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14 - Tectônica de Placas 182 TECTÔNICA DE PLACAS A Teoria da Tectônica de Placas é recente mas sua formulação baseia-se em mais de cem anos de especulações, pesquisas geológicas e debates. Diversas teorias ou modelos globais foram propostos através dos tempos, procurando explicar a geodinâmica da Terra ou dos Continentes. Algumas serviram para orientar o pensamento científico por muitas décadas, outras foram aperfeiçoadas e muitas foram abandonadas. Entretanto, com o passar dos tempos, ficou demonstrado que cada uma continha equívocos suficientes para impossibilitar uma explicação satisfatória da configuração e da origem dos Continentes e Oceanos. A idéia de que os continentes não foram fixos durante toda a história da Terra e sim, de que sofreram movimentos relativos sobre a superfície, só agora se torna mais compreensível e aceita com a explicação do ponto de vista da Tectônica de Placas. As primeiras observações da grande similaridade entre os contornos leste da América do Sul e oeste da África foram feitas, em 1620, por Bacon. Entretanto, coube a Pellegrini, em 1858, a formulação da idéia de que as costas dos dois continentes nada mais eram que duas faces provenientes da quebra e separação de uma massa única e contínua. A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS Esta Teoria procura demonstrar que a superfície semi-rígida da crosta terrestre sofre movimentos sobre uma porção inferior, quente e fluída, denominada Astenosfera. Como conseqüência destes movimentos, as rochas superficiais sofrem deformações produzindo estruturas características, conhecidas como produtos do tectonismo. Para a compreensão do modelo, devemos inicialmente, imaginar a Terra como uma superfície contínua, da qual se abstraia a água que se concentra nas Bacias Oceânicas. 14 - Tectônica de Placas 183 Esta superfície encontra-se dividida em placas principais, cujos limites não coincidem necessariamente com o limite dos continentes. Estas placas são rígidas e indeformáveis por si só, mas descrevem movimentos laterais (deriva) e periodicamente pequenos movimentos verticais. Como conseqüência dos movimentos laterais surge, nos limites externos das placas, uma série de deformações, resultantes de colisões. As regiões limítrofes das placas vêm a ser a causa da distribuição das zonas de terremotos, falhamentos e conseqüentemente de vulcanismos, em toda a superfície da terra, incluindo as ilhas e regiões submarinas. Para melhor entendermos como se processa este dinamismo em escala global, vejamos inicialmente a conceituação de Litosfera e Astenosfera. A Litosfera é a porção rígida da superfície da terra que engloba a crosta e porções superiores do manto. A sua espessura é variável, entre 15 e 160 km. As maiores espessuras são registradas nos continentes e as menores, apenas nos fundos oceânicos. Astenosfera é a denominação dada ao material que ocorre abaixo da Litosfera, apresentando temperaturas mais elevadas e, portanto, grande mobilidade de fluxo. Seus limites atingem uma profundidade máxima de 700 km, onde se encontra o hipocentro mais profundo dos terremotos. Isto explica como a litosfera rígida seccionada em placas pode flutuar sobre a Astenosfera. (Fonte : A Deriva dos Continentes – BRANCO, S.M. & BRANCO, F.C.) Camadas da Terra 14 - Tectônica de Placas 184 O MOSAICO DAS PLACAS Há muito tempo foi constatado que as montanhas, os vulcões e os terremotos não têm uma distribuição geográfica casual, mas encontram-se dispostos segundo determinadas zonas preferenciais. O que não se conhecia exatamente era a causa deste fato. O conceito de expansão dos assoalhos oceânicos, proposto inicialmente por Hess, explica satisfatoriamente esta questão. Verificou-se que na porção central das bacias oceânicas ocorrem grandes cordilheiras centradas no fundo e alinhadas segundo as costas dos continentes. Estas cordilheiras encontram-se com profundas fraturas em seu sentido longitudinal, permitindo que o material vulcânico básico, proveniente da astonosfera suba, preenchendo-as. Estas cordilheiras são chamadas de Cordilheira (Cadeias) Mesoceânicas. A expansão do assoalho oceânico leva consigo os continentes que pertencem a cada placa móvel, produzindo o que chamamos de Deriva Continental. Como conseqüência deste movimento, enquanto duas placas se afastam por crescimento do assoalho, na margem oposta de uma delas poderá processar-se a colisão por aproximação com a placa adjacente. Quando duas placas colidem, uma delas, geralmente a mais densa, poderá mergulhar por baixo da outra até penetrar na astenosfera, onde será consumida. Este fenômeno chama-se Subducção. Todo o globo terrestre encontra-se dividido em placas principais e outras menores, que descrevem lentos movimentos segundo direções próprias, produzindo em seus limites adjacentes, vários tipos de contatos. Quando as placas têm sentidos contrários, como na cordilheira mesoceânica, por exemplo, é gerado simultaneamente novo material, de natureza básica, originado do manto e que vais preencher o espaço criado pelo afastamento. Nos contatos onde as placas colidem por movimentos de sentidos opostos, na chamada zona de subducção, uma das placas desaparece em direção ao interior da astenosfera, enquanto a outra se deforma e ergue-se formando as grandes Cadeias de Montanhas, como por exemplo nos Andes. 