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Curso de Capacitação em Ludoterapia

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Curso de Capacitação em Ludoterapia: A 
Psicoterapia através do Brincar 
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Sumário 
1 O que é Ludoterapia? ...................................................................................... 3 
2 Histórico da Ludoterapia................................................................................ 12 
2.1 A criança e o Brincar Segundo Vera Barros de Oliveira ......................... 15 
2.2 O Jogo e o Brincar segundo Melanie Klein ............................................. 16 
2.3 O Jogo e o Brincar Segundo Donald Winnicott ....................................... 16 
3 Bases da Ludoterapia.................................................................................... 19 
3.1 Método Fenomenológico e os princípios existenciais ............................. 20 
3.2 Recursos Metodológicos ......................................................................... 23 
3.3 O Papel do Psicólogo na Ludoterapia ..................................................... 24 
3.4 Orientação dos Pais ................................................................................ 25 
4 Ludoterapia: Pais e Professores, como podem ajudar? ................................ 27 
5 Técnicas de Ludoterapia ............................................................................... 32 
Referências ...................................................................................................... 37 
Anexo I – Contribuição da Ludoterapia no Autismo Infantil .............................. 38 
Resumo ......................................................................................................... 38 
Introdução ........................................................................................................ 39 
Referencial Teórico .......................................................................................... 40 
Conceitos e Características principais do autismo ........................................ 40 
Testes Para Autismo e Funcionamento dos Níveis do Autismo .................... 41 
A Ludoterapia e a Sua Importância ............................................................... 42 
Ludoterapia e o Seu Funcionamento ............................................................ 44 
Metodologia ...................................................................................................... 45 
Resultados ....................................................................................................... 47 
Conclusão ........................................................................................................ 50 
Referências ...................................................................................................... 51 
 
