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5 ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

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13
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (Lei 12.850/13 e Lei 12.694/12)
Por Fernanda Evlaine
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS	3
1.1. ASPECTO HISTÓRICO E CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA	3
1.2. OUTRAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DA LEI Nº 12.850/13	6
1.3.1. Obstrução ou embaraço de investigação de Organização Criminosa	8
1.3.2. Majorante pelo emprego de arma de fogo	8
1.3.3. Agravante pelo comando da Organização	9
1.3.4. Demais causas de aumento de pena	9
1.3.5. Afastamento cautelar de servidor público envolvido	10
1.3.6. Perda do cargo e interdição para o exercício de cargo ou função pública	10
2.	INVESTIGAÇÃO E MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA	10
2.1. COLABORAÇÃO PREMIADA	12
2.1.1. Outras questões importantes sobre a colaboração premiada	22
3.	CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA TIPIFICADOS NA LEI Nº 12.850/13	33
4.	ART. 288, CP – ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA	36
5.	10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER	37
6.	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	38
7.	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	38
ATUALIZADO EM 20/06/2018[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.] 
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
1. INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS
1.1. ASPECTO HISTÓRICO E CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Antes de se discorrer diretamente sobre o conceito de organização criminosa é necessário fazer alguns esclarecimentos. Ocorre que até o advento da Lei nº 12.694/2012, o Brasil não possuía qualquer tipo penal que tipificasse como crime as ações de organizações criminosas (A Lei nº 9.034/95 falava do tema, mas não previa como crime).
Por conta disso, antes do advento das Leis nºs 12.694/12 e 12.850/13, doutrina e jurisprudência se dividiam sobre a (não) violação do princípio da reserva legal, na sua vertente taxatividade, pela Lei nº 9.034/95, tendo em vista que, apesar de fazer menção à organização criminosa, deixou de conceituá-la.
Assim, passaram-se muitos anos sem que o legislador definisse o conceito de organização criminosa, fato que poderia comprometer todos os dispositivos da Lei nº 9.034/95 no tocante à aplicação dos mesmos às organizações criminosas.
Para o STJ, o conceito de organização criminosa estava positivado no art. 2º da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, adotada em Nova York, em 15 de novembro de 2000, chamada de Convenção de Palermo, promulgada pelo Decreto nº 5.015, de 12 de março de 2004. O referido decreto apontava como elementos da Organização Criminosa: 1. Grupo estruturado de três ou mais pessoas; 2. Existente há algum tempo; 3. Propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na Convenção de Palermo; 4. Intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material.
O STF, entretanto, em julgamento emblemático ocorrido no ano de 2012, referente aos bispos da Igreja Renascer (HC 96.007/SP), relatado pelo Ministro Marco Aurélio, acatando a tese que vinha sendo sustentada por alguns estudiosos do tema, entendeu que não havia no sistema jurídico brasileiro uma lei nacional válida, que definisse o que se deveria considerar por organização criminosa, fato que inviabilizaria a aplicação do conceito dado pela Convenção de Palermo, para a promoção de responsabilização de acusados das práticas de crimes em organização criminosa. 
Visando superar essa “ausência” de definição do que seria organização criminosa, primeiramente foi editada a Lei nº 12.694/12 a qual, dispondo sobre o processo e o julgamento colegiado[footnoteRef:2] em primeiro grau de crimes praticados por organizações criminosas, trouxe, em seu art. 2º, o conceito contendo as seguintes características: 1. Associação de três ou mais pessoas; 2. Estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente; 3. Objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza e 4. Prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro anos) ou que sejam de caráter transnacional. [2: O julgamento colegiado poderá ser utilizado em qualquer ato processual (art. 1º), tendo em vista a necessidade de proteção da identidade do juiz.] 
Vale lembrar mais uma vez que apesar da definição do que seria organização criminosa, a Lei nº 12.694/12 não previa o crime organizado como crime. Por conta disso, posteriormente, surgiu a Lei nº 12.850/13, a qual trouxe, no §1º do seu art. 1º, a seguinte definição: 
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.[footnoteRef:3] [3: O referido artigo DESPENCA em provas. O PC/AC – Delegado (2017) cobrou o seu entendimento. ] 
OBS: A aplicação da Lei nº 12.850/13 restringe-se aos fatos que tenham dado início após a sua vigência. Não se aplica a Súmula 711 justamente porque antes não existia a definição de crime.
E como fica essa sucessão de leis no tempo? A Lei nº 12.694/12 foi totalmente revogada? Existem dispositivos dela que ainda se aplicam?[footnoteRef:4] [4: É obrigatória a leitura integral do texto de ambas as Leis. Em especial da 12.850/13. ] 
Parte minoritária da doutrina sustenta que há dois conceitos distintos de organizações criminosas no ordenamento pátrio: um para fins de formação do juízo colegiado, nos termos da Lei nº 12.694/12, outro para fins de aplicação das técnicas especiais de investigação regulamentadas pela nova Lei das Organizações Criminosas, cuja definição consta do art. 1°, § 1°, da Lei n° 12.850/13. Há também entendimento no sentido de que a Lei nº 12.694/12 foi completamente revogada.
O entendimento dominante na Doutrina (Renato Brasileiro, Rogério Sanches e Baltazar) é que a Lei nº 12.850/13 revogou tacitamente o art. 2º da Lei nº 12.694/12 que trazia a definição do que seriam as organizações criminosas. Os demais artigos permanecem em vigor, pois ambas possuem objetos distintos. A lei nº 12.694/12 trata da formação dos juízos colegiados para julgamento de crimes praticados por organizações criminosas[footnoteRef:5], enquanto que a Lei nº 12.850/13 traz o conceito e os meios de investigação de tais infrações penais. Assim, cada uma continua a regular os temas que são de sua competência. [5: (MPE-SC – Promotor de Justiça/2016): Julgue a seguinte assertiva: Na forma da Lei n. 12.694/12, em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente, a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, a prolação da sentença, a progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena, a concessão de liberdade condicional, a transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima, entre outros.
Gabarito: Correto.] 
Segue ainda quadro diferenciador entre a definição utilizada por ambas as Leis:
	Organização Criminosa
Art. 2º da Lei nº 12.694/12
	Organização Criminosa
Art. 1º, §1º, c/c art. 2º, caput, ambos da Lei nº 12.850/13
	Número de integrantes: associação estável e permanentede 3 (três) ou mais pessoas;
	Número de integrantes: associação estável e permanente de 4 (quatro) ou mais pessoas;
	Finalidade: obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos, ou de caráter transnacional;
	Finalidade: obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais (crimes ou contravenções penais) cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou de caráter transnacional[footnoteRef:6]; [6: (MPE-SC – Promotor de Justiça/2016): Julgue a seguinte assertiva: Nos termos da Lei n. 12.850/13 (Organizações Criminosas), considera-se organização criminosa a associação de três ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam iguais ou superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Gabarito: Errado.] 
	Natureza jurídica: não era um tipo penal incriminador, já que sequer havia cominação de pena. Funcionava apenas como uma forma de se praticar crimes, sujeitando o agente a certos gravames (v.g. regime disciplinar diferenciado, formação do juízo colegiado.
