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Prévia do material em texto

Gisele Mano e Lucianna Schmitt
Disciplina 
Saúde Coletiva
03
Sumário
CapítuLo 2 – Disciplina Saúde Coletiva ...................................................................................... 05
2.1 Informação em saúde: fundamentos, ferramentas e os sistemas de informação ........... 05
2.1.1  Reflexão sobre a expressão informação em saúde ................................................. 06
2.1.2 o que são sistemas de informação? ............................................................................ 10
2.1.3  Quais são os principais sistemas de informação no sistema de saúde brasileiro? .12
2.2  Indicadores  e  situação  de  saúde:  contexto  nacional  e  internacionalInovações  de 
marketing compreendem mudanças substanciais no design do produto, mas não alteram 
as características funcionais ou de uso do produto. ..................................................................... 14
2.2.1 Situação de saúde no Brasil .......................................................................................... 18
2.3  Vigilância em saúde e epidemiologia dos serviços de saúde brasileiros  ..................... 19
2.3.1 Vigilância epidemiológica ............................................................................................. 21
2.3.2  Propósito e funções da vigilância epidemiológica .................................................... 21
2.3.3 Vigilância sanitária.......................................................................................................... 22
2.3.4  Qual o campo de abrangência da vigilância sanitária? ......................................... 23
2.3.4.1 Bens e serviços de saúde ................................................................................. 23
2.3.4.2  Meio ambiente ................................................................................................... 24
2.4 Determinantes sociais da saúde .............................................................................................. 24
2.4.1  Dahlgren e Whitehead: influências em camadas ...................................................... 28
2.4.2  Diderichsen et al.: estratificação social e produção de doenças ........................... 29
2.4.3  Mackenbach et al.: seleção e causa ............................................................................ 30
2.4.4  Brunner, Marmot e Wilkinson: múltiplas influências no decorrer da vida ............. 31
2.4.5 Determinantes de saúde no Brasil ............................................................................... 31
05
Introdução
A  informação é  instrumento essencial para a  tomada de decisões e,  segundo o Ministério 
da Saúde1, é o esteio para a gestão dos serviços de saúde, pois orienta a implantação, 
o  acompanhamento  e  a  avaliação  dos  modelos  de  atenção  à  saúde  e  das  ações  de 
prevenção e controle de doenças. São  também de  interesse dados/informações produzidas 
extrassetorialmente, cabendo aos gestores do sistema a articulação com os diversos órgãos que 
os produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo regular de informação em cada 
nível do setor de saúde2.
2.1 Informação em saúde: fundamentos, 
ferramentas e os sistemas de informação
Sobre: perfil da população (de que adoece e morre 
dados demográficos e socioeconômicos); serviços 
prestados; materiais e medicamentos consumidos; força 
de trabalho envolvida.
Para conhecer: necessidades da população atendida; 
uso potencial e real da rede instalada; investimentos 
necessários.
A fim de: planejar, controlar e avaliar as ações e 
serviços de saúde.
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de 
vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. 
– 7. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.
2  BRANCO, M. A. F. Informação e Saúde: uma Ciência e suas Políticas em uma Nova Era. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 
2006.
Capítulo 2Disciplina Saúde 
Coletiva
06
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
informação
informação
informação
informação informação
informação
informação
informação
informação
informação informação
informação
informação
informação
informação
informação
informação
informaçãoinformação
Segundo o dicionário Houaiss3, o termo informação, tem, entre outros conceitos, os seguintes:
 • comunicação ou recepção de um conhecimento ou juízo;
 • conhecimento  obtido  por meio  de  investigação  ou  instrução;  esclarecimento,  explicação, 
indicação, comunicação, informe;
 • acontecimento ou fato de interesse geral tornado do conhecimento público ao ser divulgado 
pelos meios de comunicação; notícia;
 • conjunto de atividades que têm por objetivo a coleta, o tratamento e a difusão de notícias 
junto ao público; e
 • conjunto de  conhecimentos  reunidos  sobre determinado assunto. Além desses,  na  rubrica 
informática  encontramos:  mensagem  suscetível  de  ser  tratada  pelos  meios  informáticos; 
conteúdo dessa mensagem; interpretação ou significado dos dados; e, ainda, produto do 
processamento de dados. Quanto à etimologia, o termo informação origina-se do latim 
informationis, que significa “ação de formar, de fazer, fabricação; esboço, desenho, plano; 
ideia, concepção; formação, forma” (Houaiss, 2008).
Portanto, é intrínseco à informação o potencial de fabricação, desenho (projeto) ou concepção 
de algo. Sobre esse aspecto, serão discutidas algumas considerações na sequência. 
2.1.1 Reflexão sobre a expressão informação em saúde
Para demarcar o início do uso do termo informação no campo da saúde, devemos relembrar 
o ressurgimento dos estudos em epidemiologia no seu momento de maior intensidade, pois é 
nesse momento – a partir do século XIX – que aumenta a necessidade de comunicar questões 
relacionadas à saúde das populações. Sendo uma grande alavanca para a disseminação das 
informações em saúde. Quase que concomitantemente, a estatística do final do século XIX e 
início do  século XX,  inspiradora de estudiosos  como Bentham, Price,  Laplace, Galton  (Rosen, 
3  HOUAISS,  A.  Dicionário  Houaiss  da  Língua  Portuguesa.  Rio  de  Janeiro:  Objetiva,  2008.  
Disponível em: www.houaiss.uol.com.br/busca.jhtm
07
1994)4, pode ser vista,  também, como um ponto de partida importante para a geração de 
informações em saúde de forma agregada e preditiva. Deste momento em diante, podemos 
relatar as primeiras peças da informação em saúde, compostas pelas estatísticas vitais, pelas 
tábuas de sobrevida, enfim, por instrumentos de predição e inferência de estados de saúde a 
partir do status atual de um grupo de pessoas em determinado contexto de saúde. 
No  correr  da  história,  numerosos  desdobramentos  para  a  expressão  informação  em  saúde 
transformaram-se, praticamente, em subáreas distintas e dirigidas, principalmente, a subsidiar 
não apenas a população em geral, mas também gestores da área saúde:
Sobre: perfil da população (de que adoece e morre 
dados demográficos e socioeconômicos); serviços 
prestados; materiais e medicamentos consumidos; força 
de trabalho envolvida.
Para conhecer: necessidades da população atendida; 
uso potencial e real da rede instalada; investimentos 
necessários.
A fim de: planejar, controlar e avaliar as ações e 
serviços de saúde.
Como marcos históricos, tem-se, no século XVII, na alemanha, o surgimento da chamada 
‘topografia  política  ou  uma  descrição  das  condições  atuais  do  país’,  proposta  por  Leibniz, 
em cuja descrição deveriam constar: o número de cidades (maiores e menores) e de aldeias; 
a  população  total  e  a  área  do  país  em  acres;  a  enumeração  de  soldados,  mercadores, 
artesãos e diaristas; as  informações  sobreas  relações entre os ofícios; o número de mortes 
e das causas de morte (Rosen, 1980)5. Em decorrência dessa e de outras ações semelhantes, 
surgiram os  inquéritos de morbidade e as estatísticas dos serviços de saúde. Na gênese da 
vigilância epidemiológica, é inegável a influência de Farr, que realizou atividades de coleta, 
processamento e análise de dados e sua divulgação para as autoridades sanitárias. Também 
devemos relatar o célebre estudo sobre a cólera realizado por Snow. É impossível negar o uso 
das informações em saúde constantes nos mapas de ponto e no raciocínio epidemiológico no 
controle dessa doença já no século XIX5.
4  ROSEN, G. Uma História da  Saúde  Pública.  São  Paulo: Hucitec:  Editora da Universidade  Estadual  Paulista;  Rio  de 
Janeiro: Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 1994.
5  ROSEN, G. Da polícia médica à medicina social: ensaios sobre a história da assistência médica. Tradução de Ângela 
Loureiro de Souza. Rio de Janeiro: Graal, 1980.
08
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
John Snow demonstrou que o cólera era causado pelo 
consumo de águas contaminadas com matérias fecais ao 
comprovar que os casos dessa doença se agrupavam nas 
zonas onde a água consumida estava contaminada com 
fezes, na cidade de Londres no ano de 1854. Nesse ano, 
cartografou, num plano do distrito do Soho, os poços de 
água, localizando como culpado o poço existente em 
Broad Street, em pleno coração da epidemia. Snow 
recomendou que a comunidade o fechasse. A partir 
disso, foram diminuindo os casos da doença. Esse 
episódio é considerado um dos exemplos mais precoces 
no uso do método geográfico para a descrição de casos 
de uma epidemia. O trabalho realizado por John Snow, 
na Inglaterra, ajudou a romper com os paradigmas 
existentes em uma época em que ainda predominava 
uma forte crença na teoria miasmática da doença, 
também denominada “teoria anticontagionista”. Mais 
ainda, Snow sentou as bases teórico-metodológicas do 
“método epidemiológico”, o qual tem sido utilizado 
através da história tanto para a investigação das causas 
como para a solução das fontes de todas as doenças 
transmissíveis. Mais recentemente, tem-se usado esse 
método para a investigação de todos os problemas de 
saúde e doença que afetem as comunidades humanas5.
Destaca-se  também  a  importância  do  papel  fundamental  do  desenvolvimento  das  ciências 
da computação, no século XX, e, portanto, da informática como instrumental necessário e 
multiplicador tanto das metodologias estatísticas quanto das informações em saúde. Ressalte-
se, ainda, que esse desenvolvimento tecnológico tem papel crucial em inovações intrínsecas à 
área da saúde, como:
 • a disseminação e facilitação da acessibilidade às bases de dados em saúde;
 • o surgimento e a propagação da informática médica;
 • a concepção e a implementação do prontuário eletrônico do paciente; entre outros.
