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Diarreias e Desnutrição na Infância Diarreia: Alterações no volume, consistência e frequência das fezes; 3 evacuações de fezes amolecidas ou líquidas em 24 horas. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016; SBP, 2017 Classificação: Aguda aquosa: Pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluidos e pode causar desidratação e desnutrição. Aguda com sangue (disenteria): Presença de sangue nas fezes e lesão na mucosa intestinal. Persistente: Aguda que se estende por mais de 14 dias. SBP, 2017 Etiologia: A maioria dos casos é de origem infecciosa; Vírus, bactérias e protozoários; Transmissão fecal-oral; Rotavírus: imunização desde 2006; Norovírus. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016; SBP, 2017 Fatores que interferem na instalação, curso patogênico e evolução: Baixa renda; Baixa escolaridade materna; Condições precárias de habitação e saneamento básico; Desmame precoce; Desnutrição. BARBOSA et al, 2013 Epidemiologia: Expressiva redução na mortalidade por doenças diarreicas em menores de 5 anos; Melhora do saneamento básico, redução da pobreza, campanhas para uso da reidratação oral; 3 a 19% dos casos evoluem para persistente; Mais prevalente nas crianças menores de 2 anos. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016; SPB, 2017 Organização mundial de saúde: 1980: segunda causa de mortalidade infantil (24,3%); 2005: quarta causa de mortalidade infantil (4,1%). Países em desenvolvimento: Morbimortalidade mais prevalente; Caráter socioeconômico da doença. NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Fisiopatologia: Lesão do intestino delgado; Má absorção intestinal - carboidratos; Microbiota intestinal alterada; Sobrecrescimento bacteriano nas porções superiores do delgado; Desconjugação de sais biliares; Desnutrição e deficiência de macronutrientes. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016; SBP, 2017 Diagnóstico: Anamnese detalhada; Exame físico criterioso; Diarreia persistente: diagnóstico diferencial de intolerância à lactose, alergia à proteína do leite de vaca e doenças inflamatórias intestinais. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016; SBP, 2017 Anamnese da criança: Duração da diarreia; Número de evacuações; Presença de sangue nas fezes; Presença de vômitos, febre ou outra manifestação clínica; Práticas alimentares; Outros casos de diarreia em casa ou na escola. OLIVEIRA et al, 2013; SBP, 2017 Exame físico - condição nutricional e de hidratação: Peso e estatura; Avaliação do estado geral e de consciência; Frequências cardíaca e respiratória; Turgor do tecido subcutâneo; Umidade das mucosas; Presença ou ausência de lágrimas. OLIVEIRA et al, 2013; SBP, 2017 SBP, 2017 Objetivos do tratamento: Evitar ou tratar a desidratação; Evitar distúrbios nutricionais; Reduzir a duração, gravidade e ocorrência de novos episódios. OLIVEIRA et al, 2013 SBP, 2017 SBP, 2017 SBP, 2017 Probióticos: Não há demonstração de que diminuam as perdas diarreicas; Determinadas cepas proporcionam redução de aproximadamente 24 horas na média da duração da diarreia aguda; Lactobacillus GG, Saccharomyces boulardii e Lacotobacillus reuteri. SBP, 2017 Objetivos da terapia nutricional: Reestabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico; Repor as perdas de nutrientes; Prevenir ou tratar a desnutrição. BARBOSA et al, 2013 Diarreia aguda sem desidratação grave: Retorno à alimentação nas primeiras 3 a 4 horas após a reidratação; Realimentação precoce para facilitar a recuperação da função intestinal, garantindo o crescimento e ganho ponderal; Não suspender a alimentação habitual; Não oferecer preparações diluídas; Nos lactentes, manter o aleitamento materno; BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016; SBP, 