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Trabalho Conclusão de Curso CONTRAFAÇÃO Final

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Rafael Lourenço da Silva
Ra: b45314-1
CONTRAFAÇÃO
Universidade Paulista - UNIP
Rafael Lourenço da Silva
CONTRAFAÇÃO
 
Trabalho de Conclusão Do Semestre (Monografia)
SÃO PAULO/SP
OUTUBRO/2017
ÍNDICE
I. Introdução;	4
II. Considerações gerais do Direito da Propriedade Intelectual;	5 - 11
Divisão;	7 
Propriedade Industrial;	8-11
III. Contrafação e os seus Meios de Combate	12-38
a) Contrafação no Brasil;	12-15
b) Meio de combate à Contrafação no Brasil;	15-35
1) Aduana;	15-18
1.1) Apreensões ex officio;	17-18
2) Diretório – INPI;	19
3) Medidas Judiciais (Cíveis e Criminais);	20-31
3.1) Ações Cíveis;	21-27
3.2) Da Queixa Crime;	28-31
c) Contrafação em outros países;	32-34
IV. Efeitos Sociais e Econômicos da Contrafação;	35-42 
V. Conclusão;	43-44
VI. Anexos;	45-46
VII. Bibliografia.	47-49
INTRODUÇÃO
Atualmente vivemos na sociedade da informação,  o assustador século XXI, onde nos foi ensinado que tudo é possível e todos podem ter acesso a tudo e ser o que desejassem, basta pagar o seu devido valor e qualquer pessoa pode ter acesso a maior tecnologia da época e realizar os seus "sonhos".
    Para aqueles que não podem arcar com tamanho desenvolvimento, a sociedade   arrumou uma maneira de também inseri-los no mercado, ainda que seja através de um produto ou serviço paralelo, que deveria ser similar ao original.
As justificativas para tal "criação" são inúmeras, afinal todos devem ter tudo, mas quando se vive em um capitalismo selvagem onde a massificação da tecnologia e dos meios é galopante nem sempre esse produto/serviço similar é a melhor opção para se acessar o tão sonhado welfare state.
A fim de ratificar tal premissa, é que se propõe o presente trabalho, analisando o que são os produtos/serviços “originais” em contra partida ao que é efetuado paralelamente, as devidas legislações e qual é o sentimento da doutrina, dos empresários e da própria população consumidora, que vê tal fenômeno se alastrando pelo mundo e não sabe como lidar em tais situações, tendo por vezes opiniões falaciosas levadas unicamente pelo senso comum.
De um modo geral, a presente monografia traz um panorama sobre conceitos como contrafação,  suas consequências e as medidas que são tomadas em âmbito nacional e internacional frente a tal prática ilícita, que tanto é debatida pelos juristas e defendida pela sociedade. 
Não é a intenção esgotar aqui esse tema que é deveras amplo, mas apenas ratificar o quanto já é estudado pelo Direito, frente ao que é conhecimento público e presente no senso comum, sobre relativo tema, a análise é apenas qualitativa, mas busca iluminar a sociedade sobre o tema que pode ser um dos males desse século!
II. CONSIDERAÇÕES GERAIS DO DIREITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL
Antes de entrar no cerne do tema estudado se faz necessária uma explanação do que é propriedade intelectual, como surgiu, sua evolução legal, suas divisões e suas legislações aplicáveis no Brasil e exterior são o objeto deste capitulo.
A propriedade intelectual existiu desde que o ser humano encontrou a necessidade de subjugar a natureza, diante da necessidade de sua sobrevivência, criando objetos que facilitaram a escrita, imagens, sinais, ou seja, qualquer forma que fosse capaz de criar algo do intelecto humano e utilizada para facilitar o seu modo de vida.
Porém o ser humano somente encontrou a necessidade de legislar sobre o tema a partir do invento da maquina de impressão por Johannes Gutemberg, que os autores e criadores passaram a querer proteger os seus inventos.
A primeira obra a ser protegida legalmente data de mais ou menos 1500, foi à obra de maior notoriedade do escritor português Luis Camões. Os Lusíadas, que recebeu da coroa portuguesa a proteção contra as reproduções sem autorização por 10 anos. Após este caso somente em 1709 que surgiu a primeira lei formal, O estatuto da Rainha Ana, na Inglaterra, que protegia as obras por um período de 14 anos.
Desde então uma serie de novas legislações começaram a surgir ao redor do mundo sendo que em 1883, surgiu o primeiro acordo internacional que visava à proteção da propriedade intelectual, foi a Convenção de Paris: 
“A Convenção da União de Paris - CUP, de 1883, deu origem ao hoje denominado Sistema Internacional da Propriedade Industrial, e foi à primeira tentativa de uma harmonização internacional dos diferentes sistemas jurídicos nacionais relativos à Propriedade Industrial. Surge, assim, o vínculo entre uma nova classe de bens de natureza imaterial e a pessoa do autor, assimilado ao direito de propriedade. Os trabalhos preparatórios dessa Convenção Internacional se iniciaram em Viena, no ano de 1873. Cabe lembrar que o Brasil foi um dos 14 (quatorze) países signatários originais. A Convenção de Paris sofreu revisões periódicas, a saber: Bruxelas (1900), Washington (1911), Haia (1925), Londres (1934), LiSboa (1958) e Estocolmo (1967). Conta atualmente com 139 (cento e trinta e nove) países signatários”.
Em 1886, liderados pelos países europeus, as nações se reuniram pela primeira vez em Berna, na Suíça, para proporem uma regulamentação mínima, não mais pontual, mas geral e internacional, para a proteção das obras literárias, artísticas e científicas e de seus autores. Nascia à primeira Convenção Internacional sobre o assunto, embrião de todas as legislações nacionais a partir daí existentes.
Já a Organização Mundial da Propriedade Intelectual – OMPI, a partir do ano de 1967, constitui-se como órgão autônomo dentro do sistema das Nações Unidas, englobando as Uniões de Paris e de Berna. E em 1994 surgiu o “Acordo sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionado ao comercio”, comumente conhecido como “TRIPS” (1994). Que é voltado a tudo o que é produzido pelo autor no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio), possuindo dois mecanismos básicos contra as infrações à propriedade intelectual: a elevação do nível de proteção em todos os Estados membros e a garantia da observação dos direitos de propriedade intelectual, tratando dos direitos de autor e conexos, marcas, indicações geográficas, desenhos industriais, patentes, topografias de circuitos integrados, proteção do segredo de negócio e controle da concorrência desleal, e por fim, estabelece princípios básicos, quanto à existência, abrangência e exercício dos direitos de propriedade intelectual.
No Brasil, atualmente, existem varias legislações que fazem a proteção dos direitos de propriedade intelectual, sendo as mais importantes a Constituição Federal de 88, a lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1988 (Lei de Direitos autorais) e a lei 9.279, de 14 de maio de 1996 (Dei da Propriedade Industrial). 
DIVISÃO
Como todos sabem, o Direito é um só, porém para uma maior didática e compreensão os legisladores e doutrinadores resolveram subdividi-lo em varias áreas, diante disto não seria diferente com a propriedade intelectual, que possui duas subdivisões, são elas; Direito autoral que é o nome dado ao direito que uma pessoa (física ou jurídica) tem ao produzir uma obra, seja ela literária, artística ou cientifica, ou seja, uma obra intelectual. Este direito confere uma série de prerrogativas morais e patrimoniais.
 E a propriedade industrial que de acordo com a definição da Convenção de Paris de 1883 (art. 1,2), é o conjunto de direitos que compreende as patentes de invenção, as marcas de fábrica ou de comércio, os modelos de utilidade, as marcas de serviço, os desenhos ou modelos industriais, o nome comercial e as indicações de proveniência ou denominações de origem, bem como a repressão da concorrência desleal, que deverão ser registrados (em órgãos específicos) para serem protegidos. Ou seja, é baseada na exclusividade de marcas e patentes, visa à distinção de produtos, protegendo os consumidores do engano ou do erro na hora em que adquire esses produtos, resguarda também, a proteção do comerciante ou fabricante contra a concorrência desleal. Por fim, na propriedade industrial aquele que exibe o certificadode registro de uma marca ou certificado de uma patente é aquele que é titular de todos os direitos do objeto descrito na atividade escolhida.
A propriedade industrial é o foco deste trabalho e suas premissas e subdivisões serão aprofundadas a seguir.
DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Sempre haverá Propriedade Industrial quando um bem econômico imaterial for objeto potencial de propriedade e passível de apropriação por terceiros, tão logo seja colocado no mercado.
Diante disto, houve necessidade de criar mecanismos jurídicos de proteção ao investimento colocado na criação desse bem imaterial, para permitir que o seu titular se aproprie de todo o valor da invenção e obtendo receita pela sua exploração, como forma de incentivar a pesquisa e o investimento em novas tecnologias, sua proteção permite também a disseminação do conhecimento tecnológico, uma vez que as invenções são tornadas públicas, possibilitando sua utilização por terceiros após a expiração da proteção.
A tutela jurídica da Ordem Econômica em nosso ordenamento visa a Livre Iniciativa (art. 5º, inciso XIII, art. 170, caput e art. 173, § 4º, da Constituição Federal e Lei nº 8.884/94) observada a Livre Concorrência (art. 5º, inc. XXIX art. 170, inciso III e IV e Lei nº 9.279/96) e nos limites da Defesa do Consumidor (art. 170, inciso V e Lei nº 8.078/90).
