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Introdução ao Pensamento Sociológico Unidade II(1)

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5 A sociologiA de durkheim
Embora Comte seja considerado o pai da sociologia e tenha‑lhe dado esse 
nome, Durkheim é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Ele 
e seus colaboradores se esforçaram por emancipar a sociologia das demais 
teorias sobre a sociedade e constituí‑Ia como disciplina rigorosamente 
científica. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o 
objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência (idem).
Durkheim formulou as orientações iniciais para a sociologia, orientações essas que demonstraram 
que os fatos sociais possuem características próprias, por isso diferem dos objetos estudados por outras 
ciências. Para Durkheim, a finalidade da sociologia é, portanto, compreender, estudar os fatos sociais.
Nesse contexto, ao definir a finalidade da sociologia, buscou‑se a resposta para a questão: o que 
vem a ser fato social?
Na concepção durkheimiana, fato social relaciona‑se às ações da vida cotidiana, como a maneira de 
pensar, de sentir e agir de um determinado grupo social. Essas ações existem não apenas na mente de 
cada indivíduo, de cada membro de um grupo, como também são exteriores e exercem sobre eles um 
poder coercitivo. Um exemplo simples pode nos ajudar a compreender o que significa esse conceito:
Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa 
situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma 
enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa 
adequada. Existe um modo de vestir, que todos seguem. Isso é estabelecido. Quando 
ele entrou no grupo, já existe tal norma quando ele sair, a norma provavelmente 
permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê‑se obrigada a seguir o costume 
geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de se vestir é um falo social. 
São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, as religiões, as leis e uma 
infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo (VIANA, 2008).
Em seu livro As regras do método sociológico, publicado em 1895, Durkheim define o objeto da 
sociologia, os fatos sociais, com as seguintes explicações:
É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer 
sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto 
de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, 
independente das suas manifestações individuais (p. 92‑93).
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As características do método sociológico são resumidas na conclusão desse mesmo livro, da seguinte 
forma:
Em primeiro lugar, é independente de qualquer filosofia (...). Em segundo 
lugar, o nosso método é objetivo. É totalmente dominado pela ideia de 
que os fatos sociais são coisas e devem ser tratados como tais (...). Mas, se 
consideramos os fatos sociais como coisas, consideramo‑los como coisas 
sociais. A terceira característica do nosso método é ser exclusivamente 
sociológico (...). Mostramos que um fato social só pode ser explicado por 
um outro fato social e, simultaneamente, como este tipo de explicação é 
possível assinalando no meio social interno o motor principal da evolução 
coletiva (...). Tais nos parecem ser os princípios do método sociológico 
(ibidem, 159‑161).
Durkheim comparava a sociedade a um animal que possui um sistema de órgãos diferentes e cada 
um desempenha um papel específico, sendo alguns naturalmente mais privilegiados do que outros. Esse 
privilégio, por ser natural, representaria um fenômeno normal, como em todo organismo vivo em que 
predomina a lei da sobrevivência dos mais aptos e a luta pela vida.
5.1 emile durkheim (1858‑1917): vida e obra
Figura 7
Nascido em 15 de abril de 1858 em Epinal, na Loraine, fronteira nordeste da França, Durkheim era 
filho de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, 
dando continuidade na Alemanha.
Na escola normal (normale), durante o período entre 1879 e 1882, encontrou‑se com alguns homens 
que marcaram sua época. Tornou‑se, nessa época, amigo íntimo de Jaurès, aluno que obteve o 1º lugar 
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na classificação de 1876 e 3º na agrégation de 1881. Foi colega também de Bergson, que em 1876 
obteve o 3º lugar e saiu em 1881 em 2º.
As obras de Durkheim foram importantíssimas para definir os métodos de trabalho dos sociólogos e 
estabelecer os principais conceitos da nova ciência. Entre essas obras, as principais foram:
• A divisão do trabalho social;
• Regras do método sociológico;
• O suicídio;
• Formas elementares da vida religiosa;
• Educação e sociologia;
• Sociologia e filosofia;
• Lições de sociologia (obra póstuma).
 saiba mais
A obra A divisão do trabalho social é considerada a principal contribuição 
de Durkheim para a sociologia econômica. Trata‑se de sua tese de doutorado, 
além de ser sua primeira grande obra.
5.2 durkheim e o seu tempo
Emile Durkheim nasceu em um contexto em que a Europa ainda vivia a lembrança das revoluções 
de 1848. O historiador Eric Hobsbawm (1982) descreve esse período como sendo palco da “primeira e a 
última revolução europeia no sentido (quase) literal” (p. 22).
As revoluções de 1848 ocorreram simultaneamente, atingindo todo o centro do continente 
europeu, como a França, a Confederação Alemã, o Império Austríaco e a Itália. Todos os governos 
constituídos naquela região foram derrubados ou perderam suas bases de sustentação em 
pouquíssimo tempo e, como consequência, houve uma instabilidade política em uma grande 
extensão territorial.
Essas revoluções sociais envolveram a classe média, trabalhadores pobres, campesinos e intelectuais 
de esquerda, fato até então inédito no continente europeu. Com essa mobilização política, os Estados 
nacionais tiveram que fazer concessões, pois esse novo contexto, envolvendo novos sujeitos políticos, 
passaram a influenciar nas organizações estratégicas políticas.
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Entre 1848 e 1851, a França se tornou palco de muita instabilidade política causada pela grande 
movimentação e distúrbios que ocorriam no centro de Paris e envolviam os diferentes grupos.
A sociedade que Durkheim conheceu depois destes acontecimentos é marcada pelo período 
denominado III República, quando se discutiam os problemas de unidade e coesão nacional. Nesse 
contexto, o Partido da Ordem estava no centro desse conflito, buscando articular uma nova ordem social, 
que a expansão econômico‑industrial havia instaurado e que as novas relações políticas demandavam.
Após 1848, os grupos que estavam no poder contavam com a possibilidade de uma revolução social, 
fazendo com que cometessem excessos na repressão da Comuna de Paris em 1871, presenciados por 
Durkheim que tinha 13 anos nessa época.
No campo econômico, esse período caracteriza‑se pela expansão mundial do capitalismo, 
acompanhada do processo de colonização, do imperialismo e da difusão da crença no liberalismo 
econômico, no valor da ciência e na tecnologia para o progresso material e moral da sociedade. Eram 
visíveis as transformações econômicas e os progressos tecnológicos da época.
Contudo, no período entre 1873 e 1896, essa consolidação do mundo capitalista foi enfraquecendo e 
dando lugar a uma prolongada depressão, que atingiu não apenas as indústrias, mas também o comércio 
dos paísescapitalistas. Sobre essas transformações, Hobsbawm (1982) afirma que as consequências 
maiores foram observadas nas nações da periferia deste sistema.
Diante dessas transformações, surge um novo estilo de vida nessas sociedades, que privilegiava o 
consumo e a abundância.