1 O que é Ludoterapia? 
 
Ser criança é mergulhar em um mundo de descobertas, de 
transformações e contato direto com o desconhecido. Para cada fase da vida há 
um cuidado específico, e esse cuidado se intensifica quando falamos sobre a 
infância. 
É nessa fase que a criatividade se expressa com facilidade, que os 
primeiros afetos vão proporcionar acolhimento para encorajar a vida no futuro e 
que os monstros imaginários podem provocar mudança no comportamento e 
alimentar medos fantasiosos. 
Quando a bagunça e o barulho dão espaço ao silêncio e ao isolamento, 
causando mudança no comportamento, significa que é um bom momento de 
cuidar da saúde mental dos pequenos. 
Esse cuidado na infância é de grande importância para que não tome 
proporções maiores, impedindo que a as fases seguintes sejam prejudicadas. 
Cuidar da saúde mental das crianças é também exercer a função de prevenção 
da saúde mental do adolescente, tornando um adulto mais consciente de seus 
sentimentos. 
A psicoterapia infantil é o cuidado e a atenção com a saúde mental da 
criança. É um espaço potencial para acolhimento das angústias, medos, 
inseguranças e um momento de intervenções com os pais. 
Com o intuito de promover uma infância saudável a psicoterapia infantil 
utiliza a Ludoterapia para caminhar rumo ao bem-estar familiar, a prevenção e 
solução de conflitos. 
O objetivo é auxiliar na expressão das emoções de cada criança, pois 
através da brincadeira ela pode expandir seus sentimentos acumulados de 
tensão, frustração, insegurança, agressividade, medo, espanto, confusão e re-
significar os eventos traumatizantes. 
Desta forma, o terapeuta exerce a função de facilitador, sendo capaz de 
identificar os conflitos e auxiliar na busca de melhores alternativas para lidar com 
https://www.vittude.com/blog/stress-infancia/
https://www.vittude.com/blog/saude-mental/
http://www.lysispsicologia.com.br/saude-mental/suicidio-na-adolescencia-tristeza-e-solidao-nao-tem-idade/
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-psicoterapia/
http://www.lysispsicologia.com.br/servicos/psicoterapia-infantil/
http://www.lysispsicologia.com.br/servicos/psicoterapia-infantil/
https://www.vittude.com/blog/angustia/
https://www.vittude.com/blog/5-razoes-para-fazer-terapia-familiar/
https://www.vittude.com/blog/conheca-as-emocoes/
https://www.vittude.com/blog/medo-como-superar/
https://www.vittude.com/blog/trauma/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/qualidades-de-um-bom-terapeuta/
eles, ao mesmo tempo em que, orienta os pais a como intervir diante dessas 
vivências. 
As primeiras sessões são realizadas com os pais, ou quem exerce essa 
função. O psicólogo realiza entrevistas iniciais para reunir informações sobre a 
história da criança e para conhecer a dinâmica da família em que a criança está 
inserida. Depois, o psicólogo tem maiores condições de entender a queixa e 
avaliar os objetivos do trabalho. 
As sessões seguintes são realizadas apenas com a criança. Sabemos 
que as crianças não expressam seus sentimentos e emoções como fazem os 
adultos, verbalizam menos e tem outras formas de comunicações, por isso, o 
atendimento a ela é feito de forma lúdica, ou seja, “brincando” (desenhos, jogos, 
massinhas, etc.). 
É através do brincar que a criança expressará seu mundo simbólico, e 
com o auxílio do terapeuta encontrará recursos de enfrentamento para se 
posicionar diante do mundo, mas desta vez, de forma saudável e sem prejuízos 
no seu dia a dia. 
Encontros periódicos com os pais serão importantes ao longo da 
psicoterapia. A participação dos pais neste processo é imprescindível para 
sua evolução, muitas vezes, se faz necessário solicitar aos pais informações, 
como também, oferecer-lhes auxílio para o desenvolvimento satisfatório do 
processo psicoterapêutico. A parceria com a escola também é importante, já que, 
é no ambiente escolar que a criança passa boa parte do tempo. 
São muitos os motivos que fazem uma pessoa necessitar de psicoterapia, 
porém, isso pode ser percebido quando você sentir que seu filho está passando 
por “alguma dificuldade” que nem ele e nem você, tem conseguido lidar ou 
entender tais questões. 
Outras vezes, o encaminhamento à psicoterapia pode ser feito por outros 
profissionais da área da saúde como pediatra, psiquiatra, fisiologista, 
fisioterapeuta, neurologista, entre outros, ou pela escola. 
Muitos pais têm dúvidas sobre quando buscar ajuda para os filhos e 
acabam inseguros por desinformação. Dificuldades no relacionamento com as 
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/pais-sao-pessoas-nao-herois/
https://www.vittude.com/blog/como-escolher-um-bom-psicologo/
https://www.vittude.com/blog/alimentacao-saudavel/
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-inteligencia-emocional/
https://www.vittude.com/blog/psiquiatra-nao-e-coisa-de-gente-doida/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/psicologo-neurologista-ou-psiquiatra-quem-procurar/
pessoas, na atenção ou aprendizado são aspectos relevantes para buscar 
auxílio de um psicólogo, outras queixas comuns que indicam a necessidadede 
acompanhamento psicológico são: 
• Choro excessivo 
• Irritabilidade 
• Timidez excessiva 
• Birras e malcriações 
• Isolamento 
• Agressividade 
• Medo de ficar em determinado ambiente sozinho 
• Ciúmes após a chegada do (a) irmão (a) 
• Necessidade extrema de proximidade com os pais 
• Enurese e encropese 
• Dificuldades escolares 
• Recusar ir à escola de forma repentina 
• Demora a falar ou andar 
• Separação dos Pais 
• Perda de algum familiar 
• Mudanças no comportamento em geral 
Através do brincar a criança encontrará, com o auxílio do terapeuta, 
recursos de enfrentamento e expressão dos sentimentos, permitindo a resolução 
de conflitos internos e aliviando os sintomas. O acompanhamento psicológico na 
infância promove uma vida emocional equilibrada, já que é ensinada de forma 
lúdica a importância de compreender as emoções para enfrentar os conflitos de 
forma saudável. 
Os benefícios também são voltados aos pais, já que, também é trabalhado 
as necessidades de se afastarem da ideia de terem que ser perfeitos em suas 
funções. 
É importante lembrar que, a busca de Psicoterapia Infantil não significa 
que os pais não estão sendo bons suficientes, mas é preciso ressaltar que filhos 
https://www.vittude.com/blog/timidez/
https://www.vittude.com/blog/solidao/
https://www.vittude.com/blog/ciume/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/os-conflitos-do-divorcio/
https://www.vittude.com/blog/perda-de-uma-pessoa-querida/
não vem com manual de instrução e que as falhas vão existir, mesmo quando 
os pais estão fazendo de tudo para não falhar. 
Muitos se sentem culpados por não conseguir dar o suporte necessário e 
resolucionar as dificuldades que a criança está enfrentando. Quanto mais os pais 
perceberem o psicólogo como companheiro, mais os ganhos serão alcançados 
para o bem-estar da criança. 
Ludoterapia é o nome científico da Terapia através do brincar, é a 
psicoterapia adaptada para o tratamento infantil, através do qual a criança, 
brincando, projeta seu modo de ser. O objetivo dessa modalidade de análise é 
ajudar a criança, através da brincadeira, a expressar com maior facilidade os 
seus conflitos e dificuldades, ajudando-a em sua solução para que consiga uma 
melhor integração e adaptação social, tanto no âmbito da família como da 
sociedade em geral. 
O terapeuta observa e interpreta suas projeções para compreender o 
mundo interno e a dinâmica da personalidade da criança. Para isso, buscam-se 
instrumentos através dos quais as projeções são facilitadas uma vez que, quanto 
menor a criança, mais difícil é para ela verbalizar adequadamente seus conflitos. 
Pode ser brincar de casinha, criação e prática de estórias e contos de fadas, jogo 
do rabisco, desenho, pintura, modelagem, dentre várias outras atividades. 
Ao brincar, a criança de alguma forma “sabe” que está se expondo porque 
ali ela atua representando as situações que a afligem. Como colocar toda a sua 
energia, atenção e emoção na brincadeira, ela intui que está como que 
“transparente” ao olhar do outro. Brincar é uma forma de linguagem tão clara 
para a criança que ela pensa ser, o seu significado, compreensível também para 
os outros. 
É por essa razão que às vezes, ao terminar uma sessão, ela pode pedir 
ao terapeuta que não mostre sua produção aos pais. Pode ser, por exemplo, um 
desenho que ela fez de sua família, no qual ela desenhou o pai afastado no canto 
da página e em tamanho menor. 
 A sua obra pode estar denunciando dificuldades de relacionamentos na 
dinâmica familiar, as quais ela não se sente autorizada a abordar e com as quais 
https://www.vittude.com/blog/comportamento/
https://www.vittude.com/blog/psicologo/
não sabe tampouco lidar. Desse modo, não pode expressá-las e pede a 
cumplicidade do terapeuta para mantê-las em segredo. Outro exemplo: Ao 
brincar com os bonequinhos, a criança cria uma família em que os pais brigam 
muito ou batem nos filhos. 
Ela não está contando uma estória adequadamente articulada através da 
fala, como faria um adulto, mas reproduz uma cena possivelmente bastante 
conhecida sua. Cabe ao terapeuta investigar a origem dos conflitos, averiguando 
se trata-se de identificação com personagens de outras estórias, como filmes 
vistos na TV ou lidos em estórias em quadrinhos ou se retrata a sua própria vida. 
A maioria das crianças adere facilmente à ludoterapia e adquire, em 
relação ao terapeuta, confiança suficiente para se expor, brincando livremente. 
Outras, porém, e por várias possíveis motivações internas, esquivam-se das 
atividades projetivas preferindo brinquedos cujo grau de exposição é muito 
menor, como os jogos, por exemplo, em que as regras e o comportamento são 
previamente determinados, reduzindo bastante o grau de sua exposição. 
Nessa situação, fica mais difícil uma intervenção interpretativa de 
finalidade diagnóstica porque, sem o recurso da atividade projetiva e sem a 
verbalização do conflito, as sessões correm o risco de se tornar apenas uma 
hora de brincadeiras o que, não sendo ruim – ao contrário, muito se elabora 
durante a hora lúdica – pode também não ser suficientemente eficaz no sentido 
de ajudar a criança a lidar com a dificuldade que a trouxe até ali. 
Nesses casos, faz-se necessário que novos recursos sejam introduzidos, 
no sentido de facilitar o acesso do terapeuta à problemática central do paciente. 
Para isso é fundamental que, primeiramente, tenha sido construído um vínculo 
terapêutico adequado e que o profissional tenha flexibilidade para seguir novos 
caminhos de acordo com o gosto, necessidades e recursos da criança. Desta 
nova porta, a criatividade de ambos poderá ditar qual a atividade mais fácil e 
prazerosamente poderia trazer o problema à tona e ser acessado sem grandes 
barreiras defensivas. 
O que importa, na terapia, é que o contato com a emoção aconteça. O 
processo de elaboração vai dando-se à medida que o analisando compartilha 
sua dor, anseios e experiências traumáticas de uma maneira mais livre de crítica 
e mesmo de autocensura. 
A participação do terapeuta neste tipo de trabalho é bastante mais ativa 
do que seria numa ludoterapia tradicional. Aqui ele não pode ser apenas um 
observador, precisa facilitar a viabilização do projeto, seja oferecendo ideias no 
início (para que a exequibilidade do trabalho a ser feito seja perceptível para a 
criança) seja operacionalizando algumas fases da criação (por exemplo, a 
criança pode estar disposta a ditar a história ao invés de escrevê-la de próprio 
punho). 
Nesta situação, o terapeuta pode funcionar como uma espécie de 
assistente do autor, uma vez que o que importa nessa fase do processo é o 
conteúdo da narrativa. O produto concreto resultado dessa experiência, isto é, o 
‘’livro’’ em si pode não ter importância no sentido de valor artístico, mas o que 
conta é o resultado terapêutico obtido durante a sua elaboração, para cujo 
processo ele funciona como uma ferramenta de acesso ao mundo interno da 
criança. 
Muitas são as possibilidades de intervenção na Ludoterapia e a 
elaboração de um livro é apenas uma delas. O terapeuta poderá criar, 
juntamente com a criança, o caminho mais suave e adequado para cada caso, 
respeitando a personalidade, os recursos e as limitações de cada criança, enfim, 
a sua individualidade. 
A Ludoterapia destina-se principalmente a crianças na faixa de três a 
onze anos de idade, aproximadamente, e pode ser aplicada individualmente ou 
em grupo, dependendo da abordagem adotada e do problema a ser tratado. Os 
motivos que levam os pais a buscarem a terapia para seus filhos são bastante 
diversos, predominando dificuldades de aprendizagem e distúrbios 
comportamentais, especialmente agressividade e comportamento antissocial, 
ocorrendo igualmente em ambos os sexos. 
A indicação da Ludoterapia é mais comumente feita por pediatras e pela 
escola e vem aumentando cada vez mais nos últimos tempos. A procura ocorre 
predominantementeentre famílias de classes média e alta. No entanto, dada a 
sua importância no tratamento e ao alto índice de detecção de problemas em 
crianças na idade escolar, cresce também o número de centros de serviços 
gratuitos para atendimento à população carente. 
O tratamento realiza-se através de sessões de cinquenta minutos cada e 
as crianças geralmente gostam bastante, visto que na sala de Ludoterapia não 
lhe serão solicitadas atividades desagradáveis ou entediantes. Ali elas poderão 
falar e/ou brincar sendo, esta última, a forma mais apreciada e através da qual 
cada criança se expressará de forma simbólica. 
As representações variam em função do tipo de quadro clínico que a 
criança apresenta, muito embora as atividades lúdicas sejam parecidas, 
independentemente do sexo da criança e de sua sintomatologia, que inclui 
também aquelas portadoras de déficits neurológicos e cognitivos. O que difere é 
o grau da elaboração das representações. 
Por exemplo, uma criança com motricidade fina abaixo da média, 
apresentará um produto empobrecido em termos gráficos, o que não a impedirá 
de elaborar seus conflitos de maneira satisfatória. No entanto, são as questões 
emocionais o fator responsável pela maior parte dos distúrbios que chegam ao 
consultório. 
Durante as sessões, o terapeuta pode utilizar-se tanto de técnicas 
diretivas como não-diretivas e isso vai depender principalmente da abordagem 
por ele adotada. Através da postura diretiva, o terapeuta orienta a criança a 
desenvolver atividades nas quais ele crê ser mais facilitado a expressão de um 
determinado tipo de conflito. 
Particularmente, prefiro a postura não-diretiva, posicionando-me mais 
pontualmente apenas quando percebo ser importante para o andamento do 
tratamento. Permito que a criança se autodirija praticamente o tempo todo, 
sentindo-se livre para realizar a atividade que preferir e expressar-se do modo 
que lhe for mais conveniente, consciente de que não será criticada por nada que 
se refira ao seu modo de ser. 
Limito-me a pontuar possíveis aspectos importantes ao detectá-los no seu 
comportamento, porém sem forçá-la ostensivamente. Um clima de respeitosa 
cordialidade é obtido, geralmente sem dificuldades. Para isso, na primeira 
sessão do processo, estabeleço que naquele espaço estarão sempre presentes 
três regras que deverão ser obedecidas o tempo todo: 1a.) é proibido machucar-
se de propósito; 2a.) é proibido quebrar qualquer coisa de propósito; e 3a.) é 
proibido me machucar de propósito. 
As crianças costumam achar bastante justa essa combinação e, às vezes, 
me perguntam se elas valem também para mim, ao que respondo 
afirmativamente. Elas se sentem satisfeitas por saberem que, exceto essas três 
condições, tudo o mais é permitido, razão porque aquele espaço passa a ser 
sinônimo de liberdade de expressão. 
As crianças em processo terapêutico tendem a manifestar bastante 
afetividade em relação ao terapeuta, o que facilita muito todo o trabalho. Este, 
porém, deverá corresponder com reserva, pois seu papel será sempre acolhê-
las tendo em mente levá-las em busca da sua independência e autonomia, o que 
é feito gradativamente. 
 Assim, o vínculo afetivo mais forte vai se desfazendo de forma lenta e 
natural, preparando a criança para receber alta do processo terapêutico sem 
sentir-se abandonada, rejeitada ou privada de um lugar que lhe fazia sentir-se 
muito bem. 
Quando essa transição é feita adequadamente – o que não ocorre, 
infelizmente, quando os pais decidem interromper o processo abruptamente – 
pode acontecer também que a própria criança, por sentir-se mais independente 
e livre do problema que a levou até ali, decida espontaneamente finalizar a 
terapia. 
A participação dos pais é fundamental para o sucesso do tratamento 
porque eles estão, invariavelmente, ligados ao quadro apresentado pela criança. 
Não se trata de culpá-los pelo problema. É que a criança é, em geral, uma 
espécie de reflexo da dinâmica familiar. 
Daí a importância do envolvimento dos pais no tratamento, para que se 
possa tratar a criança, orientando-os e recebendo deles o feedback necessário 
ao acompanhamento do caso. Porém, nem sempre a receptividade dos pais é 
favorável. 
Para alguns, é muito difícil lidar com a constatação de que é necessário 
fazer mudanças porque sua atitude em relação à criança, embora bem-
intencionada, vem sendo geradora de conflitos. No entanto, há muitos casos que 
são gratificantes, nos quais os pais apresentam-se cooperativos e envolvem-se 
inteiramente com o tratamento. 
A melhora dos sintomas ou mesmo a supressão do quadro inicial é 
detectada através da evolução das representações da criança. Muda sua 
maneira de abordar o tema central numa mesma brincadeira, assim como 
evoluem também o teor de seus desenhos e/ou o seu comportamento em geral. 
No caso clínico citado anteriormente, um dos sinais da ocorrência de elaboração 
(evidência de que o problema começa a ser processado e resolvido 
internamente) foi o fato de que, ao longo do processo de criação do livro, Bruna 
começou a gostar da história que estávamos construindo (a história do seu 
conflito que, na verdade, estava sendo reconstruída agora de uma forma mais 
consciente) e ao ver que o livro começava a ganhar forma (o seu livro, na 
verdade, construído com uma experiência de sua vida), percebeu que a sua 
história tem valor e importância (“minha vida é uma história importante, 
interessante e merece ser lida, escrita e contada porque pode ser apreciada”). 
Ao valorizar sua produção, a criança vai ganhando autoconfiança e maior 
desenvoltura com o tema, vai internalizando as intervenções feitas e se 
apropriando dos insights que surgem, num clima de criatividade e entusiasmo 
pela atividade que desenvolve. 
Além da observação no consultório, o profissional também busca 
informações na escola e na família com a finalidade de certificar-se de que os 
ganhos em terapia estão sendo generalizados para o universo de relações da 
criança. 
Às vezes os pais queixam-se de que a criança “piorou” relatando que ela, 
que antes era dócil e pacata, tornou-se briguenta e rebelde. Dependendo do 
caso, o profissional poderá interpretar esse comportamento como ganho real 
para aquela criança em particular, visto que começou a sentir coragem para 
expressar seus sentimentos de desagrado, caso fosse incapaz de fazê-lo 
anteriormente. Caberá ao terapeuta interpretar cuidadosamente esses dados 
para identificar se indicam realmente uma melhora da criança ou não, atuando 
apropriadamente a partir dessa avaliação e do relato dos pais. 
O tempo de duração do tratamento é variável, podendo ocorrer nas 
primeiras seis semanas, nos casos mais simples e agudos, ou estender-se por 
um ou mais anos, quando tratar-se de dificuldades estruturais ou mais 
complexas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Histórico da Ludoterapia 
 