A proteção da propriedade industrial de direitos exclusivos não é considerada um monopólio porque a proteção concedida pela propriedade industrial é capaz de gerar uma eficiência dinâmica e não estática, incentivando a criação de novas invenções, tendo como fim o bem estar econômico e o progresso científico.
O registro dos bens industriais deve ser requerido no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI – autarquia federal) e somente após o ato concessivo correspondente é que nasce o direito à exploração econômica com exclusividade.
Esses bens integrarão o patrimônio do seu titular, em regra o empresário, que terá não só o direito de explorá-los economicamente, com inteira exclusividade, mas também de aliená-los, ou ainda impedir sua utilização pela concorrência, e para que um terceiro explore bem industrial patenteado ou registrado (invenção, modelo, desenho ou marca) ele necessita de autorização ou licença do titular do bem.
Patente
A patente é uma ferramenta econômica que confere ao seu inventor ou cessionário vantagens em razão da exclusividade temporária da exploração da invenção ou modelo de utilidade objeto de proteção. Se o titular registrar a patente obterá um privilégio garantido por lei, podendo bloquear a ação de terceiros e gerar receita por meio das licenças que podem ser concedidas e seu valor integrará o ativo da sociedade empresarial. 
A patente está sujeita aos seguintes requisitos (conforme o art.8º, da Lei nº 9.279, de 1996, também conhecida como Lei de Propriedade Industrial – LPI) Novidade,   Atividade inventiva,  Aplicação Industrial,  Não impedimento.
A patente tem prazo de duração determinado, sendo de 20 anos para a invenção e 15 para o modelo de utilidade, contados do depósito do pedido de patente (data em que o pedido foi protocolado no INPI). Contudo, o prazo de duração do direito industrial não poderá ser inferior a 10 anos, para as invenções, ou sete anos, para os modelos, contados da concessão da patente, conforme art. 40 da LPI.
A patente extingue-se pelo término do prazo de duração, pela renúncia de seu titular dos direitos industriais, que somente poderá ser feita se não prejudicar terceiros (por exemplo, os licenciados), pela caducidade, pela falta de pagamento da taxa devida ao INPI, denominada “retribuição anual” e pela falta de representante no Brasil, quando o titular for domiciliado no exterior.
Desenho Industrial 
Desenho industrial diz respeito à forma dos objetos, especificidades que permitem sua imediata identificação, com caráter meramente estético. Nos termos do art. 95, da LPI considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial.
Desta forma, destaca-se que o Desenho Industrial tem caráter ornamental e funcional, sendo que não requer atividade inventiva como na patente.
Conforme o art. 108, da LPI o registro do desenho industrial tem prazo de duração de 10 anos, contados da data do depósito e pode ser prorrogável por até três períodos sucessivos de cinco anos cada. Dispõe o art. 120 da mesma lei que a taxa devida ao INPI pelo titular deste registro, denominada retribuição, tem incidência quinquenal.
Marca
A marca é o signo distintivo utilizado para identificar produtos e serviços. A marca, especificamente, é sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas.
As marcas têm como funções: a identificação da origem do produto, a garantia da qualidade e a distinção dos demais. Indiretamente, ela funciona como meio de publicidade.
Desta forma, a Marca também é um instrumento econômico que confere ao seu titular o direito de uso exclusivo em todo território nacional de determinado sinal distintivo em relação a produtos e serviços e sua propriedade é adquirida pelo registro validamente expedido.
Segundo o art. 122 da LPI as marcas podem se apresentar principalmente das seguintes formas, Nominativas, Figurativas, Mistas, Tridimensionais.
Disciplina o art. 133 da LPI que o registro da marca tem duração de 10 anos, a partir da sua concessão. Assim, ao contrário do prazo fixado para patentes e registro de desenho industrial, é contado da efetiva concessão é prorrogável por períodos iguais e sucessivos, indeterminadamente. O interessado deve pleitear a prorrogação sempre no último ano de vigência do registro, ou nos seis meses subsequentes ao vencimento, mediante pagamento de retribuição adicional.
Indicações Geográficas
São sinais distintivos de origem ou qualidade utilizados na produção ou no comércio, para designar produtos ou serviços que possuem qualidades intrínsecas, que o qualifiquem especificamente. Observa-se que não pode ser utilizado na Marca sinal indicativo geográfico.
São espécies de Indicações Geográficas a indicação de procedência (nome geográfico do local, país, região, cidade, etc., que se tornou conhecido pela fabricação, extração ou produção de determinado produto ou prestação de serviço) (art. 177 da LPI) e a denominação de origem (nome geográfico do local onde existem atributos exclusivos que diferenciam o produto ou serviço dali originado, garantindo não só a procedência do produto, como também certificando a qualidade ou característica específica que se deve exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico). 
CONTRAFAÇÃO E OS SEUS MEIOS DE COMBATE 
CONTRAFAÇÃO NO BRASIL
O termo Contrafação significa copiar, reproduzir fraudulentamente bem alheio. Em uma acepção mais ampla, é a cópia não autorizada de uma obra, total ou parcialmente, configurando violação contra a propriedade intelectual, englobando a pirataria.
O termo pirataria acabou se popularizando e passou a ser utilizado para todos os tipos de violação latente aos direitos de propriedade intelectual. No entanto, pelo que dispõe o TRIPS (Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio), o termo pirataria refere-se apenas à violação de direitos autorais, não guardando relação alguma com violações oriundas de marcas, patentes e desenhos industriais. 
Diante a exegese da Lei de Propriedade Industrial brasileira, contrafação é caracterizada como qualquer reprodução não autorizada, ou seja, é a produção comercial de um artigo/produto sem autorização da entidade que detém a sua propriedade industrial. 
“Estudando analiticamente os efeitos do registro, vimos que ao seu titular compete entre outros: a) odireito exclusivo de usar a marca para fins constantes no registro; b) o direito de recorrer aos meios legais para impedir que terceiros empreguem marca idêntica semelhante para os mesmos fins ou usem a marca legítima em artigos d e outra procedência. Os atos praticados por terceiros, que importem violação do uso exclusivo da marca, constituem infrações do registro, a que se dá o nome genérico de contrafação. Esta expressão possui sentido amplo: como observa Carvalho Mendonça, na doutrina jurídica e, ainda, em algumas legislações, a palavra contrafação serve para indicar sinteticamente o fato mediante o qual por qualquer modo, se atenta contra o direito da marca alheia”. (CERQUEIRA, João da Gama. Tratado da Propriedade Industrial. 2° ed. São Paulo: RT 1982).
O Brasil, apesar de criticado sob questões que são questionáveis sob a ótica política, como novos fluxos de aprovação de patentes e proteção de dados farmacêuticos, vem apresentando papel importante diante o combate à pirataria, realçando grande avanço à repressão no combate a itens tangíveis (vestuário, CDs, videogames, etc.).
Entretanto, cerca de 75% das mercadorias falsificadas comercializadas aqui vêm de países fronteiriços ao Brasil ou da Ásia, caracterizando o país como mais consumidor do que produtor de artigos contrafeitos.
 Em regra, os produtos contrafeitos são importados principalmente da China e ingressam no Brasil pelos portos e aeroportos, já que a Receita Federal, dadas as dimensões continentais de nosso território, não dispõe de pessoal suficiente, adequados equipamentos e sistemas de informação para um combate eficaz aos ilícitos aduaneiros.
 Todavia, tal cenário está mudando, já que a repressão à entrada de produtos falsificados vem se intensificando em nosso país, com o aumento da fiscalização da Receita Federal nas fronteiras secas, portos, rodovias e demais zonas por onde transitam mercadorias importadas. 
Ocorre, no entanto, que o rigor na fiscalização de produtos que ingressam pelo país leva o contrafator a buscar, no mercado nacional, fabricantes que se prestem à produção de artigos falsificados, destinados ao abastecimento do comércio popular das grandes metrópoles. Alguns desses fabricantes estão instalados, inclusive, em fábricas informais, sem quaisquer denominações nas suas respectivas fachadas, pois foram constituídos e atuam no mercado irregularmente.
Algumas cidades brasileiras, inclusive, passaram a se tornar polos industriais de produtos contrafeitos. Dentre estes, merecem destaque a cidade de Nova Serrana, cidade mineira conhecida em todo o país como a capital nacional de calçados falsificados e Apucarana, localizada próxima a Londrina, Paraná, conhecida como a capital do boné contrafeito.
Em São Paulo, há grandes centros distribuidores de mercadorias contrafeitas, como os shoppings populares (Shopping 25 de Março, Boulevard, Galeria Pajé), em que é público e notório o conhecimento de que os produtos ali expostos são contrafeitos e nenhuma atitude é tomada.
Falta mão de obra qualificada no Brasil, para proceder com as apreensões ex officio. Falta conscientização da população dos danos que a contrafação tem gerado para o país, e é preciso que haja um combate severo à corrupção. 
Ainda que as apreensões de mercadorias tenham aumentado, o Brasil ainda sofre com o comércio de produtos ilícitos. 
Diante esta estatística alarmante, o Brasil incorre a prejuízos financeiros e sociais provocados pela contrafação, insurgindo a necessidade de criação de métodos para impedir que a sociedade continue arcando com relevantes danos no cenário nacional e internacional. 