A  expressão  informação  em  saúde,  nos  tempos  atuais,  abrange  vários  outros  termos  e 
múltiplas dimensões, podendo ser tomada, portanto, por uma teoria. Para Moraes6, de forma 
esquemática, existe a possibilidade de observar a informação em saúde como subsídio para o 
próprio setor de saúde: na administração; na assistência; no controle e avaliação; no orçamento 
e finanças; no planejamento; nos recursos humanos; na regulação; na saúde suplementar; no 
geoprocessamento em saúde; e na vigilância (epidemiológica, sanitária, ambiental).
Em consequência disso, por  considerarmos que muitos não  resistem à  tentação de  trabalhar 
de forma reducionista, dado o caráter multidimensional da expressão, torna-se imprescindível 
dizer, para reforçar o conceito de informação em saúde aqui ancorado, que ele não é:
 • Mera transformação, por meio do processamento de dados, do dado registrado em 
informação em saúde.
6 MoRaES, I. H. S. & GoMEZ, M. N. G. Informação e informática em saúde: caleidoscópio contemporâneo da saúde. 
Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, pp. 553-565, 2007.
09
 • Disseminação e/ou construção indiscriminada de sistemas de informações em saúde.
 • Banco de dados de um determinado sistema em saúde.
 • Conjunto de indicadores em saúde de determinada região, população ou doença.
 • Aparato informático que produz informação.
 • Conjunto  de  relatórios  gerados  a  partir  de  uma  miríade  de  sistemas  de  informações 
construídos sobre uma lógica fragmentada.
NÃo DEIXE DE LER
Retomando o que foi mencionado anteriormente, apesar de estar intrínseco à informação seu 
potencial de fabricação, desenho (projeto) ou concepção, a informação em saúde, por si só, 
não tem significado quando em uma ilha. Informação em saúde apartada de uma política na-
cional de informação e de uma informática na saúde que primem pelo controle social e pela 
utilização ética e fidedigna de dados produzidos com qualidade, seja em relação ao cidadão, 
seja em relação aos gestores da área saúde, não é mais do que um mote, uma expressão 
vazia. E, se assim o for, ela servirá tanto para a produção de informações importantes e per-
tinentes quanto, também, para a disseminação de equívocos e de produtos de manipulação 
indevida dos dados em saúde..
De toda forma, mesmo tendo em mente que informação em saúde não é um (nem todos) sistema(s) 
de informação(ões) em saúde, muito menos um constructo dependente exclusiva e diretamente 
da informática, vale historiar sucintamente a composição dos Sistemas de Informação em Saúde 
de Base Nacional, em nosso país, atualmente sediados no Departamento de Informática do 
Sistema Único de Saúde (Datasus), uma vez que são incontestáveis mananciais de informações 
em saúde.
Segundo Camargo Jr. et al.7 (2007), os avanços significativos na implantação dos Sistemas de 
Informações em Saúde de Base Nacional, ocorridos principalmente na década de 1990, são o 
marco inicial de composição desses sistemas o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), 
criado em 1975, bem como a criação do Grupo Técnico de Informação em Saúde, em 1986.
Além disso, destacam-se os avanços na implantação e no acesso a bancos de dados nacionais com 
informações sobre nascimentos, óbitos, doenças de notificação, atenção básica, imunizações, 
produção  de  procedimentos  ambulatoriais,  atendimento  de  alto  custo,  hospitalizações, 
estabelecimentos de saúde e orçamentos públicos.
Na geração dos indicadores em saúde deve ser destacada, também, a maior acessibilidade 
às  informações  oriundas  do  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  (IBGE)8 
  referentes  a  variáveis  demográficas  e  socioeconômicas  coletadas  e  processadas.  Outras 
informações  produzidas  em  setores  do  governo,  como  benefícios  da  previdência  social  e 
sistemas específicos  implantados nos níveis estadual e municipal, afetas à área da  saúde, 
foram também disponibilizadas.
7  CAMARGO Jr.; KR, COELI; CM, MORENO. AB. Informação e Avaliação em Saúde. In: MATTA, G. C. & PONTES, A.L. 
de. Políticas de saúde: a organização e a operacionalização do sistema único de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV / Fiocruz, 2007, 
pp.251-266.
8  IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa por Amostra de Domicílios – acesso e utilização de serviços 
de saúde. Brasília: IBGE, Ministério da Saúde, 2003.
10
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
Importante considerar, no Brasil, o acesso às bases de dados oriundas do sistema de saúde 
complementar que começam a ser disponibilizadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar 
(ANS)9. Essas informações são de suma importância para a análise das condições de saúde da 
população que não utiliza, exclusivamente ou não, o Sistema Único de Saúde (SUS).
Assim sendo, mesmo considerando que existem problemas referentes à cobertura dos sistemas, 
à qualidade dosdados e à ausência de variáveis importantes para as análises e/ou construção 
de indicadores em saúde, esses bancos de dados representam fontes importantes que podem 
ser utilizadas rotineiramente em estudos epidemiológicos, na vigilância em saúde, na pesquisa 
e na avaliação de programas e serviços de saúde.
NÃo DEIXE DE VER...
Cabe mencionar os desafios atuais voltados para a concepção e a produção de protocolos 
que garantam a confidencialidade dos dados em nível individual. Esse é um novo nó górdio 
no jogo de forças entre o uso das informações em saúde para a produção de meios e insumos 
voltados à melhoria da qualidade de vida das populações e para a exposição indevida de 
dados confidenciais e, portanto, resguardados pela ética em saúde.
2.1.2 o que são sistemas de informação?
Os  Sistemas  de  Informação  em  Saúde  (SIS)  são  um  conjunto  de  mecanismos  de  coleta, 
processamento e armazenamento de dados que visa à produção e à transmissão de informações 
para a tomada de decisões sobre as ações a serem realizadas, avaliando os resultados da sua 
execução e o impacto provocado na situação de saúde10.
São várias as finalidades de um SIS, entre elas a de produzir  informações compatíveis com 
as necessidades dos diferentes níveis, contemplando especificidades locais e garantindo uma 
avaliação permanente das ações executadas e do impacto sobre a situação de saúde.
Como em qualquer outra atividade, no setor de saúde a informação deve ser entendida 
como  um  redutor  de  incertezas,  um  instrumento  para  detectar  focos  prioritários,  levando  a 
um  planejamento  responsável  e  à  execução  de  ações  que  condicionem  a  realidade  às 
transformações necessárias.
AVALIAR EXECUTAR
PLANEJAR
9  ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar. ANS Tabnet – Informações em Saúde Suplementar. http://www.ans.
gov.br/portal/site/informacoesss/informacoesss.asp(acesso em 22/05/2017).
10  CAMARGO Jr.; K. R. & COELI; C. M. Sistemas de  informação e banco de dados em saúde: uma introdução. Rio de 
Janeiro: IMS, Uerj, 2000. (Série Estudos em Saúde Coletiva).
11
Planejamento é um processo de tomada de decisões que, com base na situação atual, visa à 
determinação de providências a tomar objetivando atingir uma situação futura desejada.
SITUAÇÃO ATUAL SITUAÇÃO FUTURA
PROCESSO DE
TRANSFORMAÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Sistema de Informação em Saúde (SIS) como 
um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária para 
planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde. Considera-se que a transformação 
de um dado em informação exige, além da análise, a divulgação e, inclusive, recomendações 
para a ação. No novo modelo de assistência à saúde, é preciso reverter a atual situação de 
centralização de dados, de limitação do seu uso, da demora com que são analisados e que 
retornam  para  o  nível  local,  idealizando  um  novo  sistema  em  que  os  dados  passem  a  ser 
analisados no próprio município, gerando, de forma oportuna, subsídios para o planejamento e 
para as ações em saúde, bem como  ações para a melhoria da qualidade dos dados. Conhecer 
os passos de cada uma das etapas de um sistema de informações é fundamental para garantir 
não só a fidedignidade das bases de dados, mas também a sua permanência e a sua plena 
utilização. A figura a seguir permite a visualização dessas etapas11.
11  Troccoli FT. Sistemas de informação. In: Ibañez, N, Elias, PEM, Seixas PHA (org.). Políticas e gestão pública em Saúde. 
São Paulo: Hucitec; 2011. pp. 407-445.
12
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
COLETA PROCESSAMENTO DECISÃO E CONTROLE
Origem e registros 
dos dados
Ordenamento dos 
documentos da coleta
Controle da 
quantidade e do 
conteúdo
Transmissão
Recebimento e 
controle (avaliação)
Pedido de 
informação adicional
Codificação
Digitação e crítica
Análise preliminar 
dos dados
Comparação com 
parâmetros
Identificação e análise 
das discrepâncias
Opções de decisão
Classificação e 
tabulação
Controle de erros
e inconsistências
Cálculos básicos
Apresentação
Fonte: MoRaES, 1994.
2.1.3 Quais são os principais sistemas de informação no sistema de 
saúde brasileiro?
São vários os sistemas de informação disponíveis no SuS que fornecem dados para a análise 
epidemiológica. Alguns são de base populacional, ou seja, propõem-se a contemplar todos os 
eventos daquela natureza existentes na população, como:
 • Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).
 • Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc).
 • Sistema de Informação de Agravos sob Notificação (Sinan).
Outros  sistemas  compõem grandes bases de dados  nacionais,  que podem  ser  utilizadas  na 
produção de informações. São eles:
13
 • Sistema de  Informações Hospitalares  (SIH) SUS:  registros de  internações hospitalares  no 
SuS.
 • Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) SUS e seu subsistema de registro de Autorização 
de Procedimentos de Alta Complexidade (Apac) – procedimentos ambulatoriais.
Há  ainda  outros  sistemas,  alguns  com  menor  cobertura  nacional,  que  abordam  grupos  de 
agravos e situações específicas, tais como:
 • Comunicação de Internação Hospitalar (CIH): internações hospitalares, independentemente 
de vínculo com o SuS.
 • Sistema de Informação de Avaliação do Programa de Imunizações (API).
 • Sistema  de  Informações  das  Atividades  de  Vigilância  e  Controle  de  Aedes  aegypti 
(SISAEDES): vigilância e controle do mosquito transmissor da dengue e da febre amarela.
 • Sistema de Informações e Vigilância de Agravos Nutricionais (SISVAN).
 • Sistema de Informações do Programa de Humanização do Pré-Natal e Parto (Sisprenatal): 
cadastro de gestantes e acompanhamento do pré-natal.
 • Sistema de Informações da Atenção Básica (Siab): cadastro e acompanhamento da atenção 
no Programa de Saúde da Família (PSF).
 • Sistema de Informações do Câncer na Mulher (Siscam).
 • Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (Hiperdia).
 • Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP).
a informação é elemento-chave para o uso da epidemiologia nos serviços de saúde. No 
processo de trabalho de produção da informação, o dado é a matéria-prima, e a informação é 
o produto. O profissional de saúde, com um objetivo em mente, vai organizar, tabular e analisar 
os dados, utilizando conceitos, indicadores, técnicas e métodos para a obtenção da informação. 
Portanto, a  informação tem um referencial explicativo que está ausente no dado. Ela é uma 
representação da realidade, e no percurso entre o dado e a  informação existe  sempre um 
sujeito, individual ou coletivo, que dá sentido ao dado, transformando-o em informação. Dessa 
forma, nos serviços de saúde são profissionais de saúde e usuários que dão sentido à informação, 
a qual é uma representação da realidade para eles.
Segue a seguir um quadro adaptado, no qual se relaciona os SIS com os principais dados 
coletados e apresenta-se o fluxo do processamento desses dados e a sua utilização para os 
profissionais de saúde nos serviços de saúde.
14
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
Relação SIS com os principais dados coletados
Sistemas Eventos
Intrumento
de coleta
Fluxo Usos (alguns)
SIM Óbito Declaraçãode óbito 
Estudos de mortalidade, vigilância de
óbitos (infantil, materno, etc.) 
SINASC Nascido vivo Declaração denascido vivo 
Monitoramento da saúde da criança,
vigilância à criança de risco 
SINAN Agravos sobnotificação 
FInotificação e
FIInvestigação 
Acompanhamento dos agravos sob
notificação, surtos, epidemias, etc. 
SIH Informaçãohospitalar AIH
Cartório SMS
Regional 
SES
Morbilidade hospitalar, gestão hospitalar,
custeio da atenção hospitalar
SAIProdução
ambulatorial
(agregado) 
BPA
Acompanhamento da produção
ambulatorial, gestão ambulatorial,
custeio da atenção ambulatorial 
OUTROS API, SISVAN, SIAB, ATC.
2.2 Indicadores e situação de saúde: contexto 
nacional e internacionalInovações de marketing 
compreendem mudanças substanciais no design 
do produto, mas não alteram as características 
funcionais ou de uso do produto.
Alguma vez você já recebeu alguma informação e teve dúvidas sobre a veracidade dela? Com 
frequência, recebemos informações que, ao serem checadas, revelam-se não ser verdadeiras ou 
ser apenas parte da informação. Ao trabalhar com informação em saúde é necessário ter co-
nhecimento sobre indicadores de saúde, sua qualidade metodológica e origem dos dados. Para 
compreender isso, é necessário recordar alguns conceitos-chave de epidemiologia.
15
VaMoS RELEMBRaR...
Prevalência: é o número total de casos de uma doença, 
novos e antigos, existentes num determinado local e 
período. O coeficiente de prevalência é mais utilizado 
para doenças crônicas de longa duração, como 
hanseníase, tuberculose, AIDS e diabetes.
Incidência: é o número de casos novos dessa doença que 
iniciou no mesmo local ou período. Traz a ideia de 
intensidade com que acontece uma doença numa 
população e mede a frequência ou probabilidade de 
ocorrência de casos novos da doença na população. Alta 
incidência significa alto risco coletivo de adoecer.
Morbidade: são medidas utilizadas para descrever e 
analisar uma situação existente, avaliar o cumprimento 
dos objetivos, das metas e suas mudanças ao longo do 
tempo, além de prever tendências futuras.
No contexto da produção de informação em saúde no Brasil, estão envolvidos diferentes setores, 
como a saúde, a educação, a pesquisa e a gestão financeira. O advento da internet facilitou 
enormemente o acesso a dados e relatórios emitidos por diferentes instituições. 
Um conjunto de indicadores espelha a situação de saúde de uma população e serve como base 
para a vigilância em saúde. Os indicadores de saúde são base para analisar a situação de 
saúde da população e para permitir um planejamento estratégico eficaz e eficiente, além de 
permitir acompanhar o desenvolvimento das ações para sua efetividade.
Indicadores de saúde
São medidas que contêm informação relevante 
sintetizada sobre o estado de saúde e o desempenho de 
saúde. Com frequência são taxas, coeficientes, 
proporções, razões ou índices.
A utilização de indicadores de saúde envolve grande trabalho para que a qualidade do dado 
se reflita nos resultados obtidos, isto é, faz-se necessário investir em sistemas de informação, 
treinamento de recursos humanos, bons instrumentos de coleta e armazenamento de dados. A 
seguir, estão alguns conceitos que são necessários na elaboração de um indicador.
16
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
Quadro 1: Atributos necessários aos indicadores de saúde
Atributo
Validade
Confiabilidade
Sensibilidade
Especificidade
Mensurabilidade
Relevância
Custo-efetividade
Acessibilidade 
Capacidade de medir o que se pretende.
Reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares.
Capacidade de detectar determinado acontecimento/fenômeno em saúde.
Capacidade de detectar somente o acontecimento estudado.
Isto é, serve especificamente para aquele desfecho.
É elaborado a partir de dados disponíveis e de fácil acesso.
Responde a questões de saúde necessárias de serem estudadas.
O resultado justifica o investimento feito. 
É claro, de fácil compreensão, facilmente analisável. 
Fonte: Rede Interagencial de Informação para a Saúde (RIPSA), 2008.
Os indicadores produzidos sobre a população brasileira são pesquisados pelo Ministério da 
Saúde, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e pelo Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada (IPEA).
Quadro 2: Os indicadores produzidos sobre a população brasileira
População
Total
Razão de 
Sexos
Taxa de 
Crescimento 
da População
Taxa Bruta de 
Natalidade
Taxa Bruta de 
Mortalidade
Indicador Definição Uso Limitações Observações
Número total de pessoas 
residentes e sua estrutura 
relativa em determinado 
espaço geográfico, no ano 
considerado.
Servir como base para 
cálculo de taxas sobre 
total populacional. 
Contribuir para o 
planejamento, a gestão e 
a avaliação de políticas 
públicas relacionadas à 
saúde, educação, 
trabalho, previdência e 
assistência social, para os 
diversos segmentos de 
idade. 
Orientar a alocação de 
recursos públicos como, 
por exemplo, 
financiamento de serviços 
em base per capita.
Eventuais falhas de cobertura 
na coleta direta de dados 
demográficos.
Imprecisões inerentes à 
metodologia utilizada na 
elaboração de estimativas e 
projeções demográficas para 
períodos intercensitários. 
Imprecisões na declaração de 
idade por parte dos 
entrevistados nos levantamentos 
estatísticos. Projeções 
demográficas perdem a 
precisão à medida que se 
distanciam do ano de partida 
utilizado no cálculo. Estimativas 
para um determinado ano 
estão sujeitas a correções 
decorrentes de novas 
informações demográficas. 
Publicado pelo 
IBGE através do 
Censo Demográfico, 
Projeções 
Populacionais.
Censo Demográfico, 
previsto para ser 
realizado a cada 
10 anos. Os três 
últimos censos foram 
realizados em 
1980, 1991 e 
2000. Projeções 
demográficas. 
Estimativas anuais e 
mensais da 
população do Brasil 
e das Unidades da 
Federação: 
1980-2020. 
Estimativas a partir 
de pesquisas 
amostrais (PNAD).
Número de homens para cada 
grupo de 100 mulheres na 
população residente em 
determinado espaço 
geográfico, no ano 
considerado.
Expressa a relação quantitativa 
entre os sexos. Se igual a 100, 
o número de homens e de 
mulheres se equivalem; se 
acima de 100, há 
predominância de homens; se 
abaixo de 100, há 
predominância de mulheres. O 
indicador é influenciado por 
taxas de migração e de 
mortalidade diferenciadas por 
sexo e idade. 
Percentual de incremento médio 
anual da população residente 
em determinado espaço 
geográfico, no período 
considerado. 
O valor da taxa refere-se à 
média anual obtida para um 
período de anos compreendido 
entre dois momentos, em geral 
correspondentes aos censos 
demográficos. Indica o ritmo de 
crescimento populacional. A 
taxa é influenciada pela 
dinâmica da natalidade, da 
mortalidade e das migrações. 
Analisar variações 
geográficas e temporais 
do crescimento 
populacional. Realizar 
estimativas e projeções 
populacionais, para 
períodos curtos. Subsidiar 
processos de 
planejamento, gestão e 
avaliação de políticas 
públicas específicas 
(dimensionamento da 
rede física, previsão de 
recursos, atualização de 
metas).
