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Introdução à Economia: Conceitos e Evolução

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Unidade 1
Introdução à Economia
13
Ponto de partida
Esta unidade introduz os conceitos de Economia e seus ramos de estudo, 
assim como a evolução do pensamento econômico até os dias de hoje. Ao 
final desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os conceitos de Economia e distinguir seus ramos de estudo;
• conhecer termos importantes que se relacionam com a Economia;
• identificar os problemas fundamentais da economia;
• conhecer como o pensamento econômico evoluiu até os dias atuais.
>> Refletindo
Lembre-se: a sua reflexão é individual! Não precisa ser enviada aos tutores.
14
Roteiro do conhecimento
1.1 Compreendendo a Economia
De acordo com Pinho, Gremaud e Vasconcellos (2004), a Economia é uma 
ciência social que estuda como o indivíduo aloca seus recursos escassos, a fim 
de satisfazer suas inúmeras necessidades.
Pense no seu dia a dia: um de seus recursos escassos é a sua mão de obra. 
Você precisa decidir quantas horas irá trabalhar, em qual função e para qual 
empresa. Decidido isso, você recebe pela sua mão de obra um salário: é com 
ele que você tenta atender as suas ilimitadas necessidades, como moradia, ali-
mentação, conforto, lazer, entre outras. Observe que todos nós lidamos com 
um problema de escassez: nossos recursos são limitados e, em contrapartida, 
nossas necessidades parecem sempre ilimitadas.
1.2 O problema central do estudo econômico
Como observado no item 1.1 nos deparamos diariamente com problemas eco-
nômicos que exigem de nós a tomada de decisões que mais nos beneficiem. 
Estes problemas estão ligados ao ponto central do estudo econômico: a ES-
CASSEZ. É por meio dela que nos comportamos economicamente, embora 
nem saibamos disso!
De forma sucinta podemos definir a escassez como a falta ou insuficiência de 
algo que, se disponível, atenderá nossas necessidades e desejos. Assim, econo-
micamente, nos deparamos, enquanto consumidores, com o problema da es-
cassez de dinheiro que no jargão econômico é mais conhecido como RENDA. 
Você já se deparou com uma situação em que você gostaria de comprar dois 
produtos ao mesmo tempo, mas foi obrigado a fazer uma ESCOLHA entre um 
dos dois, dado a insuficiência da sua renda? Pense nisso!
15
Imagine que você queira adquirir, no mesmo momento, um telefone celular de 
última geração e um novo equipamento de som para o seu carro. Mas quando 
você avalia os preços, conclui que sua renda, naquele momento, não é sufi-
ciente para comprar os dois produtos e você se vê em um dilema: comprar o 
telefone ou o equipamento de som? Este é um exemplo de um problema eco-
nômico oriundo da escassez de recursos.
É com a renda e nossas escolhas que podemos a partir da aquisição de bens e 
serviços, nos satisfazer e, no aspecto econômico, alcançar nosso objetivo prin-
cipal que é a maximização da satisfação ou o alcance do bem-estar. Se você 
escolheu comprar o telefone celular é porque avaliou que, naquele instante, 
este produto lhe proporcionaria um nível de satisfação superior caso adqui-
risse o equipamento de som. Observe que se você escolhesse a segunda opção, 
também teria satisfação, mas a primeira foi a que mais satisfação lhe propor-
cionou.
Também as empresas, outro importante ator do ambiente econômico, se de-
param com o problema da escassez. No caso delas a questão está ligada aos 
recursos produtivos (matérias-primas, insumos, bens de capital etc.) que são 
fundamentais para a realização do processo de produção dos bens e serviços 
que nós consumidores, necessitamos e/ou desejamos. Assim as decisões eco-
nômicas das empresas devem levar em conta o uso eficiente destes recursos 
que, sem bem utilizados, poderão elevar a produtividade e permitir que elas 
conquistem o seu principal objetivo econômico, a maximização do lucro.
Uma empresa que produz televisores e aparelhos de DVD deve escolher as 
quantidades de ambos os produtos que mais lucros podem gerar. Um exemplo 
é o caso da copa do mundo de futebol. A decisão, neste caso, deve levar em 
conta o aumento da procura por novos televisores, mais modernos e tecnoló-
gicos, o que vai exigir da empresa, dada a limitação de seus recursos produti-
vos, o aumento da produção de TV’s em detrimento à novos DVD’s. Por exem-
plo, operários que estão produzindo DVD’s serão alocados para a produção de 
televisores e isso diminuirá a produção de DVD’s.