MEIOS DE COMBATE À CONTRAFAÇÃO NO BRASIL;
ADUANA
A contrafação é delito crescente no Brasil, ainda mais levando em conta a máxime que reza que o que rege o mercado é a “lei da oferta e procura”, devido a enorme diferença de preço entre os produtos falsificados e originais, onde em suma, o consumidor foca apenas seus baixos preços, e não problemas que possam advir da aquisição dessas, até mesmo no tocante à segurança, qualidade e riscos à saúde de quem adquire, sem levar em conta o fomento do próprio país, além dos elevados tributos cobrados no Brasil para as mercadorias estrangeiras, proporcionando alto grau de retorno financeiro as ações ilícitas quando alcançam sucesso.
Neste sentido, notório a necessidade de medidas repressivas ao combate à contrafação, exigindo articulação de todos os agentes públicos: polícias Federal, Rodoviária e Civil, além claro, da Receita Federal, trabalhando as informações de maneira conjunta para maior eficiência operacional.
Importante ressaltar o papel da Receita Federal em suas aduanas, onde, conforme citado acima, 75% das mercadorias falsificadas chegam pelos países vizinhos e Ásia, desempenhando papel importante em conter a entrada destes produtos ilícitos em solo brasileiro.
Ora, o enunciado do artigo 237 de nossa Constituição Federal () nos deixa claro a função fiscal de repressão à contrafação exercida pelas aduanas.[1: Art. 237 CF – A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda.]
Nossa Lei de Propriedade Industrial - LPI (Lei 9.279/96), também dispõe em seu artigo 198, sobre a possibilidade de apreensão, pelas autoridades alfandegárias, no ato de conferência, de produtos assinalados por marcas falsificadas, alteradas ou imitadas ou que apresentem falsa indicação de procedência.
Importante também ressaltar a competência da Receita Federal do Brasil para reter produtos com marcas falsificadas, elencado no artigo 605 do Decreto n° 6.759 de 5 de fevereiro de 2009 (), podendo reter de ofício ou a requerimento do interessado, devendo a autoridade aduaneira notificar o titular dos direitos da marca, para que o mesmo promova a queixa e solicite a apreensão judicial das mercadorias, conforme os ditames do artigo 199 da Lei 9.279 de 1996 (artigo 606 do Decreto) .[2: Art. 605 – Poderão ser retidos, de ofício ou a requerimento do interessado, pela autoridade aduaneira, no curso da conferência aduaneira, os produtos assinalados com marcas falsificadas, alteradas ou imitadas, ou que apresentem falsa indicação de procedência (Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996, art. 198).][3: Art. 606 – Após a retenção d e que trata o artigo 606, a autoridade aduaneira notificará o titular dos direitos da marca para que, no prazo de dez dias úteis da ciência, promova se for o caso, a corresponde queixa e solicite a apreensão judicial das mercadorias (Lei 9.279, de 1996, art. 199, e Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio, art. 55, aprova do pelo Decreto Legislativo n° 30, de 1994, promulgado pelo Decreto n 1.355 de 1994).]
A nível internacional, discorrendo sobre o mesmo tema, o TRIPS, é o único tratado que prevê medidas de fronteira para a proteção de todo tipo de propriedade intelectual, como de patentes, desenhos industriais, segredos de negócio, dentre outros, sem limitá-las à proteção de marcas e obras protegidas pelo direito autoral.
Por fim, as Instruções Normativas n. 52/2001, 111/1998 e 206/2002 e Portaria n. 555/2002 da Secretaria da Receita Federal, ainda que não tratem especificamente de medidas de repressão a infrações de propriedade intelectual, preveem procedimentos a serem adotados pelas autoridades aduaneiras envolvendo controle de mercadorias importadas sob a suspeita de irregularidade e a destinação a ser dada para tais mercadorias.
Referidos instrumentos legislativos permitem a apreensão de produtos falsificados pelas autoridades alfandegárias, quer em portos ou aeroportos, disciplinando um procedimento que culminará com o perdimento da mercadoria apreendida.
Contudo, nossas leis e normas administrativas ainda são pouco claras em relação aos direitos protegidos e aos procedimentos que devem ser efetivamente adotados pela Alfândega. As normas existentes já permitem que advogados trabalhem na sua interpretação e aplicação conjunta para fazervaler os direitos de propriedade intelectual de seus clientes. No entanto, a falta de clareza e sistematização dessas normas muitas vezes dificulta o trabalho de nossas autoridades alfandegárias, que se sentem legalmente desarmadas para tomarem, de ofício, providências mais enérgicas no combate à contrafação nas áreas de fronteira.
Entretanto, ainda existe uma lacuna de lei sobre os direitos protegidos (possibilidade de aplicação para patentes, desenhos industriais, já que lei seca trata apenas dos Direitos Autorais e das Marcas) e sobre os procedimentos que devem ser adotados pelas Alfândegas. 
Isso porque, o procedimento para decretar o perdimento das mercadorias apreendidas ainda não foi padronizado pelas COANAS. Em algumas alfândegas, basta que o titular do direito violado apresente uma representação em conjunto com um laudo atestando os motivos pelos quais os produtos não são originais. Outras exigem que para que a mercadoria retida continue apreendida, exigem que os titulares de direitos ingressem com ação judicial e comprovem o ajuizamento desta medida no prazo de 10 dias prorrogáveis por igual período.
Cristalina que a repressão à contrafação contribui com o crescimento do país, ainda mais sob o foco do grande volume de produtos contrafeitos que são retirados todos os anos. Evidente também a necessidade de aperfeiçoamento e melhoramentos em prol da Aduana ao combate a pirataria, entretanto esta vem mostrando resultados positivos.
Neste giro, sabido a difícil missão ao combate a contrafação, onde os empresários e a sociedade devem enxergar a aduana como um aliado na defesa dos interesses nacionais, devendo haver comunicação entre os detentores de propriedades industriais e aduana, fechando o cerco contra a entrada de produtos falsificados.
De extrema importância mencionar o apoio do setor privado a Aduana, com o uso de informações coletadas por investigações paralelas, feitas por organizações financiadas por sociedades empresariais vítimas da pirataria. [4: Caça a pirataria bate recorde no ano. Disponível em http//www.economia.estadao.com.br/noticia/geral,caca-a-pirataria-bate-recorde-no-ano,58429. Acesso em 06/08/2014]
Não obstante, necessário que se faça intercâmbio entre as Aduanas de outros países e entre diversos órgãos, o qual, com ações integradas a nível nacional e internacional é que a Aduana alcançará resultados mais efetivos, reprimindo a entrada de produtos falsificados, protegendo nossos produtos da contrafação e fomentando nossa economia.
APREENSÕES EX OFFICIO PELA ADUANA
Conforme falamos acima, dentre as inúmeras atribuições das Autoridades Aduaneiras, compete à fiscalização dos produtos que são importados para o país, bem como aqueles que são exportados pelo território nacional.
De acordo com a Lei, Doutrina e Jurisprudência, a Autoridade Aduaneira é competente para proceder à apreensão das mercadorias contrafeitas, nos próprios exatos termos do artigo 605, do Regulamento Aduaneiro (Lei 6759/09), “in verbis”:
Art. 605. Poderão ser retidos, de ofício ou a requerimento do interessado, pela autoridade aduaneira, no curso da conferência aduaneira, os produtos assinalados com marcas falsificadas, alteradas ou imitadas, OU que apresentem falsa indicação de procedência (Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996, art. 198).
Assim, entende-se que não há que se falar em faculdade das Autoridades Alfandegárias reterem produtos contrafeitos, posto que os artigos 198, da Lei 9.279/96 c.c art. 9º, itens 1, 2 e 3 da Convenção da União de Paris para proteção da Propriedade Industrial, normas de hierarquia superior ao regulamento aduaneiro, claramente autorizam referida apreensão administrativa:
Art. 198 - Poderão ser apreendidos, de ofício ou a requerimento do interessado, pelas autoridades alfandegárias, no ato de conferência, os produtos assinalados com marcas falsificadas, alteradas ou imitadas ou que apresentem falsa indicação de procedência.
Art. 9: 1 - O produto ilicitamente assinalado com uma marca de fábrica ou de comércio ou por um nome comercial será apreendido ao ser importado nos países da União onde essa marca ou esse nome comercial têm direito à proteção legal; 2- A apreensão será igualmente efetuada no país onde a oposição ilícita tenha sido feita ou no país onde o produto tenha sido importado; e 3- A apreensão será efetuada a requerimento do Ministério Público, de qualquer outra autoridade competente ou de qualquer interessado, pessoa física ou jurídica, de acordo com a lei interna de cada país.
Reforçando referido entendimento e não deixando dúvidas quanto à possibilidade de apreensão “ex oficio” pela autoridade aduaneira, o Superior Tribunal de Justiça, em decisão proferida por sua 2ª Turma, nos autos do Agravo Regimental do Recurso Especial nº 725.531-PR decidiu, por unanimidade, que a APREENSÃO PELAS AUTORIDADES ADUANEIRAS INDEPENDE DE ORDEM JUDICIAL em caso envolvendo a imitação de marcas, conforme ementa abaixo:
“Administrativo. Aduana. Imitações. Apreensão De Ofício. Possibilidade. Art. 198 da Lei 9.279⁄1996.
1. Hipótese em que se discute a possibilidade de apreensão de pilhas alcalinas da marca "Powercell", que imitam produtos da marca "Duracell". A imitação foi apurada por perícia e é incontroversa (reconhecida pela empresa). A mercadoria, originária da China e destinada ao Paraguai, encontrava-se em trânsito pelo território brasileiro, em entreposto aduaneiro.
