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Técnicas de interpretação visual de imagens

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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 30, pp. 30 - 43, 2011
TÉCNICAS DE INTERPRETAÇÃO VISUAL DE IMAGENS
Resumo
 Hoje, as imagens de satélite e fotografias aéreas fazem parte do cotidiano. Elas estão em todas as 
mídias. Isso vem favorecendo o treinamento do leitor a ver a paisagem de uma maneira diferente, 
do alto e, assim, aumentar seu campo de visão. A observação das paisagens realiza-se de diferentes 
formas e cada uma favorece a identificação e a interpretação de objetos ou fenômenos. As técnicas de 
interpretação visual de imagens são amplamente utilizadas nos estudos sobre as paisagens. Elas exigem, 
porém, treinamento do usuário. Este artigo apresenta um roteiro metodológico que contém critérios 
bem definidos e adaptados para a interpretação visual tanto de fotografias aéreas quanto de imagens 
de satélite e uma proposta de exercício didático aplicada ao ensino da Geografia. 
Palavras-chave: metodologia, interpretação visual, fotointerpretação, fotografia aérea, imagem de 
satélite
TECHNIQUES OF VISUAL IMAGE INTERPRETATION
Abstract
 Currently, imagery and aerial photograph are frequently used. They are in all medias, what it comes 
favoring the training of the user to see the landscape in a different way, highly and to increase its field of 
vision. The observation of the landscapes if makes of different ways and each one favors the identification 
and the interpretation of distinct objects or phenomena. The techniques of visual image interpretation 
are used in some landscapes studies. However, they need training of the user. This paper presents a 
methodology for the visual image interpretation.
Keywords: methodology, techniques, visual interpretation, aerial photograph, imagery
Introdução
As técnicas de interpretação visual 
de imagens de satélite ou de fotointerpretação 
fazem parte do sistema de análise de dados em 
sensoriamento remoto (Novo, 1995, p. 6). Essa 
análise pode ser desenvolvida por diferentes 
técnicas, entre as quais, a fotointerpretação a 
e fotogrametria. A primeira é a identificação 
e a determinação de objetos por meio de 
fotografias, produzindo informações qualitativas. 
Já a fotogrametria obtém medidas precisas de 
objetos, extraindo das fotografias informações 
geométricas e quantitativas. Essas técnicas são 
meios de apreensão e de estudo da paisagem e 
são aplicadas em diferentes temáticas.
No início da década de 80, em 
um dos primeiros textos publicados no Brasil 
sobre a fotointerpretação, Cruz (1981, p. 1) 
destacava a aplicação do sensoriamento remoto 
Andrea de Castro Panizza*
 Fernanda Padovesi Fonseca**
*doutorado e mestrado em Geografia (Universidade de São Paulo, 2004, e Universidade de Rennes, França, 1998); pesquisadora associada do Museum 
National d’Histoire Naturelle (França).email: andreacpanizza@gmail.com
**Professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo. email: ferpado@gmail.com
Técnicas de interpretação visual de imagens pp. 30 - 43 31 
no levantamento dos recursos naturais, pois a 
intensa demanda e a degradação dos mesmos, 
nas escalas local, regional e global conduziam a 
necessidade de planejamento em direção ao uso 
sustentável. Ressaltava também a importância 
do sensoriamento remoto em estudos espaciais, 
no inventário, exaustivo ou não, dos objetos 
presentes na paisagem, como também em estudos 
temporais, o que possibilita a comparação do 
objeto estudado em momentos diferentes (tempo 
0, tempo 1, tempo 2, etc.). Passadas algumas 
décadas, tais aplicações continuam na ordem 
do dia. A elas acrescentamos as aplicações do 
sensoriamento remoto nas áreas urbanas e 
densamente antropizadas. Os trágicos episódios 
de inundações e deslizamentos observados em 
cada estação chuvosa comprovam a extrema 
urgência na delimitação, e posterior aplicação pelo 
poder público, das áreas de risco. Tais estudos 
são realizados em grande parte com o auxílio do 
sensoriamento remoto, além de outras técnicas 
complementares (levantamento de campo, modelo 
digital de terreno, cartografia, SIG, etc.). 