Observe que tanto consumidores quanto empresas devem escolher as alterna-
tivas que maior benefício possam gerar a partir de suas decisões econômicas.
16
É, portanto, na escassez que se assenta toda a justificativa do estudo econô-
mico, pois se os recursos são escassos, devem ser bem administrados. Para 
entender melhor esta afirmação, pense em um mundo onde tudo fosse abun-
dante. Já pensou se você tivesse uma carteira em que a todo o momento que 
você retirasse uma nota de R$ 50,00, outra aparecesse imediatamente? Se esse 
mundo existisse não haveria a necessidade de se estudar Economia!
Perceba, portanto, que a questão central do estudo da Economia é como alo-
car os recursos escassos de uma economia de modo a atender o máximo das 
necessidades humanas (PINHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 2004). Para 
analisar essa questão nos diversos níveis de sociedade que temos, o estudo 
da economia foi dividido em quatro áreas: Microeconomia, Macroeconomia, 
Economia Internacional e Desenvolvimento Econômico. Mas, quais as dife-
renças entre elas? 
A Microeconomia preocupa-se em estudar as escolhas dos indivíduos, das famí-
lias e empresas e como elas afetam a formação de preços em mercados específi-
cos. Por outro lado, o foco de estudo da Macroeconomia é como essas escolhas 
afetam os agregados nacionais (PINHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 2004). 
Figura 1.1 – Escolhas individuais
Legenda: As escolhas dos indivíduos e empresas afetam a Micro e a Macroeconomia.
Imagem: 123RF (2014).
17
Na Macroeconomia há um interesse com os conceitos de externalidades (po-
sitivas e negativas), bens públicos e recursos comuns. Isso porque, como ela 
considera os agregados nacionais e o bem-estar da população, existe uma 
preocupação com a melhor gestão dos recursos comuns. Esses recursos são 
aqueles empregados pela população, nos quais não é possível determinar um 
preço pela sua utilização (ROSSETTI, 2003). Um exemplo de recurso comum 
são os recursos ambientais, como um banho de mar. Não é possível, ao gover-
no, determinar quanto cobrará da população por um mergulho no mar. Porém, 
quando esse recurso é mal utilizado, o mar fica poluído. Neste caso, há o que 
chamamos de externalidade para toda a população, desde os frequentadores 
da praia e os moradores do bairro até os pescadores. 
A externalidade ocorre quando um evento causa um efeito positivo ou ne-
gativo em outros agentes que não têm relação com aquele evento inicial. 
No nosso exemplo, a poluição do mar feita por um agente causou uma exter-
nalidade negativa para os banhistas, moradores e pescadores, sem que eles 
pudessem opinar sobre o acontecido (PINHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 
2004). Um exemplo de externalidade positiva são os bens públicos, como a 
iluminação de rua: na maioria dos lugares, você não paga diretamente por ela, 
nem é responsável por sua manutenção, porém colhe os benefícios de maior 
segurança e melhor visibilidade.
Refletindo
O desmatamento na Amazônia é um exemplo de externalidade, 
causada por um agente, mas que influencia inúmeras pessoas. 
Com base nisso, reflita: quais são as externalidades positivas e 
negativas que você vivencia ou já vivenciou em seu cotidiano?
18
Figura 1.2 – Desmatamento na Amazônia
 
Legenda: O desmatamento é um exemplo de externalidade.
Imagem: INFOESCOLA (2013). 
Agora vamos ver os objetivos da Economia Internacional e do Desenvolvi-
mento Econômico.
A Economia Internacional estuda como ocorrem as relações econômicas entre 
os diversos países.Aborda também como se relacionam as pessoas que resi-
dem e as que não residem no país em função da compra e venda de produtos e 
serviços. Além disso, analisa as operações financeiras efetuadas: por exemplo, 
o pagamento de juros da dívida externa e a transferência de rendas, como a 
remessa de lucros das multinacionais para o exterior. Já o Desenvolvimento 
Econômico estuda a melhoria do nível de vida, o progresso tecnológico e o 
crescimento econômico de longo prazo (PINHO; GREMAUD; VASCONCEL-
LOS, 2004).
