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Artigo Inexigibilidade

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Título:
“Objetividade nas Contratações de Artistas pela Administração Pública”
							 Fabiano Pereira Silva*[1: Formação Acadêmica: Artes Plásticas/Titulação: Pós-Graduado. Atuação profissional/vínculo institucional: Secretaria de Estado de Cultura e Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Endereço residencial: QC 10 Rua N, casa 21 –Jardins Mangueiral-Brasília-DF, telefone: (61) 99651-4015 e e-mail: artistafabiano@gmail.com]
Resumo
Há um entendimento estabelecido de que as contratações de artistas pela Administração Pública devem ser diretas realizadas por inexigibilidade por se basearem em critérios subjetivos. Isso se deve ao caráter único de cada artista que inviabiliza a concorrência entre eles. O presente Artigo defende que haja concorrência em tais contratações como em qualquer outra licitação para prestar um serviço público primando pela economicidade e igualdade de competição. Para tanto, propõe-se o estabelecimento de critérios objetivos para avaliar qual proposta seria mais vantajosa à Administração.
Palavras-chave
Inexigibilidade-Artistas-Critérios-Objetivos-Concorrência
Article Title:
"Objectivity in the hiring of Artists for the Public Administration"
Abstract
There is an understanding that the Contracts with artists by the Public Administration should be carried out directly by enforceability because there are based on subjective criteria. This is due to the unique character of each artist that makes competition between them impossible. This article argues that should have competition in such Contracts as in any other bidding to provide a public service seeking for economy and equal competition. To this end, it proposes the establishment of objective criteria to assess which would be more advantageous to the Administration proposal.
Keywords
Enforceability-Artists-Criteria-Objectives-Competition
	Introdução
A contratação de artistas tem por objetivo levar cultura à sociedade com proposta mais vantajosa à Administração, para tanto, é necessário haver concorrência. A concorrência na contratação de artistas é pretensamente impossível atualmente. O presente artigo vai propor critérios objetivos para respaldar a concorrência evitando assim, a inexigibilidade.
 Nas contratações por inexigibilidade atualmente, não há negociação. O artista impõe seu preço baseado em suas prévias contratações (preço de mercado), incluindo muitas vezes o lucro do empresário que serve como atravessador por ser representante legal do artista perante o Estado. Ou seja, é uma prática antieconômica. O objetivo desse artigo é solucionar esse problema trazendo critérios objetivos para evitar a contratação direta por inexigibilidade, ferramenta de exceção. 
É o pensamento do TCU, segundo Acórdão n° 146/2007 – 1ª Câmara:
(...) licitação é o procedimento administrativo mediante o qual os órgãos públicos e entidades selecionam a proposta mais vantajosa para a avença de seu interesse. Nesse contexto, surge um princípio basilar ao Direito Administrativo, qual seja, o da indispensabilidade da licitação para se adquirir, alienar ou locar bens, contratar a execução de obras ou serviços, que tem assento constitucional (art. 37, inciso XXI, da Carta Política) e infraconstitucional - art. 2o da Lei no 8.666/1993 (...).Essa demanda decorre de princípios também insculpidos no caput do art. 37 da Constituição Federal de 1988, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, além de outros elencados pela doutrina para a licitação. É dizer: a regra estatuída na Constituição Federal é a da obrigatoriedade de licitar, já as hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de certame devem ser interpretadas como exceções.”(grifo nosso)
O problema da Inexigibilidade
A lei 8.666/93 diz em seu artigo n° 25, III que é inexigível a licitação quando não houver possibilidade de competição. É usual então, “inexigir” a licitação, por se entender que o artista é único e ninguém pode concorrer com ele. Sabe-se da especialidade do artista e seu trabalho. Contudo, a contratação de serviços públicos vê como objetivo final o bem da sociedade, não o benefício do artista em ser único. Sendo assim, a tal especialidade artística deve ser relegada a bem da sociedade, pois essa logrará mais vantagem em ter cultura impessoal, do que ter cultura privilegiando um artista específico. Isso sem mencionar o agravante de se pagar mais por sua contratação, já que sendo único, o artista pode cobrar o quanto quiser para ser contratado.
