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Divisão de Bens e Responsabilidade Civil Ambiental

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Direito Ambiental 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Divisão de bens ................................................................................................... 2 
1.1. Bens da União .............................................................................................. 2 
1.1.1. Índios ................................................................................................... 5 
1.2. Bens dos Estados .......................................................................................... 7 
2. Responsabilidade Civil Ambiental ....................................................................... 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Divisão de bens 
1.1. Bens da União 
O art. 20 da CF elenca os bens da União que devem ser entendidos e decorados para 
compreender os bens dos Estados que estão presentes no art. 26 da Carta Magna. 
 
Art. 20. São bens da União: 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, 
definidas em lei; 
As terras devolutas são indispensáveis à defesa das fronteiras, logo, as que não 
forem, serão bens dos Estados (art. 26). 
 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que 
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a 
território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias 
fluviais; 
O Rio Amazonas vem da Cordilheira dos Andes, ou seja, de outro país, logo, é um 
bem da União. 
O Rio São Francisco e o Rio Doce cortam mais de um Estado. 
O Rio Tietê em SP corta apenas o Estado de SP, logo não é bem da União. 
O que não estão nos casos do art. 20 são bens dos Estados. Isso é importante para a 
questão da competência de licenciar determinados empreendimentos, logo, é necessário ter 
cuidado com a dominialidade do bem. 
As praias ao longo dos rios e as matas de galeria também se incluem nesse inciso. 
 
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias 
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede 
de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental 
federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 
2005) 
Os terrenos de marinha são bens da União e devem observar o princípio da função 
socioambiental da propriedade (aula de noções de sustentabilidade) de acordo com o TRF da 
4ª Região. 
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Percebam que Florianópolis, município de Santa Catarina, não é bem da União, de 
acordo com o texto do inciso. 
 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
Imagine que estamos na praia de Santos. Existe a linha do preamar médio (mais ou 
menos 30 metros) e um terreno de marinha, que é bem da União. A partir da praia, contam-
se 12 milhas marítimas, que é o mar territorial. O Brasil tem jurisdição e soberania no mar 
territorial. Quando falamos de território brasileiro, fala-se tanto da faixa de terra, quanto da 
de água de mar territorial e ar sobrejacente. 
Depois dessas 12 milhas, temos a zona contígua e a zona econômica exclusiva. 
Embaixo dela há um subsolo marinho denominado plataforma continental. A extensão de 
tudo é a extensão da plataforma continental. 
Existe a Convenção de Montego Bay da Jamaica de 1982, que é a terceira convenção 
sobre direito do mar, que nos traz esses limites. Os EUA nunca ratificaram, mas utilizam essa 
convenção para, segundo a professora, criar intriga com a China. Essa convenção traz as 12 
milhas marítimas em relação à plataforma continental por um decreto que integrou a 
convenção. 
A plataforma continental pode ser expendida após dez anos dessa convenção, em 
que há a possibilidade de expansão, mas a ONU indeferiu essa expansão, e atualmente, está 
solicitando novamente. 
Tudo o que está nessa plataforma de hidrocarbonetos é pertencente à União, tanto 
que estamos falando de uma Amazônia Azul que, inclusive, há o pré-sal em disputa. A União 
é competente para explorar (privativamente) os minérios, conceder a uma pessoa jurídica a 
exploração de recursos naturais (minerais, royalties, bônus de participação). 
Também se fala dos pescados que estão dentro da zona econômica exclusiva. 
 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
A União é competente para projetar as usinas hidrelétricas e, também, dar a 
concessão de exploração. 
 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
Os hidrocarbonetos em alto mar são explorados off shore, mas também há a 
exploração on shore, que é muito comum na região da Amazônia e no Texas (EUA), em que 
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há a extração de hidrocarboneto. Essa jazida está na faixa de terra do território. Nos EUA 
quem encontra recursos minerais em sua propriedade é dono, mas no Brasil não. 
 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; 
Na região do Piauí temos vários sítios arqueológicos. 
 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
Os índios possuem posse permanente. Há, inclusive, uma convenção internacional 
(OIT 169) que dispõe sobre a questão dos índios terem suas terras demarcadas. Os índios 
possuem afinidade com a terra, por isso que são terras tradicionais das populações 
indígenas que utilizam a terra de forma sustentável para garantir sua subsistência e da 
cultura, por isso é importante que sejam demarcadas. Porém, essas terras são de 
propriedade da União, mas a posse será permanente das populações indígenas ali presentes, 
que é um ato declaratório por processo administrativo. Os índios podem usufruir daquela 
terra, das riquezas do solo (E NÃO DO SUBSOLO, que são da União) para sua respectiva 
subsistência em relação às culturas. 
Em relação às unidades de conservação da natureza (2000), verificamos que há 
possibilidade de dupla afetação, ou seja, da União instituir uma dessas unidades em terras 
indígenas. Isso foi objeto de prova do MPF/2017 e jurisprudência. 
 
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, 
bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da 
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de 
energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma 
continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por 
essa exploração. 
A participação dosroyalties é garantida. Existem ADIs no STF sobre a questão de 
distribuição dos royalties. 
Existe uma lei do regime de partilhas que trata da divisão entre os Estados, que são 
produtores (RJ/SP), com outros estados que sequer possuem uma plataforma continental 
em relação à extensão do seu território. 
Existem casos de falências de municípios relacionadas aos municípios que dependiam 
do repasse dos royalties, que são receitas originárias, que não podem ser confundidos com 
os tributos, que são receitas derivadas. Essa participação, a partir da lavra desses 
hidrocarbonetos, é prevista no parágrafo primeiro. 
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§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras 
terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa 
do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. 
 