1.3 Como pensam os economistas?
Vimos que as decisões que tomamos em relação àquilo que necessitamos 
levam em conta a melhor utilização dos recursos que permitem alcançarmos 
nossos objetivos econômicos. Por ser uma ciência social, o papel do economista 
é fundamental para que a sociedade possa, como um todo, obter o máximo 
de prosperidade econômica possível. Mas, como pensam os economistas, 
já que são eles os responsáveis em orientar a sociedade para o crescimento 
19
econômico e, com isso, tornar a nação mais rica e desenvolvida?
Em princípio, os economistas, segundo MANKIW (2013), “estudam a economia 
da mesma forma como um físico estuda a matéria e um biólogo estuda a 
vida: eles desenvolvem teorias, colhem dados e os analisam na tentativa de 
confirmar ou refutar suas teorias”.
A diferença da forma de pensar do economista reside no foco do estudo 
econômico, que está voltado para as relações econômicas entre indivíduos, 
empresas e governo. Para tal, os economistas utilizam modelos, que são 
uma representação simplória da realidade, complexa e mutante. Assim, a 
modelagem procura por meio de teoremas, diagramas e equações, explicar os 
fenômenos econômicos observáveis no mundo real e, a partir dos modelos, 
formar as teorias econômicas que darão sustentação científica para melhor 
compreendermos como o sistema econômico realmente funciona.
Um exemplo bastante conhecido é o modelo de mercado, que será estudado 
mais adiante. Com este modelo, é possível, mesmo de forma bastante simples, 
compreender como funciona um mercado. Aliás, dizem os especialistas que 
quanto mais simples é o modelo, melhor!
1.4 Questões fundamentais da Economia
Você já viu que a questão central da Economia é a alocação de recursos es-
cassos, porém, a questão da escassez e das necessidades abrange outras per-
guntas, que chamamos de problemas econômicos fundamentais. Pinho, Gre-
maud e Vasconcellos (2004) destacam os principais.
• O quê e quanto produzir: os recursos para produção, como mão 
de obra, matéria-prima, recursos naturais e financeiros são escas-
sos, então a sociedade tem que escolher o que será produzido e a 
quantidade de cada produto.
• Como produzir: assim que a sociedade escolhe produtos e quan-
tidades, é necessário definir como será realizada essa produção e 
com que recursos, de acordo com o nível tecnológico existente. 
Por exemplo: você pode fazer uma pizza utilizando somente o re-
curso humano – mão de obra – ou somente o recurso tecnológico 
20
– um robô –, ou uma mistura de ambos. O método mais eficiente 
será aquele que tiver o menor custo de produção possível.
• Para quem produzir: após a sociedade ter escolhido os produtos, 
as quantidades e o modo de produção, precisará decidir como os 
resultados dessa produção serão distribuídos entre as pessoas. 
A maneira que uma sociedade escolhe para resolver esses problemas econô-
micos depende do seu sistema econômico - capitalista ou socialista.
O sistema econômico escolhido por um país tem como objetivo organizar 
a forma com que a produção, distribuição e o consumo são realizados 
para melhorar a qualidade de vida das pessoas (PINHO; GREMAUD; VAS-
CONCELLOS, 2004).
Assim, o sistema econômico adotado deve considerar:
• os fatores de produção: recursos humanos, capital, terra, reservas 
naturais e tecnologia;
• as unidades de produção: empresas instaladas no país;
• o conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e so-
ciais: essas instituições são a base de organização da sociedade.
O sistema capitalista, também conhecido por economia de mercado, é aquele 
em que predominam as leis de mercado. Suas principais características são: a 
livre iniciativa, a propriedade privada dos fatores de produção, a livre concor-
rência e os mecanismos de mercado para determinar os preços de produtos e 
salários (PINHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 2004).
No sistema socialista, também conhecido como economia centralizada, as 
questões econômicas são resolvidas por um órgão central de planejamento e, 
por isso, ocorre o predomínio da propriedade pública. Um órgão central de-
termina preços e salários com base em dados e não pelas leis de mercado (PI-
NHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 2004).
21
Grande parte dos países, atualmente, adota o sistema capitalista de or-
ganização econômica. Alguns, como Coréia do Norte, Cuba e China, ain-
da utilizam um sistema de organização similar ao socialista - similar, 
pois não estão mais totalmente fechados para as economias externas. 
