontece. 
A reflexão filosófica também procura observar as relações que 
estabelecemos com o mundo e como essas se efetivam. 
1 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo, Ática, 2000, p.9.
 
Atitude 
Filosófica 
Atitude crítica e 
pensamento 
crítico 
 
Atitude 
Filosófica 
O quê? 
Significação de 
algo 
 
 
Como? 
Estruturas e 
relações 
que 
constituem 
algo 
Por quê? 
Origem ou causa 
das coisas 
Reflexão 
Filosófica = 
pensar o 
pensamento 
9
Observe o Gráfico:
Essas questões, contudo, não podem ser respondidas ao acaso ou com base em opiniões 
pessoais. A Filosofia é uma ciência que trabalha com raciocínios lógicos e enunciados precisos. 
No campo da Filosofia, o processo de pensar algo é acompanhado por um rigor sistemático 
que garante organicidade, lógica e sentido a tudo que é postulado. As respostas obtidas a essas 
questões, portanto, precisam formar um conjunto coerente, sistemático de ideias que possa ser 
comprovado e demonstrado logicamente.
Considerando o que já foi dito, voltamos à questão: Para que Filosofia? Ora, a Filosofia nos 
ensina a pensar de forma crítica, a criticar o pensamento. A filósofa Marilena Chauí aponta:
“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum, for útil; 
se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes 
estabelecidos, for útil; se buscar compreender a significaçãodo mundo, da 
cultura, da história, for útil; se conhecer o sentido das criações humanas 
nas artes, nas ciências e na política, for útil; se dar a cada um de nós e à 
nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações 
numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos, for útil; 
então, podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de 
que os seres humanos são capazes.”2 
A Filosofia Ocidental tem seu estudo dividido em grandes momentos, que algumas vezes 
estão próximos à periodização utilizada na História e algumas vezes ficam bem distantes. 
Os principais períodos são:
2 CHAUI, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo, Ática, 2000, p.17.
 
Reflexão 
Filosófica 
Por que 
pensamos? 
Motivos 
 
 O que 
pensamos? 
Conteúdo 
 
 Para que 
pensamos? 
Finalidade 
 
Filosofia: conhecimento 
sistemático 
 Coerência Relação entre as ideias 
 
10
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
Filosofia Antiga – do século VI a.C ao século VI d.C
Esse período compreende os quatro grandes períodos da Filosofia greco-romana. São eles:
Nome Período Característica
Pré-Socrático 
ou cosmológico Séc. VI a.C - Séc V a.C
• Mapear a origem do mundo.
• Mapear as causas das transformações da natureza.
Período Socrático 
ou antropológico. Séc. V a.C - Séc IV a.C
• Mapear questões voltadas à questão humana 
como: ética, política.
Período Sistemático Séc. IV a.C - Séc III a.C
• Sistematizar os conhecimentos sobre 
cosmologia e antropologia.
• Tudo pode ser objeto da Filosofia.
Período Helenístico 
ou greco-romano Séc III a.C - Séc VI d.C
• Ocupa-se de questões sobre ética, do 
conhecimento humano e das relações homem/
natureza e natureza/Deus.
Filosofia Patrística – século I a século VII
Trata-se de um esforço sistemático de conciliação da filosofia greco-romana, com o 
pensamento cristão e pode ser dividida em duas: a patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) 
e a patrística romana (ligada à Igreja de Roma). 
A Patrística terá como questão principal a 
conciliação entre a fé e razão e seus autores 
vão introduzir no campo do pensamento 
a noção de que algumas verdades foram 
reveladas por Deus, trata-se dos dogmas. 
Com isso, surge uma distinção desconhecida 
aos pensadores antigos, entre as verdades 
reveladas por Deus (os dogmas) e as 
verdades da razão humana.
As verdades divinas são tidas, para esses autores, como mais importantes e superiores ao 
pensamento racional humano.
 