1.1.1. Índios 
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças 
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, 
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. 
Existe um direito originário que, através de uma demarcação, será declarada. Temos 
uma ocupação tradicional em relação ao sentimento que o índio tem com aquela terra, que 
usufruirá em relação a sua subsistência. Existe, inclusive, um decreto presidencial de 
demarcação das terras. 
 
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter 
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à 
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua 
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. 
Temos a posse permanente das terras por índios. Verifiquem que essa questão de 
estar o índio naquela localidade é para garantir, também, a sustentabilidade que garante a 
preservação de recursos ambientais. 
 
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse 
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos 
nelas existentes. 
Cuidado que o uso das terras é do solo, e não do subsolo. É pegadinha de prova. 
 
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a 
pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados 
com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes 
assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. 
Ou seja, há a possibilidade de exploração de hidrocarbonetos em terras indígenas, 
havendo autorização do Congresso Nacional. O MPF menciona que as comunidades afetadas 
da região de Belo Monte não foram ouvidas, o que vai contra a OIT 169, que traz as questões 
das consultas públicas em relação às populações tradicionais. Nas aulas de Noções de 
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Sustentabilidade, a professora levou um julgado do TRF da 5ª região, que trata das 
populações ribeirinhas e a expansão do polo naval de Manaus, que o MPF conseguiu 
suspender por liminar essa expansão pela ausência de consulta às populações tradicionais. O 
MPF entendeu que as populações ribeirinhas são tradicionais. Em Belo Monte ocorreu o 
mesmo em relação aos índios. 
Os quilombolas também são populações tradicionais, que possuirão a propriedade da 
terra, e não a posse, o que é muito cobrado em prova. O examinador pode tentar confundir 
o candidato em relação aos índios que possuem posse permanente, e quilombolas que 
possuem a propriedade das terras ocupadas. 
 
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre 
elas, imprescritíveis. 
É um parágrafo bastante cobrado em prova. 
 
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do 
Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua 
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso 
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco. 
É necessária uma deliberação do Congresso Nacional em relação à remoção dos 
grupos indígenas nos casos específicos do parágrafo. No caso da construção de Belo Monte, 
houve a alegação pelo interesse da soberania do País, que é levar a energia elétrica à região 
norte. 
 
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por 
objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a 
exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, 
ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei 
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações 
contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de 
boa fé. 
Esse caso foi discutido em relação à Raposa do Sol analisado pelo STF. 
Esse artigo 231 deve ser tomado com cuidado, principalmente, por aqueles que 
prestarão TRF na região norte e também o TRF1, pois já apareceu em prova da magistratura. 
 
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1.2. Bens dos Estados 
Imagine que existe um rio que passa dentro de um município. Esse rio é do 
município, então é um rio local. 
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, 
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; 
Existe o aquífero Guarani, que passa pelos estados de São Paulo e Paraná, e é um 
conjunto de águas subterrâneas, logo, por conta desse inciso, fala-se de bem estadual, e não 
da União. 
Quando se fala de águas superficiais que banham mais de dois Estados é bem da 
União (art. 20), mas quando são águas subterrâneas, que passam pelo subsolo de mais de 
um estado, cada parte será do estado correspondente. Um exemplo de água superficial é o 
Rio Tietê. 
 
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas 
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; 
Temos bens residuais dos Estados. Primeiro, verifica-se se são bens da União, depois 
do Município, depois de terceiros (antes da CF/88 havia a possibilidade das ilhas 
particulares) e, por fim, os estados. 
 
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; 
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
Aquelas que são utilizadas para a garantia da defesa nacional. 
 
2. Responsabilidade Civil Ambiental 
A Declaração do Rio (ECO 92) nos trouxe a agenda 21 que traz alguns princípios que, 
na verdade, são recomendações. Inclusive a agenda 21 trouxe o princípio do 
desenvolvimento sustentável, que foi conceituado no relatório de Brundtland ou Nosso 
Futuro Comum, assim como o princípio da precaução, que é diferente do princípio da 
prevenção,é princípio do direito nacional. 
 
 
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“[...} os Estados deverão desenvolver a legislação nacional relativa a responsabilidade 
e à indenização referente às vítimas da contaminação e outros danos ambientais. Os Estados 
deverão cooperar de maneira inteligente e mais decidida no preparo de novas leis 
internacionais sobre responsabilidade e indenização pelos efeitos adversos dos danos 
ambientais causados pelas atividades realizadas dentro de sua jurisdição ou sob seu 
controle, em zonas situações fora de sua jurisdição”. 
 
Essa foi uma recomendação que o Brasil fez parte e nos traz uma responsabilidade 
dos Estados editarem normas que prevejam sobre a responsabilidade em maneira 
ambiental. É um dispositivo de direito internacional do meio ambiente. Por conta desse 
fundamento, existem novas leis que nos trazem a responsabilidade daqueles que prejudicam 
o meio ambiente e praticam uma conduta que geram um dano ambiental. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 
 
 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente 
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na 
forma da lei. 
 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
De acordo com a CF, é uma responsabilidade objetiva da pessoa física ou jurídica que 
polua o meio ambiente através de uma ação. Importante ver que não existe uma 
especificação de ser pessoa jurídica de direito público ou privado. 
A lei que institui a política nacional do meio ambiente traz a possibilidade de a pessoa 
jurídica de direito público ser responsabilizada por um dano ambiental. 
A legislação infraconstitucional complementa o parágrafo terceiro.

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