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(Artigo) Alice Latife El Ajami e Priscila Bárbara Cavalcante As Manifestações de Junho de 2013 no Brasil na Visao de Max Weber

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
Curso de Graduação em Ciências Sociais 
 
 
 
 
 
 
AS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013 NO BRASIL 
NA VISÃO DE MAX WEBER 
 
 
 
 
 
 
 
Alice Latife El Ajami 
Priscila Bárbara Cavalcante 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2013 
O mundo moderno oferece uma enorme gama de possibilidades e possui fontes inesgotáveis de 
informações, que se renova a cada minuto, sobrecarregando os indivíduos que não conseguem absorver 
tantas informações, isso é devido ao advento da globalização. 
Em um curto espaço de tempo muitas coisas estão ocorrendo ao mesmo tempo pelo mundo e o 
entendimento de fatos que já aconteceram há mais tempo e sobre o que esta acontecendo agora na maioria 
das vezes foge à compreensão e não tem explicações bem formuladas. Sociólogos proeminentes que 
enxergavam além de suas épocas desenvolveram teorias, mas apesar de serem por vezes de séculos 
anteriores ao que estamos vivendo, suas teorias ainda podem ser usadas para compreender a sociedade e 
ação dela nos dias atuais. 
 
 
Sobre as manifestações - A revolta dos vinte centavos 
Movimento que reuniu centenas de pessoas nas vias públicas a fim de reivindicarem seus direitos que 
estavam sendo lesados em face ao último aumento da tarifa dos transportes coletivos. Pode se dizer que o 
aumento das passagens por mais que tenha sido de apenas R$0,20 centavos, acabou por se tornar mais caros 
comparados a outros aumentos, por ter funcionado como um detonador para outras insatisfações enfrentadas 
pela população. As manifestações iniciadas a princípio sem liderança teve começo na capital do estado de 
São Paulo em junho de 2013. 
Com razões e a princípio com contrariedades comuns, o silêncio que até então pairava nas ruas do 
Brasil, foi ganhando lugar para um grito que há muito tempo se fez silencioso para os indivíduos contrários 
ao rumo do país. Estando em busca não somente de seus direitos que estavam sendo lesados, mas da procura 
de soluções para tamanha incoerência em virtude das disparidades existente no país. 
Não se restringindo apenas em São Paulo, em menos de dois dias as principais capitais e várias 
cidades do Brasil estavam fervilhando de pessoas, dentre eles jovens estudantes, partidos de esquerda e de 
direita, anarquistas, skinheads, blackblocker, sindicatos, apartidaristas, anti-partidaristas, classes baixa e 
média, sendo esta última constituída por pessoas escolarizadas e não politizados em sua grande maioria, 
além dos infiltrados que tem objetivos de desmoralizar as manifestações. São na sua grande maioria 
cidadãos que nutriam um único sentimento em comum, a resposta para mudança que tanto clama o país. 
Essas manifestações são caracterizadas pela falta de uma única liderança e uma pauta uniforme, os 
indivíduos que a princípio questionavam o aumento da tarifa, se viram na necessidade de levar para as ruas 
cada divergência individual que lesava o coletivo, em qualquer esfera de erros. À medida que as 
manifestações foram se consolidando, a mídia iniciou um processo de deturpação da imagem dos 
manifestantes de acordo com os interesses particular dos contrários a esse despertar, o que ressaltou a 
necessidade de regular os encontros que estavam acontecendo ocasionalmente, abertura de diálogos entre os 
indivíduos para serem vistos pelo governo de forma plausível, e uma definição primária do que deveria ser 
reivindicado de forma mais coerente. De forma rápida e natural utilizaram como principal veículo de 
comunicação em massa às redes sociais, a qual se criavam eventos, assembléias públicas, encontros para se 
discutir o que estava sendo solicitado como mudança. 
Após esses encontros, pode-se perceber o quão vasto eram as necessidades de melhorias. Das 
discussões iniciais ressalta-se preocupação -tardia- com os gastos excessivos para a realização da Copa 2014 
e a atual Copa das Confederações a qual exigiu que o país realizasse obras que não eram prioridade para na 
conjuntura atual do país; a precariedade da atual situação da mobilidade urbana; a PEC 37, e ao visível e 
descabido descaso com os hospitais, a necessidade de melhorias na área de saúde pública, a falta de 
investimento na educação. Em consequência a isso, as manifestações foram se consolidando politicamente 