Ampliando os horizontes
Saiba mais sobre a diferença entre esses dois sistemas econô-
micos. Clique aqui.
1.5. Bens econômicos
Observe que as questões econômicas fundamentais dizem respeito “ao que, 
como e para quem produzir”. O que isso quer dizer? Na análise econômica, 
podemos verificar que as famílias atingem os seus objetivos econômicos basi-
camente consumindo bens e serviços enquanto as empresas os atingem basi-
camente produzindo-os.
Portanto o que faz a ligação entre o consumo das famílias e a produção das 
empresas são os bens e serviços econômicos. Dito de outra forma, as famílias 
só consomem o que as empresas produzem ou as empresas só produzem o 
que as famílias consomem. Com isso, os bens e serviços estão no centro das 
relações econômicas entre famílias e empresas e isso é que faz um sistema 
econômico funcionar.
Imagine se não existissem empresas que produzissem utensílios domésticos! 
Como a dona de casa poderia cozinhar para a sua família nos dias de hoje? 
Você poderia responder que bastava fazer uma fogueira e preparar a refeição, 
mas se isso ocorresse, estaríamos confinados a uma estagnação do progresso 
humano e voltaríamos à vida de nossos antepassados. Pense nisso!
Porque compramos roupas, veículos, residências, alimentos, eletrodomésti-
cos, tickets para cinema ou teatro, etc.? Simplesmente porque necessitamos. E 
porque as empresas os produzem? A resposta se repete.
Mas o que são bens econômicos?
22
Bens são produtos e serviços que servem para a satisfação de nossas necessi-
dades (SILVA, 2006). Eles podem atender diretamente ou indiretamente estas 
necessidades.
Os produtos são classificados em duráveis (televisores), semiduráveis (roupas) 
ou não duráveis (alimentos). A característica fundamental dos produtos é que 
eles são tangíveis ou que existem fisicamente (têm cor, forma, volume, peso 
etc.).
Do ponto de vista de sua utilização têm-se os bens de capital (máquinas e 
equipamentos, edificações, ferramentas, veículos etc.) e os bens intermediá-
rios (insumos em geral), que são utilizados pelas empresas e servem para pro-
duzir outros bens e serviços. Portanto, eles atendem indiretamente as necessi-
dades e desejos humanos. Além destes, têm-se os bens de consumo final que 
são adquiridos pelas famílias para o atendimento direto de suas necessidades 
e desejos.
Você já viu uma linha de montagem de veículos? Estes veículos são, na grande 
maioria, bens de consumo final, os robôs que os produzem são bens de capital 
e os pneus que o complementam são bens intermediários. Você consegue ve-
rificar que neste exemplo os robôs e os pneus são adquiridos pelas empresas e 
os veículos em si, são adquiridos pelas famílias?
Já os serviços, outra categoria de bens econômicos, têm como característica 
básica, serem intangíveis, ou seja, eles existem, mas nãofisicamente. Como 
assim? Ao contratar um serviço de jardinagem o profissional exercerá sua ati-
vidade fazendo uma ação: “jardinar”. Portanto, como é uma ação, não existe 
fisicamente, mas existe!
Quando você adquire um veículo e contrata um seguro, um serviço econômico 
está sendo oferecido por uma empresa, ela está lucrando e você está se satisfa-
zendo por ter a segurança da cobertura do seu seguro.
Todos os serviços econômicos têm esta característica. O fato é que eles tam-
bém podem atender direta ou indiretamente nossas necessidades e desejos. 
Como vimos, são consumidos pelas famílias e produzidos pelas empresas. Ou-
tros exemplos são os serviços de hotelaria, comércio, transporte, serviços pú-
blicos, serviços financeiros etc.
23
1.6. Recursos produtivos
Quando falamos de recursos produtivos, intuitivamente podemos vinculá-los 
ao papel que as empresas exercem no sistema econômico, ligado basicamente 
à produção de bens e serviços econômicos. Tais recursos produtivos são tam-
bém conhecidos como fatores de produção. Portanto são recursos ou fatores 
indispensáveis para as empresas produzirem os bens e serviços econômicos.