Ao observar esse contexto, Durkheim passou a se preocupar fortemente com a educação moral, pois 
o que percebia na sociedade era um “culto do individualismo” próprio dessa nova cultura europeia que se 
expandia pelo mundo. Em sua concepção, era necessário fortalecer os laços sociais, desenvolver o amor pela 
coletividade, facilitar a internalização de uma ordem normativa e envolver‑se em valores e objetivos comuns.
5.3 A definição da sociologia como ciência
Para Durkheim, a questão que se colocava naquele contexto de transformações era a possibilidade 
ou não de se reconhecer se os fenômenos sociais eram passíveis de serem investigados cientificamente, 
da mesma forma como eram estudados os fenômenos físico‑químicos e biológicos.
Respondida a questão, seria necessário demarcar fronteiras e os caminhos a seguir, isto é, era preciso 
continuar as trilhas deixadas por pensadores como Montesquieu, Saint‑Simon e Comte, que tentaram 
mostrar, em suas pesquisas, a interdependência dos fenômenos da vida social e a urgência em estudá‑los 
a partir da positividade de um saber empírico.
A partir de então, a sociedade passa a ser um novo objeto do conhecimento científico; deveria ser 
estudada no interior de uma ciência positiva, denominação que afirmava sua contraposição com o saber 
puramente especulativo da tradição filosófica.
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Fica evidente nas obras de Durkheim sua preocupação em definir um estatuto científico para a 
sociologia e assim demarcar seu campo como ciência distinta e autônoma. No entanto, Durkheim 
percebeu a possibilidade de articulação entre os diferentes campos das ciências humanas e sociais 
que poderiam auxiliar no entendimento dos fatos sociais, entre os quais estavam a psicologia social, a 
história, o direito, a economia.
Enfim, na concepção durkheimiana só poderia ocorrer um estudo dos fenômenos sociais como 
ciência se fosse possível concebê‑los como algo de real e existente fora das consciências particulares, ou 
seja, como realidade coletiva, externa ao indivíduo, que o ultrapassa e se impõe sobre ele.
Para Durkheim, no entanto, a sociologia é a ciência das instituições sociais, aquela que compreende 
sua origem e seu funcionamento. Essas instituições são entendidas em seu sentido amplo, abrangendo 
as crenças, valores e comportamentos instituídos. Dessa forma, justificam‑se suas preocupações ao 
conceber a sociologia e seu papel em auxiliar na compreensão das instituições pedagógicas, conduzindo 
o pesquisador à análise de práticas sociais.
5.4 A definição do método sociológico
Durkheim tinha como grande questão definir quais seriam os objetos de estudo e as bases da 
explicação sociológica, ao analisar os sistemas sociais, estruturas, instituições e as relações entre o 
indivíduo e a sociedade.
Outro problema básico para ele era como estudar os objetos que tinham sido tradicionalmente 
motivo da especulação filosófica, ou seja, como analisá‑los sem transbordar para filosofia, sem invadir 
outros campos das ciências humanas também nascentes, como a psicologia. Definir os métodos de 
investigação ou as “regras” de construção desta nova ciência era o grande desafio de Durkheim, que os 
buscou na ilusão da neutralidade do pesquisador e na defesa de observações despidas de pré‑noções, 
juízos de valor e tomada de posições.
Segundo Durkheim, que o sociólogo deixe de lado suas pré‑noções, isto 
é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser 
estudado, pois nada têm de científico e podem distorcer a realidade dos 
fatos. Essa postura exige o não‑envolvimento afetivo ou de qualquer outra 
espécie entre o cientista e o objeto. A neutralidade exige também a não 
interferência do cientista no fato observado (COSTA, 1997).
Tendo como referência os princípios positivistas, Durkheim acreditava que, com esse rigor, o método 
que garantia o sucesso das ciências exatas pudesse definir a sociologia como ciência, rompendo com as 
ideias e o senso comum, os “achismos” – que interpretavam de maneira vulgar a realidade social (idem).
5.5 o conceito de consciência coletiva de durkheim
De acordo com a concepção de Durkheim, as condutas individuais e de grupo são guiadas por 
determinantes sociais, denominada por ele como consciência coletiva, isto é, aquilo que se sobrepõe às 
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consciências individuais através de símbolos culturais, como ritos, valores, crenças, mitos, transmitidos e 
considerados válidos através das gerações.
A consciência coletiva faz parte da natureza dos símbolos sociais e, por isso, acompanhará as 
transformações, provando que a visão de mundo e de homem em muito incorpora o que se encontra 
presente na natureza dos símbolos sociais.
Definir esse conceito permitiu a Durkheim responder à questão proposta pelo método funcionalista, 
ou seja, provou‑se que, ao analisar a consciência coletiva, era possível verificar o que mantinha os 
homens coesos no contexto social, visto que considerava que a coesão entre os participantes de 
uma dada sociedade é diretamente proporcional à extensão da consciência coletiva, fazendo com 
que todas as consciências convirjam para uma consciência comum e sintam‑se atraídas por suas 
similitudes.
Em sua obra O suicídio, publicada em 1897, Durkheim considerava inclusive esse fato de caráter 
altamente pessoal como influenciado pelo meio social, levando em conta a pesquisa desenvolvida sobre 
o histórico de suicídios na França, em que percebeu que alguns indivíduos estão mais predispostos que 
outros a dar cabo da própria vida, sendo eles, geralmente, os que não estavam integrados a grupos 
sociais cujas aspirações estavam reguladas por normas sociais.
A obra de Durkheim que se consagrou como o estudo sociológico clássico mais importante foi a que 
se debruça sobre o tema do suicídio.
Em artigo publicado na Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, intitulado “Suicídio 
e sociedade: um estudo comparativo de Durkheim e Marx”, Marta M. Assumpção Rodrigues refaz o 
percurso trilhado por esses dois influentes sociólogos modernos, de uma perspectiva comparada. Seu 
objetivo é demonstrar que estes dois sociólogos trataram, cada uma a seu modo, do tema do suicídio, 
o que se constituiu um marco importante na delimitação da sociologia como disciplina rigorosamente 
objetiva.
Ao analisar o ato do suicídio, Durkheim (1977) parte do pressuposto de que não é apenas um 
fenômeno psicológico individual, mas esse ato é um fato social. Desta forma, ao fazer exatamente essa 
distinção, contribuiu fundando, de sua maneira, o campo sociológico (RODRIGUES, 2009). Em suas 
reflexões, Durkheim assim descreve sua maneira de compreender o suicídio:
Assim, se, em vez de vermos neles [nos suicídios] apenas acontecimentos 
particulares, isolados uns dos outros e que necessitam cada um por si de um 
exame particular, considerarmos o conjunto dos suicídios cometidos numa 
sociedade dada durante uma unidade de tempo dada, constatamos que o 
total assim obtido não é uma simples soma de unidades independentes, 
um todo de coleção, mas que constitui em si um fato novo e sui generis, 
que possui a sua unidade e a sua individualidade, a sua natureza própria 
por conseguinte, e que, além disso, tal natureza é eminentemente social 
(DURKHEIM, 1977, p. 14).