	Natureza jurídica: trata-se de tipo penal incriminador, previsto no art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/13, ao qual é cominada pena de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
*#IMPORTANTE: Ademais, a Lei nº 12.850/13 também manteve no ordenamento jurídico, com alterações, o tipo do art. 288 do CP, que tratava da quadrilha ou bando, agora sob o nome de Associação Criminosa. O critério distintivo essencial entre os tipos de associação criminosa (CP, art. 288) e organização criminosa (LOC, arts. 1º e 2º) não é o número de agentes ou fato de visar a crimes graves, mas sim o fato de ser a organização estruturalmente ordenada e contar com divisão de tarefas. Sendo assim, é possível que um grupo que tenha mais de três agentes e tenha por finalidade a prática de crimes com pena superior a quatro anos seja tratado como associação criminosa (CP, 288), desde que não seja estruturalmente ordenado e não conte com divisão de tarefas.
1.2. OUTRAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DA LEI Nº 12.850/13
a) § 2º Esta Lei se aplica também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
O simples fato de a infração ser prevista em tratado ou convenção internacional não é suficiente. É necessário também que se trate de crime à distância. 
*NEVER FORGET: #OLHAOGANCHO
Crimes à distância: Constituem as infrações em que a ação ou omissão se dá em um país e o resultado ocorre em outro. Como por exemplo, um estelionato praticado no Brasil e consumado na Argentina (ou vice-versa).
b) II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016) Novidade legislativa que será cobrada nas próximas provas!!!
- Requisitos para a caracterização de uma organização criminosa
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
a) Associação de 4 ou mais pessoas: Requer estabilidade e permanência. 
OBS: Eventual agente infiltrado não pode ser levado em consideração para completar o número mínimo de 4 integrantes.
b) Estrutura ordenada que se caracteriza pela divisão de tarefas, ainda que informalmente: Diz respeito à hierarquia estrutural, planejamento empresarial, uso de meios tecnológicos avançados, recrutamento de pessoas, divisão funcional das atividades, conexão estrutural ou funcional com o poder público. 
c) Finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro (quatro) anos, ou de caráter transnacional: No caso de prática de delito transnacional, pouco importa a pena do delito. 
1.3. ANÁLISE DO TIPO PENAL
Crime organizado por natureza e Crime organizado por extensão
Conforme Renato Brasileiro, a expressão crime organizado por natureza refere-se à punição, de per si, pelo crime de organização criminosa, ou seja, pelo tipo penal do art. 2°, caput, da Lei n° 12.850/13, ou pelos delitos de associação criminosa (CP, art. 288; Lei n° 11.34 3/06, art. 35). Noutro giro, a expressão crime organizado por extensão refere-se às infrações penais praticadas pela organização criminosa ou pelas associações criminosas.
Exemplo: Verificada a existência de organização criminosa especializada em crimes de peculato, os agentes deverão ser denunciados pelo crime de organização criminosa (Lei n° 12.8 50/13, art. 2°, caput) - crime organizado por natureza - em concurso material com os delitos de peculato (CP, art. 312) - crime organizado por extensão.
Art. 2o  Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.
1. Bem jurídico tutelado: Paz pública.
2. Tipo Penal: Tipo misto alternativo[footnoteRef:7]. Basta a realização de uma das 04 condutas incriminadas pelo art. 2º dentro da definição de organização criminosa do art. 1º, §1. [7: No tipo misto alternativo mesmo que o agente pratique, em um mesmo contexto, mais de uma ação típica, responde por crime único.] 
a) promover: consiste em gerar, dar origem a algo, fomentar;
b) constituir: formar, organizar, compor; 
c) financiar: sustentar os gastos, custear, bancar, prover o capital necessário para o desenvolvimento de determinada atividade; e
d) integrar: tomar parte juntar-se, completar.
Vale lembrar que se trata de norma penal em branco homogênea, pois o conceito primário é incompleto e o complemento é proveniente da mesma fonte legislativa. 
3. Sujeitos do Crime: Crime comum. Também é crime plurissubjetivo, pois, é necessária a reunião de pelo menos 04 agentes. É crime de conduta paralela.
4. Consumação e tentativa: É crime formal. Se consuma com a reunião dos agentes com o intuito de praticar crimes, sendo desnecessária a prática de crimes por parte dos agentes. 
OBS: A partir disso pode-se inferir importante diferença entre o simples concurso de pessoas e a organização criminosa. No concurso é necessário que as infrações as quais se queiram praticar sejam ao menos tentadas (art. 31, CP), já na Organização Criminosa não. 
5. Concurso de Crimes: Se os membros da organização criminosa praticarem as infrações penais para as quais se associarem, deverão responder pelo art. 2º da Lei n.º 12.850/13 em concurso material com os demais ilícitos perpetrados. 
1.3.1. Obstrução ou embaraço de investigação de Organização Criminosa
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
a) Impedir: Significa obstruir, obstar, tolher.
b) Embaraçar: Perturbar, complicar.
O crime consuma-se com qualquer ação ou omissão que cause alguma perturbação em investigação alheia. Diferentemente do caput, este artigo tem como bem jurídico a administração da Justiça.
E se o agente embaraçar o processo judicial? Renato Brasileiro entende que não se aplica, sob pena de analogia in malam partem.
1.3.2. Majorante pelo emprego de arma de fogo
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo.
A majorante em questão incide tanto para a figura do caput quanto para o §1º. 
Você sabia?
Arma de fogo pode ser conceituada como a arma quearremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil. (Decreto n° 3.665/2000, Anexo, art. 3°, XIII).
1.3.3. Agravante pelo comando da Organização
§ 3o  A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
A aplicação desta agravante[footnoteRef:8] não pode ser feita de maneira concomitante àquela do art. 62, I, do CP, sob pena de indesejado bis in idem. [8: (MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) A seguinte assertiva foi considerada incorreta: “Segundo a Lei n. 12.850/13 (Organizações Criminosas), em seu art. 2°, § 3°, encontra-se expressamente prevista circunstância de especial aumento de pena para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.”. OBS.: Trata-se de agravante e não de causa especial de aumento de pena.] 
1.3.4. Demais causas de aumento de pena
§ 4o  A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;
De acordo com o art. 2º do ECA, considera-se criança a pessoa com até 12 (doze) anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal;
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
 
Nesse caso, não basta só que haja funcionário público, deve haver o proveito das funções públicas para a prática da infração.
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
Produto é o resultado imediato da infração penal. Proveito o resultado final. 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes;
Tem como objetivo combater a macrocriminalidade. 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização.
Renato Brasileiro e Bittencourt entendem que a aplicação da referida causa de aumento de pena constitui bis in idem, pois, a transnacionalidade já é uma elementar do conceito de organização criminosa no art. 1º, §1º. 
1.3.5. Afastamento cautelar de servidor público envolvido
§ 5o  Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
A referida medida é passível de decretação em qualquer fase da persecução penal. Necessita de determinação judicial. Além disso, a decretação da medida está condicionada ao fumus comissi delicti e ao periculum libertatis.
 
1.3.6. Perda do cargo e interdição para o exercício de cargo ou função pública
§ 6o  A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
Independentemente da pena cominada, a condenação com trânsito em julgado produz os efeitos oriundos do artigo. 
2. INVESTIGAÇÃO E MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA[footnoteRef:9] [9: Tema cobrado na primeira fase do MPMG (2016).] 
	
De acordo com o art. 3º da LOC, em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
I - colaboração premiada; 
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
III - ação controlada; 
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; 
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; 
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; 
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; 
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.
