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A ARTETERAPIA PROMOVENDO HABILIDADES SOCIAIS EM pessoas com deficiência.pdf

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Universidade Potiguar – UNP 
Alquimy Art 
Curso de Especialização em Arteterapia 
Pós-Graduação lato sensu 
 
 
 
 
 
 
 
A ARTETERAPIA PROMOVENDO HABILIDADES SOCIAIS EM 
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
 
 
 
 
 Vivian Rosa Batista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia, GO 
 2007 
 
 
 2 
VIVIAN ROSA BATISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ARTETERAPIA PROMOVENDO HABILIDADES SOCIAIS EM 
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
Pesquisa apresentada à UNP – Universidade 
Potiguar e a Alquimy Art, SP, como parte dos 
requisitos para a obtenção do título de 
Especialista em Arteterapia. 
Orientadora: Flora Elisa de Carvalho Fussi 
 
 
 
 
 
Goiânia, Go 
2007 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ARTETERAPIA PROMOVENDO HABILIDADES SOCIAIS 
EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
 
A ARTETERAPIA PROMOVENDO HABILIDADES SOCIAIS 
EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 BATISTA, Vivian Rosa 
 A Arteterapia Promovendo Habilidades Sociais 
em Pessoas com Deficiência 
 
 Vivian Rosa Batista – Goiânia; [s.n.], 2007 
 59 p. 
Monografia (Especialização em Arteterapia) – UNP, 
Universidade Potiguar. Alquimy Art, SP. 
 
 Palavras-chaves: 1. Arteterapia, 2 Habilidades Sociais, 
 3. Deficiência. 
 
 Palavras-chaves: Habilidades sociais, Arteterapia, 
Deficiência. 
 
 4 
 
 
 
 
 
Universidade Potiguar – UNP 
Alquimy Art 
 
 
 
 
 
A ARTETERAPIA PROMOVENDO HABILIDADES SOCIAIS EM 
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
 
 
 
 
Monografia apresentada pela aluna Vivian Rosa Batista ao curso de 
Especialização em Arteterapia em 27 de outubro de 2007 e recebendo a 
avaliação da Banca Examinadora constituída pelos professores: 
 
 
 
 
___________________________________________________________ 
Profa. Flora Elisa de Carvalho Fussi, Orientadora 
 
___________________________________________________________ 
Profa. Dra. Cristina Dias Allessandrini, Coordenadora da Especialização 
 
___________________________________________________________ 
Profa. Convidada Msc Anete Maria de Oliveira 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 Dedico este trabalho aos pacientes que me 
inspiraram a buscar um aperfeiçoamento 
profissional facilitador do encontro entre mente, 
corpo e alma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
Agradeço a todas as pessoas que contribuíram para a realização 
desta pesquisa: 
 Aos participantes do grupo que tiveram disposição e 
interesse em participar das oficinas arteterapêuticas.. 
 A todos os professores, principalmente à Flora pela 
maestria, sabedoria e paciência ao repassarem os conteúdos. 
 Helena Maria, pela amizade sincera e persistência 
admirável que nos uniu, deixando para trás amigas que desistiram entre 
elas Regina de Fátima Moreira que agora trilha outros caminhos. 
 Ao Max Luiz da Mota por todo incentivo expresso nas 
atitudes de amor e que ao final dessa pesquisa já não era mais um 
namorado, e sim um esposo compreensivo e grande admirador do meu 
trabalho. 
 Aos familiares, principalmente à minha mãe Zildenê e à avó 
Ana (in memorian), modelos de garra e vitória em minha vida. 
 Às pacientes: Vitória (in memorian), S. e demais pacientes 
por tudo que me proporcionaram, pelo amor, a tranqüilidade, a disposição 
e as descobertas. 
 A todos vocês, muito obrigado por terem chegado aqui 
comigo e acima de tudo muito obrigado a Deus, fonte de inspiração 
divina. 
 
 
 
 
 
 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Tente de alguma maneira, fazer alguém feliz. 
Aperte a mão, dê um abraço, um passo em sua 
direção. Aproxime-se sem cerimônia. Dê um 
pouco do calor de seu coração. Assente-se 
bem perto e deixe-se ficar muito tempo, ou 
pouco tempo. Não conte o tempo de se dar. 
Deixe o sorriso acontecer. E não se espante se 
a pessoa mais feliz for você”. (MIRANDA & 
MIRANDA, 1991) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
RESUMO....................................................................................................09 
ABSTRACT................................................................................................10 
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................11 
2. O ENCONTRO COM A ARTETERAPIA: UMA TRAJETÓRIA 
PESSOAL E PROFISSIONAL...................................................................16 
3. A RELAÇÃO ENTRE HABILIDADES SOCIAIS E SAÚDE................. 21 
 3.1 – O Processo Criativo Favorecendo o Desenvolvimento de 
Habilidades Sociais................................................................................ 26 
4. A RELAÇÃO ENTRE ARTETERAPIA E DEFICIÊNCIA.................. 32 
 4.1 – Arteterapia na Atualidade............................................................ 37 
5. ARTETERAPIA NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES 
SOCAIS................................................................................................. 41 
5.1 – Participantes................................................................................ 44 
5.2 – Recursos Desenvolvidos nas Oficinas........................................ 45 
5.3 – Procedimentos ................................................................................45 
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS................................. 53 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 56 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 57 
 
 
 9 
RESUMO 
 
A ARTETERAPIA PROMOVENDO HABILIDADES SOCIAIS EM 
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
 
 
A pesquisa descreve teorias e técnicas que demonstram a Arteterapia 
como recurso terapêutico no desenvolvimento de habilidades sociais. O 
trabalho foi desenvolvido numa instituição de saúde que abriga pessoas 
com deficiências, localizada em Goiás. Teve por objetivo desenvolver 
habilidades sociais em indivíduos com déficits nesta área. Para isso foi 
desenvolvido um trabalho de grupo que constou de participantes adultos, 
que apresentavam dificuldades de relacionamento interpessoal agravado 
por uma deficiência física e/ou mental. Depois de levantadas as 
dificuldades partiu-se para a intervenção, desenvolvida conjuntamente 
com uma facilitadora. Foram utilizados vários recursos e técnicas, tais 
como: colagem, expressão corporal, pintura em tela, pintura em papel 
canson, relaxamento, dança circular, contos e outros. Obteve-se com esta 
pesquisa, um resultado satisfatório já que os participantes melhoraram, 
consideravelmente, a qualidade de suas relações desenvolvendo suas 
habilidades sociais através da criatividade. Independente da abordagem, 
e das técnicas adotadas ressalta-se, ao termino do estágio e ao concluir 
esta, que a arteterapia é capaz de proporcionar experiências profundas e 
resultantes da integração do indivíduo. 
Palavras-chaves: Arteterapia, Habilidades Sociais, Deficiência. 
 10ABSTRACT 
 