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As análises do suicídio como fato social mostram sua preocupação em delimitar a sociologia como um 
campo científico autônomo e sua maneira diferenciada de conceber a realidade social, principalmente das 
orientações positivistas que transformavam a investigação social numa dedução de fatos particulares a 
partir de leis supostamente universais – como preconizava Augusto Comte, por exemplo.
Durkheim considerava os valores sociais como sendo determinados pela natureza particular das 
sociedades e acreditava que a análise crítica desses valores poderia contribuir para que a ciência 
sociológica formulasse uma ética que substituísse a moral.
Para ele, o fenômeno do suicídio é especificamente individual, e a tarefa do sociólogo é estabelecer 
correlações entre as circunstâncias e as variações da taxa do suicídio, cujas variações são consideradas 
fenômenos sociais.
Nesse sentido, para a teoria sociológica, o mais importante é essa relação entre o fenômeno individual 
e o fenômeno social, no caso de Durkheim, o suicídio e a taxa de suicídio.
Sua tese principal era provar que o suicídio é um fato social, uma forma de coerção exterior que 
independe das vontades do indivíduo, mas que é estabelecida em toda a sociedade e que, portanto, deve 
ser tratado como assunto sociológico. Acredita‑se que Durkheim teria se interessado pelo assunto após 
o suicídio de um amigo íntimo e que isso o teria afetado também nas classificações do suicídio, pelo 
menos na forma que chama de egoísta.
Durante seu estudo sobre o suicídio, Durkheim tenta demonstrar a insuficiência das estatísticas 
puras sobre o assunto e sua fragilidade em determinar suas causas, já que para determinar o 
motivo da morte são utilizadas as informações existentes em obituários de suicidas que, para 
ele é, na verdade, a opinião que se tem sobre o fato, causa aparente, não servindo de explicação 
palpável. Para provar essa tese, ele se utiliza do exemplo dos suicídios no âmbito religioso, e 
mostra que o suicídio entre os protestantes é maior que entre os católicos, independente da 
região em que se encontram, como resultado de um menor controle social sobre os fiéis, causa 
essa, portanto, social.
Assim, ao escrever sobre o suicídio, foi possível aplicar o método sociológico, contribuindo para os 
avanços sobre a temática, que se faz notável ainda hoje.
5.6 durkheim e a sociologia da educação
Durkheim é considerado também o criador da sociologia da educação. Para ele, o homem nasce 
egoísta e só a sociedade, por meio da educação, pode torná‑lo solidário. A educação é, portanto, uma 
ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a 
vida social.
“A educação é um esforço contínuo para preparar as crianças para a vida em comum. Daí a 
necessidade de impor às crianças maneiras adequadas de ver, sentir e agir, às quais elas não chegariam 
espontaneamente” (DURKHEIM, 1977).
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Assim, a concepção de Durkheim, semelhante à de Comte, revela um caráter conservador e 
reacionário da tendência positivista na educação. Para o sociólogo francês, o professor tem o papel de 
formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social.
Para ele, existe, em cada aluno, dois seres inseparáveis, porém, distintos: o primeiro, denominado 
individual, formado pelos estados mentais de cada pessoa, o jovem bruto, cujo desenvolvimento 
educacional se deu no século XIX, principalmente por meio da psicologia, entendida como a ciência do 
indivíduo.
A formação do segundo ser foi, portanto, o que deu projeção a Durkheim a partir do momento em 
que ele ampliou o foco conhecido até então, considerando e estimulando também o que concebeu 
como o outro lado dos alunos, aquilo que é formado por um sistema de ideias que introjetam nas 
pessoas valores e concepções da sociedade de que fazem parte.
 observação
“A Educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta” 
(DURKHEIM).
Essa concepção durkheimiana é também chamada de funcionalista e concebe que as consciências 
individuais são formadas pela sociedade. Defende‑se que a construção do ser social, feita em boa 
parte pela educação, corresponde à assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios, 
sejam esses morais, religiosos, éticos ou de comportamento que dirigem a conduta do indivíduo num 
grupo.
 observação
“O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela” 
(DURKHEIM).
6 mAx Weber e A sociologiA Alemã
A filosofia positivista desenvolvida na França e as transformações na vida econômica na Inglaterra 
fizeram desses dois países potências emergentes nos séculos XVII e XVIII, e referências da sedimentação 
do pensamento burguês.
O desenvolvimento industrial e a expansão marítima fizeram da França e da Inglaterra países com 
maior facilidade de se relacionar com outras regiões e, por consequência, possibilitaram um maior 
contato com outras culturas e sociedades. Esse processo permitiu que os estudiosos desses países 
desenvolvessem uma análise das diferenças entre os grupos humanos, uma interpretação da diversidade 
social existente.
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Os avanços tecnológicos desses países foram impulsionados pelos estudos das ciências físicas e 
biológicas que influenciaram nas concepções das primeiras escolas sociológicas em seus princípios e 
métodos.
Esse desenvolvimento, porém, não atinge em seu início a Alemanha, que apresenta nesse período uma 
realidade bastante diversa da França e da Inglaterra, trazendo como consequência o desenvolvimento 
do pensamento burguês influenciado por outras disciplinas filosóficas do século XIX, como a história e 
a antropologia.
Por outro lado, segundo Cristina Costa (1997, p. 70), a economia alemã se expandiu no período do 
chamado capitalismo concorrencial, período esse em que os países europeus disputaram com unhas e 
dentes os mercados mundiais, “submetendo a seu imperialismo as mais diferentes culturas, o que torna 
a especificidade das formações sociais uma evidência e um conceito da maior importância”.
A unificação alemã ocorre bem mais tarde que a de outros países europeus, fato que justifica sua 
entrada na corrida industrial e imperialista apenas na segunda metade do século XIX. Por outro lado, 
esse atraso em relação a outros países permitiu o interesse pela história como ciência de integração, da 
memória e do nacionalismo.
Por isso, destaca‑se no pensamento alemão a preocupação em compreender a diversidade, 
influenciando os estudos de quase todos os seus cientistas, entre eles Gabriel Tarde, Ferdinand Tonnies 
e, mais tarde, Max Weber, o sistematizador da sociologia alemã.
6.1 A unificação da Alemanha: influência no pensamento sociológico
As necessidades das grandes potências mundiais do século XIX foram acompanhadas por um surto 
nacionalista. Nesse contexto, entre 1860 e 1870, a Itália e a Alemanha conseguem se unificar, lideradas 
pelas classes dominantes.
Em meados do século XIX, a Alemanha era formada por uma confederação de principados e Estados. 