§ 1o  Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
§ 2o  No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da realização da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
Os §1º e §2º trazem interessante nova hipótese de dispensa de licitação. 
E o que é meio de obtenção de prova?
	Meios de obtenção de prova
	Meios de prova
	- Em regra, são executados na fase preliminar de investigações, o que não afasta a possibilidade de execução durante o curso do processo, de modo a permitir a descoberta de fontes de prova diversas das que serviram para a formação da opinio delicti;
	- Em regra, são realizados na fase processual da persecução penal; excepcionalmente, na fase investigatória, observado o contraditório, ainda que diferido (ex.: provas antecipadas);
	- São atividades extraprocessuais;
	- São atividades endoprocessuais;
	- São executados, em regra, por policiais aos quais seja outorgada a atribuição de investigação de infrações penais, geralmente com prévia autorização e concomitante fiscalização judiciais;
	- Consistem em atividades desenvolvidas perante o juiz competente, valendo lembrar que o juiz que presidir a instrução deverá, pelo menos em regra, julgar o feito (CPP, art. 399, §2º);
	- São praticados com fundamento na surpresa, com desconhecimento do(s) investigado(s);
	- São produzidos sob o crivo do contraditório, com prévio conhecimento e participação das partes;
	- Se praticados em desconformidades com o modelo típico, há de ser reconhecida sua ilicitude, com o consequente desentranhamento dos autos do processo.
	- Se praticados em desconformidade com o modelo típico, são sancionados, em regra, com a nulidade absoluta ou relativa.
2.1. COLABORAÇÃO PREMIADA[footnoteRef:10] [10: De todos os assuntos dessa Lei, a colaboração premiada é um dos mais importantes, senão o mais importante. Atenção total!] 
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
I - colaboração premiada;
1. Conceito: De forma genérica, o instituto da colaboração premiada consiste na troca de algum benefício do Estado por informações prestadas, úteis à elucidação dos delitos e dos autores, à recuperação de produtos do crime ou à localização da vítima. 
A colaboração premiada possui natureza jurídica de "meio de obtenção de prova" (art. 3º, I, da Lei nº 12.850/2013). Atenção: Conforme explanado no quadro anterior, a colaboração premiada não é um meio de prova propriamente dito. A colaboração premiada não prova nada (ela não é uma prova). A colaboração premiada é um meio, uma técnica, um instrumento parase obter as provas.
Vale dizer que a colaboração premiada está prevista em diversas leis, porém, segundo Baltazar, é possível concluir pela coexistência das previsões normativas, devendo-se aplicar a lei conforme o princípio da especialidade.
Previsão normativa #DIZERODIREITO:
Podemos encontrar algumas previsões embrionárias de colaboração premiada em diversos dispositivos legais esparsos. Confira a relação:
• Código Penal (arts. 15, 16, 65, III, 159, § 4º);
• Crimes contra o Sistema Financeiro – Lei 7.492/86 (art. 25, § 2º);
• Crimes contra a Ordem Tributária – Lei 8.137/90 (art. 16, parágrafo único);
• Lei dos Crimes Hediondos – Lei 8.072/90 (art. 8º, parágrafo único);
• Convenção de Palermo – Decreto 5.015/2004 (art. 26);
• Lei de Lavagem de Dinheiro – Lei 9.613/98 (art. 1º, § 5º);
• Lei de Proteção às Testemunhas – Lei 9.807/99 (arts. 13 a 15);
• Lei de Drogas – Lei 11.343/2006 (art. 41);
• Lei Antitruste – Lei 12.529/2011 (art. 87, parágrafo único).
O instituto, no entanto, foi tratado com maior riqueza de detalhes pela Lei nº 12.850/2013 (Lei do Crime Organizado), em seus arts. 4º a 7º. Este é, atualmente, o diploma que rege, de forma geral, a colaboração premiada em nosso país, razão pela qual a explicação abaixo será feita com base nesta Lei.
A Lei 12.850/2013, no entanto, utilizou a expressão “colaboração premiada”. Existe alguma diferença?
SIM. Para parcela da doutrina, a nomenclatura "colaboração premiada" é mais ampla, devendo ser considerada como um gênero, do qual uma das suas espécies é a delação premiada. A delação premiada ocorre quando o investigado ou acusado colabora com as autoridades delatando os comparsas, ou seja, apontando as outras pessoas que também praticaram as infrações penais, também é denominada de “chamamento de corréu”. Assim, toda delação premiada é uma forma de colaboração premiada, mas nem sempre a colaboração premiada será feita por meio de uma delação premiada.
*#OUSESABER #SELIGANOSINÔNIMO: Chamamento de corréu é expressão sinônima a delação premiada. Trata-se, portanto, de uma das espécies de colaboração premiada. Pressupõe que o delator confesse a prática criminosa e incrimine os comparsas.
*#NÃOCONFUNDIR: Não se confunde, todavia, com a colaboração premiada, tendo em vista que esta se trata de gênero em que o investigado não apenas identifica os comparsas, mas também presta outras informações. Ex: localização da vítima com sua integridade física preservada, sem necessariamente delatar comparsas.
2. Requisitos
A Lei exige efetividade da colaboração, consubstanciada na obtenção de pelo menos um dos seguintes resultados:
1) Identificar os demais coautores e partícipes da organização criminosa e as infrações penais por eles praticadas.
2) Revelar a estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa.
3) Prevenir as infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa.
4) Recuperar total ou parcialmente o produto ou o proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa.
5) Localizar o paradeiro da vítima com a sua integridade física preservada.
OBS: A colaboração precisa ser voluntária, ou seja, é aceita mesmo que a ideia não tenha partido do acusado. Nesse caso, diz-se que não precisa ser espontânea. É possível que o agente colaborador traga informações a respeito de pessoas que não tenham relação alguma com aqueles que, primariamente, sejam alvo da investigação.
*#OUSESABER: O que se entende por “causalidade hipotética às avessas?” Um dos pressupostos para a incidência dos prêmios da Lei do Crime Organizado é que da colaboração resulte a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa (veja que se trata de um dos requisitos – item “03” acima). Neste cenário, Vinicius Marçal e Cleber Masson (em menção à obra de Bitencourt e Busato), destacam que: "A fim de viabilizar a aferição dessa necessária relação de causa (colaboração) e efeito (prevenção), o ideal é que se realize um juízo de causalidade hipotética, nos mesmos padrões que se faz com as imputações de crimes omissivos, porém às avessas. Ou seja, a verificação de que caso não houvesse determinada intervenção derivada da colaboração, um resultado delitivo teria sido produzido" (Masson, Cleber; Marçal, Vinicius. Crime Organizado. 2 ed. São Paulo: Método, 2016, p.164).
3. Benefícios
Poderão ser concedidos ao colaborador os seguintes benefícios (prêmios):
1) Não oferecimento da denúncia
Se o acordo de colaboração for firmado ainda na fase de investigação, sendo ele homologado pelo juiz, o Ministério Público poderá deixar de oferecer a denúncia contra o colaborador. Trata-se de uma exceção ao princípio da obrigatoriedade, segundo o qual, havendo justa causa, o MP é obrigado a oferecer a denúncia.