Na história do sensoriamento remoto, 
dois períodos são bem distintos. O primeiro 
(entre os anos 1860 a 1960) baseia-se no uso 
das fotografias aéreas, sendo o primeiro registro 
efetuado a partir de um balão. Tal técnica foi 
reproduzida e, sobretudo, melhorada durante os 
períodos de guerra. Em 1960, os satélites tripulados 
forneceram as primeiras fotografias orbitais da 
Terra. Em seguida, o satélite meteorológico da 
série TIROS inicia os registros sistemáticos de 
imagens da superfície terrestre (Florenzano, 2002, 
p. 10). Tais eventos marcam o começo do segundo 
período do desenvolvimento do sensoriamento 
remoto, caracterizado pela produção de grande 
variedade de imagens, registradas por sensores 
aerotransportados e orbitais.
Hoje, as imagens de satélite, ainda 
mais que as fotografias aéreas, fazem parte do 
nosso cotidiano. Elas estão em todas as mídias, 
nos jornais, impresso e televisivo, na internet, 
no telefone celular, etc. Esta ampla difusão 
vem treinando o leitor a ver a paisagem de 
uma maneira diferente, do alto, e aumentado, 
consideravelmente, seu campo de visão. 
Neste a r t i go, p r ime i ramente 
analisamos as diferentes formas de apreensão 
da paisagem, pois elas são fundamentais na 
identificação e interpretação dos objetos ou 
fenômenos observados. Em seguida, apresentamos 
exemplos de fotografias aéreas e de imagens 
de satélite de alta resolução que podem ser 
utilizadas na interpretação visual. Com o objetivo 
de minimizar a subjetividade na interpretação 
visual, desenvolvemos um roteiro metodológico 
que abrange diferentes critérios. Por último, para 
tornar esse procedimento útil na Geografia escolar 
apresentamos uma proposta de exercício didático 
aplicada ao ensino fundamental. 
Para apreender a paisagem: 
formas e imagens
Habitualmente definimos a paisagem 
como sendo tudo aquilo que o olhar alcança. 
Aparece implícito nessa definição a existência de 
um observador e de um ponto de vista. Existem 
várias formas de apreensão da paisagem e em cada 
uma delas desvendamos elementos distintos. São, 
portanto, formas complementares de observação 
e todas são de grande interesse para o estudo da 
paisagem. 
As formas de apreensão
A posição do observador ou daquele 
que tira a fotografia vai determinar a forma de 
apreensão da paisagem. São elas:
a) Frontal: apreensão horizontal 
assemelha-se aquela dos quadros e também da 
visão do observador no solo;
b) Panorâmica: apreensão oblíqua, 
como a dos mirantes que proporcionam a visão do 
observador localizado num nível mais alto àquele 
da paisagem observada;
c) Voo de pássaro: apreensão por 
meio de uma visão vertical, semelhante àquela 
observada de um avião;
d) Cinemática: apreensão da 
paisagem em “movimento”. Permite a detecção 
de eventuais transformações ocorridas em lapsos 
de tempo. 
Essas diferentes formas de apreensão 
da paisagem estão ilustradas na figura 1. Um 
conhecimento monumento histórico foi fotografado 
32 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, 30, 2011 PANIZZA, A. C.; FONSECA, F. P.
de frente, no mesmo nível dos carros e pedestres 
(figura 1a). Essa é a forma de visão do nosso 
cotidiano. Em 1b, temos a cidade do Rio de 
Janeiro vista do mirante do morro do Corcovado 
(710 metros de altitude). Nesta fotografia, a visão 
oblíqua permite um maior campo de observação 
(ao fundo, o Pão de Açúcar e a praia de Niterói 
entre os promontórios). Em seguida, a visão 
vertical apresenta uma forma de apreensão da 
paisagem incomum, porém de grande interesse 
para a Geografia. Em 1c, vemos três parcelas 
agrícolas (duas com plantação de milho em 
diferentes estágios de maturação e um outra com 
solo exposto) recortadaspor uma pequena estrada, 
numa fotografia tirada de um balão. Finalmente, 
em d1 e d2 vemos a mesma paisagem retratada em 
dois momentos diferentes: maré alta e maré baixa. 
