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RESUMO I DE DIREITO DO CONSUMIDOR

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DIREITO DO CONSUMIDOR – RESUMO I
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS – ASPECTOS HISTÓRICOS – DIREITOS BÁSICOS (PRINCIPIOS)
Conforme a doutrina, um dos maiores problemas para o aprendizado e aplicação do Código de Defesa do Consumidor está relacionado no passado, uma vez que a maioria dos estudiosos e operadores do direito não foi educada investigando fenômenos recorrentes na sociedade de consumo. Apesar da Lei 8078/90 ter aplicação no Brasil ainda que de forma atrasada, a maior parte dos estudantes ainda veio sendo formada tendo por base a tradição privatista, inadequada para entendimento das sociedades de massa do século XX.
Deve-se então analisar os pressupostos históricos, ainda que pontuais, para entender o regramento da Lei 8078/90.
Aspectos históricos
O CDC somente foi editado em 11/09/1990. Antes da vigência do CDC aplicava-se às relações consumeristas a Lei Civil, no caso, o Código Civil de 1916. Daí surgiu os primeiros problemas: aplicávamos a lei civil às relações de consumo para resolver os problemas que surgiram, o que acabávamos fazendo de forma equivocada. 
Embora, há muito tempo, no restante do mundo já se apresentavam preocupações na órbita consumerista (há quem fale que preceitos de defesa do consumidor já existiam desde o Código de Hamurabi, aproximadamente, em 1700 a.C , que punia construtores e arquitetos que realizassem trabalhos deficientes; normatizações na Grécia e na Índia, pelo Código de Manu; até mesmo regras inseridas no período colonial brasileiro), movimentos de grande monta iniciaram nos Estados Unidos, por meio da “Consumer League” de 1891, o que acabou se transformando, atualmente, na “Consumer Union”.
Do ponto de vista legal, acredita-se que a Lei Sherman, criada em 1890 (lei anti-truste norte americana), já apresentava a proteção ao consumidor. Todavia, a preocupação efetiva somente veio a acontecer a partir de 1960.
No Brasil, somente pode ser enxergada tal preocupação com a edição do CDC, que embora tardio, apresentou o que há de mais moderno na proteção do consumidor, servindo de inspiração para legislações da Argentina, Paraguai e Uruguai.
Para tanto, para entender melhor a lei de proteção, deve-se entender a sociedade em que vivemos, o que parte da seguinte linha do tempo:
PERÍODO PÓS-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL -> CRESCIMENTO DAS METRÓPOLES -> AUMENTO DE DEMANDA E OFERTA -> STANDARTIZAÇÃO DA PRODUÇÃO -> SOCIEDADE DE MASSA -> PLANEJAMENTO DO CONTRATO DA MESMA FORMA QUE O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO.
Passamos, então, a interpretar as relações jurídicas de consumo e os contratos com base na lei civil, inadequada para tanto e, como isso se deu durante todo o século XX, ainda tem dificuldade em entender o CDC em todos os seus aspectos. Por exemplo, nessa questão contratual, nossa memória privatista pressupõe que, quando vemos o contrato, assistimos ao aforismo que diz pacta sunt servanda, posto que no direito civil essa é uma das características contratuais, com fundamento na autonomia da vontade. Acontece que, justamente, por isso, a lei civil não serve para as relações de consumo.
Aspectos normativos
Sabemos que a leis infraconstitucionais – no nosso caso, em específico, o CDC - deve encontrar suporte na Constituição Federal.
Sob aspectos gerais, a doutrina estabelece como fundamento para proteção ao consumidor a adoção do princípio da dignidade da pessoa humana e da livre iniciativa, prevista no art. 1º, respectivamente, incisos III e IV da CF/88.
A norma constitucional também elenca, propriamente, a proteção e defesa do consumidor, como se verifica, por exemplo, no art. 5º, XXXII e no art. 170, V, que trata da ordem econômica e financeira, da CF. Até mesmo o art. 150, que revela sobre as limitações do poder de tributar apresenta normas de defesa do consumidor.
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
Os sete primeiros artigos estabelecem os direitos básicos do consumidor, também conhecidos como princípios legais, quais sejam:
Dignidade: garantia que ilumina todos os princípios e normas e que então, a ela devem respeito, dentro do sistema constitucional brasileiro.
Proteção à vida, saúde e segurança: previsto no caput do art. 4º, assim como no inciso I do art. 6º, aponta não só o conforto material, resultado do direito de aquisição de produtos e serviços, especialmente os essenciais, mas também o desfrute de prazeres ligados ao lazer.
Proteção e necessidade: uma das questões básicas que justificam a existência da lei, indo até a intervenção do Estado no domínio econômico, é a da necessidade de proteção do consumidor em relação à aquisição de certos produtos e serviços.