Prússia e Áustria tinham um lugar de destaque, com o objetivo de manter o equilíbrio entre as forças 
revolucionárias que ameaçavam a aristocracia conservadora (junkers).
Nesse período, a principal atividade econômica do país era a agricultura, e ainda permaneciam na 
sociedade as relações feudais de produção.
O processo de unificação foi liderado pelo primeiro‑ministro prussiano, Otto von Bismarck, que 
ficou conhecido como Chanceler de Ferro, resultando na formação do império alemão. Assim, todos os 
Estadosgermânicos unificaram‑se sob a liderança da Prússia, tendo Guilherme I como rei.
Para que isso se concretizasse, foram necessárias três guerras: contra a Dinamarca, contra a 
Áustria e contra a França. Vinte anos depois, a Alemanha já era a principal potência industrial da 
Europa. Vejamos:
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Em 1834, sob a liderança do governo prussiano formou‑se o Zollverien (união aduaneira dos 
Estados), que promoveu a abolição das tarifas interestaduais, ou seja, a união alfandegária, que produziu 
a unificação do mercado interno de vários estados alemães. Isso favoreceu a ampliação do mercado 
consumidor, mobilizou as atividades econômicas e proporcionou às indústrias prussianas um momento 
importante no seu crescimento econômico e desenvolvimento industrial.
O desenvolvimento industrial da Prússia foi fortalecido com a formação das estradas de ferro, o 
incentivo à exploração do carvão e a mobilização da indústria bélica, o que resultou na ampliação do 
armamento do exército, que, por conseguinte, movimentava grandes somas de recursos financeiros e 
alimentava as indústrias siderúrgicas e metalúrgicas alemãs, conformando novos centros urbanos e 
industriais.
Com a morte de Frederico Guilherme IV, quem assume o trono da Prússia é Guilherme I (1861‑1888). 
Guilherme I tinha ambições de ampliar o território alemão, mas tinha na Áustria seu maior inimigo 
para suas pretensões. Para que seu intento fosse realizado, precisava de alguém que fosse a favor da 
monarquia, defendesse os junkers e desejasse também aumentar o território alemão e seu prestígio 
político na Europa, encontrou o conservador Otto Von Bismarck (1815‑1898), que também era membro 
da aristocracia prussiana, e o nomeou como primeiro‑ministro.
Em 1870 (Guerra franco‑prussiana), a França declara guerra à Prússia e, em janeiro de 1871, Bismarck 
ganha a guerra contra Napoleão III e a França assina o armistício. Pelo tratado de armistício, a França 
cede a Alsácia‑Lorena à Alemanha e é obrigada a reconhecer a unificação alemã. No conflito, prendeu 
Napoleão III, o que significou que Bismarck também influenciou no fim do segundo império francês e 
obrigou a França a declarar o surgimento da III República. De um conjunto de 39 Estados, agrários e 
de pequena industrialização no início do século XIX, a Alemanha torna‑se, com a unificação, uma das 
maiores potências imperialistas do século XX.
Etapas da unificação alemã
1ª etapa: Unificação econômica:
1834: Zollverein (união aduaneira dos Estados):
• Áustria inicialmente de fora.
• Prússia se fortalece política e economicamente.
• Unificação de mercados.
• Padronização de moedas.
• Expansão da agricultura, da indústria e dos transportes.
• Bismarck é nomeado chanceler da Prússia.
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2ª etapa: Anexação de ducados dinamarqueses (1864‑1866):
• Aliança da Prússia com o Império Austríaco.
• Anexação forçada de ducados dinamarqueses.
3ª etapa: Guerra austro‑prussiana (1866):
• Guerra das Sete Semanas.
• Aliança com o reino Piemonte‑Sardenha e com Napoleão III.
• Vitória da Prússia. A Áustria é excluída da Confederação Germânica.
• Criação da Confederação Germânica do Norte.
4ª etapa: Guerra franco‑prussiana (1869‑1871):
• Anexação dos territórios da Alsácia‑Lorena, ricos em ferro e carvão.
• A Alemanha é unificada (1871).
6.2 max Weber (1864‑1920): vida e obra
Figura 8
Nasceu na cidade de Erfurt, na Alemanha, em uma família de burgueses liberais. Dedicou‑se ao 
estudo de direito, filosofia, história e sociologia.
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Em 1895, iniciou a carreira de professor em Berlim, destacando‑se como catedrático na Universidade 
de Heidelberg, onde manteve contato permanente com intelectuais de sua época, como Simmel Sombart, 
Tönnies e Georg Lukács.
Escreveu sua tese de doutoramento sobre a história das companhias de comércio durante a Idade 
Média e, mais tarde, a tese A história das instituições agrárias. Depois disso, passou por um período 
de perturbações nervosas que o levaram a se afastar do trabalho. Retornou às atividades em 1903, 
participando da direção de uma das mais destacadas publicações de ciências sociais da Alemanha.
Em 1904, publicou ensaios sobre a objetividade nas ciências sociais e a primeira parte de A ética 
protestante e o espírito do capitalismo, que se tornaria sua obra mais conhecida e é de fato fundamental 
para a reflexão sociológica.
Weber viveu numa época em que as primeiras disputas sobre a metodologia das ciências sociais 
começavam a surgir na Europa, sobretudo em seu país, a Alemanha.
Na política, defendeu ardorosamente seus pontos de vista liberais e parlamentaristas, participou da 
comissão redatora da Constituição da República de Weimar; mas sua maior influência se deu nos ramos 
especializados da sociologia, como no estudo das religiões, estabelecendo relações entre formações 
políticas e crenças religiosas. Entre suas inúmeras obras, destacam‑se:
• Artigos reunidos de teoria da ciência;
• Economia e sociedade (obra póstuma);
• A ética protestante e o espírito do capitalismo.
6.3 A ação social pensada por Weber
De acordo com as análises de Weber, toda sociedade adquire uma especificidade e importância 
própria na sua formação e organização. No entanto, o ponto de partida de sua sociologia não estava 
nas entidades coletivas, grupos ou instituições, mas naquilo que se transformaria em seu objeto 
de investigação, ou seja, a ação social, a conduta humana dotada de sentido, de uma justificativa 
subjetivamente elaborada.
Nessa concepção, o homem torna‑se o principal responsável pela ação social. Cabe a ele, como 
indivíduo, estabelecer a relação entre o sentido da ação e seus efeitos. Para Weber, “as normas 
sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação” 
(Weber, 1997).
Dessa forma, a sociologia, para Weber, é, antes de tudo, buscar a compreensão da ação social 
dos seres humanos “individualmente”. Para ele, tudo parte dos indivíduos e suas ações nos mais 
variados campos – desde a mais insignificante ação da vida privada até as mais grandiosas ações 
da vida pública.