Imprecisões da base de dados 
utilizada para o cálculo do 
indicador, relacionadas à 
coleta de dados demográficos 
ou à metodologia empregada 
para elaborar estimativas e 
projeções populacionais. A 
utilização da taxa em projeções 
populacionais para anos 
distantes do último censo 
demográfico pode não refletir 
alterações recentes da 
dinâmica demográfica. Essa 
possibilidade tende a ser maior 
em populações pequenas.
Censo Demográfico, 
previsto para ser 
realizado a cada 
10 anos. Os três 
últimos censos foram 
realizados em 1980, 
1991 e 2000.
Estimativas anuais e 
mensais da 
população do Brasil 
e das Unidades da 
Federação: 
1980-2020.
Número de nascidos vivos, por 
mil habitantes, na população 
residente em determinado 
espaço geográfico, no ano 
considerado.
As taxas brutas de natalidade 
padronizadas por uma estrutura 
de população padrão permitem 
a comparação temporal e entre 
regiões. Taxas elevadas estão 
associadas a condições 
socioeconômicas precárias e a 
aspectosculturais da 
população.
Analisar variações 
geográficas e temporais 
da natalidade. 
Possibilitar o cálculo do 
crescimento vegetativo ou 
natural da população, 
subtraindo-se, da taxa 
bruta de natalidade, a 
taxa bruta de 
mortalidade. 
Subsidiar processos de 
planejamento, gestão e 
avaliação de políticas 
públicas relacionadas à 
atenção materno-infantil.
Devido à subenumeração de 
nascidos vivos, o uso de dados 
derivados de sistemas de 
registro contínuo está 
condicionado a correções, 
frequente em áreas menos 
desenvolvidas. 
As projeções demográficas 
perdem precisão à medida que 
se distanciam dos anos de 
partida das projeções.
Divulgado pelo 
IBGE, Ministério da 
Saúde – Sistema de 
Informação sobre 
Nascidos Vivos 
(SINASC).
Número total de óbitos, por mil 
habitantes, na população 
residente em determinado 
espaço geográfico, no ano 
considerado.
Analisar variações 
geográficas e temporais 
da mortalidade. 
Possibilitar o cálculo do 
crescimento vegetativo ou 
natural da população, 
subtraindo-se, da taxa 
bruta de natalidade, a 
taxa bruta de 
mortalidade. 
Contribuir para estimar o 
componente migratório 
da variação demográfica, 
correlacionando-se o 
crescimento vegetativo 
com o crescimento total 
da população.
O uso de dados de 
mortalidade derivados de 
sistemas de registro contínuo 
está condicionado a correções, 
devido à subEnumeração de 
óbitos, frequente em áreas 
menos desenvolvidas.
Como a taxa é fortemente 
influenciada pela estrutura 
etária da população, a análise 
comparada entre populações 
de composição distinta exige 
padronização das estruturas 
etárias. 
Divulgado pelo 
IBGE, Ministério da 
Saúde – Sistema de 
Informações sobre 
Mortalidade (SIM).
Analisar variações geográficas e temporais na distribuição 
da população por sexo. 
Subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de 
políticas públicas nas áreas de saúde, educação, segurança 
e emprego. 
Auxiliar na compreensão de fenômenos sociais relacionados 
a essa distribuição (migrações, mercado de trabalho, 
organização familiar, morbi-mortalidade).
Identificar necessidades de estudos de gênero sobre os 
fatores condicionantes das variações encontradas.
17
População
Total
Razão de 
Sexos
Taxa de 
Crescimento 
da População
Taxa Bruta de 
Natalidade
Taxa Bruta de 
Mortalidade
Indicador Definição Uso Limitações Observações
Número total de pessoas 
residentes e sua estrutura 
relativa em determinado 
espaço geográfico, no ano 
considerado.
Servir como base para 
cálculo de taxas sobre 
total populacional. 
Contribuir para o 
planejamento, a gestão e 
a avaliação de políticas 
públicas relacionadas à 
saúde, educação, 
trabalho, previdência e 
assistência social, para os 
diversos segmentos de 
idade. 
Orientar a alocação de 
recursos públicos como, 
por exemplo, 
financiamento de serviços 
em base per capita.
Eventuais falhas de cobertura 
na coleta direta de dados 
demográficos.
Imprecisões inerentes à 
metodologia utilizada na 
elaboração de estimativas e 
projeções demográficas para 
períodos intercensitários. 
Imprecisões na declaração de 
idade por parte dos 
entrevistados nos levantamentos 
estatísticos. Projeções 
demográficas perdem a 
precisão à medida que se 
distanciam do ano de partida 
utilizado no cálculo. Estimativas 
para um determinado ano 
estão sujeitas a correções 
decorrentes de novas 
informações demográficas. 
Publicado pelo 
IBGE através do 
Censo Demográfico, 
Projeções 
Populacionais.
Censo Demográfico, 
previsto para ser 
realizado a cada 
10 anos. Os três 
últimos censos foram 
realizados em 
1980, 1991 e 
2000. Projeções 
demográficas. 
Estimativas anuais e 
mensais da 
população do Brasil 
e das Unidades da 
Federação: 
1980-2020. 
Estimativas a partir 
de pesquisas 
amostrais (PNAD).
Número de homens para cada 
grupo de 100 mulheres na 
população residente em 
determinado espaço 
geográfico, no ano 
considerado.
Expressa a relação quantitativa 
entre os sexos. Se igual a 100, 
o número de homens e de 
mulheres se equivalem; se 
acima de 100, há 
predominância de homens; se 
abaixo de 100, há 
predominância de mulheres. O 
indicador é influenciado por 
taxas de migração e de 
mortalidade diferenciadas por 
sexo e idade. 
Percentual de incremento médio 
anual da população residente 
em determinado espaço 
geográfico, no período 
considerado. 
O valor da taxa refere-se à 
média anual obtida para um 
período de anos compreendido 
entre dois momentos, em geral 
correspondentes aos censos 
demográficos. Indica o ritmo de 
crescimento populacional. A 
taxa é influenciada pela 
dinâmica da natalidade, da 
mortalidade e das migrações. 
Analisar variações 
geográficas e temporais 
do crescimento 
populacional. Realizar 
estimativas e projeções 
populacionais, para 
períodos curtos. Subsidiar 
processos de 
planejamento, gestão e 
avaliação de políticas 
públicas específicas 
(dimensionamento da 
rede física, previsão de 
recursos, atualização de 
metas).
Imprecisões da base de dados 
utilizada para o cálculo do 
indicador, relacionadas à 
coleta de dados demográficos 
ou à metodologia empregada 
para elaborar estimativas e 
projeções populacionais. A 
utilização da taxa em projeções 
populacionais para anos 
distantes do último censo 
demográfico pode não refletir 
alterações recentes da 
dinâmica demográfica. Essa 
possibilidade tende a ser maior 
em populações pequenas.
Censo Demográfico, 
previsto para ser 
realizado a cada 
10 anos. Os três 
últimos censos foram 
realizados em 1980, 
1991 e 2000.
Estimativas anuais e 
mensais da 
população do Brasil 
e das Unidades da 
Federação: 
1980-2020.
Número de nascidos vivos, por 
mil habitantes, na população 
residente em determinado 
espaço geográfico, no ano 
considerado.
As taxas brutas de natalidade 
padronizadas por uma estrutura 
de população padrão permitem 
a comparação temporal e entre 
regiões. Taxas elevadas estão 
associadas a condições 
socioeconômicas precárias e a 
aspectos culturais da 
população.
Analisar variações 
geográficas e temporais 
da natalidade. 
Possibilitar o cálculo do 
crescimento vegetativo ou 
natural da população, 
subtraindo-se, da taxa 
bruta de natalidade, a 
taxa bruta de 
mortalidade. 
Subsidiar processos de 
planejamento, gestão e 
avaliação de políticas 
públicas relacionadas à 
atenção materno-infantil.
Devido à subenumeração de 
nascidos vivos, o uso de dados 
derivados de sistemas de 
registro contínuo está 
condicionado a correções, 
frequente em áreas menos 
desenvolvidas. 
As projeções demográficas 
perdem precisão à medida que 
se distanciam dos anos de 
partida das projeções.
Divulgado pelo 
IBGE, Ministério da 
Saúde – Sistema de 
Informação sobre 
Nascidos Vivos 
(SINASC).
Número total de óbitos, por mil 
habitantes, na população 
residente em determinado 
espaço geográfico, no ano 
considerado.
Analisar variações 
geográficas e temporais 
da mortalidade. 
Possibilitar o cálculo do 
crescimento vegetativo ou 
natural da população, 
subtraindo-se, da taxa 
bruta de natalidade, a 
taxa bruta de 
mortalidade. 
Contribuir para estimar o 
componente migratório 
da variação demográfica, 
correlacionando-se o 
crescimento vegetativo 
com o crescimento total 
da população.
O uso de dados de 
mortalidade derivados de 
sistemas de registro contínuo 
está condicionado a correções, 
devido à subEnumeração de 
óbitos, frequente em áreas 
menos desenvolvidas.
Como a taxa é fortemente 
influenciada pela estrutura 
etária da população, a análise 
comparada entre populações 
de composição distinta exige 
padronização das estruturas 
etárias. 
Divulgado pelo 
IBGE,Ministério da 
Saúde – Sistema de 
Informações sobre 
Mortalidade (SIM).
Analisar variações geográficas e temporais na distribuição 
da população por sexo. 
Subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de 
políticas públicas nas áreas de saúde, educação, segurança 
e emprego. 
Auxiliar na compreensão de fenômenos sociais relacionados 
a essa distribuição (migrações, mercado de trabalho, 
organização familiar, morbi-mortalidade).