Para que o MP deixe de oferecer a denúncia contra o colaborador é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos:
a) A colaboração deve ser efetiva e voluntária;
b) O colaborador não pode ser o líder da organização criminosa[footnoteRef:11]; [11: (CESPE – Delegado de Polícia/2016): Sebastião, Júlia, Caio e Marcela foram indiciados por, supostamente, terem se organizado para cometer crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. No curso do inquérito, Sebastião e Júlia, sucessivamente com intervalo de quinze dias, fizeram acordo de colaboração premiada.
Nessa situação hipotética, no que se refere à colaboração premiada,
a) nos depoimentos que prestarem, Sebastião e Júlia terão direito ao silêncio e à presença de seus defensores.
b) o MP poderá não oferecer denúncia contra Sebastião, caso ele não seja o líder da organização criminosa.
c) o MP poderá não oferecer denúncia contra Júlia, ainda que a delação de Sebastião tenha sido a primeira a prestar efetiva colaboração.
d) Sebastião e Júlia poderão ter o benefício do perdão judicial, independentemente do fato de as colaborações terem ocorrido depois de sentença judicial.
e) o prazo para o oferecimento da denúncia em relação aos delatores poderá ser suspenso pelo período, improrrogável, de até seis meses.
Gabarito: B] 
c) O colaborador deve ter sido o primeiro a prestar efetiva colaboração.
2) Perdão judicial
Se a colaboração prestada for muito relevante, o Ministério Público ou o Delegado de Polícia poderão se manifestar pedindo que o juiz conceda perdão judicial ao colaborador, o que acarreta a extinção da punibilidade (art. 107, IX, do CP). Veja a redação do art. 4º, § 2º da Lei nº 12.850/2013:
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
3) Redução da pena
Outro benefício previsto ao colaborador é a redução da pena que lhe for imposta.
• Se a colaboração ocorrer antes da sentença, ou seja, se a pessoa decidir colaborar antes de ser julgada: sua pena poderá ser reduzida em até 2/3.
• Se a colaboração ocorrer após a sentença, ou seja, se a pessoa decidir colaborar apenas depois de ser condenada: sua pena poderá ser reduzida em até metade (1/2).
4) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
O juiz poderá substituir a pena privativa de liberdade do colaborador por pena restritiva de direitos mesmo que não estejam presentes os requisitos do art. 44 do CP[footnoteRef:12]. [12: (TRT 3ª Região - Juiz Federal Substituto/2016): Pode-se dizer que a Lei 12.850/13 quebrou paradigmas; dentre os fundamentos para tal afirmação, encontra-se:
a) O fato de tal diploma legal ter definido o que sejam organizações terroristas internacionais; 
b) O fato de tal diploma legal ter possibilitado a quebra dos sigilos fiscal e telefônico de maneira irrestrita; 
c) O fato de tal diploma legal ter conferido ao magistradopoder para aplicar a pena, em desconformidade com o previsto nos artigos 33 e 44 do Código Penal; 
d) O fato de a colaboração premiada não mais poder beneficiar pessoas definitivamente condenadas; 
Gabarito: C. Vale ressaltar que à época da questão ainda não existia a alteração legislativa provocada pela Lei 13.260/16.] 
5) Progressão de regime
Para que ocorra a progressão de regime, o réu deverá ter cumprido determinado tempo de pena. A isso chamamos de requisito objetivo da progressão.
Para crimes comuns: o requisito objetivo consiste no cumprimento de 1/6 da pena aplicada.
Para crimes hediondos ou equiparados, o requisito objetivo representa o cumprimento de:
• 2/5 da pena se for primário.
• 3/5 da pena se for reincidente.
Se o réu já estiver condenado e cumprindo pena e decidir colaborar, ele poderá receber como "prêmio" a progressão de regime ainda que não tenha atingido o requisito objetivo (§ 5º do art. 4º).
O STF entende que, caso a colaboração seja efetiva e produza os resultados almejados, o colaborador tem direito subjetivo à aplicação das sanções premiais estabelecidas no acordo, inclusive de natureza patrimonial (HC 127483/PR).
4. Critérios utilizados para a escolha do benefício
A Lei aponta os seguintes critérios para que o juiz escolha quais benefícios serão aplicados ao colaborador (§ 1º do art. 4º):
a) Personalidade do colaborador;
b) Natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso;
c) Eficácia da colaboração.
5. Direitos do colaborador
O art. 5º da Lei 12.850/2013 prevê os seguintes direitos ao colaborador:
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica (Lei nº 9.807/99);
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados;
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes;
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados.
6. Procedimento até a assinatura do acordo de colaboração
1) Negociação do acordo
O investigado (ou acusado), assistido por advogado, negocia o acordo de colaboração premiada com o Delegado de Polícia ou com o Ministério Público. 
O juiz não participará, em hipótese alguma, das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração (§ 6º do art. 4º). Caso o magistrado interagisse nas negociações, haveria uma grave violação do sistema acusatório e um seriíssimo risco de contaminação da sua imparcialidade, considerando que as informações enunciadas pelo eventual colaborador iriam incutir no julgador preconcepções sobre o próprio delator e seus comparsas. Se as negociações não culminassem com um acordo, a opinião do julgador a respeito do investigado/denunciado já estaria construída em seu psicológico considerando que teria ouvido confissões sobre os fatos criminosos.
Ademais, a simples presença do juiz da causa na tentativa de acordo poderia exercer uma indevida coerção velada para que o investigado/acusado aceitasse eventual proposta, o que contraria a natureza do instituto já que a colaboração deve ser voluntária.
2) Formalização do acordo e envio à Justiça
Caso as negociações tenham êxito, as declarações do colaborador serão registradas (em meio escrito ou audiovisual) e será elaborado um termo de acordo de colaboração premiada, a ser assinado por todas as partes e, então, remetido ao juiz para homologação.
	O Delegado de Polícia pode negociar e assinar acordo de colaboração premiada com o colaborador (assistido por seu defensor), enviando depois esse termo para ser homologado pelo juiz? A autoridade policial tem legitimidade para celebrar o acordo de colaboração premiada?
	
Redação literal da Lei 12.850/2013: SIM
A redação da Lei nº 12.850/2013 dá a entender que, se fosse feito durante o inquérito policial, o acordo de colaboração premiada poderia ser celebrado entre o Delegado de Polícia e o investigado, ou seja, a autoridade policial teria legitimidade para celebrar acordo de colaboração premiada, bastando que houvesse uma manifestação (parecer) do MP. Veja:
Art. 4º (...)
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
(...)
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
	
Posição da doutrina majoritária: NÃO
A doutrina majoritária sustenta que a legitimidade para celebrar o acordo de colaboração premiada é exclusiva do Ministério Público. O Delegado de Polícia até poderia sugerir o acordo, mas quem decide sobre a sua celebração e condições seria o membro do MP. Os argumentos, em síntese, para essa conclusão são os seguintes:
a) O acordo precisará ser homologado pelo magistrado e o Delegado de Polícia não teria capacidade postulatória para peticionar em juízo pedindo a homologação;
b) A CF/88, em seu art. 129, I, conferiu ao MP, a titularidade da ação penal pública e, com isso, também garantiu a esse órgão a decisão sobre a viabilidade ou não da persecução penal. Alguns benefícios (prêmios) previstos ao colaborador implicam o não-exercício da ação penal (como o não-oferecimento de denúncia), decisão essa que só poderia ser tomada pelo MP, já que ele é o titular da ação penal.