Melanie Klein ao iniciar seu trabalho na década de 20, desenvolveu um 
novo instrumento de trabalho: ¨a técnica do brincar¨. Por meio dessa técnica 
foi possível alcançar as fixações e experiências mais profundamente recalcadas 
da criança e exercer uma influência importante em seu desenvolvimento. 
Na psicanálise infantil o brincar tomou forma e sentido, passou a ser visto 
e trabalhado como técnica infantil, chamada de ludoterapia. Para a psicanálise 
infantil a palavra e o brincar da criança devem ser resgatados em toda sua 
autenticidade. 
Essa abordagem vai além da concepção cronológica e, objetiva revelar o 
que há de específico no infantil e na criança. A Ludoterapia é uma técnica 
psicoterápica usada no tratamento dos distúrbios de conduta infantis e, baseia-
se no fato de que o brincar é um meio natural de auto expressão da criança. 
Podendo ser utilizada de forma individual ou grupal. Visto que não se pode 
exigir de uma criança que faça associações livres, Melanie Klein tratou o brincar 
comoequivalente a expressões verbais, isto é, como expressão simbólica de 
seus conflitos inconscientes. 
Assim a Psicoterapia Infantil ajudaria a criança a resolver fixações e a 
elaborar situações traumáticas do seu desenvolvimento. A análise através do 
brincar mostra que o simbolismo possibilita à criança transferir não apenas 
interesses, mas também fantasias, ansiedades e culpa a outros objetos além de 
pessoas, ou seja, muito alívio é possibilitado através do brincar. Podemos assim 
pensar que a criação, no uso da criatividade através do brincar seria um viés 
sublimatório; forma encontrada pela criança de colocar suas pulsões à mostra, 
expostas via objetos socialmente valorizados ou não. 
Melanie Klein percebeu que o brincar da criança poderia representar 
simbolicamente suas ansiedades e fantasias e , que estas brincadeiras 
possibilitam conhecer os significados latentes e estabelecer correlações com 
situações experimentadas ou imaginadas por elas, fornecendo à cada uma 
delas a possibilidade de elaborar tais situações; mas, parece ter sido 
Donald Woods Winnicott o primeiro pós-freudiano a se debruçar sobre a real 
temática, como objeto de estudo específico. 
De acordo com Cabral (2000) “Análise infantil é um método de diagnóstico 
e terapia infantil que combina os princípios da Psicanálise freudiana e as técnicas 
projetivas consagradas nos testes de Rorschach e de Murray (T.A.T.). 
 A esse método, Melanie Klein (1932) deu o nome de playtechnique, ou 
técnica de brinquedo, ou ainda ludoterapia, depois desenvolvida por outros 
psicanalistas da Escola de Londres, como D. W. Winnicott e Money Kyrle, e 
adotada no todo ou em parte por analistas de outras correntes. 
A análise infantil funda-se no princípio da catarse, uma vez que tenta 
explorar o mundo de sentimentos e impulsos inconscientes (os “fantasmas” 
infantis) como origem efetiva de todas as ações e reações observadas nos 
pequenos pacientes”. 
Melanie Klein estudou e relatou as descobertas da psicanálise que 
resultaram na criação de uma nova Psicologia Infantil. 
A criança desde os seus primeiros anos de vida pode experimentar 
sentimentos ruins como angústia e luto. 
O caráter primitivo do psiquismo infantil requer uma técnica analítica 
especialmente adaptada à criança, para isso utilizamos sua própria linguagem, 
ou pelo menos tentamos usar uma linguagem acessível à criança como também 
lançamos mão de todos os tipos de brincadeiras, desde jogos de regras como 
também jogos com bonecos de pano ou animais, além de todo material 
pedagógico que contribui muito para entendermos o mundo infantil. Por meio 
deste método obtemos acesso às fixações e experiências profundamente 
recalcadas da criança, o que nos possibilita exercer uma influência radical em 
seu desenvolvimento. 
O homem ao nascer é totalmente dependente nos primeiros anos de vida. 
Essa dependência se estende às atividades corporais e emocionais, porque 
depende do adulto até para saciar suas necessidades básicas como: agasalhar-
se, alimentar-se, etc. O poeta, o artista, o pai, a mãe, o amigo, os idealistas estão 
latentes na criança pequena. 
Toda brincadeira tem um significado a ser explorado. Analogamente ao 
ator que pesquisa seu personagem, a criança constrói seu conhecimento com 
brincadeiras, jogos, jogos dramáticos e jogos com regras. 
Muitos pais ao verem seus filhos brincando se questionam se devem 
deixá-los sem fazer nada, porém desconhecem o fato de que brincar é a forma 
natural da criança vivenciar todos os acontecimentos do seu dia a dia e até 
mesmo compreender o mundo que a cerca. 
Brincar é o trabalho da criança. Ela o faz para aprender, ganhar 
experiência, desenvolver-se, exercitar sua criatividade. Durante as brincadeiras 
começa a identificar seus sentimentos: amor, raiva, agressividade, isso podemos 
observar durante os jogos dramáticos da criança que procura imitar os adultos 
em suas atividades e se utilizam de expressões e mímicas para representar o 
personagem. 
Dessa forma o melhor caminho para chegarmos ao mundo mágico da 
criança é através da brincadeira. 
A ludoterapia pode ser realizada também com adultos. Todos nós 
precisamos brincar e sorrir sempre, para nos sentirmos felizes com a vida. 
 
2.1 A criança e o Brincar Segundo Vera Barros de Oliveira 
 
Segundo a Psicóloga Infantil, Vera Barros Oliveira (2000), no brincar 
casam-se a espontaneidade e a criatividade com a progressiva aceitação das 
regras sociais e morais; ou seja, brincando a criança se humaniza, aprendendo 
a conciliar de forma efetiva a afirmação de si mesma à criação de vínculos 
afetivos duradouros. 
 Oliveira explica que brincando a criança elabora progressivamente o luto 
da perda relativa dos cuidados maternos, assim como encontra forças e 
descobre estratégias para enfrentar o desafio de andar com suas próprias pernas 
e pensar aos poucos com a própria cabeça, assumindo a responsabilidade por 
seus atos. 
Dessa forma, o brincar se constitui na ferramenta por excelência que a 
criança dispõe para aprender a viver. É no brincar que a criança encontra 
condições de desenvolver seu potencial já adquirido geneticamente. 
Segundo Oliveira, o brincar tem um papel importante na construção da 
inteligência e equilíbrio emocional do bebê, contribuindo para sua integração 
com o meio em que vive e, até mesmo para sua autoafirmação. 
Ela alega que as estruturas mentais, por serem orgânicas, só se 
desenvolvem mediante a possibilidade de expressão e comunicação com o 
meio. E, complementa, dizendo: “o brincar ensina a escolher, a assumir, a 
participar, a delegar e, a postergar”. 
Oliveira esclarece que é a crença no retorno periódico da mãe, que 
alimenta, protege, aquece, conversa e brinca, que dá forças ao bebê para 
suportar sua ausência. E, que o caráter ondulatório e cíclico de sua atividade 
lúdica, com temas opostos como vimos, expressa simbolicamente que est á 
aprendendo a esperar e a suportar a tensão e a frustração da separação, 
justamente porque confia em seu retorno. 
E, completa dizendo que o brincar compensa e reequilibra o organismo, 
chegando mesmo a armazenar bem-estar, se assim podemos dizer, para 
momentos futuros 
2.2 O Jogo e o Brincar segundo Melanie Klein 
 
Melanie Klein, discípula fiel de Sigmund Freud, acabou por criar sua 
própria linha de psicanálise. Conjecturava a possibilidade do lúdico não apenas 
com o propósito de resgatar a relação de amor que a criança pode não ter tido, 
mas uma possibilidade de se trabalhar mais enfaticamente com o sujeito infantil. 
A referida autora observou que existem outras emoções em jogo nessa relação, 
como o ódio, a inveja, a sexualidade, etc. Verificou, então, que a criança havia 
perdido a inocência e suas brincadeiras e jogos apresentavam conteúdos 
sexuais. Para ela, os brinquedos e jogos infantis, tornaram-se processos 
simbólicos, com sentidos e significações especiais e únicos para cada criança. 
Em 1929, Melanie Klein, não focalizava a criatividade como sendo uma 
temática específica, mas descreveu o processo criativo como sendo uma 
tentativa de restauração de danos causados a objetos, sejam esses internos ou 
externos. 
Segundo ela, brincando a criança expressa de modo simbólico suas 
fantasias, seus desejos e suas experiências vividas 
2.3 O Jogo e o Brincar Segundo Donald Winnicott 
 