em um viés esquerdista em face ao não posicionamento e depoimento do atual governo, o que se fez ver 
facilmente nas ruas com a fusão dos indivíduos mais politizados se misturando com a massa do senso 
comum numa espécie de “experimentação empírica”. Utilizado pela mídia como o despertar do "gigante" e 
pelos manifestantes como "o gigante acordou", uma espécie de nacionalismo se voltou contra as instituições 
e grandes esferas na vida pública que ate então se mantinham incontestáveis como: a política num viés mais 
amplo (políticos, partidos, casas legislativas, etc.), a igreja (conflito maior com as protestantes), ao 
monopólio da mídia e da informação, entre outros. 
A consolidação dessa força que é vista através da união da coletividade, levou os manifestantes às 
ruas sem medir esforços, a união de ideais foi reforçada quando se iniciaram os confrontos entre indivíduo e 
estado na forma mais crua possível, quando a polícia militar que deveria apenas acompanhar e regular as 
manifestações começou a entrar em conflito a fim de assegurar uma ordem em nome da "segurança" pública. 
Esses conflitos se intensificaram na medida em que deixou de existir acordos entre população e Estado, 
legítimos cenários de guerra poderia se ver nas ruas, polícia militar, soldados do exercito e força nacional. 
Atualmente, as manifestações não cessaram de vez, mas devido ao posicionamento do atual governo 
e o pronunciamento da presidente do país, houve uma diminuição nos encontros. Por ainda não se ter 
nenhuma mudança e melhora significativa não se sabe qual pode ser o fim das manifestações e quais ações 
podem ser tomadas até o alcance dos fins estabelecidos pelos cidadãos. 
Aplicação das teorias de Marx e Durkheim com a manifestação 
Na disciplina de Sociologia I, foram estudados três importantes autores Marx, Durkheim e Weber. 
Como seriam explicadas as manifestações pela visão deles? 
Marx importante pensador da história e Durkheim grande pensador da sociedade são considerados 
coletivistas metodológicos, para eles o único objeto considerado válido é o coletivo, que é exterior ao 
homem, já Weber seria um individualista metodológico, não um individualista teórico, mas um pensador da 
cultura que dá ênfase na ação humana. 
Marx preocupou-se principalmente com as relações de produção, as forças produtivas e o modo de 
produção, para ele o grande motor do capitalismo é a luta de classes. Quando as relações de produções 
deixam de ser compatíveis com as forças produtivas, elas se tornam obsoletas nas relações de produção, a 
partir daí ocorreria uma revolução. Nesse aspecto as manifestações não poderiam ser consideradas como 
uma revolução, pois não há luta de classes, nem confronto direto entre a burguesia e o proletariado. Não 
somente a classe baixa, mas também classe média esta presente nas manifestações. 
Os fatos sociais, os princípios de integração social são objetos centrais na sociologia de Durkheim. 
Para este a sociedade é superior ao indivíduo, uma autoridade que guia o indivíduo como agir. As estruturas 
sociais por sua vez, independentes do indivíduo, o condiciona em suas ações, sendo assim o indivíduo 
modelado pela sociedade. 
Durkheim explicaria as manifestações através da anomia, uma espécie de doença na sociedade que 
seria a expressão de crise, a perda de efetividade ou a degradação das normas sociais e dos valores vigentes 
em uma sociedade moderna que sofreuintensas transformações sociais. Desta forma a incapacidade da 
estrutura social em proporcionar aquilo que as pessoas precisam para superarem os desafios da sociedade faz 
com que a consciência coletiva enfraqueça e o indivíduo perca sua identidade e sem objetivos. Porém a 
anomia não consegue explicar as manifestações, uma vez que os manifestantes conseguem definir o que é 
ético e o que não é ético, o certo do errado, e são orientados por valores, isso pode ser exemplificado pelos 
infiltrados, que têm objetivos e estratégias bem definidas. 
Além disso, os manifestantes não possuem uma coesão social, não tem moral coletiva nem uma 
consciência única, estes estão dispersos, há múltiplas motivações para participação da manifestação e a 
pauta defendida por estes não são compartilhados por todos, há reivindicações de caráteres distintos desde a 
legalização do aborto e da maconha, a retirada de políticos do poder. 
Desta forma Marx e Durkheim não seriam os melhores autores para poder explicar as manifestações. 
 