"(...) por mais que a autoridade policial possa sugerir ao investigado a possibilidade de celebração do acordo de colaboração premiada, daí não se pode concluir que o Delegado de Polícia tenha legitimação ativa para firmar tais acordos com uma simples manifestação do Ministério Público.
(...)
Por consequência, se a autoridade policial é desprovida de capacidade postulatória e legitimação ativa, não se pode admitir que um acordo por ela celebrado com o acusado venha a impedir o regular exercício da ação penal pública pelo Ministério Público, sob pena de se admitir que um dispositivo inserido na legislação ordinária possa se sobrepor ao disposto no art. 129, I, da Constituição Federal." (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 554-555).
*#ATENÇÃO[footnoteRef:13] #DEOLHONAJURIS: O STF em seu informativo 907, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta para assentar a CONSTITUCIONALIDADE dos §§ 2º e 6º do art. 4º (1) da Lei 12.850/2013, a qual define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. A ação impugnava as expressões “e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público” e “entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso”, contidas nos referidos dispositivos, que conferem legitimidade ao delegado de polícia para conduzir e firmar acordos de colaboração premiada (Informativo 888). Prevaleceu o voto do ministro Marco Aurélio (relator), no sentido de que o delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. [13: https://guilhermedesouzanucci.jusbrasil.com.br/noticias/597598576/resumo-do-informativo-n-907-do-stf?ref=serp] 
3) Requisitos formais do acordo
Segundo o art. 6º, o termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter os seguintes requisitos formais:
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia;
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor;
V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário.
Na proposta encaminhada ao Judiciário já deverá ser especificado o benefício que deverá ser concedido ao colaborador (ex: redução de 2/3 da pena). Deve-se esclarecer, contudo, que o magistrado não está vinculado aos termos da proposta, podendo adequá-la ao caso concreto (§ 8º do art. 4º).
4) O pedido de homologação do acordo é autuado como processo sigiloso
O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 horas. OBS: se já houver um juízo que estiver funcionando no caso (ex: tiver deferido interceptação telefônica, recebido a ação penal, etc.), este será o competente para apreciar o acordo, sendo distribuído a ele por prevenção.
O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao Delegado de Polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento.
O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia (§ 3º do art. 7º).
5) Análise da homologação pelo juiz
As negociações do acordo de colaboração premiada ocorrem em âmbito extrajudicial, sendo vedada a participação do magistrado.
Ocorre que, após celebrado, o pacto somente terá eficácia processual se for homologado pelo juiz.
Na análise da homologação do acordo, o juiz deverá examinar os seguintes aspectos:
a) Regularidade: se os aspectos formais e procedimentais foram atendidos;
b) Legalidade: se a pactuação celebrada ofende algum dispositivo legal;
c) Voluntariedade: se o investigado/acusado não foi coagido a assinar o acordo.
Art. 4º (...) § 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto[footnoteRef:14]. [14: (CESPE - TJ-DFT - Juiz/2016) A respeito da colaboração premiada prevista na Lei n.º 12.850/2013, que trata das organizações criminosas, é correto afirmar que:
a) o juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, mas, se esse for realizado, o respectivo termo, com as declarações do colaborador e a cópia da investigação, será remetido, para homologação, ao magistrado, que poderá recusá-la, em caso de não atendimento dos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
b) o juiz poderá homologar a proposta de acordo de colaboração premiada, mas não poderá alterá-la por ser essa decorrente de ato negocial entre as partes, devendo, em caso de necessidade de adequação, remetê-la ao procurador-geral do MP, para suprimento dos requisitos legais e ajuste ao caso concreto.
c) as partes não podem mais se retratar da proposta no caso de o acordo de colaboração já ter sido homologado pelo juiz, sob pena de se ferir o princípio da estabilidade das decisões judiciais e as preclusões consumativas e pro judicato.
d) o juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, mas, se esse for realizado, o respectivo termo, com as declarações do colaborador e a cópia da investigação, será remetido ao magistrado para homologação, que não poderá recusá-la. 
e) o juiz participará da fase das negociações realizadas entre as partes para formalização do acordo de colaboração, dada a previsão constitucional de que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, e, sendo o magistrado imparcial, incumbe-lhe zelar para que o colaborador não seja pressionado.
Gabarito: A] 
"A homologação não representa juízo de valor sobre as declarações eventualmente já prestadas pelo colaborador à autoridade judicial ou ao Ministério Público." (Min. Dias Toffoli, no HC 127483/PR). Isso significa que, quando o juiz homologa o acordo de colaboração premiada, não significa que esteja concordando ou afirmando que as declarações prestadas pelo colaborador são verdadeiras. Tais declarações ainda serão objeto de apuração.
6) Audiência sigilosa para confirmar a voluntariedade do acordo
Se houver dúvida do juiz acerca da voluntariedade do acordo, ou seja, se houver suspeita de que tenha havido coação para que a pessoa colaborasse, o juiz poderá designar uma audiência sigilosa para ouvir o colaborador, que deverá estar acompanhado de seu defensor.
O Ministério Público não será intimado e não participará desta audiência.
7) Recusa à homologação
O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
Na análise da homologação, o juiz deverá se ater ao exame da regularidade, legalidade e voluntariedade do acordo. Assim, não pode o magistrado imiscuir-se em questões de discricionariedade investigatória ou fazer incursões sobre a conveniência e oportunidade da colaboração premiada. Esta não é sua competência.
Recurso contra a decisão do juiz que recusa a homologação do acordo: a lei não prevê. Diante desse silêncio, a doutrina afirma que cabe, por analogia, recurso em sentido estrito (art. 581, I, do CPP). Nesse sentido: Pacelli.
8) O que acontece após ser homologado o acordo
• Se as declarações do investigado/acusado já forem suficientes para se obter um dos resultados previstos nos incisos do art. 4º: aplica-se a ele o benefício penal.
• Se, além das declarações do investigado/acusado, for necessária a realização de medidas de colaboração: o prazo para oferecimento da denúncia ou o processo (caso já exista ação penal) ficarão suspensos por até 6 meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. Veja o que diz a Lei:
Art. 4º (...)
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
O acordo de colaboração premiada é um "negócio jurídico processual personalíssimo, que não pode ser impugnado por terceiros, ainda que venham a ser mencionados." O que poderá atingir eventual corréu delatado são as imputações posteriores, constantes do depoimento do colaborador. (Min. Dias Toffoli, no HC 127483/PR).
9) Oitiva do colaborador
Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo Delegado de Polícia responsável pelas investigações.
Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.
10) Se após as diligências for constatada a relevância da colaboração prestada
Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o Delegado de Polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessãode perdão judicial ao colaborador.
Caso o juiz discorde, ele poderá invocar o procedimento previsto no art. 28 do CPP remetendo a manifestação do Promotor de Justiça ao Procurador Geral de Justiça (ou no caso de Procurador da República, encaminhando a circunstância à Câmara de Coordenação e Revisão do MPF).
2.1.1. Outras questões importantes sobre a colaboração premiada
1. Retratação da proposta
Mesmo após a proposta ter sido aceita, alguma das partes pode voltar atrás e se retratar?
SIM. Segundo o § 10 do art. 4º, as partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
2. Renúncia ao direito ao silêncio e compromisso de dizer a verdade (#MUITOIMPORTANTE#VAICAIR)
Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade (§ 14 do art. 4º).
3. Colaborador deverá ser sempre assistido por defensor
Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor (§ 15 do art. 4º).