Figura 1: Formas de apreensão da paisagem.
Técnicas de interpretação visual de imagens pp. 30 - 43 33 
A escolha da fotografia ou imagem 
usada no estudo da paisagem é fundamental e 
vai interferir no tipo de informação produzida. Ela 
deve levar em conta o objeto estudado, a escala 
geográfica e os tipos de imagens disponíveis.
As imagens
Entre outros parâmetros, a altitude do 
sensor que registra as imagens define o nível de 
aquisição de dados, são eles: 1) nível do campo 
ou de laboratório; 2) nível de aeronave; 3) nível 
orbital. Quando passamos de um nível ao outro, 
modificamos as dimensões da área observada 
(Novo, 1995, p. 95). O primeiro nível, do trabalho 
de campo, nos conduz a apreensão frontal da 
paisagem, e pelas limitações nos deslocamentos 
(a pé, de carro, etc.) a área observada é sempre 
reduzida. Os outros dois níveis ganham em 
altitude, dai a necessidade de aviões ou de 
satélites. Neles a apreensão oblíqua ou vertical da 
paisagem aumenta a dimensão da área observada. 
Por isso, chamamos de sensoriamento remoto 
aerotransportado, aquele em que o sensor é 
transportado em aviões, e sensoriamento remoto 
orbital, aquele em que o sensor é carregado por 
satélites em orbita ao redor da Terra. 
N o s e n s o r i a m e n t o r e m o t o 
aerotransportado, os aviões transportam sensores 
imageadores compostos por sistemas de varredura 
(scanners) e fotográficos. Os scanners produzem 
as imagens CASI (Compact Airborne Spectrographic 
Imager) e LIDAR (Light Detection and Ranging). 
As primeiras aplicam-se aos estudos ambientais 
que exigem alta resolução espacial e espectral. 
Já o LIDAR é um sensor a laser, portanto ativo, 
que gera dados de altitude dos objetos presentes 
na superfície terrestre (Loch, 2006, p. 55-57). 
Os sistemas fotográficos produzem as fotografias 
aéreas analógicas e digitais, tanto no pancromático 
(comprimento de onda que abrange a parte do 
visível do espectro eletromagnético), quanto 
no multi-espectral (comprimentos de onda que 
abrangem as partes do visível e do infravermelho 
do espectro eletromagnético) (Luchiari et al., 
2005). 
Ambos s istemas foram sendo 
aperfeiçoados com os avanços tecnológicos, 
mas ainda permanecem complexos e caros. Os 
aerotransportados necessitam de condições ótimas 
para serem colocados em atividade, mas permitem 
o registro de fotografias aéreas de determinadas 
áreas sob encomenda. Em alguns sistemas orbitais, 
o imageamento sob encomenda também é possível 
(Spot), além do recobrimento das imagens permitir 
a estereoscopia (IKONOS, QuickBird). 
As fotografias aéreas
Mesmo sendo ainda muito utilizadas, 
as fotografias aéreas apresentam alguns 
inconvenientes que hoje estão superados nas 
imagens de satélite. A aquisição das fotografias 
aéreas demanda uma cuidadosa programação de 
voo, ótimas condições meteorológicas, horário 
adequado (pois, a posição do sol interfere na 
projeção das sombras e dos reflexos), velocidade 
constante do avião e estabilidade durante o voo. 
Os filmes, suportes para as fotografias aéreas 
analógicas, também são importantes elementos 
de qualidade. 
Para fotografar uma área, o avião 
voa em determinada direção (linha de voo), 
retornando, em seguida, na direção contrária e 
assim avançando em linhas paralelas e espaçadas, 
numa sequência de faixas com recobrimento 
de 30%. As fotografias devem apresentar um 
recobrimento maior, de 60% (Cruz, 1981, p. 6). 
Os recobrimentos garantem a superposição das 
fotografias aéreas, permitindo ao usuário obter a 
visão estereoscópica. 
