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Envelhecimento como Processo Social-Aula 9

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ENVELHECIMENTO COMO PROCESSO SOCIAL
Aula 9: MichelApresentação
Nesta aula, apresentaremos a teoria de Michel Foucault, que busca, no referencial teórico das Ciências Sociais, uma nova forma de discutir a questão do saber e do poder. Tanto o saber quanto o poder estão atrelados a uma arqueologia, que têm em suas camadas geológicas, uma série de discursos dominantes que se sedimentaram não pela validade de seus argumentos, mas pela legitimidade que lhes foi dada por àqueles que exerciam um poderio político.
Objetivos
	Compreender que a arqueologia do saber é definida através dos discursos;
	Analisar os saberes como peças de relações de poder e a genealogia;
	Entender que o poder disciplinar se exerce sobre o corpo.
Introdução
A importância de estudar as obras de Michel Foucault se dá por dois aspectos:
	primeiro, porque ele foi amplamente lido e absorvido pelos intelectuais brasileiros;
	segundo, pois dá seguimento aos epistemólogos importantes do século XX, antecessores a ele e posteriores aqui tratados ao longo da disciplina.
	Talvez dois conceitos importantes sejam mais conhecidos: a questão do poder disciplinar e do biopoder.
 (Fonte: Shutterstock).
Saiba mais
Esses dois conceitos são tratados nos livros Vigiar e Punir: nascimento da prisão, História da Sexualidade I: a vontade de saber (1976) e nos cursos Em Defesa da Sociedade (1975-1976) e Segurança, Território e População (1977-1978). Nestas obras, a cena principal se passa nas prisões, que são lugares onde a vigilância e a punição aparecem de forma tão clara que faz tornar evidente de que maneira o prisioneiro é tratado e vigiado. Foucault estuda arquitetonicamente as prisões como um locus privilegiado, no qual ocorreria uma mudança significativa num novo tipo de poder, o biopoder, que emerge a partir do século XVIII e que controla não só indivíduo que se encontra encarcerado, mas toda a população. Mais tarde, ele irá descrever este mesmo tipo de vigilância que se corporifica arquitetonicamente nas escolas e nos hospitais.
Panopticon
Panopticon é um termo utilizado para designar um centro penitenciário ideal desenhado pelo filósofo Jeremy Bentham em 1785.
O conceito do desenho permite a um vigilante observar todos os prisioneiros sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados. De acordo com o design de Bentham, este seria um design mais barato que o das prisões de sua época, já que requer menos empregados.
 Pan-óptico, desenho de Jeremy Bentham, 1791.
Saiba mais
Antes de seguir para a próxima tela, clique aqui e saiba mais sobre esse assunto.
Michel Foucault, historiador e filósofo, filho de um eminente médico
O termo “biopolítica” é proferido em 1974, em uma palestra intitulada “O nascimento da medicina social”, que discutia o fenômeno de medicalização nas sociedades modernas, desviando o olhar sobre a doença para o tema da saúde e dos procedimentos em torno dos sistemas de saneamento público contemporâneos.
Em tais políticas sociais, conforme suas análises, o reconhecimento da doença apareceria ao mesmo tempo como manifestação individual e coletiva.
Tal reconhecimento implicaria em todo um novo aparato de discursos, cálculo do seu crescimento no interior de uma população, previsão dos seus riscos de contágio, era toda uma parafernália técnica de inoculação e vacinação que vinha a ser administrada em defesa da sociedade

Fonte: Shutterstock
Contra os próprios perigos internos desse cenário, um conjunto de mecanismos de proteção e controle social esboçava, desde já, aquilo que viria a ser nossa preocupação maior: o alerta em nome da segurança e vida da população.
Proferida, curiosamente, na cidade do Rio de Janeiro – palco, setenta anos antes, de um trágico conflito social de amotinados contra as primeiras práticas biopolíticas na história do Estado brasileiro, cuja medicina encontrava-se aliás sob os auspícios do Dr. Oswaldo Cruz – essa conferência dava sequência a um longo ciclo de inquietações em seu itinerário intelectual. “
Esse alerta em nome da segurança e vida da população, foi proferido, curiosamente, na cidade do Rio de Janeiro – palco, setenta anos antes, de um trágico conflito social de amotinados contra as primeiras práticas biopolíticas na história do Estado brasileiro, cuja medicina encontrava-se sob os auspícios do Dr. Oswaldo Cruz – essa conferência dava sequência a um longo ciclo de inquietações em seu itinerário intelectual.