2017 Pequenas e frequentes refeições são mais toleradas; Não há restrição quanto ao uso de gorduras; Óleo para aumentar densidade calórica; Os líquidos de reidratação oral não substituem a alimentação; BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016; SBP, 2017 Caldos, sopas, sucos de frutas sem açúcar e água de coco podem ser utilizados; Evitar soluções hiperosmolares, com elevado teor de açúcar (refrigerantes, sucos industrializados e chás adoçados); Evitar soluções que tenham efeito diurético, estimulante ou purgativo (café e alguns chás medicinais). BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016; SBP, 2017 Diarreia aguda em tratamento ambulatorial: Não há recomendação de fórmula infantil sem lactose. Diarreia aguda em tratamento hospitalar: Pode ser indicada fórmula sem lactose. SPB, 2017 Diarreia persistente: Manter a alimentação habitual e o aleitamento materno; Fórmulas isentas de lactose; Iogurtes, leites fermentados. OLIVEIRA et al, 2013; SPB, 2017 Crianças com desnutrição e diarreia grave: Restabelecimento da hidratação e tratamento de infecções oportunistas; Após a reidratação, alimentar a criança a cada 2 a 3 horas (inclusive a noite) e aumentar gradativamente o valor energético; Baixa aceitação: nutrição enteral. NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Desnutrição energético proteica: Desequilíbrio entre o suprimento de nutrientes e de energia e a demanda do organismo; Doença multifatorial; Fatores biológicos e sociais. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013 Fatores de risco: Desmame precoce; Baixo nível socioeconômico; Infecções; Fraco vínculo mãe-filho; Saneamento básico ausente ou inadequado; Alergias, intolerâncias, câncer, doenças inflamatórias, cardiopatias congênitas. BARBOSA et al, 2013 Desnutrição primária Desnutrição secundária BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013 Epidemiologia: Declínio na prevalência; POF 2008-2009: 4%; Queda no retardo do crescimento linear. IBGE, 2010 Melhora na escolaridade materna; Aumento do poder aquisitivo das famílias mais pobres; Expansão de cuidados básicos de saúde materno-infantil; Crescimento da cobertura dos serviços de saneamento. Declínio da desnutrição IBGE, 2010 Fisiopatologia na DEP e suas consequências: Órgão ou sistema afetado Alteração observada Consequências Cardiovascular ↓ força de contratilidade do coração; ↓ débito cardíaco. Descompensação cardíaca aguda em caso de excessiva oferta hídrica e de sódio. Gastrintestinal ↓ produção ácida do estômago; ↓ motilidade intestinal; Atrofia vilositária. Risco de translocação bacteriana; Má absorção e deficiência de dissacaridases (lactase). OLIVEIRA et al, 2013 Órgão ou sistema afetado Alteração observada Consequências Fígado ↓ gliconeogênese; ↓ síntese de proteínas viscerais e fatores de coagulação. ↑ risco de hipoglicemia com o jejum; Comprometimento imunológico e da coagulação. Imune Comprometimento da imunidade humoral e celular. Infecções frequentes. Geniturinário ↓ filtração glomerular/excreção de sódio e água. Riscos com a oferta excessiva de sódio e água e consequente descompensação cardíaca. OLIVEIRA et al, 2013 Órgão ou sistema afetado Alteração observada Consequências Transporte iônico celular Comprometimento da bomba de sódio e potássio; ↓ sistemas de transporte ativo. Sódio corporal total aumentado, cuidado com aoferta excessiva de sódio; Edema celular; Hipomagnesemia; Hipofosfatemia; Síndrome da realimentação. Endócrino ↓ insulina; ↑ glucagon e epinefrina. ↑ lipólise; ↓ gliconeogênese; ↓ crescimento estatural. OLIVEIRA et al, 2013 Órgão ou sistema afetado Alteração observada Consequências Pele, músculos e glândulas exócrinas Atrofia da pele e tecido celular subcutâneo, ↓ da elasticidade da pele; Atrofia de glândulas exócrinas (pâncreas, salivares e lacrimal) Dificuldade na identificação de sinais de desidratação; Insuficiência pancreática e má- absorção. SNC Alterações anatômicas e bioquímicas. Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; Alterações cognitivas e comportamentais. OLIVEIRA et al, 2013 Diagnóstico: Avaliação antropométrica; História clínica; Exame físico detalhado; Exames bioquímicos. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016. Avaliação antropométrica: BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013 Parâmetro Ponto de corte Peso/idade < - 3DP: peso muito baixo < - 2DP: peso baixo Estatura/idade < - 3DP: estatura muito baixa < - 2DP: estatura baixa Peso para estatura IMC/idade < - 3DP: magreza acentuada < - 2DP: magreza Circunferências (CB e CMB) Pregas cutâneas (tricipital e subescapular) < p5: risco metabólico associado à desnutrição Pontos de corte e parâmetros antropométricos e de composição corporal utilizados para o diagnóstico de desnutrição: BARBOSA et al, 2013 Comprometimento nutricional = < - 2 DP; Estatura comprometida processo prolongado; Desnutrição grave: Peso/Estatura < - 3DP BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013 DEP Moderada DEP Grave Z P/E - 3 ≤ -2 ≤ -3 BE moderada BE grave Z E/I - 3 ≤ -2 ≤ -3 Classificação antropométrica (escore z) da desnutrição (DEP) e baixa estatura (BE): OLIVEIRA et al, 2013 Desnutrição grave: Marasmo; Kwashiorkor; Forma mista. BRASIL, 2005; BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Marasmo: Acomete mais frequentemente lactentes jovens; Criança pequena para idade; Aspecto envelhecido; BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Costelas visíveis e nádegas atróficas; Cabelos finos e escassos; Perda muscular e de gordura subcutânea; Apetite preservado; Irritabilidade. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Kwashiorkor: Crianças maiores de 2 anos; Edema, hepatomegalia, ascite; Alterações na pele e nos cabelos; Consumo intenso de massa muscular e moderado de tecido adiposo. BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Martins C, 2013. Ascite Fisiopatologia do edema: Falência da bomba de sódio e potássio; Aumento da permeabilidade celular pela hipoalbuminemia; Aumento de citocinas pro-inflamatórias e do estresse oxidativo. OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Forma mista: Características de marasmo com edema; Sinais de kwashiorkor em crianças com perda intensa de tecido subcutâneo; Tratamento desaparecimento do edema; Sinais típicos de marasmo. BARBOSA, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Tratamento: Internação hospitalar; Centros de reabilitação nutricional; Ambulatório/domicilio. BARBOSA et al, 2013 Objetivos da terapia nutricional: Promover a recuperação do estado nutricional e prevenir recaídas; Garantir as ofertas proteica e energética adequadas para minimizar o catabolismo proteico; Direcionar e adequar o plano alimentar de acordo com a condição socioeconômica, o poder aquisitivo e a faixa etária. BARBOSA, J.M. et al, 2013 Características da dieta: Hipercalórica para a idade; Hiperproteica para a idade; Adequada ou suplementada com micronutrientes, dependendo da presença ou não de sinais e/ou sintomas de carência nutricional. BARBOSA et al, 2013 Tratamento da desnutrição grave: Fase de estabilização; Fase de reabilitação; Fase de acompanhamento. BRASIL, 2005; BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 Dez passos para o manejo do desnutrido grave hospitalizado: 1. Tratar e prevenir a hipoglicemia; 2. Tratar e prevenir a hipotermia; 3. Tratar a desidratação e o choque séptico; 4. Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos; 5. Tratar infecção 6. Corrigir as deficiências de micronutrientes; 7. Reiniciar a alimentação cautelosamente; 8. Reconstruir os tecidos perdidos; 9. Afetividade, estimulação, recreação e cuidado; 10. Preparar para a alta e o acompanhamento após a alta. (BRASIL, 2005) BRASIL, 2005 Oferta hídrica: 80 a 130mL/Kg; Oferta calórica: 80 a 100 Kcal/Kg; Oferta proteica: 1,0 a 1,5g/Kg/dia; Utilizar volumes progressivos de F75 ou fórmulas infantis isentas de lactose. BRASIL, 2005; BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 BRASIL, 2005 BRASIL, 2005 BRASIL, 2005 O objetivo é a recuperação nutricional; Transição gradual entre F75 e F100; Oferta hídrica: 150 a 200mL/Kg/dia; Oferta calórica: 150Kcal a 220/Kg/dia; Oferta proteica: 4 a 6g/Kg; F100 ou fórmulas infantis com baixo teor de lactose; Introdução gradual da alimentação – síndrome de realimentação. BRASIL, 2005; BARBOSA et al, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; NOGUEIRA DE ALMEIDA; DE MELLO, 2016 BRASIL, 2005 BRASIL, 2005 Situações frequentemente encontradas no atendimento de crianças desnutridas: Uso de fórmulas lácteas não adequadas para a idade; Fórmulas muito diluídas; Condições precárias de higienização dos alimentos e utensílios; Introdução alimentar precoce ou tardia. BARBOSA et al, 2013 Incremento calórico: Adicionar farinhas a vitaminas de frutas, papas, mingaus; Utilizar leite adicional nas preparações; Adicionar creme de leite, azeite, manteiga, óleo; Adicionar óleo às refeições. BARBOSA et al, 2013 Recomendações gerais: Se a criança ainda estiver em aleitamento materno, incentivar a genitora a manter a oferta, mas orientar que a mamada seja em horários distintos nas refeições em que se pretende aumentar o aporte calórico-proteico; Diminuir o intervalo para a oferta das refeições, de 3 em 3 horas para 2 em 2 horas; Diminuir o volume, mantendo a oferta em pequenas quantidades e com aumento do aporte calórico, respeitando a tolerância e a evolução da criança; BARBOSA et al, 2013 Orientar para que o volume seja de acordo com a aceitação; Recomendar que os alimentos sejam dados preferencialmente em copos ou pratos com colher, para facilitar a higiene dos utensílios e reduzir o risco de diarreia; Usar a criatividade para preparo das refeições; Os lanches devem ser de alto teor energético; Se a alimentação da família já tiver sido introduzida, observar as quantidades oferecidas e consumidas e os métodos de preparo, para possíveis correções e adaptações. BARBOSA et al, 2013 Peso acima de – 3DP: Diminuir os incrementos calóricos; Substituir gradativamente a dieta recomendada por alimentos habituais presentes no cardápio da família e adequados para a idade; Até que a criança atinja o valor de peso igual ou maior que -2DP; BARBOSA et al, 2013 Recuperação nutricional: Peso/estatura igual ou maior que – 1 DP; Taxa normal de ganho ponderal para a idade no intervalo entre duas consultas. BARBOSA et al, 2013 Referências bibliográficas: BARBOSA, J.M.; et al. Guia Ambulatorial de Nutrição Materno Infantil. 1ª Edição: Rio de Janeiro, 2013. BRASIL.Manual de Atendimento da Criança com Desnutrição Grave em Nível Hospitalar. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição – Brasília: 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Orçamento Familiar 2008-2009. Rio de Janeiro, 2010. NOGUEIRA DE ALMEIDA, C.A.; DE MELLO, E.D. Nutrologia Pediátrica: Prática Baseada em Evidências. 1ª Edição: São Paulo: Manole, 2016. OLIVEIRA, F.L.C. et al. Manual de Terapia Nutricional Pediátrica. 1ª Edição. São Paulo, Manole, 2013. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. GUIA PRÁTICO DE ATUALIZAÇÃO. DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE GASTROENTEROLOGIA. Diarreia aguda: diagnóstico e tratamento. São Paulo, 2017.
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