O interesse da visão estereoscópica 
está na capacidade de enxergar em três dimensões, 
ou seja, de perceber a profundidade. Seu princípio 
é simples e baseia-se na visão binocular. Cada 
olho observa um mesmo objeto que aparece 
em duas fotografias aéreas sucessivas (par 
estereoscópico) registradas em ângulos diferentes, 
já que: a) o avião estava em deslocamento no 
momento do registro da fotografia; b) existe uma 
superposição entre as fotografias. As imagens 
geradas pelo olho esquerdo e pelo olho direito são 
processadas pelo cérebro nos dando uma noção 
de profundidade. Para tanto, necessitamos de um 
instrumento chamado estereoscópio. Trata-se de 
uma armação de metal suportando um par de 
lentes “que direcionam uma das imagens do par 
estereoscópico para o olho direito e a outra para 
34 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, 30, 2011 PANIZZA, A. C.; FONSECA, F. P.
o olho esquerdo, permitindo visualizar a imagem 
de forma tridimensional” (Siscoutto et al., 2004). 
Muito utilizada na identificação de formas de relevo, 
a estereoscopia exige, entretanto, treinamento do 
usuário. 
A figura 2 apresenta um exemplo de 
fotografia aérea analógica que retrata parte da 
área rural em Santa Rita do Passa Quatro (SP). 
Na parte superior da fotografia observamos as 
informações marginais, tais como: altitude, hora, 
data, coordenadas geográficas, escala, número 
da faixa e da fotografia, etc. O número da faixa 
e da fotografia são essenciais na constituição 
do foto-índice, que tem por função localizar 
geograficamente a sequência das fotografias (Cruz, 
1981, p. 8). 
Ainda nesta fotografia aérea (figura 
2) identificamos várias formas de tamanhos e 
tonalidades distintas que apresentam texturas 
diferentes: ora lisa, ora rugosa. Os tons de verde 
indicam diferentes tipos de cobertura vegetal, e os 
tons de bege representam áreas de solo exposto. 
Também observamos estruturas paralelas, 
quadriculadas e reticuladas que representam as 
estradas e os limites entre parcelas agrícolas.
Figura 2: Área rural em Santa Rita do Passa Quatro (SP), em junho de 
2006.
Fonte: Base. Escala 1:30.000 na fotografia original.
Técnicas de interpretação visual de imagens pp. 30 - 43 35 
As empresas especializadas em 
aerolevantamento oferecem vários tipos de 
fotografias aéreas, inclusive as ortofotos. Essas 
já possuem uma correção geométrica, isto é, 
os objetos identificados na imagem apresentam 
posições retificadas por complexos cálculos 
matemáticos, o que permite efetuar medidas 
de áreas, distâncias e ângulos. Elas possuem 
precisões semelhantes as dos mapas vetoriais e 
são muito utilizadas nos SIG.
Atualmente, as fotografias aéreas 
analógicas estão sendo gradualmente substituídas 
pelas imagens digitais, entre as quais, as imagens 
de satélite de alta resolução.
As imagens de satélite de alta 
resolução
Hoje em dia, elas são extremamente 
difundidas, sobretudo na internet. O Google 
Earth revolucionou nossa maneira de observar 
as paisagens, além de familiarizar o usuário às 
imagens de satélite. Nessa ferramenta, o voo 
de pássaro possibilita, com alguns comandos, 
ver paisagens do mundo inteiro. Recentemente, 
as imagens de alta resolução espacial foram 
integradas neste imenso mosaico, possibilitando 
observações mais detalhadas. Na ausência de 
recursos financeiros para adquirir fotografias 
aéreas ou imagens de satélite, podemos trabalhar 
com as existentes no Google Earth.
Como o próprio nome diz, a principal 
característica da imagem de alta resolução é a sua 
resolução espacial, que permite a identificação de 
objetos de tamanho reduzido: 1,0 metro ou menos 
para os sensores que captam os comprimentos 
de onda no pancromático; até 4,0 metros para 
os sensores multi-espectrais. Outra característica 
importante das imagens, e rara nas fotografias 
aéreas, é a reduzida periodicidade (período de 
revisita) em que o satélite recobre a mesma área 
dasuperfície terrestre (quadro 1).
Quadro 1: Características das principais imagens de alta resolução.