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Por isso, Max Weber é considerado, no campo da sociologia, uma espécie de “pai” do chamado, 
hoje em dia, “individualismo metodológico” – ou seja, pensamentos/análises, sociológicos ou não, que 
partem da ideia fundamental de que as explicações mais corretas sobre as coisas humanas, mesmo sobre 
as coletivas, baseiam‑se nas “motivações” dos indivíduos, no “agir social”.
 lembrete
Ação social – moda, consumo, mercado, política, religião, crime, trabalho 
etc. – é toda conduta humana que interfere em outros e consigo mesmo. A 
sociologia, segundo Weber, é para “compreender” isso e não ficar fazendo 
“julgamento de valor” sobre o agir humano.
A ação social, para Weber, divide‑se em quatro tipos ideais:
1º tipo: Ação racional com relação afim – Considerado aquilo que é um cálculo que busca resultados, 
como, por exemplo, a atividade econômica que necessita de uma motivação para um cálculo racional 
sobre meios e fins, custos e benefícios de sua ação.
2º tipo: Ação racional orientada por valores – Diferentemente do primeiro tipo, nesse caso, as ações 
são “orientadas” por valores ou convicções determinadas – políticas, religiosas, morais ou ideológicas, 
entreoutras motivações possíveis.
3º tipo: Ação afetiva – Orientada basicamente por “emoções”, como, por exemplo, a vingança, o 
desespero, o ciúme, o amor, a admiração, entre outros. Essas ações são consideradas “irracionais”, pois 
não possuem cálculos de meios e fins.
4º tipo: Ação tradicional – É a ação considerada totalmente “irracionaI” e a menos consciente 
de todas, baseada em hábitos e costumes, como, por exemplo, o fato de os ingleses manterem 
sua adoração pela monarquia. (O Brasil, segundo Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro, 
dois estudiosos de influência weberiana, tem um “traço histórico” de ações – do seu povo – que 
variam da orientação afetiva à tradicional, ainda que as outras motivações possam ocorrer como 
exceção).
6.4 A ética protestante e o espírito do capitalismo
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber, foi escolhida por vários intelectuais 
como o mais importante escrito teórico publicado no século XX. Nessa obra, Weber relaciona o papel do 
protestantismo na formação do comportamento.
Partindo de dados estatísticos, Weber busca demonstrar a proeminência de adeptos da Reforma 
Protestante entre os grandes homens de negócios, empresários bem‑sucedidos e mão de obra qualificada. 
A partir desses dados, estabeleceu conexões entre a doutrina e a pregação protestante, seus efeitos no 
comportamento dos indivíduos e sobre o desenvolvimento capitalista.
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De acordo com Costa (1997, p. 71), a teoria de Weber, os valores do protestantismo – como 
a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho 
atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos. Por isso, nas famílias protestantes, os filhos 
eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando sempre por atividades 
mais adequadas à obtenção do lucro, preferindo o cálculo e os estudos técnicos ao estudo 
humanístico.
O autor desenvolve uma análise pormenorizada sobre o perfil do protestante e o capitalismo.
A partir de uma análise etimológica, mostra então que houve a formação de uma nova mentalidade, 
um ethos – valores éticos. Nessa ética, alguns valores são privilegiados, como a condenação ao 
descanso e a vocação ao trabalho consciencioso; o tempo não pode ser desperdiçado, por isso, a 
pontualidade no trabalho e nos compromissos sociais é muito importante. Esses aspectos passam 
a ser extremamente valorizados por sua aptidão para ganhar dinheiro, que se torna relevante ao 
sistema capitalista.
A autora Cristina Costa (1997) destaca alguns dos principais aspectos da análise desenvolvida por 
Weber:
1. O trabalho, para os protestantes, é fonte de toda a motivação que possibilitou a esse grupo 
construir valores, normas, regras e uma disciplina que não vem de nenhuma norma institucional, 
mas da capacidade que cada indivíduo tem de assimilar, aceitar e introjetar esses valores, 
transformando‑os em motivos de suas ações sociais. Dessa forma, surge uma relação entre 
religião e sociedade motivada pelo trabalho. Isso pressupõe que o trabalho passa a ser uma 
vocação e uma obrigação (dever). Nesse sentido, os ganhos econômicos e materiais que o 
dinheiro permite e pode proporcionar não são a motivação primeira das relações sociais, mas 
sim sua vocação para este.
2. Esse ethos (valores éticos) permite ao protestante acumular riqueza e propicia que o mesmo 
reinvista sua riqueza no mercado de capitais e na produção, pois sua disciplina, sua procura 
por atividades lucrativas, sua vida puritana, renunciando a uma vida mundana, o adequou ao 
mercado de trabalho.
3. Weber, em seu estudo comparativo entre católicos e protestantes, procurou a conexão entre a 
motivação e seus desdobramentos nas ações sociais dos indivíduos. Ele observa que o primeiro 
desenvolveu uma mentalidade baseada na contemplação, na oração e no sacrifício. Já o segundo 
fundamentou seus valores no racionalismo econômico que conformou o capitalismo moderno.
4. Para Weber, o capitalismo moderno (do Ocidente) torna‑se um “tipo ideal” por ser um fenômeno 
típico histórico, este tem como características fundantes a utilização dos meios técnicos e suas 
inovações constantes aliados ao conhecimento científico. O capitalismo erigiu uma plataforma 
baseada no direito à propriedade privada, o que propiciou a separação do público e do privado, 
estruturado no trabalho livre destinado ao mercado e fomentou uma administração burocrática 
racionalizada.
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Sendo assim, podemos observar nos estudos de Max Weber sob esse tema que o intento do seu 
projeto se limita a demonstrar a cooperação do pensamento protestante (religioso) com o espírito do 
capitalismo moderno ocidental. O estudo histórico comparativo entre as religiões protestantes, ou 
seja, as seitas batistas, metodistas, pietistas e calvinistas e suas imposições ascéticas fundadas em uma 
disciplina rigorosa, deu a Weber a possibilidade de compreender historicamente a secularização dos 
meios utilizados pelos protestantes para pensar a salvação. Isto é, observa‑se nesse estudo comparativo 
entre as religiões e seitas protestantes uma racionalização e uma secularização das técnicas de salvação 
(esses aspectos se apresentam de forma variada nas religiões e seitas protestantes analisadas por Weber).
Essa análise demonstrou que houve uma racionalização da vida dos protestantes, produzindo 
um ascetismo econômico, ou seja, eles passaram a dar mais atenção ao tempo e organizá‑lo em sua 
pontualidade, implicando que o protestante não pode ficar ocioso. O trabalho surge entre os protestantes 
como vocação (estado de graça) e sinal de benção; quanto mais agraciado por Deus, mais rico ou 
mais bem de vida era o protestante, por isso o trabalho é tempo e dinheiro. Dessa forma, a vocação 
para o trabalho torna‑se a base do racionalismo econômico moderno, em que o protestante se sente 
pressionado por uma obrigação moral. Esse asceticismo produziu um indivíduo com fama de trabalhador 
honesto, inclinado à empresa capitalista.