4. Valor probatório da colaboração: declarações do colaborador devem ser corroboradas com outras provas
Segundo o § 16 do art. 4º da Lei, nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. Assim, as declarações do colaborador deverão ser corroboradas por outros elementos de prova.
Em verdade, mesmo que não houvesse tal previsão, é certo que, para a jurisprudência, a simples delação do corréu não é suficiente para uma condenação.
"Daí a importância daquilo que a doutrina chama de regra da corroboração, ou seja, que o colaborador traga elementos de informação e de prova capazes de confirmar suas declarações (v.g., indicação do produto do crime, de contas bancárias, localização do produto direto ou indireto da infração penal, auxílio para identificação de números de telefone a serem grampeados ou na realização de interceptação ambiental etc.)." (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 545).
Caso concreto julgado pelo STF: HC Impetrado contra decisão que homologou o acordo de colaboração premiada.
"EMF", um dos réus na operação Lava-Jato, impetrou no STF habeas corpus contra ato do Min. Teori Zavascki, que homologou o acordo de delação premiada de Alberto Youssef. No HC, a defesa do réu alegou, dentre outras teses, que o colaborador não teria idoneidade para firmar o acordo e que, por isso, as informações por ele repassadas não seriam confiáveis. Afirmou-se, ainda, que ele já descumpriu um outro acordo de colaboração premiada, demonstrando, assim, não ter compromisso com a verdade. Em razão disso, o acordo seria ilícito e todas as provas obtidas a partir dele também seriam ilícitas por derivação, devendo ser anuladas.
O STF concordou com a tese? NÃO. O STF indeferiu o habeas corpus. STF. Plenário. HC 127483/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26 e 27/8/2015 (Info 796).
Quais os argumentos utilizados?
O STF entendeu que o acordo não pode ser impugnado por terceiro, mesmo que seja uma pessoa citada na delação. Assim, eventual coautor ou partícipe dos crimes praticados pelo colaborador não pode impugnar o acordo de colaboração. Isso porque o acordo é personalíssimo e, por si só, não vincula o delatado nem afeta diretamente sua situação jurídica. O que poderá atingir eventual corréu delatado são as imputações posteriores, constantes do depoimento do colaborador.
Negar ao delatado a possibilidade de impugnar acordo de colaboração premiada assinado por outro acusado não significa negar-lhe direito ao contraditório, pois a lei estabelece que nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. O que deve ser assegurado ao delatado é o direito de defesa e de contraditar as informações do acordo, inclusive com a possibilidade de efetuar perguntas ao colaborador.
O STF decidiu ainda que não importa a idoneidade do colaborador, mas sim a idoneidade das informações que ele fornecer e isso ainda será apurado no decorrer do processo. Segundo a Lei nº 12.850/2013, a personalidade do colaborador irá influenciar apenas na escolha do benefício que será concedido a ele (art. 4º, § 1º), mas não interfere na validade do acordo de colaboração.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.850/2013. STF. 2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814).
*Natureza jurídica do acordo de colaboração premiada. A colaboração premiada é um negócio jurídico processual entre o Ministério Público e o colaborador, sendo vedada a participação do magistrado na celebração do ajuste entre as partes. Papel do Poder Judiciário no acordo de colaboração premiada. A colaboração é um meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete à reserva de jurisdição (não exige autorização judicial), diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na quebra de sigilo bancário ou fiscal. Nesse sentido, as tratativas e a celebração da avença são mantidas exclusivamente entre o Ministério Público e o pretenso colaborador. O Poder Judiciário é convocado ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos legais de existência e validade, com a indispensável homologação. Natureza da decisão que homologa o acordo de colaboração premiada. A decisão do magistrado que homologa o acordo de colaboração premiada não julga o mérito da pretensão acusatória, mas apenas resolve uma questão incidente. Por isso, esta decisão tem natureza meramente homologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e voluntariedade do acordo (art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013). O juiz, ao homologar o acordo de colaboração, não emite juízo de valor a respeito das declarações eventualmente prestadas pelo colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus depoimentos posteriores. A análise se as declarações do colaborador são verdadeiras ou se elas se confirmaram com as provas produzidas será feita apenas no momento do julgamento do processo, ou seja, na sentença (ou acórdão), conforme previsto no § 11 do art. 4º da Lei. Na decisão homologatória, magistrado examina se as cláusulas contratuais ofendem manifestamente o ordenamento jurídico. No ato de homologação da colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma antecipada e extemporânea, tecer juízo de valor sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos casos de flagrante ofensa ao ordenamento jurídico vigente. Ex: o Relator poderá excluir ao acordo a cláusula que limite o acesso à justiça, por violar o art. 5º, XXXV, da CF/88. Neste momento, o Relator não realiza qualquer controle de mérito, limitando-se aos aspectos formais e legais do acordo. Em caso de colaboração premiada envolvendo investigados ou réus com foro no Tribunal, qual é o papel do Relator? É atribuição do Relator homologar, monocraticamente, o acordo de colaboração premiada, analisando apenas a sua regularidade, legalidade e voluntariedade, nos termos do art. 4º, § 7º da Lei nº 12.850/2013: § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. Não há qualquer óbice à homologação do respectivo acordo mediante decisão monocrática. O art. 21, I e II, do RISTF confereao Ministro Relator no STF poderes instrutórios para ordenar, de forma singular, a realização de quaisquer meios de obtenção de provas. Em caso colaboração premiada envolvendo investigados ou réus com foro no Tribunal, qual é o papel do órgão colegiado? Compete ao órgão colegiado, em decisão final de mérito, avaliar o cumprimento dos termos do acordo homologado e a sua eficácia, conforme previsto no art. 4º, § 11 da Lei nº 12.850/2013: § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. Assim, é possível que o órgão julgador, no momento da sentença ou acórdão, ou seja, após a conclusão da instrução probatória, avalie se os termos da colaboração foram cumpridos e se os resultados concretos foram atingidos, o que definirá a sua eficácia. Acordo de colaboração homologado pelo Relator deve, em regra, produzir seus efeitos, salvo se presente hipótese de anulabilidade O acordo de colaboração devidamente homologado individualmente pelo relator deve, em regra, produzir seus efeitos diante do cumprimento dos deveres assumidos pelo colaborador. Vale ressaltar, no entanto, que o órgão colegiado detém a possibilidade de analisar fatos supervenientes ou de conhecimento posterior que firam a legalidade do acordo, nos termos do § 4º do art. 966do CPC/2015: § 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. Direitos do colaborador somente serão assegurados se ele cumprir seus deveres. O direito subjetivo do colaborador nasce e se perfectibiliza na exata medida em que ele cumpre seus deveres. Assim, o cumprimento dos deveres pelo colaborador é condição sine qua non para que ele possa gozar dos direitos decorrentes do acordo. Por isso diz-se que o acordo homologado como regular, voluntário e legal gera vinculação condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela colaboração, salvo ilegalidade superveniente apta a justificar nulidade ou anulação do negócio jurídico. STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).
*O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve perdurar, no máximo, até o recebimento da denúncia (art. 7º, § 3º da Lei nº 12.850/2013). Esse dispositivo não traz uma regra de observância absoluta, mas sim um termo final máximo. Para que o sigilo seja mantido até o recebimento da denúncia, deve-se demonstrar a existência de uma necessidade concreta. Não havendo essa necessidade, deve-se garantir a publicidade do acordo. STF. 1ª Turma. Inq 4435 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/9/2017 (Info 877).
