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unidade IV

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UNIDADE IV
HERANÇA JACENTE / HERANÇA VACANTE
4.1. Considerações iniciais
Quando uma pessoa falece, deixando patrimônio, o mesmo transfere-se aos seus herdeiros. Os herdeiros de uma pessoa, como já foi objeto de estudo, podem ser testamentários ou legítimos. Porém, caso a pessoa faleça sem deixar herdeiros, sejam legítimos ou testamentários, ou quando não são os mesmos conhecidos, o patrimônio será arrecado e após certo lapso temporal incorporará ao patrimônio do Estado. No entanto, até que o patrimônio incorpore definitivamente ao domínio do Estado, todo um procedimento deve ser feito, conforme se verá a seguir.
Neste procedimento, o que se objetiva é verificar, exatamente, a existência ou não de herdeiros do falecido. Certo é que, a transmissão do patrimônio do de cujus ao Estado, não se dá de forma automática, tão pouco, de forma direta.
4.2. Conceitos
Para que se possa entender de forma efetiva o procedimento, necessário é que antes se faça uma breve análise conceitual de herança jacente e vacante.
4.2.1. Herança Jacente
Segundo ensinamentos de Gonçalves a herança jacente existe “Quando se abre a sucessão sem que o de cujus tenha deixado testamento, e não há conhecimento da existência de algum herdeiro, diz-se que a herança é jacente” completando afirma que, “consiste, em bem verdade, em um acervo de bens, administrado por um curador, sob fiscalização da autoridade judiciária, até que se habilitem os herdeiros, incertos ou desconhecidos, ou se declare por sentença a respectiva vacância" (GONÇALVES, 2010). 
No mesmo sentido nos ensina Monteiro que “Herança jacente vem a ser aquela cujos herdeiros não são conhecidos, ou que ainda não foi aceita pelas pessoas sucessíveis.” (MONTEIRO, 2003, p. 73) 
A Herança Jacente ocorre quando “não herdeiro certo e determinado, ou quando ao foi aceita pelas pessoas sucessíveis.” se não sabe da existência dele, ou, ainda, quando é renunciada; vacante, quando é devolvida à Fazenda Pública por ter-se verificado não haver herdeiros que se habitassem no período da jacência.” (Nelson Nery Junior in Cateb, 2011, p. 70)
Percebe-se que, a herança não é jacente apenas quando a pessoa falece sem deixar herdeiros, mas os deixando, são os mesmos desconhecidos ou renunciam a herança. Desta forma, a herança somente será considerada jacente se a pessoa falecer sem deixar herdeiros podendo ocorrer uma das seguintes hipóteses a seguir analisadas. 
4.2.2. Herança vacante
Segundo Gonçalves (2010) a herança será declarada vacante quando não houver herdeiros sucessíveis habilitados, e já houver transcorrido um ano de declaração de jacência. 
Neste sentido é a norma contida no artigo 1820 do CC-02. 
 4.3. Hipóteses de Jacência:
As hipóteses podem ser levantadas a partir da leitura do artigo 1819 do Código Civil que determina que a herança será jacente quando a pessoa falece sem deixar herdeiros, ou deixando, não são eles conhecidos. Ou, quando deixam herdeiros, porém, são os mesmos renunciantes. Assim, podemos resumir as hipóteses da seguinte forma:
Inexistência real de herdeiros = neste caso a pessoa falece sem deixar herdeiros, sejam legítimos (ascendentes, descendentes, cônjuges e colaterais até o 4º) ou testamentários;
Desconhecimento os herdeiros = neste caso, os herdeiros são desconhecidos, porém, não há certeza da inexistência;
Renúncia dos herdeiros = hipótese em que a pessoa falecida deixa herdeiros conhecidos, porém, todos renunciam a herança;
Impossibilidade do recebimento = neste caso, a pessoa falece deixando herdeiros, porém, estão eles impossibilitados de receberem a herança, seja pela invalidade do testamento ou por serem indignos do recebimento.
4.4. Procedimento
1º) Conhecimento da situação = Tão logo chegue ao conhecimento do juízo de que a pessoa faleceu nestas circunstâncias, será determinada a feitura de algumas diligências, com o intuito de se localizar herdeiros para o recebimento da herança.
2º) Arrecadação do patrimônio = O juiz determinará, dentre as diligências acima mencionadas, que sejam arrecadados todos os bens deixados pelo de cujus, arrolando-o, descrevendo-o e avaliando-o. 
3º) Publicação de edital = Para tanto se fará publicar três editais, com intervalo mínimo de trinta dias de um para outro, com o objetivo dos herdeiros virem a ter conhecimento do falecimento fazendo a habilitação.
4º) Declaração de vacância = Após passados um ano da primeira publicação a herança será declarada vacante, conforme dispõe o artigo 1.820 do CPC. Neste ínterim há que se lembrar que, quando se trata de herdeiros renunciantes, a declaração da vacância ocorrerá de forma imediata, conforme determina o artigo 1823 do CC-02.
5º) Possibilidade de surgimento dos herdeiros = Conforme se pode extrair de uma interpretação do artigo 1822 do Código Civil, os herdeiros necessários podem aparecer a qualquer momento, mesmo que, já tenha sido a herança declarada vacante, porém, o prazo máximo será de cinco anos após a abertura da sucessão. Já os herdeiros colaterais, não possuem tanto tempo assim já que, o prazo concedido para que eles venham a se habilitar será até a declaração da vacância, conforme preceitua o parágrafo único do artigo 1822.
4.5. Existência de credores 
	
Por óbvio se uma pessoa falecer sem deixar herdeiros conhecidos, porém, deixando credores, poderá os mesmos, de acordo com o artigo 1821 reclamar o pagamento da dívida. De forma que, a herança não se transferirá totalmente ao Estado, devendo satisfazer, primeiramente, as dívidas. Havendo sobras, esta será destinada ao Estado. O procedimento encontra-se previsto no artigo 1821 do CC-02.
4.6. Efeitos da declaração da vacância (sentença judicial meramente declaratória):
Fim dos deveres do curador: com a declaração da vacância cessam os deveres do curador nomeado para a administração, conservação e administração dos bens;
Propriedade resolúvel = após a declaração da vacância é possível o surgimento de herdeiros sucessíveis, conforme visto acima, portanto, dentro do período de cinco anos da abertura da sucessão, é possível que a propriedade se resolva, saindo do domínio do Estado.
FONTE BIBLIOGRÁFICA:
CATEB, Salomão de Araújo. Direito das sucessões. Ed. Atlas. 2010.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Sucessões. Vol.7. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. 35. ed. ver. e atua. por Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 6
EXERCÍCIO PARA FIXAÇÃO
No que consiste a herança jacente e vacante?
Em quais hipóteses será a herança considerada vacante?
Após a declaração da vacância é possível o surgimento de herdeiro sucessível?
Quem será o responsável pela administração do patrimônio, após a declaaração de vacância?
QUESTÕES OBJETIVAS:
1ª questão
Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido:
os bens da herança serão arrecadados, ficando sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância;
os bens da herança serão arrecadados e entregues, desde logo, ao Município ou Distrito Federal;
os bens da herança serão arrecadados até que o juiz os declare como bens de ausente;
os bens da herança serão transmitidos ao Município do último domicilio do de cujus;

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