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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREIRO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE TAGUATINGA –DF 
Autos do Processo nº ... 
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, nos termos da ação que lhe move o Ministério Público, com fulcro no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal (404, parágrafo único, caso haja diligência anterior), oferecer alegações finais por 
MEMORIAIS 
pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor: 
I – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA 
Narrar os fatos de forma resumida, mas com lógica e coerência. 
II. – Das Preliminares e Nulidades: Averiguar se existe alguma tese pertinente. 
III – DO MÉRITO 
III.1 – Da Absolviçao 
Aqui, neste tópico, a primeira coisa a ser feita é Arguir TESE de ABSOLVIÇÃO, conforme art. 386 do Código de Processo Penal!! 
III.2 – Da Desclassificaçao para crime diverso (ver se este novo crime cabe sursis e requerer - (Ver art. 383 e §§ 1º e 2º, do CPP, bem como Súmula 337 do STJ). 
Aqui trabalhamos a tese de desclassificaçao para outro crime menos gravoso, se possível, e observar se esse novo crime cabe sursis. Se couber, requerer. Se não, devemos observar se a denúncia imputa a conduta do caput, e se o crime realmente chegou a se consumar. Se não se consumou, devemos requerer a incidência da tentativa. 
VI.4 –Do Privilégio (Observe-se que todos os crimes abaixo admitem absolviçao pela bagatela, caso os requisitos estejam preenchidos, bem como oferecimento de sursis, bem como privilégio, que é causa de diminuiçao de pena. 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
Apropriação indébita 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. 
Estelionato 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
Fraude no comércio 
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: 
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; 
II - entregando uma mercadoria por outra: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. 
Receptação 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. 
O Privilégio é causa de diminuiçao de pena, podendo determinar a fixaçao de pena abaixo mínimo legal. Não se confunde com insignificancia/bagatela, visto que tal princípio acarreta absolviçao!! 
IV.5 – Das Atenuantes e da Conversao em pena Restritiva de Direito 
A última tese a ser utilizada nesta peça é o pedido de reconhecimento de atenuantes do art. 65 do Código Penal (perceber se existe a possibilidade de pedir o MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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afastamento de alguma causa de aumento ou qualificadora do crime da denúncia – aqui é o momento de suscitar também). As atenuantes possuem o poder de fixar o crime somente ate sua pena base – Súmula 231 do STJ. 
Como consequencia da fixaçao da pena, pedir a aplicaçao da conversao em pena restritiva de direito, nos moldes do art. 44 do Código Penal. 
IV. 6 – VER A POSSIBILIDADE DE AFASTAMENTO DE ALGUMA CAUSA DE AUMENTO OU QUALIFICADORA!! NÃO ESQUECER DE TRABALHAR ESTA TESE. 
V – DOS PEDIDOS 
Por todo o exposto o acusado requer: 
a) Preliminarmente, que seja extinto o feito com resoluçao do mérito, nos termos do art. 107, IV, do Código Penal, tendo em vista que a prescriçao fulminou a pretensão punitiva que incidia sobre o feito, com a absolvição do acusado nos termos do art. 386, VI, do CPP. 
b) Nao extinguindo o feito com resoluçao do mérito nos moldes do pedido acima, pugna a defesa para que seja acatada a nulidade por inépcia da denúncia, a fim de que seja extinto o processo sem julgamento do mérito, nos termos do art. 395, I e 564, IV, ambos do CPP. 
c) Considerando a nulidade (art. 564 – erro no procedimento) que este juízo declare a nulidade da audiência e redesigne novo ato, tendo em vista que a nulidade indicada importa em prejuízo expresso para o acusado; 
d) Subsidiariamente, o réu pugna, no mérito, para que este juizo absolva o acusado nos moldes do art. 386 (mencionar os incisos correspondentes), ante a patente comprovaçao da (citar o motivo); 
d) Não sendo a absolviçao o entendimento acatado, em respeito à eventualidade, que seja remetido o processo ao MP, para oferecimento do Sursis, tendo em vista o preenchimento dos requisitos necessários pelo acusado nos moldes do art. 89 da Lei 9099, nos ditames da Súmula 337 do STJ e art. 383, §1º, do Código de Processo Penal. 
e) Que incida sobre o feito o privilégio especificado no art. (ver qual o crime), visto que o acusado preenche os requisitos necessário para tanto, aplicando este juizo a pena de multa. 
e) Por último, acreditando sinceramente que as teses acima serao abraçadas por este magistrado, requer o réu sejam consideradas na fixaçao da pena as atenuantes do MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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art. 65 (citar os incisos), bem como a determinaçao da pena base do crime com a consequente conversao em restritiva de direito, conforme preconiza o art. 44 do CPB. 
d) Que afaste a qualificadora/causa de aumento, condenando o acusado no caput do art (citar), aplicando a pena no mínimo legal, como medida de lídima justiça. 
