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Informativo STF 2017 Processo Penal Especial Pedro

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INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
2017 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Organizado por assunto 
Sumário 
DIREITO PROCESSUAL PENAL ......................................................................................................... 1 
Inquérito Policial ........................................................................................................................... 2 
Princípio do Promotor Natural .................................................................................................. 3 
Competência .................................................................................................................................. 4 
Suspeição ...................................................................................................................................... 12 
Ação Penal ............................................................................... Erro! Indicador não definido. 
Queixa-crime ............................................................................................................................... 14 
Tribunal do Júri ....................................................................... Erro! Indicador não definido. 
Foro por Prerrogativa de Função ............................................................................................. 15 
Provas ........................................................................................................................................... 18 
Colaboração Premiada ............................................................................................................... 19 
Interceptação Telefônica ........................................................................................................... 33 
Nulidades ..................................................................................................................................... 35 
Prisão Preventiva ........................................................................................................................ 37 
Sentença ....................................................................................................................................... 37 
Execução Provisória da Pena .................................................................................................... 44 
Habeas Corpus ............................................................................................................................ 46 
Reclamação Constitucional ....................................................................................................... 56 
Recursos ....................................................................................................................................... 58 
Julgamento por Amostragem REsp e RE ............................................................................... 61 
Prisão ............................................................................................................................................ 65 
Execução Penal ........................................................................................................................... 67 
Progressão de Regime ................................................................................................................ 69 
Indulto .......................................................................................................................................... 69 
Remição da Pena ......................................................................................................................... 70 
 
 
 
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Inquérito Policial 
Desarquivamento de inquérito e excludente de ilicitude 
O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em 
provas fraudadas não faz coisa julgada material. 
Informativo nº 858 (Plenário) 
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, denegou a ordem de “habeas corpus”. 
No caso, após o arquivamento do inquérito, o Ministério Público reinquiriu testemunhas e 
concluiu que as declarações prestadas naquele inquérito teriam sido alteradas por autoridade policial. 
Diante dessas novas provas, o “Parquet" ofereceu denúncia contra os pacientes — v. Informativos 446, 
512 e 597. 
O Tribunal entendeu possível a reabertura das investigações, nos termos do art. 18 do CPP (*), 
ante os novos elementos de convicção colhidos pelo Ministério Público. 
Asseverou que o arquivamento do inquérito não faz coisa julgada, desde que não tenha 
sido por atipicidade do fato ou por preclusão. 
Vencidos os ministros Marco Aurélio, Joaquim Barbosa e Cezar Peluso, que deferiam a ordem. 
Frisavam que o arquivamento com base em excludente de ilicitude faz coisa julgada material, o que 
impediria o desarquivamento do inquérito policial, mesmo com novas provas. 
(*) CPP, art. 18: “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras 
provas tiver notícia”. 
HC 87395/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 23.3.2017. (HC-87395) 
Sobre a formação da coisa julgada no arquivamento do inquérito policial, vale 
lembrar: 
Coisa Julgada MATERIAL no Arquivamento 
do Inquérito 
STF STJ 
Atipicidade Sim 
Extinção da Punibilidade Sim 
* Exceção: certidão de óbito falsa1. 
 
1 “A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga extinta a punibilidade do réu pode ser revogada, 
dado que não gera coisa julgada em sentido estrito.” (HC 104998, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, 
Primeira Turma, julgado em 14/12/2010, DJe-085 DIVULG 06-05-2011 PUBLIC 09-05-2011 EMENT VOL-
02517-01 PP-00083 RTJ VOL-00223-01 PP-00401) 
 
 
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Excludente de Ilicitude (estado de necessidade, 
legítima defesa e estrito cumprimento do dever 
legal) 
Não! 
Apenas coisa julgada 
formal 
Sim 
Excludente de Culpabilidade Sim 
Insuficiência de provas, ausência de 
pressuposto processual, condição da ação ou 
de justa causa 
Não 
Apenas coisa julgada formal 
 
Princípio do Promotor Natural 
Princípio do promotor natural e substituição de órgão acusador ao longo processo 
Não viola o princípio do promotor natural o oferecimento de denúncia em Vara de 
Tribunal do Júri por promotor que atua em Vara Criminal Comum. No caso 
concreto, a “priori”, houve o entendimento de que seria crime não doloso contra 
a vida, fazendo os autos remetidos ao promotor natural competente. Não 
obstante, durante toda a instrução se comprovou que, na verdade, tratava-se de 
crime doloso. Com isso, o promotor que estava no exercício ofereceu a denúncia 
e remeteu a ação imediatamente ao promotor do Júri, que poderia, a qualquer 
momento, não a ratificar. 
Informativo nº 880 (Primeira Turma) 
A Primeira Turma, por maioria, indeferiu a ordem em “habeas corpus” no qual se 
pugnava a nulidade absoluta da ação penal, em face de violação ao princípio do promotor natural. 
No caso, a denúncia se deu por promotor que não o atuante em face do Tribunal do Júri, 
exclusivo para essa finalidade. O paciente foi denunciado como incurso nas penas dos arts. 121, 
“caput”, do Código Penal (CP) e 12 da Lei 6.378/1976, por haver ministradomedicamentos em 
desacordo com a regulamentação legal, tendo a vítima falecido. 
A Turma reconheceu não haver ferimento ao princípio do promotor natural. No 
caso concreto, a “priori”, houve o entendimento de que seria crime não doloso contra a 
vida, fazendo os autos remetidos ao promotor natural competente. Não obstante, durante 
toda a instrução se comprovou que, na verdade, tratava-se de crime doloso. Com isso, o 
promotor que estava no exercício ofereceu a denúncia e remeteu a ação imediatamente 
ao promotor do Júri, que poderia, a qualquer momento, não a ratificar. 
O colegiado entendeu, dessa maneira, configurada ratificação implícita. 
Outrossim, asseverou estar-se diante de substituição, consubstanciada nos princípios 
 
 
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constitucionais do Ministério Público (MP) da unidade e da indivisibilidade, e não da 
designação de um acusador de exceção.2 
Vencido o ministro Marco Aurélio, por considerar violado o princípio do promotor natural. 
HC 114093/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento 
em 3.10.2017. (HC 114093) 
 
Competência 
Crime ambiental de caráter transnacional e competência 
Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter 
transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes 
exóticas, ou protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.3 
Informativo nº 853 (Plenário) 
Repercussão Geral 
 
2 Tanto o STF, quanto o STJ, admitem o princípio do “promotor natural”: 
“A consagração constitucional do princípio do Promotor Natural significou o banimento de 
‘manipulações casuísticas ou designações seletivas efetuadas pela Chefia da Instituição’ (HC 
71.429/SC, Rel. Min. CELSO DE MELLO), em ordem a fazer suprimir, de vez, a figura esdrúxula do 
‘acusador de exceção’ (HC 67.759/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO)” (HC nº 102.147/GO-AgR, Segunda 
Turma, Relator o Ministro Celso de Mello, DJe de 30/10/14) (HC 136503, Relator Min. Dias Toffoli, Segunda 
Turma, julgado em 04/04/2017, Processo Eletrônico DJe-089 DIVULG 28-04-2017 PUBLIC 02-05-2017); 
DIREITO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. 
ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. LEGISLAÇÃO 
INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE 
VIOLAÇÃO AO ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal 
assentou tratar-se de matéria infraconstitucional a questão relativa à afronta ao princípio do promotor 
natural. Precedentes. 2. A decisão está devidamente fundamentada, embora em sentido contrário aos interesses 
da parte agravante. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (ARE 819474 AgR, Relator(a): Min. 
ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 26/05/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-115 
DIVULG 16-06-2015 PUBLIC 17-06-2015) 
“Dessarte, diante da complexidade dos fatos, encontra-se legitimada a atuação excepcional do GRC, não 
havendo se falar em violação do princípio do promotor natural. Como é cediço, para que se verifique ofensa 
ao referido princípio, deve ficar demonstrada a "designação seletiva ou casuística de acusador de 
exceção, com a finalidade de perseguição ao ocupante do cargo público" (HC 340.586/RJ, Rel. Ministro 
Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 02/02/2017).” (RHC 36.789/GO, Rel. Ministro Reynaldo Soares da 
Fonseca, Quinta Turma, julgado em 20/06/2017, DJe 30/06/2017) 
3 No mesmo sentido, na ordem de habeas corpus nº 121.681/RS, a Ministra Rosa Weber apontou que o artigo 
53 da Lei 9.985/2000 outorgou ao IBAMA o dever de catalogar espécies ameaças de extinção em território 
nacional. A par disso, o art. 54 confere à União a faculdade de autorizar em caráter excepcional a captura de 
determinados espécimes em risco de extinção destinados a programas de criação em cativeiro ou formação de 
coleção específica. Essa determinação de atribuição de autarquia federal para a catalogação de espécies 
em extinção incute o corolário do dever de proteção a determinados animais em todo o território 
brasileiro, razão pela qual resta clara a presença do interesse do ente federal, na forma do artigo 109, 
IV da CF/88. 
 