Vejamos o que diz o Professor Jacoby a respeito do tema:
(...) Nesse caso, não deve ser olvidado que a individualidade da produção artística acarreta, em regra, a inviabilidade de competição. É justamente a ausência de parâmetros que assegura a criatividade humana. Está aí, uma hipótese em que a contratação não pode se efetivar com o atendimento pleno do disposto no art. 7º, § 2º, c/c. o 9º da Lei 8.666/93, que exige rigoroso detalhamento do objeto pretendido com a contratação dos serviços. Poderá, contudo, a Administração, se for o caso, estabelecer os parâmetros para a prestação dos serviços, como dia e hora – no caso de espetáculos artísticos – prazo, ônus das partes no cumprimento e no descumprimento da obrigação. A entidade que está na defesa do interesse público não pode deixar de resguardá-lo, em qualquer momento, pois nem mesmo os mais expressivos artistas encontram-se distantes das leis. Por esse motivo, deve-se exigir recibo nos seus pagamentos, bem como adotar as mesmas regras que os particulares adotam nesse tipo de contratação, a fim de garantir que se cumpra o contrato.(...)
Aqui frisa-se as palavras do Professor quando cita que a entidade Administrativa que está na defesa do interesse público não pode deixar de resguardá-lo, em qualquer momento, pois nem mesmo os mais expressivos artistas encontram-se distantes das leis. Contudo, o douto Professor se limita a explicar a letra da lei sem propor critérios objetivos quanto à contratação em si. Menciona que a criatividade humana não supre parâmetros por isso não há competição. Contudo, se aferirmos que todos são criativos, pode-se então avaliar a proposta mais vantajosa à Administração baseando-se no preço da contratação. 
Ainda sobre o tema, o Professor comenta:
REQUISITOS 
Para garantir a regularidade dessa contratação direta, existem três requisitos que devem ser respeitados, além da inviabilidade de competição: - que o objeto da contratação seja o serviço de um artista profissional; - que seja feita diretamente ou por meio de empresário exclusivo; - que o contratado seja consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. Objeto O objeto do contrato é a atividade profissional do artista: cantar para um artista dessa área, produzir uma pintura ou escultura para outro. Efetivamente, nos casos em que o produto da atividade se concretiza num objeto material, a Administração poderá obtê-lo como resultado direto do contrato. Em alguns casos, é possível fazer juntar um esboço da obra que o artista pretende realizar, como meio de aferição do desenvolvimento de sua atividade. É importante salientar que não se pode confundir a compra de uma obra de arte, com a contratação do serviço do profissional artista. A primeira pode operar-se com dispensa de licitação, mas exige alguns requisitos, entre os quais destaca-se a inafastável correlação entre a aquisição e a finalidade do órgão ou entidade. Na contratação do profissional artista, esse requisito de compatibilidade não foi expressamente registrado pelo legislador, deixando certa margem de discricionariedade na sua contratação. A limitação dessa margem, nada obstante, pode ser obtida pelo confronto entre o interesse público e a natureza da contratação. Ilustra-se: enquanto para comemorar o aniversário da cidade, seria admissível a contratação de uma apresentação da orquestra sinfônica da cidade, a mesma contratação seria irregular para comemorar o aniversário de um governador ou o de uma pequena repartição. Há um certo limite oriundo de uma valoração deordem moral, mas nem por isso incontrastável no âmbito do Direito. A lei refere-se à contratação de artistas profissionais – definidos pelos parâmetros existentes em cada atividade – excluindo da possibilidade da contratação direta os artistas amadores. Destarte, só os artistas profissionais podem ser contratados com fulcro nesse dispositivo. [2: A profissão do artista profissional, em geral, está prevista pela Lei 6.533, de 24 de maio de 1978, e regulamentada pelo Decreto 82.385, de 5 de outubro do mesmo ano.]
