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INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DO BARREIRO Licenciatura em Engenharia Civil Licenciatura em Engenharia de Conservação e Reabilitação MECÂNICA ESTÁTICA. Pedro Salvado Ferreira Setembro.2008 pedrosalvadoferreira i ÍNDICE INTRODUÇÃO ................................................................................................. CAPÍTULO I O ESTUDO DA MECÂNICA. .................................................................................................... 1 CONCEITOS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. ............................................................................ 1 UNIDADES. ......................................................................................................................... 4 METODOLOGIA A SEGUIR NA RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DE MECÂNICA................................ 6 PRECISÃO NUMÉRICA. ......................................................................................................... 6 BIBLIOGRAFIA. .................................................................................................................... 6 ESTÁTICA DA PARTÍCULA ........................................................................... CAPÍTULO II FORÇAS NO PLANO ............................................................................................................. 1 FORÇAS ACTUANTES NUMA PARTÍCULA E SUA RESULTANTE. ................................................... 1 REGRA DO TRIÂNGULO. ....................................................................................................... 1 POLÍGONO DE VARIGNON. ................................................................................................... 2 VECTORES. ........................................................................................................................ 2 DECOMPOSIÇÃO DE UMA FORÇA EM COMPONENTES. .............................................................. 5 COMPONENTES CARTESIANAS DE UMA FORÇA. ...................................................................... 6 ADIÇÃO DE FORÇAS PELA SOMA DE COMPONENTES. ............................................................... 7 EQUILÍBRIO DE UMA PARTÍCULA. ........................................................................................... 8 PROBLEMAS SOBRE EQUILÍBRIO DE UMA PARTÍCULA NO PLANO................................................ 8 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE. ................................................................................................ 9 FORÇAS NO ESPAÇO ......................................................................................................... 10 COMPONENTES CARTESIANAS DE UMA FORÇA NO ESPAÇO. ................................................... 10 FORÇA DEFINIDA PELO SEU MÓDULO E DOIS PONTOS DA LINHA DE ACÇÃO. ............................. 11 ADIÇÃO DE FORÇAS CONCORRENTES NO ESPAÇO. ............................................................... 12 EQUILÍBRIO DE UMA PARTÍCULA NO ESPAÇO. ....................................................................... 13 PROBLEMAS PROPOSTOS. ................................................................................................. 13 BIBLIOGRAFIA. .................................................................................................................. 14 CORPO RÍGIDO E SISTEMA DE FORÇAS ................................................... CAPÍTULO III CORPOS RÍGIDOS. ............................................................................................................... 1 FORÇAS INTERIORES E EXTERIORES. .................................................................................... 1 FORÇAS EQUIVALENTES. ..................................................................................................... 1 MOMENTO DE UMA FORÇA EM RELAÇÃO A UM PONTO. ............................................................ 2 TEOREMA DE VARIGNON. ..................................................................................................... 5 COMPONENTES CARTESIANAS DO MOMENTO DE UMA FORÇA. .................................................. 6 MOMENTO DE UMA FORÇA EM RELAÇÃO A UM EIXO. ................................................................ 6 MOMENTO DE UM CONJUGADO. .......................................................................................... 10 CONJUGADOS EQUIVALENTES. ........................................................................................... 11 REPRESENTAÇÃO VECTORIAL DE UM CONJUGADO. ............................................................... 11 SUBSTITUIÇÃO DE UMA FORÇA ACTUANTE NUM PONTO POR UMA FORÇA ACTUANTE NOUTRO PONTO E UM CONJUGADO. LEI DE PROPAGAÇÃO DE MOMENTOS. ........................................... 11 REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS A UMA FORÇA E UM CONJUGADO. ................................ 13 LEI DE PROPAGAÇÃO DE MOMENTOS RESULTANTES. ............................................................ 14 pedrosalvadoferreira ii CAMPO DE MOMENTOS RESULTANTES DE UM SISTEMA DE FORÇAS. ....................................... 14 PROPRIEDADE PROJECTIVA. .............................................................................................. 15 SISTEMAS DE FORÇAS EQUIVALENTES. ................................................................................ 15 CASOS DE REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS. ................................................................ 15 EIXO CENTRAL DE UM SISTEMA DE FORÇAS. ........................................................................ 16 GENERALIZAÇÃO DO TEOREMA DE VARIGNON PARA SISTEMAS DE VECTORES EQUIVALENTES A VECTOR ÚNICO. ................................................................................................................ 18 PROBLEMAS PROPOSTOS. ................................................................................................. 20 BIBLIOGRAFIA. .................................................................................................................. 23 EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO ................................................................. CAPÍTULO IV CORPO RÍGIDO EM EQUILÍBRIO. ............................................................................................ 1 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE. ................................................................................................ 1 REACÇÕES DE APOIO NO CASO PLANO. ................................................................................. 2 EQUILÍBRIO PLANO DE UM CORPO RÍGIDO. ............................................................................. 5 CORPO RÍGIDO EM EQUILÍBRIO SOB ACÇÃO DE DUAS E DE TRÊS FORÇAS. ................................. 6 REACÇÕES DE APOIO NO CASO ESPACIAL. ............................................................................. 