 
Sob a ótica de Weber 
A ação social para Weber é todo tipo de ação que o indivíduo faz e se orienta pela ação de outros. 
Weber acredita que a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto de ações individuais. A ação 
social pode ser dividida em quatro ações fundamentais: ação tradicional que é aquela determinada por um 
costume, a ação afetiva que é determinada sentimentos, a racional com relação a valores que é determinada 
pela crença consciente num valor considerado importante e a racional com relação a fins que é determinada 
pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários. Estes conceitos ajudam a explicar a 
realidade social, mas não pode se dizer que são a realidade social. 
O indivíduo tem sua ação orientada por valores, interesses e objetivos, sua conduta é motivada e 
 ponderada. Os manifestantes possuem seus motivos para estarem nas ruas, e tem objetivo de serem ouvidos 
em suas insatisfações e interesses nos pedidos de melhorias. A manifestação é um meio para se alcançar um 
fim, e pode trazer consequências não pensadas da ação social. Nem sempre agindo socialmente se pode 
alcançar fins. Se haverá respostas para as demandas populares ainda é um enigma a ser decifrado nos 
próximos dias, ou meses, mas a população parece não se cansar de ir para ruas e mostrar sua inconformação. 
O Brasil não é o único país que tem sua população descontente, é o caso do Egito e da Turquia em que 
milhões de pessoas estão indo a rua em protesto. 
 
 
Crise de legitimidade 
Segundo Weber nenhuma dominação contêm-se voluntariamente com motivos puramente materiais 
ou afetivos ou racionais referentes a valores, como possibilidades de sua persistência, todas procuram 
despertar e cultivar a crença em sua „legitimidade‟, mas e quando essa crença se quebra? 
Pode-se dizer que as manifestações populares no Brasil são reflexos de uma crise de legitimação do 
poder público. A dominação legítima é quando há servidão voluntária, havendo perda de legitimidade do 
governo e do poder público ele deixa de ser legítimo, há uma crise e as pessoas não querem obedecer mais, 
nem se submeter a estes. 
 
