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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS APLICADA AS 
MICROEMPRESAS E AS EMPRESAS DE PEQUENO 
PORTE – A RECUPERAÇÃO ESPECIAL 
 
 
LEONARDO TELLES DE ABREU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí (SC), novembro de 2008 
II 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS APLICADA AS 
MICROEMPRESAS E AS EMPRESAS DE PEQUENO 
PORTE – A RECUPERAÇÃO ESPECIAL 
 
 
LEONARDO TELLES DE ABREU 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
Orientador: Professor Roberto Epifanio Tomaz, MSc. 
 
 
 
 
 
Itajaí (SC), novembro de 2008 
III 
 
AGRADECIMENTO 
 
 
À Deus, por sua fidelidade, graça e amor. 
Só tu tens palavras de vida eterna. 
 
Aos meus pais, João e Silvete, pelo carinho e dedicação 
dispensados em todos os momentos da minha vida. 
O apoio e incentivo de vocês foram vitais 
para realização desta conquista. 
Vocês são presentes de Deus para mim. 
Sou eternamente grato por tudo! 
 
A minha amada esposa Ariana que esteve sempre ao meu lado, 
me apoiando todos os dias. 
Muito obrigado pelas conversas, 
pelo incentivo e amor eterno. 
 
A todos os amigos e parentes que de alguma forma estiveram 
me apoiando e incentivando neste trabalho. 
 
Aos amigos de turma, 
por todos os momentos juntos que estarão para sempre na memória. 
 
Ao prof. Roberto, pela orientação e auxílio 
 na realização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
IV 
 
DEDICATÓRIA 
 
À Jesus Cristo, meu eterno Senhor e Salvador. 
Ele é o caminho, a verdade e a vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste 
eternamente. (Isaías 40:8) 
VI 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí (SC), novembro de 2008. 
 
 
Leonardo Telles de Abreu 
Graduando 
 
VII 
 
 
 PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale 
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Leonardo Telles de Abreu, sob o 
título Recuperação de Empresas aplicada a Microempresa e Empresa de 
Pequeno Porte – A Recuperação Especial, foi submetida em 20 de novembro de 
2008 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Prof. Roberto 
Epifanio Tomaz, MSc. (Orientador e Presidente da Banca) e pelo Prof. Diego 
Richard Ronconi, Dr. (Avaliador), e aprovada com a nota (9,75) nove e setenta e 
cinco. 
 
Itajaí (SC), novembro de 2008. 
 
 
Prof. Roberto Epifanio Tomaz. MSc. 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
Prof. Antônio Augusto Lapa, MSc. 
Coordenação da Monografia 
 
VIII 
 
 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
CC Código Civil Brasileiro de 2002 
CF Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
CPC Código de Processo Civil 
CTN Código Tributário Nacional 
EPP Empresa de Pequeno Porte 
LC Lei Complementar 
LRE Lei de Recuperação de Empresas e Falência 
LSA Lei das Sociedades Anônimas 
ME Microempresa 
RFB Receita Federal do Brasil 
SEF/SC Secretaria Estadual da Fazenda de Santa Catarina 
 
 
IX 
 
 
ROL DE CATEGORIAS 
Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à 
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. 
Empresa de Pequeno Porte 
Considera-se EEP a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário 
registrados devidamente no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil 
de Pessoas Jurídicas, conforme cada caso, que auferir receita bruta anual entre 
R$ 240.000,00 e R$ 2.400.000,00. 
Empresário 
“Toda pessoa física ou toda sociedade que exerce profissionalmente uma 
atividade, por meio da organização dos fatores de produção em atividade, e 
desde que tenha assumido o risco do empreendimento1”. 
Empresas 
“Atividade, cuja marca essencial é a obtenção de lucros com o oferecimento ao 
mercado de bens e serviços, gerados estes mediante a organização dos fatores 
de produção (força de trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia)2”. 
Microempresa 
Considera-se ME a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário 
registrados devidamente no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil 
de Pessoas Jurídicas, conforme cada caso, que auferir receita bruta anual até R$ 
240.000,00. 
 
 
 
1
 LIPPERT, Márcia Mallmann, A empresa no código civil: elemento de unificação no direito 
privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 141-142. 
2
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. 18 ed. rev. Atual. São Paulo : Saraiva, 
2007. p. 3-4. 
X 
 
 
Recuperação Empresas 
“O conjunto de providencias judiciais ou extrajudiciais que visam a preservação da 
empresa insolvente, a qual interesse importe substancialmente à Sociedade, na 
condição de possibilidade de retorno ao seu estado de solvência3”, 
Recuperação Especial 
Meio de recuperação judicial simplificada, destinada somente aquelas empresas 
que se enquadram como ME ou EPP. 
Recuperação Extrajudicial 
Meio de recuperação judicial, que busca a homologação em Juízo de negociação 
já firmada com todos os credores ou pela maioria deles. 
Recuperação Judicial 
Meio de recuperação judicial de complexo processamento, proposto pelo devedor 
em juízo, almejando a recuperação da empresa que dependerá da prévia 
concordância dos credores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 RONCONI, Diego Richard. Falência e Recuperação de Empresas: analise da utilidade social 
de ambos os institutos. Itajaí: Univali, 2002. p. 67. 
XI 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
SUMÁRIO ............................................................................................................. XI 
 
 
RESUMO ............................................................................................................ XIII 
 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 
 
 
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕS ACERCA DE EMPRESAS ........................... 17 
 
1.1 Histórico ......................................................................................................... 17 
1.2 Conceito ......................................................................................................... 22 
1.3 O empresário ................................................................................................. 26 
1.4 Empresário Individual ..................................................................................... 29 
1.5 Sociedades Empresariais............................................................................... 31 
1.5.1 Sociedade em Nome Coletivo ..................................................................... 34 
1.5.2 Sociedade em Comandita Simples .............................................................35 
1.5.3 Sociedade em Comandita por Ações .......................................................... 37 
1.5.4 Sociedade por Ações .................................................................................. 38 
1.5.5 Sociedade Limitada ..................................................................................... 41 
 
CAPÍTULO 2 – CONSIDERAÇÕES A CERCA DE RECUPERAÇÃO DE 
EMPRESAS .......................................................................................................... 44 
 
2.1 Histórico .......................................................................................................... 44 
2.2 Conceito .......................................................................................................... 48 
2.3.Recuperação Judicial ...................................................................................... 52 
2.3.1 Legitimação .................................................................................................. 52 
2.3.2 Pressupostos ............................................................................................... 54 
2.3.3 Meios de Recuperação ................................................................................ 57 
2.3.4 Abrangência de Credores ............................................................................ 61 
2.3.5 Órgãos da Recuperação .............................................................................. 64 
2.3.6 Processo da Recuperação judicial ............................................................... 67 
2.4 Recuperação Extrajudicial............................................................................... 72 
2.4.1 Pressupostos ............................................................................................... 72 
2.4.2 Homologação ............................................................................................... 74 
2.4.3 Créditos ........................................................................................................ 76 
2.4.4 Procedimento ............................................................................................... 77 
2.4.5 Efeitos .......................................................................................................... 79 
2.5. Recuperação Especial ................................................................................... 80 
 
CAPÍTULO 3 – RECUPERAÇÃO ESPECIAL DE EMPRESAS ........................... 81 
 
XII 
 
 
3.1 Microempresa e Empresa de Pequeno Porte ................................................. 81 
3.1.1 Considerações introdutórias ......................................................................... 81 
3.1.2 Definição ...................................................................................................... 85 
3.1.3 Inscrição e baixa .......................................................................................... 87 
3.1.4 Tributos e contribuições ............................................................................... 90 
3.2 Recuperação Especial .................................................................................... 92 
3.2.1 Concessão ................................................................................................... 93 
3.2.2 Créditos abrangidos ..................................................................................... 94 
3.2.3 Procedimentos ............................................................................................. 96 
3.2.4 Efeitos ........................................................................................................ 100 
3.3 Distinções dos tipos de recuperação empresarial ......................................... 101 
3.3.1. Distinção entre recuperação judicial e extrajudicial ................................... 102 
3.3.2. Distinção entre recuperação judicial e recuperação especial .................... 105 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 111 
 
REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS ......................................................... 113 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XIII 
 