6 EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL. ........................................... 11 ANÁLISE DA ESTATIA DE UM CORPO RÍGIDO. ........................................................................ 11 LIGAÇÕES MAL DISTRIBUÍDAS. ............................................................................................ 12 PROBLEMAS PROPOSTOS. ................................................................................................. 13 BIBLIOGRAFIA. .................................................................................................................. 14 INTRODUÇÃO pedrosalvadoferreira1.1 O ESTUDO DA MECÂNICA. Mecânica é a ciência que descreve e prevê as condições de repouso ou movimento de corpos sob a acção de forças. A Mecânica divide-se em: • Mecânica dos Corpos Rígidos (Estática e Dinâmica); • Mecânica dos Corpos Deformáveis (Resistência de Materiais); • Mecânica dos Fluidos (fluidos incompressíveis e fluidos compressíveis). Cronologia: - Tudo começou com Aristóteles (384-322 a.C.) e Arquimedes (287-212 a.C.); - Formulação satisfatória dos princípios fundamentais surgiu com Newton (1642- 1727) → Mecânica Newtoniana; - Os princípios foram mais tarde expressos numa forma modificada por d’Alembert, Lagrange e Hamilton; - Einstein formulou a sua Teoria da Relatividade (1905) → Mecânica Relativista. CONCEITOS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. Os conceitos fundamentais usados na Mecânica são: • Espaço – associado à posição de um ponto (coordenadas); • Tempo – associado ao instante de ocorrência de um evento; • Massa – associado à caracterização e comparação de corpos; • Força – associada à acção de um corpo sobre outro (por contacto ou à distância). Uma força é caracterizada pelo seu ponto de aplicação, a sua intensidade, a sua direcção e o seu sentido. Espaço, tempo e massa são independentes na Mecânica Newtoniana. Força não é independente dos outros três conceitos (a força resultante sobre um corpo depende da sua massa e do modo como a sua velocidade varia com o tempo). INTRODUÇÃO pedrosalvadoferreira 1.2 São consideradas as seguintes abstracções básicas: • Partícula ou Ponto Material – pequena porção da matéria que se considera como ocupando um ponto no espaço; • Corpo Rígido – combinação de muitas partículas que ocupam posições fixas relativamente umas às outras. O estudo da Mecânica apoia nos seguintes princípios fundamentais: • Regra do Paralelogramo para Adição de Forças; • Princípio da Transmissibilidade; • Leis Fundamentais de Newton; • Lei da Gravitação de Newton. A regra do paralelogramo para adição de forças estabelece que duas forças actuantes sobre uma partícula podem ser substituídas por uma única força chamada resultante obtida (graficamente) pela diagonal de um paralelogramo cujos lados são iguais às forças dadas. O princípio da transmissibilidade estabelece que as condições de repouso ou movimento de um corpo rígido não se alteram se uma força que actua num dado ponto do corpo for substituída por outra força de igual intensidade, mesma direcção e mesmo sentido, aplicada num ponto diferente, desde que as duas forças tenham a mesma linha de acção. 1F 2F R l.a. c o’ o F 'F 'FF = INTRODUÇÃO pedrosalvadoferreira 1.3 As três leis fundamentais de Newton são: • Primeira Lei – se a força resultante que actua sobre um corpo é nula, o corpo permanecerá em repouso (se estava originalmente em repouso) ou mover-se-á com velocidade constante e em linha recta (se estava em movimento); • Segunda Lei – se a força resultante que actua sobre um corpo não é nula, o corpo terá uma aceleração proporcional à intensidade da força e na direcção desta; • Terceira Lei – as forças de acção e reacção entre corpos em contacto têm a mesma intensidade, a mesma linha de acção e sentidos opostos. A lei da gravitação de Newton estabelece que duas partículas de massas M e m são mutuamente atraídas com forças iguais e opostas ( F e F− ) de intensidade F dada por: 2 r mMGF ⋅⋅= a F amF ⋅= m c2 c1 F - F INTRODUÇÃO pedrosalvadoferreira 1.4 em que, G – constante de gravitação; r – distância entre as partículas. Caso particular: atracção da Terra sobre uma partícula na sua superfície (a força de atracção é o peso P da partícula). 2R mMGP T ⋅⋅= em que, MT – massa da terra; m – massa da partícula; R – raio da terra; Sendo 2R MGg T⋅= ≈ 9,81 m/s2 → gmP ⋅= Os princípios fundamentais da Mecânica são baseados na demonstração experimental. Com a excepção da primeira lei de Newton e do princípio da transmissibilidade, os restantes princípios não podem ser deduzidos matematicamente uns dos outros ou de qualquer outro princípio físico elementar. UNIDADES. Aos quatro conceitos fundamentais estão associadas as seguintes unidades: • Espaço – comprimento; • Tempo – tempo; • Massa – massa; • Força – força. Três unidades podem ser escolhidas arbitrariamente (unidades fundamentais). A quarta é escolhida em função das outras (unidade derivada) com base na segunda lei de Newton → sistema de unidades coerente. INTRODUÇÃO pedrosalvadoferreira 1.5 No Sistema Internacional de Unidades (SI) as unidades são definidas por: • Comprimento – metro (m); • Tempo – segundo (s); • Massa – quilograma (kg); • Força – Newton (N). Pela segunda lei de Newton F = m . a então 1 N = 1 kg . 1 m/s2 = 1 Kg.m/s2. As unidades SI formam um sistema métrico absoluto. Isto significa que as três unidades fundamentais (m, kg e s) são independentes do local onde as medidas foram realizadas. Os múltiplos e submúltiplos das unidades SI podem ser obtidos através da utilização dos seguintes prefixos: • Giga (G) – x109; • Mega (M) – x106; • Quilo (k) – x103; • Hecto (h) – x102; • Deca (da) – x101; • Deci (d) – x10-1; • Centi (c) – x10-2; • Mili (m) – x10-3; • Micro (µ) – x10-6; • Nano (n) – x10-9. Outros sistemas absolutos são: • Sistema CGS (cm, g, s e dina); • Sistema Inglês (ft, lbm, s e lbf). Ainda utilizado em engenharia é o sistema gravitacional que utiliza: • Comprimento – metro (m); • Tempo – segundo (s); • Força – quilograma-força (kgf = peso de 1 kg ao nível do mar e 45º de latitude); • Massa – unidade métrica de massa (u.m.m.). INTRODUÇÃO pedrosalvadoferreira 1.6 METODOLOGIA A SEGUIR NA RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DE MECÂNICA. Dado um enunciado de um problema, a sua resolução deve ser feita nas seguintes fases: 1) Estabelecimento de um plano – definição dos dados, incógnitas, e condições, elaboração de um modelo (diagrama de corpo livre), análise do problema e hipóteses; 2) Aplicação dos princípios da Mecânica – formulação de equações que expressam as condições de repouso ou movimento; 3) Verificação – unidades (erro de raciocínio) e substituição dos valores obtidos nas equações (erro de cálculo). PRECISÃO NUMÉRICA. A precisão do resultado de um problema depende da aproximação: 1) dos dados fornecidos; 2) dos cálculos efectuados. A solução não pode ser mais exacta do que a menos exacta das duas partes. Uma regra prática é usar 4 algarismos para definir números que começam por ‘1’, e 3 algarismos em todos os restantes casos. BIBLIOGRAFIA. Beer, F. P.; Johnston, E. R. – Mecânica Vectorial Para Engenheiros. Estática. McGraw-Hill de Portugal, 1998. ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.1 FORÇAS NO PLANO FORÇAS ACTUANTES NUMA PARTÍCULA E SUA RESULTANTE. Como foi dito anteriormente uma força é caracterizada: • pelo seu ponto de aplicação – forçasactuantes numa dada partícula têm o mesmo ponto de aplicação; • pela sua intensidade – unidade de força é o Newton (N); • pela sua direcção – ângulo que forma com um eixo fixo; • e pelo seu sentido. Duas ou mais forças actuantes sobre uma partícula podem ser substituídas por uma única força – a resultante – cujo efeito é o mesmo sobre a partícula. A resultante de forças obtém-se: • pela regra do paralelogramo (no caso de duas forças pode usar-se a regra do triângulo); • pela regra do polígono (polígono de Varignon). REGRA DO TRIÂNGULO. Estabelece que duas forças actuantes sobre uma partícula podem ser substituídas por uma única força chamada resultante obtida (graficamente) juntando a extremidade da primeira força à origem da segunda força e ligando depois da origem da primeira força à extremidade da segunda força. 1F 2F R 21 FFR += ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.2 POLÍGONO DE VARIGNON. Estabelece que duas ou mais forças actuantes sobre uma partícula podem ser substituídas por uma única força chamada resultante obtida (graficamente) juntando a extremidade de cada força à origem da seguinte força e ligando depois a origem da primeira força à extremidade da última força. VECTORES. Os vectores são usados para representar forças e são definidos como grandezas matemáticas possuindo intensidade, direcção e sentido. Os vectores classificam-se em: • vectores fixos; • vectores deslizantes; • vectores livres. Nos vectores fixos o seu ponto de aplicação é fixo (ponto dado - própria partícula). Nos vectores deslizantes o ponto de aplicação é um ponto qualquer sobre uma recta (linha de acção do vector). 2F 1 F 3F R F P 321 FFFR ++= ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.3 Nos vectores livres o ponto de aplicação é um ponto qualquer no espaço. Dois vectores que tenham a mesma intensidade, a mesma direcção e o mesmo sentido dizem-se vectores iguais (independentemente do ponto de aplicação). O vector oposto de um dado vector é definido como o vector que tem a mesma intensidade, a mesma direcção e sentido oposto. A adição de vectores poder-se-á fazer usando a regra paralelogramo, a regra do triângulo ou o polígono de Varignon. A intensidade do vector resultante, em geral, não é igual à soma das intensidades dos vectores somados. Deverá usar-se as regras da trigonometria, como por exemplo: • teorema de Pitágoras; • lei dos senos; • teorema de Carnet. Admitindo o seguinte triângulo rectângulo, P P’ F F F - F d M=F.d M ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.4 Pelo teorema de Pitágoras → a2 = b2 + c2 Admitindo o seguinte triângulo genérico, Pela lei dos senos → γβα sen c sen b sen a == ; Pelo teorema de Carnet → a2 = b2 + c2 – 2.b.c.cosα. A adição de vectores tem as seguintes propriedades: • propriedade comutativa - PQQP +=+ ; • propriedade associativa - ( ) ( )SQPSQPSQP ++=++=++ . A subtracção de um vector é definida como a adição do correspondente vector oposto. c a b α a b sen =α ; a c =αcos ; c b tg =α . α β γ a b c ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.5 Define-se o produto de um escalar, n, por um vector, P como um vector tendo a mesma direcção e o mesmo sentido que P e a intensidade n.P. DECOMPOSIÇÃO DE UMA FORÇA EM COMPONENTES. Uma força F pode ser substituída por duas ou mais forças que juntas produzam o mesmo efeito sobre a partícula → componentes de F . Admitindo P e Q componentes de F , surgem dois casos importantes nas aplicações práticas: 1) uma das componentes é conhecida, P , a outra componente, Q , obtém-se por subtracção vectorial → PFQ −= P -Q P -Q ( )QPQP −+=− P 1.5. P -2. P F F F 1C 1C 1C 2C 2C 2C 3C 21 CCF += 321 CCCF ++= ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.6 2) a linha de acção de cada uma das componentes é conhecida. A intensidade e sentido das componentes são obtidos traçando, a partir das extremidades de F linhas paralelas às linhas de acção dadas. COMPONENTES CARTESIANAS DE UMA FORÇA. As componentes cartesianas de uma força têm direcções perpendiculares entre si (caso dos eixos x e y de um referencial cartesiano). xF e yF são componentes cartesianas vectoriais respectivamente segundo x e y. F P Q l.a. P l.a. Q yF xF F x y jFy iFx F x y i j yx FFF += iFF xx = jFF yy = jFiFF yx += ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.7 Fx e Fy são componentes cartesianas escalares, e i e j são versores (vectores com intensidade unitária) respectivamente das direcções segundo x e y. θx e θy são co-senos directores. ADIÇÃO DE FORÇAS PELA SOMA DE COMPONENTES. yF xF F x y θx θy Fx = F.cosθx Fy = F.senθx Fy = F.cosθy (cosθx)2 + (cosθy)2 =1 x y P Q S jPiPP yx += jQiQQ yx += jSiSS yx += yS xS xP yP xQ yQ SQPR ++= jRiRR yx += ( ) ( ) jSQPiSQPR yyyxxx +++++= y x R xR yR ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.8 EQUILÍBRIO DE UMA PARTÍCULA. Uma partícula encontra-se em equilíbrio quando a resultante de todas as forças actuantes na partícula é igual a zero → o efeito global das forças na partícula é nulo. No caso de duas forças actuarem na partícula, esta estará em equilíbrio se as duas forças tiverem: • a mesma intensidade; • a mesma linha de acção (direcção); • sentidos opostos. No caso de três ou mais forças actuarem na partícula a condição necessária e suficiente para o equilíbrio é: ∑ == 0FR Como jRiRR yx += e , então são as condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de uma partícula. PROBLEMAS SOBRE EQUILÍBRIO DE UMA PARTÍCULA NO PLANO. Das condições de equilíbrio de uma partícula no plano resultam 2 equações, por isso, os problemas só poderão ter no máximo 2 incógnitas. As incógnitas de um problema podem ser: • as duas componentes de uma força; • a intensidade e direcção de uma força; • as intensidades de duas forças de direcções conhecidas; • os valores máximo e mínimo da intensidade de uma força. ∑ = 0xF ∑ = 0yF ∑= xx FR ∑= yy FR ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.9 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE. O diagrama de corpo livre é um modelo que representa uma partícula (escolhida convenientemente) e todas asforças actuantes sobre ela. A B C α β P CAF CBF P α β C Diagrama de corpo livre do ponto C ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.10 FORÇAS NO ESPAÇO COMPONENTES CARTESIANAS DE UMA FORÇA NO ESPAÇO. Considere-se a força F actuando na origem do sistema de coordenadas cartesianas x, y e z: xF , yF e zF são componentes cartesianas vectoriais respectivamente segundo x, y e z. Fx, Fy e Fz são componentes cartesianas escalares, e i , j e k são versores (vectores com intensidade unitária) respectivamente das direcções segundo x, y e z. F yF xF zF hF φ x x y z z hF zF xF φ θy F jFy hF φ x x y z z hF kFz iFx φ θy i k i k j kFz iFx hy FFF += zxh FFF += zyx FFFF ++= iFF