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1 / 12 ANÁLISE ESTRUTURAL I - VIGAS CONTÍNUAS MÓDULO 2 TÓPICO 2 PROFESSOR ESPECIALISTA ANTÔNIO OTTO NEVES FILHO 2 / 12 MÓDULO II – ANÁLISE ESTRUTURAL: VIGAS (CONTINUAÇÃO) Tópico 2 – Flecha e Deflexão Estruturas, como todos os outros corpos físicos, deformam e mudam de formato quando submetidos a forças. Outras causas comuns de deformações em estruturas incluem mudanças de temperatura e recalques de apoio. Se as deformações desaparecem após cessar a aplicação da carga, isto é, a estrutura volta novamente a sua forma original, denomina-se deformação elásticas. Já quando as cargas são removidas e ainda assim não houve o retorno para a forma original, denomina-se como deformações plásticas. Neste tópico, o foco será mantido nas deformações elásticas lineares. Tais deformações variam linearmente com carga aplicada e faz-se necessário recordar que para uma estrutura responder linearmente a cargas aplicadas, ela deve ser composta por material elástico linear e deve sofrer pequenas deformações. O princípio da superposição é válido para tais estruturas. Em resumo, frequentemente é preciso estabelecer limites para o valor da deflexão que uma viga pode suportar quando submetidos a cargas, pois tais elementos, muitas vezes ocultados nas estruturas, tem papel vital e seu projeto impacta diretamente a segurança dos usuários desta. Figura 1. Exemplo de viga colapsada por deflexão 3 / 12 Figura 2. Três vigas de um viaduto do Rodoanel em obras caíram sobre a rodovia Régis Bittencourt em 13/11/2009. 1. A LINHA ELÁSTICA Antes de determinar a inclinação ou o deslocamento em um ponto de uma viga, geralmente convém traçar um rascunho da forma defletida da viga quando carregada, de modo a “visualizar” quaisquer resultados calculados e, com isso, fazer uma verificação parcial desses resultados. O diagrama da deflexão do eixo longitudinal que passa pelo centroide de cada área da seção transversal da viga é denominado linha elástica. Torna-se importante sua análise, uma vez que, saber como a inclinação ou o deslocamento da viga são restringidos pelos vários tipos de apoio. Considere a viga da Fig. (a) e seu diagrama de momento associado mostrado em (b). Devido aos apoios de rolete e pino, o deslocamento em B e D deve ser nulo. Tem-se que AC a linha elástica é côncava para baixo enquanto em CD é para cima. Consequentemente, deve haver um ponto de inflexão em , no qual a concavidade C inverte de cima para baixo, já que o momento nesse ponto é nulo, como visto em (c). Em E, tem-se a inclinação é nula e lá a deflexão da viga pode ser máxima. 4 / 12 Figura 3. Flecha e ponto de inflexão 2. INCLINAÇÃO E DESLOCAMENTO Devido à carga, a deformação da viga é provocada pela força cortante interna, bem como pelo momento fletor. Se o comprimento da viga for muito maior que sua altura, a maior deformação será causada por flexão. Observe a equação relação momento-curvatura: 1 𝜌 = 𝑀 𝐸. 𝐼 Onde: ρ: Raio de curvatura em um ponto específico sobre a curva da linha elástica (1/ρ é denominado curvatura); M: Momento fletor interno na viga no ponto onde ρ deve ser determinado; E: Módulo de elasticidade longitudinal do material; I: Momento de inércia da seção transversal. ! O produto do módulo de elasticidade longitudinal pelo momento de inércia é dito rigidez à flexão, e em alguns casos pode ser considerado uma constante. ! 