 
RESUMO 
 
A empresa caracteriza-se como atividade econômica 
organizada de produção e circulação de bens e serviços para o mercado, 
exercida através do empresário, de forma profissional. Existem alguns tipos de 
empresas dispostos na legislação brasileira, atribuindo, inclusive, tratamento 
diferenciado a empresas de menor porte, conforme seu faturamento anual, 
denominadas de Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Quando a empresa 
passa por período de crise financeira, a fim de evitar sua quebra, pode recorre-se 
ao instituto da recuperação de empresas, regulamento por lei específica, e que 
visa assegurar a reorganização da empresa que se encontra em dificuldade 
financeira. Tal legislação atribui também tipo diferenciado de recuperação àquelas 
empresas denominadas ME ou EPP. O presente estudo tem como objetivo 
identificar qual a forma jurídica do plano de recuperação especial e suas 
especificidades. Para tanto, discorre no seu primeiro capítulo noção geral de 
empresa, sua conceituação, seus tipos, além de explicitar sobre o empresário e 
as sociedades empresárias. Ademais, no segundo capítulo trata dos mecanismos 
de recuperação de empresas e seus três diferentes tipos. Encerrando no terceiro 
capítulo, quanto a esclarecimentos acerca das ME e EPP, bem como a 
recuperação especial e as distinções entre os meios recuperátórios, a fim de 
expor claramente o objeto e finalidade da recuperação especial. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A presente Monografia tem como objeto discorrer a respeito 
da recuperação judicial aplicada as microempresas e empresas de pequeno 
porte, denominada recuperação especial. 
O seu objetivo é identificar qual a forma jurídica do plano de 
recuperação especial e suas especificidades 
Para tanto, o Capítulo 1 apresenta considerações 
preliminares acerca das empresas, seu contexto histórico mundial e no Brasil, sua 
concepção no CC de 2002, o conceito de empresário, dentro da classificação 
legal e também disposta pelos doutrinadores da área, bem como a análise, 
conceito e esclarecimento do empresário individual, por fim faz uma breve análise 
das sociedades empresárias, através de sua conceituação, classificação e tipos 
societários apresentados pela legislação pátria, a fim de proporcionar o melhor 
enquadramento a cada tipo de empresa. 
Dando seqüência ao objeto temático faz-se mister avaliar a 
recuperação de empresa, tratado no Capítulo 2 que apresenta o histórico deste 
instituto, abordando brevemente sua evolução a partir da falência, passando pela 
concordata e culminando na recuperação, além do conceito de recuperação, sob 
a égide da Lei n. 11.101/2005 – Lei de Recuperação de Empresas e Falência. 
Esse capítulo ainda apresenta os tipos de recuperação de empresas, adotado 
pela lei supracitada, quais sejam: recuperação judicial ordinária, recuperação 
extrajudicial e recuperação judicial especial. Quanto a recuperação judicial, 
abordar-se sua legitimação, pressupostos, meios, abrangência de credores e 
órgãos e processamento, itens que também são analisados quanto a recuperação 
extrajudicial. 
Finalmente, o Capítulo 3 verifica os tipos especiais em que 
se enquadram as empresas, quais sejam as ME e EEP, a recuperação especial e 
sua distinção entre os tipos recuperatórios. Ainda quanto a análise da ME e EEP 
15 
 
 
este capítulo apresenta disposições introdutórias, sua definição e características, 
ao passo que na recuperação especial, analisa sua concessão, os créditos que 
abrange, os procedimentos e efeitos. 
O presente estudo monográfico se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos 
destacados, seguidos da estimulaçãoà continuidade dos estudos e das reflexões 
sobre à Recuperação Especial aplicada as ME e EEP. 
A pesquisa dos meios de Recuperação Especial de 
Empresas se baseia nos seguintes questionamentos: 
a) A legislação brasileira contempla regras específicas para 
criação e consolidação de empreendimentos empresarias a serem constituídos 
tanto por pessoas naturais quanto jurídicas? 
b) O ordenamento jurídico nacional ao estabelecer regras 
sobre recuperação de empresas vislumbrou modalidades diferentes que se 
adequem aos tipos e porte de empresas existentes? 
c) A atual Lei de Recuperação de Empresas vislumbra uma 
modalidade de específica para empresas que se enquadram como ME e EPP? 
Tendo em vista os questionamentos levantados, foram 
formuladas as seguintes hipóteses para a pesquisa: 
a) A legislação brasileira vislumbra tipos específicos de 
empresas com regras diferenciadas quanto ao tamanho e porte de cada empresa; 
b) O instituto de Recuperação de Empresas versa sobre 
modalidades diferenciadas que se adequam as espécies de empresas; 
c) A atual Lei de Recuperação de Empresas vislumbre 
tipo específico para empresas enquadradas como ME e EPP, com regras e 
características específicas. 
16 
 
 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que tanto na 
Fase de Investigação quanto na Fase de Tratamento dos Dados e no Relatório 
dos Resultados foi utilizado o método com base lógica Indutiva. 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
técnicas do referente4, da categoria5, dos conceitos operacionais6, da pesquisa 
bibliográfica7 e do fichamento8. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4
 "Explicitação prévia do motivo, objetivo e produto desejado, delimitado o alcance temático e de 
abordagem para uma atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa". PASOLD, 
César Luiz. Prática da pesquisa jurídica - idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do 
direito. 9 ed. rev. Florianópolis: OAB/SC, 2005., p. 241. 
5
 “palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia". PASOLD, op 
cite, p. 229. 
6
 “definição estabelecida ou proposta para uma palavra ou expressão, com o propósito de que 
tal definição seja aceita para os efeitos das idéias expostas”. PASOLD, op cite, p. 229. 
7
 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais”.PASOLD, 
op cite, p. 240. 
8
 “Técnica que tem como principal utilidade otimizar a leitura na Pesquisa Científica, mediante a 
reunião de elementos selecionados pelo Pesquisador que registra e/ou resume e/ou reflete 
e/ou analisa de maneira sucinta, uma Obra, um Ensaio, uma Tese ou Dissertação, um Artigo 
ou uma aula, segundo Referente previamente estabelecido”. PASOLD, op cite, p. 233. 
17 
 
 
CAPÍTULO 1 
EMPRESAS 
 
1.1 HISTÓRICO 
Todos ser humano necessita de determinados bens e 
serviços que supram suas necessidades básicas de sobrevivência, como 
vestuário, alimentação, saúde, educação etc, os quais são produzidos por 
organizações econômicas, especializadas nestes fins, e posteriormente 
negociadas no mercado. 
Quem estrutura estas organizações são pessoas que 
combinam determinados componentes, caracterizados como fatores de produção, 
que com o resultado produtivo, vislumbram a possibilidade do lucro. Coelho9 
destaca que: 
Estruturar a produção ou circulação de bens ou serviços 
significa reunir os recursos financeiros (capital), humanos 
(mão-de-obra), materiais (insumo) e tecnológicos que 
viabilizem oferece-los ao mercado consumidor com preços e 
qualidade competitivos. 
Todavia, nem sempre os bens e serviços que se necessita 
ou almeja para viver, foram produzidos em organizações econômicas 
especializadas. 
Se analisar na história, verifica-se que na antiguidade, 
roupas e as demais necessidades consideradas básicas para nossa vivência, 
eram produzidas na própria casa, para os seus moradores, onde apenas o 
eventual excedente era utilizado para trocas de outros produtos, não existindo 
ainda a exploração comercial10. 
 
9
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. p. 4. 
10
 Idem, p. 5. 
18 
 
 
Na Roma antiga, a família dos romanos não era só o 
conjunto de pessoas unidas pelo sangue, mas também os escravos, além de que 
as moradas não eram utilizadas tão somente no intuito do abrigo familiar, para 
convivência e descanso, mas também para a produção de suas necessidades, 
como roupas, alimentos e demais utensílios de uso diário11. 
Outros povos da antiguidade, como os fenícios, destacaram-
se intensificando as trocas de produtos, estimulando assim a produção de bens 
destinados especificamente à venda. Esta atividade de fins econômicos, ora 
denominada comércio, expandiu-se com extraordinário vigor entre os povos. 
Na Idade Média, como destaca Coelho12, 
[...] o comércio já havia deixado de ser atividade 
característica só de algumas culturas ou povos, espalhando-
se por todo o mundo civilizado. Durante o renascimento 
comercial, na Europa, artesãos e comerciantes europeus 
reuniam-se em corporações de ofício, poderosas entidades 
burguesas que gozavam de significativa autonomia em face 
do poder real e dos senhores feudais. 
Nas corporações de ofícios, foram surgindo normas 
destinadas a disciplinar as relações de seus filiados, pautando-se nos usos e 
costumes, em virtude da inexistência de um sistema jurídico próprio para as 
transações comerciais. 
Os números de corporações de ofícios foram aumentando e 
tornaram-se presença constante em feiras e mercados, eliminando as fronteiras 
nacionais, dando origem às cidades européias, e conseqüentemente, às 
respectivas normas ou ordenações jurídicas que as regulavam13. 
Com a evolução do comércio e ampliação de sua atuação 
nas cidades, as corporações de ofícios começaram a perder prestígio e tornar-se 
insuficiente para regulamentar as novas relações comerciais, visto que possuíam 
 