xx = jFF yy = kFF zz = kFjFiFF zyx ++= ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.11 Fy = F.cosθy Fx = Fh.cosφ = F.senθy.cosφ Fh = F.senθy Fz = Fh.senφ = F.senθy.senφ 222 hy FFF += 222 zxh FFF += 2222 zyx FFFF ++= θx, θy e θz são co-senos directores (180º ≥ θ ≥ 0º). FORÇA DEFINIDA PELO SEU MÓDULO E DOIS PONTOS DA LINHA DE ACÇÃO. Considere-se a força F definida: • pelo seu módulo (intensidade), F; • por dois pontos da linha de acção, M (x1; y1; z1) e N (x2; y2; z2). F yF xF zF x y z θy θx θz Fx = F.cosθx Fy = F.cosθy Fz = F.cosθz kFjFiFF zyx ++= ( )kjiFF zyx θθθ coscoscos ++= λFF = com λ=1 (cosθx)2 + (cosθy)2 + (cosθz)2 = 1 x y z M N F dx dz dy λ dx = x2 – x1 dy = y2 – y1 dz = z2 – z1 MNdzdydxd =++= 222 Vector MN // F [ ] λdkdzjdyidxMNMN =++=−= λFkFjFiFF zyx =++= ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.12 d kdzjdyidx ++ =λ ( )kdzjdyidx d FF ++= dx d FFx = dyd FFy = dzd FFz = → dz F dy F dx F d F zyx === , ou dzdydxd zyx θθθ coscoscos1 === ADIÇÃO DE FORÇAS CONCORRENTES NO ESPAÇO. A resultante R de duas ou mais forças concorrentes no espaço é determinada somando as suas componentes cartesianas. ∑= xx FR ∑= yy FR ∑= zz FR 222 zyx RRRR ++= R Rx x =θcos R R y y =θcos R Rz z =θcos 1F 2F 3F 4F x y z kFjFiFF ziyixii ++= ∑= i iFR kRjRiRR zyx ++= kFjFiFR i iz i yi i xi + + = ∑∑∑ ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.13 EQUILÍBRIO DE UMA PARTÍCULA NO ESPAÇO. Condição necessária e suficiente para o equilíbrio é: Das condições de equilíbrio de uma partícula no espaço resultam 3 equações, por isso, os problemas só poderão ter no máximo 3 incógnitas. As incógnitas de um problema podem ser: • as três componentes de uma força; • as intensidades de três forças de direcções conhecidas. PROBLEMAS PROPOSTOS. Problema C2.1 – Considere dois cabos ABC e ADE ligados entre si em A usados para içar um caixote suspenso com 125 kg de massa. Os dois cabos passam sobre roldanas ligadas aos postes em B e D e são puxados por dois operários em C e E conforme mostra a figura. Desprezando o atrito nas roldanas determine a intensidade das forças exercidas em C e E pelos operários. Solução: FC = 880 N e FE = 1020 N. 0=R 0=∑ xF 0=∑ yF 0=∑ zF A B C D E 35º 45º ESTÁTICA DA PARTÍCULA pedrosalvadoferreira 2.14 Problema C2.2 – Considere o painel rectangular que está a ser içado por três cabos conforme mostra a figura. Sabendo que a força de tracção instalada no cabo AB é de 449 N, determine a massa da painel. Solução: mpainel = 100 kg. BIBLIOGRAFIA. Beer, F. P.; Johnston, E. R. – Mecânica Vectorial Para Engenheiros. Estática. McGraw-Hill de Portugal, 1998. A B C D 0,6 m 0,8 m 0,8 m 0,5 m 1,2 m 1,2 m 2,4 m x y z CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.1 CORPOS RÍGIDOS. Nem sempre é possível analisar um corpo como uma partícula, devido à necessidade de ter em conta as suas dimensões e ao facto de as forças actuarem em partículas diferentes (diferentes pontos de aplicação) então recorre-se ao corpo rígido. Um corpo rígido é a combinação de muitas partículas que ocupam posições fixas relativamente umas às outras. FORÇAS INTERIORES E EXTERIORES. As forças que actuam num corpo rígido podem ser classificadas em: • forças exteriores; • forças interiores. As forças exteriores representam a acção exercida sobre o corpo em análise pelos corpos dos quais foi destacado e pelo solo. As forças exteriores são aplicadas nos pontos de ligação aos outros corpos e nos pontos onde o corpo se apoia no solo. As forças exteriores incluem o peso do corpo em análise, forças aplicadas com uma finalidade (carregamentos) e forças de ligação (reacções de apoio). Cada força exterior aplicada a um corpo rígido pode, na ausência de oposição, produzir no corpo um movimento de translação (deslocamento segundo uma direcção), de rotação (deslocamento em torno de uma direcção) ou ambos. As forças interiores são aquelas que mantêm unidas as diferentes partículas ou corpos que constituem o corpo rígido. FORÇAS EQUIVALENTES. Utilizando o princípio de transmissibilidade, podemos substituir a força, F , por uma força equivalente (mesma intensidade, direcção e sentido), 'F , sem que as condições de movimento e todas as forças exteriores aplicadas permaneçam inalteradas. CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.2 O princípio de transmissibilidade pode ser usado livremente para determinar as condições de movimento ou de equilíbrio dos corpos rígidos e para calcular as forças exteriores que actuam nesses corpos, e deverá ser evitado ou, pelo menos, utilizado com precaução, no cálculo de forças interiores. Do ponto de vista da mecânica dos corpos rígidos, os dois sistemas representados são equivalentes, mas as forças interiores e as deformações produzidas pelos dois sistemas são diferentes. No sistema A a barra representada está traccionada (haverá alongamento da barra se esta não for rígida), no sistema B temos um sistema nulo. MOMENTO DE UMA FORÇA EM RELAÇÃO A UM PONTO. Revisões de Álgebra Vectorial Produto externo (ou vectorial) de dois vectores O vector V resultante do produto externo dos vectores P e Q satisfaz as seguintes condições: • a linha de acção de V é perpendicular ao plano que contém P e Q ; • a intensidade de V é dada por V= P.Q.senθ; l.a. c o’ o F 'F 'FF = A A B 1N 1N 2N 2N Sistema A Sistema B ⇔ QPV ×= Q P θ CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.3 • o sentido de V obtém-se pela regra da mão direita (regra do saca-rolhas). Se θ = 0 ou θ = 180º → 0=×= QPV (V =0). Se θ ≠ 0 ou θ ≠ 180º → QPV ×= é igual à área do paralelogramo de lados P e Q. Se substituirmos Q por um vector 1Q complanar com os vectores P e Q , e tal que a linha que une as extremidades dos vectores Q e 1Q seja paralela a P , então obtemos QPQP ×=× 1 . Para o produto externo de dois vectores: • não é válida a propriedade comutativa → PQQP ×−=× ; • é válida a propriedade distributiva → ( ) 2121 QPQPQQP ×+×=+× ; • não é válida a propriedade associativa → ( ) ( )SQPSQP ××≠×× . As componentes cartesianas de um produto externo de dois vectores são: Q + P Q - P P Q 1Q i j k 0=× ii kij −=× jik =× kji =× 0=× jj ijk −=× jki −=× ikj =× 0=× kk CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.4 kPjPiPP zyx ++= kQjQiQQ zyx ++= kVjViVQPV zyx ++=×= Substituindo as expressões de P e Q em V e utilizando a propriedade distributiva do produto externo, obtém-se: Vx = Py.Qz – Pz.Qy Vy = Pz.Qx – Px.Qz Vz = Px.Qy – Py.Qx A linha de acção de oM representa o eixo em torno do qual um corpo tende a girar quando fixo em O e sujeito a F . O sentido de oM é o sentido da rotação que a força F tende a comunicar. A intensidade de oM - M0 = r.F.senθ = F.d – mede a tendência da rotação (unidades SI N.m). oM é independente do ponto de aplicação (não caracteriza a posição do ponto de aplicação), mas define completamente a linha de acção de F . zyx zyx QQQ PPP kji V = oM F F r F r θ O A d θ FrM o ×= [ ]OAOAr −== - vector posição d = r.senθ oM F O CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.5 Dados oM e F → determinar OAr = : TEOREMA DE VARIGNON. O teorema de Varignon estabelece que