Pede Deferimento. 
Local (5 dias!!!!!!) 
Advogado 
OAB 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE TAGUATINGA – DISTRITO FEDERAL 
Processo nº 2012.07.1.003903-8 
MILENA DAIANE MONTEIRO DE OLIVEIRA, já devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe que lhe move o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, por intermédio de seus defensores/advogados do Núcleo de Prática Jurídica do UDF/UPF-Taguatinga, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 403, §3º, do Código de Processo Penal, apresentar alegações finais em forma de 
MEMORIAIS 
pelos motivos de fato e de direito que adiante passará a expor. 
1. DOS FATOS 
Trata-se de Denúncia na qual o Ministério Público atribui à acusada a prática do ilícito tipificado no art. 155, caput, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal. 
Em resumo, conforme se extrai da peça exordial, no dia 07 de fevereiro de 2012, por volta de 15:00h, na QI 13, lotes 1/14, Feirão Popular dos Fabricantes, ala 41, nesta cidade, a acusada, de forma livre e consciente, tentou subtrair, para si, uma bolsa feminina de materialsemelhante a couro, cor cinza, contendo em seu interior documentos pessoais e objetos de higiene pessoal, pertencentes a Ana Camila Reis Pinheiro. 
A acusação apresentou alegações finais postulando pela condenação da acusada nos termos da denúncia. MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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Em que pese a respeitável tese esposada pelo ilustre representante do Ministério Público, não merece prosperar a pretensão acusatória, conforme dispõe a defesa a seguir: 
1 – DO DIREITO 
1.1. Da Absolvição da Acusada – Princípio da Bagatela 
Postula o Ministério Público pela condenação da acusada pelo suposto furto de uma bolsa feminina adquirida pelo valor de R$ 35,00 (trinta e cinco reais), conforme especificado pela própria vítima em seu depoimento (fl. 08). 
De acordo com entendimento reiterado no Supremo, é pacífico que, para incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do bem e os aspectos objetivos do fato – tais como a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão causada. 
Diante da presença cumulativa dos elementos, inexistirá a tipicidade material – capaz de lesar ou colocar em perigo o bem jurídico penalmente tutelado – o que determina o afastamento da conduta criminosa. Equivale à desconsideração típica pela não materialização de um prejuízo efetivo, pela existência de danos de pouquíssima importância. 
A aplicação do princípio da insignificância permite que haja a necessária proporcionalidade da atuação estatal na pretensão punitiva (jus puniendi) em face da lesividade da conduta. Assim, somente será necessária a ação do Poder Público quando a lesão for efetivamente relevante. 
Tal fato se dá porque a sociedade busca uma resposta do Estado, a fim de que seja o agente criminoso compelido a responder por sua conduta lesiva, toda vez que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efeito ou potencial, resguardada, assim, a ideologia punitivista da segurança. O caso dos autos deixa claro que o acusado se enquadra nos requisitos para absolvição pela bagatela, e este Egrégio TJDFT, unido ao entendimento manso e pacífico do Supremo, corrobora tal tese: 
PENAL E PROCESSO PENAL. FURTO SIMPLES DE R$ 30,00. IRRISORIEDADE. AUSÊNCIA DE LESIVIDADE MATERIAL E RELEVÂNCIA PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. ABSOLVIÇÃO. RECURSO PROVIDO. 
1. Demonstrado que o réu furtou da vítima a ínfima quantia de R$ 30,00, esta hipótese está a autorizar a aplicação do princípio da insignificância, porque, embora presente a tipicidade formal, ausente a material. 2. Impõe-se a absolvição do réu quando, evidenciado, no caso concreto, que a ação do agente se adequa aos requisitos legitimadores ao acolhimento da tese do delito de bagatela, eis que MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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mínimo o dano sofrido pela vítima e reduzido o grau de reprovabilidade da conduta. 3. Recurso provido.(20070810023066APR, Relator NILSONI DE FREITAS CUSTÓDIO, 2ª Turma Criminal, julgado em 12/11/2009, DJ 13/01/2010 p. 336) 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO SIMPLES. ARREBATAMENTO DE BOLSA EM VIA PÚBLICA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO SIMPLES. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA. PRISÃO EM FLAGRANTE. AUSENCIA DE PREJUÍZO. PRINCÍPIO DA BAGATELA. VALOR INSIGNIFICANTE DA RES. APLICABILIDADE. PROVIMENTO DO APELO. 