11
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial, p. 5. 
12
 Idem, p. 6. 
13
 LIPPERT, Márcia Mallmann, A empresa no código civil: elemento de unificação no direito 
privado. p. 44-45. 
19 
 
 
caráter genérico, não sendo aplicável a novas atividades econômicas. Desta 
forma, surge um dos principais passos de codificação do Direito Comercial, qual 
seja o Código Napoleônico, como bem explicita Coelho14: 
Já no início do século XIX, em França, Napoleão, com a 
ambição de regular a totalidade das relações sociais, 
patrocina a edição de dois monumentais diplomas jurídicos: 
o Código Civil (1804) e o Comercial (1808). Inaugura-se 
então, um sistema para disciplinar as atividades dos 
cidadãos, que repercutirá em todos os países de tradição 
romana, inclusive o Brasil. De acordo com este sistema, 
classificavam-se as relações que hoje em dia são chamadas 
de direito privado em civis e comerciais. 
A delimitação do campo de atuação do Código Comercial 
era feita, no sistema francês, pela teoria dos atos do 
comércio. Sempre que alguém explorava atividade 
econômica que o direito considerava ato de comércio 
(mercancia), submetia-se às obrigações do Código 
Comercial (escrituração de livros, por exemplo) e passava a 
usufruir a proteção por ele liberada. 
Entretanto, dentro das atividades elencadas como atos de 
comércio, na codificação comercial francesa, não se encontravam diversas 
atividades econômicas, que com a evolução das atividades comerciais, passaram 
a ser consideradas como atividades de comércio. Dentre estas atividades, 
encontra-se, por exemplo, a prestação de serviços – atividade econômica 
marcante do processo de urbanização – e atividades econômicas ligadas à terra, 
como negociação de imóveis, agricultura ou extrativismo15.Assim, após anos de utilização a teoria dos atos de comércio 
acabou revelando suas insuficiências para delimitar e regulamentar as atividades 
comerciais. Em grande parte dos países que adotaram promoveram determinados 
ajustes como no Código Comercial Alemão que definiu os atos de comércio como 
todos os que o comerciante, em sua atividade, pratica, propiciando um conceito 
bem mais amplo. 
 
14
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. p. 6. 
15
 Idem. p. 7. 
20 
 
 
Não obstante, onde fora concebida, não se distinguem mais 
os atos de comércio dos civis. Coelho16 explica que “de fato, no direito francês, 
hoje, qualquer atividade econômica, independentemente de sua classificação, é 
regida pelo Direito Comercial se explorada em qualquer tipo de sociedade”. 
A insuficiência da teoria dos atos de comércio, quanto à 
regulamentação das atividades comerciais modernas, resultou no surgimento da 
teoria da empresa, como objeto identificador do Direito Comercial. 
Desta forma, no ano de 1942, surge um novo sistema para 
regulamentar as atividades econômicas. Tal sistema aumenta a incidência no que 
concerne ao Direito Comercial, abrangendo e submetendo atividades que antes 
estavam fora de sua incidência – é o caso da prestação de serviços e atividades 
ligadas à terra – às mesmas normas aplicáveis às comerciais, bancárias, 
securitárias e industriais. Denominou-se assim, o novo sistema de disciplina das 
atividades privadas de teoria da empresa. 
Ressalta Coelho17, a nova formulação do Direito Comercial, 
ante o aparecimento deste novo sistema: 
O Direito Comercial, em sua terceira etapa evolutiva, deixa 
de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) e 
passa a disciplinar uma forma específica de produzir ou 
circular bens ou serviços, a empresarial. 
Assim, o Código Italiano de 1942 marcou o início da 
percepção moderna de empresa não pelo conceito em si, mas pelos elementos 
que a compõem, sendo resultado do grande desenvolvimento do capitalismo e da 
produção em larga escala. 
De certo que este novo sistema veio suprir as necessidades 
da sociedade que antecedeu a elaboração do Código Italiano de 1942, uma vez 
que esta sociedade e a sociedade que antecedeu a elaboração do Código 
Comercial Italiano de 1882 possuíam compreensões totalmente distintas sobre no 
 
16
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial, p. 8. 
17
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 6 ed. : Vol. I. São Paulo : Saraiva, 2002. 
21 
 
 
que dizia respeito à ciência, cultura, religião. Ademais, a produção passou de 
artesanal para industrial e a conhecida organização da atividade econômica em 
corporações de ofícios, substituídas pelos conglomerados econômicos18. 
Neste novo contexto, Lippert19 elucida o papel da empresa: 
Efetivamente a empresa passou a ocupar um papel social 
significativo, pois é dela que provêm bens, serviços e receita 
fiscal do Estado. Também é ela responsável pela 
transformação da forma pela qual sociedades, associações 
e profissionais liberais buscam alcançar a consecução dos 
seus objetivos, uma vez que é da empresa a noção de 
utilitarismo, de eficiência técnica, de inovação e de 
economicidade dos meios. 
Assim, por sua qualidade jurídica e instrumentalidade 
inequívoca inovadora, a teoria da empresa permanece delimitando o direito 
comercial da Itália até hoje. Ademais, por sua operacionalidade e por se adequar 
as exigências da disciplina que permeia a exploração de atividades econômicas 
por particulares do nosso tempo, a teoria da empresa também inspirou a reforma 
da legislação comercial, por exemplo, da Espanha em 1989 e de outros países de 
tradição jurídica romana20. 
O Código Comercial brasileiro de 1850 seguia fortemente os 
traços da teoria dos atos de comércio, entretanto, Coelho21 ressalta que: 
[...] as defasagens entre a teoria dos atos de comércio e a 
realidade disciplinada pelo Direito Comercial – sentidas 
especialmente no tratamento desigual dispensado à 
prestação de serviços, negociação de imóveis e atividades 
rurais – e a atualidade do sistema italiano de bipartir o direito 
privado começam a ser apontadas na doutrina brasileira nos 
anos 1960. 
 
18
 LIPPERT, Márcia Mallmann. A empresa no código civil: elemento de unificação no direito 
privado. p. 112-113. 
19
 Idem, p. 114. 
20
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial, p. 9. 
21
 Idem, p. 10. 
22 
 
 
Logo que o Projeto de Código Civil de 1975 adotou a Teoria 
da Empresa, estudiosos brasileiros da disciplina comercial empenharam-se em 
discutir o tema, a fim de se preparar para tal inovação trazida pela codificação 
unificada do direito privado. Todavia, o projeto não saiu do papel, tramitando com 
demasiada lentidão, ao ponto que a doutrina comercialista já desenvolvia suas 
reflexões à luz da teoria da empresa e alguns juízes começaram a decidir 
processos desconsiderando o conceito de atos de comércio, utilizando-se do 
critério da empresarialidade22. 
Neste período de transição, embora não regulamentado no 
direito comercial brasileiro a teoria da empresa, alguns dispositivos legais de 
interesse comercial já se pautaram no sistema italiano ao invés do francês, como 
exemplos o Código de Defesa do Consumidor de 1990, a Lei de Locação Predial 
Urbana de 1991 e a lei de Registro de Empresas de 199423. 
Por fim, Coelho24 destaca que o direito brasileiro, antes 
mesmo de entrar em vigor o código civil de 2002 – o qual se pautou de vez na 
teoria italiana – já vislumbrava através da doutrina, jurisprudência e até mesmo 
em leis esparsas a teoria da empresa. 
1.2 CONCEITO 
Antes de analisarmos a definição de empresa no âmbito 
jurídico, vale ressaltar a característica da empresa pela noção econômica, uma 
vez que de certo modo esta decorre de atividades econômicas. 
Nesta ótica, ressalva Requião25 que a economia política 
considera, com grande relevância, o papel da empresa como organização dos 
fatores de produção, ora já citados anteriormente. Ainda mais, relata que - 
segundo Ferri – a empresa constitui-se num organismo econômico, o qual, como 
organização se fundamenta em princípios técnicos e leis econômicas. 
 
22
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial, p. 10. 
23
 Idem, p. 10. 
24
 Idem, p. 10. 
25
 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 26 ed, atual. Vol. I. São Paulo: Saraiva, 2005. 
p. 50. 
23 
 
 
De forma objetiva apresenta-se como a combinação de 
elementos pessoais e reais, em função de um resultado econômico, cuja 
realização se perfaz pela intenção especulativa de uma pessoa, que se chama 
empresário26. 
Se atendo a proposta deste estudo, por ora, fica de lado a 
conceituação econômica de empresa e passasse a verificar a conceituação 
jurídica. 
Como explicitado anteriormente à teoria que trouxe a figura 
da empresa, adotada pelo código civil de 2002, tem origem no sistema italiano, de 
forma que ambos dispositivos não definem a empresa. 
De sorte que estes dispositivos, mais especificamente o 
brasileiro que é a legislação orientadora deste estudo, definem a figura do 
empresário e de estabelecimento, levando a soma destes uma breve conclusão 
de empresa. 
Neste sentido, Reale27, nos seus comentários ao Projeto de 
Código, caracteriza a empresa como aquela composta por: 
[...] três fatores, em unidade indecomponível; a habitualidade 
no exercício de negócios que visem a produção ou a 
circulação de bens ou serviços; o escopo de lucro ou 
resultado econômico; a organização ou estrutura estável 
dessa lucratividade. 
Deixando assim, o código civil de 2002, de atribuir o conceito 
jurídico de empresa,juristas e doutrinadores brasileiros tem discorrido na busca 
de tal compreensão conceitual. 
Dentre estas estão às formulações propostas por alguns 
autores: 
 