Nesse comentário podemos enxergar claramente como e crível a objetividade nos requisitos da contratação viabilizando a concorrência e não a inexigibilidade. O Professor fala que para garantir a regularidade da contratação direta, existem três requisitos que devem ser respeitados: 
“que o objeto da contratação seja o serviço de um artista profissional;”
Esse requisito é mero procedimento burocrático formal e não respalda a subjetividade. Para a definição de artista, bem como o requisito necessário para a demonstração de seu profissionalismo, valemo-nos da lição do próprio mestre Jorge Ulysses Jacoby Fernandes, na obra “Contratação Direta sem Licitação”, Ed. Fórum, 6ª ed, pp. 726: 
Artista, nos termos da lei, é o profissional que cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de exibição ou divulgação pública, por meios de comunicação de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de diversão pública. O profissional artista deve estar inscrito na Delegacia Regional do Trabalho, o mesmo ocorrendo com os agenciadores dessa mão-de-obra, constituindo esse registro elemento indispensável à regularidade da contratação.[3: FERNANDES, Jorge Ulysses Jacoby. Contratação Direta sem Licitação. 6. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2007.]
“que seja feita diretamente ou por meio de empresário exclusivo;” 
De novo, não é requisito subjetivo.
“que o contratado seja consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.”
Por fim, a consagração pode-se aferir objetivamente com recortes de jornal, fotos e mídias que comprovem a atuação do artista no mercado. Acesso de usuários em portais na rede mundial de computadores, entre outros elementos que já existem e são utilizados atualmente pela Administração para a contratação de artistas.
Fica evidente que nos requisitos nada advoga pela subjetividade da matéria.
Nas palavras do Professor Marçal Justen Filho, na obra “Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos”, 14ª edição, Ed. Dialética, pp. 379-380, é impossível medir identidade de atuações e por isso seria probo se contratar diretamente um artista:
A atividade artística consiste em uma emanação direta da personalidade e da criatividade humanas. Nessa medida, é impossível verificar-se identidade de atuações. Isso não impede, porém, eventual comparação entre as performances artísticas. O concurso consiste, muitas vezes, em competição entre artistas para seleção do melhor desempenho. Quando houver interesse de premiação da melhor performance em determinada área das artes, a Administração Pública deverá valer-se do concurso disciplinado na Lei nº 8.666/93. Assim, por exemplo, a escolha de uma composição musical para símbolo de instituições públicas poderá ser produzida através de um concurso com premiação para a melhor obra.
Há uma justificativa razoável aqui para se usar o concurso em todas as contratações de artistas se vislumbramos o “prêmio” (sic) como sendo a própria contratação. Para tanto deveríamos entender a contratação em si como sendo o objeto do concurso. Ou seja, o artista que melhor preencher os pré-requisitos do escopo do evento, “ganharia o prêmio”, o caso o concurso. Se o objetivo do evento for o aniversário de cidade, critérios de seleção como ser artista da cidade há mais de 10 anos, entre outros fariam o artista pontuar mais e o daria mais vantagens na seleção de sua contratação. O preço de seu show seria outro crivo.
Na mesma obra, Professor Marçal Justen Filho continua:
Mas há casos em que a necessidade estatal relaciona-se com o desempenho artístico propriamente dito. Não se tratará de selecionar o melhor para atribuir-lhe um destaque, mas de obter os préstimos de um artista para atender certa necessidade pública. Nesses casos, torna-se inviável a seleção através de licitação, eis que não haverá critério objetivo de julgamento. Será impossível identificar um ângulo único e determinado para diferenciar as diferentes performances artísticas. Daí a caracterização da inviabilidade de competição. (grifo nosso)
O Professor disse e frisa-se: “obter os préstimos de um artista para atender certa atender certa necessidade pública” (sic). Indaga-se o que é mais útil à sociedade a contratação direta com o preço que o artista requerer ou a economicidade em uma contratação feita com igualdade de condições a outros artistas com qualidades de prestar o mesmo serviço público à contento. Se levarmos em consideração os princípios constitucionais da impessoalidade e economicidade, se sabe que a seleção através de concurso ou carta convite é mais razoável e saudável ao erário. 