Winnicott, observou que os bebês tendem a usar os punhos e os dedos 
para satisfazerem seus instintos e, que após alguns meses passam a usar algum 
objeto especial para substituir este meio de estimulação, já tendo a capacidade 
de reconhecer este objeto como “não-eu”. 
Adquirem também, a capacidade d e criar, imaginar, inventar, produz ir 
um objeto e estabelecer uma relação afetuosa com este objeto. Segundo ele, 
fenômenos transicionais é justamente a transferência que ocorre na troca do uso 
do dedo ou polegar paraa utilização de um objeto como o “não-eu ” a que ele 
chama de objeto transicional. 
Ou seja, quando pensamos no brincar como um instrumento valioso para 
o trabalho analítico, sabemos que estamos tratando de uma atividade que ocorre 
na área que foi denominada por Winnicott de transicional. Ele afirma que quando 
o simbolismo é empregado, o bebê já está claramente distinguindo entre 
fantasia e fato, entre objeto externo e interno, entre criatividade primária e 
percepção. 
E, diz que o brincar te m um lugar e um tempo, acontecendo primeiro 
entre mãe e bebê, segundo as experiências de vida. Ele explica que o brincar 
facilita o crescimento e, portanto, a saúde - além de conduzir aos 
relacionamentos grupais, até por que, “brincar é fazer. ”. Segundo ele, no brincar 
a criança manipula fenômenos externos a serviço do sonho e veste fenômenos 
externos, escolhidos com significado e sentimentos oníricos. 
E, prossegue dizendo que há uma evolução direta dos fenômenos 
transicionais para o brincar, do brincar para o brincar compartilhado, e deste para 
as experiências culturais. Winnicott esclarece ainda, que o brincar envolve o 
corpo devido à manipulação de objetos. Assim sendo, a criatividade é 
fundamental e é através dela que o indivíduo sente que a vida é digna de ser 
vivida. 
 Ele explica que em todas as fases da vida, o mediador é fundamental 
para o sucesso no desenvolvimento do bebê, criança, adolescente, adulto ou 
velho. E, que tudo acontece com um mediador, com interação: o segurar, o 
manejar, a apresentação de objetos, a destruição do objeto, a sobrevivência à 
destruição. Assim, quando essa interação é feita com confiança, se a tarefa da 
mãe é cumprida na sua integralidade o desenvolvimento emocional e mental do 
bebê e da criança é conseguido sem consequências negativas. 
 E, de acordo com Winnicott o simples fato de estar ao lado da criança, 
amando-a e respeitando seu ritmo natural, é o suficiente para proporcionar 
condições para seu desenvolvimento. Ele afirma que quando a criança 
experimenta angústia, medo e desamparo, o “objeto transacional” serve como 
suporte - um apoio para criança. Segundo Winnicott, este objeto é reconhecido 
pelos pais e é carregado para todos os lugares, pois ele representa conforto e 
segurança para o bebê. 
 Um objeto que não é imposto à criança, antes é por escolhido pela própria 
criança. Às vezes uma fralda velha, um pedaço de roupa dos pais, um cobertor, 
possui características muito particulares, como, por exemplo, o cheiro e, por isso 
não pode ser lavado. Ele esclarece que esse objeto não é auto erótico, como por 
exemplo, chupar o dedo ou enrolar o cabelo; ou seja, não é auto erótico porque 
é externo ao corpo da criança. Esclarece ainda que, para cada criança, esse 
objeto tem um sentido, e é sentido como algo seu que lhe passa segurança e, 
visto que lhe é familiar, pode experimentar um sentimento de posse e controle, 
pois, sabe que pode levá-lo para onde quer. E, nos fala enfaticamente que “é no 
brincar que o indivíduo criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua 
personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o 
eu. 
3 Bases da Ludoterapia 
 
Ludoterapia significa a aplicação de procedimentos de psicoterapia 
através da ação do brincar, mais especificamente, é o processo 
psicoterapêutico, que lançando mão do brinquedo, vai, através, da brincadeira 
constituir-se na estratégia utilizada pelo psicoterapeuta, a fim de que se possa 
rumar no sentido da autenticidade, aspecto este que fundamenta a essência da 
psicoterapia de base fenomenológico-existencial. 
A psicologia dispõe de três métodos básicos, através dos quais se 
desenrola toda a sua prática. São eles: o comportamental, o psicanalítico e o 
fenomenológico. 
No método comportamental, que tem no seu bojo os princípios 
positivistas, a terapêutica vai ocorrer através da sistematização das 
contingências de reforço, frente aos comportamentos desadaptados de uma 
dada criança. A partir de tal sistematização a criança vai reaprender os 
comportamentos, que se tornarão adaptados. 
Na prática psicanalítica o processo terapêutico só ocorrerá de fato com a 
transferência. Esta constitui a essência do método psicanalítico, que tem como 
fundamento a interpretação a partir de seus princípios e axiomas teóricos. A 
interpretação das vivências da criança e a consequente reelaboração das 
experiências passadas é o objetivo da terapêutica psicanalítica. 
 Na psicoterapia fenomenológico-existencial, o discurso constitui a 
essência do processo psicoterápico e ocorre na relação entre duas ou mais 
linguagens. É nesta relação de intersubjetividade que o psicoterapeuta vai 
buscar, na vivência conflitiva do cliente a coerência entre as condições do existir. 
O psicólogo vai percorrer nesta busca através de seu recurso básico de atuação: 
a linguagem. 
É na linguagem que vai ser articulado o processo de psicoterapia. 
Heidegger afirma que é no discurso que o indivíduo revela aquilo que ele oculta. 
Na linguagem, o ser se revela, e aquilo que oculta se dá na estrutura do 
entendimento e do sentimento. Ainda segundo este filósofo, o estado de queda 
ou decaimento acontece quando a linguagem, o sentimento e a 
compreensibilidade apresentam-se desarticulados. Por outro lado, o dasein atua 
no mundo de forma autêntica quando as três condições do existir mostram-se 
em harmonia. 
A diferença na aplicação destes três métodos pode se tornar clara a partir 
da seguinte exemplificação: 
“Num determinado momento, um menino de nove anos que já vinha há algum 
tempo mostrando comportamentos agressivos na sessão de ludoterapia. Pega 
um boneco pai, soca-o e depois isola-o do restante dos bonecos, escondendo-o 
em uma caixa. ” 
 Na concepção behaviorista a atitude deste menino teria sido aprendida e 
as contingências do meio, provavelmente, reforçaram-na. A estratégia 
terapêutica consistiria numa reaprendizagem. Psicanaliticamente, 
provavelmente a revelação da criança seria interpretada a partir de uma teoria 
de base que se articula numa vivência edípica. No enfoque fenomenológico-
existencial todos os valores, teorias e pressupostos seriam colocados entre 
parênteses, e desta forma a situação poderá ser compreendida no contexto em 
que a revelação se evidencie. A terapêutica se daria no sentido de criar 
condições para que os sentimentos se mostrem, sejam eles de amor, de 
hostilidade, de culpa ou outros. 
 Ao processo de escuta e fala, enquanto articulação do sentido, que ocorre 
no brincar, vai se denominar ludoterapia. A fala no adulto, que por si só muitas 
vezes é suficiente, na criança, na maioria das vezes mostra-se insuficiente, 
fazendo-se necessário o recurso do brinquedo para que desta forma o processo 
psicoterapêutico possa fluir. No lúdico, a criança revela seus sentimentos, suas 
vivências, enfim seus significados. 
3.1 Método Fenomenológico e os princípios existenciais 
A abordagem fenomenológico-existencial lança mão do método 
fenomenológico utilizando os recursos da épochè, redução fenomenológica, 
captação intuitiva e integração significativa, à luz da filosofia existencial com os 
princípios de liberdade, responsabilidade, risco, angústia, desespero, morte e 
autenticidade. 
 Enquanto método, que pretende se diferenciar do positivismo, a 
fenomenologia propõe que, em contato com os fenômenos, suspendam-se os 
juízos, os valores, as teorias, enfim, os princípios teóricos acerca do que 
apresenta. A esta postura, frente ao aparente, vai se denominar épochè. 
 Na psicologia com este enfoque, as intervenções do psicoterapeuta vão 
se fundamentar na redução fenomenológica como a estratégia pela qual o 
psicólogo vai buscar o sentido do discurso do cliente. É neste aspecto que escuta 
e fala se articulam, fundando o processo psicoterapêutico. 
 Ao psicoterapeuta cabe buscar os significados que estão implicados nodiscurso do cliente; para tanto, ele vai pautar-se nos princípios da captação 
intuitiva e da integração significativa. Na primeira se dá a percepção apurada a 
partir da condição de sentir do terapeuta. O sentido é captado, porém não é 
elaborado no nível reflexivo. Isto vai ocorrer num segundo momento com a 
integração significativa, quando o conteúdo passado pelo cliente se refletirá na 
relação entre ambos. 
 Os princípios existenciais vão possibilitar as reflexões acerca da 
existência. A liberdade ocupa lugar de destaque nestas reflexões, uma vez que 
é a partir das possibilidades dadas ao existente que este se torna livre para 
escolher. Enquanto livre o indivíduo torna-se responsável pela possibilidade 
escolhida. Ao se tornar responsável, sente-se culpado e angustiado frente às 
possibilidades abandonadas e às que serão preteridas respectivamente. 
 Quando a criança chega à sala, o terapeuta se apresenta e pergunta-lhe 
se sabe o porquê de estar ali. Apresenta-lhe o espaço de ludo com todas as suas 
possibilidades: papel para desenhar, lápis de cor, água, areia, barro, tesoura, 
quadro negro, jogos, livros infantis, fantoches, casa de bonecas, carrinhos, entre 
outros. 
 Neste momento, cabe à criança escolher. O princípio a ser trabalhado é o 
da liberdade. Não se escolhe pelo cliente; é ele quem vai escolher; desta forma 
vai exercer a sua possibilidade de escolha. 
 Ele pode dizer: “não sei tia, escolhe qualquer coisa. ” 
 O terapeuta pode responder: “você está dizendo que eu posso escolher por 
você. ” 
- É. 
- Você está dizendo que não quer escolher. 
- Não. Você pode escolher, eu não quero escolher. 
- Quando você me manda escolher por você, sou eu quem vou definir a tarefa. 
Você então se dispõe a fazer o que eu quiser. Então vamos fazer contas de 
multiplicar. 
- Não, mas isso eu não quero. 
- Mas você disse que eu poderia escolher. 
- Mas multiplicar não. 
- Então tá. O que você escolhe? 
Se a criança insistir em não escolher, o terapeuta pode continuar 
escolhendo coisas que a criança provavelmente não gostaria de fazer e então 
refletiria para ela: “quando a gente não escolhe o que quer, deixa o outro 
escolher e aí a escolha do outro pode acabar por desagradar”. Nesse caso, 
trabalha-se a forma como ele constrói o seu ser no mundo: “é sempre assim com 
seus coleguinhas, eles escolhem por você? ” / “é assim na sua casa? ” Exploram-
se todas as suas situações de vida. Ao acabar a sessão, pede-se para que ele 
observe como isso acontece lá fora. Nesta situação foi trabalhada a liberdade de 
escolha. A responsabilidade também foi vista. Ela escolheu e é responsável pelo 
que escolhe. Quando escolhe não escolher, continua responsável por não ter 
escolhido. É responsável por deixar que a outra escolha por ela. 
A angústia é o sentimento original que se dá na abertura do ser para o 
mundo. Frente às possibilidades oferecidas, ao dasein cabe escolher. A opção 
por uma das possibilidades encerra todas as outras. Isto acontece, por exemplo, 
quando, faltando poucos minutos para terminar a sessão, a criança ainda deseja 
realizar muitas tarefas que o tempo não permitiria. A criança deve fazer uma 
escolha, situação que vem carregada de angústia, uma vez que ela terá que abrir 
mão de outras possibilidades. Neste momento, o psicoterapeuta deve atuar no 
sentido de não aliviar a angústia, pois se assim o fizer estará aniquilando a 
situação de crescimento. 
A autenticidade caracteriza-se pelo fluir juntamente as três condições da 
existência. São elas: sentimento, entendimento e linguagem. O terapeuta atua 
no sentido de que tais condições se articulem sem conflitos. 
Na vivência dialética entre o eterno e o temporal, o terceiro termo é a 
existência no tempo, onde a morte é a constante companheira da vida. Neste 
sentido, o temporal constitui-se num aspecto fundamental no trabalho da 
psicoterapia. A partir da consciência da coexistência morte e vida, o 
psicoterapeuta atua de forma a trazer as limitações do existir. 
 