*O descumprimento de acordo de delação premiada ou a frustração na sua realização, isoladamente, não autoriza a imposição da segregação cautelar. Não se pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de ele ter descumprido acordo de colaboração premiada. Não há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre a prisão preventiva e o acordo de colaboração premiada. Tampouco há previsão de que, em decorrência do descumprimento do acordo, seja restabelecida prisão preventiva anteriormente revogada. Por essa razão, o descumprimento do que foi acordado não justifica a decretação de nova custódia cautelar. É necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não podendo o decreto prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo. STJ. 6ª Turma. HC 396.658-SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 27/6/2017 (Info 609). STF. 2ª Turma. HC 138207/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/4/2017 (Info 862)
*A homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de 1º grau de jurisdição, que mencione autoridade com prerrogativa de foro no STJ, não traduz em usurpação de competência deste Tribunal Superior. Ocorrendo a descoberta fortuita de indícios do envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, os autos devem ser encaminhados imediatamente ao foro prevalente, definido segundo o art. 78, III, do CPP, o qual é o único competente para resolver sobre a existência de conexão ou continência e acerca da conveniência do desmembramento do processo. STJ. Corte Especial. Rcl 31.629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/09/2017 (Info 612).
*#ALTERAÇÃOJURISPRUDENCIAL #DIZERODIREITO
Competência para homologação do acordo de colaboração premiada se o delatado tiver foro por prerrogativa de função
Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por autoridade (ex: Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração deverá, obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal competente (STJ).
Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro por prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado por este respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado.
A delação de autoridade com prerrogativa de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a respectiva homologação e, em consequência, do órgão do Ministério Público que atua perante a Corte.
Se o delator ou se o delatado tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação da colaboração premiada será de competência do respectivo Tribunal.
 
Análise da legitimidade do delatado para impugnar o acordo de colaboração premiada
Em regra, o delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo de colaboração premiada. Assim, em regra, a pessoa que foi delatada não poderá impetrar um habeas corpus alegando que esse acordo possui algum vício. Isso porque se trata de negócio jurídico personalíssimo.
Esse entendimento, contudo, não se aplica em caso de homologação sem respeito à prerrogativa de foro.
Desse modo, é possível que o delatado questione o acordo se a impugnação estiver relacionada com as regras constitucionais de prerrogativa de foro. Em outras palavras, se o delatado for uma autoridade com foro por prerrogativa de função e, apesar disso, o acordo tiver sido homologado em 1ª instância, será permitido que ele impugne essa homologação alegando usurpação de competência.
STF. 2ª Turma. HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895).
2.2. AÇÃO CONTROLADA
Art. 8o  Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
§ 1o  O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.
§ 2o  A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada.
§ 3o  Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.
§ 4o  Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada.
Art. 9o  Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.
Também conhecido como flagrante diferido/retardado/ ou postergado, ou entrega vigiada[footnoteRef:15], nos termos do art. 8º da LOC, consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal seconcretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. Assim, embora o agente esteja em flagrante delito, a Autoridade Policial poderá esperar o momento mais oportuno. [15: Alguns doutrinadores afirmam que não se trata do mesmo conceito. Veremos a seguir.] 
Diferencia a ação controlada do flagrante esperado, pois neste último o agente ainda não está em flagrante da prática do delito, e a Autoridade Policial fica na expectativa de sua ocorrência para efetivar a prisão.
É indispensável que o agente policial atue com proporcionalidade/razoabilidade: não pode o agente policial que se aproxima de uma organização criminosa protelar a prisão em flagrante para permitir, por exemplo, que várias mortes ocorram com a justificativa de não atuar para colheita de maior numero de provas e maior apreensão de criminosos. O que se tolera é, por exemplo, postergar o flagrante em um crime financeiro qualquer para que outro seja cometido, até que se atinja um montante confiável de provas.
Vale dizer que a LOC em nenhum momento menciona ser necessária a autorização judicial, esta apenas menciona ser necessária a comunicação à autoridade judiciária competente. Renato Brasileiro explica: “Se, de um lado, o art. 8°, § 1°, da Lei n° 12.850/13, dispensa prévia autorização judicial para a execução da ação controlada, do outro, passa a exigir que o retardamento da intervenção policial ou administrativa seja comunicado com antecedência ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. O objetivo dessa comunicação prévia é dar conhecimento ao juiz competente e ao órgão do Ministério Público acerca do retardamento da intervenção policial ou administrativa. Logo, a depender das peculiaridades do caso concreto, a autoridade judiciária poderá estabelecer os limites da ação controlada.” O juiz poderá impor limites temporais e/ou funcionais. 	
Obs.: Atenção!! Alguns doutrinadores apontam diferença entre a entrega vigiada e a ação controlada. Veja:
	AÇÃO CONTROLADA
	ENTREGA VIGIADA
	Também chamada de flagrante diferido, não atuação policial e retardamento do flagrante. É uma técnica especial de investigação por meio da qual a autoridade policial ou administrativa (ex: Receita Federal, corregedorias), mesmo percebendo que existem indícios da prática de um ato ilícito em curso, retarda (atrasa, adia, posterga) a intervenção neste crime para um momento posterior, com o objetivo de conseguir coletar mais provas, descobrir coautores e partícipes da empreitada criminosa, recuperar o produto ou proveito da infração ou resgatar, com segurança, eventuais vítimas. 
	Trata-se de uma forma de “ação controlada”, prevista na Convenção de Palermo (Decreto 5.015/2004), por meio da qual as autoridades policiais ou administrativas permitem que “remessas ilícitas ou suspeitas saiam do território de um ou mais Estados, os atravessem ou neles entrem, com o conhecimento e sob o controle das suas autoridades competentes, com a finalidade de investigar infrações e identificar as pessoas envolvidas na sua prática” (art. 2º, "i").
	GÊNERO
	ESPÉCIE
2.3. INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
Em qualquer fase do procedimento, a Lei n.º 12.850/13 autoriza a captação de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos. Vale lembrar que o termo “captação” integra o conceito de interceptação. A maioria da Doutrina entende que deve-se aplicar por analogia o procedimento previsto na Lei de interceptação telefônica (Lei nº 9.296/96), pois, a Lei n.º 12.850/13 não prevê o procedimento a ser adotado. 
E qual a diferença entre comunicação ambiental e comunicação telefônica?
a) Comunicação ambiental: É aquela realizada “ao vivo”, sem a necessidade de transmissão por qualquer meio. 
b) Comunicação telefônica: É a comunicação realizada através da emissão de sinais, imagens, símbolos, sons de qualquer natureza. Abrange a comunicação telefônica, bem como as de outros tipos.
OBS: Não se pode confundir ainda captação com interceptação ou escuta.
Interceptação: Captação da comunicação feita sem o conhecimento de nenhum dos interlocutores.
Escuta: Um dos interlocutores tem o conhecimento da ingerência de terceiro na gravação da conversa. (Exemplo: Policial grava a conversa de um pai negociando com o sequestrador de seu filho. O pai sabe da gravação, o sequestrador não).
Gravação: Um dos interlocutores grava a conversa. Não há qualquer intervenção de terceiro.
Peraí Coach. Tudo isso tá muito parecido com interceptação telefônica, é a mesma coisa então?