1 O pedido absolutório por insuficiência probatória não resiste ao confronto dos fatos, eis que o réu foi preso em flagrante e reconhecido formalmente pela vítima, minutos depois de ter sofrido o arrebatamento da bolsa, cujo valor, somado ao do seu conteúdo, era mínimo. 2 A subtração de coisa móvel alheia sem o uso de violência ou grave ameaça à pessoa não configura o crime de roubo. O réu pretendeu arrebatar a bolsa de supetão, prevalecendo-se da desprevenção da vítima, que caminhava distraidamente na via pública. Apesar de inesperada e tênue resistência, conseguiu êxito no intento, mas foi preso minutos depois sentado no meio fio e conferindo o conteúdo da bolsa, de parco significado econômico. 3 Aplica-se o princípio da insignificância para absolver o réu, na forma do artigo 386, III, em razão do módico valor da res furtiva e sua restituição integral à vítima, conferindo-se especial relevo ao fato se tratar de agente com trinta e quatro anos de idade que não registra nenhum antecedente na senda do crime. A excepcionalidade da hipótese implica a atipicidade material do fato, atraindo a incidência do princípio bagatelar. 4 Recuso provido para absolver o réu. (20071010001260APR, Relator GEORGE LOPES LEITE, 1ª Turma Criminal, julgado em 16/10/2008, DJ 19/11/2008 p. 161) 
HABEAS CORPUS. PENAL. RÁDIO COMUNITÁRIA. OPERAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO DO PODER PÚBLICO. IMPUTAÇÃO AOS PACIENTES DA PRÁTICA DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 183 DA LEI 9.472/1997. BEM JURÍDICO TUTELADO. LESÃO. INEXPRESSIVIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. CRITÉRIOS OBJETIVOS. EXCEPCIONALIDADE. PRESENÇA. APURAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. I – Consta dos autos que o serviço de radiodifusão utilizado pela emissora é considerado de baixa potência, não tendo, deste modo, capacidade de causar interferência relevante nos demais meios de comunicação. II – Rádio comunitária localizada em pequeno município do interior gaúcho, distante de outras emissoras de rádio e televisão, bem como de aeroportos, o que demonstra que o bem jurídico tutelado pela norma – segurança dos meios de telecomunicações – permaneceu incólume. III - A aplicação do princípio da insignificância deve observar alguns vetores objetivos: (i) conduta minimamente ofensiva do agente; (ii) ausência de risco social da ação; (iii) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e (IV) inexpressividade da lesão jurídica. IV – Critérios que se fazem presentes, excepcionalmente, na espécie, levando ao reconhecimento do denominado crime de bagatela. V – Ordem concedida, sem prejuízo da possível apuração dos fatos atribuídos aos pacientes na esfera administrativa (STJ - HC 104530 / RS - RIO MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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GRANDE DO SUL. Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI. Julgamento: 28/09/2010. Órgão Julgador: Primeira Turma). 
CRIME MILITAR (CPM, ART. 290) - PORTE (OU POSSE) DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE - QUANTIDADE ÍNFIMA - USO PRÓPRIO - DELITO PERPETRADO DENTRO DE ORGANIZAÇÃO MILITAR - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - APLICABILIDADE - IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJA PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - CONSEQÜENTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU ASPECTO MATERIAL - PEDIDO DEFERIDO. - Aplica-se, ao delito castrense de porte (ou posse) de substância entorpecente, desde que em quantidade ínfima e destinada a uso próprio, ainda que cometido no interior de Organização Militar, o princípio da insignificância, que se qualifica como fator de descaracterização material da própria tipicidade penal. Precedentes (HC 97131 / RS - RIO GRANDE DO SUL. Relator(a): Min. CELSO DE MELLO. Julgamento: 10/08/2010. Órgão Julgador: Segunda Turma). 
