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Indaial – 2009 Resistência Dos MateRiais Prof. Felipe Ratajenski 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2009 Elaboração: Prof. Felipe Ratajenski Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: R433r Ratajenski, Felipe . Caderno de estudos : Resistência dos Materiais I / Felipe Ratajenski, Centro Universitário Leonardo Da Vinci. – Indaial : ASSELVI, 2009. 133 p. : il. ISBN 978-85-7830-173-6 1. Resistência de Materiais – Engenharia 2. Torção I. Ratajenski, Felipe II Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Núcleo de Ensino a Distância. II. Título. CDD 620.112 III apResentação Prezados(as) acadêmicos(as)! A resistência dos materiais é o ramo da Mecânica que estuda as relações entre cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das forças internas que atuam dentro do corpo. Esse assunto abrange também o cálculo de deformação do corpo e o estudo de sua estabilidade, quando ele está sujeito a forças externas. Estudamos, na Física e na Mecânica, equações da estática baseadas nas leis de Newton, que nos permitem calcular o equilíbrio de corpos rígidos, porém não levamos em consideração as propriedades dos materiais que compõem estes corpos, assim como não consideramos as suas características geométricas. Em resistência dos materiais, utilizaremos este conhecimento da estática que possuímos para determinar forças e reações a elas, que atuam sobre elementos mecânicos e estruturais, mas estaremos focados nas deformações provocadas por elas, e o limite em que estas deformações são admissíveis, sem comprometer a estabilidade e segurança das estruturas e mecanismos. Para que esta análise seja possível, estudaremos as características mecânicas dos materiais, quando submetidos a esforços diversos e as equações que regem o efeito de cada um desses esforços de maneira a relacioná-las com aplicações práticas da Engenharia. Nosso estudo estará baseado então nas forças externas que agem sobre um corpo, nas características do material que o compõe, nas características geométricas do mesmo, no ambiente em que se encontra e nos critérios de segurança a serem respeitados. Observe que muitas fórmulas e procedimentos de projeto, definidos nas normas de engenharia e usados na prática, baseiam-se nos fundamentos da resistência dos materiais e, por essa razão, compreender os princípios dessa matéria é muito importante. Portanto, mãos à obra! Professor Felipe Ratajenski IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 - ESTUDO DAS TENSÕES .......................................................................................... 1 TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MATERIAIS ELÁSTICOS, INELÁSTICOS E PLÁSTICOS ........................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3 2 CASO GERAL DA LEI DE HOOKE................................................................................................ 3 3 MÓDULO DE ELASTICIDADE (E) ................................................................................................ 9 4 ENERGIA DA DEFORMAÇÃO ELÁSTICA ............................................................................... 10 5 RESILIÊNCIA, TENACIDADE, DUCTILIDADE, FRAGILIDADE ....................................... 12 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 13 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 14 TÓPICO 2 - TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM CORPOS SÓLIDOS SUBMETIDOS A ESFORÇO NORMAL ............................................................................................... 15 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 15 2 TIPOS DE ESFORÇOS .................................................................................................................... 15 3 TENSÕES NORMAIS E TANGENCIAIS .................................................................................... 17 4 TENSÕES E DEFORMAÇÕES NA TRAÇÃO/COMPRESSÃO SIMPLES ........................... 18 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 22 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 23 TÓPICO 3 - VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA E DIMENSIONAMENTO SEGUNDO CRITÉRIO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS ..................................... 25 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 25 2 TIPOS DE CARGAS ......................................................................................................................... 25 2.1 CARGA ESTÁTICA ..................................................................................................................... 25 2.2 CARGA INTERMITENTE .......................................................................................................... 26 2.3 CARGA ALTERNADA ............................................................................................................... 26 3 TENSÃO ADMISSÍVEL .................................................................................................................. 27 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 29 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 30 TÓPICO 4 - ESTADO DE CISALHAMENTO PURO ................................................................... 31 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 31 2 TENSÃO DE CISALHAMENTO ...................................................................................................31 3 TENSÕES DE CISALHAMENTO SIMPLES .............................................................................. 32 4 TENSÕES DE CISALHAMENTO DUPLO ................................................................................. 33 5 DIMENSIONAMENTO PELA TENSÃO DE CISALHAMENTO .......................................... 33 RESUMO DO TÓPICO 4.................................................................................................................... 35 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 36 TÓPICO 5 - TORÇÃO E CISALHAMENTO .................................................................................. 39 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 39 2 DEFINIÇÕES ..................................................................................................................................... 39 suMáRio VIII 3 DEFORMAÇÕES DE TORÇÃO DE UMA BARRA CIRCULAR ............................................ 41 4 A FÓRMULA DE TORÇÃO ............................................................................................................ 46 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 50 RESUMO DO TÓPICO 5.................................................................................................................... 51 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 52 UNIDADE 2 - ESTUDO DA FLEXÃO ............................................................................................. 53 TÓPICO 1 - FLEXÃO ........................................................................................................................... 55 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 55 2 TENSÃO NORMAL NA FLEXÃO ................................................................................................. 56 3 FORÇA CORTANTE Q .................................................................................................................... 56 3.1 VIGAS HORIZONTAIS ............................................................................................................... 57 3.2 VIGAS VERTICAIS ...................................................................................................................... 57 4 MOMENTO FLETOR M.................................................................................................................. 57 4.1 MOMENTO POSITIVO............................................................................................................... 57 4.2 MOMENTO NEGATIVO ............................................................................................................ 58 5 DIMENSIONAMENTO NA FLEXÃO .......................................................................................... 58 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 66 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 67 TÓPICO 2 - EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 69 2 VARIÁVEIS DA EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA ............................................................. 69 3 CONDIÇÕES DE CONTORNO .................................................................................................... 70 4 DETERMINAÇÃO DA EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA POR INTEGRAÇÃO ........... 71 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 82 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 83 TÓPICO 3 - ESTUDO DA FLAMBAGEM ...................................................................................... 87 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 87 2 FLAMBAGEM ................................................................................................................................... 