 
 
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Com base nesse entendimento, o Plenário deu provimento ao recurso extraordinário em que 
se discutia a justiça competente para processar e julgar crimes ambientais transnacionais. 
O Tribunal afirmou que as florestas, a fauna e a flora estão protegidas, no ordenamento 
jurídico inaugurado pela Constituição de 1988, como poder-dever comum da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (CF/1988, art. 23, VII). 
Ressaltou que a Carta Magna dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações” (CF/1988, art. 225, “caput”), incumbindo ao Poder Público “proteger a fauna e 
a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem 
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (CF/1988, art. 225, § 1º, VII). 
Asseverou que a competência da Justiça estadual é residual, em confronto com a 
Justiça Federal, à luz da Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal. 
Consignou que a competência da Justiça Federal aplica-se aos seguintes crimes ambientais, 
que também se enquadram nas hipóteses previstas na Constituição, quando: a) atentarem contra 
bens, serviços ou interesses diretos e específicos da União ou de suas entidades autárquicas; 
b) previstos tanto no direito interno quanto em tratado ou convenção internacional, tiverem 
a execução iniciada no País, mas o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, 
ou na hipótese inversa; c) tiverem sido cometidos a bordo de navios ou aeronaves; d) houver 
grave violação de direitos humanos; ou ainda e) guardarem conexão ou continência com outro 
crime de competência federal, ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça 
Eleitoral, conforme previsão expressa da Constituição. 
A razão de ser das normas consagradas no direito interno e no direito convencional conduz 
à conclusão de que a transnacionalidade do crime ambiental de exportação de animais 
silvestres atinge interesse direto, específico e imediato da União, voltado à garantia da 
segurança ambiental no plano internacional, em atuação conjunta com a comunidade das nações. 
Portanto, o envio clandestino de animais silvestres ao exterior reclama interesse direto 
da União no controle de entrada e saída de animais do território nacional, bem como na 
observância dos compromissos do Estado brasileiro com a comunidade internacional, para a 
garantia conjunta de concretização do que estabelecido nos acordos internacionais de proteção do 
direito fundamental à segurança ambiental. Assim, a natureza transnacional do delito ambiental de 
exportação de animais silvestres atrai a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, 
da CF/1988. 
 
 
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RE 835558/SP, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 9.2.2017. (RE-835558) 
 
Para facilitar: 
Competência Criminal nos CRIMES AMBIENTAIS 
Regra Justiça Estadual 
O STJ pacificou o entendimento de que a REGRA é que cabe à Justiça Estadual o 
processamento dos crimes ambientais, tendo inclusive revogado a Súmula 91 (Compete à Justiça 
Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna) que apontava em sentido diverso. 
Nesse sentido: 
“A proteção ao meio ambiente constitui matéria de competência comum da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, motivo pelo qual, para se afirmar ser o delito contra a 
fauna de competência da Justiça Federal, é necessário que se revele evidente interesse da União, a 
teor do disposto no art. 109, inciso IV, da Constituição Federal.” (STJ. AgRg no CC 
154.855/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, julgado em 
13/12/2017, DJe 15/12/2017) 
Exceção Se a conduta delitiva se voltar contra espécie em extinção, considerando o dever do 
IBAMA de catalogar essas espécies, tanto o STJ, como o STF têm entendido que há evidências 
do interesse da União, justificando o processamento e julgamento da Justiça Federal. 
 
 
Início de investigação e conexão 
Nos delitos de pornografia infantil e estupro de vulnerável, não é incompetente o 
juízo no qual as investigações tiveram início - no caso Curitiba - onde foi preso o 
grupo de pedófilos, possibilitando chegar ao agente que residia e praticava os crimes 
através de seu computador em São Paulo. Os investigados trocavam informações no 
eixo Curitiba–São Paulo, o que evidencia a conexão entre os crimes de uns e de 
outros, o que autoriza e justifica a competência do juízo de Curitiba. 
Informativo nº 868 (Primeira Turma) 
A Primeira Turma, por maioria, denegou ordem em “habeas corpus” em que se pretendia 
revogar a prisão do condenado, ao argumento da incompetência da Justiça Federal de 
Curitiba/PR para o julgamento de processo-crime relativo aos delitos de estupro de vulnerável 
e de produção, armazenamento e disseminação de pornografia infantojuvenil praticados na 
residência do paciente em São Paulo. O Colegiado pontuou que todas as investigações 
tiveram início em Curitiba, onde os pedófilos foram presos, a partir das quais foi possível 
chegar ao paciente e ao “site” russo pelo qual era disseminada a pornografia infanto-
juvenil. Ressaltou que os investigados trocavam informações no eixo Curitiba–São Paulo, 
o que evidencia a conexão entre os crimes de uns e de outros. Em razão disso, a Turma 
 
 
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concluiu não haver ofensa ao princípio do juiz natural. Vencido o ministro Marco Aurélio 
(relator), que concedeu a ordem para assentar a competência da Justiça Federal de São Paulo, 
declarando insubsistentes as decisões formalizadas pelo juízo de Curitiba. Asseverou que o fato 
de informações prestadas em investigação instaurada perante o aludido juízo terem levado ao 
paciente não foi suficiente para ensejar conexão probatória entre os crimes. HC 135883/PR, rel. 
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 6.6.2017. (HC-
135883) 
Como se dará a competência nos casos de crimes cometidos na internet? 
Para facilitar: 
Justiça Estadual Justiça Federal 
Crimes contra a honra (calúnia, difamação e 
injúria). (STJ. CC 121.431/SE) 
Crime de incitação à discriminação (STF. HC 
121283/DF) 
* Será da Justiça Federal nas hipóteses do art. 109, incisos 
IV e V da CF/88. 
* Se enquadraria no inciso V e atrairia a competência da 
JF caso fosse crime de racismo ou xenofobia, uma 
vez que o Brasil se comprometeu a combatê-los 
internacionalmente, por meio de tratados. 
Divulgação de imagens/vídeos 
pornográficas de crianças em páginas de 
internet (STF. RE 628624/MG; STJ. CC 
120.999/CE) 
Trata-se de crime previsto pela Convenção sobre 
Direitos da Criança (art. 109, V CF/88) - Decreto 
99.710/90. Há transnacionalidade 
(internacionalidade)! As imagens poderão ser 
visualizadas em qualquer computador do mundo. 
Troca de imagens/vídeos pornográficas de 
crianças entre duas pessoas na internet. (STJ. CC 
121.215/PR) 
Inclusive por meio de mensagens privadas pelo 
Facebook e pelo Whatsapp (STJ. CC 150.564-
MG) 
A comunicação eletrônica se restringe entre as duas 
pessoas. 
Não há transnacionalidade. 
Crimes de pedofilia e pornografia infantil, 
de caráter transnacional, praticados no mesmo 
contexto dos delitos de estupro e atentado 
violento ao pudor, contra as mesmas vítimas, 
devem ser considerados conexos e julgados 
conjuntamente na Justiça Federal. (STF. HC 
114689/SP) 
Fazer download e armazenar conteúdo 
pornográfico envolvendo crianças e adolescente 
(STJ. CC 103.011/PR) 
Não há transnacionalidade. 
 