14 - Tectônica de Placas 185 Placa Norte-Americana : abrange parte do Atlântico Norte e quase toda a América do Norte. Placa Pacífica : predominantemente oceânica. Placa Placa Nazca : a oeste da América do Sul, predominantemente oceânica. Placa Antártica : inclui o continente Antártico e uma imensa área oceânica. Placa Sul-Americana : inclui a América do Sul e parte do Atlântico Sul. Placa Africana : inclui a África e parte do Atlântico Sul. Placa Arábica: inclui Turquia e Arábia Saudita. Placa Euro-Asiática: predominantemente continental, apesar de incluir parte do Atlântico Norte. Placa Indo-Australiana (Australo-Indiana): abrange boa parte do oceano Índico e da Oceania. Placa Filipina: predominantemente oceânica. 14 - Tectônica de Placas 186 EVIDÊNCIAS DA DERIVA CONTINENTAL Até o início do Jurássico (cerca de 180 milhões de anos), as placas se encontravam reunidas em um único continente denominado Pangéia, por Wegener em 1912. Como já vimos, dada à curiosa coincidência da configuração geográfica, principalmente entre a América e a África, já há muito tempo, inúmeros pesquisadores tentaram explicar como se separaram ou, ao menos, tentaram ajustar os continentes como um grande quebra-cabeça. Várias são as explicações dadas para este deslocamento, acredita-se que as placas poderiam ser transportadas por Correntes de Convecção do Manto, governadas por forças gravitacionais, ou ainda arrastadas. Para este último caso, supõe-se que, em uma das suas bordas, as placas podem ser mais frias que a astenosfera, ou ainda, mais pesadas, podendo mergulhar em direção ao manto na zona de subducção. O Pangéia constituiu, no passado, uma única massa de terra, rodeada por um oceano irregular,chamado Pantalassa, que foi o ancestral do Oceano Pacífico. O ancestral do Mediterrâneo, o Tetis, formava na época uma grande baía que separava parcialmente a África da Eurásia A existência do Pangéia terminou no final do Jurássico, quando mais ou menos ao norte do equador, houve um rompimento do continente, dividindo-se inicialmente em dois, formando a Laurásia e o Gondwana. Da Laurásia faziam parte aAmérica do Norte e a Eurásia, hemisfério norte. O Continente de Gondwana era constituído pelo agrupamento da América do Sul, África, Antártida, Austrália e Índia, hemisfério sul. 14 - Tectônica de Placas 187 Correntes de Convecção (Fonte : http://www.domingos.home.sapo.pt/tect_placas_5.html.) 14 - Tectônica de Placas 188 Proposta de Wegener para a fragmentação do Supercontinente Pangéia 1 - Havia um único continente chamada PANGÉIA O início da separação começou há cerca de180 milhões de anos 2 - O Oceano Atlântico separou a Pangéia em duas partes. A Índia separou-se da África. Formou o continente da Laurásia ao norte e o continente de Gondwana ao sul. 3 - A Índia aproximou-se da Ásia. Austrália e Antártida separaram-se. 4 - A Índia chocou-se com a Ásia, formando a Cordilheira do Himalaia. 5 – Continentes com suas formas atuais. 1 2 3 4 5 14 - Tectônica de Placas 189 Cerca de 240 milhões de anos atrás 135 milhões de anos atrás Havia um único continente chamada PANGÉIA. O Oceano Atlântico separou a Pangéia em O início da separação começou há cerca de duas partes. A Índia separou-se da África. 180 milhões de anos. 65 milhões de anos atrás Hoje A Índia aproximou-se da Ásia, Austrália e A Índia chocou-se com a Ásia, formando a Antártida separaram-se. Cordilheira do Himalaia. 50 milhões de anos no futuro Se o movimento das placas continuar, o oceano Atlântico será 1250 km 2 mais extenso. África e Europa se unirão e as Américas vão se separar. (Fonte : Construindo o especo humano – MOREIRA, IGOR) 14 - Tectônica de Placas 190 COLISÕES DAS PLACAS TECTÔNICAS Figura A Figura B Figura A : ZONA DE COLISÃO. Incrustando-se sob a outra, uma placa une dois continentes, formando uma cadeia de altas montanhas, como os Andes. Figura B : ZONA DE EXPANSÃO (Cordilheira Oceânica em Expansão). As placas se separam,; a rocha fundida ascende, trazendo matéria nova para cada placa. Assim surgiu, por exemplo, a Dorsal ou Crista do Médio Atlântico. A Placa Sul-Americana se afasta da Placa Africana a uma velocidade de 4 a 5 cm por ano, enquanto a Placa de Nazca mergulha por baixo da Placa Sul-Americana a uma velocidade de 7 a 9 cm por ano. A maioria dos terremotos ocorre nas bordas da placas. 