THE ARTETERAPIA PROMOTING SOCIAL ABILITIES IN PEOPLE 
WITH DEFICIENCY 
 
 
The research describes theories and techniques that demonstrate the 
Arttherapy as therapeutical resource in the development of social abilities. 
The work was developed in a health institution that shelters people with 
deficiencies, located in Goiás. It had for objective to develop social abilities 
in individuals with déficits in this area. For this a group work was 
developed that consisted of adult participants, who presented difficulties of 
interpersonal relationship aggravated by a physical and/or mental 
deficiency. After raised the difficulties it was broken for the intervention, 
developed jointly with a therapeutics. Some resources and techniques had 
been used, such as: glue, corporal expression, painting in screen, painting 
in paper canson, relaxation, dances to circulate, stories and others. It was 
gotten with this research, a satisfactory result since the participants had 
improved, considerably, the quality of its relations developing its social 
abilities through the creativity. Independent of the boarding, and the 
adopted techniques it is standed out, to it I finish it period of training and 
when concluding this that the arttherapy is capable to provide deep and 
resultant experiences of the integration of the human baing. 
Word-keys: Arteterapia, Social Abilities, Deficiency. 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
O interesse em pesquisar este assunto partiu da observação de 
que as relações interpessoais socialmente adequadas favorecem a saúde 
do indivíduo e de pessoas com quem este se relaciona (amigos, 
familiares, cuidadores, profissionais da área da saúde). 
Outro fator foi a realidade observada na prática que comprovou 
que a deficiência dos participantes do grupo era potencializada devido à 
dificuldade de se expressarem. 
Este trabalho fundamentou-se principalmente na abordagem 
analítica Junguiana e foi complementado por recursos da abordagem 
cognitivo comportamental, que tem investigado e desenvolvido técnicas 
bastante eficazes para o desenvolvimento de habilidades sociais. 
A proposta desta pesquisa foi avaliar a eficácia de um programa 
de treino em habilidades sociais através da Arteterapia sobre o 
desenvolvimento de comportamentos socialmente habilidosos em 
indivíduos com déficits nesta área. 
Sabe-se que a Arteterapia integra conhecimentos advindos de 
várias áreas como filosofia, antropologia, artes, psicologia e outras. 
Trata-se de uma abordagem de atuação terapêutica que 
compõe teorias gerais e técnicas (expressivas e vivenciais) tais como: 
desenho, pintura, colagem, música, expressão corporal, visualização, 
 12 
escrita criativa, relaxamento, entre outros, facilitando o desenvolvimento 
de potenciais criativos, conseqüentemente reduzindo o sofrimento 
psíquico, favorecendo o processo de cura. 
Por possuir a formação em psicologia e atuar em uma 
instituição hospitalar filantrópica que atende pacientes com deficiências, 
constatei as restrições da profissão e a necessidade de obter recursos 
para atuar com esta clientela. 
A pessoa com deficiência apresenta um problema de 
relacionamento social ou comportamental, devido a sua limitação física, 
cognitiva ou mental além da dificuldade de expressão e 
consequentemente de serem compreendidos, necessitando muitas vezes 
de uma abordagem mais flexível e dinâmica. 
Tentando alcançar este público, procurei o curso de Arteterapia 
visando, atender esse meu anseio profissional, já no primeiro módulo tudo 
indicava que estava no caminho certo: o de possibilitar a auto-expressão 
e a resolução de conflitos internos destes pacientes deficientes tão 
excluídos da sociedade. Pessoas que em sua maioria tem uma limitação 
no nível de comunicação verbal e não verbal, apesar de possuírem 
potencialidades que lhes permitem readquirir o controle, em maior ou 
menor grau, sobre suas vidas e além de tudo, atender às necessidades 
vigentes no processo de viver. 
Vale ressaltar, que não foi um percurso tão fácil, pois as teorias 
e vivências atingiam o próprio eu, e como bem relatavam nossas mestras, 
“antes de praticar com o outro é preciso primeiro vivenciar a técnica” 
(Allessandrini, 2004). E é realmente vivenciando que se constrói uma 
 13 
compreensão mais completa e humana dos processos psíquicos internos 
e externos. 
Foram várias as descobertas vivenciadas ao longo do curso, 
por isso sempre foi exigido pelos professores que estivéssemos em 
processo analítico. Essa dica reafirma para os futuros arteterapeutas a 
importância de jamais atuarem com auto-suficiência e resistência, além de 
conscientizar que o processo analítico é fundamental para a formação 
pessoal e profissional. 
É preciso cautela para não ser tomado pela fantasia de curador, 
e ignorar o fato de que a verdadeira cura só acontece quando o paciente 
entra em contato com seu “médico inconsciente” e dele recebe ajuda. 
A verdade é que nossas próprias feridas, se mal resolvidas, 
podem de fato influenciar no processo terapêutico, no sucesso do 
profissional e, principalmente, no processo de cura do paciente 
(Groesbeck, 1983). 
Por isso o terapeuta precisa permitir ser analisado e iluminado 
pelo paciente, pois é lidando com a dificuldade do outro e vice-versa, que 
entramos em contato com o arquétipo do médico ferido, como explica 
Jasper (apud Groesbeck 1983), com as seguintes palavras: 
 
Só quando o médico tiver sido tocado profundamente pela doença, 
infectado por ela, mobilizado, amedrontado, comovido, só quando ela 
tiver se transferido para ele, continuado nele e obtido um referencial 
em sua própria consciência – só então e só nessa medida poderá 
lidar com ela eficazmente (p.85). 
 
 14 
Franz (1999) reforça o que foi citado anteriormente, afirmando 
que, o processo de cura requer uma superação das próprias feridas, do 
sentimento de Deus criador, ou da mãe protetora que possui qualidades 
maternais que cuida dos indefesos e sofredores. 
Para tornar esta pesquisa mais abrangente trocaria o termo 
médico por “pessoa”, já que qualquer um pode ser acometido pelo 
arquétipo de cura, inflar o ego, e quem sabe se tornar um “Semi-Deus”, 
dotado de tal perfeição angelical, sobrenatural, que seria impossível uma 
relação real como cita Jung (apud Robertson, 1992). 
É aí que se instala o problema do terapeuta, do médico, do líder 
religioso e de qualquer outro ser humano. O agravante é que, só após um 
talentoso processo analítico, esse ser superior descobrirá sua verdadeira 
essência humana. 
Aceitar que o analista apenas ajuda e apóia neste processo de 
cura, e que não é um Deus Soberano, nem sempre é fácil e indolor, 
porém torna possível superar a inflação do ego e compreender que não é 
o responsável pela cura, mas sim um meio facilitador. 
Ciente do perigo de inflar o ego, e de se deixar dominar pelo 
sentimento de onipotência, busquei recursos para trabalhar as 
dificuldades profissionais e também pessoais ao longo deste estudo. 
E devido a este interessante contexto, busquei abandonar 
determinados arquétipos ao longo do curso, inclusive o arquétipo do 
médico ferido que aqui amenizarei, usando o termo “arteterapeuta em 
formação”. 
 15 
Esta palavra “em formação”, citada por uma das organizadoras 
do curso, acolhi como parte do meu dicionário da vida, pois realmente foi 
de grande sabedoria ao nos citar estas palavras. Não sei se para as 
outras alunas esta frase foi tão significativa quanto para mim, mas a partir 
daquela data descobri que sou uma “pessoa em formação”, uma filha em 
formação, umaesposa em formação, uma Psicóloga em formação, uma 
Arteterapeuta em formação, e se Deus permitir estarei em constante 
formação até o fim dos dias... 
Enfim, esta pesquisa aborda um trabalho arteterapêutico com 
pessoas deficientes que nos levam, de forma mais humana, ao resgate do 
amor-próprio e da capacidade de facilitar a “cura” de forma amorosa 
através da ampliação da consciência, como afirma Bernardo (2001). 
Acredito que esta pesquisa é mais uma contribuição para 
aqueles que tenham interesse por assuntos como: habilidades sociais, 
saúde, e atuação com pacientes deficientes, e contribui também para os 
mais variados estudos na área da Arteterapia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
2. ENCONTRO COM A ARTETERAPIA UMA TRAJETÓRIA PESSOAL E 
PROFISSIONAL 
 
 
Para compreender melhor o interesse pela arteterapia e a 
escolha desta pesquisa é importante descrever a trajetória que ocasionou 
este meio. 
Foi no curso de psicologia que deparei com a complexidade do 
ser humano, percebi o quanto era difícil, atingir a sua essência, resgatar a 
espontaneidade, a autenticidade e a criatividade. 
Como era difícil enquanto psicóloga, lidar com mecanismos de 
defesa, anseios, afetos e desafetos, coisas que apenas os cinco anos e 
meio de formação de teorias e práticas na área não alcançavam. 
Com o diploma na mão, surgiram as primeiras experiências de 
atendimento psicológico. Quantas dúvidas! Como e com quem usar 
aquelas técnicas, com o tempo logo fui descobrindo o caminho. 
Tentando responder a estas perguntas continuei meu trabalho, 
que corria muito bem até que, numa bela tarde de sexta-feira, no último 
horário de atendimento, entrou em meu consultório uma família e me 
apresentou essa emocionante história que irei relatar, a qual foi primordial 
para minha busca pela Arteterapia. 
Iniciei o atendimento com simples palavras: “Bom dia! Vamos?” 
Entraram pai, mãe e filha (numa cadeira de rodas), essa aqui citada por 
um nome fictício, Vitória. 
 17 
Nascida em nove de agosto de 1970, graduada em Letras, 
falava fluentemente inglês, gostava de sair e se divertir, uma jovem como 
qualquer outra da sua idade, talvez mais menina ainda como relatavam 
seus pais. 
Cheia de desejos e expectativas procurou novas oportunidades 
fora do Brasil, mudou-se para os Estados Unidos para trabalhar e estudar, 
lá começou uma nova vida, logo conseguiu emprego, amigos e inclusive, 
um namorado. Apaixonou-se perdidamente, chegaram a ficar noivos, 
planejando assim uma vida a dois. 
No entanto, o casamento esperado não aconteceu, pois o noivo 
resolveu romper a relação... Aqui saímos bruscamente de uma história de 
romance e entramos numa tragédia... 
Vitória não se conformou com o término do relacionamento, 
buscou a pior de todas as soluções para o problema: tentou suicídio com 
“overdose” de medicamentos, ficou desacordada no seu apartamento, até 
que seus amigos percebendo sua falta no trabalho resolveram procurá-la 
e ao arrombar a porta, lá estava ela caída, desacordada no chão do 
banheiro. 
A jovem ficou quarenta dias em coma, até que a família 
conseguiu dinheiro para trazê-la para o Brasil, onde tentaram vários 
tratamentos e recursos, passando por vários hospitais. 
Após esta quarentena de dúvidas e diagnósticos, Vitória 
conseguiu sair do coma, porém, com “lesão encefálica por ingestão de 
coquetel químico”. 
 18 
Dependendo da localização da lesão, segundo Francisquetti 
(2005) apresentam-se subdivisões chamadas de anatômicas: a paraplegia 
(comprometimento de membros inferiores); a triplegia (comprometimento 
de três membros); e a hemiparesia (quando apenas um lado do corpo é 
acometido). 
 Em determinados casos ocorre uma alteração denominada de 
espasticidade, o qual ainda não é totalmente compreendido pela 
comunidade científica, que mantém os músculos ativos através de 
movimentos involuntários, os quais, do no ponto de vista da pessoa 
afetada, podem tornar-se bastante incômodos e, em determinadas 
situações limitar a vida ativa ou até mesmo impossibilitá-la (Wikipédia, 
2007). 
A partir de extensa avaliação clínica, realizada por vários 
profissionais da área de saúde, concluíram que a paciente em questão 
tinha uma lesão cerebral com um quadro de tetraplegia espástica, 
conceitos estes que já foram detalhados anteriormente. 
Foi assim que conheci Vitória, uma vida aprisionada em uma 
cadeira de rodas, presa por faixas para a cabeça e o corpo não caírem e 
para conterem a espasticidade das pernas. Palavras, não saíam de sua 
boca, apenas o choro que expressava o aprisionamento da sua alma. 
Quando olhei nos olhos daquela jovem tinha a certeza de que 
poderia fazer algo por ela, vários profissionais já haviam desistido, 
acreditavam que não havia nenhuma função psíquica em funcionamento. 
E agora? Onde estavam as teorias? Quais técnicas poderiam 
provar o contrário? Como atender uma pessoa que não verbalizava, não 
 19 
gesticulava?... Essas foram algumas das dúvidas que me afligiram na 
época. Foi então buscando resposta para essas perguntas que encontrei 
a Arteterapia. 
Foi a fala pela arte, o encontro pela expressão e a cura pela 
criatividade. Foi tudo isso que a arteterapia me proporcionou uma 
possibilidade a mais de atuação, um recurso a mais para atingir aquilo 
que muitas vezes para as terapias breves são inatingíveis. Na verdade me 
possibilitou a oportunidade de ao menos tentar de uma maneira mais 
criativa me encontrar enquanto pessoa, enquanto profissional e a partir 
daí, ir de encontro com o outro. 
A Arteterapia me permitiu estabelecer um vínculo com Vitória e 
juntas descobrirmos quantas habilidades sociais ela ainda possuía e 
quantas ainda desenvolveria, foi desta forma que procurei um recurso 
facilitador para o desenvolvimento de suas habilidades por outros meios 
que não só a fala, que no seu caso estava limitada a ruídos. 
Assim aconteceu, na minha vida o encontro da Psicologia, 
ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais, 
com a Arteterapia, meio através do qual cada indivíduo pode encontrar 
possibilidades de expressão para, através de técnicas e recursos 
artísticos, elaborar, compreender e externalizar artisticamente seu 
potencial criativo (base da Arteterapia). 
Vitória despertou em mim aquilo que estava escondido: a 
criatividade, a espontaneidade, a arte de ser terapeuta antes escondida 
no meio das teorias e técnicas. Essa descoberta abriu um leque de 
 20 
oportunidades de atuação para os pacientes de tipologias diversas, 
principalmente pessoas com deficiência. 
Iniciou-se a partir de então, o estudo teórico-prático da 
Arteterapia, a formação de um grupo terapêutico composto apenas por 
deficientes que, com a ajuda de outra facilitadora, atendia uma média de 
dois a oito pacientes, chegando até mais em algumas sessões. 
Foi um trabalho interessante e para saber mais sobre este 
estudo e os resultados alcançados nessa belíssima trajetória, só 
concluindo a leitura desta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
3. A RELAÇÃO ENTRE HABILIDADES SOCIAIS E SAÚDE 
 