o momento em relação a um dado ponto da resultante de várias forças concorrentes é igual à soma dos momentos das diversas forças em relação ao mesmo ponto. oM O A A’ F F r 'r θ θ’ FrFrM o ×=×= ' M0 = r.F.senθ = r’.F.senθ' d = r.senθ = r’.senθ' d oM O A A’ F d r FrM o ×= F Md 0= ' ' OAdOA λ⋅= 0 0 ' MF MF OA × × =λ F M MF MFOA 0 0 0 ' ⋅ ⋅ × = 2 0 ' F MFOA ×= AAOAOA '' += F F MF r λ+×= 2 0 , (λ escalar) CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.6 COMPONENTES CARTESIANAS DO MOMENTO DE UMA FORÇA. FrM O ×= kzjyixr ++= kFjFiFF zyx ++= Substituindo as expressões de r e F em OM e utilizando a propriedade distributiva do produto externo, obtém-se: Mx = y.Fz – z.Fy My = z.Fx – x.Fz Mz = x.Fy – y.Fx MOMENTO DE UMA FORÇA EM RELAÇÃO A UM EIXO. Revisões de Álgebra Vectorial Produto interno (ou escalar) de dois vectores Para o produto interno de dois vectores: • é válida a propriedade comutativa → PQQP •=• ; O x y z 1F r 2F 3F mF mFFFFR ++++= K321 RrM RO ×= ( )mRO FFFFrM ++++×= K321 m R O FrFrFrFrM ×++×+×+×= K321 m OOOO R O MMMMM ++++= K 321 zyx O FFF zyx kji M = Q P θ θcos⋅⋅=• QPQP CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.7 • é válida a propriedade distributiva → ( ) 2121 QPQPQQP •+•=+• ; • a propriedade associativa não tem sentido → ( ) SQP •• , produto interno de um escalar com um vector. As componentes cartesianas de um produto interno de dois vectores são: kPjPiPP zyx ++= kQjQiQQ zyx ++= zzyyxx QPQPQPQP ⋅+⋅+⋅=• 2222 PPPPPP zyx =++=• O produto interno de dois vectores tem seguintes aplicações práticas: • determinar o ângulo formado por dois vectores; • determinar a projecção de um vector sobre um eixo. Determinar o ângulo formado por dois vectores: Determinar a projecção de um vector sobre um eixo: i j k 1=• ii 0=• ij 0=• ik 0=• ji 1=• jj 0=• jk 0=• ki 0=• kj 1=• kk Q θ kPjPiPP zyx ++= kQjQiQQ zyx ++= zzyyxx QPQPQPQP ⋅+⋅+⋅=⋅⋅ θcos QP QPQPQP zzyyxx ⋅ ⋅+⋅+⋅ =θcos P OA = POL =P.cosθ OLOL PPP =⋅⋅=• θλ cos1 zzyyxxOL PPPP λλλ ⋅+⋅+⋅= zzyyxxOL PPPP θθθ coscoscos ⋅+⋅+⋅= θ x y z A L O P OLλ CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.8 Sendo θx, θy e θz os ângulos que o eixo OL forma com os três eixos coordenados x, y e z. Produto misto de três vectores Se QP × tiver o mesmo sentido de S o produto misto é positivo. O produto misto de três vectores goza de permutação circular (o sinal do produto misto permanece inalterado se os vectores forem permutados por uma ordem anti-horária). ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )SPQQSPPQSPSQSQPQPS ו−=ו−=ו−=ו=ו=ו As componentes cartesianas de um produto misto de três vectores são: P Q S ( )QPS ו P Q S ( ) zyx zyx zyx QQQ PPP SSS QPS =ו ( ) ( ) ( ) ( )xyyxz zxxzyyzzyx zzyyxx QPQPS QPQPSQPQPS VSVSVSVSQPS ⋅−⋅⋅+ ⋅−⋅⋅+⋅−⋅⋅= ⋅+⋅+⋅=•=ו CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.9 O momento de F em relação ao eixo OL, MOL, é a projecção de OM sobre o eixo OL e o valor absoluto é igual à distância OC . MOL mede a tendência para um corpo sujeito a F rodar em torno do eixo OL. Pode concluir-se que: • MOL é independente do ponto O; • Só a componente perpendicular ao eixo contribui para a tendência de rotação. O momento de uma força F em relação aos eixos x, y e z coincidem com as componentes do momento da força F em relação ao ponto de origem do referencial. ( ) yzOx FzFyFriM ⋅−⋅=ו= ( ) zxOy FxFzFrjM ⋅−⋅=ו= ( ) xyOz FyFxFrkM ⋅−⋅=ו= Num corpo sujeito a uma força F as: F r OM O C L FrM O ×= OOLOL MM •= λ ( )FrM OLOL ו= λ( ) OLOOLOL MM λλ ⋅•= r 2r 1r 2F 1F F OM O 21 FFF += ( 1F //OL e 2F X plano p r OL) 21 rrr += ( 1r //OL e 2r X plano p r OL) ( ) ( )[ ]2121 FFrrM OLOL +×+•= λ ( )22 FrM OLOL ו= λ L p CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.10 • componentes de F (Fx, Fy e Fz) medem a tendência para deslocar o corpo nas direcções dos eixos; • componentes de OM (MOx, MOye MOz) medem a tendência para rodar o corpo em torno dos eixos. MOMENTO DE UM CONJUGADO. Duas forças F e F− , com a mesma intensidade, linhas de acção paralelas e sentidos opostos formam um conjugado (binário). A resultante do sistema de forças ( F e F− ) é nula, no entanto a soma dos momentos em relação a um ponto não é nulo. O momento de um conjugado tem: • direcção perpendicular ao plano que contém F e F− ; • intensidade, M = F.d, em que d é a distância entre as linhas de acção das duas forças; • sentido definido pela regra da mão direita; F− F F− F r Ar Br M O A B d = r.senθ θ ( ) ( ) FrrFrFrM BABA ×−=−×+×= FrM ×= M = F.d = F.r.senθ CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.11 Como o momento de um conjugado é independente do ponto O, então é um vector livre. CONJUGADOS EQUIVALENTES. Conjugados equivalentes: • produzem o mesmo efeito sobre um corpo rígido; • têm o mesmo momento; • estão contidos no mesmo plano ou em planos paralelos; • têm o mesmo sentido. REPRESENTAÇÃO VECTORIAL DE UM CONJUGADO. Quando um conjugado actua sobre um corpo rígido, não nos interessa onde actuam as forças F e F− que formam o conjugado, nem a intensidade e direcção dessas forças → apenas interessam a intensidade, direcção e sentido do momento do conjugado. O momento de um conjugado caracteriza um conjugado, não é necessário definir as forças que o formam. Um conjugado pode ser representado por um vector → vector conjugado ou momento. Os vectores conjugados podem somar-se e decompor-se segundo os eixos coordenados como vectores. SUBSTITUIÇÃO DE UMA FORÇA ACTUANTE NUM PONTO POR UMA FORÇA ACTUANTE NOUTRO PONTO E UM CONJUGADO. LEI DE PROPAGAÇÃO DE MOMENTOS. O A O A F r F r F F− ⇔ Força F aplicada em A F e F− aplicadas em O (sistema não se altera) CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.12 A força F aplicada em A e a força F− aplicada em O formam um conjugado de momento FrM O ×= . A acção de F em A foi substituída pelo novo sistema força-conjugado em O. Qualquer força F actuante num corpo rígido pode ser movida para um ponto arbitrário O, desde que seja acrescentado um conjugado de momento igual ao momento de F em relação ao ponto O. Noutro ponto O’: Dados F e OM , permite calcular 'OM conhecendo OO' . O OM F F em A ⇔ F em O e FOAFrM O ×=×= O OM F F F 'OM A O’ r s 'r FOAFrM O ×=×= FAOFrM O ×=×= ''' OOOAAOsrr ''' +=⇔+= FsFrFrM O ×+×=×= '' Lei da propagação de momentos FOOMM OO ×+= '' CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.13 REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS A UMA FORÇA E UM CONJUGADO. Cada força iF pode ser substituída por um sistema força-conjugado em O: Obtém-se finalmente: Qualquer sistema de forças pode ser reduzido a um sistema força-conjugado ( R , ROM ) equivalente actuante num dado ponto O. Embora cada OiM seja perpendicular à força iF respectiva, R e ROM não são, em geral, perpendiculares. O 1F A1 2F A2 3F A3 Sistema de forças 1F , 2F , 3F , … actuantes em A1, A2, A3, … iF em Ai ⇔ iF em O e iiOi FrM ×= O R R OM R - resultante do sistema de forças 1F , 2F , 3F , … aplicadas em O R OM - resultante dos momentos 1M , 2M , 3M CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.14 LEI DE PROPAGAÇÃO DE MOMENTOS RESULTANTES. Para um sistema de forças temos os seguintes elementos de redução num ponto O: • ∑= FR → resultante do sistema de forças; • ( )∑∑ ×== FrMM ORO → momento resultante do sistema de forças. Elementos de redução no ponto O’: • ∑= FR ; • ROOMM RR OO ×+= ' ' → lei de propagação de momentos resultantes. CAMPO DE MOMENTOS RESULTANTES DE UM SISTEMA DE FORÇAS. A expressão da lei de propagação de momentos resultantes permite-nos concluir várias propriedades dos campos de momentos resultantes de um sistema de forças, que são: 1. Se dois sistemas de forças tiverem a mesma resultante R e o mesmo momento resultante ROM num ponto O, então têm-nos iguais em todos os pontos; 2. O lugar geométrico dos pontos em que o momento resultante é constante é uma recta paralela à resultante (supondo R ≠0); 3. A projecção do momento resultante sobre a resultante (supondo R ≠0) é constante; 4. Os invariantes de um sistema de forças não dependem do ponto considerado. Num sistema de forças temos as seguintes invariantes: • R → invariante vectorial; • RM R O • → invariante escalar. 