Identificar necessidades de estudos de gênero sobre os 
fatores condicionantes das variações encontradas.
Fonte: Adaptado de Rede Interagencial de Informação para a Saúde (RIPSA), 2008.
18
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
Observar  indicadores  demográficos  permite  ao  profissional  de  saúde  gestor  compreender 
melhor  a  alocação  de  recursos  das  políticas.  Um  país  com  maior  taxa  de  envelhecimento 
certamente terá que investir em estrutura e rede de saúde para a população, que por sua vez 
está vivendo mais. 
Outros indicadores estão listados a seguir conforme seu eixo:
 • Socioeconômicos:  taxas  de  analfabetismo,  grau  de  escolaridade,  produto  interno  bruto 
(PIB) per capita,  razão de renda, proporção de pobres,  taxa de desemprego,  taxa de 
trabalho infantil.
 • Mortalidade: infantil, materna, perinatal, menores de cinco anos, por causas diarreicas, 
aparelho circulatório, diabetes, AIDS, doenças transmissíveis. 
 • Morbidade:  incidência de doenças  infectocontagiosas, doenças parasitárias, prevalência 
de diálise, prevalência de aleitamento materno, sobrepeso, fumantes, consumo excessivo de 
álcool, atividade física insuficiente, hipertensão arterial. 
2.2.1 Situação de saúde no Brasil
De acordo com relatório publicado em 2015, o Brasil teve uma queda no número de nascimento 
e nas taxas de fecundidade entre 2000 e 2013. No momento do parto, as mães são mais velhas 
do  que  nas  pesquisas  anteriores,  mas  ainda  existe  um  número  importante  de maternidade 
precoce. Em todo o país, o parto por cesariana tem aumentado, especialmente no sul, sudeste e 
centro-oeste. Houve 8,5% de proporção de nascimentos de baixo peso e 12,5% de nascimento 
pré-termo(prematuro). A estabilização na taxa de fecundidade permitirá investir mais na saúde 
da mulher e da criança. 
A mortalidade  infantil  teve quedas  importantes, especialmente a partir de 2010.  Influencia 
este indicador: a escolaridade materna, o componente cor/raça indígena e afrodescendente. 
A maior parte dos óbitos dos recém-nascidos é dos que são prematuros e de baixo peso.  
a mortalidade é maior nos homens, especialmente com idade entre 15 e 59 anos, sendo para 
essa faixa etária a causa mais frequente de morte a morte por causas externas, como homicídios 
e acidentes de trânsito terrestre. Doenças cardiovasculares foram a maior causa de morte 
para homens. Para as mulheres, a maior causa de morte foi pneumonia, diabetes e doenças 
relacionadas à pressão arterial sistêmica. A mortalidade por homicídios foi maior em pardos, 
pretos e  indígenas das regiões norte, nordeste e centro-oeste. A mortalidade da população 
adulta, em geral por doenças crônicas, é um ponto importante de investimento. 
Das doenças transmissíveis, a dengue foi, em 2014, marcada por preocupação constante, e o 
sarampo exigiu que a vigilância estivesse mais atenta aos casos e vacinas. A transmissão de HIV, 
hepatites virais e sífilis recebeu grande investimento e criação de programas governamentais 
para o seu combate12.
12 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e agravos 
Não Transmissíveis e Promoção da Saúde . Saúde Brasil 2014: uma análise da situação de saúde e das causas externas / Ministério 
da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e agravos Não transmissíveis e promoção 
da Saúde – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. 462 p. : il. ISBN 978-85-334-2329-9.
19
NÃo DEIXE DE VER...
Saúde Brasil 2014: uma análise da situação de saúde e das causas externas – Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2014_analise_situacao.pdf
Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil, 2009 – Disponível em: http://www.ibge.
gov.br/english/estatistica/populacao/indic_sociosaude/2009/indicsaude.pdf 
Sala de apoio à Gestão Estratégica - Disponível em: http://sage.saude.gov.br/ 
Organização Pan-Americana de Saúde - Disponível em: http://www.paho.org/
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Disponível em: http://www.ibge.gov.br 
2.3 Vigilância em saúde e epidemiologia dos 
serviços de saúde brasileiros 
Vigiar: observar atentamente, estar atento a, atentar 
em, estar de sentinela, procurar, campear, cuidar, 
precaver-se, acautelar-se.
Agora que vimos sobre informação em saúde e sobre os indicadores, vamos estudar sobre como 
vigiar a situação de saúde da população. 
A vigilância acompanha o  conceito de  saúde ao  longo dos  tempos. Por essa  razão,  foi por 
muito tempo associada somente ao impedimento da aparição de doenças contagiosas. o 
isolamento é uma das práticas mais antigas de intervenção social relacionada à saúde dos 
homens. No final da Idade Média, o modelo médico e político de intervenção que surgia para 
a  organização  sanitária  das  cidades  deslocava-se  do  isolamento  para  a  quarentena.  Três 
experiências iniciadas no século XVIII, na Europa, irão constituir os elementos centrais das atuais 
práticas da vigilância em saúde: a medicina de Estado, na Alemanha; a medicina urbana, na 
França; e a medicina social, na Inglaterra. Na era da bacteriologia, descobrem-se técnicas de 
controle de doenças, em especial a vacinação. a vigilância passa a ser denominada a função 
de observar os doentes atingidos pelas doenças contagiosas. Nos anos 1950, a denominação 
amplia-se para “acompanhamento sistemático de eventos adversos à saúde na comunidade”. Em 
1963, Alexander Langmuir conceituou “vigilância em saúde” como a “observação contínua da 
distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemática, consolidação 
e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, 
e a regular disseminação dessas informações a todos os que necessitam conhecê-la”.
Nas décadas de 1960 e 1970, a campanha de vacinação contra a varíola impulsionou o uso da 
vigilância pelo mundo. Em 1975, o Brasil cria o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica 
e o Sistema de Notificação de Doenças Compulsórias. No ano seguinte, cria-se a Secretaria 
Nacional de Vigilância Sanitária e, nos anos 1990, começa-se a discutir a importância da 
vigilância ambiental.
20
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Ainda nos anos 1990, a vigilância é reformulada para que contenha pelo menos três eixos:
 • Vigilância  de  efeitos  sobre  a  saúde,  como  agravos  e  doenças,  tarefa  tradicionalmente 
realizada pela vigilância epidemiológica. 
 • Vigilância de perigos, como agentes químicos,  físicos e biológicos que possam ocasionar 
doenças e agravos, tarefa tradicionalmente realizada pela vigilância sanitária. 
 • Vigilância de exposições, por meio do monitoramento da exposição de indivíduos ou grupos 
populacionais a um agente ambiental ou de seus efeitos clinicamente ainda não aparentes 
(subclínicos ou pré-clínicos).
No Brasil, foram implantados os Distritos Sanitários, estratégia que buscava redefinir os serviços 
e práticas de saúde a partir da demanda espontânea e das necessidades  identificadas na 
população. A preocupação em reorganizar tais práticas trouxe a ampliação do conceito para 
vigilância em saúde, que busca não somente observar a epidemiologia, os perigos e as questões 
ambientais, como também englobar determinações sociais de doença, distribuição desigual nos 
agravos à saúde.Controle de 
doenças 
transmissíveis
Vigilância
das doenças e 
agravos não 
transmissíveis
Vigilância 
da situação 
de saúde
Vigilância 
ambiental
Vigilância 
da saúde do 
trabalhador
Vigilância 
sanitária
Figura 1 – Componentes da vigilância da saúde.
Fonte: Ministério da Saúde, 2010.
Neste modelo de vigilância da saúde, os atores passam a ser não mais o médico ou sanitarista, 
mas sim as equipes de saúde e os cidadãos.
Quadro 4: Modelos assistenciais e de vigilância da saúde
Modelo Sujeito Objeto
Meios de
trabalho
Formas de
organização
Vigilância
da saúde
Equipe de
saúde e
população
Danos, riscos, 
necessidades e 
condições de vida 
e trabalho.
Políticas públicas saudáveis. Promoção,
proteção e prevenção. Operações em
grupos populacionais específicos.
Intersetorialidade.
Tecnologias de 
comunicação social, 
planejamento local 
conforme a situação, 
tecnologias 
médico-sanitárias. 
Médico-assistencial
privatista
Médico
especialista
Doença e doentes.
Serviços de saúde,
especialmente o hospitalar.
Tecnologia
médica.
Sanitarista Sanitaristas Modos de transmissão e fatores de risco.
Campanhas de vacinação, sistemas de
vigilância epidemiológica e sanitária.
Tecnologia
sanitária.
Co
nd
içõ
es 
soc
ioeco
nômicas, culturais e ambientais gerais
A  formulação  de  propostas  para  a  educação  profissional  em  saúde,  muito  embora  possa 
representar  importante  colaboração  para  as  mudanças  almejadas,  sempre  encontrará 
limitações dadas pela própria cultura institucional e a organização das práticas de saúde. A 
21
formação para o trabalho na vigilância em saúde deve ter a pesquisa como eixo central para 
a realização da prática estratégica – informação/decisão/ação, através do reconhecimento 
do território/população, do domínio do planejamento como ferramenta capaz de mobilizar os 
diversos atores na resolução dos problemas identificados e da ação comunicativa.
2.3.1 Vigilância epidemiológica
“[...]  um  conjunto  de  ações  que  proporciona  o  conhecimento,  a  detecção  ou  prevenção  de   
qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva 
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou  
agravos.” 