 
Três tipos puros de dominação para Weber 
A dominação é, para Weber, a capacidade de encontrar obediência para um mandato. Ela pode encontrar 
inúmeros motivos pessoais ou sociais, como a capacidade de obter vantagens por parte de quem obedece ou 
basear-se única e cegamente na vontade do servo em obedecer o seu senhor, pode basear-se em afeto, 
relações parentais e outros tantos motivos. As relações puras de dominação, para Weber, são três e estão 
entrelaçadas, como visto à seguir: 
A dominação legal é o tipo que se baseia em um estatuto de regras. Seu tipo mais puro é a 
burocrática, pois não recebe nenhuma influência de outos modelos de dominação. Sua liderança é eleita, 
nomeada ou designada. Os quadros administrativos são nomeados e a obediência se dá à regra, ao cargo, e 
não à figura que o ocupa em si. A obediência é em serviço de uma utilidade, um fim objetivo. O superior 
assim o é devido à meritocracia, à maior especialização para se atingir este objetivo. As relações dos 
subordinados são contratuais e as recompensas salariais. Existe a possibilidade do indivíduo ascender na 
hierarquia operacional. Essa dominação é típica de governos e empresas, onde a aderência e a renúncia são 
tidas como “livres” para o dominado. 
A dominação tradicional surge na crença dos dominados na autoridade de poderes há muito 
existentes. A associação do dominante é de caráter comunitário. Ela se baseia na fidelidade e na constante 
legitimação dos “súditos” em sua autoridade (a do “senhor”). Sua autoridade está baseada em um estatuto de 
regras bem estabelecidas com a tradição e está limitada a determinado espaço geográfico. Não existe 
meritocracia direta nem competência, os cargos administrativos são nepotistas, vassalais ou ligados a 
pessoas que possuem laços bem estabelecidos de fidelidade com o senhor. São todos “dependentes” de sua 
vontade e autoridade. Sobre essa dominação, pode definir uma dominação puramente patriarcal, onde os 
seus dominados são totalmente dependentes dele (escravos ou servos), não existe nem possibilidade de 
ascensão social nem qualquer accountability por parte do dominante. A outra dominação é a estamental, 
onde os dominados não são dependentes do senhor e podem exercer algum exercício autônomo de poder sob 
sua jurisdição. 
A dominação carismática se dá por relações afetivas e devoção a um indivíduo por suas 
capacidades extraordinárias, seja o carisma, o heroísmo, o messianismo ou a oratória. Os tipos puros são o 
profeta, o herói e o grande demagogo. Sua autoridade sobre os seguidores se dá enquanto o que o caracteriza 
como extraordinário é legítimo para os seus seguidores. Competência é algo que não existe na escolha dos 
cargos administrativos, que são selecionados pelo carisma e decisão livre do líder. A objetividade é a de 
caráter mais “irracional” e “momentânea” em relação às outras formas de dominação. O líder carismático 
consegue manter sua dominação se não encontrar também outra dominação carismática capaz de fazer 
rivalidade à sua. A liderança carismática está ligada às grande revoluções, mas em sua forma totalmente 
pura tem o caráter dominador e autoritário. A dominação carismática é cotidiana e totalmente pessoal na 
relação entre seguidores e senhor. 
É importante ressaltar que estes são tipos puros de dominação, e na realidade prática, estes podem 
estar misturados, havendo mais de uma dominação existindo ao mesmo tempo. O tipo de dominação 
predominantemente nos dias atuais é a racional-legal. 
Na modernidade não há mais tradição, há a racionalização do mundo, a rotina não é mais baseada na 
ética substancial. O Estado moderno não se define pelo seu fim, e não esta para garantir a paz social, ele é 
uma organização política que monopoliza a força física, assim o estado moderno não é de direito, mas de 
força. 
Na tradição o campo do hábito é baseado em crenças, em verdades absolutas, “do dever ser”, de um 
dogmatismo entranhado na crença das pessoas, assim as regras são reproduzidas. Já os valores eram 