“Minha hipótese é que com o capitalismo não se deu a passagem de uma medicina coletiva para uma medicina privada, mas justamente o contrário; que o capitalismo, desenvolvendo-se em fins do século XVIII e início do século XIX, socializou um primeiro objeto que foi o corpo enquanto força de produção, força de trabalho. O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade bio-política. A medicina é uma estratégia bio-política.”
- FOUCAULT, M. O nascimento da medicina social. In: FOUCAULT, M; Microfísica do poder. 20ª edição. Rio de Janeiro: Graal; 1979. p.79-98.
História das Ciências deslocando o tribunal da razão
A obra As Palavras e as Coisas (FOUCAULT, 1966) propõe analisar os saberes a partir do que o constitui: a epistémê (episteme).
Segundo Foucault, em cada época há um espaço de ordem que constitui os saberes, espaço que é condição de possibilidade do aparecimento de saberes, que determina o que pode ser pensado e como ser pensado, o que pode ser dito e como ser dito.
A obra As Palavras e as Coisas (FOUCAULT, 1966) propõe analisar os saberes a partir do que o constitui: a epistémê (episteme).
Dessa forma, o conceito de episteme relaciona-se ao aparecimento de uma ordem em determinado momento histórico. Os saberes e os manifestos nos discursos oriundos desse dado momento histórico são, então, tomados como verdadeiros devido a sua influência. Para o pensador francês episteme não tem o mesmo significado que saber, mas é a existência de uma ordem anterior ao mesmo, sendo condição sine qua non para sua existência.
 (Fonte: Shutterstock).
A tese de Foucault é de que todo saber (um discurso científico ou não) só é possível em determinado momento histórico, porque há um espaço de ordem que o possibilita. Assim, com o projeto metodológico da arqueologia, pretende-se descrever o solo positivo que possibilita em determinada época surgir determinados saberes (FOUCAULT, 1999, p. XVII).
Segundo Rabinow e Dreyfus (1995, p.20) o objetivo de Foucault ao reinterpretar a noção de episteme foi para dar conta de explicar as condições que tornam possíveis os saberes de uma época. Para Foucault, a episteme não deve ser entendida como um fundamento a priori, no sentido clássico (metafísico) para o qual existem princípios atemporais anteriores ao conhecimento, mas por se referir ao saber na sua condição de existência revela-se histórica e, por isso, modifica-se.
 (Fonte: Shutterstock).
 Investigação arqueológica
Foucault, através da investigação arqueológica, constata que os saberes são constituídos por uma episteme e que em cada época há uma episteme diferente, que torna possível o surgimento de novos saberes. “Numa cultura e num dado momento, nunca há mais que uma episteme, que define as condições de possibilidade de todo saber” (FOUCAULT, 1999, p. 230).
Assim, o pensador problematiza a mudança de episteme entre as épocas clássica (séc. XVII até a segunda metade do séc. XVIII) e moderna (fim do séc. XVIII até nossos dias).
Com essa mudança, é possível perceber a passagem de uma compreensão da linguagem como representação precisa da natureza verdadeira do mundo social e natural para a ideia de que o humano é limitado e que a linguagem utilizada para compreender o mundo é fruto de um contexto.
Esta divisão epistêmica, estabelecida pelo autor, não é uma mera periodização histórica, mas determinada por critérios demarcados pelo discurso. Deste modo, começa neste momento a preocupação decompreender o discurso como regido por uma regularidade de que as pessoas não têm consciência.
 Análise do discurso
Em seu método arqueológico, Foucault entende que a análise do discurso deve se dar da seguinte forma:
“Só pode se referir a performances verbais realizadas, já que as analisa no nível de sua existência: descrição das coisas ditas, precisamente porque foram ditas. A análise enunciativa é, pois, uma análise histórica, mas que se mantém fora de qualquer interpretação: às coisas ditas, não pergunta o que escondem, o que nelas estava dito e o não-dito que involuntariamente recobrem, a abundância de pensamentos, imagens ou fantasmas que as habitam; mas, ao contrário, de que modo existem, o que significa para elas o fato de se terem manifestado, de terem deixado rastros e, talvez, de permanecerem para uma reutilização eventual; o que é para eles o fato de terem aparecido-e nenhuma outra em seu lugar.”