A forma como as empresas organizam tais recursos se dá pelo processo de 
produção que consiste, essencialmente, na transformação de insumos e maté-
rias-primas em bens e serviços finais se adquirido pelas famílias ou em bens 
de capital ou intermediários, se adquiridos por outras empresas, além de even-
tuais serviços necessários à produção destes mesmos bens e serviços como 
fornecimento de energia, contratação de fornecedores, aquisição de materiais 
indispensáveis para a produção e etc.
Como já abordado anteriormente, tais recursos são escassos e, por isso, as em-
presas devem combiná-los da forma mais eficiente possível, de maneira a pro-
duzir o máximo com o menor custo.
Podemos identificar cinco grandes grupos de recursos ou fatores de produção. 
São eles: mão de obra; capital; terra; capacidade empresarial e insumos ou 
matérias primas. Para tal vamos considerar o UniProjeção como uma pro-
dutora de serviços educacionais de nível superior, a chamada Instituição de 
Ensino Superior/IES.
Mão de obra: refere-se ao trabalho exercido pelos professores e colaborado-
res que recebem salário (renda) como forma de remuneração do seu trabalho. 
O professor do UniProjeção é uma mão-de-obra e recebe salário pela ativida-
de docente.
Capital: refere-se aos bens de capital (ver item 1.5), são utilizados na produção 
de outros bens e serviços e são duráveis. Como exemplo tem-se as máqui-
nas, equipamentos, edificações, veículos, ferramentas entre outros. No caso do 
UniProjeção os computadores dos laboratórios de informática são bens de ca-
pital, pois ajudam a instituição a realizar o serviço educacional.
24
Terra: diz respeito ao espaço físico necessário para a realização da produção. 
Como exemplo tem-se o local onde está situada uma fábrica; a loja do comér-
cio de roupas ou a área agricultável em uma fazenda. A área onde se encontra 
o UniProjeção é o fator terra.
Capacidade empresarial: está ligado ao papel que o(s) empresário(s) exer-
ce(m) no processo produtivo, que é o de organizar toda a produção. A sua ati-
vidade se dá pela combinação dos outros recursos produtivos de maneira a 
tornar a produção eficiente. Este fator de produção no UniProjeção está no 
papel do grupo de pessoas responsáveis pelo bom andamento das atividades 
da instituição: a presidência do grupo projeção e os diretores que compõem o 
alto escalão da organização.
Insumos e matérias primas: são os bens intermediários (ver item 1.5), e assim 
como o capital, são utilizados na produção de outros bens e serviços, sendo 
semiduráveis e não duráveis. Como exemplo no UniProjeção, podemos citar 
a energia elétrica, o serviço prestado pela empresa de limpeza e segurança, o 
pincel utilizado pelo professor, o papel utilizado pela secretária ou ainda a ca-
neta utilizada pelo diretor.
Além destes cabe destacar a tecnologia que passou a ter papel fundamental 
nos processos produtivos, sobretudo a partir da Revolução Industrial ocorrida 
na Inglaterra no século XVIII. 
Por se tratar de conhecimento aplicado, a tecnologia é um ativo intangível 
que nos processos de produção modernos, é fator determinante das empresas 
inovadoras. Por ser intangível ela pode estar presente tanto nos bens capi-
tal (tecnologia encontrada em equipamentos) quanto na mão de obra (capital 
humano gerador de produtividade), quando estes recursos são utilizados na 
produção das empresas.
A tecnologia está presente sobretudo nos bens de capital (equipamentos). 
Você já pensou no conhecimento científico que foi desenvolvido para se criar 
o computador do seu laboratório de informática? Você consegue identificar 
onde a tecnologia está? Neste caso a tecnologia não é o computador, mas o que 
está dentro dele e o faz funcionar.
25
Uma característica marcante dos recursos produtivos ou fatores de produção 
e que estão ligados aos agentes econômicos, tópico que será abordado logo em 
seguida, diz respeito ao valor econômico ou, em outras palavras, ao preço que 
se deve pagar quando se adquire recursos produtivos.
Isso significa que em Economia, nada é de graça! Parece absurdo, mas a ciên-
cia econômica ensina e o ambiente econômico confirma que é o preço, seja de 
bens e serviços ou de recursos produtivos, o principal elemento que organiza 
a Economia. Você já ouviu aquela famosa frase atribuída a um dos principais 
economistas do século XX, Milton Friedman (1912-2006), que disse que não 
existe almoço de graça? Esta afirmação sintetiza o que significa estar inserido 
em um sistema econômico! Os indivíduos precisam pagar pelos produtos que 
necessitam e é para isso que existe o preço.