 
O termo Habilidade Social (H.S.) relaciona conceitos como 
assertividade, empatia, competência social, habilidades de comunicação e 
outros. Uma das definições mais completas sobre o tema é apresentada 
por Caballo (1996, p.365): 
 
O comportamento socialmente habilidoso é o conjunto de 
comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto 
interpessoal que expressa os sentimentos, atitudes, desejos, opiniões 
ou direitos desse indivíduo de um modo adequado à situação,respeitando esses comportamentos nos demais (...). 
 
Trabalhos focados em habilidades sociais são teoricamente 
complementados por estudos na área das habilidades cognitivas como: 
analisar recursos; passos e procedimentos para solução de problemas; 
tomar decisões, pensar criticamente e desenvolver o auto-conhecimento; 
habilidades para manejo de estresse, como identificar fontes de estresse, 
buscar recursos para lidar com estressores de vida; fortalecer a auto-
eficácia; controlar impulsividade; manejar ansiedade; lidar com o tempo e 
corrigir distorções de pensamento que geram estresse. 
Enfim, ensinar o indivíduo a lidar consigo e com o mundo, além 
de desenvolver habilidades de adaptabilidade a circunstâncias adversas 
de vida e prevenir o desenvolvimento de problemas emocionais e 
comportamentais. 
 22 
Para as pessoas com inabilidade em se expressar e se 
relacionar, estes comportamentos socialmente habilidosos são 
fundamentais. Os autores Del Prette & Del Prette (1999) explicitam da 
seguinte forma: 
VERBAIS DE CONTEÚDO: fazer, responder perguntas, lidar 
com críticas, opinar, concordar, discordar, agradecer, auto-revelar, etc. 
VERBAIS DE FORMA: latência, duração, bradilalia, taquilalia, 
volume, modulação, transtornos da fala, etc. 
NÃO VERBAIS: contato visual, sorriso, gestos, expressão facial, 
postura corporal, contato físico, etc. 
CONHECIMENTOS PRÉVIOS: sobre a cultura e ambiente, 
sobre os papéis sociais, auto-conhecimento. 
EXPECTATIVAS E CRENÇAS: planos, metas, valores 
pessoais, auto-conceito, auto-eficácia versus desamparo, estereótipos. 
ESTRATÉGIAS E HABILIDADES DE PROCESSAMENTO: 
leitura do ambiente, resolução de problemas, auto-observação, auto-
instrução, empatia. 
FISIOLÓGICOS: taxa cardíaca, respostas eletromiográficas, 
respiração, resposta galvânica da pele, fluxo sanguíneo. 
OUTROS COMPONENTES: atratividade física e aparência 
pessoal. 
Estes comportamentos que incluem tanto aspectos verbais 
quanto não-verbais influenciam a comunicação, ou seja, a relação 
humana. Portanto, a inabilidade nesta área prejudica a qualidade de vida, 
 23 
o bem-estar, as interações sociais e favorece desajustes sociais, tais 
como, timidez, isolamento social e problemas psicossomáticos. 
Em se tratando de problemas psicossomáticos, Gimenez (1994, 
p.44) afirma que, “o fato de um paciente somatizar (...), não significa que 
ele não simbolize, mas sim, que essa simbolização acontece no plano 
somático” acrescenta também o fato de que seria um grande redutivismo 
restringir o processo de simbolização ao nível verbal ou abstrato. 
De acordo com esta teoria, percebe-se que o indivíduo que tem 
dificuldade para se expressar e o faz de forma somática é porque perdeu 
a conexão do corpo com seu inconsciente somático, de modo que a parte 
instintiva, fantasiosa, se desconectou da orgânica. 
Com base nesta conexão, entre corpo-mente ou psique-soma, 
Jung (apud Robertson 2002) explicita que quanto maior a cisão entre 
estes, maior a capacidade do ser humano em adoecer, este adoecimento 
se evidencia no sintoma físico, que é um símbolo que expressa 
corporalmente a manifestação contida no inconsciente. 
O indivíduo faz uma tentativa de integrar a consciência ao 
instinto reprimido, porém devido à dificuldade de expressão no nível mais 
consciente, o sintoma corporal se manifesta. Quando este sintoma se 
manifesta, o indivíduo passa a se queixar de uma doença orgânica, sem 
se dar conta que o conteúdo desencadeador dessa sensação fisiológica é 
advinda de um sentimento conflitivo. 
Jung (apud Robertson 2002) descreveu vários métodos, para 
trabalhar estes conflitos, nos quais pode se realizar a transição dos 
conteúdos inconscientes, sintomas orgânicos ou emocionais, para o plano 
 24 
consciente. Dentre estes métodos, que auxiliam o indivíduo na 
compreensão desta manifestação, encontra-se a Arteterapia, q 
Fazendo referência à afirmação de Diniz (2002): 
 
A Arteterapia se utiliza de técnicas expressivas para a amplificação 
(desenho, modelagem, pintura, dramatização, caixa de areia, entre 
outras), leva a esse movimento de circunscrever o símbolo sem 
interpretá-lo, sem reduzí-lo, ao contrário, amplificando-o (p.145). 
 