Inicialmente,  a  vigilância  epidemiológica  foi  utilizada  para  programas  de  monitoramento 
e controle de doenças transmissíveis no Brasil. Em 1969, as secretarias estaduais de saúde 
passaram a alimentar  informações  semanais para a elaboração do boletim epidemiológico 
quinzenal.  Em  1999,  foi  instituída  a  Programação  Pactuada  Integrada  –  Epidemiologia  e 
Controle de Doenças, que financiava as ações de saúde coletiva e na qual estava incluída a 
vigilância epidemiológica.
2.3.2 Propósito e funções da vigilância epidemiológica
a vigilância epidemiológica tem como propósito:
 • Dar orientação técnica permanente para os profissionais de saúde que têm a responsabilidade 
de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos.
 • Disponibilizar  informações  atualizadas  sobre  a  ocorrência  de  doenças  e  agravos,  bem 
como dos fatores que as condicionam, numa área geográfica ou população definida.
 • Ser instrumento para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de 
saúde, bem como para normatização das atividades técnicas correlatas.
A vigilância epidemiológica tem como funções:
 • Coleta de dados. 
 • processamento dos dados coletados. 
 • análise e interpretação dos dados processados. 
 • Recomendação das medidas de controle apropriadas. 
 • Promoção das ações de controle indicadas. 
 • Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas. 
 • Divulgação de informações pertinentes.
A eficiência do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica depende do desenvolvimento 
harmônico das  funções  realizadas nos diferentes níveis. Quanto mais  capacitada e eficiente 
for a instância local, mais oportunamente podem ser executadas as medidas de controle. Os 
dados e informações produzidos serão mais consistentes, possibilitando melhor compreensão do 
quadro sanitário estadual e nacional e, consequentemente, o planejamento adequado da ação 
22
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governamental. Nesse contexto, as intervenções oriundas dos níveis estadual e federal tenderão 
a  tornar-se  seletivas,  voltadas  para questões  emergenciais  ou  que,  por  sua  transcendência, 
requerem avaliação complexa e abrangente, com participação de especialistas e centros de 
referência, inclusive internacionais.
2.3.3 Vigilância sanitária
Com a Constituição brasileira assumindo a saúde como um direito fundamental do ser humano e 
atribuindo ao Estado o papel de provedor dessas condições, a definição de vigilância sanitária, 
apregoada  pela  Lei  nº  8.080,  de  19  de  setembro  de  1990,  passa  a  ser,  nesse  contexto, 
conforme o artigo 6º, parágrafo 1º, a seguinte:
Entende-se  por  vigilância  sanitária  um  “conjunto  de  ações  capazes  de  eliminar,  diminuir  ou 
prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da 
produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: 
o  controle  de  bens  de  consumo  que,  direta  ou  indiretamente,  se  relacionem  com  a  saúde, 
compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; o controle da prestação 
de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde”.
Essa definição amplia o seu campo de atuação, pois, ao ganhar a condição de prática capaz 
de eliminar, diminuir ou prevenir riscos decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação 
de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, torna-se uma prática com poder de 
interferir em toda a reprodução das condições econômico-sociais e de vida, isto é, em todos os 
fatores determinantes do processo saúde-doença.
A noção de meio ambiente hoje, mais do que o conjunto de elementos naturais físico-biológicos, 
significa também as relações sociais do mundo construído pelo homem, abrangendo o ambiente 
de trabalho. Essa atribuição de intervenção no meio de trabalho é reforçada pelo parágrafo 
3º do mesmo artigo 6º da Lei nº 8.080/90. Através das vigilâncias epidemiológica e sanitária, 
busca-se “a promoção e proteção à saúde dos trabalhadores”, bem como sua recuperação e 
reabilitação em decorrência “dos riscos e agravos advindos das condições de trabalho [...]”. 
Destacam-se quatro dimensões inerentes à prática de vigilância sanitária:
 • A dimensão política: como uma prática de saúde coletiva, de vigilância da saúde, 
instrumento  de  defesa  do  cidadão,  no  bojo  do  Estado  e  voltada  para  responder  por 
problemas,  situa-se  em  campo de  conflito  de  interesses,  pois  prevenir  ou  eliminar  riscos 
significa  interferir no modo de produção econômico-social. Essa é  sua dimensão política, 
relacionada ao propósito de transformação ou mudança desses processos em benefício, a 
priori, da população. Contudo, os entraves serão maiores ou menores dependendo, de um 
lado, do grau de desenvolvimento tecnológico dos setores produtores e prestadores e de 
suas consciências sanitárias ou mercantilistas, e, de outro, da concreta atuação e consciência 
dos consumidores.
 • A dimensão ideológica:  significa  que  a  vigilância  deverá  responder  às  necessidades 
determinadas pela população, mas enfrentar os atores sociais com diferentes projetos e 
interesses.
 • A dimensão tecnológica: refere-se à necessidade de suporte de várias áreas do 
conhecimento científico, de métodos e de técnicas que requerem uma clara fundamentação 
epidemiológica para seu exercício. Nessa dimensão, está incluída sua função de avaliadora 
de processos, de situações,de eventos ou agravos, expressa por meio de  julgamentos a 
23
partir da observação ou cumprimento de normas e padrões técnicos e de uma consequente 
tomada de decisão.
 • A dimensão jurídica: distingue-se das demais práticas coletivas de saúde, conferindo-
lhe  importantes  prerrogativas  expressas  pelo  seu  papel  de  polícia  e  pela  sua  função 
normatizadora. A atuação da vigilância sanitária tem implicações legais na proteção à saúde 
da população, desde sua ação educativa e normativa, estabelecendo obrigatoriedades ou 
recomendações, até seu papel de polícia, na aplicação de medidas que podem representar 
algum  tipo de punição. Assentada no Direito Sanitário,  sua atuação se  faz no plano do 
jurídico,  significando que qualquer  tomada de decisão afeta esse plano. Para  isso,  suas 
ações devem estar corretamente embasadas em leis. Torna-se imprescindível para aquele 
que exerce a ação o conhecimento dos instrumentos processuais, das atribuições legais e 
responsabilidades.
2.3.4 Qual o campo de abrangência da vigilância sanitária?
A definição atual da vigilância sanitária, como já foi visto, torna seu campo de abrangência 
vasto e ilimitado, pois poderá intervir em todos os aspectos que possam afetar a saúde dos 
cidadãos. Para facilitar a exposição, assumimos que seu campo de abrangência é composto por 
dois subsistemas, subdivididos em: bens e serviços de saúde e meio ambiente.
2.3.4.1 Bens e serviços de saúde
Subsistema de produção de bens de consumo e serviços de saúde que  interferem direta ou 
indiretamente  na  saúde  do  consumidor  ou  comunidade.  São  bens  e  serviços  de  saúde  que 
interessam ao controle sanitário:
 • as tecnologias de alimentos, relacionadas aos métodos e processos de produção de 
alimentos necessários ao sustento e à nutrição do ser humano.
 • As  tecnologias de beleza,  limpeza e  higiene,  relacionadas aos métodos e processos de 
produção de cosméticos, perfumes, produtos de higiene pessoal e saneantes domissanitários.
 • As tecnologias de produção industrial e agrícola, relacionadas à produção de outros bens 
necessários à vida do ser humano, como produtos agrícolas, químicos, drogas veterinárias, 
etc.
 • As  tecnologias médicas, que  interferem diretamente no corpo humano na busca da cura 
da  doença,  alívio  ou  equilíbrio  da  saúde.  Compreendem  medicamentos,  soros,  vacinas, 
equipamentos médico-hospitalares, cuidados médicos e cirúrgicos e suas organizações de 
atenção à saúde, seja no atendimento direto ao paciente, seja no suporte diagnóstico, 
terapêutico, seja na prevenção ou apoio educacional.
 • As tecnologias do lazer, alusivas aos processos e espaços onde se exercem atividades não 
médicas, mas que interferem na saúde dos usuários, como centros esportivos, cabeleireiros, 
barbeiros, manicures, pedicuros, institutos de beleza, espaços culturais, clubes, hotéis, etc.
 • As  tecnologias  da  educação  e  convivência,  relacionadas  aos  processos  e  espaços  de 
produção,  englobando  escolas,  creches,  asilos,  orfanatos,  presídios,  cujas  condições  das 
aglomerações humanas interferem na sua saúde.
24
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2.3.4.2 Meio ambiente
Subsistema  relacionado ao  conjunto de elementos  naturais  e de elementos que  resultam da 
construção humana e suas relações sociais:
 • o meio natural, correspondente à água, ao ar, ao solo e à atmosfera. Interessam ao controle 
sanitário as  tecnologias utilizadas na construção de sistemas de abastecimento de água 
potável para o consumo humano, na proteção de mananciais, no controle da poluição do 
ar, na proteção do solo, no controle dos sistemas de esgoto sanitário e dos resíduos sólidos, 
entre outros, visando à proteção dos recursos naturais e à garantia do equilíbrio ecológico 
e, consequentemente, da saúde humana.
 • O meio  construído,  relacionado  às  edificações  e  às  formas  do  uso  e  parcelamento  do 
solo.  Aqui  o  controle  sanitário  é  exercido  sobre  as  tecnologias  utilizadas  na  construção 
das edificações humanas (casas, edifícios, indústrias, estabelecimentos comerciais, etc.) e a 
forma de parcelamento do solo no ambiente urbano e rural; sobre os meios de locomoção e 
toda a infraestrutura urbana e de serviços; sobre o ruído urbano e outros fatores, no sentido 
de prevenir acidentes, danos individuais e coletivos e proteger o meio ambiente.
