Prévia do material em texto
Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-1 9 PREVISÃO DE ENCHENTES: MÉTODOS ESTATÍSTICOS 9.1 Introdução As enchentes são aumentos anormais do escoamento superficial, decorrente do excesso de chuva, que pode resultar em inundação ou não. A inundação é o extravasamento d’água do canal natural de um rio, que provoca possivelmente prejuízos. O cálculo de enchente objetiva fornecer a máxima vazão de projeto e, se possível, o hidrograma de projeto, que mostra a variação das vazões no tempo. A vazão de projeto pode ser obtida através da extrapolação dos dados históricos para condições mais críticas com a aplicação de estatística aos dados de vazões máximas observadas. A vazão de projeto está sempre associada ao período de retorno. 9.2 Conceito de período de retorno e risco permissível O período de retorno ou tempo de recorrência (T) é o tempo médio em anos que um evento é igualado os superado pelo menos uma vez. Existe a seguinte relação entre o período de retorno e probabilidade de ocorrência (P): T = 1/P. Ex: Se uma cheia é igualada ou excedida em média a cada 20 anos terá um período de retorno T = 20 anos. Em outras palavras, diz-se que esta cheia tem 5% de probabilidade de ser igualada ou excedida em qualquer ano. 9.3 Fixação do período de retorno A fixação do período de retorno para uma obra hidráulica depende de: a) vida útil da obra; b) tipo de estrutura; c) facilidade de reparação e ampliação; d) perigo de perda de vida. Ex: - Barragem de terra T = 1000 anos; - Barragem de concreto T = 500 anos; - Galeria de águas pluviais T = 5 a 20 anos; - Pequena barragem de concreto para fins de abastecimento de água T = 5 a 100 anos; Outro critério para a escolha de T é a fixação, a priori, do risco que se deseja correr, no caso de a obra falhar dentro do seu tempo de vida. O risco de a obra falhar uma ou mais vezes ao longo da sua vida útil pode ser deduzido dos conceitos fundamentais da teoria da probabilidade e é igual a: Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-2 n T R 111 (9.1) onde T é o período de retorno em anos, n é a vida útil da obra em anos e R é o risco permissível. Ex: o risco de que a canalização do rio Tamanduateí falhe uma ou mais vezes considerando que o projeto foi efetuado para T = 500 anos e sua vida útil é de 50 anos, será: %,R 1010 500 111 50 9.4 Estatística aplicada à Hidrologia 9.4.1 Considerações gerais: As séries de variáveis hidrológicas como precipitações, vazões, etc. apresentam variações sazonais ao longo tempo (variações irregulares). Portanto, essas variáveis estarão sempre associadas a uma probabilidade de ocorrência. Em conseqüência disso, as obras hidráulicas devem ser dimensionadas para um determinado “risco” de falha. 9.4.2 Estatística O objetivo da estatística é o de extrair informações significativas de uma dada massa de dados. As técnicas utilizadas em estatísticas aplicadas à Hidrologia permitem avaliar a probabilidade de ocorrência de um fenômeno hidrológico com determinada magnitude. 9.4.3 Sumário estatístico: média e desvio padrão Média É um valor típico ou representativo de um conjunto de dados. Estes valores típicos tendem a se localizar em um ponto central, dentro de um conjunto de dados ordenados. A média é definida por: n X X i (9.2) onde Xi = valor do evento i ; n = número total de eventos. Desvio padrão É uma forma de medir o grau de dispersão em relação à média, para cada massa de dados. O desvio padrão é dado por: 1 2 n XX S i ou 1 22 n XnX S i (9.3) Esses sumários estatísticos são utilizados na estimação dos parâmetros das Distribuições de Probabilidades, que são empregadas para o ajuste dos histogramas amostrais. Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-3 Em Hidrologia as Distribuições de Probabilidades são escolhidas em função do tipo de amostra que se dispõe, isto é, chuvas intensas, vazões máximas, vazões mínimas, etc. 9.5 Distribuições de probabilidades Apresentam-se aqui, as distribuições de probabilidades mais utilizadas em Hidrologia: - Distribuição Normal - não é muito utilizada para o estudo de vazões (ou chuvas) máximas e mínimas. É mais empregada para o cálculo de vazões médias mensais e precipitação total anual. - Distribuição Log-normal - é bastante utilizada para o cálculo de vazões máximas e mínimas e chuvas máximas. - Distribuição Log-Pearson Tipo III - utilizada para o cálculo de vazões e chuvas máximas. - Distribuição de Gumbel - utilizada também para o cálculo de vazões e chuvas máximas. 9.5.1 Distribuição Normal A distribuição Normal ou Curva de Gauss é uma das mais utilizadas pelos estatísticos, principalmente pela facilidade de seu emprego. A Função Densidade de Probabilidade (FDP) teórica é dada por: 2 2 1 2 1 S XX x eS )X(f (9.4) onde: X - média; S = desvio padrão; = 3,14159...; e = 2,71828 Em problemas de estatística é usual o emprego da chamada Função Acumulada de Probabilidade (FAP) ou seja a integral da expressão f x(X). )XX(PdX)X(f)X(F X xx 00 0 (9.5) Definindo a variável reduzida S XXz , tem-se a distribuição normal padrão, denotado por N(0,1) e com Função Densidade de Probabilidade expressa por: 2 2 2 1 z z e)z(f (9.6) sendo 0z e Sz = 1. A Figura 9.1 mostra a Função densidade de Probabilidade f(X) e Função Acumulada de Probalidade F(X) da distribuição normal padrão. A Tabela 9.1 apresenta os valores de F(X) correspondentes a XX , 2X e 3X . Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-4 Tabela 9.1 – Valores da distribuição normal. Z X FX(X) -3 -2 -1 0 1 2 3 3X 2X X X X 2X 3X 0,0013 0,0228 0,1587 0,5000 0,8413 0,9772 0,9987 Figura 9.1 Distribuição normal padrão, N(0,1). O valor de F(X) corresponde à área total limitada pela curva f(X) e pelo eixo dos X, sendo a área total igual a 1. As seguintes propriedades são válidas para a distribuição normal: - F(X) 0 quando X ; - fx(X) é máximo quando X = X e a área sob essa curva ou valor ou F(X) é igual a 0,5; - A distribuição é simétrica em relação à média (tem a forma de um sino); - O coeficiente de assimetria é igual a 0. Fórmula geral de Ven Te Chow Uma forma muito simples de aplicar a Distribuição Normal e outras Distrubuições é através da fórmula geral proposta por Ven Te Chow. Nesta fórmula a variável de interesse (vazão, chuva, etc.) é expressa em função da média, do desvio padrão e do fator de freqüência KT, conforme mostrado abaixo: XTT SKXX (9.7) onde XT - variável de interesse (vazão, chuva, etc.) para o período de retorno T; X - média amostral; S - desvio padrão amostral; TK - fator de freqüência, tabelado conforme a Distribuição de Probabilidades em função do período de retorno T. No caso da Distribuição Normal, o fator de freqüência KT é a própria variável reduzida z. Os valores de KT , que variam em função do período de retorno, estão apresentados na Tabela 9.2 da páginaseguinte. Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-5 Ano Precipitação Ano Precipitação anual (mm) anual (mm) 1945 929,3 1960 1222,0 1946 1250,0 1961 1305,3 1947 1121,3 1962 986,4 1948 780,0 1963 1035,8 1949 1141,0 1964 1567,3 1950 949,3 1965 1115,8 1951 739,1 1966 1291,8 1952 1238,4 1967 1054,7 1953 1268,8 1968 701,4 1954 863,9 1969 1459,9 1955 1297,6 1970 1201,4 1956 1266,3 1971 1557,5 1957 1231,5 1972 1243,9 1958 1008,7 1973 1463,4 1959 1246,5 Tabela 9.2 – Valores de KT para Distribuição Normal. Probabilidade de exceder TR (anos) KT Probabilidade de exceder TR (anos) KT 0,0001 0,0005 0,001 0,002 0,005 0,010 0,020 0,025 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350 0,400 0,450 0,500 10000 2000 1000 500 200 100 50 40 20 10 6,667 5 4 3,333 2,857 2,5 2,222 2 3,719 3,291 3,090 2,878 2,576 2,326 2,054 1,960 1,645 1,282 1,036 0,842 0,674 0,524 0,385 0,253 0,126 0,000 0,500 0,550 0,600 0,650 0,700 0,750 0,800 0,850 0,900 0,950 0,975 0,990 0,995 0,999 0,9995 0,9999 2 1,818 1,667 1,538 1,428 1,333 1,25 1,176 1,111 1,052 1,025 1,01 1,005 1,001 1,0005 1,0001 0,000 -0,126 -0,253 -0,385 -0,524 -0,674 -0,842 -1,036 -1,282 -1,645 -1,960 -2,326 -2,576 -3,090 -3,291 -3,719 Exemplo de aplicação Conhecendo-se a série histórica da precipitação anual do posto pluviométrico Riolândia (prefixo C6-78), estimar, para definições de estudo de planejamento regional, os totais anuais de chuva máximos para os períodos de retorno de 50, 100, 200 e 1.000 anos. Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-6 Solução: Ano Xi (Xi)^2 Ano Xi (Xi)^2 1945 929,3 863598 1960 1222,0 1493284 1946 1250,0 1562500 1961 1305,3 1703808 1947 1121,3 1257314 1962 986,4 972985 1948 780,0 608400 1963 1035,8 1072882 1949 1141,0 1301881 1964 1567,3 2456429 1950 949,3 901170 1965 1115,8 1245010 1951 739,1 546269 1966 1291,8 1668747 1952 1238,4 1533635 1967 1054,7 1112392 1953 1268,8 1609853 1968 701,4 491962 1954 863,9 746323 1969 1459,9 2131308 1955 1297,6 1683766 1970 1201,4 1443362 1956 1266,3 1603516 1971 1557,5 2425806 1957 1231,5 1516592 1972 1243,9 1547287 1958 1008,7 1017476 1973 1463,4 2141540 1959 1246,5 1553762 Soma 33538,3 40212857 Média: mm 51561 29 353833 ,.,. n x X i Desvio padrão: mm 6225 28 515612985721240 1 222 ,),.(.. n Xnx S i Utilizando a equação de Ven Te Chow: TXT KSXX A partir da Tabela 1 são extraídos os valores de KT para os quatro períodos de retorno: K50 = 2,054 ; K100 = 2,326 ; K200 = 2,576 ; K1000 = 3,090 Q50 = 1156,5 + 2,054 x 225,6 = 1619,9 mm Q100 = 1156,5 + 2,326 x 225,6 = 1681,2 mm Q200 = 1156,5 + 2,576 x 225,6 = 1737,6 mm Q1000 = 1156,5 + 3,090 x 225,6 = 1853,6 mm 9.5.2 Distribuição Log-Normal Nem todos os eventos hidrológicos obedecem à Distrubuição Normal. Alguns deles se ajustam segundo uma distribuição denominada Log-Normal. As vazões máximas e mínimas anuais de um curso de água natural atendem normalmente à esta distribuição. Diz-se que uma amostra obedece à Distribuição Log-Normal quando os logaritmos de seus valores obedecem à Distribuição Normal. Procedimento de cálculo 1) Dada a série de valores (Xi), calcula-se os respectivos logaritmos. Desta forma, tem-se Yi = log Xi; 2) Determina-se a média(Y ) e desvio padrão (SY) e aplica-se a Distribuição Normal aos valores de Y; Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-7 3) Aplica-se a equação de Ven Te Chow e determina-se o valor de YT para o período de retorno desejado; Obtém-se o valor XT calculando o antilogaritmo de YT , ou seja, TY TX 10 . Exemplo de aplicação da Distribuição Log-Normal Visando a canalização de um curso d’água, determine as vazões de projeto, para os períodos de retorno de 50 e 1000 anos, a partir da série de dados de vazões máximas anuais apresentada no quadro ao aldo (o ideal seria que a série histórica fosse superior a 25 anos de dados). Solução: 48572 15 285137 ,, n Y Y i 1 22 n YnY S iY 14 4857215700492 2),(, SY = 0,0376 A partir da Tabela 1, podem-se extrair os valores de KT: Para Tr = 50 KT = 2,054 Para Tr = 1000 anos KT = 3,090 Utilizando a fórmula geral de Vem Te Chow para Y, tem-se: TYT KSYY Substituindo os valores de Y , KT e SY, tem-se: Y50 = 2,4857 + 2,054 x 0,0376 = 2,5629 Y1000 = 2,4857 + 3,090 x 0,0376 = 2,6019 Finalmente, calculando o antilogaritmo de Y50 e Y1000 : Para Tr = 50 anos Qmáx = 102,5629 365,5 m3/s Para Tr = 1000 anos Qmáx = 102,6019 399,9 m3/s Ano Qmáx (m 3/s) Ano Qmáx (m 3/s) 1967 348,2 1975 314,7 1968 295,4 1976 288,0 1969 315,6 1977 260,5 1970 278,8 1978 335,4 1971 304,3 1979 310,0 1972 290,5 1980 294,3 1973 277,9 1981 331,5 1974 362,1 Ano X Y = logX Y^2 1967 348,2 2,5418 6,4609 1968 295,4 2,4704 6,1029 1969 315,6 2,4991 6,2457 1970 278,8 2,4453 5,9795 1971 304,3 2,4833 6,1668 1972 290,5 2,4631 6,0671 1973 277,9 2,4439 5,9726 1974 362,1 2,5588 6,5476 1975 314,7 2,4979 6,2395 1976 288,0 2,4594 6,0486 1977 260,5 2,4158 5,8361 1978 335,4 2,5256 6,3785 1979 310,0 2,4914 6,2069 1980 294,3 2,4688 6,0949 1981 331,5 2,5205 6,3528 Soma 37,2851 92,7004 Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-8 9.5.3 Distribuição Log Pearson Tipo III Nesta distribuição, a vazão (ou chuva) máxima é calculada da mesma forma que a distribuição Log-Normal. A única diferença está na determinação do fator de freqüência KT, pois na distribuição Log-Pearson III leva-se também em consideração o coeficiente de assimetria. Utilizando esta distribuição, a vazão máxima pode ser calculada da seguinte forma: PYT KSYY (9.8) TY TX 10 Os seguintes símbolos são usados no método de log-Pearson Tipo III: XT - vazão (ou chuva) calculada para um determinado período de retorno T; Xi - valor numérico de vazão (ou chuva); Yi - logaritmo de Xi; n - número de eventos hidrológicos considerados; Y - média de Yi ; SY - desvio padrão de Yi ; di = Yi - Y (desvio entre Yi e a média); g - coeficiente de assimetria, dado por: 3 3 21 Y i S)n()n( dn g (9.9) Kp - fator de freqüência da distribuição Pearson Tipo III que depende de “g” e T; seus valores estão na Tabela 9.3. A distribuição log-normal, anteriormente vista, é um caso particular da Log Pearson Tipo III quando g=0. Roteiro de cálculo 1. Transformar n vazões máximas anuais X1, X2, X3,..., Xi, ..., Xn em correspondentes logaritmos Y1, Y2, Y3, ..., Yi, ..., Yn ; 2. Calcular a média dos logaritmos (Y ); 3. Calcular o desvio padrão dos logaritmos (SY); 4. Calcular o coeficiente de assimetria (g); 5. O fator Kp é extraído da Tabela 9.3 para o valor de g calculado e considerando-se o período de retorno (T) desejado; 6. Calcular os logaritmos dos valores correspondentes a determinados T, através da expressão PYT KSYY ; 7. Achar a vazão (chuva) para o período de retorno considerado através da expressão TY TX 10 . Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-9 Tabela 9.3 – Valores de KP para coeficiente de assimetria e períodos de retorno. Exemplo de aplicação da Distribuição Log-Pearson III Tomando o mesmo exemplo utilizado na distribuição log-normal, calcular a vazão máximapara os períodos de retorno de 50 e 1.000 anos: Solução: Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-10 Ano Xi Yi = logXi Yi^2 di=Yi - Ym di^3 1967 348,2 2,5418 6,4609 0,0561 0,000177 1968 295,4 2,4704 6,1029 -0,0153 -0,000004 1969 315,6 2,4991 6,2457 0,0134 0,000002 1970 278,8 2,4453 5,9795 -0,0404 -0,000066 1971 304,3 2,4833 6,1668 -0,0024 0,000000 1972 290,5 2,4631 6,0671 -0,0226 -0,000011 1973 277,9 2,4439 5,9726 -0,0418 -0,000073 1974 362,1 2,5588 6,5476 0,0731 0,000391 1975 314,7 2,4979 6,2395 0,0122 0,000002 1976 288,0 2,4594 6,0486 -0,0263 -0,000018 1977 260,5 2,4158 5,8361 -0,0699 -0,000341 1978 335,4 2,5256 6,3785 0,0399 0,000063 1979 310,0 2,4914 6,2069 0,0057 0,000000 1980 294,3 2,4688 6,0949 -0,0169 -0,000005 1981 331,5 2,5205 6,3528 0,0348 0,000042 Soma 37,2851 92,7004 0,000159 Média dos logaritmos: 48572 15 285137 ,, n Y Y i Desvio padrão dos logaritmos: 1 22 n YnY S iY 14 4857215700492 2),(, = 0,0376 Coeficiente de assimetria (g): 2470 03760215115 000159015 21 33 3 , ),()()( , S)n()n( dn g Y i A partir da Tabela 9.3, pode-se determinar os valores de Kp: Para Tr = 50 anos: g KP 0,2 2,159 0,247 x 0,3 2,211 1592 15922112 202470 2030 ,x ,, ,, ,, 1592 0520 0470 10 ,x , , , x = 2,183 Kp = 2,183 Y50 = 2,4857 + 2,183 x 0,0376 = 2,5678 Q50 = 102,5678 = 370 m3/s Para T = 1000 anos: g KP 0,2 3,380 0,247 x 0,3 3,525 3803 38035253 202470 2030 ,x ,, ,, ,, 3803 1450 0470 10 ,x , , , x = 3,4482 Kp = 3,4482 Y1000 = 2,4857 + 3,4482 x 0,0376 = 2,6154 Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-11 Q1000 = 102,6154 = 412 m3/s 9.5.4 Distribuição de Gumbel Outra distribuição utilizada com bons resultados para análise de máximos é a chamada Distribuição de Gumbel, expressa pela seguinte fórmula: T e)xX(P ye 11 (9.10) onde: P - probabilidade de um valor extremo X ser maior ou igual a um dado valor x; T - período de retorno; y - variável reduzida Gumbel; Aplicando ln em ambos os termos: 11 T e ye T e ye 11 T Te ye 1 T Tlne y 1 T Tlne y 1 T Tlnlny 1 T Tlnlny 1 como y depende de período de retorno T, pode-se escrever: T TlnlnyT 1 (9.11) A relação entre yT e QT é dado por: X XT T S, S,XXy 77970 450 (9.12) onde: XT - vazão (ou chuva) para um determinado período de retorno T; X = média da amostra; XS = desvio padrão da amostra. yT - variável reduzida Gumbel para período de retorno T. Exemplo de aplicação de Distribuição de Gumbel Tomando, ainda, o mesmo exemplo utilizado nas distribuições log-normal e log-Pearson III, foram calculadas as vazões para os períodos de retorno de 50 e 1.000 anos: Solução: Média das vazões: s/,, n Q Q i 3m 1307 15 24607 Previsão de Enchentes: Métodos Estatísticos 9-12 Ano Xi Xi^2 1967 348,2 121243,2 1968 295,4 87261,2 1969 315,6 99603,4 1970 278,8 77729,4 1971 304,3 92598,5 1972 290,5 84390,3 1973 277,9 77228,4 1974 362,1 131116,4 1975 314,7 99036,1 1976 288,0 82944,0 1977 260,5 67860,3 1978 335,4 112493,2 1979 310,0 96100,0 1980 294,3 86612,5 1981 331,5 109892,3 Soma 4607,2 1426109,0 Desvio padrão das vazões: 1 22 n QnQ S iQ 14 13071501094261 2),(,.. = 28,6 m3/s Para T = 50 anos: 9023 50 150 50 ,lnlny 62877970 62845013079023 50 ,, ,,,Q, Q50 = 381,2 m3/s Para T = 1.000 anos 9076 1000 11000 1000 ,lnlny 62877970 62845013079076 1000 ,, ,,,Q, Q1000 = 448,3 m3/s Pode-se aplicar também a distribuição de Gumbel utilizando a fórmula geral de Ven Te Chow. Neste o fator de freqüência é calculado da seguinte forma: 1 57706 T Tlnln,KT (9.13) Resolução do mesmo exemplo: Para T = 50 anos: 59242 150 505770650 ,lnln,K Q50 = 307,1 + 2,5924 x 28,6 = 381,2 m3/s Para T = 1.000 anos: 93574 11000 1000577061000 ,lnln,K Q1000 = 307,1 + 4,9357 x 28,6 = 448,3 m3/s Tabela 9.4 - Comparação das vazões máximas obtidas (em m3/s): Distribuição Período de retorno (T) 50 1000 Log-Normal 365,5 399,9 Log- Pearson Tipo III 370,0 412,0 Gumbel 381,2 448,3