2. O Tribunal de origem afastou a possibilidade de apreensão, pois seria necessária a existência de inquérito penal ou ação do interessado.
3. Ocorre que o art. 198 da Lei 9.279⁄1996 é expresso ao admitir a apreensão de ofício, ou seja, realizada pela própria autoridade aduaneira, sem qualquer pedido ou ordem judicial. 
4. A autoridade brasileira é soberana na aplicação da lei em seu território (Princípio da Territorialidade), ainda que com relação a produtos em trânsito, destinados a terceiro país.
5. Agravo Regimental provido.” 
2. 	DIRETÓRIO – INPI
Em busca a repressão à contrafação, bem como com a finalidade de criar um grande banco de dados, o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual criou um Diretório de Combate à Pirataria, que figura-se importante sistema para proteção a propriedade industrial, combatendo a contrafação e a concorrência desleal, apoiando instituições diretamente ligadas responsáveis pelo combate à falsificação e praticas anticompetitivas e zelar pelos empreendedores e a sociedade que sofrem os efeitos oriundos da pirataria.
Trata-se de ferramenta o qual consiste em conexão de informações entre Polícia Federal, Receita Federal e Polícia Rodoviária Federal, permitindo aos agentes públicos mais agilidade na atuação ao combate à contrafação, diante disponibilidade aos agentes cadastrados ao sistema para busca de marcas registradas, o contato de representantes legais das sociedades empresariais para o combate à falsificação e orientação dos titulares das marcas auxiliando na identificação de produtos falsificados.
O Diretório tem a função de facilitar a interlocução entre os agentes públicos e privados, reconhecendo o papel fundamental dos titulares de direitos no que tange propriedade industrial diante eficaz repressão de crimes desta ordem.
Tal ferramenta tem como escopo meios de cooperação prestados pelos titulares destes direitos (propriedade industrial) ou seus representantes auxiliando os agentes públicos nas perícias em produtos contrafeitos apreendidos pela autoridade policial (obtenção de exemplares, de manuais ou de informações de produtos originais para analise e confronto com os contrafeitos), a apresentação de representações e documentos para instauração de procedimentos policiais; a elaboração de laudos referentes á autenticidade de produtos retidos ou apreendidos por autoridades públicas; ou a orientação para destinação ou destruição de produtos falsificados apreendidos.
Evidente a crescente busca ao efetivo combate da pirataria e a contrafação, onde, com essa iniciativa, apesar da impossibilidade de cessar esta prática que tanto prejudicaa sociedade como um todo, além do fomento do país, traça caminhos na criação de ferramentas que visam obstar a prática destes crimes, cercando o contrafator e seus produtos que assolam a segurança de seus consumidores, e a concorrência desleal que minam nossas sociedades empresariais.
3. 	MEDIDAS JUDICIAIS (CÍVEIS E PENAIS)
Antes de dar início a este tópico, é fundamental informar que nossa pretensão não é tratar sobre as ações judiciais envolvendo retenções de mercadorias perante as Aduanas, uma vez que referido tema já foi discutido em sala de aula.
Nosso escopo é demonstrar na prática, quais medidas judiciais devem ser adotadas para cada caso concreto de contrafação, sejam elas de natureza cível ou penal. 
Antes de tomar qualquer medida judicial, algumas perguntas devem ser respondidas:
Quem é a parte contrafatora? A parte ré é um camelô, uma fábrica ou um importador? Qual o total do seu capital social e qual o seu poder aquisitivo?
O cliente possui interesse em somente retirar os produtos ilícitos do mercado e requerer a abstenção do ilícito pelo contrafator? O cliente tem interesse em punir criminalmente o contrafator ou têm interesse na obtenção de indenização pelos danos materiais e morais causados em virtude da contrafação perpetrada?
O bom senso sempre será parâmetro para adotar as medidas adequadas para cada caso isolado. Após respondidas tais perguntas, poderá se chegar a uma medida adequada.
3.1 AÇÕES CÍVEIS
a) AS MEDIDAS CAUTELARES PREPARATÓRIAS DE BUSCA E APREENSÃO
Medida cautelar é, segundo Humberto Theodoro Júnior, a providencia material efetiva tomada pelo órgão jurisdicional para preservar ou garantir uma situação de fato relevante para a futura prestação jurídica definitiva, ou seja, é uma medida que visa obstar, impedir, prevenir ou sancionar uma ofensa que instruirá o processo principal ao qual também se refere à lide.
O Código de Processo Civil declara cabíveis as medidas cautelares quando existir fundado receio que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave ou de difícil reparação e permite ao magistrado, no exercício do seu poder geral de cautela, “autorizar ou vedar a prática de determinados atos”, exigindo para tanto, tão-somente, o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”.
Igualmente, o artigo 839 do mesmo diploma legal determina que o juiz poderá decretar “a busca e a apreensão de pessoas ou de coisas”, determinando a exposição das razões e justificativas da medida e da ciência de estar o objeto da apreensão no lugar designado.
Note-se que o fumus boni iuris, nos casos de contrafação, verificar-se-á através da comprovação da titularidade do direito violado, comprovados através dos certificados (de direito autoral, desenho industrial, patente de invenção, modelo de utilidade ou certificado de registro de marca), os quais conferem aos seus titulares a propriedade e exclusividade de uso, em todo o território nacional, podendo agir contra aqueles que delas se utilizem indevidamente. 
O “periculum in mora” é demonstrado facilmente quando os contrafatores encontram-se fabricando e comercializando, livremente, produtos pirateados, sendo que a continuidade deste comportamento ilícito poderá, pelo volume, tornar-se de difícil reparação, pela dificuldade de dimensionar todos os prejuízos que serão suportados pelas vítimas da contrafação em virtude da comercialização dos referidos produtos e pela inferior qualidade dos mesmos e pelo denegrimento e a diluição do poder atrativo do patrimônio intelectual e a apuração da totalidade dos consumidores que estão adquirindo tais produtos.
Oportuno ressaltar algumas recentes Decisões proferidas nesse sentido, determinando a apreensão de todos os produtos que continham signos distintivos contrafeitos:
Medida Cautelar Preparatória de Busca e Apreensão n.º 583.00.2008.144383-7 - 13ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Capital do Estado de São Paulo: “Vistos. 1- Providencie a tarja referente ao segredo de justiça. 2 - Trata-se de Medida Cautelar de Busca e Apreensão através da qual os autores pretendem que seja determinada a apreensão dos bens contrafeitos indicados na inicial que estariam nas lojas mencionadas, todas na Rua 25 de Março. Com a inicial foram apresentados alguns dos bens - 1 camiseta e três pares de tênis. Determino, desde já, que a serventia certifique a existência dos referidos bens, individualizando cada um deles, os quais deverão permanecer em cartório, sob-responsabilidade da Sra. Escrivã. A inicial traz argumentos que demonstram a ocorrência do fumus boni iuris e do periculum in mora. No caso em apreço houve apresentação de mercadorias falsas adquiridas nas lojas informadas na inicial. Ademais, a permanência das mercadorias à disposição de consumidores, obviamente, acarretaria danos aos autores que deixariam de vender bens originais. Assim sendo, defiro a liminar e determino a busca e apreensão de todos os artigos contrafeitos assinalados com as marcas: “Adidas”, “Reebok”, “RBK”, bem como demais objetos, etiquetas, adesivos e embalagens que contenham quaisquer das marcas relacionadas na inicial, bem como todo e qualquer objeto material de propaganda e impressos onde os nomes apareçam, arbitrando multa diária de R$ 10.000,00 (dez mil reais), caso os requeridos, depois de intimados, voltem a estocar, distribuir e/ou comercializar produtos falsificados com as marcas referidas. A diligência será realizada nos endereços informados na inicial. Expeça-se mandado de busca e apreensão, ficando autorizado o arrombamento, nos endereços informados na inicial, se necessário. Autorizo o reforço policial para execução da medida, oficiando-se a Policia Militar para tanto. Com o cumprimento do mandado deverá o Sr. Oficial de Justiça identificar os. Representantes das referidas lojas para intimação/citação. Nomeio a Adidas do Brasil, com sede nesta Capital, depositária dos bens apreendidos. Int.
Medida Cautelar Preparatória de Busca e Apreensão nº. 583.00.2006.227194-9 – 27ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Capital do Estado de São Paulo: “Vistos. Tarjem-se os autos. Presente prova documental da propriedade industrial dos produtos descritos na inicial, a liminar deve ser deferida. O perigo na demora é evidente, visto que, comercializando produtos piratas, as rés, estarão se locupletando ilicitamente em prejuízo da autora. Expeçam-se mandados de busca e apreensão, com as cautelas do art. 842 do Código de Processo Civil. Os mandados devem ser cumpridos por dois oficiais de justiça, acompanhados de duas testemunhas, que podem ser os advogados ou prepostos da autora. Desnecessária a nomeação de peritos, visto que ausentes às hipóteses do parágrafo 3ª do art. 842 do Código de Processo Civil. A busca e apreensão deve ser feita nos moldes requeridos às fls.32/34, itens ‘a’ e ‘i’. Eventuais documentos ligados à comercialização de tais produtos devem ser apreendidos. (...) Expeçam-se precatórias, se necessário. Expeça-se o necessário, ficando a cargo da autora providenciar os meios para cumprimento dos mandados. Ação principal no trintídio. Int.”
