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Curso de Matema´tica 1 Aula 03 - Limites infinitos e no infinito Objetivos da aula: Entender o conceito de limite infinito Entender o conceito de limite no infinito Identificar ass´ıntotas verticais e horizontais Pressa˜o de ga´s em um pista˜o Um ga´s e´ mantido a uma temperatura constante em um pista˜o. Suponha que o seu volume seja dado, em func¸a˜o da pressa˜o, por V (p) = 200p e que queremos estudar o comportamento de V quando p esta´ pro´ximo de zero, isto e´, lim p→0+ 200 p . So´ faz sentido tomar o limite lateral pela direita, pois a func¸a˜o na˜o esta´ definida para valores negativos de p. Na˜o podemos simplesmente substituir o valor p = 0, pois isso anularia o denominador. A expressa˜o 200p na˜o sugere nenhum tipo de fatorac¸a˜o ou simplificac¸a˜o que nos permita contornar o fato do denominador aproximar-se de zero. O volume de um ga´s em um pista˜o Dado qualquer M > 0, temos que p < 200 M ⇒ V (p) = 200 p > M. Isso mostra que os valores V (p) ficam cada vez maiores a` medida que p fica perto de 0. Escrevemos enta˜o lim p→0+ V (p) = lim p→0+ 200 p = +∞. Limite infinito Suponha que uma func¸a˜o f esta´ definida em um intervalo aberto contendo a, exceto possivelmente em x = a. Escrevemos lim x→a f (x) = +∞, quando os valores f (x) se tornam cada vez maiores a` medida que x se aproxima a. A expressa˜o acima deve ser lida da seguinte maneira: o limite de f (x), quando x tende para a, e´ mais infinito. Limite infinito De maneira ana´loga, podemos definir lim x→a f (x) = −∞, limx→a− f (x) = +∞, limx→a+ f (x) = −∞, lim x→a− f (x) = −∞, lim x→a− f (x) = +∞. Quando escrevemos lim x→a f (x) = +∞ na˜o estamos falando que o limite existe pois, para que ele exista, a func¸a˜o deve se aproximar de um nu´mero quando x → a. O que ocorre neste caso e´ que o limite na˜o existe mas, apesar disso, sabemos que a func¸a˜o assume valores muito grandes quando x esta´ pro´ximo de a. Exemplo 1 Para a func¸a˜o f ao lado temos que lim x→1+ f (x) = −∞, lim x→7− f (x) = −∞ lim x→7+ f (x) = +∞. 1 7 2 Ass´ıntota vertical Dizemos que reta x = a e´ uma ass´ıntota vertical do gra´fico de f (x) quando um dos limites laterais no ponto x = a e´ igual a +∞ ou −∞. As retas x = 1 e x = 7 sa˜o ass´ıntotas verticais de func¸a˜o f ao lado. Ainda que lim x→1− f (x) = 2, a reta x = 1 e´ uma ass´ıntota vertical, pois o limite pela direita em x = 1 e´ −∞. 1 7 2 Exemplo 2 Para a func¸a˜o V (p) do volume do ga´s temos que lim p→0+ V (p) = lim p→0+ 200 p = +∞, de modo que a reta p = 0 e´ uma ass´ıntota vertical. Geometricamente, o que acontece e´ que o gra´fico da func¸a˜o se aproxima da reta p = 0 quando p → 0+. 100 2 Denominadores que se aproximam de zero Suponha que lim x→a f (x) = L e limx→a g(x) = M. Se M 6= 0 sabemos que lim x→a f (x) g(x) = L M . Se M = 0 temos duas possibilidades: se L = 0 ocorre uma indeterminac¸a˜o do tipo 0/0 e o ca´lculo do limite exige algum tipo de manipulac¸a˜o alge´brica. se L 6= 0 temos uma ass´ıntota vertical se o denominador tem sinal definido nas proximidades de x = a. Quando isto ocorre, temos que estudar o sinal de g(x) nas proximidades de x = a para determinar se o limite e´ +∞ ou −∞. Exemplo 3 Vamos estudar a func¸a˜o f (x) = x2 + x − 3 1− x . Quando x → 1−, o numerador se aproxima de 12 + 1− 3 = −1 < 0 e o denominador vai para 0 por valores valores positivos, pois x < 1. Deste modo, a frac¸a˜o e´ negativa e temos que lim