 • O ambiente  de  trabalho,  relacionado  às  condições  dos  locais  de  trabalho,  geralmente 
resultantes de modelos de processos produtivos de alto risco ao ser humano. o controle 
sanitário dirige-se a esse ambiente, em que  frequentemente encontra cidadãos que  são 
obrigados a dedicar grande parte de seu tempo ao trabalho em condições desagradáveis, 
em ambientes fechados e insalubres, em processos repetitivos, competitivos e sob pressão, 
o que altera e põe em  risco a  saúde  física e psicológica e a vida dos  indivíduos e da 
comunidade.
No processo histórico de conformação de seu campo de atuação e na divisão das tarefas de 
vigilância sanitária, vários órgãos de governo assumem o todo ou parte desses subsistemas. Na 
área de alimentos, por exemplo, o Ministério da Agricultura compartilha as ações de controle 
de alimentos in natura. Nas radiações ionizantes, em seu uso em terapêutica médica, tem sido 
a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) a responsável pelo controle e segurança das 
fontes. A gestão do sistema de vigilância ambiental em saúde, em todo o território nacional, 
passou a ser atribuição do Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi), conforme o Decreto nº 
3.450, de 10 de maio de 2000. Com relação à vigilância do ambiente de trabalho, em várias 
unidades federadas, o controle sanitário tem sido exercido por órgãos ligados ao Ministério 
do Trabalho e Secretarias do Trabalho ou outros órgãos relacionados ao Programa de Saúde 
do Trabalhador.
2.4 Determinantes sociais da saúde
A comissão homônima da Organização Mundial da Saúde (OMS)13 compreende os determinantes 
sociais da saúde como condições sociais em que uma pessoa vive e trabalha. São os fatores e 
mecanismos por meio dos quais as condições sociais afetam a saúde e que potencialmente podem 
ser alterados por ações baseadas em informação. Para Buss e Pellegrini14, são considerados 
os  fatores  sociais,  econômicos,  culturais,  étnicos/raciais,  psicológicos  e  comportamentais  que 
influenciam a ocorrência de problemas de saúde e fatores de risco à população, como moradia, 
alimentação, escolaridade, renda e emprego.
13  World Health Organization (WHO). A Conceptual Framework for Action on the Social Determinants of Health. Geneve: 
Commission on Social Determinants of Health, 2007.
14  BUSS, Paulo Marchiori; PELLEGRINI FILHO, Alberto. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, v. 17, n. 1, pp. 77-93, 
2007.
25
Estudos sobre determinantes sociais apontam que há distintas abordagens possíveis. Além disso, 
indicam  que  há  uma  variação  quanto  à  compreensão  sobre  os mecanismos  que  acarretam 
inequidades de saúde. por isso, os determinantes sociais não podem ser avaliados somente 
pelas doenças geradas. Eles vão além disso, influenciando todas as dimensões do processo de 
saúde das populações, do ponto de vista tanto do indivíduo quanto da coletividade na qual se 
inserem. Os determinantes sociais de saúde apontam tanto para as características específicas 
do contexto social que afetam a saúde quanto para a maneira com que as condições sociais 
traduzem esse impacto sobre a saúde15.
Entre  os  desafios  para  entender  a  relação  entre  determinantes  sociais  e  saúde  está  o 
estabelecimento de uma hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais de natureza 
social,  econômica, política e as mediações através das quais  esses  fatores  incidem  sobre a 
situação de saúde de grupos e pessoas, não havendouma simples relação direta de causa 
e efeito. Daí a importância de o setor de saúde se somar aos demais setores da sociedade 
no combate às inequidades. Todas as políticas que assegurem a redução das desigualdades 
sociais e que proporcionem melhores condições de mobilidade, trabalho e lazer são importantes 
nesse processo, além da própria conscientização do indivíduo sobre sua participação pessoal 
no processo de produção da saúde e da qualidade de vida16.
A partir de discussões e comentários, foi nos anos 1970 e no início dos anos 1980 que surgiu o 
conceito de determinantes sociais de saúde. As limitações das intervenções sobre a saúde eram 
destacadas quando orientadas pelo risco de doença nos indivíduos. As críticas afirmavam que 
para compreender e melhorar a saúde, é necessário focalizar as populações, com pesquisas e 
ações de políticas direcionadas às sociedades a que esses indivíduos pertencem. Foi sugerido 
um movimento “contrário à correnteza” no que diz respeito tanto aos fatores de risco individuais 
quanto a padrões e modelos sociais que moldam as chances das pessoas serem saudáveis. Um 
ponto comum a essas críticas foi o argumento de a atenção médica não ser o principal fator 
de auxílio à saúde das pessoas13,15,16. pelo contrário, o conceito de determinantes sociais está 
ligado aos “fatores que ajudam as pessoas a ficarem saudáveis, ao invés do auxílio que as 
pessoas obterão quando ficarem doentes”17.
Nos anos 1990, a partir da reforma sanitária e da 8ª constituinte e de acordo com a Lei 8.080, 
vigente desde 19 de setembro de 1990, também são descritas as relações e os cuidados com 
a saúde com base no entendimento dos determinantes sociais:
“Artigo 2 - A saúde é um direito fundamental do ser 
humano, devendo o Estado prover as condições 
indispensáveis ao seu pleno exercício. 1º O dever do 
Estado de garantir a saúde consiste na formulação e 
execução de políticas econômicas e sociais que visem à 
redução de riscos de doenças e de outros agravos e no 
estabelecimento de condições que assegurem acesso 
universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua 
promoção, proteção e recuperação.”
15  Paim JS Abordagens  teórico-conceituais em estudos de condições de vida e saúde: notas para reflexão e ação.  In: 
Barata RB. (org) Condições de vida e situação de saúde. Rio de Janeiro: Abrasco, pp. 167-95, 1997.
16  Barata R B. Desigualdades Sociais e Saúde. In: Campos GWS (org.) et al. Tratado de Saúde Coletiva. 2. ed. Ver. Aum. 
São paulo: Hetec. 2012. 968p.
17  Barata RB. (org) Condições de vida e situação de saúde. Rio de Janeiro: Abrasco, pp. 167-95, 1997.
26
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o famoso modelo de Dahlgren e Whitehead6 explica como as desigualdades sociais na saúde 
são resultado das interações entre os diferentes níveis de condições, desde o nível individual 
até o de comunidades aO que compete ao Estado fornecer todos os subsídios em saúde para a 
manutenção e bem-estar da população, independentemente de suas diversidades psicossociais 
e socioeconômicas. Existem diferentes concepções para o tema desigualdades sociais de saúde. 
Muitas vezes utiliza-se o termo diferenciais de saúde ou iniquidades. Entretanto, em todos os 
termos utilizados está presente a  relação com o processo  social de partilha de bens ou de 
saúde e a posição que o indivíduo ocupa na sociedade.
Iniquidade em saúde: desigualdades em saúde que são 
sistemáticas, injustas e evitáveis.
O termo iniquidade deriva da palavra equidade, um 
dos princípios do SUS que vimos no módulo anterior. 
Equidade é atender cada indivíduo de acordo com suas 
necessidades. Logo, as iniquidades, além de não serem o 
atendimento justo de cada indivíduo, são desigualdades 
que agravam o que já era desigual.
NÃo DEIXE DE VER...
Sobre a situação dos DSS no nosso país, acesse o site do Observatório de Iniquidades em 
Saúde: Disponível em: http://dssbr.org/site/recuperação. 
Os  determinantes  de  saúde  continuam  a  ser  compreendidos,  em  alguns  contextos,  como 
características do indivíduo, como a rede de apoio social da pessoa, ou o salário, ou função. 
Entretanto, a população não é meramente uma coleção de indivíduos. as causas da má 
saúde agrupam-se em padrões sistemáticos. Além disso, os efeitos sobre um indivíduo podem 
depender da exposição sobre outros indivíduos e de suas consequências5. Isso ocorre porque 
os determinantes de características individuais diferentes em uma população podem não ser os 
mesmos determinantes de diferenças entre as populações16.
Diante disso, é útil distinguir dois tipos de questões etiológicas: a primeira busca a causa dos 
casos,  e  a  segunda,  as  causas  das  incidências.  Quando  se  trata  de  determinantes  sociais, 
queremos compreender como as causas dos casos individuais estão relacionadas às causas da 
incidência nas populações. Por que observamos uma relação gradual entre a posição social e 
um status de saúde que afeta as pessoas em todos os níveis da hierarquia social? Como ela 
muda com o tempo? Os fatores determinantes sobre a saúde estão mudando para melhor? O 
mesmo ocorre para todos? onde e para quem eles estão mudando para pior?
Nos últimos anos, vários modelos foram desenvolvidos para demonstrar os mecanismos através 
dos  quais  os  determinantes  sociais  de  saúde  afetam  os  resultados  na  saúde;  para  deixar 
claras as conexões entre diferentes tipos de determinantes de saúde; e para localizar pontos 
estratégicos para as ações de políticas. Dentre os principais modelos, há aqueles propostos 
27
por Dahlgren  e Whitehead  (1991)18; Mackenbach  (1994)19;  Diderichsen  e Hallqvist  (1998, 
adaptado  subsequentemente  por  Diderichsen,  Evans  e  Whitehead,  2001)20;  e  Marmot  e 
Wilkinson  (1999)21. Esses modelos foram particularmente importantes para demonstrar as 
formas de contribuição dos determinantes sociais de saúde sobre as iniquidades na saúde em 
vários grupos sociais.
2.4.1 Dahlgren e Whitehead: influências em camadas
o famoso modelo de Dahlgren e Whitehead18 explica como as desigualdades sociais na saúde 
são resultado das interações entre os diferentes níveis de condições, desde o nível individual até 
o de comunidades afetadas por políticas de saúde nacionais. os indivíduos estão no centro da 
figura e têm idade, gênero e fatores genéticos que, indubitavelmente, influenciam seu potencial 
de  saúde final. A  camada  imediatamente externa  representa o  comportamento e os estilos 
de vida das pessoas. As pessoas expostas a  circunstâncias de desvantagem tendem a exibir 
uma prevalência maior de fatores comportamentais, como fumo e dieta pobre, e também se 
deparam com barreiras financeiras maiores ao escolherem um estilo de vida mais saudável.