Transparência: traduz na obrigação do fornecedor de dar ao consumidor a oportunidade de conhecer os produtos e serviços que são oferecidos e, também, gerará no contrato a obrigação de propiciar-lhe o conhecimento prévio de seu conteúdo.
Harmonia: nasce dos princípios constitucionais da isonomia, da solidariedade e dos princípios gerais da atividade econômica.
Vulnerabilidade: o inciso I do art. 4º reconhece: o consumidor é vulnerável. Esta vulnerabilidade, esta fraqueza decorre de dois aspectos: de ordem técnica (o conhecimento dos meios de produção é monopólio do fornecedor) e de ordem econômica (maior capacidade econômica que o fornecedor possui em relação ao consumidor).
Liberdade de escolha: tem supedâneo no princípio da liberdade de ação e escolha, da CF:88.
Intervenção do Estado: o inciso II do art. 4º autoriza a intervenção do Estado para proteger efetivamente o consumidor, não só visando assegurar-lhe acesso aos produtos e serviços essenciais como para garantir qualidade e adequação dos produtos e serviços.
Boa-fé: havendo harmonização nos interesses dos participantes desta relação jurídica, haverá boa-fé. A boa-fé insculpida no CDC é a objetiva, que subtende-se que as partes possuem o dever de agir conforme parâmetros de honestidade e lealdade, a fim de se estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo (na boa-fé subjetiva há a falsa crença sobre determinada situação pela qual o detentor do direito acredita em sua legitimidade, porque não desconhece a verdadeira situação). A boa-fé objetiva é uma pré-condição abstrata de uma relação ideal (justa). NA EVENTUALIDADE DE LIDE, SEMPRE QUE O MAGISTRADO ENCONTRAR ALGUMA DIFICULDADE PARA ANALISAR O CASO CONCRETO NA VERIFICAÇÃO DE ALGUM TIPO DE ABUSO, DEVE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO ESSA CONDIÇÃO IDEAL APRIORÍSTICA, PELA QUAL AS PARTES DEVERIAM, DESDE LOGO, TER PAUTADO AS SUAS AÇÕES E CONDUTAS, DE FORMA ADEQUADA E JUSTA.
Igualdade nas contratações: (inciso II do art. 6º) fica estabelecido que o fornecedor não pode diferenciar os consumidores entre si. Ele está obrigado a fornecer as mesmas condições a todos os consumidores.
Dever de informar: o fornecedor está obrigado a prestar todas as informações acerca do produto e do serviço, suas características, qualidades, riscos, preços etc., de maneira clara e precisa, não se admitindo falhas ou omissões. A informação passou a ser componente necessário de produto e do serviço, que não podem ser oferecidos no mercado sem ela.
Proteção contra publicidade enganosa ou abusiva: (inciso IV do art. 6º) produção e publicidade não se confundem. Ainda que se saiba que a publicidade representa a produção realizada pelo publicitário, agência etc., sua razão de existir funda-se em algum produto ou serviço que se pretenda mostrar e/ou vender. Dessa maneira, é de ver que publicidade não é produção primária, mas instrumento de apresentação e/ou venda dessa produção.
Proibição de práticas abusivas: a norma do inciso IV do art. 6º proíbe incondicionalmente as práticas e cláusulas abusivas. A idéia de abusividade tem relação com a doutrina do abuso do direito. Abuso do direito é entendido como resultado do excesso de exercício de um direito, capaz de causar dano a outrem, se caracteriza pelo uso irregular e desviante do direito em seu exercício, por parte do titular.
Princípio da conservação (modificação de cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais): (inciso Vdo art. 6º) a instituição do direito à modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais e do direito à revisão de cláusulas em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas tem na sua teleologia o sentido de conservação do pacto.
Prevenção e reparação de danos materiais e morais;
Proibição do tarifamento: o valor da indenização por danos materiais há de ser tal que possibilite a reabilitação integral do dano (emergente ou dos lucros cessantes), de forma que está proibido o tarifamento.
Prevenção: significa que está garantido ao consumidor o direito de ir a juízo requerer medidas cautelares com o pedido de liminar a fim de evitá-lo.
Acesso a justiça: a proteção de acesso aos órgãos administrativos e judiciais para prevenção e garantia de seus direitos enquanto consumidores é ampla o que implica abono e isenção de taxas e custas, nomeação de procuradores para defendê-los, atendimento preferencial etc.
Adequada e eficaz prestação de serviços públicos: o inciso X do art. 6º estabeleceu a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos como decorrência do princípio maior da eficiência previsto na CF.
Responsabilidade solidária: a norma estipulou expressamente e responsabilidade solidária (parágrafo único do art. 7º), em conformidade com a lei substantiva pátria, deixando firmada a obrigação de todos os partícipes pelos danos causados, nos moldes também do Código Civil (art. 942).

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