5. Propriedade projectiva. CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.15 PROPRIEDADE PROJECTIVA. A propriedade projectiva estabelece que as projecções dos momentos resultantes em dois pontos quaisquer sobre a recta que os une são iguais e igualmente orientadas. SISTEMAS DE FORÇAS EQUIVALENTES. Dois sistemas de forças (vectores) são equivalentes se puderem ser reduzidos ao mesmo sistema força-conjugado num dado ponto O. Significado físico: Dois sistemas de forças são equivalentes se tendem a comunicar ao corpo rígido: • a mesma translação segundo x, y e z; • a mesma rotação em torno de x, y e z. Quando dois sistemas de vectores têm as suas resultantes e os seus momentos resultantes em relação a um ponto arbitrário O iguais, os dois sistemas de vectores dizem-se equipolentes (se dois sistema de forças aplicados num corpo rígido são equipolentes, então são também equivalentes). CASOS DE REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS. Num sistema de forças (vectores) temos os seguintes casos de redução: • RM R O • ≠ 0 ( R ≠0 e ROM ≠0) → sistema equivalente a vector mais conjugado; ∑∑ == 'FFR ∑∑ == 'OOR MMM O O R OM R OM ' O’ R OOM ' R OOM ' CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.16 • RM R O • = 0 e R ≠ 0 → sistema equivalente a vector único; • RM R O • = 0 e ROM ≠ 0 → sistema equivalente a conjugado; • RM R O • = 0 e R = 0 e ROM = 0 → sistema nulo (ou em equilíbrio). EIXO CENTRAL DE UM SISTEMA DE FORÇAS. Eixo central é o lugar geométrico dos pontos onde o momento resultante é mínimo (ou nulo, no caso de sistema equivalente a vector único → neste caso, o eixo central coincide com a linha de acção da resultante). Supondo A um ponto do eixo central: O momento num ponto A do eixo central é: RAOMM RO R A ×+= com R A M // R então RM R A ⋅= α RAOMR RO ×+=⋅α RAOMR RO ×=−⋅α em que ( ROMR −⋅α ) é perpendicular a R O R R OM Caso geral de redução: RM R O • ≠ 0 O R R AM A ROAMMMM R O ×+=+= 121 1MM R A =O R R OM RM 2 RM 1 CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.17 0=• −⋅ RMR ROα RMRR RO •=•⋅α então 2R RM RO • =⋅α Momento no eixo central, com intensidade R RM M R OR A • = . A equação do eixo central é: RAOMR RO ×=−⋅α R R MRR AO R O λ α + −× = 2 (divisão vectorial) R R MR AO R O λ+×−= 2 com λ ∈ IR Equação vectorial do eixo central com λ ∈ IR. R R RM M R OR A ⋅ • = 2 R R MROA R O ⋅+ × = λ2 CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.18 Conhecidos R , ROM e as coordenadas do ponto O (xO; yO; zO). Determinar as coordenadas do ponto A (xA; yA; zA) do eixo central. OAOOAO += '' → ( ) xROyzROzyOA RMRMRRxx ⋅+⋅−⋅+= λ2 1 ( ) yROzxROxzOA RMRMRRyy ⋅+⋅−⋅+= λ2 1 ( ) zROxyROyxOA RMRMRRzz ⋅+⋅−⋅+= λ2 1 A intersecção do eixo central com os planos definidos pelos eixos coordenados obtém-se determinando para a coordenada fixa o valor de λ, depois de conhecido λ calcula-se as restantes coordenadas. GENERALIZAÇÃO DO TEOREMA DE VARIGNON PARA SISTEMAS DE VECTORES EQUIVALENTES A VECTOR ÚNICO. O teorema de Varignon estabelece para um sistema de forças equivalentes a vector único que o momento resultante é igual ao momento da resultante. RAOM R A ×= com R O M nulo. O A O’ x y z eixo central CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.19 Um sistema é equivalente a vector único se RM R O • = 0 e R ≠ 0, dando-se para: 1. Forças concorrentes num ponto. 2. Forças complanares (actuam no mesmo plano) R e ROM são perpendiculares → RM RO • = 0 Para forças no plano xy: jRiRR yx += kMM ROz R O = Seja O (0; 0) → ( )kRyRxROA xy ⋅−⋅=× Equação da linha de acção de R (eixo central). 3. Forças paralelas Sejam iF // y x.Ry – y.Rx = ROzM O A R R d R OM Distância de O à linha de acção de R : R Md R O = R OMROA =× O R R OM R A x y z CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.20 Sendo A (x; 0; z) um ponto da linha de acção de R contido no plano xz R OMROA =× kzixOA += . PROBLEMAS PROPOSTOS. Problema C3.1 – Considere o painel de sinalização rodoviária posicionado num terreno irregular e fixo com a ajuda de dois cabos CF e DG conforme mostra a figura. Sabendo que a força de tracção exercida em C pelo cabo CF é de 250 N, determine a intensidade e defina vectorialmente o momento dessa força em relação ao eixo AE. Solução: MAE = 194,7 Nm e kjiM AE 3,965,535,160 +−= (Nm). Problema C3.2 – Considere o muro de suporte, que ao deslocar-se mobiliza o estado de equilíbrio activo, onde actuam o peso do muro de suporte e cunha de solo, W=190 kN/m (por metro de desenvolvimento), e o impulso activo devido ao terreno e sobrecarga, Ia=210 kN/m, conforme mostra a figura. Substitua as forças actuantes no muro por um sistema força-binário equivalente em A e B. x.Ry = ROzM -z.Ry = ROxM A B C D E 2,9 m 1,2 m F G 1,5 m 0,9 m 0,5 m x y z CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.21 Solução: jiFF BA 3732,103 −−== (kN/m), kM A 567−= (kNm/m) e k4,104MB = (kNm/m). Problema C3.3 – Considere a viga homogénea horizontal com massa de 140 kg/m encastrada em A, à qual se prenderam os cabos BD e CE, que se encontram esticados por acção dos pesos P1 e P2, como indicado na figura. Considerando o sistema de forças constituído pelo peso da viga e forças de tracção que os cabos exercem na viga: a) Verifique se é possível substituir este sistema de forças por uma única força passando por A; b) Determine as coordenadas do ponto no plano ABC em que o momento resultante do sistema é mínimo; c) Determine a intensidade e defina vectorialmente o momento resultante mínimo. A B C D E 1,4 m 3,0 m 1,8 m 0,6 m 1,0 m 0,8 m 0,4 m W Ia 30º y x A y x O B C D E z 1,6 m P1 P2 P1 = 1600 N P2 = 2100 N AB = 1,8 m BC = 1,6 m 0,85 m 0,9 m 1,6 m 0,95 m 1,0 m CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.22 Solução: a) Não é possível substituir o sistema de forças por uma única força passando por A, porque kjiM RA 34052526667 −+= (Nm) ≠ 0; b) x = 2,12 m, y = 0,95 m e z = 0,85 m; c) Mmín = 24,4 Nm e kjiM Rmín 67,1408,1733,9 −−−= (Nm). Problema C3.4 – Considere o mastro de uma bandeira fixo através de três cabos, como representado