NÃO! Atenção. A hipótese desse inciso trata de interceptação ambiental. Ou seja, trata-se da captação de conversas realizadas “ao vivo”, conforme explicado anteriormente.
E em quais situações a interceptação ambiental necessitará de autorização judicial?
a) Captação de conversa alheia mantida em lugar público: Não precisa de autorização judicial. É prova lícita.
b) Captação de conversa alheia mantida em lugar público, porém em caráter sigiloso, expressamente admito pelos interlocutores: Constitui invasão de privacidade, nesse caso, requer autorização judicial. 
c) Captação de conversa em lugar privado: Se produzida sem prévia autorização judicial constitui invasão de privacidade, sendo prova ilícita. 
Pode-se concluir então que ao contrário da Lei nº 9.034/95, a lei atual não prevê a necessidade de autorização judicial. Entretanto, a autorização passará a ser exigível quando a captação ocorrer em violação aos direitos fundamentais de proteção da vida privada, da intimidade, ou da inviolabilidade do domicílio, devendo a questão ser avaliada à luz do princípio da proporcionalidade, considerado o conflito com o interesse público na apuração das infrações penais. 
2.3. INFILTRAÇÃO DE AGENTES
Art. 10.  A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
§ 1o  Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
§ 2o  Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1o e se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis.
§ 3o  A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade.
§ 4o  Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público.
§ 5o  No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
Art. 11.  O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração.
Art. 12.  O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
§ 1o  As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação do Ministério Público na hipótese de representação do delegado de polícia, devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações e a segurança do agente infiltrado.
§ 2o  Os autos contendo as informações da operação de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da identidade do agente.
§ 3o  Havendo indíciosseguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
Art. 13.  O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados.
Parágrafo único.  Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.[footnoteRef:16] [16: Tema cobrado no PC/AC (2017) na prova de Escrivão. A seguinte assertiva foi considerada correta: Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa. ] 
*#OUSESABER: “Exclui-se a ilicitude, por serem considerados estrito cumprimento do dever legal, os atos delitivos cometidos por agentes infiltrados, em investigações de ações de organização criminosas, de acordo com a Lei 12.850/13”. Errado. Trata-se de uma causa excludente de culpabilidade, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 13 da Lei nº 12.850/2013.
*#SELIGANADICA: Uma dica simples para distinguir as excludentes de culpabilidade e de ilicitude na letra da lei: quando a norma utilizar a expressão “não é crime” haverá uma excludente de ilicitude, já nas expressões “é isento de pena” ou “não é punível” há menção a causas excludentes de culpabilidade. Outra dica extremamente útil: muitas vezes os examinadores com a finalidade de confundir os candidatos adotam sinônimos nas questões, por exemplo: exculpantes e dirimentes são sinônimos de excludentes de culpabilidade e eximentes, discriminantes e justificantes correspondem a causas excludentes de ilicitude.
Art. 14.  São direitos do agente:
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.
O fundamento principal da utilização da ação encoberta ou infiltração policial no âmbito de organizações criminosas reside na possibilidade de alcançar, por tal meio, o cerne do grupo e assim, recolher provas do envolvimento dos mandantes e não apenas dos executores (Baltazar).
Por Agente infiltrado (undercover agent), entende-se a pessoa integrante da estrutura dos serviços policiais que é introduzida dentro de uma organização criminosa, ocultando-se sua verdadeira identidade e tendo como finalidade a obtenção de informações para que seja possível a sua desarticulação. 
Existem diversos problemas em torno desta TEI, notadamente relacionados às dificuldades de ordem material, como o risco para o policial envolvido, e questões de ordem jurídica, como o problema dos delitos cometidos pelo agente. 
Para Baltazar, não há inconstitucionalidade na ausência de previsão do instituto na constituição federal, além do que eventuais delitos cometidos pelo agente público, tais como o uso de documentos falsos, estarão cobertos, do ponto de vista dogmático, pelo estrito cumprimento do dever legal e pela ausência do elemento subjetivo. 
A medida pode ser requerida tanto pela autoridade policial como pelo Ministério público, porém a sua execução é privativa de servidores das carreiras policiais, uma vez que o art. 10 menciona somente agentes de polícia, e não mais agentes de inteligência, como autorizava a Lei n.º 9.034/95.
A infiltração poderá ser deferida pelo prazo máximo de 06 meses, podendo ser renovada por mais de uma oportunidade, estando as renovações também sujeitas ao prazo de seis meses.
E quais são os requisitos para infiltração?
a) Prévia autorização judicial: A autorização deve ser motivada e dispor sobre como ocorrerá a infiltração, sob pena de nulidade absoluta ante a falta de motivação.
b) Fummus Comissi delicti e periculum in mora: Condicionam-se a existência de elementos indiciários que apontem a existência de crimes praticados por organizações criminosas (fummus comissi delicti). No que tange ao periculum in mora, diz respeito aos eventuais prejuízos que podem ser causados pela não decretação imediata da medida. 
c) Indispensabilidade da infiltração: Medida de ultima ratio, só podendo ser aplicada subsidiariamente devido a seu alto grau de risco. Deve-se ter em mente que a infiltração de agentes é medida excepcional. 
d) Anuência da infiltração: O agente policial deve concordar expressamente com a infiltração. 
E se a infiltração for feita sem autorização judicial?
Prevalece na Doutrina o entendimento de que irá tratar-se então de flagrante provocado. Afinal, nesse caso, o policial estaria induzindo a prática de crime. Aplica-se a Súmula 145 do STF, incorrendo em crime impossível, em virtude da ineficácia absoluta do meio.[footnoteRef:17] [17: Para pensar um pouco: Aqui em Rio Branco/AC não são raros os casos no tráfico internacional de drogas, em que a polícia “realiza o flagrante” e, em seguida, de posse de celular e do próprio flagranteado, retoma a persecução criminal, no intuito de prender os possíveis receptores da droga. Nesse caso, poder-se-ia falar em flagrante preparado quanto aos agentes capturados após o primeiro flagrante?] 
SÚMULA 145: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
Doutrinariamente podemos dividir ainda as infiltrações nos seguintes tipos[footnoteRef:18]: [18: Assertiva considerada correta no MPMG (2016): Doutrinariamente, chama-se deep cover a espécie de infiltração que tem duração superior a seis meses e reclama do agente imersão profunda no seio da organização criminosa, utilização de identidade falsa e perda de contato significativo com a família.] 
	Light Cover
	Deep Cover
	É modalidade mais branda de infiltração. Não ultrapassa 06 (seis) meses.
	Trata-se de modalidade de infiltração mais complexa. Ultrapassa 06 (seis) meses de duração.
2.4. ACESSO A REGISTRO, DADOS CADASTRAIS E OUTRAS INFORMAÇÕES
Art. 15.  O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.
Art. 16.  As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de reservas e registro de viagens.
Art. 17.  As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos terminais de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais.
A CRFB/88, no art. 5º, X, dispõe que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Justamente em razão da proteção constitucional que a vida privada e a intimidade recebem, é que se exige autorização judicial para o afastamento do sigilo referente às informações fiscais, bancárias, financeiras e eleitorais. 
“Questão relevante versa sobre a possibilidade de o Ministério Público afastar diretamente tais sigilos, independentemente de autorização judicial. A Lei Complementar 75/93, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União, prevê, em seu art. 8º, incisos II, IV e VIII que ‘para o II - requisitar informações, exames, perícias

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