Mas as empresas também precisam pagar pelos recursos produtivos que ad-
quirem. A esse tipo de pagamento dá-se o nome de remuneração dos fatores 
de produção. Para que as empresas possam produzir, as seguintes remunera-
ções devem ser pagas de acordo com cada fator de produção: salário para a 
mão de obra, juro para o capital, aluguel para terra e lucro para a capacidade 
empresarial.
Ampliando os horizontes
A mão de obra na Economia é chamada de recurso produtivo ou 
fator de produção. Clique aqui para conhecer mais sobre este 
assunto.
1.7. Agentes econômicos
Você certamente já foi a um shopping center comprar algum produto, seja para 
você mesmo, seja para presentear alguém. Você nem percebeu, mas no mo-
mento em que você entrou em uma loja, escolheu o produto e pagou por ele, 
você teve um comportamento econômico, ou seja, se comportou como um 
agente econômico.
26
Os agentes econômicos são pessoas físicas ou jurídicas que, por meio de suas 
ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico (PASSOS & 
NOGAMI, 2006). 
Além dos indivíduos que, enquanto agente econômico são chamados de famí-
lias ou unidades de consumo, têm-se as empresas ou unidades de produção, 
além do governo. Soma-se a estes o resto do mundo, que se refere aos indiví-
duos, famílias e empresas das outras nações, quando se analisa a relação entre 
países.
Um bom exemplo pode explicar os agentes econômicos. Se você compra uma 
passagem aérea para passar férias na Disney, observamos que os agentes 
econômicos estão interagindo nesta sua decisão. Você representa a família, a 
agência de turismo representa a empresa, o governo recolhe tributos da em-
presa de turismo e você gasta seu dinheiro em hotel e parques do resto do 
mundo (neste caso os EUA).
Portanto para que um sistema econômico possa funcionar, é necessário que os 
agentes econômicos se relacionem uns com os outros, de maneira a se realizar 
as relações econômicas. Lembra quando você foi ao shopping Center? Então, 
você estava interagindo com outro agente econômico, a empresa.
1.8. Fronteira de Possibilidade de Produção – FPPNeste tópico você terá contato com um modelo econômico pela primeira vez 
(e não será a última!) e terá a oportunidade de conhecer a maneira como os 
economistas explicam suas teorias, ou seja, a maneira como eles pensam.
O modelo utilizado neste tópico procura explicar o que fundamenta a ciência 
da escassez: a Economia. Por isso a sua grande importância para a ciência eco-
nômica. É por meio dele que podemos compreender de que forma a escassez 
se manifesta e de que forma nos posicionamos perante a ela, quando preci-
samos tomar alguma decisão econômica (qualquer decisão tomada devido à 
escassez torna-se econômica). Em especial, o modelo abaixo apresenta a esco-
lha de produção de uma empresa, entre as várias possibilidades de produção 
possíveis.
27
Figura 1.3 Fronteira de possibilidades de produção/FPP
 
Fonte: Adaptado de Parkin (2009).
Tabela 1.1 Possibilidades de produção
Possibilidades Bolos (centenas) Tortas (centenas)
A 15 0
B 14 1
C 12 2
D 9 3
E 5 4
F 0 5
Fonte: Adaptado de Parkin (2009).
A explicação deste modelo é simples. Suponha que um produtor tenha a pos-
sibilidade de produzir dois tipos de bens diferentes: bolos e tortas. No eixo 
vertical estão indicadas as quantidades (em centenas) de bolos que podem ser 
produzidas com os recursos produtivos disponíveis. No eixo horizontal vemos 
as quantidades (em centenas) de tortas que também podem ser produzidos, 
dado os mesmos recursos disponíveis.
A curva que se apresenta no gráfico é a chamada fronteira de possibilidades 
de produção - FPP e indica o limite ou a produção máxima que se pode al-
cançar, caso TODOS os recursos produtivos estejam sendo utilizados (confei-
teiros, batedeiras, fornos, fermento, frutas, farinha de trigo, ovos, energia, etc.).
O que significa esta fronteira?