x→1− x2 + x − 3 1− x = −∞. Por outro lado, quando x → 1+, o denominador vai para 0 por valores negativos, de modo que lim x→1+ x2 + x − 3 1− x = +∞. Um exemplo curioso Pode ocorrer de, quando x → a, o numerador se aproximar de um nu´mero na˜o nulo, o denominador se aproximar de 0 e mesmo assim na˜o termos uma ass´ıntota vertical em x = a. Um exemplo e´ a func¸a˜o f (x) = 1 x2 cos( 1x ) . Quando x → 0, o denominador se aproxima de 0. Mas o seu sinal fica oscilando entre negativo e positivo, por causa do termo que envolve o cosseno. Deste modo, a func¸a˜o assume valores que, em mo´dulo, va˜o ficando muito grandes, mas o seu sinal oscila entre negativo e positivo. Observac¸a˜o importante Nos exemplos anteriores obtivemos ass´ıntotas verticais do tipo x = a quando o denominador se anulava neste ponto. Pore´m, esteja atento a um fato: ATENC¸A˜O Encontrar ass´ıntotas verticais na˜o e´ o mesmo que igualar o denominador de uma frac¸a˜o a zero! Ao encontramos os zeros do denominador estamos encontrando somente os candidatos a` ass´ıntotas. E´ necessa´rio checar se, de fato, algum dos limites laterais naquele ponto e´ infinito. Exemplo 4 O denominador da func¸a˜o g(x) = x + 1 x2 − x − 2 se anula para x = −1 e x = 2. Logo, temos dois candidatos a` ass´ıntotas verticais. Para o primero, temos que lim x→−1 g(x) = lim x→−1 x + 1 x2 − x − 2 = limx→−1 (x + 1) (x − 2)(x + 1) = − 1 3 , de modo que x = −1 na˜o e´ ass´ıntota vertical! Por outro lado, lim x→2± g(x) = lim x→2± 1 (x − 2) = ±∞, e portanto x = 2 e´ ass´ıntota vertical. A concentrac¸a˜o de medicamento no sangue Suponha que a concentrac¸a˜o de medicamento no sangue de um paciente seja dada pela func¸a˜o C (t) = 3t 2t2 + 8 , t ≥ 0, apo´s t ≥ 0 horas de aplicac¸a˜o da medicac¸a˜o. O que acontece com esta concentrac¸a˜o para valores grandes de t? Se na˜o ha´ nova aplicac¸a˜o de medicamento, e´ natural imaginar que, com o passar do tempo, a concentrac¸a˜o deve diminuir, se aproximando cada vez mais de 0. A concentrac¸a˜o de medicamento no sangue Isto pode ser mais bem compreendido a partir da igualdade abaixo: C (t) = 3t 2t2 + 8 = t2 · 3t t2 ( 2 + 8 t2 ) = 3t 2 + 8 t2 . Note que, quando t cresce, o termo 3/t vai se aproximando de zero, o mesmo ocorrendo com 8/t2. Deste modo, a frac¸a˜o se aproxima de 0 2 + 0 = 0. Escrevemos enta˜o lim t→+∞C (t) = 0. 2 0.1 0.2 0.3 0.4 Limite no infinito Suponha que uma func¸a˜o f esta´ definida em um intervalo do tipo (b,+∞) e considere L ∈ R. Escrevemos lim x→+∞ f (x) = L, quando os valores f (x) se aproximam de L a` medida em que x se torna cada vez maior. A expressa˜o acima deve ser lida da seguinte maneira: o limite de f (x), quando x tende para infinito, e´ igual a L. De maneira ana´loga, podemos definir lim x→−∞ f (x) = L. Ass´ıntota horizontal Dizemos que a reta y = L e´ uma ass´ıntota horizontal do gra´fico de f (x) quando lim x→−∞ f (x) = L ou limx→+∞ f (x) = L As retas y = 1 e y = 0 sa˜o ass´ıntotas horizontais de func¸a˜o f ao lado, pois lim x→−∞ f (x) = 1 e lim x→+∞ f (x) = 0. 1 7 1 Exemplo 5 A reta y = 0 e´ uma ass´ıntora horizontal da func¸a˜o C (t) = 3t 2t2 + 8 , t ≥ 0, pois lim t→+∞C (t) = 0. Note que, neste caso, na˜o tem sentido tentar calcular lim t→−∞C (t), pois o dom´ınio e´ [0,+∞). Do ponto de vista geome´trico, o que ocorre e´ que o gra´fico da func¸a˜o vai se aproximando da reta y = 0 quando t vai ficando grande. 