Outro fator que vai influir nesse processo é a concepção puritana na vida dos casais. Tudo isso, 
aliado aos ganhos materiais, enfraqueceu o poder divino (sacramentos e a magia) e gradualmente foi 
ganhando força a secularização utilitária em que o asceticismo se deslocou para a vida social, e isso 
visto em seu conjunto produziu um protestantismo materialista.
6.5 A contribuição do pensamento de max Weber
Max Weber tenta elaborar sua reflexão a partir da sociedade conflituosa do século XIX, que sofria 
com a divisão da burguesia e do proletariado, padecia dos conflitos e dos efeitos nefastos na vida dos 
trabalhadores no período da Revolução Industrial. As lutas pelo poder na formação do Estado nacional 
alemão, o êxodo rural (a expropriação de terras das mãos dos camponeses) que a Revolução Industrial 
proporcionou também incomodavam o sociólogo alemão; as revoltas dos luditas, que geravam muita 
violência, reivindicações de melhores condições de vida e os problemas urbanos devido ao aumento 
populacional foram preocupações do pensador.
Para o autor, os problemas decorridos desse período eram de origem subjetiva e não meramente 
fatos econômicos, ou seja, derivavam da conduta e da ação social de cada um, sejam elas morais ou 
políticas.
Nesse período de construção do pensamento de Max Weber, a Europa está lutando para construir 
os chamados Estados‑nações, ou os Estados modernos; no campo religioso, a reforma protestante 
estava em plena ascensão e impondo ao mundo moderno novos valores religiosos e, por conseguinte, 
rompendo a unidade cristã da época. Já no campo econômico,o capitalismo impôs uma ruptura no 
sistema feudal e proporcionou a expansão marítima e comercial com a descoberta de outros pontos 
comerciais do globo terrestre; esses acontecimentos tornaram o século XIX um século de unificações dos 
Estados nações e possibilitaram que tais fatos se tornassem eventos em escala mundial. Esses eventos, 
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vistos em seu conjunto, se tornaram um marco na historicidade mundial e ficaram conhecidos como os 
eventos fundantes da modernidade ocidental.
A partir da segunda metade do século XIX (1850), o absolutismo como forma de governo perdeu 
sentido e significado na conjuntura capitalista da época e proporcionou a ascensão do nacionalismo e 
do liberalismo, que exigiam um estado capaz de organizar a produção, a economia e a vida política da 
população.
Nesse contexto do século XIX, a Alemanha era um emaranhado de 39 estados independentes, e 
a formação de um Estado‑nação possibilitaria uma centralização de poder; isso se daria por meio da 
unificação. Nesse período, outros países também estavam se mobilizando para se unificar e se tornar 
Estado‑nação moderno, é o caso, por exemplo, da Itália (1815). O historiador Eric Hobsbawm, em seu 
famoso texto Nações e Nacionalismo (1870), publicado no Brasil em 1990, nos ajuda a entender o 
período em que Weber construiu seu pensamento e que fundamentou a sociologia como disciplina, 
mas também a conjuntura social, política, econômica e cultural da época, que possibilitou a emergência 
desse fenômeno europeu.
Ao longo do século XIX, uma família teria que viver em um lugar muito 
inacessível se um de seus membros não quisesse entrar em contato regular 
com o Estado nacional e seus agentes: através do carteiro, do policial ou do 
guarda, e oportunamente do professor; através dos homens que trabalhavam 
nas estradas de ferro, quando estas eram públicas; para não mencionar os 
quartéis de soldados ou mesmo as bandas militares amplamente audíveis. 
Cada vez mais o Estado detinha informações sobre cada um dos indivíduos 
e cidadãos através do instrumento representado por seus censos periódicos 
regulares (que só se tornaram comuns depois da metade do século XIX), 
através da educação primária teoricamente compulsória e através do 
serviço militar obrigatório, onde existisse. Como nunca até então o governo 
e os indivíduos e cidadãos estavam inevitavelmente ligados por laços diários 
(HOBSBAWM, 1990, p. 102).
Max Weber desenvolve seus conceitos a partir desse Estado moderno, herdeiro da reforma 
protestante, do humanismo e do renascimento cultural, expansão comercial e marítima. Esse Estado 
que, por sua vez, centralizou a vida dos indivíduos, produziu uma autoridade central que uniu os lugares 
mais longínquos ou remotos e passou a atuar de forma ativa na vida cotidiana de cada pessoa. Ou 
seja, o estado capitalista cria uma burocracia por causa de seu sistema racional legal cuja dinâmica 
se dá em uma crescente necessidade de funcionários especializados que dominem as informações 
institucionalizadas: toda a burocracia busca aumentar a superioridade dos que são profissionalmente 
informados, mantendo secretos os seus conhecimentos e intenções (WEBER, 1997, p. 269).
A partir de conceitos como capitalismo carismático (isto é, qualidades heroicas e dons mágicos), 
dominação, empresário, ação social e seu método tipo ideal, o autor se propõe a compreender a 
sociedade. Weber desenvolveu seu pensamento na busca constante de um rigor científico e metodológico 
e na tentativa de produzir uma ciência autônoma fundamentada no empírico real. Durante sua vida, 
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analisou os fatos econômicos, históricos e culturais, e o resultado dessas análises em diversos campos 
do conhecimento desenvolveu um papel fundante na epistemologia e no método sociológico (teórico 
e empírico).
Em seu trabalho de maior repercussão, A ética protestante e o espírito do capitalismo, o autor 
consegue sistematizar seu método comparativo e evidenciar um tipo ideal, demonstrando a ligação 
entre o espírito comercial e a piedade cristã.
Seu pensamento é baseado no interpretativismo, isto é: “a ciência que tem como meta a compreensão 
interpretativa da ação social de maneira a obter uma explicação de suas causas, de seu curso e dos seus 
efeitos” (WEBER, 1987, p. 9). Em seus estudos, Weber interessou‑se pelos fatos da vida sociocultural, 
que são singulares e particulares, ou seja, “a ciência social que pretendemos exercitar é uma ciência da 
realidade. Procuramos entender na realidade que está ao nosso redor, e na qual encontramos situados 
aquilo que ela tem de específico (WEBER, 1991, p. 29).
Essa forma de pensar a ciência influenciou em vários ramos do pensamento sociológico, da 
economia, da história, da educação, da sociologia, da religião, da administração, do direito, o que foi de 
fundamental importância para as Ciências Sociais do século XX.