Da data do cumprimento da diligência de busca e apreensão, o titular dos direitos terá 30 dias para ingressar com a ação principal e satisfativa. É o que dispõe o artigo art. 806 do CPC.
Na prática, solicita-se na ação principal a tutela antecipada para que seja determinada a abstenção de utilização da propriedade intelectual de titularidade do violado, bem como indenização por perdas e danos.
b) DA TUTELA ANTECIPADA NOS CASOS DE AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER.
Nada impede de se ingressar diretamente com a ação principal de obrigação de não fazer com pedido de indenização por perdas e danos, culminada com pedido de tutela antecipada para determinar a busca e apreensão dos produtos em caráter liminar e a abstenção definitiva do contrafator utilizar-se dos meios ilícitos para violar direito de outrem.
É imprescindível nestas ações solicitar o pedido liminar, bem como o segredo de justiça.
O artigo 295 do Novo Código de ProcessoCivil permite ao Juiz a antecipação da tutela, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança do alegado.
  Nos casos de contrafação, a prova inequívoca dos direitos das titulares dos direitos violados serão demonstradas pelos Certificados de Registro, seja de marca, Desenho Industrial, Patente de Invenção ou Modelo de Utilidade. 
                             O receio de dano irreparável ou de difícil reparação, por sua vez, evidencia-se pelo fato de que, relegando-se a questão à apreciação final, os contrafatores continuarão fabricando e comercializando os produtos ilícitos continuando a causar danos para as partes prejudicadas, denegrindo sua imagem. 
A antecipação da tutela não está prevista exclusivamente no Código de Processo Civil, tendo sido inserta, justificadamente, no artigo 209, § 1º, da Lei da Propriedade Industrial, in verbis:
 Art. 209
§ 1º  -  Poderá o Juiz, nos autos da própria ação, para evitar o dano irreparável ou de difícil reparação, determinar liminarmente  a sustação  da violação ou ato que enseje, antes da citação do réu, mediante caso julgue necessário, caução em dinheiro ou garantia fidejussória.
 c)  INDENIZAÇÃO NOS CASOS DE VIOLAÇÃO 
O artigo 927, do Código Civil, que trata da obrigação de indenizar, estabelece: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Por sua vez, o artigo 186 do mesmo diploma legal dispõe:
 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
As atividades ilícitas praticadas pelos contrafatores acabam por destruir o crédito e a boa fama dos produtos originais e, inclusive, o prestígio de seus titulares. 
Neste passo, A simples comercialização de produtos contrafeitos, caracteriza a obrigação à indenização da parte lesada, em danos materiais, nestes compreendidos o da imagem, independente da prova de culpa, sendo certo afirmar, que a existência do prejuízo causado pelo contrafator é presumida.
Primeiro, porque é notória a enorme extensão que a prática de contrafação assumiu em nosso País. Esse panorama fático injusto e pernicioso não pode ser ignorado pelo Poder Judiciário, sob pena de não se cumprir, nesse campo, a almejada pacificação social, representada pela ética e lealdade de concorrência que devem informar as práticas comerciais.
Segundo, porque o art. 209 da Lei nº. 9279⁄96, em clara exegese, não condiciona a reparação dos danos materiais à prova de comercialização dos produtos fabricados, in verbis: “Fica ressalvado ao prejudicado o direito de haver perdas e danos em ressarcimento de prejuízos causados por atos de violação de direitos de propriedade industrial e atos de concorrência desleal não previstos nesta Lei, tendentes a prejudicar a reputação ou os negócios alheios, a criar confusão entre estabelecimentos comerciais, industriais ou prestadores de serviço, ou entre os produtos e serviços postos no comércio”.
Nesses termos considerados, a indenização por danos materiais não possui como fundamento a 'comercialização do produto falsificado', mas a 'vulgarização do produto e a depreciação da reputação comercial do titular da marca', levadas a cabo pela prática de falsificação.
De fato, aquele que estaria disposto a comprar, por uma soma considerável, produto exclusivo, elaborado pelo titular da marca em atenção a diversos padrões de qualidade, durabilidade e segurança, não mais o faria se tal produto fosse vulgarizado por meio de uma falsificação generalizada.
Conclui-se, assim, que a falsificação, por si só, provoca substancial redução no faturamento a ser obtido com a venda do produto ilícito, o que autoriza, em consequência, a reparação por danos materiais. 
Além dos danos patrimoniais, devidos IN RE IPSA, as práticas ilícitas perpetradas pelos Contrafatores atingem a honra objetiva dos titulares de marcas, que diariamente experimentam tanto a perda de credibilidade perante os lojistas e seus consumidores finais; a diluição do poder atrativo de sua propriedade intelectual, como também, a perda de sua clientela, sem falar que deixam de assegurar a qualidade dos produtos ilícitos oferecidos pelos Contrafatores no mercado, diga-se de passagem, de qualidade bastante inferior, fazendo jus ao ressarcimento por DANOS MORAIS. 
Como cediço, nosso ordenamento jurídico atual é categórico em reconhecer a possibilidade da pessoa jurídica sofrer danos morais e deles seja reparada, nos termos do art. 5º, incisos V e X, da Constituição Federal, bem como diante da Súmula 227, do STJ, estando a questão, portanto, plenamente pacificada na doutrina e jurisprudência.[5: Artigo 5º da CF/88 - “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, a segurança e à propriedade nos termos seguintes: (...) V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;][6: Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.]
E é dentro deste contexto que os prejuízos sofridos com o ilícito da pirataria não se cingem, apenas, às perdas imediatas decorrentes das aquisições pelos consumidores de produtos contrafeitos em detrimento dos produtos originais, mas, especialmente, decorrente do abalo que as práticas ilegais causam à imagem das titulares dos direitos e aos seus produtos perante o seu público consumidor.
A doutrina especializada é unânime em afirmar o dever do contrafator em reparar o dano moral causado ao prejudicado. Dizem Dannemann, Siemsen, Biegler e Ipanema Moreira, em sua obra coletiva “Comentários a Lei da Propriedade Industrial e Correlatos”, sobre o dever de indenizar o dano moral:
“Além dos danos patrimoniais, é possível, ainda, ser ressarcido o prejudicado pelos eventuais danos morais sofridos, decorrentes de atos e violação aos seus direitos de propriedade industrial. Na verdade, apesar da existência de corrente doutrinária refratária a tal condenação, não existe nenhuma proibição legal que justifique o descabimento da indenização por dano moral, quando a questão versar sobre propriedade industrial e concorrência desleal.” 
Oportuno considerar ainda que a indenização a título de danos morais deve - além de buscar o ressarcimento equivalente à lesão - ter finalidade educativa-prevencionista, a fim de que o valor da condenação por danos morais também configure um desestímulo eficiente de futuros atos desleais por parte dos Requeridos (e mesmo possível reincidência).
Portanto, a condenação ao pagamento dos danos morais deve ser de tal monta que se consubstancie em uma sanção aos Requeridos, sob risco de constituir-se medida inócua.
A idéia é de que a condenação por esses danos deve ser estipulada não somente visando uma compensação monetária à sociedade empresarial prejudicada, mas que constitua uma verdadeira lição aos violadores do direito de exclusividade. Assim, para fixar o valor, deve-se perquirir, também, se este é suficiente para que funcione corno desestímulo a prática de novos atos ilícitos. 
Entretanto, para alcançar esta função preventiva, o valor deve ser oneroso o bastante para que o receio de nova condenação desencoraje novos atos lesivos aos direitos alheios.
3.2 DA QUEIXA CRIME
Muito tem se falado em pirataria e falsificação de produtos industrializados, vez que latente a divulgação da mídia em decorrência dos trabalhos realizados por órgãos do Governo, ocorridas, a exemplo, no Shopping 25 de Março, Mundo Oriental, Galeria Pagé.
Propiciadora de lucros fáceis, não só a falsificação de marcas é uma erva daninha que precisa ser extirpadarapidamente, devendo a mesma ser combatida em todas as esferas judiciais. Por tais razões, a retirada destes produtos de circulação, através de medida de busca e apreensão de natureza criminal é a medida que se mostra mais eficaz, por ser, ao mesmo tempo, a medida que procederá a propositura da ação penal privada.
Importante salientar que, antes da atual Lei de Propriedade industrial – Lei 9.279/96, as medidas cautelares de Busca e Apreensão de Natureza Criminal, em seu cerne, eram utilizadas somente para apreensão de exemplares hábeis à elaboração do laudo pericial necessário à propositura da Queixa Crime, tanto em casos de violação de marcas, quanto de patentes. Entretanto, com o advento da Lei de 1996, expressamente sobreveio, em relação à reprodução de marcas, permissivo para o Juiz determinar a apreensão, consoante o artigo 209, §2º,
Art. 209 - § 2º - Nos casos de reprodução ou imitação flagrante de marca registrada, o juiz poderá determinar a APREENSÃO DE TODAS AS MERCADORIAS, PRODUTOS, OBJETOS, EMBALAGENS, ETIQUETAS E OUTROS QUE CONTENHAM A MARCA FALSIFICADA OU IMITADA.”
Assim, considerando-se a particularidade do tema em apreço, o legislador disciplinou o procedimento em capítulo próprio dentro do Código de Processo Penal Pátrio – nos artigos 524 a 530, procedimento este, é o fundamento daqueles que entendem que com isto está afastada a possibilidade de realização de todos os atos esses atos preparatórios nos autos de um inquérito policial e, uma das razões pelas quais outros advogam a possibilidade de atuação efetiva do “acusado”, exercendo o contraditório antes mesmo de qualquer ação penal.