*PAN abreviação para pancromático e MS para multi-espectral. Fonte: Embrapa Monitoramento por 
Satélite, disponível em: http://www.sat.cnpm.embrapa.br/ conteudo/geoeye.htm;http://www.sat.
cnpm.embrapa.br/conteudo/ikonos.htm; http://www.sat.cnpm.embrapa.br/conteudo/quickbird.htm. 
Acesso 15 de junho de 2010.
Em uma imagem de 0,5 metro de 
resolução espacial do Parque do Ibirapuera em 
São Paulo (figura 3) é possível identificar e mesmo 
quantificar muitos objetos, tais como: prédios, 
casas, carros no estacionamento, ruas, faixas 
das avenidas, piscinas dos conjuntos esportivos, 
monumentos, quarteirões, lagos, árvores isoladas, 
cobertura vegetal, etc. 
As técnicas de interpretação visual 
podem ser usadas tanto nas fotografias aéreas 
quanto nas imagens de satélite. Elas se aplicam na 
arqueologia (identificação de sítios arqueológicos), 
na hidrologia (identificação da alteração na cor e no 
volume da água dos rios, reservatórios e outros; 
mapeamento de superfícies líquidas; correlação de 
medidas pontuais com propriedades espectrais da 
água; etc.), na geologia (mapeamento geológico; 
pesquisa mineral), na agricultura (identificação 
e levantamento de solos; mapeamento e 
monitoramento de culturas; etc.) e também 
na geografia (identificação e monitoramento 
da cobertura e do uso da terra, de processos 
geomorfológicos, dos recursos naturais, da 
expansão urbana, etc.) (Novo, 1995, p. 266-293). 
As etapas da interpretação visual de imagens, 
da determinação a interpretação dos objetos e 
fenômenos demandam o uso do raciocínio lógico 
e de elementos de análise bem definidos.
Satélite País A n o 
lançamento
Período de 
revisita
Instrumentos 
sensores
Resolução 
espacial
GeoEye 1 E.U.A. 2008 3 dias PAN* 0,41 m
MS* 1,6 m
QuickBird 2 E.U.A. 2001 3,5 dias PAN* 0,61 m
MS* 2,4 m
IKONOS 2 E.U.A. 1999 3 dias PAN* 1,0 m
MS* 4,0 m
36 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, 30, 2011 PANIZZA, A. C.; FONSECA, F. P.
Figura 3: Imagem do satélite GeoEye 1 do Parque do Ibirapuera, São Paulo, 21/05/2009.
Fonte: Google Earth, escala aproximada 1:10.000. Acesso: 10 de junho de 2010.
Roteiro metodológico
A interpretação de fotografias ou 
imagens é um processo pelo qual “informações 
são obtidas por técnicas de observação, 
desenvolvimentos lógicos e acurados, chegando a 
conclusões” (Cruz, 1981, p. 8). Para tanto, fazemos 
associações dos objetos por dedução (do geral 
para o particular), por indução (do particular para 
o geral) e por analogia. 
Sabemos que numa pr imei ra 
observação olhamos, indiscriminadamente, o 
conjunto da imagem como um todo. Depois, esse 
todo é “decomposto analiticamente num processo 
de identificação do objeto em relação a uma dada 
categoria”. Neste momento, relacionamos as 
propriedades do objeto com seu entorno (Novo, 
1995, p. 251). 
Só então reunimos elementos de 
análise suficientes que permitem elaborar questões 
que devem ser respondidas ao longo do estudo. 
Elas auxiliam na hierarquização dos dados e 
no passo a passo em direção aos objetivos 
estabelecidos a priori. Geralmente, começamos 
por questões simples, como a localização e 
a distribuição dos objetos, até atingirmos 
questionamentos de maior complexidade, da 
ordem dos mecanismos explicativos que exigem 
informações complementares para sua análise. 
Técnicas de interpretação visual de imagens pp. 30 - 43 37 
A título de exemplo, listamos algumas questões 
desse procedimento:
1.	 Quais são as principais categorias de objetos 
presentes na paisagem? (chamamos de categorias 
de objetos aqueles classificados em grandes 
unidades temáticas).