Por meio da utilização destas técnicas, se torna possível a 
representação mental, a simbolização do sintoma e conseqüentemente a 
transformação do todo. 
Vale ressaltar, que as técnicas e os recursos para o tratamento 
devem ser escolhidos com muita cautela, para não cair no erro de tratar 
toda doença como psicossomática, e fazendo uma analogia: tratar um 
câncer como se fosse uma depressão, ou tratar uma depressão como se 
fosse um câncer. 
Estas técnicas são muito úteis para pessoas que apresentam 
uma limitação genética ou adquirida, ou seja, uma deficiência. Muito 
embora, os indivíduos com distúrbio e retardo mental, tem acentuado 
déficits de habilidade social, devido às várias deficiências cognitivas, o 
que limita a possibilidade de atuação. Dependendo do grau de 
comprometimento os recursos puramente verbais acabam se tornando 
disfuncionais para o tratamento dos mesmos. 
Como grande parte da vida é construída de interações com 
outros indivíduos, os que evitam contatos e preferem se isolar 
 25 
socialmente são mais propensos aos problemas psiquiátricos, segundo 
Del Prette & Del Prette (1999), além do fato de que questões emocionais 
reprimidas e relações sociais insatisfatórias podem facilitar doenças 
físicas. Essa é a questão que torna o desenvolvimento de habilidades 
sociais importantes na qualidade de vida, principalmente na vida do 
deficiente que é tão discriminado e isolado pela sociedade. 
Ao falar de qualidade de vida e promoção de saúde, percebe-se 
que este conceito mudou muito. Atualmente o padrão social idealiza e 
cobra perfis de indivíduos esteticamente perfeitos, com total com controle 
emocional, facilidade de se relacionar, sensibilidade, empatia, 
assertividade, inteligência emocional, status social, aparência pessoal 
entre outros. 
No entanto, este perfil foge aos padrões tradicionais 
internalizados, anula a história pessoal ou coletiva do indivíduo, podendo 
ser fator motivador ou aprisionador. No caso de Vitória, a busca por um 
padrão social a aprisionou a cadeira de rodas. 
Aqui faço uma relação da cadeira de rodas com o livro “A Pipa e 
a Flor” de Rubem Alves (1994). Conta a história de uma flor presa, 
enterrada ao chão vendo, várias pipas voarem livremente, como libertá-
la? E como libertar várias outras rosas presas em seus conteúdos 
emocionais reprimidos no inconsciente e mal resolvidos? Essa analogia 
reporta à nossa atuação profissional de promover e facilitar o processo de 
cura e favorecer a saúde. 
Por isto, os profissionais precisam estar preparados para 
saberem como contribuir com seus conhecimentos; seja psicólogo, 
 26 
fisioterapeuta, médico, arteterapeuta, entre outros; de modo a usar 
adequadamente os recursos para prevenção e promoção de saúde junto 
ao paciente com ou sem deficiência. 
Por esse motivo, e outros citados anteriormente, a relação entre 
corpo-mente, se torna imprescindível no processo de transformação, e as 
habilidades de se relacionar colaboram muito para este processo. Eis 
porque é fundamental aprofundar no desenvolvimento de habilidades 
sociais para a promoção da saúde, e porque esta área tem incitado o 
desenvolvimento de pesquisas que identifiquem recursos eficazes, por 
isso as terapias expressivas como a arteterapia, que procura desenvolver 
a criatividade são fundamentais facilitadores desta correlação. 
 
 
3.1 O Processo Criativo Favorecendo o Desenvolvimento deHabilidades Sociais 
 
 
Conforme citado anteriormente a criatividade é fundamental 
para manter a saúde do indivíduo, visto que mantêm a espontaneidade do 
processo criador que associado a materiais artísticos, como pintura, 
modelagem, desenho, e outros propiciam efeitos terapêuticos, podendo 
ser auto-curativas (Philippini, apud Santos 2002). 
Diante disso entende-se que o homem cria e re-cria o mundo na 
medida em que dirige um olhar imaginativo sobre ele. É esse modo de 
olhar que possibilita a fantasia, a imaginação, a criação. Para Jung (apud, 
 27 
Torre 2005), o instinto cultural por excelência abre um tempo e um espaço 
para a imagem e é esse o original ato criativo do homem. 
No processo criativo e no ato de criar, de imaginar, de fantasiar, 
de refletir, de ver através dos fatos, de perceber as imagens além da 
aparência, enfim nesse relacionamento cultivado com a alma, com as 
experiências e vivências que o ser humano pode chegar a se conhecer e 
conseqüentemente desenvolver suas potencialidades e habilidades 
jamais exploradas. 
Jung (apud Torre 2005), ao designar a capacidade humana de 
criar, usou a expressão “instinto criativo”, ressaltando que, este fator 
psíquico tem uma natureza dinâmica semelhante à dos instintos e, uma 
relação íntima e profunda com eles, porém não sendo idêntico a nenhum 
deles. Onde o anseio criativo seria como um complexo autônomo, ou seja, 
um impulso que brota do inconsciente e vive na alma do homem. 
Portanto, criar é uma maneira de conhecer e tomar posse de si mesmo, 
de um modo particular, individual e único. 
A motivação para criar pode vir de uma necessidade consciente 
ou inconsciente, de construir ou reconstruir a própria história com imagens 
que possuem um significado pessoal. 
Carl Gustav Jung deixou várias contribuições neste contexto, 
embora encontrasse divergências com a psicoterapia Freudiana tão 
apreciada naquela época (Maroni, 1988). Um aspecto importante destas 
divergências refere-se à teoria da sexualidade que na psicoterapia 
freudiana está em primeiro plano, e na psicoterapia analítica Junguiana, 
esta é apenas uma das possibilidades da psicoterapia. 
 28 
Trata-se de uma abordagem fundamental para trabalhar 
pessoas com deficiências e também com problemas de relacionamentos, 
desenvolvidos por déficits de habilidades sociais, pois os fundamentos 
desta abordagem não se baseiam apenas na linguagem, mas também no 
significado das imagens tão fundamentais em um trabalho arteterapêutico. 
Conforme ressalta Maroni (1988) a linguagem é, fundamental 
para a comunicação, a sociabilidade e a adaptação, porém, fica claro 
também que é incapaz de alcançar o que foge do padrão médio da 
comunicação. 
Por isso escolhi como fonte de estudo a psicologia analítica 
Junguiana que valoriza os aspectos como pensamento fantástico, a arte, 
o lúdico, abordagem que é utilizada como fundamentação teórica para a 
Arteterapia por trabalhar também a linguagem não verbal, ou melhor 
aquilo que está além do verbal, do explícito, que muitas vezes não é 
vislumbrado por um processo analítico puramente verbal. 
Eis aí uma das grandes contribuições de Jung para a 
Arteterapia e, de um modo especial, para os pacientes com dificuldades 
de expressão. A psicoterapia analítica Junguiana tem a capacidade de 
valorizar o indivíduo por seus aspectos mais amplos, menos racionais, 
podendo levá-lo a refletir de forma instintiva e não somente verbal, por 
meio da linguagem, atendendo assim a demanda daqueles que tem 
linguagem comprometida. 
É o caso de pacientes com retardo mental, paralisia cerebral, ou 
qualquer outra deficiência, que afeta as funções da fala, como as citadas 
anteriormente: bradilalia, taquilalia e outros. 
 29 
No entanto, para se expressar de forma menos racional e mais 
instintiva, como foi dito anteriormente, é preciso ser criativo. Neste sentido 
as teorias psicológicas ressaltam que o ser criativo, ou o desenvolvimento 
da criatividade acontece pelas ações intrínsecas, provenientes do próprio 
indivíduo. 
Este ato pode se explicar em variadas abordagens, ora 
contemplando mecanismos de associação, ora contemplando a 
criatividade como mecanismo de sublimação, ora como função de auto-
relização. O importante é que todas as abordagens têm em comum os 
processos de conhecimento, atendendo a pessoa na sua dimensão 
afetiva ou das atitudes, podendo levar a considerações intelectuais ou 
pessoais da criatividade (Torre, 2005). 
 Robertson (1992) complementa a importância da criatividade, 
ao se referir ao fato, de que esta pode assumir várias formas, e que é 
exatamente na relação do consciente com o inconsciente, que algo 
verdadeiramente novo e criativo aparece, porém é preciso saber como 
usar essa energia criativa. 
Ao olharmos ao nosso redor, podemos perceber como criamos 
meios de utilizar esta energia criativa. Para tanto, produzimos formas, 
símbolos, experimentos o novo, nos permitimos explorar potencialidades 
jamais exploradas. 
Isso pode acontecer através da dança, da pintura, do canto, do 
conto, da música, da escrita, da leitura, do teatro, principalmente se essas 
expressões forem espontâneas. Há muita inventividade para lidar com o 
 30 
meio que nos cerca e para com ele nos relacionarmos, haja criatividade, 
haja recurso... 
É dessa forma que conteúdos gerados pelo inconsciente são 
trazidos à consciência por meio da criatividade, da arte, e não só pela 
linguagem verbal. 
 Um bom exemplo disso são indivíduos que apresentam déficits 
de comportamentos socialmente habilidosos, timidez, agressividade, 
dificuldade de expressão de sentimentos, positivos ou negativos, nem 
sempre em uma sessão terapêutica se evidencia. 
No entanto, quando uma sessão arteterapêutica se inicia, 
geralmente com um relaxamento, disponibiliza recursos desbloqueadores 
e atrativos ao inconsciente, o sujeito acaba se encantando e deixando sua 
criatividade fluir. 
Possibilita-se, assim uma oportunidade libertadora de 
expressão que facilitará o desenvolvimento de suas habilidades sociais, 
desenvolvendo suas áreas deficitárias, melhorando a qualidade de suas 
relações, por mais restritas que sejam. 
Neste mesmo contexto Jung (apud, Robertson 1992) faz 
distinção entre a arte produto da neurose que segundo ele é permeada de 
conteúdos pessoais, e a arte, cuja fonte está no inconsciente coletivo. 
Aquela que é produto da neurose se extingue juntamente com o 
conflito pessoal, e a arte que é fruto do inconsciente, e consequentemente 
é mais abrangente, não fica só no nível pessoal, mas atua também em 
instâncias psíquicas superiores, como a do inconsciente coletivo. 
 31 
É essa teoria do inconsciente coletivo que fundamenta a idéia 
de que nascemos com uma herança psicológica que somada à herança 
biológica, são determinantes essenciais do comportamento e da 
experiência do ser. 
Enfim, essa experiência precisa ser compreendida não apenas 
no aspecto pessoal, mas também ao nível das heranças que a 
determinam, das forças psíquicas, conscientes ou inconscientes que 
direcionam o criador, o indivíduo a expressar-se de maneira instintiva, 
emocional, intelectual, espiritual. 
Ao considerar a teoria do inconsciente coletivo é preciso 
também considerar que nem tudo é puramente racional, comportamental, 
ou cientificista, e a arte e a criatividade são recursos que vão além dessas 
considerações. Aqui, vale finalizar o capítulo refletindo sobre os relatos de 
Carus, (apud Maroni, 1998): 
O criativo identifica-se com o inconsciente: toda a criação 
humana é trabalho do inconsciente. A alma e, portanto, a vida é uma 
eterna metamorfose, e a criação e destruiçãoexplicam essa contínua 
transformação (pág. 30). 
Com base nesses fundamentos percebo que este é o caminho 
que conduz à realização tanto pessoal quanto profissional. O caminho que 
nos conduz ao saber, tanto o teórico como o prático. É exatamente aí que 
a arte se inclui como processo facilitador de processos subjetivos 
curadores. 
 32 
 4. A RELAÇÃO ENTRE ARTETERAPIA E DEFICIÊNCIA. 
 
