Buscar

Resenha- Mal estar na civilização

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Freud iguala o conceito de civilização ao de cultura, e a apresenta como o elemento que põe fim ao estado natural dos indivíduos e os coloca em posição distinta aos outros animais, ou seja, o ser humano se torna um animal civilizado, aceitando diversos regulamentos que o protegem da natureza e regulam as relações com os outros indivíduos, estabelecendo uma organização social. Essa visão pode ser associada à teoria contratualista, para a qual os indivíduos que estariam a principio em seu estado de natureza, sem normas e sem qualquer ordem, obedecendo somente a seus instintos e vontades naturais, como a necessidade de sobrevivência ( mesmo que por emprego de violência), aceitam realizar um contrato , instituindo uma ordem social e constituindo a sociedade civil.
O mal estar na civilização, no entanto, é decorrente da necessidade de sacrifício individual de cada ser humano em prol da coletividade; para Freud, ao constituir-se a civilização, o poder individual é substituído pelo poder da comunidade, sendo que cada individuo é levado a abdicar de suas pulsões. Desta forma, entende-se que é gerado um combate à liberdade individual exacerbada e ao isolamento, pois a defesa dos interesses coletivos sobressai aos individuais para que a civilização perdure e se desenvolva, essa sobressaliência, porém, reduz as chances de satisfação pessoal de cada indivíduo, uma vez que o leva a reprimir suas pulsões, seus desejos, como é o caso da libido, isso gera o que Freud chama de mal estar.
O ser humano e a civilização já teriam naturalmente uma relação antagônica, uma vez que o individuo, segundo o autor, possui tendências destrutivas, anti-culturais e anti-sociais que seriam combatidas em defesa do ideal do bem comum. Além disso, a cultura seria a causa de muitas frustações humanas e de os seres humanos nunca alcançarem a felicidade completa, pois seria difícil para a humanidade aceitar e lidar com as privações que lhes são impostas pela civilização. Assim sendo, o ser humano seria mais feliz se voltasse ao seu estado natural, se as exigências e privações sociais fossem eliminadas ou, no mínimo, reduzidas.
É possível pensar na possibilidade de essa infelicidade ser, em parte, decorrente da falta de escolha, o ser humano padece sob o determinismo desde o nascimento, nasce em uma época, em um local e em uma cultura que não pode escolher, e se vê obrigado a obedecer as regras e exigências desse contexto social que lhe foi imposto, essa impossibilidade de escolha talvez seja o que leve os indivíduos à quebra dos regulamentos, ou seja, a insatisfação com a civilização pode ser percebida nessa quebra. O ser humano nasce, se percebe podado e controlado pela civilização, sem o ter escolhido, e tenta se adequar e obedecer aos preceitos e ideais de sua cultura, no entanto, por vezes se encontra infeliz e insatisfeito e, desta forma, nem sempre consegue lidar com a privação e com a repressão de suas pulsões, acabando cedendo a elas, como por exemplo, à sua tendência à agressividade, sendo a violência um dos maiores males enfrentados pela sociedade.

Continue navegando