- (FOUCAULT, 2005a, p. 124).”
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(Fonte: Shutterstock).
 O poder produz saber
Na fala de Foucault, podermos dizer que o poder produz saber:
“Temos que admitir que o poder produz saber (e não simplesmente favorecendo-o porque o serve ou aplicando-o porque é útil); que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem a constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder. Essas relações de “poder-saber” não devem ser analisadas a partir de um sujeito de conhecimento que seria ou não livre em relação ao sistema de poder; mas é preciso considerar ao contrário que o sujeito que conhece, os objetos a conhecer e as modalidades de conhecimento são outros tantos efeitos dessas implicações fundamentais do poder-saber e de suas transformações históricas. Resumindo, não é a atividade do conhecimento que produziria um saber, útil ou arredio ao poder, mas o poder-saber, os processos e as lutas que o atravessam e o constituem, que determinam as formas e os campos possíveis do conhecimento.”
- (FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Editora Vozes, 1975, p. 161.)

(Fonte: Shutterstock).
Em O nascimento da medicina social em Microfísica do poder, Foufault desenvolve a hipótese de que não tenha sido o capitalismo o responsável pela passagem de uma medicina coletiva para uma medicina privada.
Contrariando essa primeira tese, o capitalismo (desenvolvido no final do século XVIII e início do século XIX) teria socializado um primeiro objeto: o corpo enquanto força de produção, força de trabalho.
Nesse sentido, o controle da sociedade sobre os indivíduos não seria operado, simplesmente, pela consciência ou pela ideologia, mas teria início no corpo, com o corpo. Para Foucault (1989, p. 82), “Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade bio-política. A medicina é uma estratégia bio-política”.
Segundo o autor:
 (Fonte: Shutterstock).
“Temos que admitir que o poder produz saber (e não simplesmente favorecendo-o porque o serve ou aplicando-o porque é útil); que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem a constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder. Essas relações de “poder-saber” não devem ser analisadas a partir de um sujeito de conhecimento que seria ou não livre em relação ao sistema de poder; mas é preciso considerar ao contrário que o sujeito que conhece, os objetos a conhecer e as modalidades de conhecimento são outros tantos efeitos dessas implicações fundamentais do poder-saber e de suas transformações históricas. Resumindo, não é a atividade do conhecimento que produziria um saber, útil ou arredio ao poder, mas o poder-saber, os processos e as lutas que o atravessam e o constituem, que determinam as formas e os campos possíveis do conhecimento.”
- (FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Editora Vozes, 1975, p. 161.)
Por que escolher Foucault?
Por que ele é um autor relevante ao Serviço Social?
“Eu analiso figuras e processos obscuros por duas razões: os processos políticos e sociais que permitiram colocar em ordem as sociedades da Europa ocidental não são mais aparentes: foram esquecidos ou transformados em habituais. Estes processos fazem parte de nossa paisagem mais familiar; e não os vemos mais. Porém, em seu tempo, a maioria deles escandalizou as pessoas. Um dos meus objetivos é mostrar às pessoas que um bom número de coisas que fazem parte dessa paisagem familiar – que as pessoas consideram como universais – não são senão resultados de algumas mudanças históricas muito precisas. Todas as minhas análises vão contra a ideia de necessidades universais na existência humana. Mostram o caráter arbitrário das instituições e nos mostram qual é o espaço da liberdade que ainda dispomos e que mudanças podemos ainda efetuar.”
- (Entretien avec R. Martain, Université du Vermont, 25 de octobre 1982).Traduzido a partir de FOUCAULT, Michel. Dits et écrits. Paris:Gallimard, 1994, vol. IV, pp. 777-783, por Wanderson Flor do Nascimento.)
Atividade Dissertativa
1. Descreva, resumidamente, de que modo Foucault vislumbra que o conceito de que “o poder produz saber”.

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