3.2 Recursos Metodológicos 
 
A ludoterapia constitui-se numa prática da psicologia, portanto vai se 
articular a partir de um método e de reflexões teóricas. O fazer do psicólogo além 
de utilizar-se destes instrumentos, vai se dar a partir de alguns recursos 
metodológicos, tais como: atitudes, intervenções, livros, jogos, fábulas, 
dinâmicas, entre outros. 
Com relação às atitudes, a ética deve ocupar o lugar central. A sua 
atuação deve ser isenta de seus valores. Não cabe ao terapeuta avaliar uma 
atitude feia, nem bonita, nem certa ou errada, enfim, ele deve evitar ao máximo 
uma atitude de julgamento, uma direção quanto ao caminho que a criança deve 
seguir. Deve estabelecer uma relação com a criança pautada na autenticidade. 
Evitar, por exemplo, falar com a criança como se estivesse falando com alguém 
que não compreenda a linguagem comum, provavelmente se pensar desta forma 
não irá estabelecer uma relação de confiança. O psicólogo brinca com a criança, 
mas fala a sua própria fala, ao brincar. 
Virginia Axline, que adota a teoria de Rogers em sua atuação, descreve 
em seu livro Dibs: em busca de si mesmo algumas intervenções que são 
classificadas por Rogers como refletora de conteúdo verbal e clarificadora de 
vivência emocional. A primeira ocorre quando o cliente, ao brincar, revela um 
significado incongruente e o psicólogo sintetiza o discurso e o devolve. Na 
segunda, o psicólogo extrai o sentimento que foi explicitado naquela brincadeira 
e clarifica-o. 
Alguns psicólogos constroem as suas intervenções de forma afirmativa. 
Virginia Axline o faz de forma inquisitiva. Cada um vai construir seu próprio estilo 
e suas modalidades de intervenções, desde que o método fenomenológico seja 
considerado. 
 
3.3 O Papel do Psicólogo na Ludoterapia 
 
A atuação do psicólogo muitas vezes constitui-se numa arte muito mais 
do que numa técnica. Este aprendizado ocorre na medida em que há a 
experiência. Os aprendizes de ludoterapia acabam por passar por momentos 
difíceis, em que se separar da forma como lidam com o cotidiano para assumir 
uma postura de psicoterapeuta torna-se uma tarefa árdua. É comum, em 
psicólogos inexperientes, ocorrerem alguns deslizes, tais como, entrar em 
competição com a criança que assume no mundo uma postura autoritária, 
levando o psicólogo a imbuir-se do lema: “vamos ver quem é que manda! ”. Agir 
desta forma implica em prejuízo do processo. Neste contexto não há lugar para 
disputa, a relação deve se estruturar como de ajuda. O psicólogo atua como 
facilitador que junto com a criança cria condições de crescimento num ambiente 
que lhe permita no brincar a expressão dos seus significados. 
No início pode ocorrer que o terapeuta tenha dificuldade em dar limites à 
criança. Com frequência, a criança opõe-se ao fato de ter que ir embora, ao 
término das sessões. Os limites têm que ser estabelecidos e trabalhados com a 
criança. 
Outra questão à qual o psicólogo deve estar atento é a curiosidade: 
psicólogo nenhum deve ser curioso, pois, se assim for, não vai estar atento ao 
outro, estará atento a si mesmo. 
Não se faz necessário insistir nos porquês, hábito bastante frequente nos 
novatos. Este tipo de questionamento muitas vezes acaba por irritar a criança, 
que muitas vezes reage dizendo: “tia, para de perguntar o porquê” ou “você 
pergunta muito”. O psicólogo deve sempre continuar o processo na linha que a 
criança conduz. Ao invés de ficar perguntando: “mas por que você disse isso? ” 
Ou, “mas por que você prefere esse jogo? ”, o psicólogo deve ir junto com a 
criança: “Ah, sim, você escolheu esse jogo”, e 
deixá-la continuar procedendo sobre o jogo da forma que ela própria escolheu. 
O treinamento da épochè faz-se necessário para que o psicoterapeuta 
atue de uma forma própria que não se confunda com a vivência cotidiana. 
Através da ação, do brincar, por exemplo, a criança vai expressando toda a suahostilidade e o terapeuta vai criar um ambiente permissivo para que ela externe 
esses sentimentos. Não vai dizer para ela que em pai não se bate. Se a criança, 
neste contexto, quiser bater no pai, ela o fará. Essa forma de atuar vai diferenciar 
o psicólogo das pessoas comuns. As pessoas comuns vão dizer: “o que é isso? 
Seu pai é tão bonzinho para você”, ao psicólogo, no entanto caberá a 
compreensão desta expressão. 
A expressão dos sentimentos é muitas vezes ambígua e contraditória. Ora 
sente culpa, ora se sente ódio. A nós terapeutas cabe remover a culpa para que 
o sentimento de origem apareça espontaneamente. Com culpa há repressão dos 
sentimentos. Portanto, alimentar a culpa é terminantemente proibido no 
processo terapêutico. 
As intervenções do terapeuta deverão mobilizar os sentimentos de forma 
que estes apareçam através do brincar, da ação e consequentemente pela 
linguagem. Para tanto faz-se mister que o psicoterapeuta mantenha “as orelhas 
em pé e os olhos abertos”. 
 