5 / 12 EI = rigidez à flexão A relação momento-curvatura deve ser adaptada por meio de novas integrações as situações que a qual deve se adaptar. A partir desta relação momento-curvatura, é possível identificar a tensão de deflexão máxima. Exemplo 1: Um atleta executa um salto em altura com vara. A partir da imagem, por estimativa, o raio de curvatura mínimo da vara é 4,5 m. Se a vara tiver 40 mm de diâmetro e for feita de plástico reforçado com fibra de vidro, determine a tensão deflexão máxima da vara. Ev = 131 GPa. Desta matéria, sabemos: 1 𝜌 = 𝑀 𝐸.𝐼 Dos conceitos de Resistência dos Materiais, temos: 𝜎 = 𝑀.𝑐 𝐼 Unificando os dois conceitos, obtemos: 𝜎 = 𝐸.𝑐 𝜌 Aplicando a equação: 𝜎 = 𝐸.𝑐 𝜌 → 131 𝐺𝑃𝑎 . 40 𝑚𝑚 2 4500 𝑚𝑚 = 0,582 𝐺𝑃𝑎 = 582 𝑀𝑃𝑎 ! Para maior clareza quanto as unidades e diferenciá-las de eventuais incógnitas, as mesmas são escritas em vermelho. ! 6 / 12 ! Neste caso, não pode-se calcular pela equação da flexão (𝜎 = 𝑀.𝑐 𝐼 ) devido à falta de condições para cálculo de momento, entretanto, conhecendo o raio de curvatura, foi possível determinar a tensão que a vara é submetida. ! 3. CÁLCULO DE DEFLEXÃO E FLECHA Para todas as peças/elementos submetidos à flexão é necessário verificar a deflexão. A deflexão máxima atuante é calculada utilizando-se as expressões, e depende do tipo de apoio e carregamento. Seguem as oito principais situações com suas respectivas flechas e deflexão angular. 7 / 12 ! Observa-se que em alguns casos há duas fórmulas de deformação angular, sendo que cada uma refere-se a um dos apoios. ! ! Existem outras situações além das mostradas em diferentes referências, algumas outras serão mostradas ao longo deste tópico. ! Exemplo 2: O acrobata pesa 750 N e está suspenso pelos braços uniformemente no centro da barra alta. Determine a tensão de flexão máxima no tubo (barra) e sua deflexão máxima. O tubo é feito de aço L2 (E = 200 GPa) e tem diâmetro externo de 25 mm e espessura da parede de 3 mm. ! Para determinar a flexão máxima na barra, utilizaremos os conceitos de Resistência dos Materiais ! Inércia da barra: 𝐼𝑡𝑢𝑏𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐. = 𝜋 4 . (𝑐𝑒 4 − 𝑐𝑖 4) = 𝜋 4 ∗ [(25𝑚𝑚 2⁄ ) 4 − (19𝑚𝑚 2⁄ ) 4 ] = 12.777,6𝑚𝑚4 Momento máximo: 8 / 12 𝑀𝑚á𝑥 = 900𝑚𝑚 ∗ 750𝑁 2⁄ = 337.500,0 𝑁. 𝑚𝑚 Tensão máxima: 𝑀 = 𝐼. 𝜎 𝑐 → 𝜎 = 𝑀. 𝑐 𝐼 ∴ 𝜎𝑚á𝑥 = 337500𝑁. 𝑚𝑚 ∗ 25𝑚𝑚 2⁄ 12.777,6𝑚𝑚4 = 330,17𝑀𝑃𝑎 ! A configuração de aplicação de carga (peso transmitido pelos braços) é um dos casos não previstos na tabela, ela pode ser obtida por fontes externas. O procedimento é: ! 𝜃𝑚á𝑥 = 𝑃. 𝑎 24. 𝐸. 𝐼 . (3𝐿2 − 4𝑎²) Onde: P = Carga aplicada, neste caso é o peso dividido por dois, devido a estar suspenso pelos dois braços; L = Comprimento total da viga; a = Comprimento do apoio até a carga aplicada. 𝜃𝑚á𝑥 = 750𝑁 2⁄ ∗ 900𝑚𝑚 24 ∗ 200𝑥103𝑀𝑃𝑎 ∗ 12777,6𝑚𝑚4 ∗ [3. (2250𝑚𝑚)2 − 4. (900𝑚𝑚)²] = 65,74𝑚𝑚 4. MÉTODO DA SUPERPOSIÇÃO Nos casos apresentados, há ocorrência de eventos isolados, entretanto, é comum deparar-se com situações em que existe uma “composição” de cargas, onde nenhuma situação acima seria suficiente para definir. O método da superposição consiste em analisar o cenário complexo por meio de outros mais simples com o uso de equações tabeladas de modo a representar com esses o caso real. Para maior esclarecimento, observe a demonstração. Exemplo 3: 9 / 12 Determine o deslocamento no ponto C e a inclinação no apoio A da viga mostrada. Adote E.I como constante. Observa-se que a situação é composta de uma carga distribuída (2 kN/m) ao longo de metade de seu comprimento e ainda recebe uma carga concentrada (8 kN) ao longo da viga biapoiada. Tal combinação não é prevista em tabela, logo, deve-se idealizar que a vigasofresse as duas situações de carregamento separadamente, e ao término dos cálculos, os resultados devem ser somados. ! Será considerado como positivo os seguintes sentido: ↓ & ↷ ! 