O calvinismo: objeto de estudo de Weber
Figura 9 – João Calvino
Um dos expoentes do asceticismo econômico (estudado por Max Weber na ética protestante e 
o espírito capitalista), da mudança e da implantação dos valores éticos que moldaram o capitalismo 
moderno foi João Calvino (1509‑1564), fundador da religião calvinista (calvinismo). Calvino nasceu em 
Noyon, na França, descendente de uma família pequeno‑burguesa, estudou na universidade de Paris 
teologia e direito. Em 1531, filiou‑se às ideias de reformadores protestantes, que estavam em plena 
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expansão na França, como Martinho Lutero (1483‑1546), alemão, e Ulrisch Zwingli (1841‑1531), suíço, 
perseguido pela igreja católica francesa.
Predestinação divina de Calvino: em 1536, já morando em Basileia, por causa da perseguição 
dos católicos franceses, Calvino publicou sua obra principal, Instituição da religião cristã. Nessa 
obra, expôs suas principais ideias, que estruturaram o calvinismo, em que o indivíduo estava 
predestinado a ir para o céu ou padecer no inferno e quanto a isso nada se podia fazer, pois não 
cabe ao indivíduo conseguir sua salvação, mas a Deus, por sua infinita misericórdia, ou seja, uns 
eram escolhidos ou eleitos para alcançar a graça de ir para o céu, enquanto outros sofreriam a 
danação eterna no inferno.
Em 1534, exilou‑se na Suíça, onde os habitantes da cidade de Genebra já haviam se rebelado contra 
a Igreja Católica. A Suíça vivia um movimento de reforma religiosa cuja liderança era de Ulrisch Zwingli.
A partir de 1541 até 1560, Calvino se estabeleceu na Suíça, onde governou a cidade de Genebra. 
Implantou ali uma disciplina rigorosa, proibindo o jogo a dinheiro, o culto a imagens de santos, as 
danças, o teatro, o luxo e a ostentação de riqueza. Valia‑se dos pastores e das pessoas mais antigas 
da cidade, adeptas ao calvinismo, para impor as leis do evangelho, ou seja, a igreja regeria a vida da 
população.
As ideias de Calvino foram muito aceitas pelos comerciantes, que queriam ter lucro, o que era 
condenado pela Igreja Católica, a partir do calvinismo suas práticas foram legitimadas. Calvino submeteu 
seus habitantes a uma administração sob leis morais, políticas e religiosas muito rígidas.
Figura 10 – O cambista e sua mulher (1514). O modo de vida 
ascética econômica e social da burguesia do século XVI
O incentivo ao trabalho duro, intenso e constante, a condenação ao ócio, a pureza sexual nas 
relações matrimoniais, a honestidade dariam ao indivíduo um sucesso material, e isso seria um sinal 
de graça; por conseguinte,o indivíduo se sentia no caminho da salvação, pois a riqueza se tornara um 
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sinal da predestinação. Nesse sentido, as ideias de Calvino se adequaram à burguesia capitalista por 
meio da aceitação do dinheiro emprestado a juro e outras formas de ampliar o lucro, proporcionaram 
a identificação com os anseios e as necessidades dos interesses da burguesia suíça. Esse asceticismo 
econômico, proporcionado pelas atividades lucrativas, se tornou fundamental para o desenvolvimento 
do capitalismo moderno.
A religião de Calvino se difundiu na França e se expandiu para a Inglaterra, passando pela Escócia 
e chegando até a Holanda. Calvino estabeleceu a partir de Genebra uma nova doutrina cristã, segundo 
a qual a salvação depende da vontade de Deus, manifestada no momento em que cada homem nasce.
O rei Henrique VIII da Inglaterra rompe com o Papa, cria no país uma nova igreja e, através do Ato 
de Supremacia, o parlamento inglês reconhece a Igreja Anglicana como sendo a Igreja nacional da 
Inglaterra e o rei seu chefe supremo.
A Igreja Anglicana é um novo instrumento de poder e torna‑se fundamental para a consolidação do 
absolutismo real.
 resumo
Durkheim formulou as orientações iniciais para a sociologia, 
orientações essas que demonstraram que os fatos sociais possuem 
características próprias, por isso diferem dos objetos estudados por 
outras ciências. Para ele, a finalidade da sociologia é compreender, 
estudar os fatos sociais. A generalidade, exterioridade e coercitividade 
permitem que os fatos sociais sejam estudados objetivamente, como 
“coisa”. O método durkheimiano estabelece que o pesquisador se 
envolva em seus estudos sem permitir que seus valores interfiram na 
objetividade de sua análise.
O pensamento científico se destaca pela preocupação em compreender 
e estudar a diferença, característica de sua formação política e de seu 
desenvolvimento econômico.
O desenvolvimento do pensamento sociológico alemão reflete, então, 
seu processo de unificação política e a herança puritana.
Max Weber viveu em um período em que as primeiras disputas sobre 
a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa, 
sobretudo em seu país, a Alemanha. O ponto de partida da sociologia 
de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições, 
mas naquilo que se transformaria em seu objeto de investigação, ou 
seja, a ação social, a conduta humana dotada de sentido, de uma 
justificativa subjetivamente elaborada. A sociologia, para Weber, é, 
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antes de tudo, buscar a compreensão da ação social dos seres humanos 
“individualmente”. Para ele, tudo parte dos indivíduos e suas ações 
nos mais variados campos – desde a mais insignificante ação da vida 
privada até as mais grandiosas ações da vida pública. Max Weber é 
considerado o pai do “individualismo metodológico” no campo da 
sociologia, ou seja, pensamentos/análises, sociológicos ou não, que 
partem da ideia fundamental de que as explicações mais corretas sobre 
as coisas humanas, mesmo sobre as coisas coletivas, baseiam‑se nas 
“motivações” dos indivíduos no “agir social”.
A ética protestante e o espírito do capitalismo, escrita por Weber, é uma 
das obras de referência do século XX. Nela, é analisada a formação de uma 
nova mentalidade, possibilitada pelos valores protestantes e seus valores 
éticos – propícios ao capitalismo, em flagrante oposição ao “alheamento” 
e à atitude contemplativa do catolicismo voltada para a oração, sacrifício 
e renúncia da vida prática. A contribuição de Weber para a sociologia 
tornou‑se referência obrigatória em todas as áreas, e seus estudos 
inovaram, mostrando a fecundidade da análise histórica e da compreensão 
qualitativa dos processos históricos e sociais.
 exercícios
Questão 1. Leia o texto abaixo:
Mas Weber (1864‑1920) é o principal representante da Sociologia alemã.
[...]
Weber nega a viabilidade dessa ciência em produzir leis deterministas 
acerca dos fenômenos sociais. Para ele, descobrir leis e constâncias na 
sociedade é impossível, uma vez que o fluxo das relações entre os homens 
e as instituições é caótico e desordenado. Aquilo que ocorreu em Roma 
antiga não se repete da mesma forma na sociedade contemporânea, 
por isso é inviável se buscar uma linha de continuidade que permita a 
formulação de leis.
A análise sociológica deve se orientar para a especificidade dos diferentes 
períodos históricos. [...]