 3.4 Orientação dos Pais 
 
A orientação dos pais acontece sempre que o terapeuta perceber que os 
estes não estão atuando de forma a facilitar o crescimento da criança. Os pais 
ou boicotam o processo ou continuam mentindo, ou ainda castigando em 
demasia. No início pode-se chamá-los uma vez por mês. Depois, de acordo com 
a situação, pode-se espaçar as orientações. Neste momento, o terapeuta vai 
levá-los a refletir sobre a forma como as coisas estão acontecendo na família. O 
terapeuta traz as situações familiares conflitivas e todos refletem sobre tais 
situações. Não diz diretamente o que deve ser feito. Pede-se para eles que deem 
sugestões do que se pode fazer e aí vão refletindo em cada uma das sugestões 
e depois, juntos, descobrem qual é a orientação que eles acreditam que devem 
utilizar. Pode-se utilizar como recurso os livros infantis a fim de ampliar as 
possibilidades de atuação. 
Nesta etapa do trabalho, alguns itens merecem atenção especial: a forma 
como se dá a disciplina familiar. Através de chantagem? Os pais fazem 
chantagem com os filhos e reclamam que eles também estão fazendo? A 
dinâmica é chantagem? A disciplina é rígida, se dá através da punição física? 
Não há disciplina? Não há limites? Na família tudo vale? Tudo tem que ser 
trabalhado. Muitas vezes os pais dizem: “não adianta, ele não respeita ninguém”, 
“não cumpre horário”, “nunca chega cedo” e os pais sempre chegam atrasados 
à sessão. Pode-se fazer uma brincadeira: “ah, nisso ele tem a quem puxar. 
Vocês também sempre chegam atrasados aqui”. 
Nesse caso, fala-se do atraso como uma característica familiar, ou seja, 
tira-se da criança o papel de bode expiatório e localiza-se essa situação na 
família. Desta forma pode-se tornar claro o modo como a família atua frente às 
regras. Outra queixa comum: “ele é muito dependente. Imagina, ele não faz 
nada sozinho”. E o terapeuta responde: “sim, mas eu soube que ele quis ir à 
padaria sozinho e não lhe foi permitido”. Os pais replicam: “ah, mas a padaria é 
perigosa. Lá não adianta que eu não deixo, de jeito nenhum”. Então deve-se 
mostrar que a questão da dependência é algo que serve à família. A criança 
utiliza, mas a família se serve disso. Vai-se trabalhando assim a questão da 
dependência, entre outras. 
A comunicação, por exemplo, do tipo paradoxal pode acabar por trazer 
conflitos sérios na criança. Um exemplo pode tornar clara a confusão provocada 
quando os pais assim se comunicam: “homem não pode descansar”, diz a mãe. 
Logo depois pergunta: “filho, está cansado, quer colo? ” A criança fica na dúvida: 
afinal, sou homem ou não sou homem? 
E os vínculos afetivos? Como se dão? Eles são de dependência? Não 
existem? É cada um por si e Deus por todos? São meio confusos, uma hora há, 
outra hora não há? O relacionamento em si e o relacionamento familiar como um 
todo, como ele ocorre? Que influência exerce na vida da criança? 
Outros recursos podem ser utilizados, como por exemplo, os livros 
infantis; fábulas, que às vezes trazem questões que são fundamentais, próprias 
à situação vivida pela família ou pela criança; crônicas que podem ser usadas 
no trabalho com os pais e com a criança. A leitura pode ser feita em casa ou na 
próxima sessão, pode-se ler junto com a criança para ver como ela lê, se ela tem 
compreensão do que lê, como é o entendimento, o sentimento e a articulação da 
linguagem. 
A família na psicoterapia permite estabelecer a hora da verdade, uma vez 
que são trazidas questões que não são relatadas pela família. Neste momento, 
o terapeuta lança a questão e vê o que eles vão fazer com ela, como a família 
vai lidar com aquela verdade. 
A partir da colocação clara das dificuldades vividas pela família, as coisas 
começam a melhorar porque a verdade seja dita e o objetivo é que esse diálogo 
continue em casa, sem precisar da ajuda de um terceiro. 
O terapeuta vai pontuando as questões levantadas de forma a intervir nos 
conflitos e vai estimulando para que a coisa se resolva, para que negociem 
aquela situação, sem, contudo, se intrometer ou dar a sua opinião. 
 
4 Ludoterapia: Pais e Professores, como podem ajudar? 
 
O papel dos pais na psicoterapia infantil é de extrema importância. 
Inicialmente porque é um deles, ou ambos, que identifica a necessidade de 
atendimento e leva o filho ou filha até o psicólogo. A partir do primeiro contato, 
se estabelece uma parceria entre a família e o terapeuta que será imprescindível 
para o sucesso do tratamento. 
Os pais, ao escolherem um profissional para tratar de seu filho, assumem 
também responsabilidades, como a manutenção da frequência, a efetivação do 
pagamento e o cumprimento das demais combinações realizadas 
conjuntamente. Para tanto, é necessário que se estabeleça uma relação de 
confiança. Tendo isso em vista, geralmente, no início do tratamento, é realizada 
uma ou mais entrevistas com ambos ou com um dos pais. Nessas entrevistas, o 
profissional irá escutar a demanda familiar, realizar uma avaliação prévia do 
caso, esclarecer as dúvidas da família, explicar como realiza o seu trabalho e 
estabelecer combinações. 
Nesse momento, é importante que os pais relatem tudo o que julgarem 
pertinente para que o psicólogo possa ter um entendimento o mais abrangente 
possível da problemática envolvendo a criança e sua família. O psicólogo deve 
se colocar de forma que os pais se sintam à vontade para fazer todos os 
questionamentos que julgarem necessários, esclarecendo todas as suas dúvidas 
quanto aos procedimentos a serem utilizados, ao referencial teórico adotado pelo 
profissional, aos honorários, à frequência, aos horários, às férias, aos intervalos, 
etc. 
Alguns profissionais, ao atenderem crianças, costumam realizar um 
processo avaliativo antes de iniciar a psicoterapia propriamente dita. Essa 
avaliação varia no tempo e nos instrumentos utilizados conforme a orientação 
teórica e prática de cada profissional. Os psicólogos que adotam a avaliação 
inicial, realizam uma devolução para os pais ao final da mesma. Nessa 
devolução, são discutidos com a família os resultados obtidos, a possibilidade 
ou não de um diagnóstico inicial, os instrumentos utilizados e a indicação 
terapêutica. Toda e qualquer dúvida ou discordância deve ser discutida com o 
profissional, que tem a obrigação ética de acolher e esclarecer os 
questionamentos da família. 
Durante o processo psicoterapêutico infantil, a participação dos pais é 
constante, pois é essencial que acompanhem e participem do tratamento. Essa 
participação pode ocorrer de diversas formas, com entrevistas semanais, 
quinzenais ou mensais; com entrevistas com pai e mãe juntos; com entrevistas 
só com o pai ou só com a mãe, ou mesmo com outro familiar cujo vínculo seja 
significativo para o paciente; com atendimento conjunto da criança com ambos 
os pais, ou com um dos pais. Nada disso é pré-definido e existem muitas 
possibilidades que vãosendo construídas conjuntamente pelo terapeuta, pelo 
paciente e pelos pais. O contato contínuo com os pais propicia que estes se 
apropriem do processo terapêutico dos filhos, podendo acompanhar o progresso 
e a evolução, dando ao psicólogo feedbacks que subsidiarão a sua intervenção. 
Cria-se também um espaço de escuta para os pais, onde as questões 
individuais e familiares podem ser trabalhadas, colaborando para a melhora dos 
filhos. Não se trata de psicoterapia para os pais, mas do acompanhamento 
familiar visando o progresso terapêutico da criança. Havendo a necessidade de 
atendimento psicológico dos pais, o psicólogo os encaminhará para outro 
profissional. 
Além disso, a psicoterapia infantil também exige que o psicólogo muitas 
vezes realize intervenções junto a outros profissionais que atendem a criança, 
como médicos e professores. Essas intervenções são sempre realizadas com a 
ciência e anuência dos pais e muitas vezes, é solicitado que a família realize a 
mediação dos contatos entre o psicólogo e os demais profissionais. 
No momento da alta, também é indicada a realização de uma ou mais 
entrevistas de encerramento com os pais para avaliação do processo e 
discussão das indicações futuras. 
É importante que os pais tenham a segurança de que a qualquer momento 
podem interpelar o profissional, seja para esclarecimentos, pontuações ou 
recombinações. O psicólogo e a família são aliados no processo 
psicoterapêutico infantil. O receio de muitos pais de que o psicólogo possa julgar 
ou criticar suas crenças, posturas ou formas de educar os filhos deve ser 
superado. O trabalho do psicólogo não é de julgamento e sim de auxílio à família 
para entender o que se passa com o filho, buscando soluções para os problemas 
apresentados, de forma que a criança retome o seu desenvolvimento saudável 
e a família siga a sua vida de forma mais tranquila e satisfeita. 
O papel do professor na vida educacional das crianças desde as primeiras 
séries, mesmo quando ainda estão na creche ou pré escola, carrega uma forte 
simbologia para a vida dos alunos. Quem de nós não tem no imaginário um 
professor ou vários, para a vida toda? Pensar na escola sem professor é algo 
que nos parece bizarro. Pelo menos por enquanto. 
 
 A principal função do professor ainda parece ser a de ensinar, mas este 
processo precisa passar pelo tramite transferencial, em que a criança vai projetar 
de si no professor e introjetar em si algo do professor. Aqui temos um dos 
elementos que mais é acionado na interação professor/aluno, a relação de 
espelho. O professor espelha na criança o conhecimento, o suporte, a proteção, 
os afetos. Ao se interagir com o professor a criança identificará com ele 
elementos que se assemelham aos fatores de sua família, pai e mãe, e também 
do ambiente de origem. A criança projeta no professor suas necessidades 
básicas de apoio e proteção e introjeta dele aquilo que de fato ele está tendo 
condições de oferecer. 
Podemos observar que as crianças, antes mesmo de chegar a escola, já 
nomeiam objetos para projetar/introjetar dentro da dinâmica de afastamento dos 
pais. É o que Winnicott chamou de “objeto transicional”, os bichos de pelúcia, a 
chupeta e muitos outros brinquedos. Assim na evolução da criança até o mundo 
escolar, haverá uma transferência automática dela para o professor, no processo 
em que o professor torna-se espelho para o aluno. 
Nesta interação professor/aluno, o professor passa ser a sequência e 
extensão dos pais. Se esta interação for favorável, a criança vai criar 
identificação com o professor e desta identificação poderá construir seu 
processo de aprendizado de forma mais tranquila. Do contrário se o professor 
não conseguir fazer esta interação de espelho com a criança o processo de 
pertença e interatividade com o aprendizado pode ser rompido, daí a criança 
entra em um sofrimento emocional e provavelmente terá seu desenvolvimento 
educacional comprometido. Por isso que em um equipamento educacional o 
professor não está sozinho, uma equipe de profissionais e outros professores 
podem colaborar neste processo de interação com a criança. Muitas vezes, num 
primeiro momento, a criança pode refutar o seu professor direto, mas a acolhida 
por toda equipe de trabalho pode trazer a segurança e tranquilidade e depois a 
possível vinculação ao professor. 
Assim o papel do professor nas escolas, creches, pré-escolas e ensino 
fundamental carrega uma necessidade de potencial de vínculo afetivo no perfil 
do professor. Uma maturidade relacional e uma prontidão para se desdobrar 
àqueles que muitos necessitam de suporte. 
O professor então, precisa ser um indivíduo maduro pois será exigido dele 
tanto o conhecimento como o potencial de acolhida afetiva. Uma escola, ao 
selecionar professores para as tenras idades escolares, não pode simplesmente 
escolher por serem recém-formados ou estarem em fase de aprendizado. Na 
verdade, são nas séries iniciais que os professores devem ser melhor 
selecionados e até melhor remunerados. Entretanto no Brasil esta posição é 
inversa, os professores de segundo grau e universidades são melhores pagos 
do que os do ensino fundamental. 
A base de uma carreira educacional está nos primeiros anos de vida. E 
esta base vai para além dos conteúdos. É uma base de aporte e suporte 
emocional. Assim, o professor das séries iniciais precisa ter muito conhecimento 
de conteúdos e de vínculos afetivos para poder espelhar na criança o desejo de 
desbravar novos conhecimentos e dar a ela certeza que estará sendo acolhida 
na outra casa sua que não é a da sua própria família, mas sim a escola, onde 
ela passará por longos períodos nela. 
 