 
Os primeiros achados da história da humanidade são os 
desenhos em cavernas, que atribuem significado à espécie humana e 
compõem a memória cultural responsável pelo registro das espécies. 
O que determinava a continuidade da história humana era a 
força de um instinto, ou seja, a arte era fundamental como regra de 
desenvolvimento mental, não apenas como produto da cultura. 
Em se tratando de arte, a teoria analítica relata que a influência 
dominante que a originou foi a necessidade de impor ordem à confusão 
causada pela inteligência, ou seja, buscar compensação da dor, do 
sofrimento através da expressão espontânea. 
Por isso, atividades que relaxam a mente promovem emoções 
positivas, tais como: cantar, dançar, desenhar, descontrair, conversar, ler, 
escrever, são ditas criativas ou mesmo artísticas. 
Surgem a partir de um impulso semelhante a um instinto, que 
capacita a expressão do inconsciente através de símbolos. Esse processo 
pode ocorrer por alguma dor, sofrimento, alegria, seja qual forem os 
sentimentos, estes ativam conteúdos inconscientes. 
Então, aqueles conteúdos da psique que não foram resolvidos, 
e que o indivíduo tem enfrentar, formam uma função transcendente, que 
une o consciente ao inconsciente formando o símbolo. Se tudo isso é 
possível, fica clara a função transformadora, apaziguadora, apreciadora 
da arte. 
 33 
E qual o papel da arte? Situando historicamente, a arte é a 
possibilidade de um contato com a emoção tanto para quem cria, quanto 
para quem observa. Um exemplo disso é o efeito do teatro, onde o público 
corresponde emocionalmente à peça apresentada, seja tragédia, 
comédia, suspense ou outros (Carvalho, 1995). 
Os primeiros estudos do uso da arte em conjunto com 
psiquiatria e psicologia datam do final do século XIX, quando em 1876, 
Max Simon, psiquiatra, publicou pesquisas sobre patologias e 
manifestações artísticas feitas por doentes mentais. 
No início do século XX, Sigmund Freud observou a 
manifestação do inconsciente através das imagens. Foi a partir desta 
década que Jung começou a utilizar a expressão artística como parte do 
tratamento psicoterápico, acreditando na função psíquica da criatividade, 
já citada anteriormente neste estudo. 
Para Jung (1985) os conteúdos da obra de arte revelam 
características do indivíduo que a realiza, pois são conteúdos que brotam 
do inconsciente e que podem ser compreendidas através do lápis, pincel, 
tinta, aquarela, giz de cera, argila e outros. 
É através das atividades expressivas que o indivíduo tem a 
possibilidade de obter um maior conhecimento delas, percebendo tanto 
seus aspectos positivos como negativos. 
Esses aspectos podem ser compreendidos através das 
linguagens – a expressão artística e a verbal – pois uma auxilia, esclarece 
e enriquece a outra, facilitando a expressão das emoções e a 
compreensão de seus símbolos e conteúdos. 
 34 
Na transformação da imagem em palavras, ocorre o 
entendimento cognitivo, capaz de direcionar os esforços. Nesse momento 
o arteterapeuta enquanto facilitador de oficinas criativas torna-se 
catalisador deste processo. 
Pode-se observar, das pesquisas, que tanto para Freud, quanto 
para Jung a expressão dos conteúdos simbólicos é facilitada pelo uso da 
arte, porque o inconsciente se revela melhor através de imagens do que 
por palavras (Maroni, 1998). 
 Este processo é enriquecido pela verbalização dos sentimentos 
durante a execução da obra, o que possibilita a compreensão das 
emoções e pensamentos, dando grande valor ao processo 
arteterapêutico. 
 A Arteterapia trabalha com o simbólico, que é uma forma de 
energia que se manifesta através de imagens. A energia que está contida 
no símbolo vem do inconsciente e, através das técnicas expressivas, ela é 
trazida para o consciente e é trabalhada. 
 Os símbolos quando não verbalizados se expressam por 
analogias, por metáforas. Dessa forma, o processo simbólico precisa da 
imagem para que o conteúdo inconsciente seja trazido para o consciente. 
E para isso são usadas a modelagem, a pintura, a colagem e diversas 
outras técnicas, visando facilitar a compreensão do significado do 
símbolo. 
É exatamente nesta etapa que se insere o arteterapeuta, 
atuando como facilitador no processo de resiignificação da realidade 
 35 
interna, no caso desta pesquisa atuando especificamente num grupo de 
pessoas com deficiência. 
E por falar em deficiência, Amiralian (1986, p.23) complementa 
que “a maneira de considerar os deficientes está relacionada aos valores 
sociais, morais, éticos, filosóficos e religiosos”. Para Golineli (2002, p.15) 
“o portador de necessidades especiais, é todo indivíduo, que apresenta 
características que fogem dos padrões de normalidade”. 
Vale ressaltar que não se usa mais a terminologia „portador de 
deficiência‟ e sim pessoa com deficiência, de acordo com a determinação 
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na execução da 
Campanha da Fraternidade do ano de 2006. 
Enfim, os termos usados antigamente marginalizavam estas 
pessoas, porém hoje a tendência é suavizar os termos buscando 
expressões socialmente mais adequadas e positivas. 
Mesmo assim, com toda esta tendência à inclusão qualquer 
pessoa com deficiência, ainda encontrará na sociedade barreiras 
determinantes no seu processo de inclusão. Isso porque ao nascer as 
estruturas sociais já estão estabelecidas, é preciso então superar para 
tornar-se parte do grupo social, tarefa esta que não é nada fácil. 
O que ameniza esta problemática é o fato de que estas 
estruturas sociais e conceitos estão se modificando ao longo do tempo, 
assim como a aceitação da sociedade em relação à pessoa com 
deficiência. 
A própria história retrata a dificuldade de inclusão destes 
indivíduos: na Idade Antiga as causas eram consideradas efeitos de 
 36 
forças sobrenaturais; na Idade Média essas pessoas eram consideradas 
seres possuídos pelo demônio, incorporados de um espírito maligno.
 No século XX as pessoas com deficiência foram objetos de 
muitos estudos científicos desenvolvendo opções de tratamento de toda 
ordem instituindo o modelo médico da deficiência ligada à temática da 
reabilitação. Nesse contexto as pessoas com deficiências passaram a 
serem classificadas de acordo com o seu comprometimento físico ou 
motor, sensorial ou mental. 
Para o arteterapeuta este comprometimento inexiste, pois suas 
capacidades, técnicas e habilidades podem ajudar a pessoa com 
deficiência a explorar e superar sua limitação, sendo considerado um 
paciente como qualquer outro, lógico que atuando com recursos 
adequados. 
Portanto é adequando seus métodos à realidade do outro, que 
o arteterapeuta proporciona um ambiente acolhedor, de respeito e 
aceitação, onde elas percebam que, mesmo com limitações, continuam 
sendo pessoas que podem produzir e criar, o que pode ser de extrema 
valia em momentos que o paciente [...] se sente deprimido ou 
inferiorizado. (Francisquetti apud Ciornai, 2005). 
Trabalhar com reabilitação é penetrar num mundo onde 
enxergar não quer dizer ver, onde comunicação não se traduz pela 
compreensão da linguagem, onde tocar não quer dizer sentir, ouvir não 
quer dizer escutar, ou ainda, caminhar não é andar com ospróprios pés 
(Francisquetti, 1999, p.54). 
 37 
Por isso, a Arteterapia alcança resultados excelentes com 
pacientes com dificuldades de expressão, porque é uma abordagem que 
utiliza além da técnica a sensibilidade de conduzir o processo terapêutico 
de forma natural, desprovido de julgamentos e cobranças. Assim o 
sentimento de incapacidade e incompetência passa a não existir, nesse 
momento as idéias começam a fluir, desencadeando habilidades jamais 
experimentadas. 
 
