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DIREITO CONSTITUCIONAL I Prof. Carlos Alberto Lima de Almeida ROTEIRO DE APOIO Advertência: a disponibilização aos alunos do roteiro de apoio utilizado pelo professor para o desenvolvimento do conteúdo programático da disciplina não exclui a leitura da legislação, jurisprudência, bibliografia básica e complementar indicadas. Esse é apenas um material de apoio. Logo, complemente seu estudo realizando a leitura da bibliografia básica e complementar. Se você encontrar algum erro de digitação ou tiver qualquer contribuição para a melhoria desse material ou dúvida sobre a matéria escreva para o professor. Cordialmente, Carlos Alberto Lima de Almeida carlosalberto.limadealmeida@gmail.com DIREITOS SOCIAIS – PARTE 2 Em nossa última aula, tratamos dos direitos sociais, explicando aqueles listados no art. 6o da Constituição. Hoje, trataremos brevemente dos direitos sociais dos trabalhadores, listados no art. 7o da Constituição. Cabe lembrar que este é um tópico que será aprofundado especificamente nas disciplinas referentes ao Direito do Trabalho. DOS DIREITOS SOCIAIS DO TRABALHADOR O Art. 7o da Constituição, em seus incisos, lista os direitos dos trabalhadores, urbanos e rurais, além dos domésticos. Os direitos dos trabalhadores dividem-se em individuais e coletivos, conforme esquematiza Pedro Lenza: (LENZA, 2012, p. 1082) DOS DIREITOS INDIVIDUAIS DO TRABALHADOR “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; XII - salário-família para os seus dependentes; XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943) XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º) XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.” Importante frisar a recente inovação trazida pela Emenda Constitucional n. 72/2013, que ampliou o rol de direitos trabalhistas dos trabalhadores domésticos, que conforme a antiga redação do Parágrafo Único do artigo 7o, possuíam poucos dos direitos trabalhistas. Hoje, a redação amplia o rol de direitos destes trabalhadores: “Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.” (Art. 7º/CRFB) O que esta ampliação significa? Além dos direitos que já eram garantidos (como salário mínimo, recolhimento do INSS, repouso remunerado, folga semanal, férias, 13ª salário, aposentadoria, irredutibilidade dos salários, licença gestante e licença-paternidade e seguro-desemprego, este opcional, caso o patrão recolhesse o FGTS, que não era obrigatório), os trabalhadores terão como direito: • Salário de ao menos um salário mínimo ao mês, inclusive quem recebe remuneração variável, tendo pagamento mensal garantido por lei; • Jornada de trabalho de 44 horas semanais, com limite d e8 horas diárias; • Direito de receber pelas horas extra trabalhadas; • Tem direito a trabalhar em local onde sejam observadas todas as normas de higiene, saúde e segurança; • Terá as regras e acordos estabelecidos em convenções coletivas dos trabalhadores respeitados pelo empregador; •Não pode sofrer diferenças de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil ou para portador de deficiência; • O trabalhador menorde 16 anos não poderá trabalhar à noite, ou ter trabalho perigoso ou insalubre; • Terá direito a receber adicional por trabalho noturno Por fim, os direitos que ainda dependem de regulamentação, por isso não possuem aplicabilidade imediata: • Tem direito ao depósito do FGTS por parte do empregador, além de indenização de 40% do saldo do FGTS se for demitido sem justa causa; • Seguro desemprego; • Salário-família para o trabalhador de baixa renda tem direito a receber salário-família para cada dependente; •Auxílio-creche e pré-escola, aos filhos e dependentes desde o nascimento até os cinco anos de idade em creches e pré-escolas; • Seguro contra acidentes de trabalho. (Quadro informativo disponível em: http://g1.globo.com/economia/seu- dinheiro/noticia/2013/03/o-que-muda-para-empregados-e-patroes-com-pec-das- domesticas.html No entanto, para além do Direito, vale citar que tal ampliação de direitos sociais reflete uma grande mudança social e econômica no Brasil. Agora, os trabalhadores domésticos, o que inclui responsáveis pela limpeza da residência, babás, cozinheiras, motoristas e jardineiros, terão seus direitos igualados aos dos trabalhadores em regime CLT e garantidos em contrato de trabalho. DOS DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES Os direitos sociais coletivos são aqueles exercidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma coletividade, e podem ser classificados em: • direito de associação profissional ou sindical; • direito de greve; • direito de substituição processual; • direito de participação; • direito de representação classista. • Direito de associação profissional ou sindical “Nos termos do art. 8.