 
 
5 Técnicas de Ludoterapia 
 
Livros Infantis 
O terapeuta pode ter em seu consultório vários livros infantis. Hoje em dia 
é possível encontrar textos com ilustrações bastante sensíveis explorando 
inúmeros temas pertencentes ao mundo das crianças. Quando uma criança 
escolhe um destes livros abre-se um tema a ser explorado, um universo afetivo a 
ser compreendido. 
 
 
O corpo 
Na ludoterapia pode-se fazer brincadeiras como “o macaco mandou” ou 
imitar animais em seus movimentos ou sentimentos. Pode-se jogar bola, correr, 
pular, ir a um trepa-trepa. Pode-se dirigir a criança num relaxamento onde ela 
imagina-se com uma lanterna na mão passeando por dentro de seu corpo. 
Podes-lhe pedir que pare quando sentir um músculo mais tenso ou uma dor e 
que então descreva o que está percebendo ou sentindo. Ela pode deitar-se sobre 
um papel e o terapeuta desenhar seu contorno que será depois “vestido”. Ela 
pode também fazer um desenho livre de seu corpo sobre um grande papel. A 
parede pode ser usada para registrar o crescimento dela. É sempre uma 
surpresa constatar a mudança de tamanho. O espelho também pode ser 
utilizado. A criança pode gostar ou não do que vê. Pode ser simpática ou 
agressiva a si mesma através do espelho. O terapeuta pode usar também o 
espelho para demonstrar a incongruência entre a fala e a expressão. 
 
 
 
 
 
 
Dramatização 
A criança pode fazer uma brincadeira dramática livre utilizando os objetos 
da sala como a casinha de bonecas, objetos de casinha, bonecas, fantoches, 
bonecos, armas, carros etc. Nestas brincadeiras, quando o terapeuta é 
convidado a contracenar, é importante que ele atue segundo instruções da 
criança para que não represente o personagem por seus próprios critérios, mas 
pelos critérios da criança. 
Pode-se construir com a criança uma caixinha dos sentimentos. Criança 
e terapeuta juntos nomeiam os sentimentos que conhecem que são então 
escritos num papelzinho e guardados na caixa. Posteriormente pode-se sortear 
um ao acaso e representá-lo para que o outro adivinhe do que se trata. É uma 
forma de exercitar a criança a compreender os sentimentos dos que a cercam e 
os seus próprios. 
 
 
Testes ProjetivosTPO – Teste projetivo Ômega, CAT –Teste de apercepção temática para 
crianças, Rorschach – Teste psicodiagnóstico de Hermann Rorschach e outros. 
No psicodiagnóstico este material é utilizado para recolher dados úteis na 
elaboração da conclusão psicodiagnóstico. Na ludoterapia o terapeuta pode 
utilizá-los como recurso para explorar com a criança os significados externados. 
De forma que o material produzido é discutido, pensado e questionado, e o que 
importa é o significado emergente. 
Jogos 
Baralho, jogo da velha, memória, loto, ludo, boliche, bola-de-gude, 
belisca, risk, espião e muitos outros que se pode comprar à vontade nas 
prateleiras de jogos para crianças. No processo terapêutico pode-se trabalhar a 
forma como a criança joga, conhecer sua forma de raciocinar, como lida com a 
competição, quais suas maiores preocupações durante um jogo etc. Outras 
vezes a criança é introduzida num jogo não conhecido anteriormente e pode-se 
conhecer sua forma de lidar com estas situações. 
 
 
Histórias e Poesias 
Eis algo que a criança em idade escolar se vê obrigada a fazer 
diariamente. É certo que muitos têm prazer nisto. A utilização na terapia pretende 
a exteriorização de sentimentos e ideias em palavras. Isto não é uma tarefa fácil 
para todas as crianças, mas é um caminho bonito de ser trilhado. Pode-se propor 
uma história interativa, construída em dupla pelo terapeuta e o cliente. 
Alguém começa, o outro completa, depois o outro traz uma nova frase, 
depois o outro, assim até que considerem a história encerrada. Pode começar 
assim: “Era um dia especial...”. A poesia é também interessante e pode ser 
trabalhada de forma interativa. Pode-se pedir à criança que escreva uma poesia 
comunicando à sua mãe seus sentimentos. A poesia dispensa muitas 
informações e pode ser mais direta que uma prosa, o que torna o exercício 
bastante emocionante. A criança pode fazer uma redação com um tema proposto 
pelo adulto. Outras vezes ela própria escolhe sobre o que escrever. 
 
Recursos Artísticos – Tinta, água, argila, massa 
Muitas vezes o terapeuta poderá trabalhar apenas o contato da criança 
com estes materiais, o que pode lhe ser bastante prazeroso ou uma experiência 
asquerosa. Parece verdadeiro que a criança menor lida mais livremente com 
este tipo de material. Mas crianças maiores têm tido bastante prazer no 
reencontro com a manipulação de argila e tinta, com os quais tendem logo a 
construir algo. Assim, a utilização pode ser livre ou dirigida: a criança pode criar 
livremente e o terapeuta buscará articular com ela o sentido do que está 
vivenciando, ou o terapeuta pode sugerir-lhe que expresse algum sentimento 
através da argila, ou utilizando tinta da cor de sua preferência. Por ocasião do 
aniversário das crianças o terapeuta pode sugerir-lhes que construam um 
presente para si mesmas. Argila e tinta resultam num presente concreto bastante 
interessante. 
Fazer um presente para você mesmo não parece ser coisa fácil, mas esta 
atividade tem sido realizada com bastante prazer pelas crianças, que levam com 
bastante cuidado seus presentes para casa. Uma criança fez um porta-lápis que 
levou com muito cuidado para casa. Passado um tempo a irmã o quebrou 
acidentalmente. A criança, muito sentida, pediu para fazer outro. Este objeto já 
tinha um lugar especial em seu quarto que não gostaria que ficasse vazio. 
Enquanto a criança utiliza este material é possível ao terapeuta atento perceber 
a forma como ela utiliza o espaço, o material e como está sua motricidade fina e 
ampla. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
https://www.vittude.com/blog/psicoterapia-infantil/ 
Eliane Pisani Leite - Autora do livro: Pais Educativos 
https://br.mundopsicologos.com/artigos/quais-sao-as-bases-da-ludoterapia 
https://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?o-papel-dos-pais-na-
psicoterapia-infantil&codigo=AOP0421 
https://abarcapsicologo.com.br/?223/artigo/o-professor-e-a-sua-funcao-de-
espelho 
PROTASIO, Myriam Moreira. Técnicas da gestalt terapia aplicada a ludoterapia. 
 
Revista de Ludoterapia do Instituto de Psicologia fenomenológico-existencial do 
Rio de Janeiro - IFEN 
http://www.ifen.com.br/publica.html 
Aspectos teórico-práticos na Ludoterapia - Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo* 
AXLINE, Virginia. Ludoterapia. Belo Horizonte: Interlivros, 1984. 
______. Dibs: em busca de si mesmo. Rio de Janeiro: Agir, 1989. 
MALDONADO, Mª Tereza. Comunicação entre pais e filhos. Rio deJaneiro: 
Vozes, 1989. 
SATIR, Virginia. Terapia do grupo familiar. Rio de Janeiro: FranciscoAlves, 1976. 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.vittude.com/blog/psicoterapia-infantil/
https://br.mundopsicologos.com/artigos/quais-sao-as-bases-da-ludoterapia
https://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?o-papel-dos-pais-na-psicoterapia-infantil&codigo=AOP0421
https://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?o-papel-dos-pais-na-psicoterapia-infantil&codigo=AOP0421
https://abarcapsicologo.com.br/?223/artigo/o-professor-e-a-sua-funcao-de-espelho
https://abarcapsicologo.com.br/?223/artigo/o-professor-e-a-sua-funcao-de-espelho
Anexo I – Contribuição da Ludoterapia no Autismo Infantil 
 
Fernanda Karina Uchôa da Silva 
Ana Cláudia Barroso 
Resumo 
 
O objetivo deste trabalho é averiguar a relevância da ludoterapia no 
tratamento do distúrbio de neurodesenvolvimento, chamado autismo, em 
crianças. O autismo se caracteriza pela presença de desvios nas relações 
interpessoais, linguagem e comunicação. Dessa forma, a ludoterapia é um 
processo facilitador as demais terapias, especialmente de crianças autistas. O 
objetivo da pesquisa foi alcançado pelo uso da Revisão Sistemática em conjunto 
com a estatística descritiva. A base de dados utilizada para a realização da busca 
de artigos que tratam do assunto se deu na PsycINFO. Os resultados 
demonstraram que a nível internacional, embora escassos, há estudos que 
relacionam a ludoterapia ao tratamento de crianças com autismo, no entanto, a 
situação ainda é pior em se tratando de pesquisas de cunho nacional. Palavras-
chaves: Autismo. Ludoterapia. Revisão Sistemática. 
CONTRIBUTION OF PLAY THERAPY IN CHILDREN'S AUTISM 
Abstract 
The objective of this study is to investigate the relevance of Play Therapy in the 
treatment of the neurodevelopmental disorder, called autism, in children. Autism 
is characterized by the presence of deviations in interpersonal relationships, 
language and communication. In this way, Play Therapy is a process that 
facilitates the other therapies, especially of autistic children. The objective of the 
research was achieved through the use of Systematic Review in conjunction with 
descriptive statistics. The database used to perform the search of articles that 
deal with the subject occurred in PsycINFO. The results showed that at 
international level, although scarce, there are studies that relate Play Therapy to 
the treatment of children with autism, however, the situation is still worse in the 
case of national research. 
Keywords: Autism. Play Therapy. Systematic review. 
 