1º situação: Carga concentrada Deflexão angular: (𝜃𝐴)2 = 𝑃. 𝐿2 16. 𝐸. 𝐼 → 8 𝑘𝑁 ∗ (8 𝑚)2 16 ∗ 𝐸 ∗ 𝐼 = 32 𝑘𝑁. 𝑚² 𝐸𝐼 ↷ Flecha máxima: (𝑣𝐶)2 = 𝑃. 𝐿3 48. 𝐸. 𝐼 → 8 𝑘𝑁 ∗ (8 𝑚)3 48 ∗ 𝐸 ∗ 𝐼 = 85,33 𝑘𝑁. 𝑚³ 𝐸𝐼 ↓ 10 / 12 2º situação: Carga distribuída ! As equações para esse caso estão em um material externo, extraído do apêndice C da 7ª edição de Resistência dos Materiais (Hibbeler) ! Deflexão angular: (𝜃𝐴)1 = 3. 𝑤. 𝐿³ 128. 𝐸. 𝐼 → 3 ∗ 2 𝑘𝑁𝑚 ∗ (8 𝑚) 3 128 ∗ 𝐸 ∗ 𝐼 = 24 𝑘𝑁. 𝑚² 𝐸𝐼 ↷ Flecha máxima: (𝑣𝐶)2 = 𝑃. 𝐿3 48. 𝐸. 𝐼 → 8 𝑘𝑁 ∗ (8 𝑚)3 48 ∗ 𝐸 ∗ 𝐼 = 85,33 𝑘𝑁. 𝑚³ 𝐸𝐼 ↓ Superposição: soma dos valores obtidos Deflexão angular: (+↷) 𝜃𝐴 = (𝜃𝐴)1 + (𝜃𝐴)2 = 56 𝑘𝑁. 𝑚² 𝐸𝐼 ↷ Flecha máxima: (+↓) 𝑣𝐶 = (𝑣𝐶)1 + (𝑣𝐶)2 = 139 𝑘𝑁. 𝑚³ 𝐸𝐼 ↓ Exemplo 4: A estrutura é composta por duas vigas de aço A-36 (E = 200 GPa) em balanço CD e BA e uma viga simplesmente apoiada CB. Se cada uma for feita de aço e tiver momento de inércia em torno do seu eixo principal I x = 46x106 mm4, determine a deflexão no centro G da viga CB. 11 / 12 ! Observe que no exercício é pedido para analisar o ponto G, logo as reações e tudo mais que ocorre em A e D não é de interesse. Porém, a flecha que ocorre nas vigas AB e DC, afeta na deflexão de G. ! ! Será considerado como positivo os seguintes sentido: ↓ & ↷ ! 1º situação: Carga concentrada diretamente sobre G 𝜃𝐺 = 𝑃. 𝐿3 48. 𝐸. 𝐼 → 75 𝑘𝑁 ∗ (4800 𝑚𝑚)3 48. 𝐸. 𝐼 = 1,728𝑥1011 𝑘𝑁. 𝑚𝑚³ 𝐸𝐼 2º situação: Deflexão causada em C (igual a B) pela carga 𝜃𝐶 = 𝑃. 𝐿3 3. 𝐸. 𝐼 → 75 𝑘𝑁 2 ∗ (4800 𝑚𝑚)3 3. 𝐸. 𝐼 = 1,3824 𝑥1012 𝑘𝑁. 𝑚𝑚³ 𝐸𝐼 Superposição: soma dos valores obtidos 𝜃𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑚 𝐺 = 1,728𝑥1011 𝑘𝑁. 𝑚𝑚³ 𝐸𝐼 + 1,3824𝑥1012 𝑘𝑁. 𝑚𝑚³ 𝐸𝐼 = 1,5552𝑥1012 𝑘𝑁. 𝑚𝑚³ 𝐸. 𝐼 Substituindo E.I: 𝜃𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑚 𝐺 = 1,5552𝑥1012 𝑘𝑁. 𝑚𝑚³ 200 𝐺𝑃𝑎 . 46𝑥106 𝑚𝑚4 = 169,04 𝑚𝑚 Exemplo 5: Determine o deslocamento no ponto C da viga mostrada. Adote E.I como constante e igual a 90500 kN.m². ! Neste caso, ocorrem duas cargas distribuídas de diferentes intensidades, porém ainda em mesmo comprimento; e há também uma carga concentrada. ! 12 / 12 ! Será considerado como positivo os seguintes sentido: ↓ & ↷ ! 1º situação: Carga distribuída de 2 kN/m (𝜃𝐶)1 = 5. 𝑤. 𝐿4 768. 𝐸. 𝐼 → 5 ∗ 2 𝑘𝑁 𝑚 ∗ (8 𝑚)4 768 ∗ 𝐸 ∗ 𝐼 = 53,33 𝑘𝑁. 𝑚³ 𝐸𝐼 2º situação: Carga concentrada de 8 kN (𝜃𝐶)2 = 𝑃. 𝐿3 48. 𝐸. 𝐼 → 8 𝑘𝑁 ∗ (8 𝑚)3 48 ∗ 𝐸 ∗ 𝐼 = 85,33 𝑘𝑁. 𝑚³ 𝐸𝐼 3º situação: Carga distribuída de 4 kN/m (𝜃𝐶)3 = 5. 𝑤. 𝐿4 768. 𝐸. 𝐼 → 5 ∗ 4 𝑘𝑁 𝑚 ∗ (8 𝑚)4 768 ∗ 𝐸 ∗ 𝐼 = 106,67 𝑘𝑁. 𝑚³ 𝐸𝐼 Superposição: soma dos valores obtidos e substituindo E.I 𝜃𝐶 = (𝜃𝐶)1 + (𝜃𝐶)2 + (𝜃𝐶)3 = 245,33 𝑘𝑁. 𝑚³ 90500 𝑘𝑁. 𝑚³ = 2,7108𝑥10−3 𝑚 = 2,7108 𝑚𝑚 5. PROPOSTA DE PESQUISA Afim de complementar os temas aqui abordados, propõem-se que seja feita uma pesquisa bibliográfica dos tipos de flexão e deflexão, nos mais variados artigos, livros e teses. Todo este conteúdo será significativo para a aplicação no estudo das vigas.
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