na figura. Sabendo que as forças de tracção nos três cabos têm a mesma intensidade, T, e considerando o sistema de forças composto pelas forças de tracção que os cabos exercem no mastro: a) Indique, justificando, o caso de redução do sistema; b) Determine o versor do eixo central; c) Determine a intensidade e sentido de uma força horizontal segundo x a aplicar na extremidade do mastro de forma a obter um sistema equivalente a vector único. Solução: a) Sistema equivalente a vector mais conjugado, porque 06,489617,95 ≠−−= kjiRA (N) e 029856 ≠−=• RAMR ; b) kjiLEIXOCENTRA 05,099,010,0 −−=λ ; c) iF 1,149−= (N). A y x O B C D E z 4 m 3 m 1,3 m 6 m 6,7 m 5 m T = 400 N 1 m CORPOS RÍGIDOS E SISTEMAS DE FORÇAS pedrosalvadoferreira 3.23 BIBLIOGRAFIA. Beer, F. P.; Johnston, E. R. – Mecânica Vectorial Para Engenheiros. Estática. McGraw-Hill de Portugal, 1998. EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.1 CORPO RÍGIDO EM EQUILÍBRIO. Num corpo rígido em equilíbrio as forças exteriores actuantes sobre o corpo formam um sistema equivalente a zero (sistema nulo ou em equilíbrio). As condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido são: • 0=R → 0=∑ F ; • R OM = 0 → ( ) 0=×=∑∑ FrM O . Então são as condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido. Um sistema de forças equivalentes a zero não comunica ao corpo rígido movimento de translação ( 0=∑ F → as componentes das forças exteriores compensam-se), nem movimento de rotação ( 0=∑ OM → os momentos em relação aos eixos coordenados anulam-se). DIAGRAMA DE CORPO LIVRE. O diagrama de corpo livre de um corpo rígido é um esquema que representa o corpo rígido com as respectivas dimensões e todas as forças exteriores actuantes sobre ele, em que: • as forças exteriores incluem o peso do corpo em análise, forças aplicadas com uma finalidade (carregamentos) e forçasde ligação (reacções de apoio); • se deve indicar claramente a intensidade, direcção e sentido das forças exteriores conhecidas; • no geral, as forças exteriores conhecidas são o peso do corpo e forças aplicadas com uma finalidade e as desconhecidas são as forças de ligação; ∑ = 0xF ∑ = 0OxM ∑ = 0yF ∑ = 0OyM ∑ = 0zF ∑ = 0OzM EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.2 • se deve representar as forças exteriores exercidas sobre o corpo (e não pelo corpo). As forças de ligação ou reacções de apoio representam o impedimento de um possível movimento pelo solo ou outros corpos ligados ao corpo em questão (grau de liberdade). As forças de ligação são exercidas nos pontos de ligação. Os pontos de ligação são pontos onde o corpo rígido é apoiado (apoios) ou onde está ligado a outros corpos. REACÇÕES DE APOIO NO CASO PLANO. As reacções de apoio no caso plano para os vários tipos de apoios são: 1. Apoio simples ou apoio móvel Este tipo de apoio impede 1 grau de liberdade. O apoio móvel envolve uma incógnita que é a intensidade da reacção (linha de acção conhecida). Um cabo ou uma barra biarticulada ligados a um corpo rígido podem ser substituídos por uma única força de ligação com direcção conhecida e intensidade desconhecida. Reacção de apoio Reacção de apoio Reacção de apoio Movimentos permitidos Movimentos permitidos Movimentos permitidos EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.3 2. Apoio fixo ou apoio rotulado Este tipo de apoio impede 2 graus de liberdade. O apoio fixo envolve duas incógnitas que são a direcção e intensidade da reacção resultante (ou as duas componentes). Uma barra com ligação articulada ao corpo rígido pode ser substituído por uma única força de ligação com direcção e intensidade desconhecidas (ou as duas componentes). Cabo Barra biarticulada Força de ligação Reacções de apoio Reacções de apoio Reacção de apoio Movimento permitido Movimento permitido Movimento permitido Barra com ligação articulada ao corpo rígido Forças de ligação Movimento permitido Reacções de apoio EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.4 3. Encastramento Este tipo de apoio impede 3 graus de liberdade. O encastramento envolve três incógnitas que são a direcção e intensidade da reacção resultante (ou as duas componentes) e o momento com direcção perpendicular ao plano do corpo rígido. Uma barra com ligação monolítica ao corpo rígido pode ser substituído por uma força de ligação resultante com direcção e intensidade desconhecidas (ou as duas componentes) e um momento. 4. Encastramento deslizante Este tipo de apoio impede 2 graus de liberdade. Reacções de apoio Reacções de apoio Barra com ligação monolítica ao corpo rígido Forças de ligação Todos os movimentos estão impedidos Reacções de apoio EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.5 O encastramento deslizante envolve duas incógnitas que são a intensidade da reacção (com linha de acção conhecida) e o momento. EQUILÍBRIO PLANO DE UM CORPO RÍGIDO. As condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido são: • 0=R → 0=∑ F ; • R OM = 0 → ( ) 0=×=∑∑ FrM O . Supondo que as forças actuam no plano xy, então as seis equações de equilíbrio obtidas anteriormente reduzem-se a: são as condições necessárias e suficientes para o equilíbrio plano de um corpo rígido. O ponto onde se determina o momento será um ponto O qualquer no plano do corpo rígido. Podemos substituir qualquer uma das equações de equilíbrio de forças ( 0=∑ F ) por outra equação de equilíbrio de momentos determinada noutro ponto qualquer (diferente dos pontos já usados) no plano do corpo rígido. Das equações de equilíbrio de um corpo rígido no plano resultam 3 equações, por isso, os problemas só poderão ter no máximo 3 incógnitas. As equações de equilíbrio são, em geral, usadas para determinar as reacções de apoio. Reacções de apoio Reacções de apoio Movimento permitido Reacções de apoio Movimento permitido Movimento permitido ∑ = 0xF ∑ = 0yF ∑ = 0OzM EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.6 CORPO RÍGIDO EM EQUILÍBRIO SOB ACÇÃO DE DUAS E DE TRÊS FORÇAS. Um corpo rígido submetido a duas forças estará em equilíbrio se as forças tiverem a mesma linha de acção, a mesma intensidade e sentidos opostos. Um corpo rígido submetido a três forças estará em equilíbrio se as linhas de acção das três forças forem concorrentes num ponto ou paralelas (condição necessária mas não suficiente). REACÇÕES DE APOIO NO CASO ESPACIAL. As reacções de apoio no caso espacial para os vários tipos de apoios são: 1. Apoio simples ou apoio móvel Este tipo de apoio impede 1 grau de liberdade. 1F A B C O 1F 2F 2F 3F 3F Reacção de apoio Translações permitidas Rotações permitidas EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.7 O apoio móvel envolve uma incógnita que é a intensidade da reacção (linha de acção conhecida), que poderá ser segundo qualquer um dos eixos coordenados. Também no caso espacial, um cabo ou uma barra biarticulada ligados a um corpo rígido podem ser substituídos por uma única força de ligação com direcção conhecida e intensidade desconhecida. 