 
Crime praticado por procurador da República e competência 
Compete ao Tribunal Regional Federal em cuja área exerce suas atribuições julgar 
Procurador da República, sob pena de ofensa ao princípio do juiz natural. 
Informativo nº 871 (Segunda Turma) 
 
 
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A Segunda Turma, diante do empate na votação4, concedeu “habeas corpus” de 
ofício em favor de procurador da República e de advogado, presos preventivamente em razão 
de fatos investigados na “Operação Patmos”. Os autos do inquérito tinham sido encaminhados 
ao TRF da 3ª Região, localidade em que o procurador investigado ocupa seu cargo atualmente. Na 
época dos fatos, porém, o investigado atuava como procurador da República exclusivamente no 
âmbito do TRF da 1ª Região. 
A Turma deliberou, de início, fixar a competência do TRF da 1ª Região para processar e 
julgar o investigado. Baseou-se, para tanto, na interpretação do art. 108, I, “a”, da Constituição 
Federal (CF), segundo o qual compete aos TRFs processar e julgar, originariamente, os juízes 
federais da área de sua jurisdição. 
O mesmo tratamento dado aos juízes federais no tema deve ser conferido aos membros do 
Ministério Público e aos advogados, tendo em vista que o vocábulo “jurisdição”, do texto 
constitucional, deve ser entendido também como “atribuição”. Assim, o procurador da República 
precisa ser julgado pelo TRF em cuja área exerce suas atribuições, sob pena de ofensa ao 
princípio do juiz natural. Além disso, o Colegiado destacou o art. 70 do Código de Processo 
Penal (CPP), segundo o qual o foro para julgar quaisquer crimes se processa segundo o critério 
“ratione loci”. 
Ademais, os requisitos para a manutenção da prisão, constantes do art. 312 do CPP, não mais 
subsistem. 
Assim, a Turma decidiu revogar a prisão preventiva, com a imposição de medidas cautelares 
diversas da prisão, de acordo com o art. 319 do CPP. Suspendeu, ainda, o procurador do exercício 
da atividade pública, sem prejuízo da percepção dos subsídios. 
Estendeu os efeitos da decisão ao advogado também investigado, exceto no que tange à 
continuidade do exercício profissional. 
Os ministros Edson Fachin (relator) e Celso de Mello não concederam a ordem. Pet 
7063/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 
1º.8.2017. (Pet-7063) 
 
Imunidade parlamentar e medida cautelar 
O Poder Judiciário dispõe de competência para impor, por autoridade própria, as 
medidas cautelaresa que se refere o artigo 319 do Código de Processo Penal. 
 
4 No caso de empate em julgamento de habeas corpus, prevalece o pedido formulado pelo paciente. 
 
 
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No caso de parlamentares, sempre que a execução de medida cautelar aplicada 
impossibilitar, direta ou indiretamente, o exercício regular do mandato legislativo, 
deve ser submetido ao controle político da Casa Legislativa respectiva, nos termos 
do art. 53, § 2º, da CF. 
Informativo nº 881 (Plenário) 
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente ação direta de inconstitucionalidade 
na qual se pedia interpretação conforme à Constituição para que a aplicação das medidas cautelares, 
quando impostas a parlamentares, fossem submetidas à deliberação da respectiva Casa Legislativa em 
24 horas. 
Primeiramente, a Corte assentou que o Poder Judiciário dispõe de competência para 
impor, por autoridade própria, as medidas cautelares a que se refere o artigo 319 (1) do 
Código de Processo Penal (CPP). Vencido, nesse ponto, o ministro Marco Aurélio que julgou ser 
inaplicável a referida norma legal. 
Prosseguindo no julgamento, o Tribunal, também por votação majoritária, deliberou 
encaminhar, para os fins a que se refere art. 53, §2º (2), da Constituição Federal (CF), a 
decisão que houver aplicado medida cautelar sempre que a execução desta impossibilitar 
direta ou indiretamente o exercício regular do mandato legislativo. 
Salientou que, na independência harmônica que rege o princípio da separação dos Poderes, 
as imunidades parlamentares, assim como a vitaliciedade na magistratura, a irredutibilidade de 
vencimentos e a inamovibilidade, na independência harmoniosa que rege o princípio da separação de 
Poderes, são instrumentos de vital importância, visto buscarem, prioritariamente, a proteção dos 
parlamentares no exercício de suas funções, contra os abusos e pressões dos demais Poderes. 
Constitui-se, pois, um direito instrumental de garantia de liberdade de opiniões, palavras e votos dos 
membros do Poder Legislativo bem como de sua proteção contra prisões arbitrárias e processos 
temerários. 
O Plenário asseverou que essas imunidades não dizem respeito à figura do parlamentar em 
si, mas à função por ele exercida, ao Poder que ele representa, no intuito de resguardar a atuação do 
Legislativo perante o Executivo e perante o Judiciário, consagrando-se como garantia de 
independência perante os outros dois Poderes constitucionais. 
Afirmou que, no tocante à imunidade parlamentar processual em relação à prisão, a 
“ratio” da norma constitucional é somente permitir o afastamento do parlamentar do 
exercício de seu mandato conferido pelo povo em uma única hipótese: prisão em flagrante 
delito por crime inafiançável. O art. 53, §2º, da CF protege o integral exercício do mandato 
 
 
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parlamentar, ao referir, expressamente, que a restrição à liberdade de ir e vir do parlamentar 
somente poderá ocorrer na referida hipótese. Dessa forma, a norma constitucional 
estabeleceu, implicitamente, a impossibilidade de qualquer outro tipo de prisão cautelar. 
Nesse contexto, a Corte ponderou que, sendo a finalidade da imunidade formal 
proteger o livre exercício do mandato parlamentar contra interferências externas, a “ratio” 
da norma constitucional não pode ser contornada pela via das medidas cautelares diversas 
da prisão. 
Assim, ato emanado do Poder Judiciário que houver aplicado medida cautelar que 
impossibilite direta ou indiretamente o exercício regular do mandato legislativo, deve ser 
submetido ao controle político da Casa Legislativa respectiva, nos termos do art. 53, § 2º, da 
CF. 
Vencidos os ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Luiz Fux, Rosa Weber e Celso de 
Mello, que julgaram improcedente o pedido. Entenderam que os poderes conferidos ao Congresso 
para sustar processos penais em curso são estritos, circunscritos às hipóteses especificamente 
limitadas na CF, pois as medidas cautelares penais não são instrumentais apenas ao processo penal, 
mas também meios de tutela da fase pré-processual investigativa e da ordem pública. 
Nesse sentido, a outorga constitucional de poder para sustar um processo penal não 
compreende a concessão de poderes para impedir a adoção de providências cautelares necessárias à 
tutela da ordem pública (visando a impedir reiteração delitiva), bem como, à tutela da investigação e 
completa elucidação dos fatos. 
(1) CPP: “Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo 
e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de acesso ou frequência a 
determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer 
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III - proibição de manter contato com pessoa 
determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer 
distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para 
a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o 
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de 
atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de 
infrações penais; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou 
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e 
houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos 
do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX 
- monitoração eletrônica”. 
 