Resumen 
El objetivo de este trabajo es averiguar la relevancia de la ludoterapia en el 
tratamiento del trastorno de neurodesarrollo, llamado autismo, en niños. El 
autismo se caracteriza por la presencia de desvíos en las relaciones 
interpersonales, el lenguaje y la comunicación. De esta forma, la ludoterapia es 
un proceso facilitador las demás terapias, especialmente de niños autistas. El 
objetivo de la investigación fue alcanzado por el uso de la Revisión Sistemática 
en conjunto con la estadística descriptiva. La base de datos utilizada para la 
realización de la búsqueda de artículos que tratan del asunto se dio en la 
PsycINFO. Los resultados demostraron que a nivel internacional, aunque 
escasos, hay estudios que relacionan la ludoterapia al tratamiento de niños con 
autismo, sin embargo, la situación aún es peoren lo que se refiere a 
investigaciones de cuño nacional. 
Palabras claves: Autismo. Ludoterapia. Revisión sistemática. 
 
Introdução 
Os familiares que possuem uma criança autista precisam ter os melhores 
artifícios para auxiliar essa criança, e como a ludoterapia vem sendo 
comprovadamente útil nesse processo de ajuda é muito importante os familiares 
saberem as qualidades desse tratamento. Sobre isso, Martelli et. al. (2000) 
explicam que a ludoterapia é um recurso muito poderoso, visto que através do 
brincar se revelam as estruturas mentais da criança autista, colaborando assim 
para um melhor entendimento de como ele percebe a si próprio e o meio à sua 
volta. 
Assim, torna-se importante apresentar para as famílias como o tratamento 
da ludoterapia pode dar assistência à criança autista ajudando esta a libertar os 
seus sentimentos e problemas através de brincadeiras e jogos, possibilitando a 
acessibilidade do entendimento sobre o tratamento da ludoterapia. 
 
Referencial Teórico 
Conceitos e Características principais do autismo 
 
Segundo Amy (2001), o conceito de autismo surgiu quando Leo Kanner, 
em 1943, no artigo intitulado: Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo descreveu 
uma síndrome à qual deu o nome de autismo infantil. Nessa publicação, Kanner 
(1943) destaca que o sintoma fundamental, “o isolamento autístico”, estava 
presente na criança desde o início da vida dizendo que se tratava então de um 
distúrbio inato. 
 Nela, descreveu os casos de onze crianças que tinha em comum um 
isolamento extremo desde o início da vida e um anseio obsessivo pela 
preservação da rotina. Em 1944, Hans Asperger escreve outro artigo com o título 
“Psicopatologia Autística da Infância”, descrevendo crianças muito parecidas às 
descritas por Kanner. O autismo é conceituado como uma síndrome 
comportamental, com causas de um distúrbio de desenvolvimento. Sendo assim, 
o autismo se caracteriza pela presença de desvios nas relações interpessoais, 
linguagem e comunicação, tais como: comportamentos não-verbais, prejuízo no 
contato visual direto, expressão visual, semblante e gestos corporais, e um 
conjunto marcantemente pequeno de atividades e interesses (SOUZA et. al, 
2004). 
De acordo com o DSM-5 (APA, 2014), o autista apresenta padrões 
repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses ou atividades, isto é, 
observa-se inflexível adesão a rotinas ou rituais específicos e não funcionais, 
maneirismos motores e/ou preocupação persistente com partes de objetos. O 
autista apresenta ainda comportamentos hiperativo, agressivo e injurioso em 
relação a si e aos outros, assim como pensamentos e comportamentos 
interferentes e repetitivos. 
Estima-se que 66% dos afetados mantêm severos comprometimentos no 
seu desenvolvimento e jamais atingem uma função social independente 
(MARTELLI et. al., 2000, p. 20). Diversos são os fatores que podem desencadear 
o autismo, dentre os quais se incluem o desequilíbrio nos sistemas 
neuroquímicos e fatores genéticos. Devido aos enormes custos psicossociais, 
clínicos e econômicos, é de se considerar essencial à administração de 
medicamentos que possam contribuir para a redução do sintoma autísticos. 
A prescrição desses medicamentos só pode ser realizada por médicos 
especialistas, tais como o psiquiatra ou o neurologista e, por serem drogas que 
podem apresentar os mais diversos efeitos colaterais, suas receitas médicas 
sempre ficam retidas nas farmácias (MARTELLI et. al., 2000). O autismo pode 
ter como principais diagnósticos diferenciais a esquizofrenia de início na infância, 
retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto de linguagem 
receptivo/expressiva, surdez congênita ou transtorno severo da audição, 
privação psicossocial e psicoses desintegrativas (SOUZA et. al, 2004). É comum 
apresentar-se dúvidas em relação ao conceito de Transtorno do Espectro Autista 
(TEA), Autismo e Síndrome de Asperger. 
 Para Souza e Alencar (2016) o TEA é um conjunto abrangente de 
distúrbios complexos do neurodesenvolvimento, que são: o Autismo; a Síndrome 
de Asperger; a Síndrome de Rett; o Transtorno Infantil Desintegrativo; e o 
Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação (TGDSOE). O 
Autismo é caracterizado por indivíduos com pouco interesse na convivência em 
sociedade, com problemas de socialização e dificuldades de comunicar-se com 
eficácia. Por outro lado, a Síndrome de Asperger é caracterizada por indivíduos 
que possuem o interesse na convivência em sociedade, e que possuem 
comunicação constituída de fala extensa e palavras “complicadas” (SOUZA e 
ALENCAR, 2016). 
A nomenclatura de Síndrome de Asperger foi tirada do DSM–V (Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e ela foi agrupada aos 
transtornos do espectro autista de grau leve, classificada como Desordem do 
Espectro Autista de Nível 1, sem a presença de défices cognitivos ou linguísticos. 
Há 3 níveis de grau no autismo, sendo 1 o mais leve, 2 o nível moderado e 3 o 
grau mais grave (PEREIRA, RIESGO e WAGNER, 2008). 
Testes Para Autismo e Funcionamento dos Níveis do Autismo 
De acordo com Wilson (2012), para diagnosticar alguém com autismo, o 
especialista precisa fazer alguns testes. Estes testes incluem exames físicos, 
entrevistas, questionários, observações e testes de sangue e, por vezes, podem 
ser realizados por vários especialistas ao longo de várias visitas. Depois que o 
profissional determina os resultados dos testes, ele ou ela vai se encontrar com 
os pais para discutir se a criança cumpre os critérios de diagnóstico para o 
autismo. 
Alguns dos testes para ver se a criança tem autismo são: teste auditivo, 
exame neurológico, ressonância magnética, eletroencefalografia, testes 
genéticos para detectar anomalias cromossômicas, exames para verificar os 
níveis de chumbo. Para Wilson (2012), a inteligência de cada autista pode variar, 
visto que alguns têm inteligência acima da média e habilidades verbais e outros 
têm alterações cognitivas e uma completa falta de linguagem falada. 
O nível de funcionamento pode por muitas vezes mudar com o tratamento, 
então a pessoa diagnosticada com autismo de baixo funcionamento pode, 
eventualmente, chegar a um nível mais elevado. Segundo Wilson (2012), os 
especialistas usam o Gilliam Autism Rating Scale ou Childhood Autism Rating 
Scale para determinar o nível de funcionamento da criança com autismo. As 
crianças com autismo podem ter um desses níveis de funcionamento: alto 
funcionamento, que é caracterizado por QI médio ou acima da média, porém 
com o comportamento social incomum e os padrões de comportamentos 
repetitivos ou restritivo; autismo moderado que é caracterizado por QI normal ou 
quase normal, com alguns desafios de linguagem e desafios emocionais; baixo 
funcionamento, quando o discurso é limitado ou completamente ausente, 
quando as habilidades sociais são muito limitadas, quando os desafios 
emocionais são extremos. 
A Ludoterapia e a Sua Importância 
O termo “ludoterapia” surgiu no cenário das psicoterapias com a 
publicação do livro de Virginia Axline intitulado Play therapy. Depois disso, 
disseminou-se o uso dessa expressão para designar todo e qualquer trabalho 
com crianças em função do uso de brinquedos como recurso facilitador da 
expressão infantil no espaço terapêutico (AGUIAR, 2014). 
A definição da ludoterapia pode ser dada como: uma relação interpessoal 
dinâmica entre a criança e um terapeuta treinado em ludoterapia que providencia 
a esta um conjunto variado de brinquedos e uma relação terapêutica segura de 
forma que possa expressar e explorar plenamente o seu self (sentimentos, 
pensamentos, experiências, comportamentos) através do seu meio natural de 
comunicação: o brincar (LANDRETH, 2002, p. 16 apud HOMEM, 2009, p. 21). 
Para Almeida (1998), a ludoterapia favorece as crianças a manifestar e 
indicar sentimentos, sensações e preocupações

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