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Universidade Estadual do Piauí – Campus Corrente Curso: Direito I Bloco Acadêmica: Millia de Oliveira Macêdo Souza Resenha Crítica: A Verdade e as Formas Jurídicas FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: NAU, 2009. Michel Foucault (1926-1984 ) foi um filósofo francês contemporâneo que se dedicou à reflexão entre poder e conhecimento. Em suas obras , o papel da ligação saber- poder é determinante. O livro A Verdade e as Formas Jurídicas de Michel Foucault, é formado por cinco conferências pronunciadas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro entre 21 e 25 de maio de 1973. Neste livro o autor demonstra as formas usadas para se obter a verdade nas diferentes situações históricas. Nesse sentido, Foucault entende as formas jurídicas como lugar de origem de um determinado número de formas de verdade. Na primeira conferência deste livro, Michel Foucault afirma que sua análise só tem sentido sob a obra de Nietzsche. O autor introduz sobre o tema a ser tratado mostrando que seu objetivo é mostrar como se puderam formar domínios de saber a partir de práticas sociais. Assim ele propõe três eixos de pesquisa, a primeiro é a história do conhecimento, o segundo é o eixo metodológico de análise dos discursos e o terceiro é o eixo da reelaboração da teoria do sujeito. Foucault diz que para apreender formas de conhecimento é preciso se aproximar das relações de poderes envoltos, considerando o conhecimento na forma de acontecimento, de efeito de atos e estratégias, de resultado das relações de poder. O autor procura trabalhar com as formas jurídicas, demonstrando como certas formas de verdade podem ser definidas a partir da prática penal, pois o que chamamos de inquérito, por exemplo, é uma forma bem característica de se encontrar verdade em nossas sociedades. Na segunda conferência o autor analisa o mito de Édipo- Rei sobre uma nova perspectiva demonstrando as formas jurídicas presentes na sociedade grega da época. Ele vê o mito de Édipo- Rei como uma história de pesquisa da verdade e mostra melhor as formas jurídicas, porque sua trama é baseada em testemunhos, que juntos formam a verdade sobre o trágico destino de Édipo. Foucault visualiza Édipo como homem que tem o poder e que não se espanta com a ideia de ter matado o pai ou o rei, o que realmente o assusta é perder o próprio poder. Ele apreendia o poder e detinha também certo tipo de saber. Foucault reconhece a necessidade de considerar que o que há por trás de todo saber há um jogo de poder e todo poder político é tramado pelo saber. Na terceira conferência, Foucault fala sobre a relação estabelecida na idade média entre o conflito, a oposição entre o regime de prova e o sistema de inquérito. Ele diz que o inquérito não é absolutamente um conteúdo, mas a forma de saber situada na junção de um tipo de poder com certo número de conhecimentos, que o inquérito é uma forma de saber- poder. Na quarta conferência, Foucault vai expor as formas de práticas penais que caracterizam a sociedade disciplinar e as relações de poder oriundas a essas práticas penais. Foucault mostra que os mecanismos penais já não se importam mais com o fato criminoso, mas em controlar a conduta antes e após o delito. E esses mecanismos de controle passam a ser utilizados na indústria, educação, religião entre outros. Ele fala sobre as sociedades disciplinares, demonstrando que atualmente vivemos em uma sociedade panóptica. Por meio da virtualidade da ‘periculosidade’ é no panoptismo que a vigilância sobre os indivíduos se exerce não sobre o que é feito, mas no que se é e sobre o que pode vir a fazer. Na quinta conferência, ele fala sobre o nascimento das ciências de exame que estão relacionadas com a formação e estabilização da sociedade capitalista, dando continuidade aos argumentos sobre o que ele chamou panoptismo e sociedade disciplinar. Foucault diz que o controle dos que estão no poder fica sobre a força produtiva do indivíduo. Ele submete seu tempo, sua vida, ao seu patrão. Controla-se a onde e quando deve-se gastar o seu dinheiro. O controle sobre o tempo, o dinheiro, a vida das massas é condicionado pelo controle do conhecimento. E assim Foucault termina suas conferências. Com a leitura deste livro, percebe-se uma nova visão da relação entre poder e saber, que para se ter poder precisamos ter também o saber. Com o mito de édipo aprende-se sobre a origem do inquérito como forma de descobrir a verdade. É recomendável a leitura deste livro para se ter um maior conhecimento sobre como as formas jurídicas nos ajudam na busca da verdade sobre algo, ampliando assim a visão do indivíduo para relacionar fatos em todo um contexto de um determinado caso.
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