HABEAS CORPUS. FURTO SIMPLES, NA FORMA TENTADA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. MÍNIMO DESVALOR DA AÇÃO. VALOR ÍNFIMO DAS RES FURTIVAE. IRRELEVÂNCIA DA CONDUTA NA ESPERA PENAL. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE. 
1. A conduta perpetrada pelo Paciente - tentativa de furto na forma simples de res furtiva avaliada em R$ 80,00 - insere-se na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime de bagatela. 
2. Não se descura existir, no caso, tipicidade formal, pois a conduta do Paciente adequa-se ao paradigma abstrato definido na lei. Entretanto, não ocorre, na espécie, a tipicidade material: não houve lesão efetiva e concreta a bem jurídico tutelado pelo ordenamento penal, dado o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente, o mínimo desvalor da ação e a ausência de qualquer conseqüênciadanosa. E a atipia material, segundo doutrina e jurisprudências hodiernas, exclui a própria tipicidade penal (HC 104.070⁄SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, decisão monocrática, Informativo⁄STF n.º 592, v.g.). 
3. Habeas corpus concedido, para absolver o Paciente (art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal). 
(HC 133.520⁄MG, Relatora a Ministra Laurita Vaz, DJe de 25⁄4⁄2011) PENAL. RECURSO ESPECIAL. TENTATIVA DE FURTO. ESTABELECIMENTO COMERCIAL VIGIADO. CRIME IMPOSSÍVEL. NÃO-CARACTERIZAÇÃO. 
RECONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. RECURSO PROVIDO. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. 
1. O sistema de vigilância eletrônica instalado em estabelecimento comercial ou a existência de vigias, a despeito de dificultar a prática de furtos no seu interior, não é capaz de impedir, por si só, a ocorrência do fato delituoso, não autorizando o reconhecimento do crime impossível (REsp 1.109.970⁄SP, Rel. Min. PAULO GALLOTTI, DJ 17⁄6⁄09). 
2. O princípio da insignificância surge como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal que, de acordo com a dogmática moderna, não deve ser considerado apenas em seu aspecto formal, de subsunção do fato à norma, mas, primordialmente, em seu conteúdo material, de cunho valorativo, no sentido da sua efetiva lesividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal, consagrando os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima. 3. A tentativa de furto de cinco ovos de páscoa, no valor de R$ 70,00, embora se amolde à definição jurídica do crime de furto, não ultrapassa MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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o exame da tipicidade material, mostrando-se desproporcional a imposição de pena privativa de liberdade, uma vez que a ofensividade da conduta foi mínima, tendo sido os bens restituídos à vítima. 4. Recurso especial provido para afastar a aplicação do art. 17 do CP. 
5. Habeas corpus concedido de ofício para extinguir a ação penal, em razão do reconhecimento do princípio da insignificância. (REsp 1.171.091⁄MG, Relator o Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJe de 19⁄4⁄2010) 
Ressalte-se, ainda, que, segundo a jurisprudência consolidada no Colendo STJ, bem como no Supremo Tribunal Federal, a existência de condições pessoais desfavoráveis, tais como maus antecedentes, reincidência ou ações penais em curso, não impedem a aplicação do princípio da insignificância. 
A propósito, veja-se os seguintes precedentes: 
HABEAS CORPUS. FURTO TENTADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 1. A intervenção do Direito Penal apenas se justifica quando o bem jurídico tutelado tenha sido exposto a um dano com relevante lesividade. Inocorrência de tipicidade material, mas apenas a formal, quando a conduta não possui relevância jurídica, afastando-se, por consequência, a ingerência da tutela penal, em face do postulado da intervenção mínima. 2. No caso, não há como deixar de reconhecer a mínima ofensividade do comportamento do paciente, que tentou subtrair um botijão de gás, avaliado em R$ 30,00 (trinta reais), sendo de rigor o reconhecimento da atipicidade da conduta. 3. Segundo a jurisprudência consolidada nesta Corte e também no Supremo Tribunal, a existência de condições pessoais desfavoráveis, tais como maus antecedentes, reincidência ou ações penais em curso, não impedem a aplicação do princípio da insignificância. 4. Ordem concedida. 
(HC 148.663⁄RS, de minha relatoria, DJe de 5.4.2010), com destaques; 
HABEAS CORPUS. FURTO TENTADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. MÍNIMO DESVALOR DA AÇÃO. VALOR ÍNFIMO DAS RES FURTIVAE. IRRELEVÂNCIA DA CONDUTA NA ESFERA PENAL. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE. RÉU PORTADOR DE MAUS ANTECEDENTES. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. 
