Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EA D 6 Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média 1. OBJETIVOS • Apresentar as características do Império Bizantino e sua contribuição para a História do Ocidente. • Identificar as principais diferenças entre a perspectiva cristã ocidental e a oriental. • Conhecer as visões que o Ocidente construiu a respeito de Bizâncio. 2. CONTEÚDOS • A formação político-cultural de Bizâncio. • Prestígio e rivalidade entre o Ocidente e Bizâncio. • A luta pelas imagens e o triunfo da ortodoxia cristã. © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 158 3. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Lembre-se de que sugestões de leitura são sempre bem-vindas. Aproveite essa dica e aperfeiçoe seus co- nhecimentos acerca do Império Bizantino. Observe que, mesmo sendo uma decorrência do Império Romano do Ocidente, o Império Bizantino apresentou algumas di- ferenças essenciais em relação ao seu contraponto oci- dental. 2) A historiografia sobre Bizâncio conta com a produção de autores como Michel Angold, Michel Balard e Warren Treadgold, cujas obras são encontradas nas Referências Bibliográficas. Preliminarmente, sugerimos a leitura a seguir para aprofundamento do tema: BALARD, M. Bizâncio visto do Ocidente. In: LE GOFF, J.; SCHIMITT, J. (Coord.). Dicionário temático do Ocidente medieval. São Paulo. Edusc: Imprensa Oficial São Paulo, 2002, p. 129 -137. v. 1. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Chegamos à última unidade da disciplina História Medieval I. Até aqui, você estudou as principais características da formação políti- co-cultural do Ocidente na Antiguidade Tardia e na Alta Idade Média. Como você viu, mesmo com a instalação dos povos germâni- cos, continuou reinando no Ocidente o interesse pela restauração da antiga unidade política legada pelo Império Romano. A estru- turação do Império Carolíngio materializou esse interesse, mas ao mesmo tempo deu início a uma relação de disputas e conflitos com o Império do Oriente, que se considerava o único herdeiro da tradição imperial latina. Esse relacionamento entre os impérios do Oriente e do Oci- dente foi marcado, de um lado e de outro, por momentos de res- 159© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média peito e valorização, mas também por momentos de indiferença e desprezo. Ao longo da Alta Idade Média, o Império do Oriente deixou de ser um aliado poderoso, referência ao legado greco-ro- mano, para tornar-se um oponente perigoso que ignorava a supe- rioridade latina ocidental. Para que possamos entender os motivos que desencadearam esse processo, precisamos conhecer um pouco mais a respeito do Império Bizantino, ou melhor, do Império Romano do Oriente, e sua dispersão durante a Alta Idade Média. Utilizaremos o termo "Império Bizantino" para nomear a porção oriental do Império Ro- mano que se manteve durante a Idade Média, distinguindo-o do Império Romano existente na Antiguidade. Entretanto, essa por- ção territorial era tradicionalmente conhecida apenas como Impé- rio Romano do Oriente. Chegou a hora de acompanhar mais uma volta ao passado! Vamos lá? 5. A FORMAÇÃO POLÍTICO-CULTURAL DE BIZÂNCIO Bizâncio era o nome de uma antiga polis grega, que, segun- do Angold (2002), durante muito tempo não teve grande desta- que durante a Antiguidade. Mas, a partir de 330, essa cidade re- velou-se fundamental para o Império Romano. Naquele ano, por vontade do então Imperador Constantino, ela se transformou na nova capital do Império, sob o nome de Constantinopla (cidade de Constantino). Foi a partir da guinada ao Oriente, promovida pela expansão do Império Romano, que Bizâncio assumiu a condição de local es- tratégico na conciliação entre o projeto de ampliação e o projeto de manutenção da centralidade do Império. Em razão das dificul- dades latentes para garantir essa unidade a partir de Roma, aos poucos Bizâncio tornou-se uma esperança para a sobrevivência do mundo romano. © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 160 Essa esperança se alimentava da boa expectativa em relação a sua posição geográfica – entre os mares de Mármara, Negro e Egeu –, que a colocava como um entreposto comercial importante para a continuidade das trocas entre Ocidente e Oriente. Além dis- so, garantia sua proteção com as barreiras naturais representadas pelos mares Negro e Mármara. Com a Dinastia Constantiniana, a antiga cidade grega ad- quiriu as feições de uma cidade romana. Constantino I, o Grande, dotou-a de um Senado e ministérios cívicos, além de fortalecer o componente cristão de sua cultura com o início da construção da Igreja dos Santos Apóstolos. O