2. Apoio fixo com rótula esférica Este tipo de apoio impede 3 graus de liberdade. O apoio fixo com rótula esférica envolve três incógnitas que são a direcção e intensidade da reacção resultante (ou as três componentes). Reacções de apoio Reacções de apoio Rotações permitidas Rotações permitidas Cabo Barra biarticulada Força de ligação EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.8 Também no caso espacial, uma barra com ligação articulada (rótula esférica) ao corpo rígido pode ser substituído por uma única força de ligação com direcção e intensidade desconhecidas (ou as três componentes). 3. Apoio móvel com rótula cilíndrica Este tipo de apoio impede 2 graus de liberdade. O apoio móvel com rótula cilíndrica envolve duas incógnitas que são a intensidade da reacção força (com linha de acção conhecida) e a intensidade da reacção momento (com linha de acção conhecida). Barra com ligação articulada ao corpo rígido Forças de ligação Reacção de apoio (momento) Rotações permitidas Reacção de apoio (força) Reacção de apoio (momento) Rotações permitidas Reacção de apoio (força) Translações permitidas Translações permitidas EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira4.9 4. Apoio fixo com rótula cilíndrica Este tipo de apoio impede 5 graus de liberdade. O apoio fixo com rótula cilíndrica envolve cinco incógnitas que são a direcção e intensidade da reacção resultante (ou as três componentes) e o momento resultante com direcção perpendicular ao eixo do cilindro (ou as duas componentes). 5. Encastramento Este tipo de apoio impede 6 graus de liberdade. Reacções de apoio (momentos) Todos os movimentos estão impedidos Reacções de apoio (forças) Reacções de apoio (momentos) Rotação permitida Reacções de apoio (forças) Reacções de apoio (momentos) Rotação permitida Reacções de apoio (forças) EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.10 O encastramento envolve seis incógnitas que são a direcção e intensidade da reacção resultante (ou as três componentes) e a direcção e intensidade do momento resultante (ou as três componentes). Também no caso espacial, uma barra com ligação monolítica ao corpo rígido pode ser substituído por uma força de ligação resultante e um momento resultante, ambos com direcções e intensidades desconhecidas (ou as três componentes). 6. Encastramento deslizante Este tipo de apoio impede 3 graus de liberdade. Barra com ligação monolítica ao corpo rígido Forças de ligação Reacção de apoio (força) Reacções de apoio (momento) Translações permitidas Rotação permitida EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.11 O encastramento deslizante envolve três incógnitas que são a intensidade da reacção (com linha de acção conhecida) e o momento resultante com direcção perpendicular ao eixo do cilindro (ou as duas componentes). EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL. As condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido são: • 0=R → 0=∑ F ; • R OM = 0 → ( ) 0=×=∑∑ FrM O . Então as seis equações de equilíbrio obtidas anteriormente são: as condições necessárias e suficientes para o equilíbrio no espaço de um corpo rígido. Das equações de equilíbrio de um corpo rígido no espaço resultam 6 equações, por isso, os problemas só poderão ter no máximo 6 incógnitas. As equações de equilíbrio são, em geral, usadas para determinar as reacções de apoio. ANÁLISE DA ESTATIA DE UM CORPO RÍGIDO. A análise da estatia de um corpo rígido permite saber de antemão se a determinação das forças de ligação pode ser efectuada através das equações de equilíbrio. A estatia exterior de uma estrutura (estatia de um corpo rígido) classifica-se em: • estrutura exteriormente isostática → o número de ligações exteriores é o estritamente necessário para assegurar o equilíbrio da estrutura (as reacções são estaticamente determinadas, então o número de equações de equilíbrio é igual ao número de reacções ⇒ 3 equações numa estrutura plana e 6 equações numa estrutura espacial); ∑ = 0xF ∑ = 0OxM ∑ = 0yF ∑ = 0OyM ∑ = 0zF ∑ = 0OzM EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.12 • estrutura exteriormente hipoestática → o número de ligações exteriores é insuficiente para assegurar o equilíbrio da estrutura (o equilíbrio pode não ser satisfeito ⇒ o número de ligações é inferior a 3 numa estrutura plana e a 6 numa estrutura espacial); • estrutura exteriormente hiperestática → o número de ligações exteriores é superior ao necessário para assegurar o equilíbrio da estrutura (as reacções são estaticamente indeterminadas ⇒ o número de ligações é superior a 3 numa estrutura plana e a 6 numa estrutura espacial). A diferença entre o número de reacções de apoio (incógnitas) e o número de equações de equilíbrio (3 numa estrutura plana e 6 numa estrutura espacial) dá-nos o grau de hiperestatia (αe > 0) ou hipoestatia (αe < 0) exterior. O número de equações de equilíbrio igual ao número de reacções de apoio (αe = 0) é condição necessária para que um corpo rígido (ou a estatia exterior de uma estrutura) seja isostático e as reacções sejam estaticamente determinadas, mas não é condição suficiente, porque pode não ser possível satisfazer o equilíbrio (ligações mal distribuídas). LIGAÇÕES MAL DISTRIBUÍDAS. Um corpo rígido tem ligações mal distribuídas sempre que os apoios (com um número suficiente de reacções) estão dispostos de tal modo que as reacções são paralelas, concorrentes num ponto ou não impedem o movimento do corpo (translação e/ou rotação). 3 reacções (incógnitas) para 3 equações de equilíbrio, mas a translação horizontal não está impedida (ligações mal distribuídas). Não é satisfeita a equação ∑ = 0xF EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.13 PROBLEMAS PROPOSTOS. Problema C4.1 – Determine as reacções de apoio das estruturas representadas. Solução: a) HA = 7,5 kN (→), VA = 8,5 kN (↑) e RC = 5,51 kN (↓); b) HG = 5,75 kN (←), VG = 39,2 kN (↑) e MG = 17,05 kNm ( ); c) RA,x = 37,5 kN, RA,y = 0, RA,z = -14,91 kN, RG = 27,1 kN, RH = 25 kN e RI = 0. Problema C4.2 – Classifique, justificando convenientemente, sob o ponto de vista da estatia exterior as estruturas representadas na figura. 4 reacções (incógnitas) para 3 equações de equilíbrio, mas a rotação em torno de A não está impedida (ligações mal distribuídas). Não é satisfeita a equação ∑ = 0AM A A B C D A 2 m 4 m 10 kN B 2,5 m x y z a) b) c) 15 kN 30º 1 m 1 m 1 m 1 m 2 m 1,5 m 5 m C D E F G H F = 5 kN TFH = 20 kN F F F F A B C D E F G H I 3 m 2 m 1,5 m 1,5 m 1,5 m 1,5 m 4 m 10 kN 10 kN Cabo Cabo Cabo Cabo EQUILÍBRIO DO CORPO RÍGIDO pedrosalvadoferreira 4.14 Solução: a) Estrutura exteriormente hiperestática do 4º grau; b) Estrutura exteriormente hiperestática do 5º grau; c) 4 reacções a convergirem para o mesmo ponto (não está impedida a rotação em torno desse ponto), por isso ligações ao exterior mal distribuídas; d) Estrutura exteriormente hiperestática do 2º grau; e) Estrutura exteriormente hipoestática do 1º grau; f) Estrutura exteriormente hiperestática do 4º grau. BIBLIOGRAFIA. Beer, F. P.; Johnston, E. R. – Mecânica Vectorial Para Engenheiros. Estática. McGraw-Hill de Portugal, 1998. a) b) c) d) e) f)
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