Se a necessidade é prover cultura, há critérios objetivos que podem ser discriminados para tanto e assim não se evade a possibilidade de haver licitação. Um exemplo é a modalidade de carta convite, modelo mais simples de licitação onde no mínimo, três nomes de artistas são levantados, todos com relevante consagração pela mídia especializada e devidamente habilitados para a contratação. 
Cabe lembrar ainda que o gestor público não tem a competência para alegar discricionariamente que um artista é melhor do que outro para cumprir um serviço público. A escolha então, deve ser vinculada a critérios objetivos e não discricionária como é feita atualmente. O presente Artigo pretende sugerir tais critérios objetivos para balizar a concorrência.
Há de se fazer aqui um adendo quanto ao mérito cultural. Imaginemos que mais de um artista tenha capacidade de apresentar um serviço público compatível com outro. Essa premissa já oportuniza a concorrência, principal escusa de não se usar a modalidade da concorrência. O que poderia ser parâmetro para a boa prestação do serviço público nesse caso? A adesão de público, por exemplo. Esse critério é totalmente objetivo, pois se baliza com números. Outro parâmetro é a função social de prover cultura. Nesse caso, estamos falando de mérito cultural. O mérito nada mais é do que ter a expertise do fazer artístico. Isso se comprova através de análise de currículo, onde constam declarações, notas fiscais de prévias contratações, entre outros documentos comprobatórios. Isso é usualmente feito atualmente pela Administração. Nota-se então, que o processo de contratação ocorre com um vício. O de se considerar que a contratação artística é eminentemente subjetiva. Não o é, mesmo que se faça assim atualmente.
Analisando a ideia da contratação direta, podemos nos remeter a sua função política. O parlamentar ou gestor público na intenção de enaltecer sua gestão imagina ser interessante contratar um artista que convide um público maior e assim ter mais apelo para o sucesso de sua gestão. Com esse intuito, se torna mais interessante selecionar, discricionariamente, quem ele quer contratar. Contudo, quase nunca o interesse político se coaduna com o interesse público. De novo, vemos aqui o conflito com a pessoalidade e a discricionariedade causando em desdobramento numa lesão econômica.
Ainda falando da lei de licitações, em se considerando ser possível a contratação com critérios objetivos como propõe o presente Artigo, se esquiva da exceção da inexigibilidade e se usa a modalidade universal da concorrência, modalidade mais isonômica e vantajosa para a Administração.
A utilização de “empresário exclusivo” para mediar a contratação é outro agravante, pois quem “sobe no palco” não é o empresário. Sendo esse totalmente dispensável para o fim da contratação. A figura desse profissional é supérflua. Como há a possibilidade de se esquivarde usar a figura do representante exclusivo, dever-se-ia retirar da contratação o naco de pagamento que seria dado ao artista. Isso inibiria o mesmo de usar um atravessador desnecessário e evitaria sobrecarregar a Administração de pagar por um serviço inócuo. 
Há quem defenda que a utilização do empresário como atravessador injetaria dinheiro no mercado cultural por empregar prestadores de serviço dentro da empresa. Contudo, se o dinheiro pago à empresa fosse investido em novas contratações de outros artistas, mais cultura seria gerada pela contratação de mais artistas se apresentarem ao público, trazendo diversidade cultural aos eventos e esse é o objetivo da contratação. Se o caso for dar incentivo a empresas, outros instrumentos podem ser providos, isso se considerando não existir a ação de tais produtoras dentro do mercado privado, necessitando estas existir exclusivamente às custas do Estado.