Filosofia Patrística: 
conciliação entre a fé e 
a razão. 
11
Filosofia Medieval – Século XIII ao século XIV
Trata-se do surgimento de uma Filosofia que pode 
ser considerada realmente cristã. Suas questões centrais 
são: as relações entre Deus e o homem, a relação entre 
fé e razão, a diferença entre o corpo e alma, o Universo 
como uma hierarquia de seres e a subordinação do poder 
temporal ao poder espiritual. A Filosofia medieval sofreu 
grande influência do pensamento neoplatônico e das 
leituras árabes do pensamento de Aristóteles. 
Outra característica importante era o método desenvolvido, conhecido por disputa. Uma ideia 
seria considerada verdadeira ou falsa, dependendo da força e da qualidade dos argumentos 
apresentados pelo autor. O pensamento está subordinado ao princípio da autoridade, isto é, 
uma ideia era considerada verdadeira, dependendo se estava baseada na opinião de alguma 
autoridade reconhecida.
Filosofia da Renascença – Século XV ao Século XVI
Trata-se de um período marcado pela descoberta de novas obras de Platão e Aristóteles, bem 
como a recuperação do trabalho de outros autores do mundo greco-romano. São três as linhas 
de pensamento no período:
Filosofia da Renascença
• A Natureza é um grande ser vivo.
• O homem é parte da natureza e 
pode agir sobre ela.
• O homem pode conhecer os 
vínculos estabelecidos pelos 
elementos da natureza e criar outros.
• Valorização da “vida 
ativa”, ou seja, a participação 
política.
• Renascimento da liberdade 
política.
• Homem como artífice de 
seu destino.
• Destino determinado pelo 
conhecimento, da política, 
das técnicas e da arte.
Filosofia Moderna – Século XVII a Século XVIII
Esse período é conhecido como Grande Racionalismo 
Clássico. Nenhum outro período da história da Filosofia foi 
tão marcado pela crença na RAZÃO. Considerava-se que a 
razão seria capaz não só de conhecer a origem, as causas/
efeitos das paixões humanas e controlá-las, como também 
determinar o melhor regime político para as sociedades e de 
mantê-lo racionalmente. 
 
Filosofia Medieval 
Método da disputa = Uma 
ideia seria considerada 
verdadeira ou falsa, 
dependendo da força e da 
qualidade dos argumentos. 
 
 
 
Filosofia Moderna 
Primado da RAZÃO 
12
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
É um período marcado por três grandes mudanças de atitude intelectual.
Filosofia Moderna 
• A Filosofia deve começar 
pela reflexão.
• Indagar a capacidade 
humana de conhecer e 
demonstrar a verdade dos 
conhecimentos
• Tudo que pode ser conhecido 
é passível de ser transformado 
em um conceito claro, distinto, 
demonstrável e necessário.
• Natureza, Sociedade e 
Política podem ser conhecidas 
totalmente, pois são inteligíveis.
• A realidade é um sistema de 
causalidades racionais, rigorosas 
que podem ser conhecidas e 
transformadas pelo homem.
Filosofia da Ilustração ou Iluminismo – Século XVIII ao 
Século XIX
Esse período também crê no poder absoluto da razão e seus pensadores consideram que ela 
“ilumina” o caminho humano.
O Iluminismo afirma que:
Iluminismo 
• A Razão 
permite conquistar 
liberdade, felicidade 
social e política.
• A Razão é capaz de 
progresso.
• O homem pode atingir 
a perfeição através do 
conhecimento, das artes, 
da moral e da ciência.
• O Aperfeiçoamento 
da Razão se realiza 
pelo progresso das 
civilizações.
• As civilizações 
evoluem das mais 
primitivas para as mais 
desenvolvidas.
• Natureza é o reino das 
relações necessárias e 
imutáveis.
• Civilização é o reino 
da liberdade e da 
finalidade produzida 
pelo homem.
 
Filosofia Contemporânea – Século XIX até os nossos dias
O pensamento filosófico atual é marcado pelas questões sobre a relatividade do pensamento, 
a crítica à razão instrumental e a necessidade de perceber a pluralidade das sociedades humanas. 
Seus principais problemas são:
13
A Filosofia realizou seus estudos em diversas áreas e ao longo de sua existência, como 
uma disciplina do pensamento, foi capaz de desenvolver alguns campos de estudo que lhe 
são próprios. São eles:
 
Filosofia Contemporânea 
História e progresso – A História é descontínua e não progressista. 
 