º, caput, é livre a associação profissional ou sindical, observando -se as seguintes regras: • a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; •é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; • ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; • a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; • ninguém será obrigado a filiar -se ou a manter -se filiado a sindicato; • é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; • o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; • é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura • a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Cabe lembrar que o art. 8.º, parágrafo único, estabelece que as disposições acima apontadas aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.” (LENZA, 2012, p. 1087) • Direito de Greve “Nos termos do art. 9.º, é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, sendo que os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei (cf. Lei n. 7.783/89). Cabe lembrar, (...) que, na medida em que ainda não foi disciplinado o direito de greve dos servidores públicos (art. 37, VII), o STF, no MI 712, determinou a aplicação da lei da iniciativa privada (a citada Lei n. 7.783/89) até que a matéria seja regulamentada pelo Congresso Nacional.”(LENZA, 2012, p. 1088) • Direito de Substituição Processual Nos termos do art. 8.º, III, ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. • Direito de participação “Nos termos do art. 10, é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.” (LENZA, 2012, p. 1088) • Direito de representação classista Nos termos do art. 11, nas empresas de mais de 200 empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. (LENZA, 2012, p. 1088) O PRINCÍPIO DE VEDAÇÃO DO RETROCESSO Os direitos sociais, assim como os outros direitos fundamentais, são fruto de longo caminhar histórico e diversas lutas políticas. Neste contexto, o princípio da vedação do retrocesso impõe ao legislador que não é permitido diminuir o rol de direitos essenciais que dispões os cidadãos. Explica Canotilho: “o princípio da democracia económica e social aponta para a proibição de retrocesso social. A ideia aqui expressa também tem sido designada como proibição de ‘contra-revolução social’ ou da ‘evolução reaccionária’. Com isto quer dizer -se que os direitos sociais e económicos (ex.: direito dos trabalhadores, direito à assistência, direito à educação), uma vez alcançados ou conquistados, passam a constituir, simultaneamente, uma garantia institucional e um direito subjectivo” (CANOTILHO apud LENZA, 2012, p. 1089) O PRINCÍPIO DE VEDAÇÃO DO RETROCESSO Os direitos sociais, assim como os outros direitos fundamentais, são fruto de longo caminhar histórico e diversas lutas políticas. Neste contexto, o princípio da vedação do retrocesso impõe ao legislador que não é permitido diminuir o rol de direitos essenciais que dispões os cidadãos. Explica Canotilho: “o princípio da democracia económica e social aponta para a proibição de retrocesso social. A ideia aqui expressa também tem sido designada como proibição de ‘contra-revolução social’ ou da ‘evolução reaccionária’. Com isto quer dizer -se que os direitos sociais e económicos (ex.: direito dos trabalhadores, direito à assistência, direito à educação), uma vez alcançados ou conquistados, passam a constituir, simultaneamente, uma garantia institucional e um direito subjectivo” (CANOTILHO apud LENZA, 2012, p. 1089) QUESTÕES QUESTÃO DISCURSIVA Mulher grávida, que trabalha sob a regime de contratação temporária, lhe consulta como advogado trabalhista para saber se tem direito à licença maternidade. Fundamente a sua resposta na doutrina e na jurisprudência. REFERÊNCIAS UTILIZADAS NESTA AULA, NA PESQUISA E CONFECÇÃO DO MATERIAL Material didático fornecido pela Universidade Estácio de Sá – Coordenação do Curso de Direito LENZA, PEDRO. Direito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, 2012. MOTTA, Sylvio Clemente da. Direito Constitucional: teoria, jurisprudência e questões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012 G1 – Porta de Notícias - http://g1.globo.com/economia/seu- dinheiro/noticia/2013/03/o-que-muda-para-empregados-e- patroes-com-pec-das- domesticas.html Disciplina: DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor: CARLOS ALBERTO LIMA DE ALMEIDA Email: carlosalberto.limadealmeida@gmail.com Facebook:Carlos Lima de Almeida
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