sagrados e vinham da autoridade que se encontrava no poder. 
As formas de dominação se ampliam para outras instituições como o estado, a ciência e a igreja. A 
igreja é a monopolização da graça, só através da igreja seria possível salvar a alma. Por sua vez a ciência 
monopoliza o direito de proferir verdades válidas obedecendo aos dados empíricos. Quem quer fazer ciência 
tem que se adequar aos parâmetros da ciência, assim como quem quer fazer parte do mercado tem que se 
adequar as suas leis, percebe-se que há umalógica própria e que para fazer parte é preciso se submeter, pois 
já é algo consolidado, um tipo de dominação sólida e legitimada. 
Para Weber a ciência não tem pretensão de dizer se a vida vale à pena, nem se deve ser vivida, pois 
caso contrário a ciência entraria no campo de valores, como um dogma. A ciência teria como pressuposto a 
dedicação pela busca da verdade objetiva, através de métodos, racionalização e compromisso com a 
integridade. Weber acreditava na neuturalidade da ciência e da política na sua integridade de explicar a ação 
humana e era considerado um romântico em sonhar com uma só ciência, um só conhecimento, e é criticado 
por outros sociólogos pela sua crença. Para Foucault Weber era ingênuo, pois o mundo moderno é amparado 
na ciência em saberes científicos e a ciência diz como devemos viver e a ciência se tornou promíscua ao se 
tornar mais normativa do que deveria ser. 
O capitalismo é a forma social mais importante, este apresenta uma legalidade própria, por esta razão 
pode ser explicado o modo da qual o capitalismo pode estar no mundo inteiro, sendo o sistema econômico 
universal, é por causa dessa legalidade própria que o capitalismo funciona. Mas o capitalismo não se regula 
pela bondade e sim no egoísmo e na ganância dos homens, é possível visualizar isso pela contradição que o 
capitalismo gera: abundância de alimentos e produtos e inúmeros miseráveis que não possuem condições 
para comprar o que necessitam e morrem por falta de condições básicas de subsistência. Outro exemplo são 
as empresas de ônibus que lucram bilhões por anos e que aumentam a passagem todo ano ou mais de uma 
vez em menos de 12 meses. Quando aumentaram R$0,20 centavos na passagem de São Paulo, e ocorreu 
manifestações populares para mostrar o descontentamento da população quanto a isso houve políticos que 
disseram que era muito pouco dinheiro para estarem reclamando daquilo, estes mesmos políticos quando 
pressionados pelas manifestações populares sabem da diferença desse valor ao fim do ano nos lucros dos 
donos de transporte. Exemplo disso foi o prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda que após vários dias de 
manifestações populares ofereceu redução de míseros R$0,05 centavos na passagem de ônibus. Com a 
pressão feita pelos manifestantes que ficaram insatisfeitos com a proposta, o prefeito tiraria mais R$0,05 
centavos do valor da passagem que somados daria uma diminuição de R$0,10 centavos do valor de R$2,80. 
Como foi falado por aí: “Tudo isso por apenas R$0,20?” fica a questão: se é tão pouco porque não oferecer 
esse mesmo valor na diminuição da passagem? Sendo que esta redução de R$0,10 centavos não será tirada 
do lucro das empresas de ônibus, mas de taxas da BHTrans e outras tarifas. 
Se for mais fundo nessa questão descobre-se que quem financia as campanhas políticas é o exercito 
de mercenários, são os empresários capitalistas, donos de empresas de ônibus que fazem este investimento 
esperando “pedir” o favor retribuído mais tarde. Weber diz que a política não é ética, esta foi expulsa de sua 
rotina, o que leva ao desencantamento, pois fica evidente que os valores saíram do mundo. Este autor 
também diz que é preciso se defender dos políticos medianos, do político da mediocridade que usa a política 
para seus próprios interesses, ao em vez de viver para política, vive da política. O político deve ser um 
estadista e é isso que Weber deseja ao seu país.(Alemanha). 
 