I 
Razão – deve alertar para o perigo do pensamento instrumental. Trazer liberdade ao ser humano. 
Filosofia – afirmar sua posição de compreensão e crítica às ciências. 
Crítica às Utopias Revolucionárias – somos capazes de criar uma sociedade mais justa? 
Cultura – pluralidade cultural. 
Crítica à Razão. O que podemos realmente conhecer? 
Interesse pela multiplicidade e pela diferença. 
Os campos próprios de Estudo da Filosofia
14
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
O conhecimento
As noções, que discutimos até agora, apontam que a questão central da Filosofia envolve a 
crítica ao ato de pensar e, conectado a ele, o ato de conhecer. O conhecimento permeia todo o 
nosso cotidiano; através dele, sabemos como nos portar, o que evitar, o que é adequado. Enfim, 
o conhecimento do mundo nos garante um grande repertório de ações e pode ser percebido de 
duas maneiras:
Conhecimento = relação objeto/observador 
Ato de conhecer 
Conteúdo produzido 
15
Na primeira, o conhecimento é a relação estabelecidapela consciência do observador e o 
mundo que o cerca e na segunda possibilidade, o conhecimento é o conteúdo dessa relação. 
Trata-se, portanto, do saber adquirido e transmitido.
Quando interagimos com o mundo, criando o conhecimento, nunca o fazemos despidos 
de conceitos anteriores, pois, ao longo da nossa relação com o mundo, somos educados e 
absorvemos conceitos que nos permitem ampliar o saber que temos. Trata-se de construir um 
edifício, em que cada um contribui com sua vivência. 
Existem muitas formas de conhecer e entre elas, destacam-se o senso comum e a ciência.
O Senso Comum
O senso comum é uma forma de conhecimento espontâneo que resulta das experiências 
cotidianas dos indivíduos para resolver problemas. Nesse processo, ele troca informações com 
seus contemporâneos e recebe informações de gerações anteriores. Trata-se de um conhecimento 
empírico e fragmentário que não estabelece relações com outros fenômenos.
Suas características centrais são:
É importante perceber que o Senso Comum pode ser considerado uma etapa na construção 
do saber. Ele precisa ser substituído por uma abordagem crítica e coerente, ou seja, o senso 
comum deve ser transformado em BOM SENSO. O Bom Senso, segundo Gramsci é “o núcleo 
sadio do senso comum3”. 
Qualquer pessoa, se não privada de sua liberdade de pensamento, e se teve condição de 
desenvolver sua atitude crítica, será capaz de autoconsciência, de perceber criticamente o 
próprio pensamento e de analisar o mundo que a cerca. Portanto, todos somos capazes de 
atingir o bom senso proposto por Gramsci e, a partir dele construir um conhecimento, fruto da 
crítica sistemática.
3 ARANHA, Maria Lucia. Filosofando, Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1993, p 37.
Senso Comum
Saber Imediato Saber Subjetivo Saber Heterogêneo Saber Não Crítico
Observação
Confunde a 
aparência com 
o real
Observação
Centrada nas 
opiniões do 
indivíduo
Acúmulo não 
sistemático de 
informações
Não analisa 
criticamente o 
conhecimento
  