 
 4.1 A Arteterapia na Atualidade 
 
 
Atualmente a arteterapia busca embasamento em diversas 
abordagens teóricas sendo utilizada como método terapêutico em 
consultórios, escolas, empresas e outras instituições. Possibilita o 
trabalho com pacientes tanto individualmente como em grupo, bem como 
no atendimento de famílias e casais e pacientes de todas as idades. 
Aqui no Brasil dois profissionais desenvolveram um admirável 
trabalho nesta área, são eles: Osório César e Nise da Silveira. Osório 
César é seguidor da abordagem freudiana e em 1923, ainda estudante, 
começa a desenvolver estudos sobre a arte dos internos do Hospital 
Juqueri. 
Nise da Silveira, psiquiatra, realizou um trabalho pioneiro 
quando criou as oficinas de trabalho na Seção de Terapia Ocupacional, 
em 1946, no Centro Psiquiátrico D. Pedro II, em Engenho de Dentro, Rio 
 38 
de Janeiro, embasada na teoria de C. G. Jung. Ela estudou os mitos e 
arquétipos e comparou-os com as imagens produzidas pelos pacientes 
em suas expressões artísticas, percebendo uma grande semelhança 
entre eles. Nas obras executadas por pacientes, em exposição no Museu 
do Inconsciente, Rio de Janeiro, evidencia-se a existência do Inconsciente 
Coletivo, postulado por Jung, pois os indivíduos que realizaram aquelas 
obras, em sua maioria, eram muitos simples e não tinham escolaridade. 
 O trabalho que Nise da Silveira (apud Wanderley 2002) 
realizou com os internos no Centro Psiquiátrico provou que o mundo dos 
doentes mentais pode ser muito rico e as artes possibilitam a 
comunicação através dos símbolos. Sendo constatado que os pacientes 
ficaram mais calmos ao conseguir expressar-se, não necessitando de 
altas doses de drogas para mantê-los quietos. Nise da Silveira é fonte 
inspiradora para estudar a arte, a doença mental e também as 
deficiências, seus legados são fundamentais para isso. 
E se tratando de deficiência, esta é muitas vezes vista como 
sinônimo de incapacidade. Alguém pode ser considerado totalmente ou 
parcialmente incapaz de realizar uma atividade, comparando-se com o 
parâmetro normal de um ser humano. 
A aceitação do indivíduo diferente ainda é um processo lento, e 
isso dificulta a sua adaptação ao meio social, cultural, intelectual. Com 
isso até o seu desenvolvimento pode ser demorado e ter suas etapas 
identificadas por uma sociedade despreparada para a adaptação do 
deficiente. 
 39 
Muitos, em função disto, apresentam sua deficiência 
potencializada, não entraremos aqui em discussões sociais, ou de 
adaptabilidade, por se tratar de uma pesquisa específica. 
É fundamental enfatizar aqui a questão da liberdade 
psicológica. A pessoa livre de controle externo é psicologicamente livre: 
capaz de aceitar a si mesma pelo que é – fundamental para o deficiente, 
poder expressar seus impulsos sem reprimi-los, manipular seus conceitos 
de forma brincalhona, sem sentir-se culpada, e acima de tudo, encarar o 
desconhecido e o misterioso como um desafio a ser enfrentado. 
Essa liberdade psicológica é fundamental para qualquer 
pessoa, mas principalmente para aquela com necessidades educativas 
especiais, tradicionalmente chamadas de “excepcionais” ou “deficientes”. 
Na maioria das vezes essa pessoa tem uma limitação no nível 
de comunicação verbal e não verbal, no entanto, possui potencialidades 
que lhe permitem readquirir controle (em menor ou maior grau) sobre sua 
vida e atender às necessidades pertinentes ao processo do viver. 
O objetivo da arteterapia, para essa clientela, é o auto-
conhecimento, ou seja, que o indivíduo tenha um conhecimento de si 
próprio, dos seus pensamentos e sentimentos, que dessa forma tenha 
contato com seu mundo interno para conhecê-lo e aceitá-lo, integrando 
sua personalidade e, a partir disso, adquirir novas aprendizagens e 
mudanças. 
Para que isso aconteça, a tarefa do arteterapeuta é 
fundamental para auxiliar os indivíduos a se perceberem e se 
compreenderem melhor. Podendo assim, fazerem as escolhas de maneira 
 40 
mais consciente, descobrindo seus potenciais criativos, retomando a 
espontaneidade e a liberdade de escolha, tomando em suas próprias 
mãos a direção de suas vidas, passando de agentes passivos a agentes 
ativos, descobrindo as ferramentas que estão dentro de si e aprendendo a 
utilizá-las. 
 Carvalho (1995, p. 24) afirma que: 
 
 Na Arte-terapia o objetivo primordial da utilização da atividade 
artística é favorecimento do processo terapêutico. (...) a terapia por 
meio das expressões artísticas reconhece tanto os processos 
artísticos como as formas, os conteúdos e as associações, como 
reflexos de desenvolvimento, habilidades, personalidade, interesses e 
preocupações do paciente. 
 
A Arteterapia visa atuar nos processos de desenvolvimento 
humano por intermédio de recursos expressivos e artísticos, 
compreendendo as inter-relações presentes na intervenção 
arteterapêutica, buscando novas saídas para a compreensão da vida, do 
universo e do ser humano. 
É através deste recurso que é possível absorver e promover a 
criatividade de indivíduos ditos “normais” e os “com deficiência”, se é que 
existe algum ser humano livre de deficiência. 
 41 
5. A PRÁTICA DA ARTETERAPIA NO DESENVOLVIMENTO DE 
HABILIDADES SOCAIS 
 
 
O interesse em pesquisar este assunto partiu da observação de 
que as relações interpessoais, socialmente adequadas, favorecem a 
saúde do indivíduo e com quem, este se relaciona (amigos, familiares, 
cuidadores, profissionais da área da saúde). Outro fator foi a realidade 
observada nesta pesquisa comprovando que a deficiência dos 
participantes do grupo era potencializada devido à dificuldade de se 
expressarem. 
Este trabalho fundamentou-se principalmente na abordagem 
analítica junguiana, complementado por recursos da abordagem 
cognitivo-comportamental que tem investigado e desenvolvido técnicas 
bastante eficazes para o desenvolvimento de habilidades sociais. 
A proposta desta pesquisa foi avaliar a eficácia de um programa 
de treino em habilidades sociais, por meio da arteterapia no 
desenvolvimento de comportamentos socialmente habilidosos, em 
indivíduos com déficits nesta área. 
As modalidades expressivas utilizam materiais plásticos que 
tem como característica peculiar à flexibilidade, o que permite dar forma, 
ou simbolizar processos intrapsíquicos. 
Quando o indivíduo aprecia o seu desenvolvimento durante o 
processo de trabalho, constata suas habilidades motoras e cognitivas 
frente à tarefa realizada resultando na promoção e valorização de sua 
 42 
estima, além de se sentir inserido num campo social, onde contatos 
sociais são determinados (Urrutigaray, 2004). 
O fazer arte é terapêutico porque além de possibilitar a 
integração da personalidade, a maleabilidade dos materiais plásticos, 
quebra posturas comportamentais cristalizadas, rígidas, formais e 
repetitivas. 
No trabalho com deficientes os materiais mais fáceis de serem 
manuseados, são os secos como lápis, giz de cera, giz pastel, pois 
facilitam o controle por se tratar de recursos plásticos de textura mais 
rígida, diferente. 
Com o desenvolvimentodas oficinas arteterapêuticas, podemos 
aplicar recursos mais úmidos, mais fluídos, como as tintas, que também 
são excelentes meios para manifestação das emoções. 
Os contos de fada segundo Von Franz (1984), por trazerem 
conteúdos universais, possibilitam o contato com processos internos 
individuais. Os contos contêm ações centrais, núcleos narrativos, que 
estabelecem entre si uma relação causal. Entre estas ações, aparecem 
elementos secundários ou catalíticos, cuja função é manter o suspense. 
Segue no conto a intervenção de uma força, com a aparição de um 
conflito, que dá lugar posteriormente a um episódio de resolução desse 
conflito. 
Os contos, por possuírem uma aura mágica, refere Fussi 
(2000), falam ao coração, apresentando os mesmos conteúdos oníricos 
dos sonhos. Trazendo em suas mensagens as dificuldades da vida, e os 
caminhos para superá-las. 
 43 
Além dos materiais plásticos, pintura, argila, colagem; das 
técnicas cognitivas de relaxamento, reestruturação do pensamento; o 
conto teve fator primordial nos resultados desta pesquisa. Por ser um 
excelente recurso, principalmente para facilitar o desenvolvimento da 
empatia, já que o ouvinte se coloca no lugar dos personagens, podendo o 
arteterapeuta ser facilitador desse desenvolvimento. Para tanto, deve ficar 
atento à seu objetivo quando escolher um conto, pois relata em prosa, 
fatos fictícios, que podem trazer identificações. 
Nesta pesquisa o criativo teve efeito transformador 
principalmente através do conto, para isso foi utilizado um livro “Os 
Porquês do Coração” (Conceil, 1995). 
Foi desta forma que ocorreram as sessões arteterapêuticas, ora 
apareciam conflitos, ora resolução para eles, ora aparecia a expressão, 
ora o silêncio, foi assim que a criatividade facilitou o processo de 
desenvolvimento de habilidades sociais, proporcionando meios para 
dissolver problemas, conflitos conscientes e inconscientes e encontrar 
soluções mais humanas, sociáveis e saudáveis. 
A Arteterapia proporcionou recursos para desenvolver os 
seguintes fatores: 
 Habilidades sociais; 
 Assertividade; 
 Empatia; 
 Manejo da raiva e impulsividade; 
 Iniciar e manter amizades; 
 Competências individuais; 
 44 
 Auto-conceito; 
 Auto-confiança e 
 Criatividade 
 