Serviço público é algo relevante e necessário à sociedade. Se o bem é para a sociedade, esta deve ser beneficiada, inclusive pelo princípio da economicidade. Que no caso, está acima de qualquer artista.
As contratações diretas executadas atualmente visam à personalidade. Complementar falando dos políticos que querem público. Percebe-se que é uma benesse dada a pessoa do artista já que existem inúmeros outros artistas que tem qualidade técnica para levar cultura à sociedade. Com a justificativa de que o artista tem personalidade única e que a sociedade vai lograr cultura tendo especificamente aquele artista, se esquiva da licitação.
 A licitação então, visa à pessoa. Aqui se vê a ofensa ao princípio da pessoalidade, haja vista que a cultura só de dará se tal personalidade for contratada. Como afirmar que não se terá cultura com outro artista? Não se pode. Na verdade, o critério para contratação deveria ser outro que não mérito cultural, pois esse critério muitos tem. Baseado tão somente nessa premissa, já temos a possibilidade de concorrência o que afasta a exceção da inexigibilidade. 
Atualmente, um artista ou outro é escolhido graças à perniciosa ferramenta da discricionariedade do agente público, muitas vezes favorecida pela facilidade de trânsito de seus representantes dentro das repartições públicas que agenciam seus clientes pela influência que possuem. Nada disso representa o interesse público. É um comércio. Um capricho da “indústria” cultural vendendo um produto, para que se torne um serviço público. 
Essa oportunidade de lobby é uma porta escancarada para o tráfico de influências. Como a legislação permite não licitar, pode-se contratar o artista amigo diretamente. De quebra, pode-se dar dinheiro público à produtora cultural (representante exclusivo) de um parente e trazer para a família dinheiro público de duas fontes. No fim, tudo se justifica pela ferramenta da discricionariedade.
Nas contratações através de licitação, a economicidade sempre é perseguida, porém na contratação de artistas atualmente, isso fica em segundo plano. Indaga-se o por quê disso. Por mais que a inexigibilidade, processo de contratação direta, seja uma ferramenta crível e lícita, é ainda uma exceção devendo ser evitada. O presente artigo vem dar soluções para escapar desse vício que virou regra no trato do dinheiro público. Há maneiras de sustentar a economicidade nesse processo pela concorrência. Atualmente, há brecha para escapar economicidade na inexigibilidade. Sem concorrência, a economia na contratação estará sempre preterida. Isso sem mencionar a possibilidade de direcionamento nas contratações. O artigo 25, parágrafo III, da lei 8666/93 cita:
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.[4: - O artigo 25, parágrafo III, da lei 8666/93;]
É importante notar aqui que não há imposição para a inexigibilidade. Trata-se de uma opção quando se configurar a impossibilidade de competição. O presente artigo propõe estabelecer a possibilidade de concorrência sem perder qualidade do serviço.
Sustenta-se que concorrência pode ser realizada como qualquer outra contratação de serviços pela Administração.
No caso da concorrência, existem méritos objetivos pra aferir a proposta mais vantajosa para o Estado.
O argumento da contratação direta de artista é que não se tem como medir artistas e suas habilidades. Contudo, a Administração tem o escopo de prestar um serviço e balizando-se nisso, deve-se buscar a melhor proposta para a sociedade. Nesse diapasão, elabora-se 3 (três) critérios objetivos para justificar a contratação, não dando abertura para méritos subjetivos e pessoais, tão obscuros, para avalizar contratações que muitas vezes tem quantias vultosas.
2- Solução: Critérios Objetivos na Contratação Artística.
