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Deportação e Repatriação Deportação A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou estada irregular de estrangeiros no território nacional. É de competência do Departamento de Polícia Federal e consiste na retirada do estrangeiro que desatender à notificação prévia de deixar o País. A deportação não impede o retorno do estrangeiro no território nacional, desde que o Tesouro Nacional seja ressarcido das despesas efetuadas com a medida, satisfeita, ainda, o recolhimento de eventual multa imposta. Repatriação Ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira (Departamento de Polícia Federal). A repatriação ocorre a expensas da transportadora ou da pessoa responsável pelo transporte do estrangeiro para o Brasil. É repatriado o estrangeiro indocumentado ou que não possui visto para ingressar no País ou aquele que apresenta visto divergente da finalidade para a qual veio ao Brasil. IMPORTANTE: Nos procedimentos de Deportação e Repatriação, deve ser preservado o direito de solicitação de REFÚGIO ao estrangeiro que chegar ao território nacional, conforme artigo 7º da Lei nº 9.474/97, que estabelece: “estrangeiro que chegar ao território nacional poderá expressar sua vontade de solicitar reconhecimento como refugiado a qualquer autoridade migratória que se encontre na fronteira, a qual proporcionará as informações necessárias quanto ao procedimento formal cabível”. Extradição A extradição é um ato de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. Poderá ser solicitada a extradição tanto para fins de instrução de processo penal a que responde a pessoa reclamada (instrutória), quanto para cumprimento de pena já imposta (executória). Ressalta- se que o instituto da extradição exige decretação ou condenação de pena privativa de liberdade. A partir da publicação do Decreto 8.668 de 11 de fevereiro de 2016, em vigor desde 11 de março de 2016, o trâmite das medidas relativas à extradição e à transferência de pessoas condenadas passou à competência do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania do Ministério da Justiça e Segurança Pública (DRCI/SNJ). Até então, essas medidas eram responsabilidade do Departamento de Estrangeiros (DEEST/SNJ), atual Departamento de Migrações. Por fim, com a finalidade de aprimorar o fluxo de tramitação dos pedidos de extradição, conferindo a esse processo maior celeridade, foi publicada a Portaria nº 522 de 3 de maio de 2016. O pedido de extradição não se limita aos países com os quais o Brasil possui tratado. Ele poderá ser requerido por qualquer país e para qualquer país. Quando não houver tratado, o pedido será instruído com os documentos previstos na Lei 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro) e deverá ser solicitado com base na promessa de reciprocidade de tratamento para casos análogos. Procedimento para solicitação de extradição Extradição Ativa Na extradição ativa, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ) recebe do Poder Judiciário a documentação relativa ao pedido de extradição. Cabe ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania (DRCI/SNJC) realizar a análise de admissibilidade da documentação, a fim de verificar se está de acordo com o previsto em Tratado específico ou na Lei 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro). Em caso positivo, o pedido de extradição é encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores ou à Autoridade Central estrangeira, a fim de ser formalizado ao país onde se encontra o foragido da Justiça brasileira. A documentação formalizadora de um pedido de extradição pode variar, a depender do tratado ou do acordo que se utiliza como base fundamentadora. Ressalta-se que para todos os pedidos encaminhados, o Juízo solicitante deve produzir tradução dos documentos para a língua do país receptor do pedido. A tradução não precisa ser juramentada, mas deve ser atestada pelo Juízo solicitante como fiel ao original. Em caso de urgência, poderá ser solicitada ao país requerido a prisão preventiva para fins de extradição, com o encaminhamento de informações relacionadas ao mandado de prisão expedido pelo Juízo solicitante e/ou eventual decisão condenatória, assim como notícia de localização do extraditando no território nacional. Os pedidos de prisão preventiva podem ser feitos pelos Juízos solicitantes ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que encaminhará o pedido pela via diplomática ou diretamente pela Autoridade Central, devendo solicitar, antes disso, a inclusão de mandado de prisão na Difusão Vermelha do Órgão. Após notícia de prisão, o pedido de extradição deverá ser formalizado pelas autoridades brasileiras, no prazo previsto no Tratado ou na Convenção, se houver, ou no prazo concedido pelo Estado requerido, contados, em regra, a partir da efetivação da custódia ou da data da cientificação da Embaixada brasileira existente, no Estado requerido, sobre esta prisão. Caso o pedido não seja formalizado, o indivíduo poderá ser colocado em liberdade no país requerido e outra solicitação de prisão preventiva somente será aceita após a formalização do pedido extradicional. Sendo deferida a extradição pelo país requerido, as autoridades brasileiras deverão retirar o extraditando do território estrangeiro no prazo previsto em Tratado ou em Convenção, se houver, ou na data estipulada pelo Governo requerido. Caso não se promova a sua retirada, no prazo estabelecido, o indivíduo poderá ser colocado em liberdade no país requerido, não sendo possível solicitar novamente a extradição dessa pessoa fundamentada nos mesmos motivos apresentados na extradição que foi perdida. Extradição Passiva Na extradição passiva, o Ministério da Justiça e Segurança Pública recebe, em regra, por via diplomática - Ministério das Relações Exteriores (MRE) - o pedido de extradição formulado pelo país requerente. Recebido o pedido, este Ministério realiza o juízo de admissibilidade do mesmo e, após isso, ele é encaminhado ao Supremo Tribunal Federal - STF, a quem compete a análise legal e aprovação do pedido, conforme previsto no artigo 102, inciso I, alínea “g” da Constituição Federal. Em 2013, foi promulgada a Lei nº 12.878, de 4 de novembro, que alterou artigos do Estatuto do Estrangeiro relacionados à Extradição, principalmente no tocante aos pedidos de prisão preventiva para essa finalidade, os quais podem ser encaminhados a este Ministério pela via diplomática ou diretamente pela Interpol/DPF. Este Ministério, ao receber o pedido de prisão preventiva para fins de extradição, o enviará ao Supremo Tribunal Federal (STF), para análise e eventual expedição do respectivo mandado de prisão. Ressalta-se que a formalização do pedido de extradição, com todos os documentos necessários para análise pelo STF, deve ser encaminhada no prazo estipulado em Tratado ou Convenção ou, na falta destes, no Estatuto do Estrangeiro, após a efetivação da prisão preventiva, sob pena do extraditando ser posto em liberdade. Caso esse prazo seja perdido, outro pedido de prisão preventiva somente será aceito após a formalização do pedido de extradição. Sendo deferida a extradição pelo STF, o país requerente terá um prazo, fixado no Tratado ou Convenção, se houver, ou na Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro), para retirar o indivíduo do território nacional, caso contrário, o indivíduo deverá ser colocado em liberdade pelo Governo brasileiro. Expulsão A Expulsão consiste em medida coercitiva de caráter discricionário de um Estado, levada a efeito em face do “estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais” (artigo 65 da Lei nº 6.815/80 - Estatuto do Estrangeiro). De acordo com o Estatuto do Estrangeiro, uma vez expulso, o estrangeiro está impedido de retornar ao nosso país. Caso reingresse o país, incidirá no crime previsto no artigo 338 do Código Penal (reingresso de estrangeiro expulso), que sujeita o estrangeiro à pena de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, sem prejuizo de nova expulsão após o cumprimento da pena. A expulsão, via de regra, ocorre quando um estrangeiro comete um crime no Brasil e é condenado por sentença transitada em julgado que tenha pena de no mínimo 2 (dois) anos. O processo administrativo para fins de expulsão está regulamentado tanto pelo Estatuto do Estrangeiro quanto pelo Decreto nº 86.715/81 e pela Lei nº 9784/99 (Lei do Processo Administrativo). Fases do processo O Juiz, a Polícia Federal ou o Ministério Público informam o Ministério da Justiça a prisão ou a condenação de qualquer pessoa estrangeira que tenha cometido crime, para que seja feita a análise de abertura de processo administrativo para fins de expulsão. Após abertura de processo, por despacho do Diretor do Departamento de Estrangeiros, é determinada a instauração de inquérito policial administrativo para fins de expulsão (IPE). O inquérito está regulamentado pelo artigo 103 e parágrafos do Decreto n.º 86.175/81 e se trata de procedimento administrativo de coleta de informações que devem ser encaminhadas pela Polícia Federal em relatório conclusivo, aoMinistério da Justiça. Anota-se que, nesta oportunidade, será concedido o direito constitucional da ampla defesa ao estrangeiro. É também durante o inquérito que é verificada a aplicação de alguma das causas excludentes de expulsabilidade, previstas no artigo 75, I e II, "a" e "b" da Lei nº 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro): “Art. 75 - Não se procederá a expulsão: I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou II - quando o estrangeiro tiver: a) cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado a mais de 5 anos; ou b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. Importante ressaltar que caso o preso estrangeiro possua cônjuge ou prole brasileira, ele precisa solicitar sua regularização migratória em processo específico de solicitação de permanência (Vide. PERMANÊNCIA). Vale ressaltar, ainda que não será efetivada a expulsão de estrangeiro quando esta implicar extradição inadmitida, conforme previsto no artigo 75, I, da Lei 6.815/809, ou seja, ainda que o estrangeiro seja passível de expulsão, o Governo brasileiro não poderá efetivar referida medida compulsória para o mesmo país em que houver decisão de indeferimento de pedido de extradição, sob pena de configurar uma extradição indireta e, portanto, não admitida pela legislação brasileira. Após o Ministério da Justiça receber o referido inquérito, e for verificado que o mesmo se encontra devidamente instruído, será feita a análise de mérito, objetivando verificar se o expulsando não se encontra amparado pela legislação brasileira pelas causas excludentes de expulsabilidade. Caso se verifique que o estrangeiro seja passível de expulsão, será encaminhado um parecer conclusivo ao Ministro da Justiça, que determinará sobre a expulsão por Portaria, por delegação de competência do Presidente da República. Anota-se que a efetivação da Portaria expulsória é condicionada ao cumprimento total da pena ou à liberação do estrangeiro pelo Poder Judiciário para expulsão antecipada. IMPORTANTE: Em atenção à Resolução Normativa nº 110, de 10 de abril de 2014, do Conselho Nacional de Imigração, é possível a concessão de permanência de caráter provisório para cumprimento de penas por estrangeiros no Território Nacional, possibilitando que o estrangeiro possa ter expedidos documentos, tais como Carteira de Trabalho e Previdência Social. De acordo com o artigo 1º de referida Resolução, oMinistério da Justiçaconcederá a permanência por determinação de decisão judicial, sugerindo que a mesma seja feita em conjunto com eventual decisão de progressão de regime a que o estrangeiro tenha direito. A expulsão do estrangeiro é efetivada pelo Departamento de Polícia Federal, após solicitar autorização ao Diretor do Departamento de Estrangeiros doMinistério da Justiça. Pedidos de Revogação de Portaria de Expulsão Os pedidos de revogação da Portaria de Expulsão devem ser endereçados ao Exmo. Sr. Ministro da Justiça e encaminhados ao Departamento de Estrangeiros. Deverão estar instruídos e embasados em fatos novos que não foram suscitados quando da tramitação do processo administrativo para fins de expulsão.
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