87 3 CARGA CRÍTICA ............................................................................................................................. 88 4 COMPRIMENTO LIVRE DE FLAMBAGEM ............................................................................. 89 5 ÍNDICE DE ESBELTEZ ( λ ) ............................................................................................................ 89 6 TENSÃO CRÍTICA ........................................................................................................................... 89 7 FLAMBAGEM NAS BARRAS NO CAMPO DAS DEFORMAÇÕES ELASTO-PLÁSTICAS ..................................................................................................................... 90 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 93 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 95 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 96 UNIDADE 3 - COMBINAÇÃO DOS ESFORÇOS ........................................................................ 99 TÓPICO 1 - ANÁLISE DE TENSÕES, ESTADO GERAL DE TENSÕES ............................... 101 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 101 2 TRANSFORMAÇÃO NO ESTADO PLANO DE TENSÕES ................................................ 101 3 OS DIFERENTES ESTADOS DE TENSÃO NUM PONTO ................................................... 102 4 EQUAÇÕES GERAIS DE TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO PARA O ESTADO PLANO ............................................................................................................................ 105 5 TENSÕES PRINCIPAIS E TENSÃO DE CISALHAMENTO MÁXIMA NO PLANO ...... 107 6 CÁLCULO DAS TENSÕES PRINCIPAIS.................................................................................. 110 IX RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 118 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 119 TÓPICO 2 - CÍRCULO DE MOHR ................................................................................................. 121 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 121 2 TRAÇADO DO CÍRCULO DE MOHR ...................................................................................... 121 3 TENSÕES PRINCIPAIS ................................................................................................................. 122 4 TENSÃO DE CISALHAMENTO MÁXIMA NO PLANO ...................................................... 123 5 TENSÕES NUM PLANO QUALQUER ...................................................................................... 124 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 125 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 126TÓPICO 3 - ESFORÇOS COMBINADOS .................................................................................... 127 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 127 2 COMBINAÇÃO DAS SOLICITAÇÕES ..................................................................................... 127 3 MÉTODO DE ANÁLISE ............................................................................................................... 129 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................. 131 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 132 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 133 X 1 UNIDADE 1 ESTUDO DAS TENSÕES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Após o estudo desta unidade, o acadêmico estará apto a: • classificar e interpretar as propriedades mecânicas de materiais elásticos, inelásticos e plásticos, que definem suas características de resistência; • entender o conceito de Tensão. Identificar os tipos de esforços e suas respectivas tensões; • dimensionar uma peça estrutural ou elemento mecânico, adequando a tensão de operação para a tensão admissível, levando em consideração todos os fatores que podem comprometer a resistência de um elemento mecânico. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para sua reflexão e análise dos estudos já realizados. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MATERIAIS ELÁSTICOS, INELÁSTICOS E PLÁSTICOS TÓPICO 2 – TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM CORPOS SÓLIDOS SUBMETIDOS A ESFORÇO NORMAL TÓPICO 3 – VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA E DIMENSIONAMENTO SEGUNDO CRITÉRIO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS TÓPICO 4 – ESTADO DE CISALHAMENTO PURO TÓPICO 5 – TORÇÃO E CISALHAMENTO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MATERIAIS ELÁSTICOS, INELÁSTICOS E PLÁSTICOS 1 INTRODUÇÃO Quando falamos em propriedades mecânicas de um material, estamos nos referindo ao comportamento deste uma vez sujeito a um esforço mecânico, ou seja, como se comporta determinado material em termos de deformação quando sofre um impacto ou quando uma força o comprime ou traciona. São muitos os tipos de esforços mecânicos a que um elemento mecânico pode estar sujeito e estes podem agir isoladamente ou combinados. Sabemos, pela prática do dia a dia, que materiais distintos reagem de forma distinta a um mesmo tipo de esforço mecânico. Por exemplo, se compararmos o material “vidro” com “borracha”, podemos perceber que o primeiro é menos resistente ao impacto do que o segundo. Porém, se o critério for resistência ao desgaste devido a uma força de atrito, a situação se inverte e o vidro se demonstra mais resistente do que a borracha. No estudo da resistência dos materiais, os grandes norteadores dessas propriedades são as características elásticas de cada tipo de material, obtidas empiricamente por ensaios em laboratórios. Estas características serão apresentadas neste primeiro capítulo e um bom entendimento deste assunto é de fundamental importância para o andamento das atividades que seguem no estudo dessa disciplina. IMPORTANT E 2 CASO GERAL DA LEI DE HOOKE Vamos voltar um pouco no tempo e relembrar o que aprendemos no estudo da Física lá no ensino médio, quando estudamos o comportamento das molas, estando estas sujeitas à ação de uma força, seja ela de tração ou compressão. Três variáveis estavam envolvidas nos cálculos: “F” força que comprime ou traciona a mola; “K“ constante elástica da mola e “x“ deformação linear da mola. Estas estão relacionadas matematicamente na seguinte equação: F=-K.x UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES 4 Onde: F – Newton (N) K – Newtons por metro (N/m) x – metros (m) A variável “K” representa a característica elástica da mola, ou seja, quanto ela se deforma linearmente, sujeita à ação de determinada força. A lei de Hooke descreve a relação linear entre a força e a deformação da mola, sendo estas diretamente proporcionais, quando atuam dentro do limite de proporcionalidade da mola, ou seja, sem que haja deformação plástica. Quando retirada a ação da força, a mola retornaria à sua condição inicial. Veja o gráfico a seguir, neste aparecem alguns termos que serão estudados mais adiante. A lei de Hooke abrange este gráfico somente até o ponto A, dentro do limite de proporcionalidade. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001, p. 98. FIGURA 1 – ENSAIO DE TRAÇÃO TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MATERIAIS ELÁSTICOS, INELÁSTICOS E PLÁSTICOS 5 Sendo: ponto O - Início de ensaio carga nula; ponto A - Limite de proporcionalidade; ponto B - Limite superior de escoamento; ponto C - Limite inferior de escoamento; ponto D - Final de escoamento início da recuperação do material; ponto E - Limite máximo de resistência; ponto F - Limite de ruptura do material. Conversar com o aluno: no estudo da resistência dos materiais, analisamos não mais o comportamento de uma mola, mas o de um elemento mecânico estático ou dinâmico, em que uma força é aplicada em uma secção deste provocando uma tensão, razão de uma força por uma área, e que provocará determinada deformação, de acordo com as características elásticas do material que o compõe. Estas características estarão determinadas não mais por um coeficiente de mola “k” como doravante citado e sim pelo módulo de elasticidade “E”. Temos, então, a mesma lei de Hooke, agora aplicada sob um novo foco e cujas variáveis passam a ser Tensão, Módulo de Elasticidade e Deformação unitária. UNI Após uma série de experiências, o cientista inglês Robert Hooke, no ano de 1678, constatou que uma série de materiais, quando submetidos à ação de carga normal, sofre variação na sua dimensão linear inicial, bem como na área da secção transversal inicial. Ao fenômeno da variação linear, Hooke denominou alongamento, constatando que: • quanto maior a carga normal aplicada e o comprimento inicial da peça, maior o alongamento, e que, quanto maior a área da secção transversal e a rigidez do material médio, através do seu módulo de elasticidade, menor o alongamento, resultando daí a equação: UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES 6 Onde: ∆l - Alongamento da peça (m;.......); σ - Tensão normal (Pa;.......); F - Carga normal aplicada (N;.......); A - Área da secção transversal (m2;.........); E - Módulo de elasticidade do material (Pa;........); l - Comprimento inicial da peça (m;.........). O alongamento será positivo quando a carga aplicada tracionar a peça, e será negativo quando a carga aplicada comprimir a peça. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 2 – DEFORMAÇÃO LONGITUDINAL Onde: ∆l - Alongamento da peça (m;.......); L - Comprimento inicial da peça (m;........); lƒ - Comprimento final da peça (m;.......). Deformação longitudinal (ε) : Consiste na deformação que ocorre em uma unidade de comprimento (µ.c) de uma peça submetida à ação de carga axial. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MATERIAIS ELÁSTICOS, INELÁSTICOS E PLÁSTICOS 7 FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 3 – FÓRMULA E EXEMPLO DE DEFORMAÇÃO LONGITUDINAL (ε) Deformação transversal (εt) Determina-se através do produto entre a deformação unitária (ε) e o coeficiente de Poisson (ν). FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 4 – FÓRMULA E EXEMPLO DE DEFORMAÇÃO TRANSVERSAL (εt) UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES 8 Razão ou coeficiente de Poisson Sabemos que, além da deformação dos materiais na direção da tensão normal aplicada, outra propriedade marcante pode ser observadaem todos os materiais sólidos, a saber, a expansão ou contração lateral (transversal) que ocorre perpendicularmente a direção da tensão aplicada. Esse fenômeno está ilustrado na figura (5a), cujas deformações aparecem exageradas. Conversar com o aluno: para maior clareza pode-se reescrever assim o fenômeno: se um corpo sólido for submetido à tensão axial, ele se contrai lateralmente. Por outro lado, se ele for comprimido, o material se expande para os lados. Com isso em mente, as direções das deformações laterais são facilmente determinadas, dependendo do sentido da tensão normal aplicada. UNI FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DE DEFORMAÇÃO TRANSVERSAL (εt) A relação entre o valor absoluto da deformação na direção lateral e a deformação na direção axial, é a razão ou coeficiente de Poisson, isto é: Pela experiência, sabe-se que o valor ν flutua para diferentes materiais, numa faixa relativamente estreita. Geralmente, está na vizinhança de 0,25 a 0,35. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MATERIAIS ELÁSTICOS, INELÁSTICOS E PLÁSTICOS 9 Em casos extremos, ocorrem valores baixos, como 0,1 (alguns concretos) e elevados, como 0,5 (borracha). O último valor é o maior possível para materiais isotrópicos, e é normalmente alcançado durante o escoamento plástico significando constância de volume. 3 MÓDULO DE ELASTICIDADE (E) Um fio metálico submetido a um esforço de tração sofre uma deformação que consiste no aumento de comprimento e em uma contração de sua secção. Suponhamos que o aumento de comprimento é o efeito dominante, sobretudo no fio grande e de pequena secção. Estudaremos o comportamento elástico dos fios, aquele em que existe uma relação de proporcionalidade entre a força F aplicada ao fio e o incremento ∆L de seu comprimento, ou então entre o esforço F/S e a deformação unitária ∆L/L0. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO DE ELASTICIDADE (E) Onde S é a secção do fio S=Pi r2, e Y é uma constante de proporcionalidade, característica de cada material que é denominado módulo de elasticidade ou módulo de Young. O quadro a seguir apresenta valores de E para alguns materiais: UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES 10 FONTE: Autor QUADRO 1 – VALORES DE ELASTICIDADE PARA ALGUNS MATERIAIS (E) 4 ENERGIA DA DEFORMAÇÃO ELÁSTICA Já foi visto que a ação de qualquer força sobre um corpo altera sua forma, isto é, provoca uma deformação. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 7 – GRÁFICO ILUSTRANDO O LIMITE DE ELASTICIDADE TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MATERIAIS ELÁSTICOS, INELÁSTICOS E PLÁSTICOS 11 Por este gráfico, nota-se que a carga aplicada cresce uniformemente de zero até um certo P. Este esforço despendido realiza um trabalho que é armazenado sob forma de energia potencial de deformação e desenvolvido quando o corpo de prova readquire a forma primitiva. Se a carga for aplicada lenta e gradualmente até o valor P inferior ao limite de elasticidade, o trabalho armazenado é medido pela área do triângulo hachurado em figura. Logo: Quando a carga P atinge o limite de elasticidade, a energia armazenada pela peça sem sofrer deformações permanentes é a máxima. Conclui-se que uma carga aplicada repentinamente produz um esforço interno duas vezes maior do que aplicado lenta e gradualmente. Nestes casos, o fator de segurança deverá ser o dobro. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 8 – EXEMPLO DE LIMITE DE ELASTICIDADE E FATOR DE SEGURANÇA Evidenciar um erro comum: 1° - Não confundir resiliência com rigidez ou resistência. Resistência é a capacidade de um corpo de resistir à ação de forças, rigidez é a capacidade de um corpo de resistir às deformações e a resiliência é a resistência aos choques. 2° - Os materiais de pequena resiliência são chamados frágeis enquanto os de grande resiliência são chamados tenazes. ATENCAO UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES 12 5 RESILIÊNCIA, TENACIDADE, DUCTILIDADE, FRAGILIDADE Neste item, veremos que, conforme as características elásticas de cada material, o mesmo será classificado como dúctil ou frágil. Palavras como ductilidade e fragilidade serão muito utilizadas no decorrer do nosso estudo. Portanto, é de suma importância o entendimento desses termos. IMPORTANT E Aproveitamos este momento também para definir em que consiste a resiliência e a tenacidade. Portanto: Materiais Dúcteis: Qualquer material que possa ser submetido a grandes deformações antes da ruptura é chamado de material dúctil. O aço doce é um exemplo. Os engenheiros escolhem materiais dúcteis para o projeto, porque são capazes de absorver choques ou energia e, quando sobrecarregados, exibem, em geral, grande deformação antes de falhar. Materiais Frágeis: São materiais que se rompem antes de se deformarem de forma significativa, ou seja, após a fase elástica, vem o rompimento sem que haja nenhuma ou muito pouca deformação plástica. Exemplo: Concreto. Resiliência: É a resistência aos choques, ou seja, a capacidade de absorver energia mecânica durante um choque. Quanto maior o índice de resiliência de um material, maior é a capacidade do material de resistir a um impacto. Tenacidade: A tenacidade está diretamente relacionada à resiliência e indica a medida da quantidade de energia que um material pode absorver antes de fraturar. 13 Neste tópico, vimos que: • As propriedades mecânicas dos materiais serão os grandes balizadores do nosso estudo por definir as características de resistência de cada material. • A lei de Hooke descreve a relação linear entre a força e a deformação de um corpo, sendo elas diretamente proporcionais quando atuam dentro do limite de proporcionalidade. • Esforços de tração e compressão provocam deformações longitudinais e transversais e a relação entre as duas é equacionada pelo coeficiente de Poisson. • O módulo de elasticidade consiste em uma aplicação da lei de Hooke à resistência dos materiais, relacionando tensão x deformação. • A resiliência é uma característica que define a capacidade de um determinado material absorver energia de impacto. • Qualquer material que possa ser submetido a grandes deformações antes da ruptura é chamado de material dúctil. • Materiais Frágeis são materiais que se rompem antes de se deformarem de forma significativa. RESUMO DO TÓPICO 1 14 Ao final deste tópico, para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões que seguem. 1 O corpo de prova de alumínio, mostrado na figura a seguir, tem um diâmetro do=25 mm e um comprimento nominal Lo=250 mm. Se uma força de 165 KN alonga o comprimento em 1,2 mm, determine o módulo de elasticidade do material. AUTOATIVIDADE FIGURA 9 – ILUSTRAÇÃO - CORPO DE PROVA - PARA O EXERCÍCIO FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 15 TÓPICO 2 TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM CORPOS SÓLIDOS SUBMETIDOS A ESFORÇO NORMAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO No estudo da Física, vimos o efeito de uma força que age sobre um corpo sem que ocorram deformações e sem levar em consideração as suas características geométricas. Em resistência dos materiais, precisamos saber o efeito desta força quando atua em uma secção do corpo, que pode ser quadrada, circular, maciça ou vazada etc. Para isto, utilizamos o conceito de tensão que representa a intensidade de força aplicada por unidade de área. Os tipos de esforços que geram estas tensões e a sua classificação serão o objeto de estudo deste tópico. 2 TIPOS DE ESFORÇOS A resistência dos materiais é, na verdade, um conjunto de capítulos, divididos em função do tipo de esforço que possa vir a comprometer a peça ou estrutura em questão. Para nós, é importante, então, o conhecimento de todos os esforços existentes e as respectivas tensões a serem consideradas em cada caso. A princípio, será feito um comentário geral sobre cada tipo de esforço, ficandosua análise detalhada nos capítulos seguintes. Esforço de TRAÇÃO - esforço que tende a esticar ou alongar o corpo/estrutura em questão. Trata-se de um esforço axial (ao longo do eixo) e a tensão correspondente é a tensão normal. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DE UM ESFORÇO DE TRAÇÃO Esforço de COMPRESSÃO - esforço que tende a “empurrar” ou encurtar o corpo/estrutura em questão. Trata-se também de um esforço axial (ao longo do eixo) e a tensão correspondente é a tensão normal. UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES 16 FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 11 – REPRESENTAÇÃO DE UM ESFORÇO DE COMPRESSÃO Esforço de CISALHAMENTO - esforço que tende a cortar ou cisalhar o corpo/ estrutura em questão. Trata-se de um esforço transversal (perpendicular ao eixo) e a tensão correspondente é a tensão tangencial. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 12 – REPRESENTAÇÃO DE UM ESFORÇO DE CISALHAMENTO Esforço de FLEXÃO - esforço que tende a flexionar ou encurvar uma viga/ eixo em questão. Trata-se de um esforço normal (ao longo do eixo) e a tensão correspondente é a tensão normal (trata-se, na verdade, de uma combinação dos esforços de tração e compressão, conforme se verá mais adiante). FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 13 – REPRESENTAÇÃO DE UM ESFORÇO DE FLEXÃO Esforço de TORÇÃO - esforço que tende a girar uma secção transversal em relação a outra adjacente de um eixo de transmissão. Trata-se de um esforço tangencial (perpendicular ao eixo) e a tensão correspondente é a tensão tangencial. TÓPICO 2 | TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM CORPOS SÓLIDOS SUBMETIDOS A ESFORÇO NORMAL 17 FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO DE UM ESFORÇO DE TORÇÃO 3 TENSÕES NORMAIS E TANGENCIAIS FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 15 – REPRESENTAÇÃO DAS TENSÕES NORMAIS E TANGENCIAIS Onde: p = tensão total resultante, atuante sobre a secção transversal considerada σ = componente de “p”, normal ao plano – TENSÃO NORMAL τ = componente de “p”, tangente ao plano – TENSÃO TANGENCIAL Genericamente, pode-se definir “tensão” como a resistência interna de um corpo a uma força externa aplicada sobre ele, por unidade de área. UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES 18 4 TENSÕES E DEFORMAÇÕES NA TRAÇÃO/COMPRESSÃO SIMPLES Agora que já vimos os tipos de esforços e a classificação das tensões, em normais e tangenciais, estamos prontos para estudar cada uma destas separadamente, focando em suas peculiaridades e métodos analíticos para cálculo dos efeitos produzidos por cada uma. Iniciamos este estudo com as tensões normais de tração e compressão. Quanto às deformações causadas por este tipo de tensão, já tivemos uma introdução quando vimos a lei de Hooke. Tensão Normal σ A carga normal F, que atua na peça, origina nesta uma tensão normal que é determinada através da relação entre a intensidade da carga aplicada, e a área da secção transversal da peça. Onde: σ- tensão normal (Pa) F - força normal ou axial (N) A - área da secção transversal da peça (m2) Unidade de Tensão no SI (Sistema Internacional) A unidade de tensão no SI é o pascal, que corresponde à carga de 1N atuando sobre uma superfície de 1m2. FONTE: Autor FIGURA 16 – REPRESENTAÇÃO DA UNIDADE DE TENSÃO NO SI TÓPICO 2 | TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM CORPOS SÓLIDOS SUBMETIDOS A ESFORÇO NORMAL 19 Como a unidade pascal é infinitesimal, utiliza-se com freqüência os seus múltiplos: MPa (mega pascal) = 106 Pa, kPa (quilo pascal) = 103 Pa IMPORTANT E A unidade MPa (mega pascal, corresponde à aplicação de 106 N (um milhão de newtons) na superfície de um metro quadrado (m2). Como m2 = 106 mm2, conclui-se que: MPa corresponde à carga de 1N atuando sobre a superfície de 1mm2. Podemos verificar então que esforços de tração e compressão geram tensões normais, porém seus efeitos são contrários, como veremos a seguir: • Tração: devido a um esforço de traça, o elemento tracionado deverá sofrer um alongamento no sentido tracionado (longitudinal) e uma diminuição da secção transversal. O quanto este corpo deforma vai depender de suas características elásticas (módulo de elasticidade) e da intensidade da tensão. A relação entre a deformação longitudinal e transversal será dada pelo coeficiente de Poisson, doravante citado quando estudamos a lei de Hooke. • Compressão: devido a um esforço de compressão, o elemento deve ter diminuição de sua dimensão longitudinal com aumento da secção transversal. O quanto este corpo deforma vai depender de suas características elásticas (módulo de elasticidade) e da intensidade da tensão. A relação entre a deformação longitudinal e transversal será dada pelo coeficiente de Poisson, doravante citado quando estudamos a lei de Hooke. Em termos analíticos, utilizamos as seguintes equações para fins de determinar deformações e/ou dimensionar um elemento: σ = E. ε UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES 20 Veremos agora alguns exemplos de aplicação destas equações: Exemplo 1 Um fio de comprimento 30 cm e diâmetro 1 mm foi submetido ao ensaio de tração e com uma carga de 40 Kg e se obteve um alongamento total de 0,08 cm. Calcular o alongamento unitário, alongamento porcentual, tensão e módulo de elasticidade. a. Alongamento unitário e percentual: b. Tensão: c. Módulo de elasticidade: TÓPICO 2 | TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM CORPOS SÓLIDOS SUBMETIDOS A ESFORÇO NORMAL 21 Exemplo 2: Escolher a corrente destinada a resistir uma carga intermitente de 1 t. Material: aço ABNT 1040. Exemplo 3: Calcular o diâmetro de um arame de aço ABNT 1030, destinado a manter suspenso um peso de 200 Kg. 22 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, vimos que: • Diversos tipos de esforços serão objeto de nosso estudo ao longo da disciplina. São eles: tração, compressão, torção, flexão e cisalhamento. • Estes esforços provocarão uma tensão considerada na secção transversal. A tensão provocada é dada pela relação entre a força e a área da secção e sua unidade no S.I é o Pascal. • De acordo com a direção de atuação dos esforços, as tensões são classificadas em Normal e Tangencial. 23 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir: 1 No dispositivo em figura, a bucha é de aço ABNT 1010 e o parafuso de aço ABNT 1030. Calcular os diâmetros do, e D quando a porca exerce uma força axial de 2t e d=20mm. AUTOATIVIDADE FIGURA 17 – EXEMPLO DEMONSTRATIVO PARA O EXERCÍCIO FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 24 25 TÓPICO 3 VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA E DIMENSIONAMENTO SEGUNDO CRITÉRIO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para fins de projeto de uma peça estrutural ou elemento mecânico, temos como obter em tabelas a tensão de resistência do material que o compõe, determinada por ensaios em laboratório, com corpos de prova devidamente normatizados. Porém, na prática, algumas condições de fabricação, funcionamento e ambiente em que estão inseridos diferem das condições ensaiadas em laboratórios. Portanto, devemos adequar a tensão de operação para uma tensão que chamamos de tensão admissível, para cada caso em particular, de forma a garantir que fatores particulares a cada situação não comprometam a resistência do elemento em questão. Para isto, utilizamos o coeficiente de segurança representado pela letra “K”. Na definição do coeficiente de segurança a ser aplicado, levamos em consideração os processos de fabricação das peças, a forma com que a carga é aplicada, o ambiente de operação, dentre outros fatores. Estes fatores são sobrepostos através do produto de valores que representa o quanto cada um desses afeta a resistência do material. Para um bom entendimento, faremos agora uma breve distinção entre as formas que um carregamento pode se apresentar,tornando- se mais ou menos crítica para cada situação em particular. 2 TIPOS DE CARGAS Agora você estudará os tipos de cargas, as quais podem ser: carga estática, carga intermitente e carga alternada. 2.1 CARGA ESTÁTICA A carga é aplicada na peça e permanece constante. 26 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CARGA ESTÁTICA 2.2 CARGA INTERMITENTE Neste caso, a carga é aplicada gradativamente na peça, fazendo com que o seu esforço atinja o máximo, utilizando, para isso, um determinado intervalo de tempo. Ao atingir o ponto máximo, a carga é retirada gradativamente no mesmo intervalo de tempo utilizado para se atingir o máximo, fazendo com que a tensão atuante volte a zero. E assim sucessivamente. Ex.: o dente de uma engrenagem. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 19 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CARGA INTERMITENTE 2.3 CARGA ALTERNADA Neste tipo de solicitação, a carga aplicada na peça varia de máximo positivo para máximo negativo ou vice-versa, constituindo-se uma situação muito crítica para o material. TÓPICO 3 | VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA E DIMENSIONAMENTO SEGUNDO CRITÉRIO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS 27 FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 20 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CARGA ALTERNADA 3 TENSÃO ADMISSÍVEL Para determinar o coeficiente de segurança em função das circunstâncias apresentadas, deverá ser utilizada a expressão a seguir: Valores para x (fator de tipo de material) x = 2 para materiais comuns. x = 1,5 para aços de qualidade e aço liga. Valores para y (fator do tipo de solicitação) y = 1 para carga constante. y = 1 para carga intermitente. y = 3 para carga alternada. Valores para z (fator do tipo de carga) z = 1 para carga gradual. z = 1,5 para choques leves. z = 2 para choques bruscos. Valores para w (fator que prevê possíveis falhas de fabricação) w = 1 a 1,5 para aços e outros materiais. w = 1,5 a 2 para fofo. 28 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES Para carga estática, normalmente, utiliza-se 2≤ k ≤3 aplicado a σe (tensão de escoamento do material), para o material dúctil e ou aplicado a σ (tensão de ruptura do material) para o material frágil. Para o caso de cargas intermitentes ou alternadas, o valor de k cresce como nos mostra a equação para sua obtenção. IMPORTANT E A tensão admissível é determinada através da relação entre (tensão de escoamento) e coeficiente de segurança para os materiais dúcteis, σr (tensão de ruptura) e coeficiente de segurança para os materiais frágeis. Exemplo 1 Um determinado tipo de aço que compõe um elemento de uma máquina possui tensão de escoamento de 480 Mpa. Como o mesmo opera com carga intermitente na definição do K, temos: x = 1,5 para aços de qualidade e aço liga. y = 1 para carga intermitente. Portanto: K= x.y = 1,5 . 1,0= 1,5. A tensão admissível é, então, 480/1,5 = 320 MPa. 29 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, vimos que: • Um mesmo tipo de esforço pode ser provocado por cargas atuando de formas diferentes, provocando efeitos com maior ou menor impacto sobre a resistência do corpo solicitado. Estas são classificadas como estáticas, intermitentes e alternadas. • As condições de trabalho normalmente diferem das ensaiadas em laboratório. Portanto, utilizamos a tensão chamada de tensão admissível para fins de cálculo da resistência de um elemento mecânico. • A tensão admissível é resultado da divisão da tensão de resistência ao escoamento ou à ruptura, obtida em ensaios normatizados pelo coeficiente de segurança K. • O coeficiente de segurança K é obtido a partir do produto de valores que representam a influência de fatores como: processo de fabricação, tipo de carga, ambiente de trabalho, dentre outros que podem comprometer a resistência de um elemento mecânico. 30 Exercite seus conhecimentos, resolvendo as questões a seguir: 1 Determine o diâmetro da barra de aço 1 indicada na figura a seguir. A barra está presa ao solo no ponto C e sujeita as forças mostradas. Admita que o material possui as seguintes características: σ(adm)=220 Mpa; fator falha de fabricação = 1; material comum; carga constante e gradual. 2 A barra rígida AB mostrada na figura a seguir é suportada pela barra de alumínio AC, que está acoplada por meio de pinos. Determine o diâmetro da barra de alumínio e dos pinos, sujeitos a cisalhamento duplo, sabendo que σ(adm) alumínio = 10,6 x 10³ Ksi e σ (adm) aço = 29 x 10³ Ksi. Utilize um fator de segurança K = 2 para oalumínio e um fator K = 2,5 para o aço. AUTOATIVIDADE FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 21 – REPRESENTAÇÃO ILUSTRATIVA DE UMA BARRA DE AÇO PARA O EXERCÍCIO FIGURA 22 – REPRESENTAÇÃO ILUSTRATIVA DE UMA BARRA RÍGIDA AB, SUPORTADA POR OUTRA BARRA DE ALUMÍNIO AC. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 31 TÓPICO 4 ESTADO DE CISALHAMENTO PURO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Nos Tópicos 1, 2, 3 desta unidade, vimos que a tensão pode ser classificada como Normal ou Tangencial. Neste tópico, teremos um primeiro contato com as tensões do tipo tangencial que, como o próprio nome diz, age tangencialmente na secção transversal, tendendo a cisalhar o elemento solicitado. Devemos, neste estudo, observar com atenção qual a área de secção transversal que está sendo solicitada bem como se um mesmo elemento está sujeito a esforços que tendem a cisalhar em mais de uma secção, situação em que temos que distribuir a carga entre as áreas. 2 TENSÃO DE CISALHAMENTO A tensão de cisalhamento decorre de uma força que tende a cisalhar uma secção. Esta age tangencialmente ao plano. Portanto, trata-se de tensão tangencial. Tensão de Cisalhamento: Age tangencialmente à superfície do material FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 23 – CONEXÃO PARAFUSADA EM QUE O PARAFUSO É CARREGADO POR CISALHAMENTO DUPLO. 32 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES Sob a ação de forças de tração P, a barra e a junta irão exercer uma pressão cortante contra o parafuso, e as tensões de contato, chamadas de tensões cortan- tes, serão criadas. A barra e a junta tendem a cisalhar o parafuso (cortá-lo). Essa tendência é resistida por tensões de cisalhamento no parafuso. Tensão Cortante Média 3 TENSÕES DE CISALHAMENTO SIMPLES O cisalhamento é provocado pela ação direta da carga aplicada F. Ocorre frequentemente em vários tipos de acoplamentos simples que usam parafusos, pinos, material de solda etc. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. Em casos como este, aplica-se direto a equação: FIGURA 24 – EXEMPLO DE CHAPAS COM ACOPLAMENTOS SIMPLES, USANDO PARAFUSOS, PINOS MATERIAL DE SOLDA. TÓPICO 4 | ESTADO DE CISALHAMENTO PURO 33 4 TENSÕES DE CISALHAMENTO DUPLO Neste caso, temos duas secções sendo cisalhadas em um mesmo elemento. Ainda é válida a mesma equação, porém temos que ficar atentos para observar que a carga está distribuída em duas secções transversais. Portanto, ao aplicar a equação da tensão, devemos duplicar a área ou dividir a carga por dois. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. Escrevemos, então, a equação da seguinte forma: Onde “n” representa o número de áreas sujeitas a esforço de cisalhamento. FIGURA 25 – REPRESENTAÇÃO DE TENSÕES DE CISALHAMENTO DUPLO. 5 DIMENSIONAMENTO PELA TENSÃO DE CISALHAMENTO Para o dimensionamento de um elemento pela tensão de cisalhamento, utilizamos a mesma equação citada e utilizamos a tensão de ruptura do material, lembrando de aplicar o coeficiente de segurança sempre que necessário. Vejamos um exemplo: Projetar a junta rebitada para que suporte uma carga de 125 kN, aplicada conforme a figura a seguir. A junta deverá contar com 5 rebites. τ= 105 MPa; tch = 8mm (espessura das chapas). 34 UNIDADE1 | ESTUDO DAS TENSÕES FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 26 – ILUSTRAÇÃO DA PROJEÇÃO DE UMA JUNTA REBITADA PARA SUPORTE DE CARGA Solução: a. Cisalhamento nos rebites: Observa- se na figura que a junta é simplesmente cisalhada, ou seja, cada rebite sofre cisalhamento na sua respectiva secção AA. Tem- se, então, que: Como os rebites possuem secção transversal circular, a área do circulo é dada por: A fórmula da tensão do cisalhamento, então, passa a ser: 35 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, vimos que: • A tensão de cisalhamento decorre de uma força que tende a cisalhar uma secção. Esta age tangencialmente ao plano. Portanto, trata-se de tensão tangencial. • A tensão de cisalhamento simples é provocada pela ação direta da carga aplicada F. Ocorre frequentemente em vários tipos de acoplamentos simples que usam parafusos, pinos, material de solda etc. • No caso de cisalhamento duplo, temos duas secções sendo cisalhadas em um mesmo elemento. • Para o cálculo da tensão de cisalhamento, utilizamos a equação: • Para o dimensionamento de um elemento pela tensão de cisalhamento, utilizamos a mesma equação citada e utilizamos a tensão de ruptura do material, lembrando de aplicar o coeficiente de segurança sempre que necessário. 36 AUTOATIVIDADE Ao final deste tópico, resolva os exercícios a seguir, visando à fixação do conhecimento adquirido: 1 Uma prensa usada para fazer furos em placas de aço é mostrada na Figura 27a. Assuma que uma prensa com diâmetro de 0,75 in. é usada para fazer um furo em uma placa de ¼ in., como mostrado na vista transversal (Figura 27b). Se uma força P=28000 lb é necessária para criar o furo, qual é a tensão de cisalhamento média na placa e a tensão de compressão média na prensa? FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 27 – ILUSTRAÇÃO PARA SUPORTE DO EXERCÍCIO 1 2 O elo do tirante mostrado na figura 28 suporta uma força de 600 Lb, aplicada pelo cabo. Se o pino tem um diâmetro de 0,25in, determine a tensão cisalhante média no pino. FONTE: Autor FIGURA 28 – ILUSTRAÇÃO DE UM ELO TIRANTE PARA SUPORTE DO EXERCÍCIO 2 37 3 A alavanca mostrada na figura é mantida fixa ao eixo através de um pino localizado em AB, cujo diâmetro é de 6 mm. Se um homem aplica as forças mostradas na figura ao girar a alavanca, determine a tensão cisalhante média no pino na seção entre este e a alavanca. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 29 – ILUSTRAÇÃO DE UMA ALAVANCA FIXA AO UM EIXO POR PINOS PARA SUPORTE DO EXERCÍCIO 3 4 A luminária mostrada na figura a seguir, é suportada pelo pino A, cujo diâmetro é de 1/8” in. Se a luminária pesa 4 Lb e o braço AB do suporte pesa 0,5 Lb/ft, determine a tensão cisalhante média no pino necessária para suportar a luminária. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 30 – ILUSTRAÇÃO DE UMA LUMINÁRIA FIXA NO PONTO “A”. 