Para grande maioria da doutrina, tal capitulação, é considerada como mera condição de procedibilidade da ação penal, e sob tal ótica, desprovido de incidência dos princípios constitucionais e processuais que regem as ações penais, a exemplificar, o contraditório e a ampla defesa.
Na prática, entretanto, utilizado não apenas como apenas forma de preparar, mas sim para endossar argumentos para concessão de tutela antecipada em natureza cível, senão para pressionar psicologicamente o suposto infrator.
Considerando-se de um prisma, que a maioria dos delitos tipificados pela LPI é daqueles que deixa vestígios, o marco é, requerer ao juízo competente a realização da denominada media preparatória de busca e apreensão criminal, com fito de colher elementos necessários para o exercício do direito da queixa, qual seja a prova da materialidade delitiva e indícios de sua autoria, e não o requerimento de instauração de inquérito policial. É o que de fato, traz a baila o artigo 525 do CPP, senão, vejamos:
“525 – No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.”
Se o crime não deixar vestígios, e com baseado com elementos indispensáveis propositura, poder-se-á valer diretamente à queixa, deixando sem eventual medida preparatória de busca e apreensão criminal.
Denota o artigo 526 do CPP, prevê para o ensejo desta medida, é exigido a titularidade do direito eventualmente violado, não aludindo a necessidade de comprovação da ofensa. Isto porque, o artigo 527, detém que a diligência, que somente ocorrerá, caso dois peritos entenderem que há fundamento para sua efetivação, condicionando a apresentação de laudo n lapso de 3 (três) dias após o encerramento da diligência. Na hipótese de não ser efetivada a preensão, por não restarem fundamento ou necessidade, no mesmo ínterim, deverão apresentar o laudo contrário à apreensão.
Salienta-se que, sendo laudo desfavorável, caberá ao requerente, em querendo, latente impugnação, cabendo ao magistrado decidir sobre a sua realização, ou não, pois o produto que deverá ser apreendido, trará prova de existência material, mediante corpo de delito, e indícios de supostos autores.
Encerradas as diligências, os autos serão remetidos à conclusão, para a homologação do laudo.
Indispensáveis os elementos à consecução de uma queixa crime, visando à condenação daqueles apontados no laudo pericial, bem como daqueles cuja medida preliminar indicou a possibilidade de terem participado ou contribuído para a prática de alguma conduta tida como ilícita, consoante artigo 529 e seguintes do diploma em apreço:
Art.529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo.
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo.
Art.530 Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o prazo a que se refere o artigo anterior será de 8 (oito) dias.
Art. 530-A. O disposto nos arts. 524 a 530 será aplicável aos crimes em que se proceda mediante queixa.
Art. 530-B. Nos casos das infrações previstas nos §§ 1o, 2oe 3odo art. 184 do Código Penal, a autoridade policial procederá à apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e materiais que possibilitaram a sua existência, desde que estes se destinem precipuamente à prática do ilícito.
Art. 530-C. Na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por 2 (duas) ou mais testemunhas, com a descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre suas origens, o qual deverá integrar o inquérito policial ou o processo.
Art. 530-D. Subsequente à apreensão, será realizada, por perito oficial, ou, na falta deste, por pessoa tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo que deverá integrar o inquérito policial ou o processo.
Art. 530-E. Os titulares de direito de autor e os que lhe são conexos serão os fiéis depositários de todos os bens apreendidos, devendo colocá-los à disposição do juiz quando do ajuizamento da ação.
Art. 530-F. Ressalvada a possibilidade de se preservar o corpo de delito, o juiz poderá determinar, a requerimento da vítima, a destruição da produção ou reprodução apreendida quando não houver impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação penal não puder ser iniciada por falta de determinação de quem seja o autor do ilícito.
Art. 530-G. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde que precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência social, bem como incorporá-los, por economia ou interesse público, ao patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio,
Art. 530-H. As associações de titulares de direitos de autor e os que lhes são conexos poderão, em seu próprio nome, funcionar como assistente da acusação nos crimes previstos no art. 184 do Código Penal, quando praticado em detrimento de qualquer de seus associados.
Art. 530-I. Nos crimes em que caiba ação penal pública incondicionada ou condicionada, observar-se-ão as normas constantes dos arts. 530-B, 530-C, 530-D, 530-E, 530-F, 530-G e 530-H.
Entretanto, é de bom alvitre denotar que, as apreensões dos produtos, efetivadas por forças tarefas – polícias civil e federal ou pela fiscalização da Receita nos Portos, de modo efetivo, não estão desestimulando este comércio ilegal e decorrentes infratores, pois continuam, reincidindo na prática, recolocando mercadorias à venda no dia posterior à apreensão. A presente medida visa não só para retirada do produto de mercado, também, servir de início à persecução penal, mais contundente como um fator de desestímulo.
c. CONTRAFAÇÃO EM OUTROS PAÍSES
Certamente um dos maiores problemas que as sociedades empresariais e o governo enfrentam é a contrafação, nãosó por prejudicar as indústrias e favorecer a evasão de impostos, mas também por ter um impacto social, porque fomenta e delinquência e o crime organizado.
Neste sentido, países como os Estados Unidos, Europa e Japão estão criando barreiras para combater a contrafação e dificultar a sua propagação.
Os EUA, por exemplo, além de ter criado o Stop Online Piracy Act (Lei de Combate à Pirataria Online - SOPA) e os Digital Millennium Copyright Act e Protect IP Act, tem combatido a contrafação seja com o auxílio dos titulares das marcas que fornecessem informações de seus produtos auxiliarem na fiscalização dos produtos junto a portos.
Assim como no Brasil, os titulares das marcas depositam as informações de suas marcas e produtos junto ao escritório de marcas dos EUA para que os agentes fiscais / fronteiras possam acessar as informações e impedir a nacionalização de produtos com suspeita de contrafação e/ou ilegais.
Ainda, os EUA realizam estudos para verificar quais as formas mais efetivas de combate à contrafação em outros países, como proteção de rotas marítimas. Dessa forma, os EUA, Reino Unido, Chipre e Japão assinaram a “Declaração de Nova Iorque”, para combater a pirataria nas costas da Somália, Golfo da Guiné e Sudeste Asiático, com o intuito de se proteger umas das rotas comerciais mais importantes do mundo, por realizarem a travessia que liga a Europa da Ásia.[7: Disponível em: http://www.navy.mil/ah_online/antipiracy/index.html.]
Já no Reino Unido, após estudos e discussões com os detentores de propriedade intelectual e provedores de Internet, decidiram, foi decidida alterar a forma de abordagem à contrafação online. Inicialmente, os usuários que tentarem acessar sites de conteúdo suspeito versão um “banner pop-up” avisando que o lugar está sob investigação e aconselhando-os a fecharem o navegador.
Em 2015, foi iniciada uma campanha para educar as pessoas sobre os malefícios da pirataria de música, filmes, jogos e outros conteúdos digitais, e também para dar a conhecer os serviços que possibilitam a aquisição legítima de conteúdos desta natureza, a qual será financiada pelo governo e pelos detentores de propriedade intelectual.
Além de se realizar essa campanha educacional, os quatro maiores provedores de internet, BT, TalkTalk, Virgin Media e Sky, alertaram os usuários sobre a suspeita de violação de propriedade intelectual. Apesar da falta de punição, o governo do Reino Unido destacou que a pirataria continua sendo considerada ilegal.
No México, a AMCHAM (Câmara de Comércio Americana no México) realizou uma pesquisa e verificou que cerca de 47% da população de 16 a 55 anos compra produtos contrafeitos. Os principais produtos consumidos são: música, filmes, calçados, roupas, perfumes.
Diante dos problemas causados em razão da pirataria, o governo mexicano decidiu traçar linhas de estratégias em conjunto com o setor privado para o seu combate.
Assim como no Brasil, o governo mexicano decidiu combater a pirataria nos âmbitos municipais, estaduais e federais, bem como criar um marco jurídico em relação à internet e investir mais esforços na educação.[8: Disponível em: http://www.apcm.org.mx/archivos/AcuerdoNacionalVSPirateria.pdf.]
Como se vê os países tem tentado de formas convergentes combaterem a pirataria. Contudo, nota-se que os resultados ainda são ínfimos, pois a pirataria tem aumentado ano a ano.
IV. EFEITOS SOCIAIS E ECONÔMICOS DA CONTRAFAÇÃO
Os efeitos drásticos na sociedade, na economia, no fomento ao crime organizado, ao tráfico de drogas e de armas quanto aos produtos contrafeitos são inúmeros. 
Os produtos contrafeitos, além de serem diversificados, são financiados por máfias estrangeiras implantadas no país. Esses produzem sapatos, roupas, óculos, brinquedos, perfumes, relógios, livros, peças automobilísticas, instrumentos cirúrgicos e principalmente cigarros, bebidas, CDs e DVDs. 
De acordo com dados da Interpol, os produtos contrafeitos estão relacionados ao crime organizado, e ligado até ao terrorismo, movimentando mais de meio trilhão de dólares. Além disso, a contrafação está intimamente ligada à exploração infantil, são mais de 250 milhões de crianças trabalhando em regime desumano.