Cada momento histórico é singular e resultado de uma série de fatores 
econômicos, políticos, religiosos, culturais, etc de seu próprio tempo. Essa 
é uma contribuição essencial da sociologia de Max Weber, que estabelece a 
impossibilidade de descobrirmos uma sequencia única nos eventos sociais.
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[...] Weber enfatiza que as transformações sociais não podem ser explicadas 
somente pelas relações econômicas. Ou seja, a economia e as formas de 
produção são importantes mas não explicam as condições históricas em 
sua totalidade. Para Weber, é possível entender as relações humanas sem 
buscar a formulação de leis e sem estabelecer as condições materiais como 
causa determinante das transformações sociais (ANDRADE, T. O Pensamento 
Sociológico de Max Weber. In LEMOS FILHO, A.; BARSALINI, G.; VEDOVATO, 
L. R.; MELLIN FILHO, O. Sociologia geral e do direito. 3. ed. Campinas: Alínea, 
2008, p. 82).
[...] a maneira como os homens se organizam – e para Marx isso nunca pode 
ser pensado individualmente, já que os homens ocupam lugares na produção 
que independem de sua vontade, mas sim da relação jurídica com os meios 
de produção – para produzir e as relações daí decorrentes fundamentam a 
base econômica de uma determinada sociedade.
A compreensão do funcionamento dessa base, das relações e dos conflitos 
ai existentes, assim como sua evolução apresenta‑se como chave para se 
entender a sociedade.
A partir dessa ideia, a economia assume um papel fundamental na teoria 
de Marx, uma vez que as relações sociais se estruturam a partir da maneira 
como o trabalho é extraído e apropriado pela comunidade (CABRERA, 
J. R. O pensamento sociológico de Marx. In LEMOS FILHO, A.; BARSALINI, 
G.; VEDOVATO, L. R.; MELLIN FILHO, O. Sociologia geral e do direito. 3. ed. 
Campinas: Alínea, 2008, p. 105‑106).
Assinale a alternativa correta:
A) Para Weber, as condições econômicas e sociais podem variar em razão de outras perspectivas que 
não apenas as lutas de classe, por isso ele travou intenso combate às ideias de Marx e de Engels.
B) Marx e Engels contribuíram para a sociologia com a interpretação dos fenômenos humanos a 
partir das contradições e conflitos das classes sociais, uma detentora do modo de produção e 
outra detentora da força de trabalho. Para eles era preciso eliminar a produção industrial para 
resolver os problemas sociais.
C) Weber defendeu a ideia de que cada momento histórico sofre influências variadas e, por isso, 
não pode ser estudado a partir de uma única dimensão que exclua as demais influências 
ocorridas.
D) As ideias de Weber e de Marx não têm mais nenhuma importância na sociedade contemporânea, 
que está fundamentada na hegemonia capitalista em quase todos os lugares do mundo.
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Introdução ao Pensamento socIológIco
E) Weber e Marx foram muito mais historiador e economista do que propriamente estudiosos de 
sociologia. Suas contribuiçõesestão restritas ao tempo histórico em que viveram.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: Weber realmente afirmava que as condições econômicas e sociais podem variar em 
razão de outras perspectivas que não apenas as econômicas, mas não travou intenso combate às ideias 
de Marx e de Engels.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: Marx e Engels contribuíram para a sociologia com a interpretação dos fenômenos 
humanos a partir das contradições e conflitos das classes sociais, uma detentora do modo de produção 
e outra detentora da força de trabalho. Porém, em nenhum momento eles defenderam que era preciso 
eliminar a produção industrial para resolver os problemas sociais. Ao contrário, defenderam que os 
meios de produção deveriam pertencer a todos os trabalhadores, que dividiriam igualmente o produto 
de seu trabalho sem exercer a exploração do capital pelo trabalho.
C) Alternativa correta.
Justificativa: Weber demonstrou com seus estudos que cada momento histórico sofre influências 
variadas e, por isso, não pode ser estudado a partir de uma única dimensão que exclua as demais 
influências ocorridas. Para ele, toda a sociedade adquire uma especificidade e importância próprias na 
sua formação e organização. Por isso, o homem se torna o responsável pela ação social, que é toda a 
conduta humana que interfere em outros e no próprio homem. Para entender as diferentes condutas 
humanas em diferentes épocas, é preciso considerar a dimensão da trajetória histórica dos homens e 
dos grupos sociais.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: as ideias de Marx e Weber são ainda muito importantes no atual momento histórico, 
em especial porque o capitalismo enfrenta sérias crises, como a ocorrida nos Estados Unidos em 
2008 e a que está ocorrendo desde 2011 na chamada zona do euro na Europa, que repercute em 
importantes economias do planeta, como a Inglaterra, a França, Alemanha, Espanha e Portugal. O 
conhecimento dos estudos de Marx e Weber poderá contribuir para que os estudiosos detectem as 
razões dessas crises e, até mesmo, sugiram novas perspectivas para a produção e relação econômica 
e política no mundo.
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Unidade II
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E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a contribuição do pensamento de Marx e Weber para a sociologia foi muito significativa 
e não está restrita à época em que viveram. Ao contrário, as contribuições de ambos continuam a 
ser sistematicamente estudadas porque são reflexões de grande importância para a compreensão dos 
fenômenos sociais contemporâneos.
Questão 2. Analise o desenho a seguir:
Disponível em: <http://goo.gl/i5Ho0>. Acesso em: 10 jan. 2012.
A partir dos conceitos aprendidos com o estudo do pensamento de Antonio Gramsci, leia as 
afirmativas e assinale a alternativa correta:
I – A escola é sempre um importante instrumento de construção de uma sociedade mais solidária e 
mais justa, porque o ensino analisa e critica as situações sociais e promove perspectivas de mudanças.
II – Para Gramsci, a educação é um instrumento importante para que as classes sociais, em especial 
a classe operária, tomem consciência de seu valor histórico e se apropriem de uma visão crítica que 
permitirá mudanças e o convencimento de outros atores sociais.
III – Para Gramsci, a escola é sempre local de produção do pensamento de alienação coletiva, em 
especial quando se trata da escola com dimensão profissionalizante.
IV – Gramsci acreditava que a escola é burguesa e herdeira de tabus e das ideias preconceituosas 
que são assimiladas e introjetadas pela sociedade e esta forma de organizar a escola, de formar a visão 
de mundo daqueles de dela precisam, impõe uma ideologia dominante, que não permite a discussão e 
a crítica.
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Introdução ao Pensamento socIológIco
V – A educação atende aos objetivos das classes dominantes que, por sua elevada qualidade cultural, 
estão em melhores condições de definir o que é preciso aprender e saber, que conhecimento deve ser 
construído e qual aquele que deve ser ignorado por ser desnecessário em um dado momento histórico.
A) I e III
B) I e IV
C) III e V
D) II e III
E) II e IV
Resolução desta questão na plataforma.

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