26
 FERRI, Giuseppe. Manuale di Diritto Commerciale. Turim: Unione Tipografia, 1956, apud, 
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 26 ed, atual. Vol. I. São Paulo: Saraiva, 2005. 
p. 50. 
27
 REALE, Miguel. O projeto de Código Civil: situação atual e seus problemas fundamentais. 
São Paulo: Saraiva, 1986. p. 119 
24 
 
 
Na concepção de Coelho28: 
Conceitua-se empresa como sendo atividade, cuja marca 
essencial é a obtenção de lucros com o oferecimento ao 
mercado de bens e serviços, gerados estes mediante a 
organização dos fatores de produção (força de trabalho, 
matéria-prima, capital e tecnologia). 
(...) 
Como atividade econômica, profissional e organizada, a 
empresa tem estatuto jurídico próprio, que possibilita o seu 
tratamento com abstração até mesmo do empresário. 
Já para Bulgarelli29: 
Atividade econômica organizada de produção e circulação 
de bens e serviços para o mercado, exercida pelo 
empresário, em caráter profissional, através de um complexo 
de bens. 
E Requião30: 
Empresa é essa organização dos fatores de produção 
exercida (...) pelo empresário. 
Assim, dentro das definições propostas pelos autores, a fim 
de dirimir o conceito jurídico de empresas, observa-se que representa consenso 
entre estes, o fator organização dentro da concepção jurídica de empresas. 
Não obstante, Coelho31 reafirma que a empresa é atividade 
organizada no sentido de que nela se encontram articulados, pelo empresário, os 
quatro fatores de produção: capital, mão-de-obra, insumos e tecnologia. 
Para Requião32, “empresa é essa organização dos fatores 
da produção exercida, posta a funcionar, pelo empresário. Desaparecendo o 
 
28
 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial.p. 3-4. 
29
 BULGARELLI, Waldirio Tratado de Direito Empresarial. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 93. 
30
 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. p. 60. 
31
 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial.p. 13. 
32
 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. p. 57. 
25 
 
 
exercício da atividade organizada do empresário, desaparece, ipso facto, a 
empresa.” 
Por esta percepção, Bulgarelli33 ainda determina ser a 
empresa composta basicamente, de três elementos: o empresário, o 
estabelecimento e a atividade econômica organizada. Para ele ocorre a 
transformação jurídica do conceito econômico, ao ponto em que se desloca a 
ênfase do conceito da organização econômica para empresário, pelo exercício 
profissional. 
Neste prisma, observa Negrão34 em sua obra, de que 
“relacionam-se o empresário, o estabelecimento e a empresa de forma íntima: o 
sujeito de direito que exercita (empresário), por meio do objeto de direito 
(estabelecimento) e os fatos jurídicos decorrentes (empresa)” 
Logo, a empresa caracterizada como atividade econômica 
organizada, revela seu valor jurídico, ao ponto que serve de referência 
orientadora para a qualificação do empresário, sem eximir a alusão ao 
estabelecimento, que emerge da conceituação de organização técnica dos bens e 
ao empresário, como agente dessa atividade, revelando a intrínseca relação entre 
os três conceitos35. 
Poderia, ainda, considerar a empresa, de um modo geral, a 
organização produtiva, através da união de trabalhadores e bens, de uso comum, 
e, de modo específico, a atividade econômica organizada exercida 
profissionalmente, o que denominaríamos, em sentido exato e jurídico, de 
empresa36. 
Em suma, verifica-se que a empresa, na nova concepção 
adotada pelo CC, seria uma atividade econômica, exercida profissionalmente pelo 
empresário, para a produção e circulação de bens e serviços, visando o elemento 
 
33
 BULGARELLI, Waldirio. Tratado de Direito Empresarial. p. 100. 
34
 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. 5 ed. rev. e atual. São Paulo: 
Saraiva, 2007. p. 46. 
35
 BULGARELLI, Waldirio. Tratado de Direito Empresarial, p. 102. 
36
 Idem, p. 102 
26 
 
 
lucro, porém, não separada também do elemento risco, inerente a esta atividade 
produtiva. 
1.3 O EMPRESÁRIO 
 
Conforme exposto nos parágrafos anteriores, embora tenha 
a legislação se omitido, quanto à definição da empresa, trouxe, todavia, a 
definição legal do empresário. 
Assim, dispôs no art. 966 do Código Civil brasileiro de 2002, 
que empresário é o profissional exercente de “atividade econômica organizada 
para a produção ou circulação de bens ou serviços.” 
Neste sentido, Bulgarelli37 conceitua o empresário como: 
[...] titular da empresa, o seu sujeito, portanto, aquele que 
tem a iniciativa da criação da empresa e que a dirige, 
correndo o risco inerente à atividade empresarial (...), além 
das funções próprias do empresário (o risco, o direito ao 
lucro e o poder supremo) o seu dinamismo, uma espécie de 
força vital que emprestaria à empresa para seu surgimento e 
posterior crescimento (...). Juridicamente, o empresário é o 
sujeito de direito, o único, aliás, reconhecido pela lei, em 
termos de representação empresarial. 
Assim também, destaca Requião38 que a iniciativa e o risco 
são elementos caracterizadores da figura do empresário, de modo que: 
o poder de iniciativa pertence-lhe exclusivamente: cabe-lhe, 
com efeito, determinar o destino da empresa e o ritmo e sua 
atividade. (...) O empresário pode valer-se, e normalmente 
se vale, da atuação e colaboração de outrem, mas a ele 
cabe a decisão, a ele compete, no caso de diversidade de 
perspectiva, escolher o caminho que lhe pareça mais 
conveniente. Compensando o poder de iniciativa, os riscos 
 
37
 BULGARELLI, Waldirio. Sociedades comerciais: sociedades civis e sociedades cooperativas; 
empresas e estabelecimento comercial. 8 ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 319. 
38
 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. p. 77. 
27 
 
 
são todos do empresário: goza ele das vantagens do êxito e 
amarga as desventuras do insucesso e da ruína. 
Dentro da definição de empresário, torna-se ainda 
indispensável realçar as seguintes noções: profissionalismo, atividade econômica 
organizada e produção ou circulação de bens ou serviços. 
A atividade torna-se àquela de produção ou circulação de 
bens e serviços que se dirigem ao mercado, como esclarece Ascarelli39: 
A produção e a troca não devem, entretanto, estar 
destinadas necessariamente ao mercado em geral; pode ser 
suficiente sua destinação a um âmbito restrito (sempre que 
não seja familiar) ou só a uma pessoa determinada (como 
para uma atividade consistente em produtos reservados 
exclusivamente a um só adquirente) ou a um mercado pré-
determinado, como sucede para uma cooperativa de 
consumo (expressamente definida como empresa no 
Código) que se dedique exclusivamente à aquisição de 
gêneros para os cooperados. 
Quanto à atividade empresarial ser econômica é no sentido 
de que busca gerar lucro para quem a explora, podendo ser o lucro o objetivo da 
produção ou circulação de bens ou serviços, ou tão somente o instrumento para 
alcance de demais finalidades40. 
 Todavia, conforme Negrão41 diferencia-se a expressão 
“econômica” das que qualificam demais atividades previstas no CC, quais sejam: 
 
39
 ASCARELLI, Tullio. Iniciación al Estudio del Derecho Mercantil. Barcelona: Bosch, 1964. p. 
155. Introdución y traducción de Evelio Verdera y Tuells, apud, NEGRÃO, Ricardo. Manual de 
direito comercial e de empresa. 5 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 47. 
40
 COELHO, FábioUhoa. Manual de Direio Comercial. p. 13. 
41
 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. p. 47. 
28 
 
 
intelectual, científica, literária ou artística42, a atividade associativa43, as 
fundacionais de fins religiosos, morais, culturais e de assistência44. 
Organizada, pois nela se encontram articulados, pelo 
empresário, os quatro fatores de produção: capital, mão-de-obra, insumos e 
tecnologia; não sendo empresário quem explora atividade de produção ou 
circulação de bens ou serviços sem alguns desses fatores. 
Tem-se ainda a produção de bens como a fabricação de 
produtos ou mercadorias e a produção de serviços, por sua vez, a prestação de 
serviços. Já a circulação de bens é a do comércio, em sua manifestação 
originária, como atividade de intermediação na cadeia de escoamento de 
mercado e a circulação de serviços como intermediação da prestação de 
serviços45. 
Quanto ao empresário, sugere Lippert46: 
[...] é empresário ou empresária toda pessoa física ou toda 
sociedade que exerce profissionalmente uma atividade, por 
meio da organização dos fatores de produção em atividade, 
e desde que tenha assumido o risco do empreendimento. 
Neste sentido, este trabalho adota a conceituação de 
empresário, como sendo aquele que exerce uma atividade econômica, através da 
organização dos fatores de produção, podendo se caracterizar como pessoa 
física ou sociedade empresária, de modo que o empresário pessoa física é aquele 
denominado de empresário individual e que estaremos analisando em seguida. 
 