A influência da sociedade e da comunidade é demonstrada na próxima camada. Essas interações 
sociais e pressões ocultas influenciam o comportamento pessoal da camada abaixo, para melhor 
ou pior. Para os grupos mais próximos do fim da escala social, compostos por pessoas que vivem 
em condições de extrema privação, os indicadores de organização comunitária registram uma 
disponibilidade menor de redes e sistemas de apoio, além de menos serviços sociais e lazer em 
atividades comunitárias e modelos de segurança mais frágeis. No próximo nível, encontramos 
fatores relacionados a condições de vida e de trabalho, disponibilidade de alimentos e acesso 
a ambientes e serviços essenciais. Nesta camada, as pessoas em desvantagem social correm 
um risco diferenciado criado por condições habitacionais mais humildes, exposição a condições 
mais perigosas ou estressantes de trabalho, e acesso menor aos serviços.
O  último  dos  níveis  inclui  as  condições  econômicas,  culturais  e  ambientais  prevalecentes  na 
sociedade como um todo. Essas condições, como o estado econômico e as condições do mercado 
de trabalho do país,influenciam todas as outras camadas. O padrão de vida de uma dada 
sociedade, por exemplo, pode influenciar a escolha de um indivíduo sobre habitação, trabalho 
e interações sociais, assim como hábitos alimentares. Da mesma forma, alguns fatores podem 
influenciar o padrão de vida e a posição socioeconômica, dependendo das crenças culturais 
sobre a posição das mulheres na sociedade, ou da atitude geral sobre as comunidades étnicas 
minoritárias.
18   Dahlgren G, Whitehead M. Policies and Strategies to promote social equity in health. Stockholm:  Institute for Future 
Studies, 1991.
19   MACKENBACH, J. P. et al. A prospective cohort study  investigating the explanation of socio-economic  inequalities  in 
health in the Netherlands. Social Science & Medicine. 38 : 2 (1994) 299-308.
20   Evans, Timothy, et al. Challenging inequities in health: From ethics to action. Oxford University Press, 2001.
21   Marmot M; Wilkinson RG, editors. Social determinants of health: the solid facts. 2nd edition. Copenhagen: Word Health 
Organization (WHO), 2003.
28
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
Habitação
Serviços 
sociais de 
saúde
Água e 
esgoto
Produção 
agrícola e de 
alimentos
Ambiente de 
trabalho
Desemprego
Condições de vida 
e de trabalho
Idade, sexo
e fatores
hereditários
Es
tilo
 de
 vida dos indivíduos
Re
des
 soci
ais e comunitárias
Co
nd
içõ
es 
soc
ioeco
nômicas, culturais e ambientais gerais
Educação
Figura 3: Determinantes Sociais: modelo de Dahlgren e Whitehead.
Fonte: https://pt.slideshare.net/wagnermartins1/gesto-estratgica-e-comunicativa-em-re-
des-sociotcnicas-21-1111.
2.4.2 Diderichsen et al.: estratificação social e produção de doenças
o modelo de Diderichsen e Hallqvist, de 1998, foi adaptado por Diderichsen, Evans e 
Whitehead  (2001)20.  Este modelo  enfatiza a  criação da  estratificação  social  pelo  contexto 
social,  que  delega  aos  indivíduos  posições  sociais  distintas.  A  posição  social  das  pessoas 
determina suas oportunidades de saúde. No diagrama a seguir, o processo de delegação de 
posições sociais aos indivíduos é mostrado em (I). Os mecanismos envolvidos são “os principais 
mecanismos sociais que geram e distribuem o poder, a riqueza e os riscos” como, por exemplo, 
o  sistema  educacional,  as  políticas  de  trabalho,  as  normas  direcionadas  aos  gêneros  e  as 
instituições políticas. A estratificação social, por sua vez, engendra uma exposição diferente às 
condições que causam danos à saúde (II) e ao diferencial de vulnerabilidade (III), assim como 
às  consequências que geram diferenças entre o mau estado de  saúde de grupos em maior 
ou menor vantagem, mostrado como mecanismo (IV). As consequências sociais referem-se ao 
impacto que um certo evento pode ter sobre as circunstâncias socioeconômicas que afetam um 
indivíduo ou uma família. Este modelo inclui uma discussão de pontos para ações de políticas, 
um aspecto que retomaremos em uma seção adiante.
29
Contexto
Social
Contexto
das políticas
Consequências sociais
ou mau estado de saúde
Posição social
Exposição específica
Doença ou acidente
I
II
I
III
IV
Co
nd
içõ
es 
soc
ioeco
nômicas, culturais e ambientais gerais
Figura 4: Determinantes sociais: modelo de Diderichsen e Hallqvist.
2.4.3 Mackenbach et al.: seleção e causa
O modelo de Mackenbach19 enfatiza os mecanismos que geram as desigualdades na saúde: 
seleção versus causa – ver figura. O número 1 representa os processos de seleção dos efeitos 
dos problemas de saúde em idade adulta sobre a posição socioeconômica desses adultos, e dos 
efeitos da saúde na infância sobre a posição socioeconômica dos adultos e sobre os problemas 
de saúde em idade adulta. O número 2 é um mecanismo de causa sobre três grupos de fatores 
de risco intermediários entre a posição socioeconômica e os problemas de saúde (fatores do 
estilo de vida, fatores estruturais /ambientais, fatores psicológicos e relacionados ao stress). O 
modelo inclui o ambiente na infância, os fatores culturais e os fatores psicológicos, e demonstra 
sua contribuição às desigualdades na saúde, tanto como fator de seleção quanto como fator 
causal.
Incidência de problemas de
saúde na idade adulta
d - ambiente na infância
e - fatores culturais
f - fatores psicológicos
a - fatores relacionados ao 
estilo de vida
b - fatores estruturais/ 
ambientais
c - fatores relacionados ao 
estresse psico-social
Posição sócio-econômica
do adulto
1
g - saúde na infância
2
2
2
1
2
1
1 1
Figura 5: Determinantes sociais: modelo de Mackenbach et al.
30
Disciplina Saúde Coletiva
Laureate International Universities
2.4.4 Brunner, Marmot e Wilkinson: múltiplas influências no decorrer 
da vida
Esse modelo foi desenvolvido para ligar as perspectivas da saúde clínica (curativa) às da saúde 
pública (preventiva). Subsequentemente, o modelo foi aplicado ao processo social subliminar 
às desigualdades na saúde, gerando um modelo de fatores sociais que causam mau estado 
de saúde e que contribuem para as desigualdades na saúde. Este último modelo foi incluído 
no relatório acheson da Grã-Bretanha para ilustrar como as desigualdades socioeconômicas 
em  resultados de  saúde  são  consequência das diferenças de exposição ao  risco ambiental, 
psicológico e comportamental no decorrer da vida. Este modelo liga o padrão social à saúde 
e à doença por caminhos materiais, psicossociais e comportamentais. Fatores genéticos, de 
infância e culturais também são influências importantes sobre a saúde da população21.
Infância
Genética
Cultura
Estrutura social
Ambiente social
Fatores materiais
PsicológicoTrabalho
Comportamentos
de saúde
Cérebro
Resposta neuro-en-
dócrina do sistema 
imunológico
Mudanças patofísicas
Comprometimento de 
órgãos
Bem-estar
Mortalidade
Morbidez
Figura 6: Determinantes sociais: modelo de Brunner, Marmot e Wilkinson.
2.4.5 Determinantes de saúde no Brasil22,23,24 
Em 2008, a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais de Saúde publicou um relatório 
com as  causas principais  das  iniquidades  em  saúde  no  nosso país. Você pode acessar  este 
documento no site: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/causas_sociais_iniquidades.pdf
 • Urbanização: em 40 anos o Brasil teve sua população rural reduzida de 55% para 19%, 
enquanto a população urbana aumentou de 56% para 81%. Essa mudança é considerada 
rápida para a organização de um país. Os  serviços e políticas  não acompanharam  tal 
crescimento, o que gerou alta demanda por serviços e infraestrutura. 
 • Transição demográfica:  a  urbanização  e  a  rápida  industrialização  foram  responsáveis 
pelas  mudanças  no  padrão  de  fecundidade  da  população.  A  queda  da  taxa  de 
22  Diminuindo  diferenças:  a  prática  das  políticas  sobre  determinantes  sociais  da  saúde:  documento  de  discussão. 
Organização Mundial da Saúde, Rio de Janeiro, 2011.
23 MALTA, Deborah Carvalho; SZWARCWALD, Célia Landmann. Pesquisas de base populacional e o monitoramento das 
doenças crônicas não transmissíveis. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 51, supl. 1, 2s, 2017. Disponível em: http://dx.doi.
org/10.1590/s1518-8787.201705100supl1ap. Epub 01-Jun-2017. Acesso em:  17 jun 2017
24  As causas das iniquidades em saúde no Brasil. Comissão Nacional de Determinantes Sociais de Saúde, Rio de Janeiro, 
2008.
31
fecundidade no Brasil foi muito mais rápida do que em países desenvolvidos. Mulheres com 
menor escolaridade ou menor renda possuem maior taxa de fecundidade. 
 • Crescimento econômico e distribuição de renda: a má distribuição das riquezas do país 
agravam  as  condições  sociais.  Embora  o  Brasil  tenha  aumentado  sua  concentração  de 
riquezas, isso não se refletiu na melhora

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