28
A curva ou fronteira que vemos indica o limite da produção dada à escassez de 
recursos produtivos (olha a escassez de novo!). Se o produtor está utilizando 
todos os recursos produtivos disponíveis, ele não tem como aumentar a pro-
dução de um produto sem, contudo, diminuir a produção do outro. 
Para se aumentar a produção de bolos na fronteira, é necessário diminuir a 
produção de tortas. Por quê? Porque não existem recursos adicionais à dispo-
sição para serem empregados na produção de mais bolo, uma vez que parte já 
está sendo utilizada na própria produção e a outra parte está sendo utilizada 
na produção de tortas. Vemos o fenômeno da escassez acontecendo!
Por exemplo, se a produção se encontra no ponto C em que são produzidos 12 
bolos e 2 tortas e se resolver passar para o ponto D, em que a produção é de 9 
bolos e 3 tortas, 3 bolos deverão ser “sacrificados” para aumentar de 2 para 3 
tortas, pois como não há recursos adicionais, alguns recursos produtivos serão 
realocados.
Portanto, quando o empresário decide aumentar a produção de torta estando 
na fronteira de produção, um sacrifício terá que ser feito: bolos deixaram de 
ser produzidos. Quanto mais tortas, menos bolos e vice-versa. 
Agora observe o ponto Z. Como ele não se encontra na fronteira existem fato-
res de produção sem utilização, demonstrando que a produção é ineficiente, 
pois valiosos recursos produtivos à disposição estão paralisados. A partir deste 
ponto, caso se queira aumentar a produção de bolos e/ou tortas, basta colocar 
estes recursos ociosos na produção, sem a necessidade de sacrifício de unida-
des de bolos e/ou tortas que já estão sendo produzidos.
Qualquer ponto além da fronteira torna-se inalcançável. Por quê? A resposta 
está novamente na fronteira de produção, que é o limite alcançável dada uma 
certa quantidade de recursos produtivos disponíveis. Uma forma de ultrapas-
sar a fronteira ou o limite da produção é por meio de investimentos (tópico a 
ser apresentado mais adiante).
Este princípio vale não só para quem produz, mas também para quem con-
some, ou seja, você! No caso do consumidor, isso ocorre porque a renda é 
limitada e, assim como os recursos produtivos para as empresas, uma decisão 
29
econômica deverá ser tomada: comprar telefone celular ou equipamento de 
som? (Lembra disso?) 
O interessante na análise deste modelo é que os agentes econômicos, ao terem 
que fazer escolhas ou sacrifícios, o fazem baseados em seus interesses particu-
lares, vinculados ao maior benefício possível.
Por exemplo, se a empresa decidiu aumentar a produção do bolo e em contra-
partida, diminuir a produção de torta, o fez porque a procura por bolo aumen-
tou e o empresário auferirá mais lucros. Se você decidiu comprar o telefone 
celular em vez do equipamento de som porque sua renda era limitada, o fez 
porque naquele momento, a maior satisfação viria do consumo do primeiro 
em relação ao segundo. Portanto, os agentes econômicos ao tomarem suas de-
cisões econômicas pressionadas pela escassez, agem racionalmente de forma 
a tirar o máximo proveito de sua decisão.
O modelo da fronteira de produção também é útil para se avaliar o nível de 
crescimento econômico de uma nação. Se a produção total (PIB) se encon-
tra abaixo da fronteira de produção, significa que a capacidade produtiva não 
está sendo usada plenamente, ou seja, existe o desperdício de recursos, o que 
exigiria do governo a formulação de políticas voltadas para o aquecimento da 
Economia, como por exemplo, políticas voltadas ao aumento do consumo. 
O que você acha da atual situação econômica do Brasil e onde você posiciona-
ria nossa economia no modelo de fronteira de produção: sobre ela ou abaixo 
dela? Pense nisso e se estiver com dúvida, pergunte ao seu tutor!
Outra utilização do modelo é na análise comparativa de economias diferen-
tes. Por exemplo, ao se verificar que em um país A, a fronteira de produção se 
mostra muito próxima da origem do gráfico e que em um país B, a fronteira se 
encontra bem mais longe da fronteira, se conclui que o país A indica um baixo 
crescimento econômico, enquanto o país B mostra um crescimento econômi-
co relativo bem superior.