1. A conduta perpetrada pelo Paciente – tentativa de furto de dois pares de óculos escuros e um litro de licor Amarula – insere-se na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime de bagatela. 
2. O furto não lesionou o bem jurídico tutelado pelo ordenamento positivo, excluindo a tipicidade penal, dado o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente, o mínimo desvalor da ação e o fato não ter causado maiores conseqüências danosas. 
3. Conforme iterativa jurisprudência desta Corte Superior, o fato de o Paciente ostentar maus antecedentes não constitui motivação suficiente para impedir a aplicação do Princípio da Insignificância. MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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4. Ordem concedida para cassar o acórdão impugnado e a sentença de primeiro grau, absolvendo o Paciente do crime imputado, por atipicidade da conduta. 
(HC 148.863⁄MG, Relatora Ministra Laurita Vaz, DJe de 22.3.2010), com destaques. 
HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL. INEXPRESSIVA LESÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 1. A intervenção do Direito Penal apenas se justifica quando o bem jurídico tutelado tenha sido exposto a um dano com relevante lesividade. Inocorrência de tipicidade material, mas apenas a formal quando a conduta não possui relevância jurídica, afastando-se, por consequência, a ingerência da tutela penal, em face do postulado da intervenção mínima. É o chamado princípio da insignificância. 2. Reconhece-se a aplicação do referido princípio quando verificadas "(a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada" (HC 84.412⁄SP, Ministro Celso de Mello, Supremo Tribunal Federal, DJ de 19⁄11⁄2004). 3. No caso, não há como deixar de reconhecer a mínima ofensividade do comportamento da paciente, que tentou subtrair de um supermercado uma chupeta, um prendedor de chupeta, duas mamadeiras, um condicionador e dois kits de xampu e condicionador. 
4. Segundo a jurisprudência consolidada nesta Corte e também no Supremo Tribunal Federal, a existência de condições pessoais desfavoráveis, tais como maus antecedentes, reincidência ou ações penais em curso, não impedem a aplicação do princípio da insignificância. 5. Ordem concedida8. 
8 STJ - HABEAS CORPUS Nº 221.913 - SP (2011⁄0248241-5). RELATOR: MINISTRO OG FERNANDES. IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. ADVOGADO : RICARDO LOBO DA LUZ - DEFENSOR PÚBLICO E OUTRO. IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. PACIENTE : ANDRÉIA APARECIDA SILVEIRA DIAS. Data do Julgamento: 14 de fevereiro de 2012. 
Pelo exposto, Excelência, indubitável que o fato cometido pela denunciada é totalmente atípico aos olhos da doutrina e jurisprudência, tendo em vista a aplicabilidade do princípio da insignificância. A vítima teve irrisório constrangimento diante da conduta da acusada, não havendo se falar em considerável lesividade da conduta, inclusive considerando o fato de que quando admoestada pela vítima, a acusada soltou a bolsa e ainda pediu desculpas por diversas vezes, conforme disposto pela própria vítima à fl. 08. 
2.2 – Da Desistência Voluntária 
Caso a tese acima esposada não seja acatada, em privilégio ao princípio da eventualidade, a acusada deve ainda sim ser absolvida, visto a incidência da desistência voluntária. MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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Na tentativa de furto, a não ocorrência do resultado lesivo por qual a lei faz depender a existência de crime, se dá por circunstâncias alheias à vontade do agente. Na desistência voluntária do agente não ocorre o resultado criminoso, devido o fato de o agente ter desistido voluntariamente de seu intento. Diz a lei no seu artigo 15 do código penal: “o agente que voluntariamente desiste de prosseguir na execução ou evita que o resultado se produza, só responde pelos atos praticados”. 
Na desistência voluntária o agente interrompe o curso dos atos executórios, voluntariamente, e assim, evita a consumação do crime. Convêm notar que os atos já praticados não tem idoneidade para causar a consumação no delito. 
Apesar de estar comprovadoque a acusada agiu com animus furandi, restou evidenciado que esta desistiu voluntariamente de prosseguir na execução do furto, evadindo-se do local, após o apelo da vítima, tendo, inclusive, pedido desculpas, conforme afirmado pela própria vítima em suas declarações em sede de inquérito policial. 