Existem pessoas que justificam a comercialização desses produtos com o desemprego, o que ocorre erroneamente, pois os produtos contrafeitos são financiados por facções criminosas e o consumo de tais produtos é a contribuição indireta para a marginalidade que permeia o país. 
Apesar de serem de procedência duvidosa, tais mercadorias podem ser produzidas de maneira a apresentar riscos à saúde e à segurança (Ex: remédio com dosagem inferior à anunciada; brinquedo que contém substância de lixo hospitalar), lesa o consumidor, sendo certo que há medicamentos falsificados que chegaram a causar óbito. 
Há mercadorias nas quais foram encontradas substâncias cancerígenas em sua composição, produtos que ainda que não ofereçam resistência, como as peças de carro, por exemplo, e ainda objetos que já estão estragados antes mesmo de serem comprados. Há multiplicidade de indústrias de produtos falsificados, os titulares de direitos (nós, os consumidores) não são organizados, as transações via internet dificultam o controle da prática.
Além disso, no Brasil, além dos entraves no combate aos produtos contrafeitos e/ou piratas, podemos citar a sua grande extensão marítima e territorial costeira, fazendo fronteira com países críticos. Ainda deve ser observado que somos um amplo mercado consumidor e que 35% da população trabalha na informalidade.
Os produtos contrafeitos ou/ou piratas incentivam a corrupção e o desrespeito à lei. Ressalte-se que muito perto do nosso próprio Tribunal de Justiça, observamos, a céu aberto, a venda de inúmeros produtos falsificados, tais como guarda-chuvas, escovas de dente “Oral B”, óculos de sol, dentre diversos outros, em especial os fonogramas que refletem nos Direitos Autorais.
Os produtos contrafeitos, dentre suas múltiplas vertentes negativas, inibe o investimento em pesquisa de produtos e novas tecnologias, lesando as sociedades empresariais não só nos lucros, mas também em sua reputação. Um caso clássico foi o da marca americana Ralph Lauren, que deixou de abrir loja no Brasil diante da quantidade de produtos falsificados com a sua marca.
 
Devem ser expostas ao consumidor não só as consequências da aquisição de um produto pirata (o que o torna partícipe de organizações criminosas globais), mas também os riscos individuais sobre sua própria saúde. A campanha dirigida ao consumidor final deverá ressaltar, ainda, a necessidade de o consumidor verificar os dados do fabricante (afinal de contas, em caso de defeito, para quem se dirigir?), e de prestar atenção no preço do produto e observar a sua vida útil. No final das contas, acreditamos todos nós que, munido de todas essas informações, estará convencido o consumidor de que a contrafação é um “mau negócio”.
Segundo dados obtidos através da ASIPI, as apreensões em 2010 aumentaram em 34%. Os calçados representam 24% do total das mercadorias apreendidas e que produtos de segurança e tecnologia tiveram aumento de 10 para 15% de apreensões.
É certo que há que se incrementar os investimentos governamentais na repressão, bem como promover mudanças na legislação, como a alteração da natureza da ação penal, passando os crimes de ação penal privada à ação penal pública, o que hoje configura exceção (art. 199 c/c art. 191, da Lei nº 9.279/1996).
Assim, além dos danos diretos aos indivíduos, existem os indiretos, tal como dano ao mercado de trabalho, posto que, diante do consumo de produtos piratas, os quais, em regra, chegam ao mercado consumidor mediante contrabando e descaminho, o mercado nacional perde uma grande fatia de consumo e dispensa trabalhadores, ou até mesmo deixa de criar vagas. 
No âmbito das Polícias Federal, Civil, Militar e Exército, verifica-se carência de pessoal e de recursos, desconhecimento da legislação. Além disso, há deficiência de instruçãosobre a matéria e a proteção às fronteiras é deficiente. Os procedimentos de inteligência são precários. Requer-se a realização do maior número de apreensões possível, com punição dos transgressores, investimento em inteligência, por meio da elaboração de plano estratégico e eficaz de fronteiras.
No âmbito da Receita Federal, há insuficiência de recursos, de pessoal, bem como legislação deficiente. Não existe padronização dos procedimentos para repressão da prática. Requer-se a confidencialidade e verifica-se a ausência de registro das práticas, bem como a inexistência de banco de dados.
No âmbito da atuação do Ministério Público e do Poder Judiciário, há confusão entre marcas, autorizando os julgados, na maioria das vezes, a aplicação do princípio da insignificância.
Existem três vertentes para o combate à pirataria, a repressiva, a educativa e a econômica. Nenhuma delas sozinha bastará para a obtenção de resultados eficazes, sendo necessária o conjuntos destas.
A legislação necessita de ser incrementada, desenvolvendo parcerias com sociedades empresariais privadas, diretamente interessadas no combate a essa prática, colaboração dos consumidores, avaliação dos riscos, investimentos com companhias educadoras, verificação dos dados dos fabricantes, moderação dos preços, observação da vida útil do produto e outras medidas as quais certamente fornecerão subsídios materiais e humanos para tal mister. Envolver as sociedades empresariais privadas no combate aos produtos contrafeitos significa melhorar o diálogo com estas, aproximando-as e envolvendo-as no problema que não é só do Estado.
É preciso reconhecer a incapacidade do Estado de lidar sozinho com o fenômeno criminoso, que se alastra em proporções bem superiores ao seu aparato físico e humano. Por essa razão, as parcerias com a sociedade empresária são essenciais. 
Revela-se de crucial importância o investimento em educação do consumidor final, por meio de campanhas de conscientização dos envolvidos com a prática, para que possam fazer escolhas conscientes, incitando-os a abandoná-la e a denunciá-la, e, nesse contexto, a atuação do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP) bem como a CPI de Pirataria, instaurada por meio do Dec. nº 5.244/2004, tem sido fundamental com suas medidas repressivas [realizados em portos e fronteiras], contendo a oferta, bem como com suas medidas educativas, mostrando as perdas para a economia e, ainda, com suas medidas econômicas consubstanciadas em incentivos à produção de bens nacionais a preços competitivos. Esse caminho é longo e árduo. Porém, inevitável, não só em termos de contrafação, mas de criminalidade social e fatores que as fomentam. 
Além disso, a legislação tributária poderia favorecer as sociedades empresariais mais prejudicadas com essa prática, a fim de combater a estrutura econômica dos produtos contrafeitos, tornando o produto original competitivo no mercado.
Para o Ilmo. Desembargador Cláudio Luís Braga Dell’Orto, é indispensável à integração entre os poderes que compõem a nação, de modo a tornar eficiente o combate à pirataria e/ou produtos contrafeitos em todas as suas vertentes, com celeridade e a rápida conclusão dos processos. 
Em regra, os produtos piratas e/ou contrafeitos vendidos no Brasil vêm da China, Chile, Paraguai, Argentina, Uruguai e Canal do Panamá.
A Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro - Fecomércio vem se empenhando no combate à pirataria no Brasil, por meio da realização de seminários, participação em comitês e na produção de estudos sobre o consumo de produtos contrafeitos e/ou piratas no País e em 2011, para os fins da Resolução nº 02/2007 da ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamentos de Magistrados, a ASIPI – Associação Interamericana da Propriedade Industrial promoveu a realização de seminário, onde o Ilmo. Dr. José Henrique Vasi Werner ressaltou que a pirataria constitui um fenômeno global: está presente em 95% dos países, nos 05 continentes. É parte de um processo criminoso mundial, financia o terrorismo e o crime organizado. 
Durante os cinco anos de análise referente ao consumo de produtos piratas no Brasil, a Fecomércio-RJ percebeu que, além da necessidade de uma desoneração tributária e uma reestruturação na tramitação burocrática, que permita ao comércio incorrer em custos menores para praticar preços mais competitivos, é preciso intensificar as ações que inibam o consumo de produtos piratas.
A interpretação desses dados permitiu concluir que o consumo de produtos contrafeitos faz parte do cotidiano do brasileiro, sendo que metade da população afirmou não saber dos riscos causados à saúde pelo consumo de produtos piratas, mas sabe que o preço deste, às evidências é bem mais barato.
As campanhas de conscientização têm seu valor, mas isso ainda não é o suficiente. A sociedade precisa assimilar que o ônus do consumo de produtos piratas é maior do que o bônus. O cidadão precisa se responsabilizar pelas suas ações.
Por isso, a decisão da Fecomércio-RJ de criar o ‘Movimento Brasil sem Pirataria’. A ideia foi conscientizar o cidadão comum, que conhece os riscos impostos à sociedade pela contrafação, mas não muda sua atitude. O objetivo com o Movimento foi sensibilizar o indivíduo no que lhe é mais caro: a sua vida e a de sua família, mostrando que a decisão de comprar um produto falsificado é muito séria e que, muitas vezes, tem consequências irreversíveis.
Já no âmbito mundial, detectam-se alguns problemas similares e outros diversos dos que se afere no âmbito nacional.
Não se trata, portanto, apenas de um problema dos países em desenvolvimento, pois essa prática vem crescendo também nos Estados Unidos da América.
É prioritário, portanto, que o poder público e a iniciativa privada continuem trabalhando em conjunto para um planejamento estratégico de longo prazo, como vem sendo desenvolvido pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade Imaterial.
Em Portugal como nos demais países da Europa, os efeitos nocivos da contrafação são notórios no funcionamento do mercado interno, criando situações que não permitem garantir a transparência e a igualdade das condições de concorrência, pois podem provocar desvios de tráfego e distorções de concorrência, nomeadamente, quando se desenvolve a custa das disparidades nacionais.