14 - Tectônica de Placas 191 TIPOS DE LIMITES DE PLACAS Existem quatro tipos principais de limites de placas, são eles: 1 - Divergente ou Construtivo: ocorre quando duas placas estão se movendo separadamente uma da outra e em sentido contrário, a partir da cadeia meso-oceânica. 2 - Convergente ou Destrutivo: quando duas placas estão se movendo mutuamente uma em direção a outra. Fossas oceânicas são formadas nestes sítios de colisão, originando uma zona de subducção, onde uma placa, a mais densa, mergulha sob a outra para ser consumida no manto. 3 - Sutura ou Colisional : são também regiões de convergência, porém sem consumo de placas, como por exemplo, a cadeia do Himalaia, formada pela colisão da placa africana e a euro-asiática. 4 - Conservativa ou Transformante: formada ao longo de uma falha transcorrente, onde o movimento relativo da placa é horizontal e paralelo ao seu limite, como por exemplo a Falha de Santo André. Limites de Placas e Feições Características Tipo de Limite Tipos de Placas Envolvidas Fisiografia Eventos Geológicos Exemplos Atuais Divergente Oceânica-Oceânica Continental-Continental Cadeia Meso-oceânica Rift-Valey Expansão do assoalho oceânico, vulcões e terremotos rasos. Fragmentação de continentes, ascensão de magma,vulcões, terremotos Cadeia do meio- Atlântico Grande Rift Africano Convergente Oceânica-Oceânica Oceânica-Continental Continental-Continental Arco de ilhas e fossas Montanhas e Fossas Oceânicas Montanhas Subdução, ascensão do magma, terremotos Subducção, ascensão do magma, terremotos profundos Deformação crustal, terremotos profundos Aluetas, oeste Costa oeste sul americana (Andes) Himalaia, Alpes Transformante Oceânica-Oceânica Continental-Continental Deslocamento do eixo das cordilheiras oceânicas Deformações ao longo da falha, pequenas montanhas Terremotos Deformação de rochas, terremotos Fratura Kane Falha de Santo André (Adaptado de Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos – GUERRA, A.J.T. & GUERRA, S.B.) 14 - Tectônica de Placas 192 Tipos de Colisões de Placas Tectônicas (Fonte : http://www.geofree.hpg.com.br/geologia/tectonica5.html.) 14 - Tectônica de Placas 193 (Fonte : Construindo o espaço do homem – MOREIRA, IGOR) Relação entre Limites de Placas, Cadeias de Montanhas, Vulcões e Terremotos Nas duas representações do mapa-múndi, podemos observar claramente uma íntima relação que existe entre o limite das placas tectônicas, a formação das cadeias de montanhas, a ocorrência predominante de terremotos e também de vulcões. 14 - Tectônica de Placas 194 (Fonte : Geografia Crítica: O espaço natural e a ação humana – VESENTINI, J.W. & VLACH, V.) Ao se movimentar, as placas colidem, sobrepõem-se, deslizam e se afastam. Elas se deslocam bem lentamente, no máximo cerca de 15 cm ao ano, mas em milhões de anos o resultado desse movimento pode ser impressionante. As grandes cadeias de montanhas, os espetaculares vales de afundamento, as profundas fossas 14 - Tectônica de Placas 195 oceânicas, todos se formaram nas faixas de encontro de placas. Também os terremotos e as erupções vulcânicas, também podem ser causados pelos movimentos das placas, pois geralmente os locais onde eles ocorrem coincidem com as áreas de junção de placas. (Fonte : Geografia Crítica: O espaço natural e a ação humana – VESENTINI, J.W. & VLACH, V.) OUTRAS EVIDÊNCIAS DA DERVIVA CONTINENTAL Segundo a Teoria de Wegener, várias são as evidências que podem comprovar a separação dos continentes, dentre elas, cita-se as às várias ocorrências de estruturas geológicas e de animais e plantas que ocorre, tanto na costa leste da América do Sul e na costa oeste da África, animas e plantas estas que não poderia existir de forma tão semelhante se estes continentes não fossem unidos. Outra evidência marcante é a ocorrência de depósitos glaciais em regiõesáridas da África, semelhantes em vários continentes 14 - Tectônica de Placas 196 Fonte : http://www.domingos.home.sapo.pt/tect_placas-5.html) Esquema mostrando a distribuição geográfica de fósseis de animais e plantas no supercontinente da Pangéia. (Fonte : http://www.domingos.home.sapo.pt/tect_placas-5.html) A figura representa o ajuste, atual, da linha de costa do continente da América do Sul com o continente de África. Com a cor roxa representam-se as estruturas geológicas e rochas tipo perfeitamente idênticas. Repare-se na continuidade, nos dois continentes, das manchas roxas. 14 - Tectônica de Placas 197 (Fonte : http://www.geofree.hpg.com.br/geologia/tectonica5.html.)
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