Nota-se que a agente não tinha terminado os atos de execução do furto, uma vez que ainda não havia saído da esfera de vigilância da vítima, tendo desistido da prática do delito por um ato livre de vontade sua, visto que jogou a bolsa no chão, mas poderia ter se evadido do local com a bolsa. 
Não encontra sustentação a alegação do ministério público de que o agente somente teria ido embora do local sem o bem porque a vítima começou a gritar e ela ficou com medo e correu. 
Pelas circunstâncias do caso, observa-se que a vítima Ana Camila gritou apenas para que a ré soltasse a bolsa, o que foi feito, tendo comunicado acerca da subtração somente após tal fato (fl. 97). 
Também não há que se falar que a acusada somente fugiu e deixou o bem por ter sido surpreendida pelo segurança, haja vista que a mesmo somente foi abordada por um segurança após ter desistido de levar a bolsa, ou seja, quando já havia desistido voluntariamente de praticar o furto, conforme especifica o depoimento de Joanes Alves (fl. 98). 
Ressalta-se que, para que reste configurada a previsão do artigo 15, do CP, não é necessário que o ato de desistência seja espontâneo, mas somente voluntário. A respeito do assunto, Rogério Greco (2009, p. 270) destaca que impõe a lei penal que a desistência seja voluntária, mas não espontânea. Isso quer dizer que não importa se a idéia de desistir no prosseguimento da execução criminosa partiu do agente, ou se foi ele induzido a isso por circunstâncias externas que, se deixadas de lado, não o impediriam de consumar a infração penal. O importante aqui, como diz Johannes Wessels, "é que o agente continue sendo dono de suas decisões". MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
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Assim, restou claramente caracterizada a desistência voluntária, que é causa pessoal de exclusão da punibilidade do agente no caso de furto, pois o dolo foi quebrado de forma voluntária antes da subtração do bem. 
2.3 – Da dosimetria da pena. 
Por amor ao debate, considerando a defesa, sinceramente, que as teses retro delineadas serão abraçadas por este juizo, mas em nome do princípio da eventualidade, insta consignar a necessidade de se averiguar a dosimetria da pena em caso de condenação. 
Ora, conforme exposto, trata-se de crime tentado, no qual a acusada confessou perante este juizo a prática delitiva, bem como era menor de 21 anos na data da infração. Sabe-se que de acordo com a Súmula 231 do STJ, a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à reduçao da pena abaixo do mínimo legal, e que no caso exposto militam em favor da acusada duas atenuantes, quais sejam, a prevista no art. 65, I, bem como aquela prevista no art. 65, III, d, ambos no código penal, conforme dito alhures. 
Tendo em vista o exposto, a defesa pugna para que a pena base seja fixada no mínimo legal, considerando todas as situações favoráveis presentes no art. 59 do Código Penal. Mesmo não sendo este o entendimento deste juízo, quando da dosimetria na segunda fase, a defesa pugna para que a pena seja fixada no mínimo legal, visto a incidência das duas atenuantes mencionadas e nenhuma agravante. Quando da dosimetria na terceira fase, requer a acusada que a pena seja minorada no máximo legal permitido, ou seja, em 2/3, conforme preceitua o art. 14, II, parágrafo único do CP. Não obstante tal situação, a defesa ainda requer a incidência de outra causa de diminuição de pena prevista no caso em análise, qual seja o furto privilegiado. 
Quando o acusado for primário e for de pequeno valor a coisa furtada, pode o magistrado, nos ditames do §2°, do art. 155, do Código Penal, reduzir a pena de 1 a 2/3, convertê-la em restriva de direitos ou aplicar somente multa. Pelo exposto, a defesa requer que o remanescente de pena seja convertido em multa, conforme dispõe o artigo em comento. 
3. Dos Pedidos 
Diante do exposto, espera e requer a acusada: 
a) Seja absolvida com base no art. 386, III, do CPP, frente o princípio da insignificância; 
b) Eventualmente, requer a defesa a absolvição da acusada frente a incidência da desistência voluntária, conforme art. 386, III, do CPP; 
c) Pelo princípio da eventualidade, em caso de condenação, que seja fixada a pena no mínimo legal, com a incidência das minorantes da tentativa e do furto 
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privilegiado no máximo permitido, culminando, ao final, na conversão da pena privativa de liberdade em multa, conforme especifica o § 2° do art. 155 do Código Penal. 
Termos em que pede deferimento. 
Taguatinga, 08 de Junho de 2012. 
Advogado

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