Vejamos o que pensa o ilustre Mestre Marçal Justen Filho:
(...) Há casos em que a necessidade estatal relaciona-se com o desempenho artístico propriamente dito. Não se tratará de selecionar o melhor para atribuir-lhe um destaque, mas de obter os préstimos de um artista para atender certa necessidade pública. Nesses casos, torna-se inviável a seleção através de licitação, eis que não haverá critério objetivo de julgamento. Será impossível identificar um ângulo único e determinado para diferenciar as diferentes performances artísticas.”( In Comentários à Lei de Licitação e Contratos  Administrativo, 10ªed., Dialética, 2005). (Grifamos)
Se o caso que dá liberdade de infringir a economicidade e o direcionamento nas contratações é a falta de critérios objetivos para avaliar a melhor proposta para a Administração, segue sugestões razoáveis e críveis para pacificar o assunto.
Primeiro Critério: A utilização de mão de obra local. 
Esse critério é um dos pontos objetivos mais interessantes que podem ser utilizados na contratação. Já utilizado pela Administração, inclusive em outras matérias como na gestão ambiental (Lei 11.284/2006, Art.2o, IV). Esse preceito pretende dar sustentabilidade aos artistas locais que muitas vezes são excluídos dos eventos regionais. Se há um chamamento público, por exemplo, para um evento numa cidade, os artistas locais devem ter pontos extras para serem valorizados pela comunidade em que pertence.
Segundo Critério: O projeto deve contemplar o maior número de linguagens artísticas para alcançar maior mérito Cultural.
Esse critério propõe aferir a criatividade do artista em seus projetos. 
 Por exemplo: Um projeto apresentado para contratação utilizará a linguagem de dança para levar cultura a uma região. Um outro projeto pontuará mais se utilizar a linguagem cênica concomitantemente para prestar o mesmo serviço público. Um terceiro projeto vencerá os dois primeiros no mérito cultural se contemplar dança, teatro e artes visuais. Essa interdisciplinaridade aumenta o valor cultural criativo do projeto contratado. Quantos mais elementos artísticos, criativos e inclusivos o projeto abarcar, mais pontuação terá e assim a sociedade terá maior retorno artístico, por ter um bem cultural mais amplo. O projeto pode pontuar mais, inclusive com a participação de PNE’s (portadores de necessidades especiais) e menores infratores no intuito de na execução do projeto
Esse argumento deve levar em consideração, na concorrência entre os artistas, a inovação do projeto. 
O § 1o do artigo 25 da Lei 8.666∕93 disciplina que: 
Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
Os profissionais mais diversificados, diferenciados e inovadores tem um ponto a mais nesse quesito, sendo recomendável sua contratação. Contudo,o fomento público deve dar preferência ao artista amador, iniciante, porque esse não tem público formado. Os artistas consagrados têm outras linhas de fomento, inclusive privados. Além disso, possuem extenso currículo, pois já vivem do Estado há muitos anos, tendo seus projetos aprovados em vários entes ao mesmo tempo. A análise do currículo do artista deve ter um peso, mas se nos retermos a analisar tão somente a esse ponto, uma casta terá se formado dos mesmos artistas que sempre serão contratados reiteradas vezes. Isso inviabiliza a diversidade cultural, não sendo interessante para a cultura da sociedade. Para tanto, um rodízio de contratação se faz necessário. Seu funcionamento é simples e eficaz. O artista contratado pela Administração vai para o “final da fila” nas novas contratações. O CPF de cada componente deve ser cadastrado, para evitar que um mesmo artista de um grupo seja contratado por outro grupo, dando assim igualdade de direitos a todos os artistas.
Esse critério nivela todos os proponentes. A partir do momento em que todos têm mérito cultural para serem contratados, pode-se passar para o último critério. O preço.
Terceiro Critério: A avaliação final da licitação seria o preço da contratação.
Numa contratação convencional, o preço mais vantajoso é levado em conta pelo serviço mais satisfatório a ser pago pela Administração. Na ideia da concorrência na contratação dos artistas, o preço seria o último argumento a ser avaliado. Num cenário em que todos os concorrentes tem mérito cultural suficiente para serem contratados, o melhor preço tem preferência na contratação. 