2.	 Dos objetos presentes na paisagem, quais são 
os mais significativos para o estudo?
3.	 Qual é a localização e a distribuição desses 
objetos?
4.	 Os objetos identificados possuem tonalidades 
e texturas distintas?
5.	 A organização dos objetos observados denota 
estruturas diferentes?
6.	 Quais seriam os elementos explicativos para a 
localização das estruturas espaciais identificadas?
7.	 Qual legenda representa as estruturas espaciais 
identificadas? 
8.	 Quais seriam os mecanismos explicativos de 
tais estruturas espaciais?
Neste processo, correlações entre o 
que se observa nas imagens e a realidade são 
necessárias, sendo os reconhecimentos de campo 
essenciais no processo de validação dos objetos 
identificados. O vai e vem entre a realidade do 
terreno (trabalho de campo) e as fotografias ou 
imagens pode se mostrar fundamental em várias 
etapas da interpretação visual. 
Chamaremos estas etapas de 
identificação, determinação e interpretação 
(Bariou, 1978).
As três etapas: Identificação, 
determinação e interpretação
A in terpretação v i sua l ex ige 
treinamento. Por isso, transpor passo a passo cada 
uma das etapas leva o usuário a se familiarizar 
com os critérios de observação e diminuir o caráter 
subjetivo da interpretação. 
A p r ime i ra e t apa , chamada 
identificação (ou foto-identificação), representa 
uma simples leitura da imagem. Neste momento, 
o usuário realiza, quase que intuitivamente, uma 
correlação entre o objeto observado e outro 
conhecido. Na segunda etapa, da determinação 
ou a foto-determinação, o usuário desenvolve 
processos mentais (dedutivos ou indutivos), 
mesmo que a imagem revele somente uma visão 
parcial do objeto, a copa de uma árvore ou o 
telhado de uma casa. Finalmente, na interpretação 
(ou fotointerpretação), o usuário cria correlações 
entre os elementos determinados na imagem e 
elabora hipóteses interpretativas. Por exemplo, 
uma lâmina de água observada num terreno plano 
pode indicar a existência de solo impermeável 
(Bariou, 1978, p. 43). 
Os critérios usados na identificação e 
determinação de um objeto são:
1.	 Forma: geometria do objeto;
2.	 Tamanho: critério que varia 
conforme a escala da fotografia aérea ou a 
resolução espacial da imagem;
3.	 Tonalidade: quantidade de energia 
(normalmente a luz solar) refletida por um objeto. 
Obedecendo o princípio da reflectância, um objeto 
que absorve a energia incidente aparece nas 
imagens em tons escuros. O contrário acontece 
com um objeto que reflete a energia que aparece 
em tons claros;
4.	 Localização do objeto na paisagem;
5.	 Textura: lisa ou rugosa, homogênea 
ou heterogênea (ver quadro 2);
6.	 Estrutura: paralela, quadriculada, 
retangular, etc. (ver quadro 3).
A textura e a estrutura serão tratadas 
detalhadamente, pois são critérios mais complexos. 
A textura é o aspecto superficial da menor zona 
individualizável na imagem, nela uma mudança de 
caractere não é perceptível. Tal caractere leva em 
conta a tonalidade, a forma e o tamanho (Bariou, 
1978, p. 45). A textura está intrinsecamente ligada 
a escala. A figura 4 mostra como a variação da 
escala e, por consequência do tamanho, interfere 
na determinação. No exemplo, vemos que a 
determinação do objeto é menos evidente na 
escala 1/10. 
38 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, 30, 2011 PANIZZA, A. C.; FONSECA, F. P.
Figura 4: Caractere textural em diferentes escalas.
Em conjunto, a textura representa 
uma coleção de pontos indistintos, misturados 
e sem organização. Esse critério não revela, 
necessariamente, a estrutura, mas somente o 
aspecto superficial da cobertura. Em uma imagem 
podemos determinar os aspectos da textura 
segundo critérios gerais (textura lisa ou textura 
rugosa) ou específicos (quadro 2). 