Esta pesquisa se fez relevante devido ao diagnóstico preliminar 
levantado em entrevista de recrutamento para participação dos grupos, 
que constataram que dentre os pacientes entrevistados, a maioria 
apresentava além da deficiência, problemas de relacionamento 
interpessoal, ocasionados por déficits de habilidades sociais. E, pelo fator 
de escassez de pesquisas nesta área, principalmente em abordagens 
relacionadas à arteterapia e abordagem analítica Junguiana. 
 
 5.1 Participantes 
 
Os participantes eram internos de uma instituição hospitalar do 
interior de Goiás, com deficiências físicas, com déficits em habilidades 
sociais, e idade variando de dezoito à quarenta e dois anos. 
Os grupos eram compostos na maioria das vezes, de oito a dez 
pacientes, variando o número a cada oficina. Apesar de ter mais de oito 
participantes nas oficinas, escolhi uma única para relatar o caso, devido 
ao progresso apresentado ao final dos encontros. Por ser uma moradora 
da instituição, não receberia alta, como os pacientes da reabilitação, que 
se internam para tratamento e depois recebem alta, motivo pelo qual 
variava o número de participantes do grupo. 
 45 
 A participante do grupo escolhida para coleta de dados será 
denominado de S., uma mulher adulta com sintomas de comprometimento 
cognitivo e paraplegia advinda de uma paralisia cerebral. 
Institucionalizada, com dificuldades de expressão e demonstração de 
afeto, pouca sociabilidade e afetividade, além da dificuldade de 
compreensão e desenvolvimento cognitivo abaixo da normalidade. 
 
 5.2 Recursos Desenvolvidos nas Oficinas: 
 
Foram vários os recursos desenvolvidos, primeiramente o 
humano: a pesquisa contou com duas facilitadoras, cada qual 
direcionando o foco da pesquisa para sua área e abordagem de interesse. 
Os diversos recursos utilizados: papel sulfite, cartaz, papel 
canson, tinta (acrílica, aquarela, guache, óleo), cola, contos, retalhos, 
revistas pincéis, telas, mesas, cadeiras, livros, som, CD, entre outros. 
 
 5.3 Procedimentos: 
 
O método estudado nesta pesquisa foi o retrodutivo de Garcia 
(2002), que observa, compreende e descreve o fenômeno, em toda sua 
abrangência. 
Antes de iniciar os encontros, fez-se uma divulgação pela 
instituição através de cartazes e convites informais, para a mobilização de 
todos para a participação de todos nas oficinas. Posteriormente, fizemos 
uma reunião para triagem e apresentação da proposta. 
 46 
No primeiro encontro as facilitadoras tinham por objetivo formar 
o grupo, fazer apresentação, a integração, divulgar o trabalho, esclarecer 
do que se tratava e combinar regras de contrato terapêutico, tais como: 
horário, sigilo, ética, respeito, compromisso, participação e expectativas. 
Participaram deste, oito sujeitos que concordaram com a 
proposta de trabalho e iniciou-se o grupo com a apresentação e 
expectativas dos mesmos em relação aos encontros. Tiveram duração de 
duas horas, sem considerar a hora de preparação e organização. Este 
encontro por ser voltado à formação do grupo, não utilizou materiais 
plásticos. 
 No segundo encontro, o objetivo já foi de integração e 
sensibilização. Os materiais utilizados foram: papel crepom, tinta guache, 
papel chamex, pincel, lápis de cor, fita crepe, som e CD. 
Este encontro contou com 12 participantes. Estava previsto oito 
participantes, porém o encontro foi programado para um local aberto, em 
uma praça cercada por árvores, um setting muito tranqüilo, que acabou 
atraindo outros pacientes da instituição, foi preciso acolhê-los, pois 
estavam interessados e decididos a participar. Foi preciso usar toda 
flexibilidade arteterapêutica para lidar com o imprevisível. 
Inicialmente fez-se uma sensibilização ao som de uma música 
suave e tranqüila que expande o universo interior distensionando o corpo 
e a mente. Allessandrini (1999) confirma em suas obras que a música 
ajuda a compor a experiência criadora. 
 Posteriormente foi entregue a cada participante, tiras de papel 
crepom previamente recortado, em seguida orientado que segurassem a 
 47 
fita de modo que em contato com o vento proporcionasse movimento. 
“Deixe o vento conduzir o papel, observe o movimento, que sensação 
você experimenta neste momento... observe as suas emoções...”, diante 
destas orientações muitos fechavam os olhos e conduziam o papel. 
Escolhemos esse material, devido ao fato que, o papel pode ser 
controlado, não explora tanto os conteúdos intrapsíquicos, e mantém uma 
distância segura demovendo a ansiedade frente a tarefa a ser executada, 
ou seja, não é uma atividade ameaçadora. 
Em relação à S. essa se mantinha sempre distante dos demais, 
justificando que não conseguiria executar a tarefa, embora conseguisse 
concluí-la. 
Ao final os integrantes compartilharam as experiências, com 
palavras chaves: liberdade, paz, viagem, voar, ser livre,... Foi ressaltada a 
importância de ter concretizado a tarefa, independente do movimento e da 
entrega. 
No terceiro encontro utilizou-se aparelho de som e CD, 
compareceram oito participantes. Este encontro teve como objetivo 
estimular a percepção corporal, explorar a linguagem corporal e 
estabelecer uma relação entre psique e corpo (Philippinni apud Artte, 
2002). 
Inicialmente fez-se exercício de respiração e relaxamento, comofoi explicado anteriormente, é de fundamental importância iniciar qualquer 
terapia expressiva com mobilização dos participantes. Logo após pediu-se 
que ouvissem a música e criassem movimentos. Os que estavam em 
cadeiras de roda, paraplégicos, ficaram um pouco tímidos, portanto 
 48 
demoraram um pouco para se soltar, os demais conseguiram soltar os 
movimentos com mais facilidade. 
Sabe-se, que o corpo simbólico é o conjunto de significados 
psicológicos do somático, e é preciso experimentar o campo no qual ele 
se constitui. Artte (apud Philippini, 2002) complementa em um de seus 
artigos que a dança aciona o corpo simbólico a partir da verificação dos 
significados dos sintomas. 
Ao final, a junção dos movimentos compôs-se uma coreografia, 
por eles denominada: No Brilho dos Olhos. Ao perguntar sobre o 
significado deste título dado à dança eles esclareceram: “não pude dançar 
com o corpo, mas dancei com os olhos (paciente paraplégica)”; “eu vi o 
brilho no olho do meu amigo e acho que o meu estava brilhando também”; 
ao perguntar qual o significado disso para eles finalizaram com as 
seguintes palavras: “eu estou feliz”, “eu posso muito mais mesmo em 
cadeira de rodas”, “meu olhar expressa meu coração”... 
OBS.: Esta coreografia foi apresentada em um evento na 
própria instituição. 
No quarto encontro os objetivos foram: proporcionar a reflexão 
de sentimentos. Os materiais usados: som, CD, e um conto (O Rei e o 
Bobo da Corte). Este conto não está em anexo porque foi contado por 
uma das facilitadoras que não tinha o texto original. Resumidamente, só 
para situar, conta a história de um rei que ao lutar perdeu um dedo da 
mão, e devido à falta deste dedo retornou para o castelo após ser 
capturado por canibais, que não quiseram sacrificá-lo por não aceitar a 
 49 
sua „imperfeição‟ pela falta do dedo, conclusão da história: o rei perdeu o 
dedo, mas não perdeu a vida. 
 Neste encontro participaram cinco pessoas. A proposta inicial 
era de trabalhar com tinta aquarela, no entanto devido ao fato de que uma 
das participantes (K.) estava recebendo alta e isso os deixou 
extremamente emotivos. Foi preciso abrir mão da programação inicial e 
se adaptar ao contexto atendendo as necessidades do momento. 
A história do Rei e o Bobo da Corte, contada anteriormente, foi 
o tema central deste encontro, foi o recurso quer proporcionou um 
momento para reflexão e elaboração de sentimentos, as falas que 
retratam a profundeza das reflexões foram as seguintes: “K. você vai 
embora, mas poderá nos visitar sempre que quiser”, “ poderá nos 
escrever”, “nós poderemos te visitar”, “você está assim por causa da 
saudade, mas depois você vai ver que é bem melhor você ficar perto da 
sua família” (esta última frase é da paciente S. que no início, mal se 
interagia e participava). 
Este encontro encerrou com a certeza de que por traz de todo 
mal sempre existe um bem. Foi desta forma que as participantes se 
despediram de K. com palavras e gestos de afeto. 
Cada conto de fada fornece um tipo diferente de experiência, 
além de trabalhar aspectos da psique e do inconsciente coletivo, inerente 
ao mundo psicológico humano, conforme relata Bianco (1999). 
No quinto encontro, os objetivos foram: proporcionar a reflexão 
de sentimentos, e dos padrões de apegos bons ou ruins, para isso 
 50 
disponibilizou-se os seguintes materiais: som, CD, tinta guache, lápis de 
cor, conto: A Pipa e a Flor (Alves, 1982). 
Este encontro contou com cinco integrantes. Iniciou-se com 
uma sensibilização e respiração. Posteriormente, partiu-se para a leitura 
da história, e em seguida se ofereceu aos participantes, materiais 
plásticos para expressão de sentimentos e emoções. Dentre os vários 
recursos oferecidos, eles escolheram tinta e lápis de cor. 
O lápis integra o montante de materiais secos, utilizados por 
pacientes que requerem controle de tônus ou até mesmo de emoções. 
Contudo, conforme afirma Urrutigaray (2004), pode ser uma técnica que 
expande as tonalidades afetivas, ou libera agressividade, controla a 
assertividade, possibilitando denotar tensão ou equilíbrio na obra. 
No final construíram obras belíssimas, espontâneas que 
representavam explicitamente o desejo de alcançar o equilíbrio. Enfim 
complementaram com as seguintes falas: “tem hora que eu queria ser a 
pipa, tem hora que eu queria ser a flor”, “a minha cadeira de rodas é a 
minha flor”, “queria voar como a pipa”. 
No sexto encontro, os objetivos foram: favorecer maior 
integração do grupo e expressão de sentimentos. Os materiais: papel 
pardo, papel crepon, fita crepe, cola, tesoura, canetinha, lápis e o livro Os 
Porquês do Coração (Silva, 1995). 
A acolhida dos participantes aconteceu com um relaxamento. 
Posteriormente contou-se a história do livro sugerindo uma reflexão, só 
depois apresentou aos participantes os materiais para a elaboração da 
obra que deveria ser em grupo. 
 51 
Os participantes escolheram montar os personagens descritos 
no livro utilizando praticamente todo o material disponível, por meio da 
colagem. 
Na arteterapia a colagem representa o estabelecimento de 
vínculos mais firmes, possibilitando a confiança no grupo, facilitando a 
exposição e conseqüentemente à integração das partes materiais e 
psíquicas. 
Para facilitar a compreensão do leitor, o conto retrata a história 
de uma menina de seis anos chamada “Mabel”, extremamente curiosa e 
questionadora. Pelo fato de sempre fazer perguntas indecifráveis a 
personagem ganha do pai um peixinho chamado Igor, com o qual ela 
estabelece uma linda relação de amizade, porém este morre deixando a 
dor da saudade. 
Foi escolhido este conto, por trabalhar conteúdos como 
comunicação, amizade, saudade, perdas e até mesmo o luto. Um livro 
que oferece contexto para várias oficinas, e foi exatamente isto que 
aconteceu neste grupo, a construção desta história, através de materiais 
plásticos, se finalizou só após três encontros abordando o mesmo tema. 
Para não tornar cansativo e repetitivo, não se detalha aqui as 
demais oficinas. Vale ressaltar que aconteceram, no total nove encontros, 
que se encerraram com um encontro especial, então denominado pelos 
próprios pacientes, “churrasco terapêutico”, onde se reuniram todos os 
participantes que de forma emocionante apresentaram o trabalho final 
com a confecção da obra. 
 52 
Estes procedimentos foram apresentados de forma sucinta, 
porém, é justo ressaltar que houve uma troca de vivência muito mais 
completa, recheada de momentos de descoberta, de oportunidades e 
principalmente, de superação, não só dos pacientes mas também da 
facilitadora do processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 53 
6 . ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 
 