filho de Constantino, Constâncio I, herdeiro das províncias orientais do Império, após a vitória nas guerras civis contra seus irmãos, confirmou Constantinopla como a capital imperial (toda vez que fazermos referência à cidade de Constantinopla, estamos falando de Bizâncio). Ampliou seu Senado (tornou-o equiparável ao de Roma), finalizou as obras da Igreja dos Santos Apóstolos e construiu a Catedral Santa Sofia. No entanto, foi somente com Justiniano I (527-565) que se estabeleceu a supremacia de Constantinopla. Esse imperador ti- nha claras intenções a respeito da restauração do Império Romano na porção ocidental. Dentre suas principais ações a caminho dessa restauração, destacamos a expansão a oeste, em direção a Roma, a proposta de unificação da Igreja, a reorganização legislativa e o desenvolvimento estrutural de Constantinopla. As conquistas territoriais foram significativas se comparadas às de seus antecessores, mas não conseguiram ultrapassar as regi- ões mediterrâneas. De Cartago (533), passou pela Sicília, pelo sul da Itália, até chegar a Ravena. Os exércitos de Justiniano combateram os vân- dalos (534) e os ostrogodos (536/540/553 e 554), com o propósito de fazer renascer (renovatio) o Império Romano Cristão, dessa vez tendo como centro a cidade de Constantinopla. Para compreender a rota destas conquistas observe a Figura 1. 161© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média Figura 1 Mapa da evolução do Império Bizantino sob o governo de Justiniano I. De acordo com Angold (2002, p. 32), "o senso de romanida- de de Justiniano era produto de uma nova Roma", cujos impulsos ideológicos estavam mais próximos de uma realeza cristã do que da nostalgia de uma organização senatorial antiga ou augusta. Na base dessa nova ideologia estava a ação imperial, com- prometida com a disseminação do cristianismo. Essa disseminação se tornou tão intensa que alguns relatos enfatizam a vida quase monacal de Justiniano: "bebia pouca coisa além de água, comia com parcimônia e se satisfazia com o mínimo de sono" (ANGOLD, 2002, p. 33). Foi por levantar o estandarte do cristianismo que Justinia- no se dedicou à instauração da unidade eclesiástica, inexistente desde 484 em virtude do estado de cisma provocado pelo édito imperial de Zenão I. Esse édito, conhecido como henotikon, apesar de não anular os cânones promulgados no concílio geral de Calcedônia de 451 (cujas formulações giravam em torno do debate sobre como se relacionavam as naturezas humana e divina de Cristo), insistia que os elementos divinos e humanos de Cristo se fundiam em uma só natureza. © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 162 Em Calcedônia, os partidários da solução monofisista (Ale- xandria), que admitia em Cristo a fusão das duas naturezas em uma só, foram vencidos pela posição (Roma e Antióquia) que reco- nhecia a distinção entre a humanidade de Cristo e sua divindade. Nabusca pela paz da Igreja, Justiniano reabriu o diálogo en- tre monofisistas e a Igreja romana, por meio da convocação de ou- tro Concílio Geral em Constantinopla (553). No Concílio, de acordo com Angold (2002, p. 33), Justiniano "coagiu o papa a aceitar a fórmula de que Cristo poderia ser homem perfeito e Deus perfeito, distintos, mas inseparáveis". Esse fato acabou por fortalecer a visão monofisista na região e singularizar ainda mais esse império frente à memória do antigo Império Romano. Para boa parte da historiografia sobre Bizâncio, a principal realização de Justiniano foi a codificação da Lei Romana. O Corpus Iuris Civilis Romani (Corpo de Direito Civil Romano) ficou pronto por volta de 529 e foi complementado pelo Digesto e pelas Insti- tutas em 533. O Digesto era um livro de jurisprudência que continha a có- pia de fragmentos de jurisconsultos clássicos e pequenas interpo- lações de seus compiladores. As Institutas eram um manual de Di- reito, destinado ao ensino. Angold (2002, p. 34) afirma: Embora apresentada como um retorno às raízes da lei romana clás- sica, a obra de Justiniano remodelou a lei, para que fundamentasse uma monarquia cristã. Ele próprio redigiu a maior parte da legisla- ção relacionada com a Igreja e a religião. Por mais que Justiniano tenha se empenhado em estabele- cer uma unidade e em preservar a herança do antigo Império, suas ações levaram a um distanciamento cada vez maior entre Oriente e Ocidente. Como vimos, a obra de Justiniano à frente do Império Ro- mano do Oriente garantiu a preservação da memória do antigo Império Romano no que se refere à expansão militar e legislativa. 163© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média Seu governo permitiu que Constantinopla (a antiga Bizâncio) man- tivesse, mesmo que sobre outras bases, a vinculação com o legado clássico. Além disso, suas realizações fixaram um conceito de poder segundo o qual a autoridade imperial era um “reflexo da ordem divina”. O imperador passa a ser considerado a encarnação da lei e da ordem. Os efeitos da obra de Justiniano foram sentidos muito além do espaço político dominado por Bizâncio. As regiões mediterrâ- neas foram as primeiras a materializarem referências à cultura bi- zantina, especialmente referências artísticas – com destaque para a arquitetura. Contudo, à época de Justiniano a cultura bizantina ainda não estava completamente configurada. Ao longo do século 7º, as fron- teiras bizantinas sofriam pressão persa (sassânida) e islâmica (omí- ada). A dinastia sassânida foi uma linhagem real que governou a Pérsia entre 224 e 651 d.C. Extinguiu-se quando o último xá sas- sânida, Yezdegerd III, perdeu uma luta de quatorze anos contra o Califado, o primeiro dos impérios islâmicos. Já em relação aos omíadas, Angold (2002, p. 60) afirma: "Os omíadas eram uma família de Meca que, após a conquista islâ- mica, passaram a dominar a Síria, onde fizeram de Damasco sua capital". Além dos conflitos nas fronteiras, as conquistas de polos signi- ficativos dentro do Império (Damasco, Cartago e Jerusalém) marca- ram profundamente o delineamento da cultura dessa região. Certamente, a cultura bizantina exerceu muita influência so- bre a nascente cultura islâmica. Porém, a necessidade de gerar sua identidade fez com que o Islã construísse seu próprio vocabulário religioso, a fim de manifestar sua superioridade em relação àquela tradição mais antiga. Vejamos, a seguir, o mapa da expansão Islâ- mica (Figura 2). © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 164 Figura 2 Mapa da expansão Islâmica entre o século VII e VIII. Como afirma o historiador André Grabar (1984), várias ini- ciativas foram adotadas pelos representantes islâmicos para criar um sistema de ícones especificamente muçulmano. Entre as prin- cipais iniciativas, destacamos: • o emprego do Árabe como linguagem administrativa nos territórios bizantinos que haviam sido conquistados; • a cunhagem de moedas com textos básicos do Corão e a condenação do uso de imagens de mártires e santos nas moedas; • o desenvolvimento de uma arquitetura que, como ocorria no cristianismo, materializasse os fundamentos religiosos do Islã. Esses elementos passaram a exercer forte influência sobre os territórios conquistados. Mesmo sem destituir a autoridade im- perial em Bizâncio, eles conseguiram afetar uma prática corrente no cristianismo oriental: o culto às imagens. Segundo Angold (2002), o desenvolvimento do iconoclasmo (condenação do culto às imagens) em território bizantino pode- 165© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média ria ser uma reação à crítica muçulmana feita pelo califa Omar II ao então imperador Leão III. Apesar de o imperador inicialmente rejeitá-la, acabou compactuando com ela: em 730, baixou um de- creto imperial contra as imagens. O que seria isso? Um sinal da influência político-cultural do Islã? É o que veremos a seguir. 6. A LUTA PELAS IMAGENS: O DISTANCIAMENTO EN- TRE BIZÂNCIO E O OCIDENTE A historiografia, quando trata da questão do iconoclasmo bi- zantino, reconhece-o como prática recorrente a partir do governo de Leão III (717-741). Mas o debate em torno das origens e do caráter dessa iconoclastia ainda não cessou. O próprio historiador Michel Angold (2002, p. 69) faz refe- rência ao paradoxo presente na política imperial de Leão III, le- vantando a hipótese de que "nem sequer é certo que o Imperador se considerasse um iconoclasta, embora seus adversários, sem a menor dúvida, assim o faziam". Diante dessa afirmação, você deve ter ficado em dúvida: como foi possível que Leão adotasse uma prática de combate às imagens, nada corrente entre seus antecessores, se ele mesmo não se considerava iconoclasta? Há algumas hipóteses que justificam sua ação. A primeira, defendida pelo próprio Angold (2002, p. 70), afirma que os bizan- tinos eram sensíveis às críticas muçulmanas e que "por trás do iconoclasmo, via-se um reconhecimento do esmagador sucesso islâmico". Outra hipótese, um pouco mais reconhecida, afirma que um dos motivos para Leão III (e, mais tarde, Constantino V) impulsionar a iconoclastia foi a busca pelo fortalecimento da autoridade mo- ral que sustentava a Igreja e os monges no Oriente (TREADGOLD, 2001). © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 166 Como um herdeiro da tradição do Império universal de Jus- tiniano I, Leão III tinha um alto conceito do cargo imperial e de suas atribuições. Colocando-se como