5 A junta mostrada na figura utiliza dois parafusos para unir as placas. Determine o diâmetro necessário aos parafusos, considerando que a tensão cisalhante admissível τ(adm)=110 MPa. Admita que a carga seja igualmente distribuída entre os parafusos. 38 FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 31 – ILUSTRAÇÃO DE PLACAS UNIDAS POR DOIS PARAFUSOS. 6 A alavanca mostrada na figura é fixada ao eixo A por uma chaveta de largura d e comprimento de 25 mm. Se o eixo está fixo e uma força de 200 N é aplicada perpendicularmente à alavanca, determine a dimensão d considerando que a tensão cisalhante admissível para o material da chaveta é τ(adm)=35 MPa. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 32 – ILUSTRAÇÃO DE UMA ALAVANCA FIXADA A UM EIXO “A”. Obs: 1ksi = 6,867 MPa 1Ksi = 1000 Psi Atividades complementares: Observações: Resolver os exercícios da seção de tensão cisalhamento e tensão admissível do livro Resistência dos Materiais, do autor, Hibbeler, 2000. NOTA Psi = Lb/in.in 1in = 2,54 cm 1ft = 12 in 39 TÓPICO 5 TORÇÃO E CISALHAMENTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste item, utilizaremos uma linguagem um pouco mais complexa e faremos uso de equações diferenciais para justificar alguns conceitos. Vocês serão apresentados também a duas características geométricas importantes no que tange a elementos sujeitos a esforços que tendem a provocar rotação. São eles o raio de giração e o momento polar de inércia. 2 DEFINIÇÕES A torção se refere ao giro de uma barra retilínea, quando carregada por momentos (ou torques) que tendem a produzir rotação sobre o eixo longitudinal da barra. Veja a Figura 33. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 33 – TORÇÃO DE UMA CHAVE DE FENDA DEVIDO A UM TORQUE T APLICADO NO CABO. 40 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES Exemplos de barras em torção: Hastes, eixos, eixos propulsores, hastes de direção e brocas de furadeiras. Caso idealizado do carregamento de torção: FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. Os momentos que produzem giro na barra, como os momentos T1 e T2 da Figura 34, são chamados de torques ou momentos torçores. Os membros cilíndricos submetidos a torques e que transmitem potência através de rotação são chamados de eixos. Ex.: O virabrequim de um automóvel ou o eixo propulsor de um navio. A maioria dos eixos tem seções transversais circulares, sólidas ou tubulares. FIGURA 34 – BARRA SUBMETIDA À TORÇÃO PELO TORQUE T1 E T2. TÓPICO 5 | TORÇÃO E CISALHAMENTO 41 3 DEFORMAÇÕES DE TORÇÃO DE UMA BARRA CIRCULAR Considere uma barra prismática de seção transversal circular girada por torques T agindo nas extremidades como na Figura 35. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 35 – DEFORMAÇÕES DE UMA BARRA CIRCULAR EM TORÇÃO PURA. Torção Pura: Toda a seção transversal está submetida ao mesmo torque interno T. Considerações Das condições de simetria, as seções transversais da barra não variam na forma enquanto rotacionam sobre o eixo longitudinal. Em outras palavras, todas as seções transversais permanecem planas e circulares e todos os raios permanecem retos. Caso o ângulo de rotação entre uma extremidade da barra e outra seja pequeno, nem o comprimento da barra e nem seu raio irão variar. Variáveis: f, φ - Ângulo de torção. O ângulo de torção varia ao longo do eixo da barra: 0 ≤φ (x)≤φ Se toda a seção transversal da barra tem o mesmo raio e está submetida ao mesmo torque (torção pura). O ângulo φ (x) irá variar linearmente. Considere a Figura 36: 42 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 36 – DEFORMAÇÃO DE UM ELEMENTO DE COMPRIMENTO DX EXTRAÍDO DE UMA BARRA EM TORÇÃO. Os ângulos no canto do elemento, na Figura 36b não são mais iguais a 90º. O elemento está em um estado de cisalhamento puro e a magnitude da deformação de cisalhamento γ max é igual à diminuição no ângulo no ponto a, isto é, a diminuição no ângulo bad. Da figura, vemos que a diminuição nesse ângulo é: Onde γ max é medido em radianos, bb’ é a distância através da qual o ponto b se move e ab é o comprimento do elemento (igual a dx). Com r denotando o raio da barra, podemos expressar a distância bb’ como rdφ, em que dφ também é medido em radianos. Dessa maneira, a equação anterior fica: Essa equação relaciona a deformação de cisalhamento na superfície externa da barra com o ângulo de torção. A relação dφ/ dx é a razão da variação do ângulo de torção φ em relação à distância x medida ao longo do eixo da barra.Vamos denotar dφ/ dx pelo ângulo θ e nos referimos a ele como razão de torção ou ângulo de torção por unidade de comprimento. TÓPICO 5 | TORÇÃO E CISALHAMENTO 43 Equação para deformação de cisalhamento na superfície externa Torção Pura • Razão de torção • Deformação de cisalhamento As deformações por cisalhamento no interior da barra podem ser encontradas pelo método usado para encontrar a deformação de cisalhamento γ max na superfície externa. Como os raios nas seções transversais permanecem retos e não distorcidos durante o giro, vemos que a discussão anterior para um elemento abcd na superfície externa (Figura 36 b) também se aplica para um elemento similar situado na superfície de um cilindro interno de raio ρ , como na Figura 36c. Dessa forma, elementos internos também estão em cisalhamento puro com as deformações de cisalhamento correspondentes dadas pela equação: A Figura 37 apresenta a variação linear na deformação de cisalhamento entre a deformação máxima na superfície externa e a deformação mínima na superfície interna. As equações para essas deformações são as seguintes: 44 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES Considere-se que r1 e r2 são raios interno e externo, respectivamente, do tubo. Essas equações são válidas para qualquer material, tanto para comporta- mento elástico ou inelástico, linear ou não linear. As equações são limitadas para barras tendo pequenos ângulos de rotação e pequenas deformações. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 37 – DEFORMAÇÕES DE CISALHAMENTO EM UM TUBO CIRCULAR. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 38 – TENSÕES DE CISALHAMENTO EM UMA BARRA CIRCULAR EM TORÇÃO. Barras Circulares de Materiais Elásticos Lineares As direções das tensões são determinadas por inspeção como indica a Figura 38. TÓPICO 5 | TORÇÃO E CISALHAMENTO 45 Como explicado em aulas anteriores, usualmente desenhamos elementos de tensão em duas dimensões, como na Figura 38b, mas devemos lembrar que os elementos de tensão na realidade são objetos tridimensionais com uma espessura perpendicular ao plano da figura. Caso o material seja elástico-linear, podemos usar a lei de Hooke em cisalhamento. Em que G é o módulo de elasticidade de cisalhamento e γ é a deformação de cisalhamento em radianos. Em que τ max é a tensão de cisalhamento na superfície externa da barra (raio r), τ é a tensão de cisalhamento em um ponto interior (raio ρ ) e θ é a razão de torção. (Nessas equações, θ tem unidades de radianos por unidade de comprimento). As equações acima mostram que as tensões de cisalhamento variam linearmente com a distância com o centro da barra, como ilustrado pelo diagrama de tensão triangular na Figura 38c. Essa variação linear de tensão é uma consequência da Lei de Hooke. As tensões de cisalhamento, agindo num plano transversal, são acompanhadas pelas tensões de cisalhamentos de mesma magnitude agindo em planos longitudinais como na Figura 39. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 39 – TENSÕES DE CISALHAMENTO LONGITUDINAL E TRANSVERSAL EM UMA BARRA CIRCULAR SUBMETIDA À TORÇÃO. 46 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES O estado de cisalhamento puro na superfície de uma barra é equivalente a tensões iguais de compressão e tração agindo num elemento orientado num ângulo de 45º. Verifique a Figura 40. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 40 – TENSÕES DE COMPRESSÃO E TRAÇÃO AGINDO EM UM ELEMENTO DE TENSÃO ORIENTADO A 45º DO EIXO LONGITUDINAL. Se uma barra é feita de um material que é mais frágil em tração do que em cisalhamento, a falha irá ocorrer em tração ao longo de uma hélice a 45º do eixo. 4 A FÓRMULA DE TORÇÃO A distribuição de tensões de cisalhamento agindo em uma seção transversal foi ilustrada anteriormente. Como essas tensões agem continuamente ao redor da seção transversal, têm uma resultante na forma de um momento – um momento igual ao torque agindo na barra. Analise a Figura 41. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 41 – DETERMINAÇÃO DA RESULTANTE DAS TENSÕES DE CISALHAMENTO AGINDO EM UMA SEÇÃO TRANSVERSAL. TÓPICO 5 | TORÇÃO E CISALHAMENTO 47 Conversar com o aluno: Objetivo: Determinar a relação entre as tensões de cisalhamento e o torque T. UNI Força de cisalhamento agindo no elemento da Figura 41. τdA Onde τ é a tensão de cisalhamento no raio ρ. O momento elementar dessa força sobre o eixo da barra é: O momento resultante (igual ao torque) é a soma de todos os momentos elementares sobre a área da seção transversal. Em que é o momento de inércia polar da seção transversal circular. Para um círculo de raio r, e diâmetro do momento de inércia polar é: 48 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES Portanto, tem–se a seguinte expressão para a tensão de cisalhamento máxima: τ= Tr Ip Esta expressão é conhecida como a fórmula de torção. A tensão de cisalhamento máxima é diretamente proporcional ao torque aplicado, T, e inversamente proporcional ao momento de inércia polar, I P. A fórmula aplica-se para barras sólidas e tubos circulares. A tensão de cisalhamento à distância ρ do centro da barra é: Ângulo de Torção Para obter o ângulo de torção, utilizamos a seguinte expressão: Em que θ tem unidades de radianos por unidade de comprimento. Essa equação mostra que a razão de torção θ é diretamente proporcional ao torque T e inversamente proporcional ao produto GIP, conhecido como rigidez de torção da barra. O ângulo de torção total para uma barra em torção pura φ = θL. Tubos circulares Conversar com o aluno: Tubos circulares são mais eficientes do que barras sólidas. Por quê? (Pense e responda). UNI TÓPICO 5 | TORÇÃO E CISALHAMENTO 49 As mesmas expressões básicas para as tensões de cisalhamento podem ser usadas. Logicamente, a distância radial ρ está limitada ao intervalo r1 até r2 , onde r1 é o raio interno e r2 é o raio externo da barra, como na Figura 42. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 42 – MOMENTO DE INÉRCIA POLAR DA ÁREA DE SEÇÃO TRANSVERSAL DO TUBO Momento de Inércia Polar da área de Seção Transversal do Tubo: 50 UNIDADE 1 | ESTUDO DAS TENSÕES LEITURA COMPLEMENTAR MEDIDA DO MÓDULO DE ELASTICIDADE (E) FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 43 – ILUSTRAÇÃO DE UM DISPOSITIVO EXPERIMENTAL Na figura 43, é mostrado o dispositivo experimental. É empregado um fio de um metro de comprimento, disposto horizontalmente fiado por um extremo, enquanto que no outro passa por uma polia. Do extremo livre, pendem pesos de 100 g, 250 g ou 500 g. Ao colocar pesos sobre o extremo livre do fio, este é esticado e a polia gira um ângulo igual a ∆L/r. Sendo r o raio da polia. Como o alongamento ∆L é pequeno, pode ser medido mediante uma agulha indicadora que marca sobre um setor circular cujo raio é R=10·r vezes o raio da polia. Exemplo: • Raio da secção do fio, 0.25 mm • Material, Alumínio • Se colocamos 6 pesos de 250 g no extremo livre do fio A força aplicada é F=mg=6·0.25·9.8 N A leitura na escala graduada semicircular é s=1.19 cm, que corresponde a uma deformação de ∆L=1.19 mm. O quociente entre o esforço e a deformação é o módulo de Young ( E ) Y=6.29·1010 N/m2. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais. Curitiba, 2001, p. 98 51 RESUMO DO TÓPICO 5 Neste tópico, vimos que: • A torção se refere ao giro de uma barra retilínea quando carregada por momentos (ou torques) que tendem a produzir rotação sobre o eixo longitudinal da barra. • A tensão gerada por um esforço de torção varia de um valor mínimo no centro da secção transversal em que o raio de giraçãoé zero até uma tensão máxima na extremidade da secção em que o raio de giração é máximo. • O ângulo de torção varia ao longo do eixo da barra: 0 ≤φ (x)≤φ • Para obter o ângulo de torção, utilizamos a seguinte expressão: • A chamada fórmula da torção máxima para uma secção circular é dada por: τ= T.r/Ip 52 Para exercitar seus conhecimentos, resolva as questões a seguir: 1 Calcular a tensão de cisalhamento máxima de um eixo de 25 mm de diâmetro, submetido a 5000 kgf.cm de torque. 2 Calcular a tensão máxima e mínima para um eixo vazado de diâmetro externo 25 mm e interno 12 mm, quando um momento torçor de 5000 kgf. cm atua sobre o mesmo. 3 Um momento de torção de 3 KN.m é aplicado ao cilindro maciço de bronze indicado. Determinar: a) a máxima tensão de cisalhamento; b) a tensão de cisalhamento no ponto D que fica em uma circunferência de 15 mm de raio; c) a parcela do momento (%) resistida pelo cilindro interior (imaginário) de 15 mm de raio. AUTOATIVIDADE FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 44 – REPRESENTAÇÃO PARA O EXERCÍCIO 4 Sabe-se que as tensões admissíveis das barras circulares AB e BC são respectivamente 83 MPa e 48 MPa. O momento torçor aplicado em A é de 7,5 KN.m. Determinar o diâmetro necessário: a) da barra AB; b) da barra BC. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 45 – REPRESENTAÇÃO PARA O EXERCÍCIO 53 UNIDADE 2 ESTUDO DA FLEXÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Após o estudo desta unidade, o(a) acadêmico(a) estará apto a: • dimensionar peças submetidas a esforço de flexão, utilizando a tensão admissível; • determinar analiticamente a deflexão e a inclinação em pontos específicos de eixos e vigas, levando em consideração como os vários tipos de apoio implicam a limitação da inclinação ou o deslocamento; • entender em que consiste uma peça esbelta e sua influência sobre a resistência de uma estrutura sujeita à compressão. Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada um deles você encontrará atividades que o auxiliarão na apropriação do conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – FLEXÃO TÓPICO 2 – EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA TÓPICO 3 – ESTUDO DA FLAMBAGEM 54 55 TÓPICO 1 FLEXÃO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Nesta segunda unidade, estudaremos esforços que tendem a provocar efeitos de flexão. Este tipo de efeito pode ser proveniente de cargas concentradas ou cargas distribuídas e, ainda, combinações destas. Muitos fatores devem ser considerados durante este estudo, tais como: tipos de engastes, geometria do corpo, posição relativa entre esforços e secção transversal, assim como as características elásticas dos materiais. Precisamos então estabelecer algumas convenções quanto a sinais e metodologias de cálculo, para padronizar análises gráficas que servirão para perceber como se distribuem estes efeitos ao longo da estrutura de um corpo em estudo. O esforço de flexão configura-se na peça quando esta sofre a ação de cargas cortantes, que venham a originar momento fletor significativo. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 46 – REPRESENTAÇÃO DO ESFORÇO DE FLEXÃO SOBRE UMA PEÇA UNIDADE 2 | ESTUDO DA FLEXÃO 56 Onde tensão máxima nas fibras comprimidas, também como se convenciona o momento fletor nas fibras comprimidas negativo, será sempre < 0 (negativo). Tensão máxima nas fibras tracionadas. Como, por convenção, o momento fletor é positivo nas fibras tracionadas, será sempre > 0 (positivo). A flexão é denominada simples quando as secções transversais da peça estiverem submetidas à ação de força cortante e momento fletor simultaneamente. Exemplos: intervalos AC e DB da figura anterior. Neste caso, atuam tensão normal e tensão tangencial. 2 TENSÃO NORMAL NA FLEXÃO Suponha-se que a figura representada a seguir seja uma peça com secção transversal de qualquer comprimento, que encontra-se submetida à flexão pela ação das cargas cortantes representadas. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 47 – REPRESENTAÇÃO DA TENSÃO NORMAL NA FLEXÃO SOBRE UMA PEÇA A tensão normal atuante máxima, também denominada tensão de flexão, é determinada em relação à fibra, aos distantes da secção transversal através da relação entre o produto do momento fletor atuante e a distância entre a linha neutra e a fibra, e o momento de inércia baricêntrico da secção. 3 FORÇA CORTANTE Q A força cortante será positiva quando provocar na peça momento fletor positivo. TÓPICO 1 | FLEXÃO 57 FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 48 – REPRESENTAÇÃO DA FORÇA CORTANTE POSITIVA 3.1 VIGAS HORIZONTAIS Convenciona-se a cortante como positiva aquela que atua à esquerda da secção transversal estudada, de baixo para cima. 3.2 VIGAS VERTICAIS Convenciona-se cortante positiva aquela que atua à esquerda da secção estudada, com o sentido dirigido da esquerda para a direita. 4 MOMENTO FLETOR M O momento fletor pode ser positivo ou negativo. 4.1 MOMENTO POSITIVO O momento fletor é considerado positivo quando as cargas cortantes atuantes na peça tracionam as suas fibras inferiores. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 49 – REPRESENTAÇÃO MOMENTO FLETOR POSITIVO UNIDADE 2 | ESTUDO DA FLEXÃO 58 4.2 MOMENTO NEGATIVO O momento fletor é considerado negativo quando as forças cortantes atuantes na peça comprimirem as suas fibras inferiores. FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 50 – REPRESENTAÇÃO MOMENTO FLETOR NEGATIVO Para facilitar a orientação, convenciona-se o momento horário à esquerda da secção transversal estudada, como positivo. ATENCAO FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 FIGURA 51 – REPRESENTAÇÃO MOMENTO HORÁRIO À ESQUERDA - POSITIVO 5 DIMENSIONAMENTO NA FLEXÃO Para o dimensionamento das peças submetidas a esforço de flexão utiliza- se a tensão admissível, que será a tensão atuante máxima na fibra mais afastada, não importando se a fibra estiver tracionada ou comprimida. TÓPICO 1 | FLEXÃO 59 FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 Onde: σx e σy - tensão normal atuante na fibra mais afastada (PA;.......); δ - tensão admissível (PA;N/mm2.......) M - momento fletor (Nm; N.mm;.......) Wx e Wy - módulo de resistência da secção transversal (m 3; mm3;.....) Xmax e Ymax - distância máxima entre LN (linha neutra) e extremidade da secção (m; mm;.....) Exemplos: Força Cortante Q Obtém-se a força cortante atuante em uma determinada secção transversal da peça, através da resultante das forças cortantes atuantes à esquerda da secção transversal estudada. FIGURA 52 – REPRESENTAÇÃO DE UMA PEÇA SUBMETIDA A UM ESFORÇO DE FLEXÃO UNIDADE 2 | ESTUDO DA FLEXÃO 60 FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 Momento Fletor M O momento fletor atuante em uma determinada secção transversal da peça obtém-se através da resultante dos momentos atuantes à esquerda da secção estudada. FIGURA 53 – REPRESENTAÇÃO DE FORÇA CORTANTE ATUANDO SOBRE SECÇÃO TRANSVERSAL DA PEÇA FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais Curitiba, 2001 Exemplos de exercícios resolvidos. 