 
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(2) CF: ”Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, 
palavras e votos. (...) § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser 
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro 
horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”. 
ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 
11.10.2017. (ADI-5526) 
 
HC: Crime militar impróprio e competência 
Compete à Justiça Militar julgar militar que ateste, falsamente, a regularidade técnica 
para a navegação de embarcações civis. Trata-se do crime de falsidade ideológica, 
devidamente previsto no art. 312 do Código Penal Militar. 
Informativo nº 881 (Primeira Turma) 
A Primeira Turma, em conclusão e por maioria, indeferiu a ordem em “habeas corpus” pelo 
qual se discutia a competência para o julgamento de militar denunciado pela suposta prática do crime 
de falsidade ideológica na forma continuada[CPM, art. 312, c/c o art. 80 (1)]. No caso, o paciente 
teria atestado, falsamente, a regularidade técnica para navegação de embarcações civis. A defesa alega 
a incompetência da justiça militar para o julgamento do feito (Informativo 755). 
A Turma apontou que o crime em comento tem natureza formal. Configura-se, portanto, 
independentemente do resultado e, ademais, é praticado em detrimento da fé pública militar. 
Incide, portanto, o art. 9º, II, “e”, do CPM (2); e o art. 124 da CF (3).5 
Vencido o ministro Luiz Fux (relator), que concedeu a ordem. 
(1) CPM: “Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dêle devia constar, ou nêle 
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar 
obrigação ou alterar a verdade sôbre fato jurìdicamente relevante, desde que o fato atente contra a administração 
ou o serviço militar: Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; reclusão, até três anos, se o 
documento é particular. (...) Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando o agente, mediante mais de 
 
5 Atenção! A Lei nº 13.491/2017 alterou a redação do art. 9º, II do CPM e, conforme ensina Professor 
Pedro Coelho, “o que mudou, na verdade, foi o conceito (alcance) de crime militar. Antes, crimes militares 
seriam aqueles que necessariamente estivessem previstos no Código Penal Militar! Ou seja, tudo aquilo que 
NÃO se encontrasse previsto expressamente no CPM não poderia ser considerado crime militar e, portanto, 
não poderia ser julgado pela JM (só julga crimes militares). (...) ao contrário da redação anterior, que definia 
crime militar exclusivamente como aqueles previstos na legislação militar (CPM), a Lei 13.491/2017 passa a 
prever que os crimes militares são “os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando 
praticados (…)”. Assim, antes da modificação, crimes que não estavam previstos no referido diploma não seriam 
julgados pela JM, mas sim pela Justiça Comum, como era o caso de tortura, associação para o tráfico e abuso 
de autoridade, ainda que no exercício das funções militares!” (https://blog.ebeji.com.br/lei-13-491-2017-a-
modificacao-do-codigo-penal-militar-revoga-a-sumula-172-do-stj/). 
 
 
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uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira 
de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser considerados como continuação do primeiro”. 
(2) CPM: “Art. 9º. Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: II - os crimes previstos neste Código, 
embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: ... e) por militar em 
situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem 
administrativa militar”. 
(3) CF: “Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei”. 
HC 110233/AM, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 
10.10.2017. (HC-110233) 
 
Suspeição 
Suspeição e inimizade capital 
A emissão de opinião por parte do Procurador-Geral da República, por si só, não se 
qualifica como hipótese de inimizade capital que legitime o reconhecimento de 
causa de suspeição, tampouco a alegação no sentido de que membro do Ministério 
Público diverso do arguido teria informado a advogado (e não à parte) 
funcionamentos do instituto da colaboração caracteriza hipótese de suspeição. 
Além do mais, o requerimento do PGR para que o acesso aos autos do inquérito fosse 
restringido apenas ao delegado que já estava trabalhando na investigação não se 
traduz em interferência ministerial na Polícia Federal. 
Informativo nº 877 (Plenário) 
 O Plenário negou provimento a agravo regimental em sede de arguição de suspeição 
promovida pelo presidente da República em face do procurador-geral da República. No caso, a 
defesa requereu a declaração de suspeição procurador-geral alegando que ele estaria 
extrapolando seus limites constitucionais e legais inerentes ao cargo e adotando obsessiva 
conduta persecutória contra o Presidente da República, cuja motivação seria de ordem 
pessoal. O ministro Edson Fachin (relator) rejeitou a arguição em decisão monocrática. Contra essa 
decisão, a defesa interpôs agravo regimental insistindo na existência de inimizade capital entre as 
partes. O Colegiado aduziu que, de acordo com a análise conjunta das manifestações públicas feitas 
pelo procurador-geral com os esclarecimentos por ele prestados, não é possível reconhecer inimizade 
capital. 
 
 
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Asseverou que a emissão de opinião por parte do chefe do Ministério Público da 
União, por si só, não se qualifica como hipótese de inimizade capital. Mais que isso, a 
explicitação das ações desencadeadas pelo Ministério Público afigura-se conduta 
potencialmente consentânea com a transparência que deve caracterizar o agir republicano. 
Além disso, ressaltou que o fato de o procurador-geral supostamente não ter informado 
quais fatos respaldariam eventual acusação por obstrução de Justiça igualmente não traduz 
inimizade capital, visto que a denúncia sempre deverá observar os requisitos do art. 41 (1) do 
Código de Processo Penal (CPP), bem como submeter-se aos filtros jurídicos e políticos 
próprios da imputação de crimes ao presidente da República. 
Em seguida, a Corte afirmou que o requerimento do procurador-geral para que o acesso 
aos autos do inquérito fosse restringido apenas ao delegado que já estava trabalhando na 
investigação não se traduz em interferência ministerial na Polícia Federal. Independentemente 
do acerto ou desacerto desse requerimento, tal proceder, por meio do qual se almejava resguardar a 
apuração, não indica inimizade capital entre o membro do Ministério Público e qualquer das partes. 
Por fim, apontou que a alegação no sentido de que membro do Ministério Público 
diverso do arguido informou a advogado (e não à parte) funcionamentos do instituto da 
colaboração premiada não consubstancia a realidade normativa que legitimaria o 
reconhecimento de causa de suspeição. Primeiramente porque tal alegação decorre 
exclusivamente de informe jornalístico sem corroboração mínima, sendo que, sob a sistemática do 
CPP, a arguição dessa natureza desafia maior robustez. 
Não bastasse isso, o Tribunal ponderou que não há como presumir o conhecimento do 
arguido acerca dessa cogitada circunstância. Explicou que as causas de impedimento e suspeição são 
sempre pessoais, no sentido de que não é possível acolher a alegação de que eventual esclarecimento 
prestado por um procurador da República contaminaria, automaticamente, a higidez da atuação do 
procurador-geral da República.6 Asseverou que, nesse contexto, não há como potencializar a suposta 
subordinação entre o referido procurador e o procurador-geral da República. 
(1) CPP: “Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação 
do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”. 
AS 89/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.9.2017. (AS-89)6 Vale lembrar: 
Súmula 234 do STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não 
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 
 
 
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Queixa-crime 
Queixa-crime e individualização da conduta 
A mera posição hierárquica dos acusados na titularidade da empresa de comunicação, 
sem a descrição da ação e sem elementos que evidenciem a vontade e consciência de 
praticar o crime imputado, inviabiliza o prosseguimento da ação penal, por manifesta 
ausência de justa causa. 
No caso concreto, a queixa-crime foi oferecida por deputado federal, em face de 
radialista e sócios-proprietários de empresa de radiodifusão sonora, pela prática dos 
crimes de calúnia, difamação e injúria. 
Informativo nº 857 (Primeira Turma) 
A Primeira Turma determinou o desmembramento de queixa-crime em relação ao 
querelado não detentor de foro por prerrogativa de função. Quanto aos demais querelados, 
rejeitou, por maioria, a inicial acusatória. 
No caso, a queixa-crime foi oferecida por deputado federal, em face de radialista e sócios-
proprietários de empresa de radiodifusão sonora, pela prática dos crimes de calúnia, difamação 
e injúria (CP, arts. 138, 139 e 140, § 3º). 
O Colegiado registrou que o querelante não individualizou, minimamente, as condutas dos 
querelados detentores de prerrogativa de foro e lhes imputou fatos criminosos em razão da mera 
condição de sócios-proprietários do veículo de comunicação social por meio do qual o radialista 
teria proferido as supostas ofensas à honra do peticionário. 
Nesse contexto, pontuou que a mera posição hierárquica dos acusados na titularidade da 
empresa de comunicação, sem a descrição da ação e sem elementos que evidenciem a vontade 
e consciência de praticar o crime imputado, inviabiliza o prosseguimento da ação penal, por 
manifesta ausência de justa causa. 
Ademais, ressaltou que os princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e 
da ampla defesa (CF, art. 5º, LIV e LV) impõem que a inicial acusatória tenha como fundamentos 
elementos probatórios mínimos que demonstrem a materialidade do fato delituoso e os indícios 
suficientes de autoria. 
Vencido, no mérito, o ministro Marco Aurélio. Para ele, a peça primeira da ação penal privada 
atenderia aos arts. 41 e 395, II e III, do CPP. Ponderava que, considerado o pano de fundo — uma disputa 
política no Estado do Pará —, os detentores da prerrogativa de serem julgados pelo STF seriam os autores 
intelectuais, e o radialista teria atuado a partir de orientação dos dois. 
 