42
 “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária 
ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da 
profissão constituir elemento de empresa.” BRASIL, Código Civil, parágrafo único, art. 966. 
43
 “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não 
econômicos”. BRASIL, Código Civil, art. 53. São Paulo: Saraiva, 2008. 
44
 “A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de 
assistência”. BRASIL, Código Civil, parágrafo único, art. 62. São Paulo: Saraiva, 2008. 
45
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. p.14. 
46
 LIPPERT, Márcia Mallmann. A empresa no código civil: elemento de unificação no direito 
privado. p. 141-142. 
29 
 
 
1.4 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Conforme verificamos acima, o empresário é aquele que 
exerce atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou 
serviços. Todavia, este empresário pode ser pessoa física ou pessoa jurídica, de 
modo que o empresário pessoa física é denominado de empresário individual e o 
empresário pessoa jurídica é a sociedade empresária, este último será abordado 
no próximo tópico, de modo que vale ressaltar que as regras aplicáveis ao 
empresário individual não se aplicam aos sócios das sociedades empresárias. 
Assim, temos no empresário individual a pessoa física 
(natural) que exerce a atividade econômica, empregando seu dinheiro e 
organizando a empresa individualmente. Bertoldi47 coloca que “o empresário pode 
surgir mediante o exercício empresarial desempenhado por uma única pessoa 
natural – o empresário individual”. 
Também destaca Requião48 que: 
À firma individual (hoje denominada firma mercantil 
individual pela Lei nº 8.394, de 18 de novembro de 1994, art. 
32, II, a), do empresário individual, registrada no Registro do 
Comércio, atualmente Registro Público de Empresas 
Mercantis, chama-se também de empresa individual e 
empresário, pelo Código Civil. 
O empresário individual não possui presença relevante na 
economia, visto que, em geral não explora atividades econômicas de grande 
impacto. Coelho49 destaca dois pontos importantes que demonstram esta 
situação: 
[...] em primeiro lugar, porque negócios de vulto exigem 
naturalmente grandes investimentos. Além disso, o risco do 
insucesso, inerente a empreendimento de qualquer natureza 
 
47
 BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral do direito 
comercial, direito societário. 2 ed. rev. e atual. Vol. I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 
56. 
48
 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. p. 78. 
49
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. p. 20. 
30 
 
 
e tamanho, é proporcional às dimensões do negócio: quanto 
maior e mais complexa a atividade, maiores os riscos. 
Desta forma, atividades empresarias de maior impacto 
econômico são desenvolvidas pelas sociedades comerciais, pois conjugam 
melhor a questão do investimento e perdas. 
Os empresários individuais desenvolvem então negócios 
menores, principalmente na área do varejo, como pequenas lojas de confecções, 
miudezas em geral, lanchonetes etc. Geralmente utilizará como nome empresarial 
de sua firma, seu nome de pessoa natural ou do gênero da atividade. 
É de suma importância ressaltar que o empresário individual, 
responderá com toda sua força patrimonial de forma ilimitada e que ele difere-se 
totalmente do sócio de uma empresa societária, visto que este não é empresário, 
pois “[...] como é a pessoa jurídica que explora a atividade empresarial, não é 
correto chamar de ‘empresário’ o sócio da sociedade empresária50”. 
Para ser empresário individual, a pessoa deve estar em 
pleno gozo de sua capacidade civil, sendo vedada a possibilidade de exercer a 
atividade empresarial aquele que seja considerado incapaz. 
São considerados incapazes, os menores de 18 anos não 
emancipados, ébrios habituais, viciados em tóxicos, deficientes metais, 
excepcionais e os pródigos e os índios, estes últimos regulados por legislação 
própria. Como destacado acima o menor emancipado, por qualquer das hipóteses 
elencadas em lei, pelo fato de estar no pleno gozo de sua capacidade, poderá 
exercer a atividade empresarial. 
Por fim, contata-se que o exercício da atividade econômica 
pode ser exercido por uma pessoa física, a qual arcará com todos os ricos 
inerentes a atividade, sendo denominada de empresário individual. 
 
50
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. p.64. 
31 
 
 
1.5 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 
Como visto no tópico anterior, atividades de pequeno porte, 
com baixo impacto econômico, normalmente são realizadas por uma pessoa 
natural. Todavia, atividades com maiores investimentos de capital e de pessoas, 
com diferentes capacitações e de grande impacto econômico, não subsistem com 
a pessoa natural. 
Certamente, seu desenvolvimento requer a união de 
esforços de diversos agentes, com interesse na percepção de lucros que pode 
resultar, de forma que esta união poderá assumir variadas formas jurídicas, umas 
das quais a sociedade51. 
Discorre Negrão52 quanto a sociedade empresária: 
[...] é o contrato celebrado entre pessoas físicas ou jurídicas, 
ou somente entre pessoas físicas (art. 1039), por meio do 
qual estas se obrigam reciprocamente a contribuir, com bens 
ou serviços, para o exercício de atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou 
serviços. 
Na mesma linha didática, Bertoldi53 conceitua sociedade 
empresária como “as organizações econômicas, dotadas de personalidade 
jurídica e patrimônio, constituídas ordinariamente por mais de uma pessoa, que 
tem como objetivo a produção ou a troca de bens ou serviços com fins lucrativos”. 
Destas conceituações, percebe-se que as sociedades 
empresárias são implementadas por um contrato social, cujo objeto social é a 
exploração de atividade empresarial. Caracterizam-se como ente que surge em 
 
51
 COELHO, Fabio Ulhoa. Curdo de Direito Comercial. 9 ed. Vol. I. São Paulo:Saraiva, 2006. p. 
03. 
52
 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. p. 237. 
53
 BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral do direito 
comercial, direito societário. p. 160. 
32 
 
 
decorrência de um contrato, uma sociedade contratual, que adquire personalidade 
jurídica quando devidamente registrada na Junta Comercial54. 
Assim, compreende-se a sociedade empresária como 
pessoa jurídica que explora uma empresa, através de mais de uma pessoa, 
sujeito a registro, conforme regulamentada no art. 982 do Código Civil brasileiro 
de 2002. 
As sociedades empresárias são dotadas de personalidade 
jurídica própria, cuja característica marcante é a capacidade de adquirir direitos e 
assumir obrigações por si mesmas, de forma que seu patrimônio responde por 
suas dívidas e obrigações, não se confundindo com o patrimônio de seus sócios. 
Neste sentido, vale ressaltar, que o adjetivo “empresária” diz 
respeito a própria sociedade, a titular da atividade econômica e não aos sócios, 
uma vez que não se trata de sociedade empresária referente a sociedade de 
empresários, mas sim pela identificação da pessoa jurídica, em sendo a 
organizadora da empresa55. 
Desta forma, analisando Coelho56, verifica-se que: 
Empresário, para todos os efeitos de direito, é a sociedade, 
e não os seus sócios. É incorreto considerar os integrantes 
da sociedade empresária como os titulares da empresa, 
porque essa qualidade é da pessoa jurídica, e não dos seus 
membros. 
Quanto à aquisição da personalidade jurídica, atribuída a 
sociedade empresária, após sua inscrição nos respectivo registro, esta gera três 
importantes conseqüências: Titularidade jurídica negocial, titularidade jurídica 
processual e titularidade jurídica patrimonial. 
A titularidade negocial consiste no fato de que quando um 
sócio da sociedade empresária atua em um negócio como seu representante, é a 
 
54
 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 154. 
55
 COELHO, Fabio Ulhoa. Curdo de Direito Comercial. p.5. 
56
 Idem. p.5. 
33 
 
 
sociedade empresaria que assume um dos pólos da negociação, ou seja, é a 
sociedade quem celebra o negócio jurídico, visto que o sócio que a representou 
não é parte no negócio e sim a sociedade. 
Já a titularidade processual, possui a mesma linha de 
entendimento do exposto acima, porém em relação às questões processuais, de 
modo que a sociedade empresária é capaz de demandar e ser demandada em 
juízo. A cão será endereçada a pessoa jurídica e não aos seus sócios, da mesma 
forma que será ela que recebe citação e recorre. 
Quanto à titularidade patrimonial, a sociedade empresária 
será dotada de patrimônio próprio, inconfundível e incomunicável com os dos 
sócios, de modo que ela responderá com seu patrimônio pelas obrigações que 
assumir ou que seus sócios assumirem. 
Em hipóteses excepcionais, os sócios poderão responder 
pelas obrigações da sociedade, todavia esta possibilidade deverá ser 
devidamente examinada e mesmo assim o sócio somente responderá de forma 
subsidiária, ou seja, somente quando a sociedade não tiver com que responder 
ou pelo que a sociedade não conseguiu responder na totalidade. 
Em suma, as sociedades empresárias são aqueles que 
correspondem a maior parte das atividades econômicas de nosso pais, cuja 
característica principal está na associação de mais de uma pessoa, para 
explorara atividade econômica com fins lucrativos, mediante contrato averbado 
em registro próprio, tendo personalidade jurídica própria. 
Nossa legislação pátria prevê cinco tipos de sociedades 
empresárias, quais sejam: Sociedades em nome coletivo; Sociedades em 
comandita simples, Sociedades em comandita por ações; Sociedades anônimas e 
Sociedades limitadas. Destas sociedades empresárias, apenas duas são 
utilizadas amplamente em nosso sistema econômico, qual seja a sociedade 
limitada – dado sua flexibilidade, fácil constituição e, assim, mais adequada as 
pequenas e médias empresas – e a sociedade anônima – embora mais complexa, 
é voltada para os grandes investimentos e de grande importância no mundo 
34 
 