O quadro 2 exemplifica os critérios 
de determinação da textura a partir da forma, do 
aspecto e da densidade. Nas colunas do quadro 
estão exemplos de textura homogênea (isto é, 
deigual densidade), variável (ainda em relação 
a densidade), orientada ou heterogênea (nas 
categorias fina, média e grossa). Nas linhas 
declinam-se os aspectos: pontilhado, traçado 
curto, curvado, poligonal, estrelado, anular, oolítico 
e granuloso (Cazabat, C., 1969 apud Pinchemel; 
Pinchemel, 1988, p. 359). Essa ampla gama de 
texturas é, essencialmente, teórica e virtual tal são 
nítidos seus aspectos. Essa nitidez é dificilmente 
reproduzida no mundo real. No entanto, esses 
aspectos texturais são indicadores que orientam 
a determinação dos objetos. 
A identificação das texturas conduz ao 
estudo da estrutura. A estrutura é a organização 
dos elementos texturais. A figura 5 mostra um 
exemplo de como a combinação de um mesmo 
caractere textural pode gerar estruturas distintas. 
A estrutura reflete a organização da 
imagem, pois o “objeto considerado como unidade, 
coleção ou conjunto possui uma certa estrutura, 
isto é, uma organização própria que corresponde a 
disposição dos elementos que o compõem”. Trata-
se, portanto, de um critério de contexto, isto é, um 
critério que leva em conta a estrutura inserida no 
meio, sendo necessária a observação do entorno 
imediato, da vizinhança. “Os diferentes elementos 
de uma estrutura foram inseridos e organizados 
no espaço sob a influência de diversas forças e em 
diferentes momentos” (Cazabat, C., 1969 apud 
Pinchemel; Pinchemel, 1988, p. 357). 
Ass im como para a tex tura , 
encontramos para as estruturas uma orientação 
teórica que nos auxilia na determinação. O quadro 
3 apresenta algumas estruturas fundamentais, 
tais como: paralela, quadriculada, retangular, 
obliqua, triangular, alveolar, reticulada, angular, 
circular, elíptica, radial, espiral, estrelar, ondulada, 
sinusoidal, etc. (Cazabat, C., 1969 apud Pinchemel; 
Pinchemel, 1988, p. 358).
De posse de todos estes elementos 
de análise, podemos proceder a classificação dos 
objetos determinados nas fases precedentes. 
Iniciamos, assim, a última etapa que é a 
interpretação. 
A partir de uma imagem Ikonos (1 
metro de resolução espacial) da cidade do Rio 
de Janeiro, elaboramos um quadro ilustrativo 
deste processo (quadro 4). Cinco classes foram 
identificadas: vegetação, rocha, mar, praia e área 
construída. Para cada classe, estabelecemos os 
critérios de tonalidade, de textura e de estrutura. 
A legenda indica as cores que são utilizadas na 
elaboração do mapa e as amostras ilustram as 
classes identificadas.
Técnicas de interpretação visual de imagens pp. 30 - 43 39 
Quadro 2: Aspectos de texturas.
40 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, 30, 2011 PANIZZA, A. C.; FONSECA, F. P.
Figura 5: Diferentes estruturas.
Quadro 3: Estruturas fundamentais.
Técnicas de interpretação visual de imagens pp. 30 - 43 41 
Quadro 4: Parâmetros de identificação.
Fonte: Imagem do satélite IKONOS, 3 de março de 2008, 1 metro de resolução 
espacial. Disponível em: http://www.geoeye.com/CorpSite/gallery/detail.
aspx?iid=274&gid=1. Acesso 8 de junho de 2010.
42 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, 30, 2011 PANIZZA, A. C.; FONSECA, F. P.
O quadro 4 é uma síntese do 
processo de identificação e interpretação, útil 
na hierarquização das informações e na escolha 
da legenda. A partir dele podemos iniciar o 
mapeamento. 
Hoje, a elaboração dos mapas é 
auxiliada pelo uso dos computadores, cuja principal 
característica é “o uso de camadas (layers)” que 
organizam os objetos identificados por temas. 
Em cada uma delas podemos visualizar e editar, 
seletivamente, os objetos (Loch, 2006, p. 93). 