 
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Pet 5660/PA, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 14.3.2017. (Pet-5660) 
 
Foro por Prerrogativa de Função 
Arquivamento e remessa dos autos 
Vislumbrando o titular da ação penal a aparência de práticas criminosas contra 
indivíduos sem prerrogativa de foro antes da declinação de competência ao STF, é 
adequado o encaminhamento dos autos originais ao juízo declinante para, se for o 
caso, o órgão do MP na origem prosseguir na investigação com o aproveitamento 
dos atos até então praticados. 
Informativo nº 853 (Primeira Turma) 
A Primeira Turma, em conclusão e por maioria, deu provimento a agravo regimental em 
inquérito e determinou a remessa dos autos a juízo de primeira instância para apurar a eventual 
responsabilidade penal de terceiros em fato criminoso — v. Informativo 837. 
No caso, os autos foram encaminhados a esta Corte pelo juízo de primeiro grau em razão da 
presença de um investigado com foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal 
(STF). 
O Ministério Público (MP) alegava a prévia existência de indícios de implicação delitiva de 
outros indivíduos sem prerrogativa de foro e salientava que a autoria do fato criminoso teria sido 
apurada antes da remessa dos autos ao STF, muito embora esses autos já tivessem sido arquivados 
nesta Corte. 
A Turma entendeu que, vislumbrando o titular da ação penal a aparência de práticas 
criminosas contra indivíduos sem prerrogativa de foro antes da declinação de competência 
a esta Suprema Corte, é adequado o encaminhamento dos autos originais ao juízo declinante 
para, se for o caso, o órgão do MP na origem prosseguir na investigação com o 
aproveitamento dos atos até então praticados. 
Afirmou, ainda, que a atuação judicial deve ser comedida em sede de investigações 
preliminares e que, por se tratar de um momento ainda bastante embrionário, não cabe 
definir limites objetivos e subjetivos da investigação. 
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Luiz Fux, que negavam provimento ao 
agravo regimental. Segundo eles, o inquérito dizia respeito, unicamente, a investigado com foro por 
prerrogativa de função no STF, cujos autos foram arquivados. 
 
 
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Inq 3158 AgR/RO, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento em 
7.2.2017. (Inq-3158) 
 
Foro por prerrogativa de função e desmembramento de inquérito 
A simples menção a nome de autoridade com prerrogativa de foro — seja em 
depoimentos prestados por testemunhas ou investigados, seja na captação de diálogos 
travados por alvos de censura telefônica judicialmente autorizada —, assim como a 
existência de informações, até então fluidas e dispersas a seu respeito, são insuficientes 
para o deslocamento da competência para o juízo hierarquicamente superior. 
Informativo nº 854 (Segunda Turma) 
A Segunda Turma negou provimento a agravo regimental em reclamação no qual se 
pretendia o reconhecimento da usurpação de competência do Supremo Tribunal Federal (STF) 
pelo juízo reclamado em razão do não desmembramento de inquérito depois de vislumbrado, 
no curso das investigações, o suposto envolvimento de deputado federal. 
A defesa alegava que, embora tivessem sido captados diálogos que demonstrassem o 
envolvimento de autoridade com prerrogativa de foro, o juízo de primeiro grau não declinou da 
competência em situação em que seria imperiosa a remessa dos autos ao STF. 
O Colegiado entendeu não haver cogitar de usurpação de competência desta Corte 
quando a simples menção a nome de autoridade com prerrogativa de foro — seja em 
depoimentos prestados por testemunhas ou investigados, seja na captação de diálogos travados 
por alvos de censura telefônica judicialmente autorizada —, assim como a existência de 
informações, até então fluidas e dispersas a seu respeito, são insuficientes para o deslocamento 
da competência para o juízo hierarquicamente superior. 
Ressaltou que, para haver atração da causa ao foro competente, é imprescindível a 
constatação da existência de indícios da participação ativa e concreta do titular da prerrogativa 
em ilícitos penais. 
Por seu turno, ao analisar as informações prestadas pelo juízo reclamado, a Turma verificou que 
o deputado federal não foi alvo de nenhuma medida cautelar autorizada por aquele juízo no curso da 
persecução penal. Além disso, os fatos verificados sobre o parlamentar não tinham relação direta com o 
objeto da investigação em desfavordo agravante. 
Nesse contexto, asseverou ser inviável, em reclamação, o reexame do conteúdo do ato reclamado 
e de todo o conjunto fático-probatório para chegar à conclusão diversa. Por fim, salientou que, conforme 
a jurisprudência da Corte, a eventual declaração de imprestabilidade dos elementos de prova angariados 
 
 
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em suposta usurpação de competência criminal do STF não alcançaria aqueles destituídos de foro por 
prerrogativa de função, como no caso. 
Rcl 25497 AgR/RN, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 14.2.2017. (Rcl-25497) 
 
Fato único: investigados sem prerrogativa de foro e não desmembramento 
Havendo corréus com prerrogativa de função e outros sem, o desmembramento dos 
processos é a regra. 
Exceção: quando a investigação se der em razão de fato único. Não se aplicaria a 
conexão ou continência entre crimes, por haver um único fato separado, o qual deve 
ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). Plenário considerou excepcional o 
foro por prerrogativa, mas que é a união indissociável entre as condutas, e não a mera 
conexão, que revela a impossibilidade de se proceder ao desmembramento do 
processo. 
Informativo nº 885 (Primeira Turma) 
A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto contra 
decisão do relator que havia determinado o desmembramento e a remessa, ao Tribunal Regional 
Federal da 3ª Região, dos autos de inquérito instaurado para investigar a suposta prática de crimes 
cometidos por senador da República e outros três acusados. 
A Turma entendeu que, na hipótese, o Ministério Público investiga um fato único, a 
respeito do qual pleiteia a acusação com desmembramento de funções no fato. Dessa forma, 
não se aplica a conexão ou continência entre crimes, por haver um único fato separado, o 
qual deve ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). 
O Ministro Roberto Barroso ressaltou que o Plenário considerou excepcional o foro por 
prerrogativa, mas que é a união indissociável entre as condutas, e não a mera conexão, que 
revela a impossibilidade de se proceder ao desmembramento do processo. Observou que, no 
caso sob exame, o atual estágio da investigação revela que as condutas dos investigados sem 
prerrogativa de foro estão indissociavelmente unidas à conduta do parlamentar. Desse modo, estão 
de tal forma unidas que não seria possível apurar os fatos de maneira dissociada, visto que o 
desmembramento, diante dos elementos coletados até o presente momento, traria inequívoco 
prejuízo às investigações. 
 