 
Para analisar os resultados obtidos nesta pesquisa foi 
elaborado o Quadro 1, contendo os resultados obtidos pela participante 
S., que é o caso foco deste estudo. O quadro apresenta as dificuldades 
inicialmente apresentadas e os resultados obtidos após a intervenção 
arteterapêutica. 
 
Quadro 1. Linha de base e resultados obtidos após intervenção 
arteterapêutica 
Dificuldades Iniciais Resultados Finais 
.Olhar diretamente para outra pessoa 
enquanto fala. 
Auto-revelar, lidar com críticas, etc. 
Usar expressão facial adequada aos 
sentimentos, principalmente os 
positivos. 
Sorrir, apresentar gestos. 
Expressar sentimentos. 
Expressar interesse em se relacionar. 
Pouco interesse pelas atividades. 
Passou a olhar diretamente para o 
outro enquanto falava ou ouvia. 
Adquiriu habilidades de expressão 
verbal e não verbal, de sentimentos 
positivos. 
Aprendeua defender seus direitos e 
desejos e discordar de forma 
empática. 
Passou a ter maior interesse pelas 
atividades. 
Participava de todos os encontros. 
Sorria, falava e se expressava com 
mais freqüência. 
 
 54 
A queixa inicialmente apresentada por S. foi a inabilidade de 
relacionamento, timidez, dificuldade de se expressar. Uma das maiores 
dificuldades desta paciente era lidar com sua dificuldade de se relacionar, 
sempre isolada, ela se escondia atrás da deficiência. 
Tudo era justificado na sua limitação cognitiva e física, “ah! não 
vou participar não, não dou conta”, “eu nunca vou conseguir pintar”, “não 
quero falar não, não tenho nada para falar”. Essas expressões deixavam 
claro sua dificuldade em lidar com pensamentos negativos, de superar 
sua limitação e se libertar para a vida. 
No início, S. não demonstrava interesse algum, chegava a 
mexer com minhas feridas de terapeuta, que sensação de 
incompetência... quanta vontade de desistir, parecia impossível despertar 
o interesse naquela jovem. 
Suas falas eram carregadas de desmotivação e desinteresse, 
tais como: “Ah! Eu não gosto disso, nem sei pintar”, “ Não gosto de ficar 
no meio dos outros”, “Não vou colaborar em nada, não dou conta de nada 
mesmo”, tudo isso carregado de expressões apáticas. 
Bastou uma segunda oportunidade, e quando ela viu o grupo 
trabalhando, foi chegando, chegando de mansinho até que de repente, já 
estava participando da atividade proposta. 
A situação grupal foi importante, pois lhe proporcionou 
interações mais adequadas, a auto-revelação, e expressão de 
sentimentos sem riscos de sofrer críticas, já que no grupo todos eram 
deficientes. 
 55 
Com esta pesquisa foi possível evidenciar a eficácia das 
técnicas da arteterapia no favorecimento do desenvolvimento de 
habilidades sociais. Foi possível confirmar também que quando o 
indivíduo lida melhor com suas dificuldades pessoais, a observação que 
tem do meio externo e de si próprio melhora consideravelmente, 
reduzindo assim seu nível de estresse e apatia, favorecendo o manejo 
dos mesmos. 
Percebeu-se ao final, que a arteterapia é um recurso mais 
humano, e extremamente acessível aos pacientes, com limitações físicas 
e psíquicas. Como foi citado anteriormente, basta oferecer o recurso e 
deixar o inconsciente, os instintos e as funções psíquicas agirem, que a 
obra e a cura acontecem, sendo nós arteterapeutas meros facilitadores, e 
que honra tenho em ter sido no mínimo facilitadora. 
 
 56 
 7.CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Esta pesquisa avaliou a eficácia do desenvolvimento de 
habilidades sociais em pessoas com deficiência, através da arteterapia. O 
objetivo foi desenvolver comportamentos socialmente habilidosos em 
pessoas com déficits nesta área. 
Ficou comprovado que aquisição de novos comportamentos 
melhora a qualidade das relações, facilita o desempenho de 
enfrentamento ao estresse, facilita o auto-cuidado. 
Conclui-se ao final deste que a criatividade, a liberdade 
psíquica, a expressão de sentimentos através da arte, torna as relações 
mais saudáveis, proporciona a qualidade de vida. 
Foi o que aconteceu com S. ao final desta pesquisa, a mesma 
relatou se sentir útil, inteligente, e capaz de contribuir com o mundo, 
mesmo presa a uma cadeira de rodas. 
O material utilizado, tinta, lápis, colagem, seco ou úmido é 
importante para dar significado, forma, ou símbolo aos conteúdos 
intrapsíquicos e indicar o estado emocional interno do indivíduo, desta 
forma proporcionar-lhe possibilidades de utilizar todo o seu potencial 
criativo para uma vivência humana socialmente saudável, esta é a 
primordial finalização deste trabalho. 
 
 
 
 57 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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