A contrafação produz uma perda de confiança naquele mercado, em nível econômico e social, para as sociedades empresariais que investem somas consideráveis em matéria de investigação, no marketing e publicidade dos seus serviços e produtos, e que devido a este problema recebe em troca uma redução do volume de negócios e perdas de mercado, que são muito difíceis de combater, sem falar das perdas imateriais e do prejuízo moral em consequência da deterioração da sua imagem junto aos seus clientes.
A proteção dos consumidores é um dos direitos que a legislação portuguesa tenta conferir, sendo que a violação dos direitos dos consumidores é mais um dos muitos efeitos nocivos que o fenômeno da contrafação acarreta.
Os consumidores são muitas vezes deliberadamente enganados sobre a qualidade de um produto supostamente protegido, por exemplo, por uma marca conhecida, qualidade essa que têm o direito de exigir e qualidade essa que o produto contrafeito não tem.
Segundo o porta-voz da Polícia Municipal de Lisboa, o consumidor nem sempre sabe que está comprando produtos contrafeitos ou pirateados, pois muitas vezes pensa que está comprando restos de coleção e de estoques dos originais, que não constituem crime de contrafação.
Em entrevista, o representante da Direção Geral do Comércio e Concorrência ressaltou que a proteção do consumidor é insuficiente, porque na venda dos restos de coleção e de estoques, por vezes, são misturados produtos contrafeitos.
As consequências poderão ser muito mais graves quando se trata de produtos contrafeitos que possam constituir um risco para a saúde ou segurança dos consumidores,como, por exemplo, com os medicamentos ou peças automóveis e peças de aviões, introduzidas por via de contrafação nos mercados, sobretudo dos continentes africano e asiático, no qual o infrator, após conseguir obter a composição de um medicamento, pode fabricá-lo e vendê-lo a preços muito baixos, porque economiza os custos da investigação, que são os mais elevados neste setor.
Diminuir as doses ou substituir os componentes por produtos sem qualquer eficácia é ainda outra forma de reduzir os custos desses medicamentos contrafeitos.
A legislação portuguesa (CPI) também prevê a punição do consumidor pelo uso de material contrafeito, apesar de, segundo informações da representante da IGAE essa punição nunca ter sido aplicada em Portugal e de, mesmo sendo um meio dissuasivo, não ser a solução do problema.
Para as economias daqueles Países também este fenômeno tem consequências diversas, porque implica não só a perda de receitas importantes para o Estado, por exemplo, as geradas pelos direitos aduaneiros e do IVA, como deixa em aberto inúmeras infrações à legislação laboral quando as mercadorias contrafeitas são produzidas por fábricas clandestinas, com funcionários não registados, nem declarados à segurança social e ao fisco.
A contrafação pode, assim, provocar uma desestabilização dos mercados em que este problema surge, sendo uma verdadeira ameaça para muitos setores frágeis, como é o caso do setor têxtil.
E, também para os consumidores a contrafação têm efeitos nocivos, pois pressupõe uma forma deliberada de enganar o consumidor em matéria da qualidade a que este tem direito e que espera de um produto.
Logo, os produtos contrafeitos afetam não só as expectativas e direitos do consumidor, como também a sua confiança nas sociedades empresariais que produzem os produtos originais e pode ainda trazer consequências para a sua saúde (contrafação de medicamentos e álcool adulterado) e segurança (contrafação de brinquedos ou peças para automóveis e aviões).
Segundo dados da Comissão Europeia, a contrafação representa 5% a 7% das trocas mundiais, conduz a uma perda de 200.000 postos de trabalho por ano e implica para as sociedades empresariais europeias prejuízos na ordem dos 400 a 800 milhões de euros no mercado interno e de cerca de 2000 milhões de euros fora da União.
Atualmente, na Europa, a contrafação abrange todo o tipo de bens, desde os têxteis, à indústria automóvel e farmacêutica, passando ainda pelos produtos alimentares, dos cigarros, dos CD/DVD, do vestuário e dos jogos ou outros aparelhos de entretenimento.
V. CONCLUSÃO
Conforme a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), os termos "contrafação" e "pirataria" são definidos e usados diversamente em função do País e do contexto. De modo geral, "contrafação" qualifica violação à propriedade industrial, e, por sua vez, "pirataria" é associada à violação ao direito autoral.
Ambos são utilizados em referência a uma violação a um direito de propriedade intelectual com danos econômicos e comerciais para a sociedade empresarial (aproveitar o retorno de uma inversão de um terceiro), o consumidor (enganar sobre o produto) e a sociedade em geral (destruição de empregos e falta de arrecadação).
O Centro de Defesa da Propriedade Intelectual (CEDPI) criado em 2010, através da Divisão de Combate à Concorrência Desleal e à Contrafação – DCCON passou a promover medidas para o cumprimento da Lei de Propriedade Industrial e ações de prevenção, combate e repressão de atos de concorrência desleal e violações dos direitos de Propriedade Industrial (DPI), com atuação sob três enfoques: Econômico, Educativo e Repressivo, sendo o Educativo o de maior destaque no Brasil.
Neste contexto, constatamos em nosso trabalho que em Julho de 2013, o CDEPI, através da Divisão de Promoção à Resolução de Conflitos em Propriedade Intelectual – DPREC passou a atuar na defesa da promoção aos direitos de Propriedade Intelectual, utilizando mecanismos extrajudiciais de solução de conflitos, bem como no apoio ao combate à Concorrência Desleal e à Contrafação, promovendo o respeito aos direitos de PI através da mediação e da arbitragem, em parceria com o Centro de Arbitragem e Mediação da OMPI. 
O Acordo de Cooperação entre o INPI do Brasil (INPI-BR) e o INPI da França (INPI-FR) desde 2007 e o Acordo de Cooperação entre o CNCP e o CNAC - Comitê Nacional Anti-Contrafação [Brasil e França], desde dezembro 2013 são exemplos de ações referentes à Proteção e disseminação da Propriedade Intelectual, com troca de informações técnicas, capacitação, orientação e apoio às autoridades francesas sobre a legislação local de PI e suas perspectivas. 
Ou seja, vários projetos internacionais, por meio de atividades bilaterais, regionais e multilaterais, voltadas ao diálogo de Cooperação técnica entre escritórios similares no mundo (ex: INPI França) e instituições destinadas ao ensino da Propriedade Industrial (ex: ida de técnicos do INPI para o CEIPI) e realização conjunta de eventos internacionais vem reforçando o apoio de combate à Contrafação. 
Tais ações conjuntas somente demonstram a amplitude do problema que não pode ser tratado de forma isolada e particular, mas sim em um contexto global, visto que assim como o mercado cresce seu paralelo também.
De tal forma que em um mundo globalizado onde quase tudo pode ser copiado/reproduzido se não existirem atividades conjuntas entre os Poderes e os países, não será possível controlar e repelir o desenvolvimento de tais práticas, que conforme amplamente demonstrado, se alastram por cada brecha legal.
VI. ANEXOS
Gráficos
Em números, o valor das mercadorias apreendidas em operações de repressão realizadas pela Receita Federal do Brasil/Aduana, passou de R$ 452.263.064,27 para R$ 1.043.064.322,68, entre os anos de 2002 a 2008. Um aumento significativo de 130%, que pode ser visualizado nas tabelas 02 e 03.
Estes números veem aumentando a cada ano, segundo dados mais recentes no site da Receita Federal, em 2015 a receita apreendeu 1,9 Bilhões em mercadorias irregulares.
Ações do Estado - Retrocesso em Apucarana/ PR
Apucarana é uma cidade localizada no interior do estado do Paraná, conhecida como a capital do boné contrafeito. Preocupado com a fonte de arrecadação ilícita da cidade, o Ministério Público da cidade resolveu agir, ante a falta de providência da Polícia Civil do local.
Em uma destas grandes operações, em 2013 o então delegado chefe de Apucarana Valdir Abrahão foi preso juntamente com dois investigadores, acusados de fazerem parte de um esquema de corrupção, que recebia propina de “pirateiros” da cidade para encobertar as ações criminosas.
Na ocasião, diversos empresários foram detidos e encaminhados à Penitenciária Estadual de Londrina. 
O cenário da cidade, graças à atuação do Ministério Público estava mudando até que o magistrado da 2ª Vara Criminal da cidade entendeu que referido órgão seria incompetente para combater a contrafação na cidade.
De acordo com a decisão da segunda vara criminal da comarca, o Ministério Público não pode mais atuar no combate à falsificação de produtos de confecções, pois no entendimento do magistrado isso se trata apenas de uma violação de marcas e não crime contra as relações de consumos. Com isso, apenas a Polícia Civil poderá agir no combate à contrafação, no entanto, desde que as sociedades empresariais proprietárias das marcas, em sua maioria estrangeira, registrem uma queixa crime diretamente na delegacia, o que dificilmente irá acontecer.
A Segunda Promotoria de Justiça da Comarca de Apucarana protocolou recurso desta decisão junto ao Tribunal de Justiça do Estado e aguarda decisão para que o Ministério Público e o Gaeco possam continuar investigando e combatendo a contrafação, que segundo entendimento dos promotores trata-se de um crime, o que garante a legitimidade do trabalho das promotorias.
Caso se mantenha a decisão de primeira instância, dificilmente novas operações de combate à falsificação de bonés e camisetas

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