 
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Vencido o Ministro Marco Aurélio, relator, que desprovia o agravo por considerar que o STF 
deveria processar e julgar unicamente autoridades com prerrogativa de foro, tendo em conta que as 
normas definidoras de sua competência são de direito estrito. 
Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento 
em 14.11.2017. (Inq-4506) 
 
 
Provas 
Direito Processual Penal - Provas. Produção antecipada de prova e pressupostos 
A antecipação da prova testemunhal configura medida necessária, pela gravidade 
do crime praticado e possibilidade concreta de perecimento, haja vista que as 
testemunhas poderiam se esquecer de detalhes importantes dos fatos em 
decorrência do decurso do tempo. 
Afirmou que a antecipação da oitiva das testemunhas não revela nenhum prejuízo 
às garantias inerentes à defesa. Afinal, quando o processo retomar seu curso, caso 
haja algum ponto novo a ser esclarecido em favor do réu, basta se proceder à nova 
inquirição. 
Informativo nº 851 (Segunda Turma) 
A Segunda Turma, em conclusão e por maioria, indeferiu a ordem em “habeas corpus” 
no qual se pretendia reconhecer a ilegalidade de audiência realizada em ação penal em que o 
paciente figurou como réu. 
No caso, o paciente foi denunciado pela suposta prática de homicídio culposo na direção 
de veículo automotor, delito previsto no art. 302 da Lei 9.503/1997. Como estava foragido, foi 
citado por edital, com a consequente suspensão do processo (CPC/1973, art . 366). O juízo 
determinou, em seguida, a realização de audiência de produção antecipada de prova. 
Na impetração, o réu alegava haver cerceamento de defesa em virtude de, na mencionada 
audiência, a antecipação de prova ter como único fundamento o decurso do tempo — v. 
Informativo 844. 
A Turma entendeu que a antecipação da prova testemunhal configura medida 
necessária, pela gravidade do crime praticado e possibilidade concreta de perecimento, 
haja vista que as testemunhas poderiam se esquecer de detalhes importantes dos fatos 
em decorrência do decurso do tempo. 
 
 
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Afirmou que a antecipação da oitiva das testemunhas não revela nenhum prejuízo 
às garantias inerentes à defesa. Afinal, quando o processo retomar seu curso, caso haja 
algum ponto novo a ser esclarecido em favor do réu, basta se proceder à nova inquirição. 
Portanto, segundo decisão da Turma, o magistrado de origem utilizou-se da prudência 
necessária, a fim de resguardar a produção probatória e, em última análise, o resultado prático 
do processo penal. 
Vencidos os ministros Ricardo Lewandowski (relator) e Dias Toffoli, que concediam a 
ordem. Pontuavam não haver fundamento concreto a indicar a imprescindibilidade da produção 
antecipada de prova. 
HC 135386/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, 
julgamento em 13.12.2016. (HC-135386) 
 
Violação da ordem de inquirição de testemunhas no processo penal 
A inquirição de testemunhas pelas partes deve preceder à realizada pelo juízo. 
Informativo nº 885 (Primeira Turma) 
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, concedeu, em parte, a ordem 
de “habeas corpus” para que se proceda a nova oitiva, mantidos todos os demais atos 
processuais. 
No caso, a magistrada primeiro inquiriu as testemunhas e, só então, permitiu que as 
partes o fizessem. 
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Alexandre de Moraes, que concederam a 
ordem para assentar a nulidade do processo-crime a partir da audiência de instrução e julgamento. 
HC 111815/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em 14.11.2017. 
(HC-111815) 
 
Colaboração Premiada 
Colaboração premiada e requisitos para concessão de perdão judicial 
* Atualmente, o tratamento da colaboração premiada é dado pela Lei 12.850/2013 
(Organizações Criminosas). Entretanto, o caso julgado se deu antes da mencionada lei. Por 
isso, levou-se em consideração, para o caso concreto, a Lei 9.807/99 (Lei de Proteção às 
Testemunhas), que traz previsão específica sobre o tema. 
 
 
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Segundo o art. 13 da Lei 9.807/1999, o juiz pode, de ofício ou a requerimento das 
partes, conceder o perdão judicial e a consequenteextinção da punibilidade ao 
acusado primário que cooperar efetiva e voluntariamente com a investigação e o 
processo criminal. Como requisitos, para efeito de concessão do perdão judicial, a 
colaboração do réu deveria decorrer de livre vontade, desprovida de qualquer tipo de 
constrangimento, bem como fosse efetiva como meio para obtenção de provas. No 
caso, o benefício do perdão judicial foi afastado, pois não houve a efetividade da 
colaboração, uma vez que as investigações policiais, em momento anterior ao da 
celebração do acordo, revelaram os elementos probatórios acerca do esquema 
criminoso. 
É dizer, para fins de concessão de benefício, sobretudo o perdão judicial pleiteado 
no caso concreto, a colaboração necessita ser um efetivo meio de obtenção de prova 
e, no caso, as investigações policiais já tinham revelados elementos probatórios 
acerca do esquema antes da celebração do acordo. 
Informativo nº 861 (Primeiro Turma) 
Em conclusão de julgamento, a Primeira Turma indeferiu a ordem em “habeas 
corpus” no qual se discutia a necessidade de “espontaneidade” ou unicamente de 
“voluntariedade” na colaboração premiada para a concessão de perdão judicial — v. 
Informativo 839. 
O Colegiado afirmou que, segundo o art. 13 da Lei 9.807/1999, o juiz pode, de ofício ou 
a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a consequente extinção da 
punibilidade ao acusado primário que cooperar efetiva e voluntariamente com a investigação 
e o processo criminal. Porém, dessa colaboração deve resultar: a) a identificação dos demais 
coautores ou partícipes da ação criminosa; b) a localização da vítima, com integridade física 
preservada; c) a recuperação total ou parcial do produto do crime. 
Consignou que os vocábulos “voluntariedade” e “espontaneidade” foram utilizados pelo 
tribunal “a quo” sem distinção de sentido. Ressaltou a necessidade de a colaboração do réu, para 
efeito de concessão do perdão judicial, decorrer de livre vontade, desprovida de qualquer 
tipo de constrangimento. 
 
 
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Verificou a sinonímia entre os termos em definições de dicionário da língua 
portuguesa. De acordo com a obra consultada, “voluntário” seria “aquilo que não é forçado, 
que só depende da vontade; espontâneo”.7 
Salientou que, ao afastar a aplicabilidade do benefício, o tribunal de origem considerou 
ausente a efetividade da colaboração como meio para obter provas. As investigações policiais, em 
momento anterior ao da celebração do acordo, revelaram os elementos probatórios acerca 
do esquema criminoso integrado pela paciente, especializado em enviar pessoas ilegalmente 
para o exterior. 
Por fim, sustentou que o julgamento impugnado levou em conta, na dosagem da diminuição 
da pena, o alcance da colaboração prestada. 
HC 129877/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18.4.2017. (HC-129877) 
 
Homologação de acordo de colaboração premiada e limites de atuação do relator 
O Plenário, por maioria, resolveu a questão de ordem no sentido de reafirmar a 
atribuição do relator para, monocraticamente, homologar acordos de colaboração 
premiada, oportunidade na qual se limita ao juízo de regularidade, legalidade e 
voluntariedade da avença. Reafirmou, também, a competência colegiada do STF 
para avaliar, em decisão final de mérito, o cumprimento dos termos bem como a 
eficácia do acordo. 
→ Não há mais controvérsia acerca da natureza jurídica do instituto, considerado, 
em termos gerais, um negócio jurídico processual firmado entre o Ministério Público 
e o colaborador. Trata-se, portanto, de meio de obtenção de prova cuja iniciativa não 
se submete à reserva de jurisdição. 
→ O Poder Judiciário é convocado ao final dos atos negociais apenas para aferir os 
requisitos legais de existência e validade, com a indispensável homologação. O juiz, 
ao homologar o acordo de colaboração, não emite juízo de valor a respeito das 
declarações eventualmente prestadas pelo colaborador à autoridade policial ou ao 
 
7 Trata-se de um entendimento minoritário. A posição majoritária milita no sentido de os termos “voluntário” 
e “espontâneo” possuírem conotações distintas. Logo, para ser válida, a colaboração apenas necessitaria ser 
voluntária (podendo a ideia ter partido do MP ou da polícia). Não necessitaria ser espontânea (partindo a ideia 
do próprio colaborador). 
 