 
econômico moderno –, sendo que as demais praticamente não estão mais sendo 
utilizadas no meio empresarial. 
A seguir passaremos a conhecer, de forma objetiva e 
sucinta, as características dos cinco tipos de sociedades empresárias para 
compreender a estrutura empresarial brasileira, afim de agregar maior 
conhecimento para o entendimento da recuperação destas empresas, que é o 
objeto deste trabalho 
1.5.1 Sociedades em Nome Coletivo 
As sociedades em nome coletivo, também denominadas de 
solidárias, são aquelas sociedades em que todos os sócios respondem 
ilimitadamente pelas obrigações sociais. É espécie de “sociedade comercial 
constituída de uma só categoria de sócios – solidária e ilimitadamente 
responsáveis pelas obrigações sociais [...]57”. 
Aliás, é a responsabilidade solidária dos sócios pelas 
obrigações sociais, subsidiariamente ao patrimônio social e de forma ilimitada, a 
principal característica desta sociedade, e a que difere de todas as demais. 
Quanto esta forma de responsabilidade, explica Coelho58: 
A exploração de atividade econômica por esse tipo de 
associação de esforços, portanto, não preserva nenhum dos 
sócios dos riscos inerentes ao investimento empresarial. Se 
a empresa não resultar frutífera – eventualidade que 
nenhum empreendedor ou investidor afasta seriamente –, 
isso poderá significar a ruína total dos sócios e de sua 
família [...]. 
Estão disciplinadas nos arts. 1.039 a 1.044 do Código Civil 
brasileiro de 2002, de modo que, embora, o Código não defina a sociedade em 
nome coletivo, a torna clara e evidente no art. 1.039 ao mencionar sua essencial 
característica, qual seja a responsabilidade solidária. 
 
57
 ALMEIDA, Amador Paes de. Manual da Sociedades Comerciais: Direito de Empresa. 15 ed. 
rev. atual. São Paulo : Saraiva, 2005. p.108. 
58
 COELHO, Fabio Ulhoa. Curdo de Direito Comercial. p.476-477. 
35 
 
 
Outra característica, também disposta no referido art. 1039, 
se dá ao fato de que somente pessoas físicas podem tornar parte desta 
sociedade, afastando totalmente a possibilidade de se constituir de sócias 
pessoas jurídicas ou até mesmo por outras sociedades empresárias 
Qualquer um dos sócios poderá administrar a sociedade em 
nome coletivo, uma vez que todos se encontram na possibilidade de fazê-la. 
Somente no caso em que o contrato designar o administrador, os demais sócios 
não poderão exercê-la, além de que não admite em nenhuma hipótese a 
administração por aquele que não sejam sócios. 
As sociedades em nome coletivo devem adotar um nome, ou 
seja, firma ou razão social59, composto pelo nome de um, de alguns ou de todos 
os sócios, seja por extenso ou de forma abreviada, acompanhados pela 
expressão “e companhia”, por extenso ou de forma abreviada também. Todavia, 
quando se utilizar de todos os nomes dos sócios, ao nome não será acrescida a 
expressão “e companhia”. 
1.5.2 Sociedades em Comandita Simples 
As sociedades em comandita simples são aquelas que se 
constituem de duas modalidades de sócios, os comanditados e comanditários, 
tendo aqueles responsabilidade solidária e ilimitada, e estes últimos, 
responsabilidade limitada. 
Requião60 explana com propriedade a ocorrência desta 
sociedade, afirmando que a sociedade em comandita simples surge: 
[...] quando duas ou mais pessoas se associam, para fins 
comerciais, obrigando-se uns como sócios solidários, 
ilimitadamente responsáveis, e sendo outros simples 
prestadores de capitais, com a responsabilidade limitada às 
suas contribuições de capital.59
 “Firma ou razão social, pois, é o nome sob o qual o empresário ou sociedade exerce o 
comércio e assina-se nos atos a ele referentes” (Almeida, 2005, p.110) 
60
 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. p.433. 
36 
 
 
Estas sociedades são reguladas pelos arts. 1.045 a 1.051 do 
Código Civil brasileiro de 2002, que deixa claro através do art. 1.045, duas 
importantes características, quais sejam: os sócios comanditados somente pode 
ser pessoas físicas e os sócios comanditários podem ser tanto pessoas físicas 
como jurídicas. 
Justamente por ter sua responsabilidade limitada, os sócios 
comanditários não podem exercer qualquer ato de gestão, ou seja, a 
administração somente poderá ser realizada pelos sócios comanditados, podendo 
ser designado no contrato social, somente um destes para o exercício da 
administração. No silêncio do contrato, todos os comanditados serão 
considerados administradores. 
Outra restrição aos sócios comanditários, diz respeito ao 
nome da sociedade, de forma que a firma ou razão social somente poderá ter o 
nome dos sócios comanditados, devendo acrescer ao final a expressão “e 
companhia”. 
Embora os sócios comanditários estejam sujeitos a estas 
restrições, estes “têm, como os comanditados, direito de participar da distribuição 
dos lucros proporcionalmente às suas cotas, bem como tomar parte das 
deliberações sociais e fiscalizar a administração dos negócios da sociedade61”. 
Ademais, nos termos do parágrafo único do art. 1.047 do 
Código Civil brasileiro de 2002, poderão – os comanditários – receber poderes 
especiais de procurador na realização de negócios determinados. 
Por fim, compreende-se a sociedade em comandita simples 
aquele que possui duas modalidades de sócios, de nominados comanditados e 
comanditários, com responsabilidades sobre as obrigações sociais de forma 
solidária e ilimitada, e limitada, está última aplicada somente aos comanditários. 
 
 
61
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. p.149. 
37 
 
 
1.5.3 Sociedades em Comandita por Ações 
As sociedades em comandita por ações são sociedades 
classificadas como sociedades de capitais e institucionais, cujo capital é dividido 
por ações. Almeida62 bem define esta sociedade como sendo: 
Aquela em que o capital, tal como nas sociedades 
anônimas, se divide em ações, respondendo os acionistas 
apenas pelo preço das ações subscritas ou adquiridas, 
assumindo os diretores responsabilidade solidária e ilimitada 
pelas obrigações sociais. 
Neste sentido, merece destaque o fato de que nas 
sociedades em comandita por ações a responsabilidade dos sócios é limitada ao 
preço da aquisição das ações, quando este acionista não participa da 
administração da sociedade, pois em havendo participação na gerência da 
sociedade, como diretor ou administrador, este responderá de forma subsidiária, 
ilimitada e solidária, às obrigações sociais constituídas durante sua gestão. Esta 
característica essencial é a que difere da outra sociedade por ações, a sociedade 
anônima. 
Esta responsabilização dos gestores da sociedade submete-
se a regras próprias elencadas nos arts. 1.091 e 1.092 do Código Civil brasileiro 
de 2002 que são consideradas regras especiais, juntamente com o art. 1.090 do 
CC, visto que a sociedade em comandita por ações é regulada pelas normas 
aplicáveis as sociedades anônimas, através da Lei n. 6.404/76. 
Ainda quanto aos administradores, importante frisar que 
estes serão obrigatoriamente sócios ou acionistas, nomeados pelo estatuto, por 
prazo indeterminado, conforme bem preceitua o art. 28263 da Lei n. 6.404/76 e o 
art. 1.09164 do CC. 
 