16
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
Como fazer isso?
É necessário assumir a postura de dúvida perante o mundo que nos cerca e considerar que 
as informações, as quais recebemos, precisam ser alvo de crítica. Dessa forma, entramos no 
mundo das CIÊNCIAS. 
A Ciência
Ao longo do tempo, podemos observar a existência de três formas de conceber as ciências 
ou noções do que é cientificidade. A primeira, chamada concepção racionalista, tem sua origem 
no pensamento dos gregos e pode ser percebida até o final do século XVII. As características 
centrais dessa abordagem são: 
Deve-se observar que, para essa perspectiva, a ciência faz uma radiografia da realidade. Ela 
definia um objeto e dele procurava deduzir os efeitos e propriedades do fenômeno estudado, 
trata-se de uma abordagem hipotético-dedutiva. Já a abordagem empirista era hipotético-
indutiva, ou seja, criava suposições ao objeto e, depois de realizar um conjunto de experiências, 
definia suas características e propriedades.
17
A concepção empírica pode ser relacionada ao pensamento de Aristóteles e pode ser rastreada 
até o século XIX. Suas características centrais são:
A concepção construtivista combina elementos vindos do empirismo e do racionalismo e 
indica uma nova perspectiva para a noção de ciência. Procura-se explicar a realidade e não 
construir um raio X do mundo que nos cerca, trata-se de um conhecimento que pode ser 
ampliado e corrigido. Trata-se da concepção de ciência que domina o conhecimento atual.
18
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
As características dessa concepção são: 
Deve-se observar que, apesar de a concepção racionalista e a empirista terem sua origem no 
pensamento grego, a concepção dos gregos do que era ciências é radicalmente diferente da 
nossa. Existem muitas diferenças; contudo, a que merece destaque é a relação entre a ciência e 
a técnica. 
No mundo grego, que era escravista, a técnica 
era considerada um saber inferior. Ela estava ligada 
a práticas necessárias à vida e nada tinha a oferecer 
à ciência nem a receber dela. Já a ciência moderna 
está intimamente ligada à intervenção no mundo 
natural e, nesse sentido, a ciência moderna não 
se separa da questão técnica, pois no mundo, o 
controle da natureza é considerado fundamental 
para a ciência. Na verdade, a ciência moderna 
coloca em evidência a questão da tecnologia que 
pode ser definida como um saber teórico, o qual é 
passível de ser aplicado praticamente.
 
 
Tecnologia é um saber 
teórico que pode ser 
aplicado praticamente. 
19
A Filosofia, com sua atitude crítica, é a alma mater da ciência e permite ao ser humano 
interferir no seu meio, procurando um mundo melhor, como aponta Marilena Chauí:
“Penso que quem busca a filosofia como forma de expressão de seu pensamento, 
de seus sentimentos, de seus desejos e de suas ações, decidiu-se por um modo 
de vida, um certo modo de interrogação e uma certa relação com a verdade, a 
liberdade, a justiça e a felicidade. É uma decisão existencial, como nos aparece 
com tanta clareza nas primeiras linhas do Tratado da emenda do intelecto, de 
Espinosa. Essa decisão intelectual, penso, não é possível a menos que aceitemos 
aquilo que Merleau-Ponty chamou de “nossa vida meditante” em busca de uma 
razão alargada, capaz de acolher o que a excede, o que está abaixo e acima dela 
própria. Essa decisão, penso também, não é possível se não admitirmos com 
Espinosa que pensar é a virtude própria da alma, sua excelência. O desejo de 
viver uma existência filosófica significa admitir que as questões são interiores à 
nossa vida e à nossa história e que elas tecem nosso pensamento e nossa ação. 
Significa também uma relação com o outro na forma do diálogo e, portanto, 
como encontro generoso, mas também como combate sem trégua.´4 
4 CHAUI, Marilena. A Filosofia como vocação para a liberdade. Estudos Avançados 17 (49), São Paulo, 2003, p.11.
20
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
Material Complementar
 
 Explore
Mais informações acerca do tema podem ser encontradas nos textos abaixo.
PRYOR, James. Como se lê um ensaio de filosofia. Disponível online em: 
http://www.filedu.com/jpryorcomoseleumensaiodefilosofia.html
HEPBURN, Ronald W. Bons e maus ensaios filosóficos. Disponível online em:
http://www.filedu.com/rhepburnbonsemausensaios.html
EWING. A. C. O que é Filosofia e por que vale a pena estudá-la. Disponível online em: 
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/ewing.htm
21
ARANHA, Maria Lucia. Filosofando, Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1993.
CHAUI, Marilena. A Filosofia como vocação para a liberdade. Estudos Avançados 17 (49), São 
Paulo, 2003.
________. Convite à Filosofia. São Paulo, Ática, 2000.
Referências
22
Unidade: Introdução à Reflexão Filosófica
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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