 
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Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus depoimentos 
posteriores. 
→ O acordo homologado como regular, voluntário e legal gera vinculação, 
condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela colaboração, salvo 
ilegalidade superveniente apta a justificar nulidade ou anulação do negócio jurídico. 
→ O direito subjetivo do colaborador nasce e se perfectibiliza na exata medida em 
que ele cumpre seus deveres. 
→ Ao órgão colegiado é facultada a possibilidade de analisar fatos supervenientes ou 
de conhecimento posterior que firam a legalidade, nos termos do § 4º do art. 966 do 
Código de Processo Civil/2015 (CPC/2015). 
Informativo nº 870 (Plenário) 
O Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento conjunto, resolveu questão de ordem e 
negou provimento a agravo regimental em petição em que se discutiam, respectivamente, os limites 
da atuação do relator em homologação de colaboração premiada e a distribuição ao ministro Edson 
Fachin (relator), por prevenção, da Pet 7.003/DF, em razão do Inq 4.112/DF, cujo objeto são fatos 
relacionados à operação Lava Jato. 
A questão de ordem foi suscitada pelo relator tendo em conta petição ajuizada pelo 
governador do Estado de Mato Grosso do Sul e recebida como agravo regimental. O agravante 
contestou a distribuição por prevenção, e não por sorteio, dos autos em que foram homologados os 
acordos de colaboração premiada celebrados entre o Ministério Público Federal (MPF) e integrantes 
de grupo empresarial. Na petição, o governador pretendia o reconhecimento da inexistência de 
conexão entre os fatos e condutas a ele imputados na Pet 7.003/DF, bem como aqueles apurados no 
Inq 4.112/DF, e a consequente determinação da livre distribuição do feito. 
No bojo desse debate, questionou-se o conteúdo dos acordos formalizados entre os 
colaboradores e o MPF, com destaque para os limites da atuação jurisdicional no instituto em análise 
e seus reflexos na “persecutio criminis”, à luz das garantias constitucionais e das normas 
regulamentadoras previstas na Lei 12.850/2013. Diante disso, a questão de ordem foi submetida à 
deliberação do Plenário do STF, com base no princípio da segurança jurídica, insculpido no art. 5º, 
XXXVI, da Constituição Federal (CF). 
O Plenário, por maioria, resolveu a questão de ordem no sentido de reafirmar — nos 
limites dos §§ 7º e 11 do art. 4º (1) da Lei 12.850/2013 e incisos I e II do art. 21 (2) do 
Regimento Interno do STF (RISTF) — a atribuição do relator para, monocraticamente, 
 
 
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homologar acordos de colaboração premiada, oportunidade na qual se limita ao juízo de 
regularidade,legalidade e voluntariedade da avença. Reafirmou, também, a competência 
colegiada do STF para avaliar, em decisão final de mérito, o cumprimento dos termos bem 
como a eficácia do acordo. 
Além disso, consignou que acordo homologado como regular, voluntário e legal gera 
vinculação condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela colaboração. 
Salientou, ainda, que ao órgão colegiado é facultada a possibilidade de analisar fatos 
supervenientes ou de conhecimento posterior que firam a legalidade, nos termos do § 4º do 
art. 966 (3) do Código de Processo Civil/2015 (CPC/2015). 
Inicialmente, a Corte asseverou haver dois pontos em discussão: o poder do relator à luz do 
RISTF para a homologação do acordo de colaboração premiada, tanto no que concerne ao alcance 
quanto no que se refere aos limites dos atos; e o momento de aferição do cumprimento dos termos 
do acordo e sua eficácia. 
Diante disso, fixou dois nortes: a) os moldes do que foi decidido no HC 127.483/PR 
(DJE de 4.2.2016), a fim de reafirmar a atribuição do relator como corolário dos poderes 
instrutórios para ordenar a realização de meios de obtenção de provas, nos termos que 
lhe são conferidos pelos incisos I e II do art. 21 do RISTF, e, por conseguinte, homologar 
monocraticamente acordos de colaboração premiada — oportunidade em que se limita ao 
juízo de regularidade, legalidade e voluntariedade da avença, nos limites do art. 4º, § 7º, da Lei 
12.850/2013; e b) o juízo sobre o cumprimento dos termos do acordo de colaboração e sua 
eficácia, conforme preceitua o art. 4º, § 11, da Lei 12.850/2013. 
Nesse sentido, frisou que o que se põe ao exame do Colegiado é o momento dessa 
apreciação, ou seja, o instante da análise de mérito. Essa é a ocasião da prolação da sentença no STF 
em decisão colegiada, em Turma ou Pleno, etapa em que se confere concretude ao princípio 
acusatório que rege o processo penal no Estado Democrático de Direito. 
Destacou, ainda, que atualmente não há mais controvérsia acerca da natureza jurídica do 
instituto, considerado, em termos gerais, um negócio jurídico processual firmado entre o 
Ministério Público e o colaborador. Essa característica é representada pelas normas extraídas dos 
§§ 6º e 7º do art. 4º da Lei 12.850/2013, as quais vedam a participação do magistrado na 
celebração do ajuste entre as partes e estabelecem os limites de cognoscibilidade dos termos 
pactuados. Trata-se, portanto, de meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete à 
reserva de jurisdição, diferentemente do que ocorre, por exemplo, com a quebra do sigilo bancário 
ou fiscal e com a interceptação de comunicações telefônicas. 
 
 
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Nesse panorama jurídico, as tratativas e a celebração da avença são mantidas exclusivamente 
entre o Ministério Público e o pretenso colaborador, o que ocorreu no caso concreto. O Poder 
Judiciário é convocado ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos legais de 
existência e validade, com a indispensável homologação. Nesse sentido foram as conclusões 
sobre a homologação no julgamento do HC 127.483/PR. 
A Corte destacou, no ponto, que esse provimento interlocutório — o qual não julga o 
mérito da pretensão acusatória, mas resolve uma questão incidente — tem natureza meramente 
homologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e 
voluntariedade do acordo (art. 4º, § 7º, da Lei 12.850/2013). O juiz, ao homologar o acordo de 
colaboração, não emite juízo de valor a respeito das declarações eventualmente prestadas pelo 
colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus 
depoimentos posteriores. 
Entendimento contrário colocaria em risco a própria viabilidade do instituto, diante da 
iminente ameaça de interferência externa nas condições acordadas pelas partes, reduzindo de forma 
significativa o interesse no ajuste. Essa “postura equidistante” do juiz em relação às partes no 
processo penal informa o citado comando legal que prestigia o sistema acusatório. Se as declarações 
do colaborador são verdadeiras ou respaldadas por provas de corroboração, esse juízo será feito 
apenas “no momento do julgamento do processo”, no momento diferido, qual seja, na sentença, 
conforme previsto no § 11 do art. 4º da Lei 12.850/2013. Nessa etapa, serão analisados os elementos 
trazidos pela colaboração e sua efetividade. 
Dessa forma, o Colegiado considerou ser imprescindível chancelar a importância da 
preservação da segurança jurídica e da própria figura da colaboração premiada como instrumento 
relevante para coibir delitos, sobretudo contra o erário. 
Em conclusão quanto ao primeiro ponto discutido, afirmou que, no ato de homologação da 
colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma antecipada e extemporânea, tecer juízo de 
valor sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos casos de flagrante ofensa ao ordenamento 
jurídico vigente. Se assim agir, estará interferindo indevidamente na atuação dos órgãos de 
investigação, porque a celebração do acordo de colaboração premiada não trata de medida submetida 
à reserva de jurisdição. 
Repisou que, conforme decidido no julgamento do HC 127.483/PR (DJE de 4.2.2016), o 
art. 21, I e II, do RISTF confere ao relator poderes instrutórios para ordenar, de forma 
singular, a realização de quaisquer meios de obtenção de provas. Ressaltou que a natureza 
jurídica do acordo de colaboração premiada como meio de obtenção de prova é ato inserido nas 
atribuições regimentais do relator, ainda que os fatos apresentados pelos colaboradores envolvam 
 