62
 ALMEIDA, Amador Paes de. Manual da Sociedades Comerciais: Direito de Empresa.p.154. 
63
 Art. 282. Apenas o sócio ou acionista tem qualidade para administrar ou gerir a sociedade, e, 
como diretor ou gerente, responde subsidiária, mas ilimitada e solidariamente, pelas 
obrigações da sociedade. BRASIL. Lei n. 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre 
as sociedades por ações. São Paulo: Saraiva, 2008. 
64
 Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade pra administrar a sociedade e, como diretor, 
responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. BRASIL. Código Civl.. 
38 
 
 
No tocante ao nome empresarial das sociedades em 
comandita por ações, elas poderão adotar a firma ou denominação, devendo ser 
ao final destas acrescentado as palavras comandita por ações. Em adotando 
como nome a firma, “ela necessariamente deverá conter tão-somente os nomes 
dos sócios diretores ou gerentes65”. 
Por derradeiro, destaca-se que nestas sociedades a 
assembléia geral não tem poderes, para sem a anuência dos administradores, 
mudarem objeto essencial da sociedade, prorrogar seu prazo de duração, 
aumentar ou reduzir o capital social, criar debêntures66 ou partes beneficiárias, 
conforme estabelecido no art. 1.092 do Código Civil brasileiro. 
1.5.4 Sociedades por Ações 
Como já mencionado anteriormente, em sendo o objeto 
principal deste trabalho o estudo do instituto da recuperação judicial especial, 
neste tópico iremos nos ater apenas às noções gerais das sociedades por ações, 
visto que se trata de sociedade bastante complexa, com diversas peculiaridades, 
cujo conhecimento não é imprescindível para a compreensão deste trabalho. 
A sociedade por ações, também chamada de sociedade 
anônima, é pessoa jurídica de direito privado, cujo capital social é dividido em 
ações – espécie de valor mobiliário representativo de um investimento – as quais 
são livremente negociadas, cujos sócios respondem pelas obrigações sociais de 
forma limitada ao preço de emissão das ações que possuírem. 
Neste sentido, discorre Bertoldi67: 
Pago o preço da ação, está o sócio liberado de qualquer 
outra responsabilidade patrimonial, de forma que os 
insucessos da sociedade não irai interferir na esfera de seu 
 
65
 BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral do direito 
comercial, direito societário. p.204. 
66
 Do latim debo, debui, debitum, que significa dever, obrigação, as debêntures são títulos de 
créditos emitidos pelas sociedades anônimas, em decorrência de empréstimos por elas 
obtidos junto ao público. Os titulares de debêntures são, portanto, credores das sociedades 
anônimas emissoras. (Almeida, 2005, p. 244) 
67
 BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral do direito 
comercial, direito societário. p.243. 
39 
 
 
patrimônio pessoal. Esta característica é tida como um 
atributo facilitador capaz de aglutinar um volume grande de 
recursos para a sociedade, na media em que o acionista 
sente-se mais à vontade para nela ingressar. 
São assim, típicas sociedades de capital, onde não há 
restrição na negociação das ações, de modo que o importante é a contribuição 
dos sócios para a construção do capital social, não tendo significado as 
qualidades pessoais de cada sócio. Os sócios, justamente pela divisão do capital 
social em ações, são denominados de acionistas. 
Estas sociedades, independente da natureza de suas 
atividades, serão sempre empresárias e estão sujeitas as normas estabelecidas 
na Lei das Sociedades por Ações, Lei n. 6.404/76, sendo o Código Civil aplicável 
apenas nas omissões da lei, conforme dispõe o art. 1.089 do CC. 
O nome da sociedade anônima, não poderá utilizar-se de 
firma ou razão social, devendo sempre ter a forma de denominação. Seu nome 
deverá sempre fazer menção ao seu ramo de atividade, contudo, poderá ainda 
utilizar “o nome do fundador, acionista ou de outra pessoa física que tenha 
contribuído para a formação da empresa68”. 
Na denominação, deverá ainda constar as expressões“sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviadamente – S/A ou 
Cia. – sendo que esta última expressão somente poderá ser utilizada no início ou 
no meio do nome empresarial, pois se, como bem coloca Almeida69: “utilizada ao 
final da denominação poderá designar qualquer das diversas sociedades de 
pessoas, causando com isso confusões manifestamente prejudiciais, o que 
faltamente ocorreria se adotássemos”. 
As sociedades anônimas classificam-se em duas espécies, 
abertas ou fechadas, que se referem à permissão ou não permissão de 
 
68
 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. p.387. 
69
 ALMEIDA, Amador Paes de. Manual da Sociedades Comerciais: Direito de Empresa. p.175. 
40 
 
 
negociarem os valores que emitem, na bolsa de valores70 ou no mercado de 
balcão71. O critério de identificação destas categorias de sociedade anônima é 
simplesmente formal72. 
As sociedades anônimas abertas são aquelas que negociam 
os valores mobiliados que emitem no mercado de valores, a fim de captar 
recursos. Bertoldi73 tem que a sociedade aberta: 
Caracteriza-se pelo fato de buscar recursos junto ao público 
em geral, oferecendo os valores mobiliários de sua emissão 
a qualquer pessoa, indistintamente. [...] Exige a lei que, para 
que a companhia possa ofertar ao público valores 
mobiliários, é necessário seu registro junto à CVM74. 
Já as sociedades anônimas fechadas são o inverso, uma 
vez que não negociam suas ações e outros títulos mobiliários de sua emissão, a 
fim de captar recursos junto ao público em geral. 
Discorre Almeida75 quanto à sociedade fechada: 
É companhia que não formula apelo à poupança pública, 
obtendo recursos entre os próprios acionistas ou 
subscritores. É a rigor a sociedade anônima tradicional, 
restrita a famílias ou grupos e que, por isso mesmo, 
dispensa a tutela estatal, ao contrario do que ocorre com a 
companhia aberta, sujeita à fiscalização e controle da 
Comissão de Valores Mobiliários. 
 
70
 “é uma entidade privada, resultante da associação de sociedades corretoras, que exerce um 
serviço público, com monopólio territorial [...] para a venda e aquisição de valores mobiliários”. 
(Coelho, 2007, p.186-187) 
71
 “compreende toda operação relativa a valores mobiliários, realizada fora do mercado da Bolsa 
de Valores, por sociedade corretora e instituição financeira ou sociedade intermediária 
autorizada”. (Coelho, 2007, p.186) 
72
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. p.185. 
73
 BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral do direito 
comercial, direito societário. p.250. 
74
 “[...] é uma autarquia denominada Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Essa autarquia foi 
criada pela Lei n. 6.385, de 1976, e juntamente com o Banco Central exerce a supervisão e o 
controle do mercado de capitais, de acordo com as diretrizes traçadas pelo Conselho 
Monetário Nacional – CMN”. (Coelho, 2007, p.186) 
75
 ALMEIDA, Amador Paes de. Manual da Sociedades Comerciais: Direito de Empresa. p. 
41 
 
 
Desta forma, compreendem-se as sociedades anônimas 
como as sociedades caracteristicamente de capitais, cujo capital social é divido 
por ações, classificadas como abertas ou fechadas, além de mais peculiaridades 
dispostas na Lei das Sociedades anônimas. 
1.5.5 Sociedades Limitadas 
A sociedade limitada é o tipo de sociedade mais utilizado em 
nossa economia. Hoje, sua representatividade entre as sociedades empresárias 
registradas nas Juntas Comerciais, está acima dos 90%76. 
Ela é bem consentida no meio empresarial, por dois fatores 
importantíssimos, que a caracteriza e a torna tão eficaz. Estes fatores são 
expostos por Fazzio Júnior77 “garante aos sócios contra os indesejáveis efeitos 
patrimoniais suscetíveis de ocorrer nas sociedades ilimitadas; e ao mesmo tempo, 
dispensa a complexão estruturação das sociedades por ações [...]”. 
Em relação à primeira característica, qual seja, a 
responsabilização dos sócios de forma limitada as obrigações sociais da 
sociedade, elas permitem que estes possam minimizar as perdas, em caso de 
insucesso da empresa.Isto porque “uma vez integralizado todo o capital da 
sociedade, os credores sociais não poderão executar seus créditos no patrimônio 
particular dos sócios. Preservam-se os bens deste, assim, em caso de falência da 
limitada78”. 
Desta forma, explica Almeida79, que nestas sociedades 
[...] cada sócio assume para com a sociedade a obrigação 
fundamental de contribuir com o valor de sue quota-parte, 
para com a constituição do capital social. Contudo, todos os 
sócios têm a responsabilidade solidária pelo total do capital 
social, como enfatiza o art. 1.052 do N. Código Civil [...]. 
 
76
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. p.157. 
77
 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. p. 195. 
78
 COELHO, Fábio Uhoa. Manual de Direio Comercial. p.153. 
79
 ALMEIDA, Amador Paes de. Manual da Sociedades Comerciais: Direito de Empresa. p.126. 
42 
 
 
A segunda característica, acima destacada de Fazzio Júnior, 
diz respeito a livre vontade nas relações entre os sócios, sem os rigores e as 
complexidades legais adotadas para as sociedades anônimas, até mesmo porque 
em sendo a limitada uma sociedade contratual. 
Assim “a sociedade limitada tem como nota predominante 
uma elástica margem de liberdade de estruturação, principalmente, em cotejo 
com a burocrática formatação das companhias [...]80”. 
Importante ressaltar que as sociedades limitadas são 
caracterizadas como sociedades híbridas, uma vez que possuem características 
de sociedades de pessoas e de sociedades de capital. Discorre Almeida81 com 
propriedade ao explicar esta característica das sociedades limitadas: 
Constitui-se por simples contrato, tal como as sociedades de 
pessoas. Nela assume especial relevo o relacionamento 
pessoal entre os sócios, traço inequivocadamente marcante 
das sociedades de pessoas Por outro lado, tal qual as 
sociedades de capital, atribui aos sócios responsabilidade 
limitada, podendo, outrossim, prever a aplicação supletiva de 
normas da sociedade anônima. [...]. Distingue-se 
sobremaneira das demais espécies de sociedades, 
circunstâncias que autorizam defini-la como sociedade 
híbrida, isto é, nem de pessoas nem de capital, mas 
composta de elementos comuns a ambas. 
No que tange a legislação aplicável as sociedades limitas, 
estas estão regulamentadas pelos arts. 1.052 a 1.087 do Código Civil brasileiro de 
2002, de modo que “naquilo que tais disposições legais forem omissas, aplicar-
 