5 10 15 20 25 30 0.1 0.2 0.3 0.4 Exemplo 6 Retomando o volume do ga´s, suponha que, ao atingir a pressa˜o cr´ıtica de 100 torr, o ga´s se liquidifica, havendo nesse momento uma variac¸a˜o brusca de volume. Em seguida, o seu volume passa a ser dado pela func¸a˜o V (p) = −0, 01p + 2, ate´ que seja atingida a nova pressa˜o cr´ıtica de 150 torr, a partir da qual o volume permanece constante e igual a 0, 5 litro. Deste modo, a func¸a˜o volume a´ agora dada por V (p) = 200 p , se 0 < p ≤ 100, −0, 01p + 2, se 100 < p ≤ 150, 1 2 , se 150 < p. Exemplo 6 A ass´ıntota vertival permance a mesma de antes.Para estudar as ass´ıntoas horizontais, temos que calcular lim p→+∞V (p) = limp→+∞ 1 2 = 1 2 , e portanto a reta y = 1/2 e´ uma ass´ıntota horizontal. No ca´lculo do limite acima, usamos somente a expressa˜o de V (p) que vale para p > 150, pois estamos interessa- dos em saber o que ocorre com V (p) quando p e´ grande. 100 150 1 2 Um exemplo importante Se n ∈ N, enta˜o lim x→+∞ 1 xn = 0. Para verificar isso, suponha que queiramos que |x−n| < ε. Para x > 0, uma conta simples mostra que |x−n| = 1 xn < ε ⇐⇒ x > ε−1/n. De uma maneira geral, temos que Se a ∈ R e n ∈ N, enta˜o lim x→+∞ a xn = 0 = lim x→−∞ a xn . Exemplo 7 Temos que lim x→±∞ 4x3 − 3x + 1 2x3 + x2 = lim x→±∞ x3(4− 3 x2 + 1 x3 ) x3(2 + 1x ) = lim x→±∞ (4− 3 x2 + 1 x3 ) (2 + 1x ) = 4− 0 + 0 2 + 0 = 2. Ocorre que, quando |x | e´ grande, o termo 4x3 do numerador fica muito maior (em mo´dulo), do que os outros termos. Da mesma forma, no demoninador, o termo dominante e´ 2x3. Logo, quando |x | cresce, a frac¸a˜o se comporta como 4x3 2x3 = 2. Exemplo 8 Temos que lim x→+∞ x + √ x x2 − 9 = limx→+∞ x2( 1x + 1 x3/2 ) x2(1− 9 x2 ) = lim x→+∞ ( 1x + 1 x3/2 ) (1− 9 x2 ) = 0 + 0 1− 0 = 0. Como no exemplo anterior, podemos identificar aqui o termo dominante do numerador e denominador. Quando x e´ grande, a frac¸a˜o se comporta como x x2 = 1x → 0, quando x → +∞. Por isso o limite e´ igual a zero. Neste exemplo na˜o tem sentido fazer x → −∞, por conta do termo √ x . Propriedades do limite no infinito Teorema Se lim x→±∞ f (x) = L, limx→±∞ g(x) = M, enta˜o 1 lim x→±∞[f (x) + g(x)] = L + M; 2 lim x→±∞[f (x)− g(x)] = L−M; 3 lim x→±∞[f (x) · g(x)] = L ·M; 4 lim x→±∞ [ f (x) g(x) ] = L M , desde que M 6= 0; 5 lim x→±∞ n √ f (x) = n √ L, desde que L > 0 se n for par. Exemplo 9 (cuidado com a intuic¸a˜o) Vamos calcular o limite lim x→+∞( √ x2 + x − x). Veja que o termo que envolve o radical fica muito grande, o mesmo ocorrendo com o termo x que esta´ sendo subtra´ıdo. Dizemos enta˜o que temos uma indeterminac¸a˜o do tipo ∞−∞. Poder´ıamos pensar que, quando x e´ grande, o termo √ x2 + x se comporta como √ x2 = x , de modo que o limite deveria ser igual a zero. Mas temos que tomar cuidado! Exemplo 9 (cuidado com a intuic¸a˜o) Observe que ( √ x2 + x−x) = ( √ x2 + x−x)( √ x2 + x + x) ( √ x2 + x + x) = x√ x2 ( 1 + 1x ) + x Como podemos supor que x > 0, temos √ x2 = |x | = x . Assim, lim x→+∞( √ x2 + x − x) = lim x→+∞ x x √ 1 + 1x + x = lim x→+∞ 1√ 1 + 1x + 1 = 1 2 . Limite infinito no infinito Em algumas situac¸o˜es temos que considerar limites infinitos no infinito, como no exemplo abaixo: lim x→+∞ −x2 − x − 2 3x + 1 = lim x→+∞ x2(−1− 1x − 2x2 ) x(3 + 1x ) = lim x→+∞ x [ −1− 1x − 2x2 3 + 1x ] = −∞, pois termo entre colchetes se aproxima de −1/3 < 0 e x > 0 fica cada vez maior. De maneira ana´loga, temos que lim x→−∞ −x2 − x − 2 −3x + 1 = limx→−∞ x [ −1− 1x − 2x2 3 + 1x ] = +∞.
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