 
Estado: monopólio da força física e seus meios de exercê-la 
Para Weber, o Estado moderno não se caracteriza por seus fins, mas pelos meios específicos que lhe 
é inerente, e nesse caso através do uso legitimo da coação física. Não sendo o único método utilizado para 
manter a ordem, a violência se faz necessária e ao mesmo tempo o método mais específico, assegurando 
Weber que caso não existisse essa ressalva para o uso da força física inexistiria o Estado e todos viveriam 
numa verdadeira “anarquia”. 
Frente a isso o Estado se denomina como o único a ter o monopólio do uso da força física, não 
reconhecendo e admitindo ela entre os indivíduos. Consistindo na relação de dominação de indivíduo para 
indivíduo, se viu sem força aparente para manter a ordem de forma pacifica nas manifestações, afinal a força 
é o uso que regula o poder. A população com o intuito de pressionar o Estado enquanto poder legislador agiu 
de forma violenta para instaurar a pressão que desejavam que as autoridades vissem, o que conduziu o 
Estado a exercer sua função de manter a ordem através dos policiais, fazendo com que o Estado através de 
seus meios de dominação utilizassem de força física para legitimar a pressão e resistência que o Estado deve 
representar para os indivíduos dominados. 
A garantia da dominação através do Estado moderno se consolida a partir de três formas distintas: 
dominação tradicional, dominação carismática, dominação legal como explicado anteriormente. Entretanto, 
na modernidade, o emprego da coação física pode ser também assumido por outras instituições afins ao 
Estado, desde que ele assim o determine. Um bom exemplo para esta passagem é o poder que a mídia tem de 
conduzir os fatos no Brasil de acordo com os interesses do dominador. Umas das solicitações levadas às ruas 
foi a necessidade de se ter uma mídia de acesso e informações democráticas, que não sejam pautadas de 
opiniões de uma classe mais interessada a manter o controle sobre os indivíduos. A queda de um veículo de 
comunicação que trabalha e trabalhou para o Estado quando se viu coagido pela população, o qual se 
empenhou grandiosamente na deturpação das imagens dos manifestos e nas informações errôneas às classes 
sem acesso direto à realidade de se fazia nas ruas. 
As manifestações populares do Brasil estão sendo comparadas com a Primavera Árabe, que foi uma 
onda de protestos e revoluções ocorridas no oriente médio e norte do continente africano onde a população 
tomou as ruas para tirar os ditadores do poder que ficaram no controle por várias décadas. Assim tem sido 
feito uma analogia, chamando essas manifestações que estão acontecendo no Brasil de Primavera Brasileira, 
mas diferente deles que tiverem um objetivo comum, claro e unânime fazendo obter mais eficácia em seu 
objetivo os protestos no Brasil estão difusos, sem liderança e sem uma pauta definida. 
O fato dos brasileiros em sua maioria não serem politizados faz com que falas sem coerência e 
veracidade sejam adotadas pelo senso-comum sem que tenham conhecimento de causa, e que sejam 
defendidos por novos adeptos, um exemplo é a presidente que é o símbolo máximo de poder imaginário da 
população estar sendo crucificada de todas as formas, por “crimes e erros” que não seriam da alçada da 
presidente, pois há três poderes, o legislativo, o executivo e o judiciário, tendo conhecimento é fácil de 
discernir que ela só tem ação sobre o poder executivo e que as demais reclamações tem que ser direcionadas 
aos órgãos que tem competência de resolvê-los, mas para as pessoas que pouco sabem de política não há 
diferença, por isso há um grande risco delas caírem em armadilhas, se tornando massa de manobra, pois 
deste modo deixa aberta brechas para que os oportunistas se aproveitem. 
A príncipio as manifestações se deram contra o aumento das passagens, e ao longo do processos o 
público das manifestações foram agregados, e „sequestrados‟ pela extrema direita. Esta vem com bandeiras 
do Brasil, rosto pintado, cantando hino do Brasil e coloca em sua pauta temas como “contra corrupção”, 
contra PEC 37, “fora partidos”. Se adotado o lema pode se chegar a uma situação como o Golpe Militar de 
64, o cenário não foi tão distinto: manisfestações sociais, estudantis e populares, o resultado foi o presidente 
João Goulart deposto e uma ditadura militarinstaurada. Se a manifestação continuar sem uma liderança há o 
grande risco das manifestações tomarem um caráter fascista. De certo modo já há um fascismo velado, a 
partir do momentos que quererem tirar os políticos do poder, causando instabilidade política. O que 
acontecerá ainda é algo inédito e que só o tempo poderá dizer qual será o destino do Brasil. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
WEBER, Max. Economia e sociedade - Cap. I e III - 1864-1920 
WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações - 1864-1920 
WEBER, Max. Conceitos sociológicos fundamentais - 1864-1920

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