sacerdote e imperador, ele acreditava que lhe cabia a função de deliberar não apenas sobre os assuntos terrenos, mas também sobre as questões “divinas”. Frente a isso, era legítimo interferir nas deliberações do pa- triarca por meio de concílios imperiais, principalmente quando ha- via questões que influíam diretamente na ordem interna e na po- lítica externa do Império. “Patriarca" era a denominação dada ao servidor da Igreja responsável por cada região do Império. Como relatou o patriarca Germano I, havia uma considerável agitação contra imagens de santos por parte daqueles que estavam na fren- te de batalha contra os árabes. Os próprios soldados bizantinos atacavam as imagens, demonstrando sua insatisfação com aqueles ícones que haviam deixado de protegê-los das investidas bélicas muçulmanas. De certa forma, as vitórias muçulmanas no território da Ásia Menor despertavam entre os bizantinos algumas dúvidas: qual era a vontade de Deus, e quais eram os motivos que O levaram a que- rer puni-los. O culto às imagens passou a ser encarado por alguns como uma idolatria que deveria ser combatida, por ser considera- da uma prática herege. Entretanto, para a maioria dos cristãosbizantinos, os ícones (imagens e símbolos cristãos) eram meios úteis para chegar a Cris- to e os santos eram intermediários reais e presentes. Parece provável que, embora sofresse uma pressão islâmica sobre a forma de encarar o culto cristão, o que de fato influiu nas escolhas políticas de Leão III foi o interesse de fazer valer a ideia de um império universal, sustentado pela figura imperial e por sua ligação com Deus. Essa política imperial teve sérias consequências para a re- lação entre o papado e o patriarcado bizantino. A principal delas foi a divisão da Igreja em duas: uma Igreja no Ocidente e outra no Oriente. Mesmo retomando sua unidade disciplinar e litúrgica 167© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média tempos depois (século 9º), as duas frações tenderiam ao estabele- cimento de caminhos doutrinais distintos, que as levariam à rup- tura definitiva em 1054. O comprometimento das boas relações entre Roma e Bizân- cio começou com a imposição de taxas e impostos a territórios papais do sul da Itália por parte do imperador Leão III e agravou-se muito após o decreto "iconoclasta" de 730. Como a oposição em solo bizantino e romano foi imediata, Leão III, para afirmar sua superioridade, mandou perseguir bispos e patriarcas que se colocassem contrários a suas disposições. Além disso, em represália ao papado revoltado, mandou confiscar todos os bens pontificais situados na Sicilia e na Calábria, territórios que naquela época estavam sob domínio bizantino. Até aquele momento, a presença de imagens e ícones do cristianismo era comum, tanto em território romano-latino quanto em terreno grego-bizantino. Como você pode observar na Figura 3, quadros, imagens, relíquias e símbolos ocupavam um lugar legítimo no culto cristão, sendo recursos úteis para a evangelização. Figura 3 Ícone de Cristo de Sta. Catarina Sinai. Fim do século VI. © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 168 Isso fez com que houvesse, dentro do Império, forte oposi- ção do próprio clero (monges e bispos) e do próprio povo na ação de destruição desse acervo simbólico empreendida pelo imperador bizantino. A maioria dos eclesiásticos bizantinos contrários à icono- clastia refugiou-se em Roma ou em episcopados ligados a ela. Esse decreto de Leão III ofendeu profundamente a religiosida- de romana. Além de questionar a tradição corrente de culto aos íco- nes, recusava a autoridade do Papa Gregório, o Grande, que validou o uso da arte religiosa como meio educativo para analfabetos. Em duas de suas cartas ao Bispo Sereno de Marselha, escri- tas respectivamente em 599 e 600, Gregório afirmava: "os quadros são exibidos em igrejas por esse motivo, para que os analfabetos possam ler vendo nas paredes o que não sabem ler nos livros" (ANGOLD, 2002, p. 90). Para seus sucessores romanos e bizantinos, as cartas do Papa Gregório ajudaram a fundamentar toda uma tradição de culto aos ícones, que não poderia ser simplesmente descartada, como que- riam Leão III e seu sucessor Constantino V (imperador bizantino de 741 a 775). Diante disso, a reação do papado romano à controvérsia iconoclasta começou com uma condenação oficial às inovações propostas pelo imperador bizantino no sínodo de 731. Buscaram também apoio de forças laicas, especificamente as francas, no combate às blasfêmias dos imperadores bizantinos. O resultado da disputa culminou no projeto romano de restauração do império, encabeçado por Carlos Magno. Como você deve ter percebido, a busca pela supremacia im- perial em Bizâncio determinou um distanciamento entre as duas partes – oriental e ocidental – que representavam a antiga unidade cultural do Império Romano. Da antiga unidade, restara a ambas o legado cristão. A partir de agora, você irá acompanhar as principais imagens de Bizâncio veiculadas no Ocidente cristão durante a Alta Idade Média. 169© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média 7. O PRESTÍGIO E A RIVALIDADE ENTRE O OCIDENTE E BIZÂNCIO Ao longo da leitura desta unidade, você deve ter percebido que as relações entre Bizâncio e o Ocidente passaram por momen- tos de tensão, especificamente em relação aos debates sobre a ortodoxia cristã. Chamamos de ortodoxia cristã os grupos ou ver- tentes que seguiram os preceitos cristãos sancionados no Primeiro Concílio de Niceia de 325. No entanto, apesar dessa tensão presente, a história das re- lações entre Bizâncio e o Ocidente é marcada por momentos de in- tercâmbio e respeito, que culminaram na divulgação de uma fama prestigiosa por parte de Bizâncio. Mas até quando isso durou? E por que essa conformidade não se manteve? Em sua condição de homens cultos, os bizantinos não ignora- vam seu pertencimento à “romanidade”. Reprodutores da mentali- dade romano-centrista, eles se reconheciam como os herdeiros do Império Romano. Durante algum tempo, precisamente até o início do século 8º, os ocidentais também partilharam essa perspectiva com os bizantinos. Era tão grande o prestígio de Bizâncio que, em 476, o rei ostrogodo Odoacro lhe restituiu as insígnias imperiais. O respeito a Bizâncio era tão grande que em nenhum mo- mento da estruturação dos reinados germânicos no Ocidente se questionou a dignidade única do soberano bizantino. Por isso, na Gália, na Espanha e na Itália os chefes germânicos comemoravam o recebimento das insígnias consulares pelo Imperador do Orien- te. Este foi o caso da dinastia franca, que de Clóvis a Dagoberto se relacionou pacificamente com Bizâncio, chegando a prestar servi- ços ao Império Bizantino. Foi desfrutando dessa legitimidade imperial em solo Ociden- tal que Justiniano invadiu partes do território ostrogodo e, pos- teriormente, lombardo, dominando as cidades e territórios entre Ravena e Roma. © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 170 Mesmo o papado e os bispos ocidentais reconheciam a "po- sição eminente de um imperador que preside os concílios ecumê- nicos e transforma seus cânones em leis do Império" (BALARD, 2002, p. 130), como fez Justiniano II (imperador bizantino que go- vernou entre 685 e 695 e entre 705 e 711). Entretanto, como afir- ma Balard (2002, p. 131): [...] a idéia de uma romanidade cristã englobando Oriente e Oci- dente e unida sob a autoridade do soberano de Constantinopla não resistiu ao choque das invasões – muçulmanas no Oriente e carolín- gias na Itália –, às evoluções culturais divergentes, aos sobressaltos das heresias orientais em face das quais o papa apareceu como o mais importante da ortodoxia do Concílio de Nicéia. Na primeira metade do século 7º, Bizâncio deixa de ser para o Ocidente um po- der tutelar. Essa mudança de perspectiva veio alimentada sobretudo por fatores político-culturais. Em termos culturais, a disputa iconoclas- ta veio coroar o caráter divergente que já marcava a interpretação cristã bizantina. Desde os debates em torno do monofisismo, ver- tente que defendia a fusão das duas naturezas (divina e humana) de Cristo, as disputas em torno da ortodoxia cristã estavam laten- tes. Apenas precisavam de um motivo para eclodir. Esse motivo veio com o Édito Imperial de Leão III em 730. Apesar de Bizâncio viver depois alguns momentos de condenação à iconoclastia, a reaproximação com o Ocidente foi ficando cada vez mais difícil. A emergência do estranhamento político estava relacionada à distinção cultural operada pelos caminhos divergentes seguidos pelo Ocidente e por Bizâncio. Ao mesmo tempo, esse estranha- mento veio alimentar e corroborar a distinção cultural. Segundo Balard (2002), o acontecimento decisivo para o iní- cio das disputas entre eles foi a intervenção carolíngia na Itália. Pepino, o Breve, acolhendoo pedido de socorro do Papa Estevão II, expulsou os lombardos do entorno de Roma e confirmou a su- premacia papal naquele território. 171© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média Nesse contexto, surgiu em Roma a célebre falsificação co- nhecida como "Doação de Constantino", como vimos na Unida- de 4. Para rememorar o tema tratado por este documento, preste atenção às palavras de Balard (2002, p. 131): [...] no momento em que partiu para fundar Constantinopla, Cons- tantino teria transferido ao papa Silvestre todo o poder sobre Roma e a Itália. A idéia essencial do documento é excluir os bizantinos da península e estabelecer os direitos do papa à sua sucessão, fa- zendo do pontífice o receptor das insígnias imperiais, praticamente identificando-o com o imperador. Mas não pense que o desprezo do Ocidente por Bizâncio ter- minou ali. Na realidade, com a coroação imperial de Carlos Magno, as disputas políticas pela herança imperial só haviam começado. Encarada como um ato de rebeldia, essa coroação, no entanto, obedeceu a algumas convenções, tais como o fato de Carlos Mag- no não se intitular Imperator Romanorum (imperador dos roma- nos), como o imperador bizantino, que seguia a tradição romana. Porém, o cuidado de Carlos Magno não se refletiu nas ações de seus sucessores, que negaram ao imperador bizantino o título de imperador dos Romanos, localizando na Igreja-mãe de Roma a fonte do poder imperial. As rivalidades só se acentuaram no decorrer da Baixa Idade Média, a ponto de Constantinopla se tornar foco de uma cruzada no século 12. Mas esses temas nós abordaremos com mais cuidado na disciplina História Medieval II – a Baixa Idade Média. 8. TEXTO COMPLEMENTAR A temática da separação entre Ocidente e Oriente propor- ciona algumas reflexões a respeito do que entendemos por cultura e por elementos culturais particulares. Leia atentamente os frag- mentos a seguir e procure elaborar um texto com suas próprias impressões acerca do que foi exposto. Lembre-se sempre de se © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 172 despojar de opiniões pré-concebidas. Permita-se refletir com base no que está explanado, no que aprendeu no decorrer da disciplina e nas leituras efetuadas durante sua formação. Oriente e Ocidente: Demarcação –––––––––––––––––––––––– Mário B. Sproviero (Prof. Assoc. DLO-FFLCH -USP) Partindo da bipartição entre Oriente e Ocidente que remonta à Pré-história, quando da separação dos povos, línguas e religiões – fenômeno unitário – é ne- cessário demarcá-los para ter clareza quanto a sua abrangência. Não podemos estudar o Oriente, sem saber o que o distingue do Ocidente e sem considerar a existência dos vários Orientes. Conforme o autor René Guénon (1886-1951), crítico do Ocidente moderno, po- de-se perfeitamente falar de uma mentalidade oriental oposta em seu conjunto à mentalidade ocidental mas não se pode falar de uma civilização oriental como se fala de uma civilização ocidental e já que há várias civilizações orientais niti- damente distintas. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Observe que o autor discorre sobre a diversidade cultural no interior de uma mesma cultura. Embora o texto enfatize a plurali- dade cultural oriental, devemos igualmente nos questionar sobre a existência de uma “monocultura” ocidental. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O ponto de partida para caracterizar o Oriente e o Ocidente é geográfico, no entanto tais conceitos geográficos revelam profundo conteúdo cultural. Nesse sentido, e em primeira instância, podemos dizer que o Ocidente é fundamen- talmente a Europa, o Oriente é fundamentalmente a Ásia... Diz-nos o famoso historiador italiano do século passado, Cesare Cantù (1804-1895), que a Ásia é o berço do gênero humano e da civilização, sendo não só a parte mais extensa do mundo como também a mais favorecida pela natureza. As primeiras grandes civilizações nasceram no chamado Crescente Fértil, região que vai desde o Egito até a Mesopotâmia. Nesse caso o Egito, apesar de ser África, tem sua história muito mais entremeada com a dos povos da Ásia do que com os da África, como a Etiópia, inimigo irredutível da ordem egípcia. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A partir do que foi exposto, seria possível aceitar sem ques- tionamentos a explicação geográfica para a separação Ocidente x Oriente? Quando falamos em elementos culturais, é plausível afir- marmos que estes não se entrecruzam? 173© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A palavra oriente vem do latim oriens, ‘o sol nascente’, de orior, orire, ‘surgir, tornar-se visível’, palavra da qual nos vem também ‘origem’. A palavra ocidente nos vem do latim occidens, ‘o sol poente’, de occ-cidere, de op, ‘embaixo etc’, e cadere, ‘cair’. Seríamos induzidos a seguinte analogia: da mesma maneira que o sol nasce no Oriente e morre no Ocidente, assim também a cultura nasce no Oriente e morre no Ocidente. Os termos Europa e Ásia são mais incertos quanto a suas raízes primitivas. A palavra Europa é provavelmente de origem semita, do acádico erebu, ‘entrar, por-se’ (dito do sol), ereb chamshai, ‘por do sol’. Nessa hipótese, Europa que dizer exatamente Ocidente. A palavra ásia, também viria do acádico asu, ‘ir-se, surgir’ (dito do sol), significa, então, exatamente o mesmo que Oriente. Com isso, Ásia e Europa, Oriente e Ocidente, são sinônimos. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– É interessante como o estudo da Filologia pode nos ajudar na compreensão da História. Conhecendo as origens e as os dife- rentes usos dados às palavras, aprofundamos nossas impressões e modificamos o rumo de nossas pesquisas. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Quando se procura caracterizar o que seja uma grande cultura, não se pensa em primeiro lugar num critério valorativo. Uma grande cultura não é necessariamen- te uma cultura superior. É, porém, certamente uma cultura que quer expandir-se, que quer totalizar seu espaço geo-político. Ora, na Europa surgiu um grande sistema cultural que culminou no que chama- mos de cultura ocidental. O que caracteriza a cultura ocidental é ser esta a sínte- se de três culturas: a grega, a romana e a judaica. A esta cultura assimilaram-se e a dinamizaram os povos germânicos. Então, nem a cultura grega, nem a romana e nem a judaica, separadamente, constituem a cultura ocidental. Nesse processo de integração entre essas três culturas, destaca-se, para complicar as coisas, um bloco oriental, o greco-bizantino, em que a componente romana teve um papel secundário, e que assimilou os povos eslavos. O Império Romano do Oriente e o posterior Império Bizantino são por assim dizer o Oriente ocidental, o “Oriente Europeu”, mas não o que chamamos propriamente de Oriente. Poderíamos dizer que suas duas capitais históricas, Roma e Constantinopla, hoje estão represen- tadas por Washington e Moscou. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– “Oriente Ocidental” – “Oriente Europeu”. Esse raciocínio já lhe ocorreu? É importante que façamos essa reflexão. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Paralelamente, na Ásia, em que encontramos uma incrível pluralidade de lín- guas e culturas, surgiram, depois de um longo desenvolvimento histórico, três grandes sistemas culturais – e não um – que foram denominados por sua rela- ção de proximidade com a Europa de: 1. Próximo-Oriente, 2. Oriente-Médio e 3. Extremo-Oriente, e que constituem o que hoje se denomina especificamente de Oriente. O Próximo-Oriente é constituído pela cultura árabe. Nem sempre foi © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 174 assim. Tivemos, no passado, inúmerasculturas nesse mesmo espaço: a cultura suméria, a egípcia, a assiro-babilônica, a persa, a judaica, a grego-romana, a greco-bizantina etc. Hoje temos a volta dos judeus à Palestina, rompendo a anti- go equilíbrio. Temos que assinalar que hoje confunde-se o Próximo-Oriente com o Oriente-Médio, principalmente no Brasil (SPROVIERO, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Essa tripla divisão está clara? Se, nos estudos históricos, afir- mamos que as culturas estabelecem relações complexas, como podemos aceitar a divisão dos “Orientes” sem antes nos questio- narmos sobre o que é particular de uma dada cultura e o que é compartilhado entre várias? 9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Em que momento e por qual motivo Bizâncio se tornou importante para o Império? 2) “Foi por levantar o estandarte do cristianismo que Justiniano se dedicou à instauração da unidade eclesiástica, inexistente desde 484 em virtude do estado de cisma provocado pelo édito imperial de Zenão I. [...] Na busca pela paz da Igreja, Justiniano reabriu o diálogo entre monofisistas e a Igreja romana, por meio da convocação de outro Concílio Geral em Constantinopla (553)”. A autora nos apresenta o grupo dos “monofisistas”. Pesquise sobre eles, aprofundando seus conhecimentos sobre as questões cristológicas, e responda: qual foi a importância dessa questão na relação entre Oriente e Ocidente na Alta Idade Média? 3) Qual foi o papel da questão iconoclasta para a separação entre Ocidente e Oriente? Justifique sua resposta. 4) A relação entre o Ocidente e o Oriente sempre foi de rivalidade? Elabore um quadro sobre o assunto e visualize os diferentes momentos dessa relação. 5) Explique o que foi “a doação de Constantino”. Quem tinha interesse na legi- timação dessa doação? 175© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média 10. CONSIDERAÇÕES Bizâncio teve importância capital no quadro histórico da Alta Idade Média. Manteve viva a lembrança da estrutura imperial ro- mana e da cultura grega, evidenciando uma transculturação inevi- tável em momentos de constituição de novas identidades. Entretanto, sua imagem positiva foi sendo paulatinamente substituída por uma imagem de rivalidade, à medida que os refe- renciais culturais e políticos do Ocidente e do Oriente Cristão se distanciavam. Ideologias contrárias sempre geram rupturas brus- cas e dificultam uma possível reaproximação. Apesar de ambas as partes reclamarem o pertencimento a uma mesma herança greco-romana, ao longo da Alta Idade Média erigiram-se duas sociedades distintas e, ao mesmo tempo, com- plementares. Cabe aos estudiosos medievalistas se debruçar sobre as fontes para analisar com o devido cuidado esse sentimento de pertencimento a uma mesma cultura concomitante ao sentimento de pertencerem a universos culturais distintos. Vamos, enfim, chegando ao final do estudo de nossa disci- plina. Ao longo de nossos trabalhos em História Medieval I, que contemplaram o período conhecido como Alta Idade Média, você deparou-se com inúmeros temas importantes para a construção de seu conhecimento, que possibilitaram uma visão mais positiva sobre a Idade Média. Na tentativa de desmistificar esse momento histórico tão rico em termos de conceitos, hábitos e costumes, procuramos en- fatizar nos debates e nos documentos selecionados aquilo que tor- nou a Alta Idade Média um período singular e fundamental para a formação da cultura ocidental. Com esse propósito, iniciamos nossos estudos justamente apresentando a construção histórica do medium tempus e os vá- rios preconceitos que subsistem entre nós a respeito desse perío- do. © História Medieval I Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 176 Seguimos com uma abordagem sobre as características da época conhecida como Antiguidade Tardia, que, de acordo com os autores citados na Unidade 2, foi importante na gestação da ideia de ortodoxia cristã. Passamos pelo debate de temas clássicos como a "queda do Império Romano”, as “invasões bárbaras” e o “Império Carolíngio”, preocupados sempre em renovar antigas ideias que poderiam nos distanciar ainda mais do homem daquele período. Além disso, trouxemos à tona a experiência artístico-cultural da Alta Idade Média, especificamente aquilo que se convencionou chamar de "Renascimento Carolíngio”. Por fim, apresentamos um pouco da história oriental da Ida- de Média, analisando a formação do Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino. Foram vários temas, muitas referências historiográficas e di- versos documentos que trataram a Idade Média como uma cons- trução historiográfica erigida a partir de muitas leituras e críticas. Por isso, é importante salientar que, em sua condição de construção historiográfica, o estudo da Idade Média serviu aos mais diversos fins políticos e sociais. Esperamos ao menos ter aju- dado você a identificar os usos e os “abusos” sofridos pelos concei- tos concernentes ao período medieval. Desprovidos desses preconceitos, talvez consigamos desfru- tar do encanto da Idade Média sem nos perdermos em seu fascí- nio! 11. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Mapa da evolução do Império Bizantino sob o governo de Justiniano I. Disponível em: <http://www.igm.mat.br/homepage/joao_afonso/J.A/figuras_inhumas/imp._ bizantino.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2008. 177© Bizâncio: A Relação entre o Oriente e o Ocidente na Idade Média Figura 2 Mapa da expansão Islâmica entre o século VII e VIII. Disponível em: <http:// www.ecunico.com.br/eisohomem/daniel/bizantino_islamico.jpg >. Acesso em: 20 fev. 2008. Figura 3 Ícone de Cristo de Sta. Catarina Sinai. Fim do século VI. Disponível em: <http:// www.starnews2001.com.br/bizantino/sinaichrist.jpg>. Acesso em: 23 fev. 2008. Sites pesquisados SPROVIERO, M. B. Oriente e Ocidente: demarcação. Disponível em: <http://www. hottopos.com/mirand4/orientee.htm>. Acesso em: 25 de maio 2010. TURSI, É. De Alexandre Magno à invasão árabe. Disponível em: <http://educacao.uol. com.br/historia/persia-e-imperio-helenistico-de-alexandre-magno-a-invasao-arabe. jhtm>. Acesso em: 22 fev. 2011. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGOLD, M. B. A ponte da Antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. BALARD, M. Bizâncio visto do Ocidente. In: LE GOFF, J.; SCHIMITT, J. (Coord.). Dicionário temático do Ocidente medieval. São Paulo. Edusc: Imprensa Oficial São Paulo, 2002, v. 1. _______; DUCELLIER, A. Bizâncio e o Ocidente. In: LE GOFF, J.; SCHIMITT, J. (Coord.). Dicionário temático do Ocidente medieval. São Paulo. Edusc: Imprensa Oficial São Paulo, 2002, v. 1. GRABAR, A. L’iconoclasme byzantin: Le dossier archéologique. Paris: Flammarion, 1984. TREADGOLD, W. T. Breve história de Bizâncio. Barcelona: Paidos, 2001. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Compartilhar