Muitos poderiam alegar que o preço mais econômico comprometeria a qualidade do serviço e por isso mesmo o segundo critério cuida da qualidade do prestador de serviço, deixando por último o preço da contratação. 
Saliente-se que com relação ao segundo critério, Marçal Justen Filho, declara: “O problema está na impossibilidade de julgamento objetivo nessa área. A grande evidência reside em que, sendo obrigatória a licitação, o critério decisivo de seleção acaba sendo a “criatividade”, a qual envolve avaliação meramente subjetiva. No final das contas, o critério de seleção continua a ser a subjetividade e a preferência da Administração Pública. Como já afirmado, melhor seria promover a contratação direta, obrigando a Administração a justificar suas escolhas. Muito pior é a atual situação, em que a escolha (subjetiva, em última análise) é exteriorizada como produto de um julgamento objetivo.” (2012, p.425).[5: JUSTEN FILHO, Marçal, Pedro. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São Paulo: Dialética, 2012, pp 425.]
Não se sabe como alguém tão prestigiado como o Professor Marçal Justen Filho pode considerar um julgamento objetivo pior do que um subjetivo dando margem a uma infinidade de distorções na contratação, irregularidades e até crimes. Não se entende, ao mesmo tempo, a visão limitada dos juristas e pouca criatividade em se elaborar critérios objetivos para aferir a própria criatividade dos artistas. Ora, o presente artigo o fez de maneira simples em três pontos claros de fácil aplicação pela Administração. 
Há uma ânsia do mercado cultural e dos gestores em sempre contratar artistas consagrados com o argumento de que esse artista convoca um público maior ao evento e como não se pode medir objetivamente a qualidade de um artista em detrimento de outro, se contrata o artista pelo preço que o seu empresário requerer.
Ainda para esse caso, se pode primar pela economicidade na versação do dinheiro público.
O instrumento da Carta Convite está em desuso na licitação pública atualmente, porém seria uma ferramenta muito útil para a contratação de artistas consagrados. Suponhamos que haja um evento em que a culminância seja pertinente a participação de um artista consagrado nacionalmente. Há de se concentrar no escopo do evento. A título de exemplo, usemos o dia da consciência negra comemorada no dia 20 de novembro, data que relembra a pretensa morte da personalidade de Zumbi dos Palmares. A data tem o objetivo de comemorar as manifestações da raça afrodescendente. Se o objetivo é esse, nada mais coerente do que convidar artistas que representem tal raça que tanto contribuiu para a cultura nacional. A licitação se daria no convite de três artistas afrodescendentes com respaldo da crítica especializada ou da opinião pública (Art. 25, III, lei 8666/93). Como os três artistas se nivelam pelo mérito cultural o que faria a diferença para a contratação, seria o preço mais vantajoso para a Administração.
O presente Artigo tem a função análoga de uma ação popular com o escopo de invalidar o ato administrativo defeituoso, no caso o ato da inexigibilidade. Segundo Hely Lopes ação popular é:
" instrumento de defesa da coletividade, por meio do qual não se amparam direitos individuais próprios, mas sim interesses da coletividade, sendo o beneficiário da ação não o autor, mas a coletividade, o povo" 
Uma das intenções do trabalho é bem descrito pela Professora Odete Medauar em sua obra Direito Administrativo Moderno (fl. 446):
(...) E relaciona-se em profundidade com o tema da corrupção. Certo é que, mais efetivos se mostrassem os mecanismos de controle sobre a Administração, menor seria o índice de corrupção.