 
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supostas ações e omissões de ocupante de cargo da Presidência da República, a serem provadas e, se 
comprovadas, tornadas objeto de processamento de ação penal que compete ao Plenário do STF. 
Portanto, não há qualquer óbice à homologação do respectivo acordo mediante decisão 
monocrática. 
Quanto ao segundo ponto, o Colegiado esclareceu que o ensejo dessa oportunidade se 
relaciona ao momento para o exercício da aferição do cumprimento dos termos do acordo e da sua 
eficácia ao que está previsto no § 11 do art. 4º da Lei 12.850/2013. 
Havendo foro por prerrogativa de função no STF, somente o juízo colegiado — Turma ou 
Pleno — poderá examinar o recebimento da denúncia e, em caso afirmativo, julgar a respectiva ação 
penal (RISTF, art. 5º, I). Esse juízo não é do relator, mas do Colegiado, sem embargo, para efeitos 
ordinatórios e instrutórios, da previsão do art. 21, XV (4), do RISTF. 
A instauração de inquérito é fase preliminar investigatória, na qual estão as colaborações, 
que, como meios de obtenção de prova, não são idôneas para se condenar, mas apenas para se ensejar 
a investigação onde há dúvida a ser dirimida ou indício a ser provado. Por isso, no momento de 
homologação, o juízo é preliminar e preambular. Somente no julgamento de mérito o Poder 
Judiciário, autorizado pela lei, poderá definir a extensão da colaboração e analisar o benefício 
respectivo. 
A Corte observou, também, que a lei permite ao Judiciário, em fase diferida, após a conclusão 
da instrução probatória, avaliar se os termos da colaboração premiada foram cumpridos e se os 
resultados concretos foram atingidos, o que definirá sua eficácia. [Lei 12.850/2013, art.4º, §§ 9º e 12 
(5)] 
Consignou que a última palavra será sempre do Colegiado, inexistindo quaisquer óbices 
jurídicos de índole subjetiva ou objetiva aptos a impedir a atuação do relator. O julgamento de mérito 
será levado a efeito pelo colegiado de juízes do STF ao apreciar os termos e a eficácia do acordo de 
colaboração. Reside na ambiência inafastável do Pleno a atribuição de juiz natural nos termos da 
competência deferida pela ordem jurídica, o que não contrasta com os regimentais poderes 
instrutórios e mesmo cautelares do relator. 
Salientou, por fim, que o direito subjetivo do colaborador nasce e se perfectibiliza na 
exata medida em que ele cumpre seus deveres. Estes são “condictio sine qua non” para que o 
colaborador possa fruir desses direitos. Nesse contexto, o acordo homologado como regular, 
voluntário e legal gera vinculação, condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos 
 
 
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pela colaboração, salvo ilegalidade superveniente apta a justificar nulidade ou anulação do 
negócio jurídico8. 
Vencidos os ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio. 
O ministro Ricardo Lewandowski divergiu pontualmente. Para ele, na delação premiada, 
apesar do relevante papel do MPF, a última palavra — não quanto à conveniência e oportunidade da 
celebração do acordo, mas quanto à legalidade “lato sensu” da avença — é do Poder Judiciário; neste 
caso, do juiz relator e também do Plenário, em última análise. 
Asseverou existirem dois momentos para analisar as cláusulas e condições das delações 
premiadas. O primeiro, precário e efêmero, é realizado pelo relator, com base no art. 21 do RISTF. 
Nele se verifica a presença dos requisitos de regularidade, voluntariedade e legalidade. Esta última, 
no entanto, é empregada em seu sentido amplo. O relator tem o dever de vetar cláusulas que excluam 
da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direitos; estabeleçam o cumprimento imediato 
da pena ainda não fixada; fixem regime de cumprimento de pena não autorizado pela legislação em 
vigor; avancem sobre cláusulas de reserva de jurisdição; determinem o compartilhamento de provas 
e informações sigilosas sem intervenção da justiça; ou autorizem a divulgação de informações que 
atinjam a imagem ou a esfera jurídica de terceiros. 
Em um segundo momento, havendo falha ou dados porventura não examinados na análise 
perfunctória da legalidade pelo relator, caberá ao Plenário apreciar esses aspectos. A decisão do relator 
permite que a delação premiada possa efetivar-se no plano da realidade fática, mas, embora importante, 
não vincula o Plenário no que diz respeito aos aspectos da legalidade “lato sensu”. Em suma, a última 
palavra quanto à legalidade e à constitucionalidade das cláusulas e condições ajustadas no acordo de 
colaboração premiada é do juiz natural, que, nesse caso, é o Colegiado. 
Para o ministro Gilmar Mendes, a homologação dos acordos de colaboração premiada é de 
competência do Colegiado, especialmente em casos que envolvam dispensa da denúncia. O acordo de 
colaboração premiada deve ser admitido, desde que esteja nos limites da Lei 12.850/2013. Compete à 
Corte realizar o controle efetivo e eficaz dessa legalidade, que tem como limite apenas o espaço conferido 
pela lei para o juízo de conveniência e oportunidade da acusação e da defesa, mas é poder-dever do juiz 
aprofundar a avaliação da legalidade do acordo, inclusive quanto à extensão dos benefícios prometidos. 
 
8 Segundo o STF, não há obrigatoriedade legal absoluta de registro audiovisual das declarações dadas em 
colaboração premiada. Trata-se de uma recomendação, e, caso não observada, não seria apta a gerar nulidade: 
“1. Nos termos do art. 4º, § 13, da Lei 12.850/2013, não há indispensabilidade legal de que os 
depoimentos referentes a colaborações premiadas sejam registrados em meio magnético ou similar, 
mas somente uma recomendação para assegurar maior fidelidade das informações. Inexiste, portanto, 
nulidade ou prejuízo à defesa pela juntada apenas de termos escritos, sobretudo quando não foi realizada a 
gravação dos depoimentos.” (STF. Inq 4146, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado 
em 22/06/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-212 DIVULG 04-10-2016 PUBLIC 05-10-2016) 
 
 
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Segundo ressaltou, o acordo de colaboração não é simples meio de obtenção de prova, mas um 
negócio jurídico com efeitos benéficos ao colaborador. Nessa mesma linha, os acordos, que podem 
envolver redução de penas, não podem vincular o Colegiado, o qual, na fase de julgamento, avaliará apenas 
sua eficácia. Em alguns casos, é oferecido perdão ao delator, com dispensa de denúncia, o que torna a 
decisão monocrática ainda mais incompatível com o sistema jurídico caso o processo não seja submetido 
ao Colegiado. Por fim, o ministro asseverou que a homologação do acordo não tem eficácia preclusiva 
completa, a afastar totalmente sua revisão, por ocasião do julgamento. 
Para o ministro Marco Aurélio, os poderes do relator no momento da homologação do acordo 
de colaboração premiada não deveriam ser tão amplos. Para ele, não compete ao relator avançar e endossar 
os parâmetros do acordo. Tal faculdade cabe apenas ao órgão que cumprirá o julgamento de eventual ação 
penal que venha a ser proposta. 
(1) Lei 12.850/2013: “Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 
2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado 
efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um 
ou mais dos seguintes resultados: (...) § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º, o respectivo termo, acompanhado 
das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá 
verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na 
presença de seu defensor. (...) § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.” 
(2) Regimento Interno do STF: “Art. 21. São atribuições do Relator: I – ordenar e dirigir o processo; II – executar e 
fazer cumprir os seus despachos, suas decisões monocráticas, suas ordens e seus acórdãos transitados em julgado, 
bem como determinar às autoridades judiciárias e administrativas providências relativas ao andamento e à instrução 
dos processos de sua competência, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais não 
decisórios a outros Tribunais e a juízos de primeiro grau de jurisdição;” 
(3) Código de Processo Civil de 2015: “Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida 
quando: (...) § 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e 
homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à 
anulação, nos termos da lei.” 
(4) Regimento Interno do STF: “Art. 21. São atribuições do Relator: (...) XV – determinar a instauração de inquérito 
a pedido do Procurador-Geral da República, da autoridade policial ou do ofendido, bem como o seu arquivamento, 
quando o requerer o Procurador-Geral

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