Essas “camadas” são também chamadas de planos 
de informação. A figura 6 ilustra as etapas do 
mapeamento a partir da analise visual de imagens 
de satélite de alta resolução. A mesma imagem 
da cidade do Rio de Janeiro (figura 6) foi utilizada 
na etapa de interpretação (figura 6a). As classes 
foram sendo cartografadas, um a um em diferentes 
planos de informação (figura 6b). O mapa final 
exemplificado (figura 6c) apresenta a delimitação 
das classes identificadas. 
Figura 6: Mapeamento.
Técnicas de interpretação visual de imagens pp. 30 - 43 43 
 Exercício didático
Nossa proposta apresenta um exercício 
para alunos do ensino fundamental. Conforme a 
disponibilidade, o professor pode trabalhar com 
uma fotografia aérea que possa ser reproduzida 
e distribuída a grupos de alunos, ou trabalhar no 
computador utilizando imagens do Google Earth, 
como por exemplo a do Parque do Ibirapuera em 
São Paulo, ou qualquer outra, na qual os alunos 
consigam identificar objetos e paisagens familiares 
(o centro da cidade, o bairro da escola, uma praia, 
uma represa, um rio, etc.).
Sugerimos que o professor desenvolva 
uma atividade de identificação e determinação dos 
objetos presentes na paisagem visualizada. Para 
tanto, deve montar um quadro (vide exemplo 
quadro 5) e desenvolver, inicialmente, as duas 
primeiras etapas, com a identificação de objetos 
de fácil reconhecimento (avenidas, bosques, lagos, 
rios, habitações, etc.).
Para as séries mais avançadas, os 
alunos podem chegar a fase de interpretação. 
Nela, o aluno será convidado a fazer associações 
entre os objetos identificados na imagem e os 
tipos de cobertura vegetal, de formas de revelo, 
a localização e o tamanho dos bairros ou cidades, 
efetuando assim uma análise geográfica que passa 
da escala local para a escala regional. 
Determinação Identificação Interpretação
Forma Tonalidade Textura Estrutura Objeto Contexto
linear escura homogênealisa paralela avenida sistema viário
arredondada escura homogênealisa sem lago artificial
á r e a v e r d e 
urbana, parque
retangular clara heterogênearugosa
quadriculada 
e
retangular
casa b a i r r o residencial
Quadro 5: Exemplo de determinação, identificação e interpretação no estudo da paisagem.
 Bibliografia
BARIOU, Robert. Manuel de télédéction. Paris: 
Sodipe, 1978.
CRUZ, Olga. Alguns conhecimentos básicos para a 
fotointerpretação. In: AerofotoGeografia 25. São 
Paulo: IGEOG/USP, 1981.
FLORENZANO, Teresa G. Imagens de satélite para 
estudos ambientais. São Paulo: Oficina de textos, 
2002.
LOCH, Ruth E. N. Cartografia - representação, 
comunicação e visualização de dados espaciais. 
Florianópolis: Editora da UFSC, 2006.
LUCHIARI, Ailton; KAWAKUBO, Fernando S.; 
MORATO, Rúbia G. Aplicações do sensoriamento 
remoto na Geografia. In: VENTURI, L. A.B. (org.). 
Praticando a geografia: técnicas de campo e 
laboratório em geografia e análise ambiental. São 
Paulo: Oficina de textos, 2005, p. 33-54.
NOVO, Evlyn M.L. de M. Sensoriamento remoto 
princípios e aplicações. 2° ed. São Paulo: Edgard 
Blücher, 1995.
PINCHEMEL, Philippe; PINCHEMEL, Geneviève. La 
face de la terra. Paris: Armand Colin, 1988.
SISCOUTTO, Robson A.; SZENBERG, Flávio; TORI, 
Romero; RAPOSO, Alberto B.; CELES, Waldemar; 
GATTASS, Marcelo. Estereoscopia. In KIRNER, C.; 
TORI, R. Realidade Virtual, conceitos e tendências. 
Livro do Pré-Simpósio SVR. São Paulo: Editora 
Mania de Livro. 2004. Disponível em: http://
www.tecgraf.puc-rio.br/publications/artigo_2004_
estereoscopia.pdf. Acesso 10 de junho de 2010.

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