Inquestionável, portanto, se apresenta a necessidade de controles inseridos no processo de poder, os controles institucionalizados. Não é demais lembrar a afirmação de Montesquieu: ‘É necessário que, pela natureza das coisas, o poder detenha o poder’. Os controles institucionalizados enquadram-se no conceito jurídico ou técnico de controle, segundo o qual dessa atuação decorre um providência ou medida do agente controlador. Mas a avaliação dos diversos controles institucionalizados do Brasil revela insuficiência e inefetividades. Daí ser necessário o aprimoramento das técnicas e atividades fiscalizadoras e também avaliadoras, do que decorrerá, certamente, melhor desempenho da Administração. É a chamada ‘vocação preventiva’ de todo sistema de controle eficaz, pois deve suscitar na própria Administração uma deontologia que previne o arbítrio e se integra na sua atuação normal.(...)
A Professora Maria Sylvia DI PIETRO (1997, p. 479) pensa na mesma linha:
(...) 159 “A finalidade do controle é a de assegurar que a Administração atue em consonância com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade, moralidade, finalidade, publicidade, motivação, impessoalidade; em determinadas circunstâncias, abrange também o controle chamado de mérito e que diz respeito aos aspectos discricionários da atuação administrativa (...)
Aqui a Professora fala dos dois grandes problemas da inexigibilidade: A impessoalidade, que não existe e a Discricionariedade que dá liberdade ao gestor incompetente, pois em regra não possui capacidade para escolher pela Administração qual artista é mais adequado pra prestar um serviço público, comprometendo assim a economicidade da contratação.
Acerca da justificativa da concorrência nos casos de contratação artísticas, pode-se fazer uma analogia à vedação à preferência de marca. Nesse sentido, vide o acórdão n°740/04. Plenário/TCU (DOU, 25 jul. 2004). Tal vedação serve para que não fique caracterizada exclusivamente à marca, e sim ao tipo de produto (análogo à contratação de serviços). Se existirem diversas marcas (análogo à artistas) de um mesmo tipo de produto, obviamente, pode-se proceder à competição.
Conclusão
Eventos artísticos tem uma função política no Brasil. Quanto mais público, mais o gestor público dá visibilidade à sua gestão.
Essa prática caduca faz perdurar a ideia do adágio “pão e circo”. Algo que já deveria ter sido extinto da sociedade.
Nesse ímpeto político vemos impessoalidade, razoabilidade e economicidade entre outros princípios constitucionais serem feridos há décadas.
Lesada, a sociedade segue investindo mal seu precioso patrimônio por uma falta de visão dos juristas, representantes do Estado, entre outros entes competentesque deveriam ser mais criativos na elaboração de critérios objetivos para a aplicação de dinheiro público.
 Em última análise, sem tais critérios objetivos, vemos ser ferido também o princípio básico da licitação que é ter competição para obter a proposta mais vantajosa para a Administração. 
Referências 
Acórdão n° 146/2007 – 1ª Câmara-TCU;
Jacoby, J.U.F. Revista O Pregoeiro, Ed. Negócios Públicos. Mensal. Julho 2010, pp.13;
Jacoby, J.U.F. Fernandes. Revista O Pregoeiro, Ed. Negócios Públicos. Mensal. Julho 2010, pp.14;
Justen, M.F. Contratação Direta sem Licitação, Ed. Fórum, 6ª ed, pp. 726;
Justen, M.F. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São Paulo. 12ª edição, Ed. Dialética, 2008. pp.435;
Justen, M.F. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São Paulo. 14ª edição, Ed. Dialética, 2010. pp. 379-380;
O artigo 25, parágrafo III, da lei 8666/93;
Justen, M.F. Comentários à Lei de Licitação e Contratos  Administrativos, 10ª ed., Dialética, 2005;
Justen, M. F. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São Paulo: Dialética, 2012, pp 425;
§ 1o do artigo 25 da Lei 8.666∕93;
Medauar. O. Direito Administrativo Moderno. 16ª Ed. R.T., 2012, pp. 446;
DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 20 ed. 2. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2007. pp. 670.

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