80
 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. p.195-196. 
81
 ALMEIDA, Amador Paes de. Manual da Sociedades Comerciais: Direito de Empresa. p.142-
143. 
43 
 
 
se-á as normas da sociedade simples82, salvo se o contrato social prever a 
regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima83”. 
A administração das limitadas poderá ser exercida por um 
ou mais sócios, além de pessoas não sócias, mediante designação no contrato 
social. 
Com efeito, estabelece o art. 1.061 que o contrato social 
poderá permitir administradores não sócios, sendo que, sua 
designação depende de unanimidade dos sócios enquanto o 
capital social ainda não estiver integralizado, e de dois 
terços, no mínimo, após a integralização do total do capital 
social84. 
Destaca-se ainda, que as sociedades limitadas podem 
adotar como nome empresarial a forma de firma ou denominação. Quando optar 
pela firma, esta deverá ser composta pelo nome de um, de alguns ou todos os 
sócios, seguidos da expressão “limitada”. Já na forma de denominação,pode 
constituir-se também com o nome de um dos sócios ou por fantasia, devendo 
constar, necessariamente, o objeto da sociedade, conforme preceitua o § 2º do 
art. 1.158 do Código Civil brasileiro de 2002, além da expressão “limitada”. 
Assim, verifica-se que a legislação brasileira possui clara a 
definição de empresa, sendo esta atividade econômica organizada, através do 
empresário, de forma profissional. A empresa pode ser exercida por empresário 
ou sociedade empresaria, sendo que há alguns tipos de sociedades empresárias 
regulamentas no Brasil. Ocorre que, quando estas empresas encontram-se em 
crise financeira, faz-se necessário que mecanismos entre em ação, a fim de evitar 
seu colapso. Para tanto, nossa legislação criou um mecanismo legal que dispõe 
acerca desta reorganização da empresa em crise, e que será objeto de analise do 
próximo capítulo. 
 
82
 É aquela sociedade não exercente de atividade econômica organizada para a produção ou 
circulação de bens e serviços, se dedicando a atividade econômica civil, quais sejam as 
sociedades de profissionais intelectuais ou dedicadas à atividade rural sem registro na Junta 
Comercial. (Coelho, 2007, p. 111) 
83
 BERTOLDI, Marcelo M. Curso Avançado de Direito Comercial: teoria geral do direito 
comercial, direito societário. p.215. 
84
 Idem, p.217-218. 
44 
 
 
CAPÍTULO 2 
RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
2.1 HISTÓRICO 
Ao analisar a origem do instituto da Recuperação de 
Empresas, faz-se necessário uma breve consideração aos institutos da falência e 
da concordata, visto que destas surgiu à necessidade de criar outros mecanismos 
àqueles considerados insolventes, culminando no instituto objeto deste trabalho. 
A falência é um antigo instituto ligado as obrigações, que 
nos primórdios, possuía claro caráter punitivo, fazendo com que o falido fosse 
considerado infame e exposto a degradação pública. 
Segundo Almeida85 seu nascimento está atrelado ao direito 
romano através do concurso de credores, vindo a ser efetivamente disciplinada na 
Idade Média com a expansão do comércio terrestre e marítimo. Justamente nesta 
fase ela é vista como um delito, impondo-se aos falidos penas de prisão até 
mutilação, motivo este da expressão falência, do verbo latino fallere, que significa 
enganar, falsear. 
Superada esta fase, ainda segundo o mesmo autor86 tendo a 
falência não mais como um delito, mas como um processo de execução 
patrimonial, distinguindo bons e maus pagadores, buscou-se evitar as danosas 
conseqüências da quebra, ou seja, da falência aos bons pagadores, por meio da 
chamada moratória, que seria a dilação das obrigações do devedor para eventual 
solvência, que nada mais foi do que a antecessora da conhecida concordata. 
A principal finalidade do instituto da concordata era proteger 
o devedor honesto, que por motivos diversos se encontrava endividado, da 
 
85
 ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresa. 22 ed. São 
Paulo: Saraiva 2006. p. 6. 
86
 Idem, p. 297. 
45 
 
 
falência, e conseqüentemente de seus drásticos resultados. Assim, afirma 
Almeida87: 
A concordata, com efeito, pondo fim, a uma série 
interminável de abusos, constituiu-se na solução jurídica 
destinada a salvar o empresário dos percalços da falência, 
consistindo, naquela oportunidade, o meio eficaz para 
assegurar a sobrevivência da empresa, considerada, nos 
dias atuais, verdadeira instituição social [...]. 
A concordata originou-se no direito romano, consolidando-se 
também na Idade Média, embora o direito já abrigasse vários institutos jurídicos 
que buscavam a composição entre o devedor e seu credor realizando, de certa 
forma, a recuperação econômica. 
No direito brasileiro, destaca Almeida88 que a primeira 
concordata a ser introduzida foi “a concordata suspensiva, assim denominada 
aquela concedida no decorrer do processo falimentar, quando era restituída ao 
falido a livre administração dos seus bens”. 
Neste sentido, o Código Comercial de 1850, hoje revogado, 
dispunha em seu art. 847: 
Para ser válida a concordata suspensiva da falência, exige-
se que seja concedida por um número tal de credores que 
represente pelo menos a maioria destes em número, e dois 
terços no valor de todos os créditos, sujeitos ao efeito da 
concordata. 
Assim, a concessão da concordata no antigo artigo disponha 
que esta somente seria concedida, em havendo a concordância dos credores, 
característica marcante deste instituto à época. 
Todavia, em 1890 o Decreto n. 917, trouxe ao direito 
brasileiro a concordata preventiva que, conforme o nome mesmo prediz, era 
 
87
 ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresa, p. 298. 
88
 Idem, p. 299. 
46 
 
 
aquela requerida preventivamente, a fim de evitar a decretação da falência. A 
concordata preventiva era dividida em duas especiais: a extrajudicial e a judicial. 
Como os nomes mesmos já indicam a concordata 
extrajudicial era aquela firmada extrajudicialmente entre devedor e credores, com 
a posterior homologação judicial e a concordata judicial era aquela que desde o 
início era levado em juízo, por isso claramente judicial. 
A Lei n. 2.024 de 17 de novembro de 1902, consolidou de 
vez as concordatas preventivas e suspensivas, excluindo-se a concordata 
preventiva extrajudicial. Todavia, o Decreto-lei n. 7.661 de 21 de junho de 1945, a 
antiga Lei de Falências, alterou profundamente a lei 2.024, que pôs fim a 
exigência da aprovação dos credores, adotando a concordata, a partir desta data, 
caráter de favor judicial concedido pelo juiz. 
Almeida89 destaca que: 
Independente da vontade dos credores, desde que 
atendidas às exigências legais, poderia o devedor 
comerciante obter sua concordata e, com o seu integral 
cumprimento, restabelecer seus negócios, recuperando o 
indispensável equilíbrio econômico-financeiro para a 
continuidade da atividade negocial. 
Desta forma, a concordata constituía-se na única 
possibilidade jurídica para salvar a empresa, demonstrando a importância em que 
operou o instituto, que, todavia, ao passar dos tempos, necessitou de sucessíveis 
alterações, numa evolução gradativa, que resultou no surgimento da recuperação 
judicial90. 
Analisando a recuperação de empresas, um pouco mais 
detalhado em sua origem, constata-se que bem antes da edição da atual Lei de 
Falências, já se propunha meios de recuperar ou salvaguardar as empresas. 
 
89
 ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresas. 2006. p. 300. 
90
 Idem, p. 299. 
47 
 
 
Em sua obra, Ronconi91 destaca que, embora, muitos 
doutrinadores manifestam-se sobre a sua origem a partir da Segunda Guerra 
Mundial, onde as conseqüências da guerra geraram uma forte queda das 
empresas, de modo que os governos das nações atingidas por estes efeitos 
buscassem mecanismos para o reerguimento das empresas e de suas 
economias, ela remonta a épocas anteriores a este período. 
Ressalta ademais o autor92, que conforme se infere da obra 
de Requião, o instituto da recuperação de empresas não é inovação no sistema 
brasileiro, sendo de certo um reavivamento já estudado anteriormente. Cita como 
exemplo da busca pela recuperação no ordenamento jurídico brasileiro, o Alvará 
de 1756, outorgado no ano posterior ao terremoto que assolou Lisboa, gerando 
desorganização e ruína do comércio e da navegação desta cidade, revendo as 
Ordenações Filipinas, no que tratava da matéria. 
No passar do tempo, as Leis foram sendo aprimoradas até o 
aparecimento da concordata, por exemplo, que foi uma busca pela recuperação 
de empresa, conforme se verificou no tópico anterior.

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