1 Determinar as expressões de força cortante (Q) e Momento fletor (M) e construir os respectivos diagramas na viga em balanço solicitada pela carga concentrada P atuante na extremidade livre, conforme mostra a figura. FIGURA 54 – REPRESENTAÇÃO DE UM MOMENTO FLETOR ATUANTE SOBRE UMA SECÇÃO TRANVERSAL DA PEÇA TÓPICO 1 | FLEXÃO 61 FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais. Curitiba, 2001 FIGURA 55 – REPRESENTAÇÃO PARA AUXÍLIO NO ENTENDIMENTO DO EXERCÍCIO Solução: a) Através da variável x, estudam-se todas as secções transversais da viga, da extremidade livre ao engastamento. O momento fletor máximo ocorreráno engastamento, ou seja, para o maior valor de x. b) Expressões de Q e M Q = - P M = - P . x Obs: c) Construção dos diagramas A equação da Q é uma constante negativa; portanto, o diagrama será um segmento de reta paralela à linha zero da Q. A distância entre a linha zero da Q e a linha limite inferior do diagrama representa a intensidade da carga P. A equação do M é do 1° grau com a < 0; portanto, a sua representação será uma reta decrescente que parte da linha zero do M até o valor que representa Mmáx. 2- Determinar as reações nos apoios nas vigas solicitadas pela ação das cargas distribuídas, conforme as figuras dadas. UNIDADE 2 | ESTUDO DA FLEXÃO 62 TÓPICO 1 | FLEXÃO 63 Na solução deste exercício, vimos dividir o trapézio em um triângulo e um retângulo, obtendo desta forma as concentradas a seguir. d) UNIDADE 2 | ESTUDO DA FLEXÃO 64 3- Determinar as expressões de Q e M e construir os respectivos diagramas da viga AB da construção representada na figura. Para determinar Q e M na viga AB é necessário conhecer a intensidade da carga axial atuante na barra (1). a) Carga Axial na barra (1) Como a concentrada da carga distribuída é simétrica ao apoio C e a barra 1, conclui-se que: b) Expressões de Q e M na viga AB Reações nos apoios A e B TÓPICO 1 | FLEXÃO 65 a) Diagramas de Q e M FONTE: SENAI - PR. DET Resistência dos Materiais. Curitiba, 2001 O intervalo 2 < x < 3 pode ser calculado através da variável x ’, partindo do apoio B até a extensão total da carga distribuída. Tem-se então o intervalo 0 < x ’ < 1. A utilização deste artifício implica a inversão da convenção de sinais. 66 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, vimos que: • O esforço de flexão configura-se na peça quando esta sofre a ação de cargas cortantes, que venham a originar momento fletor significativo. • A tensão normal atuante máxima, também denominada tensão de flexão, é determinada em relação à fibra, aos distantes da secção transversal através da relação entre o produto do momento fletor atuante e a distância entre a linha neutra e a fibra, e o momento de inércia baricêntrico da secção. • A força cortante será positiva quando provocar na peça momento fletor positivo. • O momento fletor é considerado positivo quando as cargas cortantes atuantes na peça tracionam as suas fibras inferiores. • O momento fletor é considerado negativo quando as forças cortantes atuantes na peça comprimirem as suas fibras inferiores. • Para o dimensionamento das peças submetidas a esforço de flexão utiliza-se a tensão admissível, que será a tensão atuante máxima na fibra mais afastada, não importando se a fibra estiver tracionada ou comprimida. • Obtém-se a força cortante atuante em uma determinada secção transversal da peça através da resultante das forças cortantes atuantes à esquerda da secção transversal estudada. • O momento fletor atuante em uma determinada secção transversal da peça obtém-se através da resultante dos momentos atuantes à esquerda da secção estudada. 67 AUTOATIVIDADE Ao final deste tópico, para aprofundar seus conhecimentos, resolva as questões que seguem. 1 Uma viga simples AB com um vão de comprimento L=22 ft suporta um carregamento uniforme de intensidade q=1,5 k/ft e uma carga concentrada P=12 k. O carregamento uniforme inclui uma margem para o peso da viga. A carga concentrada age em um ponto 9,0 ft da extremidade esquerda da viga, como apresenta a Figura 56. A viga é feita de madeira laminada colada e tem uma seção transversal de largura b=8,75 in. e altura h=27 in. Determine as tensões de flexão máximas. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 56 – ILUSTRAÇÃO DE UMA VIGA - AB 2 A viga ABC ilustrada na Figura 57 tem apoios simples A e B e uma extremidade suspensa de B até C. O comprimento do vão é 3,0 m e o comprimento da extremidade suspensa é de 1,5 m. Um carregamento uniforme de intensidade q=3,2 kN/m atua ao longo de todo o comprimento da viga (4,5 m). A viga tem uma seção transversal na forma de canal com largura b=300 mm e altura h=80 mm, como mostra a Figura. A espessura da alma é t = 12 mm, e a espessura média nos flanges é a mesma. Com o propósito de calcular as propriedades da seção transversal, assuma que a seção transversal consiste de três retângulos, conforme ilustrado na Figura. Obtenha os gráficos de esforços cortantes e o de momentos fletores. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 57 – ILUSTRAÇÃO DE UMA VIGA - ABC 68 69 TÓPICO 2 EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Frequentemente é preciso estabelecer limites para o valor da deflexão que uma viga ou um eixo podem suportar quando submetidos a cargas; por conta disso, neste capítulo discutiremos métodos para determinar a deflexão e a inclinação em pontos específicos de vigas e eixos. Ao diagrama de deflexão do eixo longitudinal que passa pelo centróide de cada área de secção transversal da viga denominamos Linha elástica. Ao fazer o diagrama, entretanto, é necessário saber como os vários tipos de apoio limitam a inclinação ou o deslocamento. Em geral, os apoios que resistem a forças, como um pino, limitam o deslocamento e os que resistem a momento, como uma parede, limitam a rotação ou a inclinação, bem como o deslocamento. Veremos na figura 58 dois exemplos de linhas elásticas com carga, traçadas em escala exagerada. FONTE: HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. FIGURA 58 – EXEMPLOS DE LINHAS ELÁSTICAS COM CARGA 2 VARIÁVEIS DA EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA A equação será regida pela lei de Hooke e a fórmula da flexão; teremos como variáveis, então, o módulo de elasticidade E, o momento de inércia da secção transversal I, o raio de curvatura de um ponto específico da curva elástica UNIDADE 2 | ESTUDO DA FLEXÃO 70 ρ, e o momento fletor interno da viga no ponto em que ρ deve ser determinado. 1/ρ= M/E.I 3 CONDIÇÕES DE CONTORNO Para determinarmos analiticamente a equação da linha elástica utilizamos condições de contorno, de forma a facilitar a eliminação de incógnitas, tornando sistemas de equações inicialmente indeterminados, com maior número de incógnitas do que equações, em determinados, ou seja, com número de incógnitas compatíveis com o número de equações disponíveis. Estas condições serão apresentadas na figura a seguir. FONTE: BEER, F. P. ; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos Materiais. 3º Ed., Makron Books, 1995. FIGURA 59 – INCÓGNITAS COMPATÍVEIS TÓPICO 2 | EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA 71 4 DETERMINAÇÃO DA EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA POR INTEGRAÇÃO Caro(a) Acadêmico(a)! Agora iremos estudar a determinação da deflexão de vigas prismáticas submetidas a um dado carregamento. O interesse da determinação da máxima deflexão, em uma viga sujeita a um determinado carregamento, está no fato de que as especificações do projeto de uma viga incluem um valor máximo admissível para esta deflexão. UNI Sabemos que uma viga prismática, sujeita à flexão pura, se encurva tomando a forma de um arco de circunferência e que, dentro do regime elástico, a curvatura da superfície neutra pode ser expressa por: 1/ρ= M/E.I (Equação 1) Quando uma viga está sujeita a um carregamento transversal, a Equação 1 ainda permanece válida para qualquer secção transversal, dentro das condições de aplicação do princípio de Saint-Venant. No entanto, o momento fletor e a curvatura superfície neutra variam de seção para seção. Denotando por x a distância da extremidade esquerda da viga até a seção considerada, escrevemos: 1/ρ= M(x)/ E.I (Equação 2) Para estabelecer a declividade e a deflexão de vigas em um determinado ponto deduzimos a equação diferencial da linha elástica, a qual rege a curva ou linha elástica, que caracteriza a forma da viga deformada. d2y/dx2 = M(x)/EI (Equação 3) Se
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