Faça você mesmo uma comparação entre a economia norte-americana e a 
economia boliviana. Onde você posicionaria as respectivas fronteiras de pro-
dução se fizesse uma análise comparativa das duas economias?
30
1.9. Custo de oportunidade
A ideia de custo de oportunidade está intimamente ligada ao modelo da curva 
de possibilidade de produção estudada no item anterior. Mas o que é o custo 
de oportunidade?
O custo de oportunidade é a expressão utilizada para exprimir os custos no 
que se refere às alternativas sacrificadas (PASSOS & NOGAMI, 2006).
Você pode ao ler este conceito fazer uma relação com a fronteira de produ-
ção. Lembra que para se aumentar a produção de bolo é necessário diminuir a 
produção de torta? Uma vez que não existem mais recursos disponíveis para 
aumentar a produção de bolo, menos tortas serão produzidas, pois os recursos 
produtivos serão transferidos da produção de tortas para a produção de bolos.
Lembra ainda que se você decidiu comprar um telefone celular você não vai 
comprar o equipamento de som ao mesmo tempo?
Portanto, há um custo de oportunidade implícito na decisão econômica de au-
mentar a produção de bolos ou na sua escolha de consumo, pois devido à es-
cassez, algo sempre estará sendo sacrificado.
Tomando como exemplo a curva de possibilidade de produção do item ante-
rior, veja o que acontece utilizando a tabela 1.1, se a decisão foi a de aumentar a 
produção de torta de 200 para 300 unidades. A consequência será o sacrifício 
ou a perda da oportunidade de se produzir 300 unidades de bolo, ao passar da 
possibilidade C para a D. Este é o custo de oportunidade. E por que isso acon-
tece? A resposta sempre será a mesma: devido à ESCASSEZ.
Assim, estamos a todo o momento sendo obrigados a avaliar os custos de 
oportunidade das nossas decisões econômicas, sempre direcionando nossas 
escolhas para aquelas quenos dê o máximo benefício. Os economistas costu-
mam referir essa situação ao chamado trade off, que em bom português signi-
fica “dilema”. Tente pensar sobre as suas decisões econômicas e verifique qual 
custo de oportunidade você já teve que avaliar! Qual já foi o seu dilema?
31
Ampliando os horizontes
Para estudar mais sobre o custo de oportunidade clique aqui.
Como esses conceitos e a teoria econômica se desenvolveram? Veja a seguir.
1.10 Evolução do pensamento econômico
A economia como ciência surgiu no século XVIII, a partir de um grupo de eco-
nomistas chamados fisiocratas. Eles foram os primeiros a questionar a regu-
lamentação da economia pelo governo e colocaram que essa regulamenta-
ção não seria necessária, visto que a Lei da Natureza é suprema. Os fisiocratas 
acreditavam na necessidade de investir em produção agrícola para um país se 
desenvolver, pois somente assim seria possível gerar excedentes. Esse pensa-
mento tem origem no contexto da época: os países passavam por problemas 
de escassez de comida, excessiva regulamentação governamental e muitas 
pessoas trabalhando com finanças (ROSSETTI, 2003).
1.10.1 Escola clássica
A seguir, surge a Escola Clássica de pensamento. Seu principal autor é Adam 
Smith, com a obra A Riqueza das Nações (1776). Smith foi influenciado pelo 
que ocorria na Inglaterra com a Revolução Industrial. A Teoria Mercantilista 
utilizada naquele período não conseguia explicar as mudanças sociais e eco-
nômicas provocadas por esse sistema de produção (ROSSETTI, 2003). 
32
Figura 1.3 – Tempos Modernos (1936)
Legenda: O filme Tempos Modernos faz uma crítica à Revolução Industrial.
Imagem: Pedagogia ao pé da letra (2013).
Smith sugere que o crescimento econômico de uma sociedade acontece por 
meio da livre concorrência, sem interferência do Estado, mas guiado por uma 
“mão invisível” (PINHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 2004). O Estado teria 
três funções:
• proteger a sociedade da violência e da invasão;
• proteger os membros da sociedade da injustiça e da opressão; 
• fazer e conservar obras públicas.
Para o autor, a verdadeira riqueza de um país somente poderia ser construída 
pelo trabalho. Neste assunto particular, ele dá tratamento especial à divisão do 
trabalho. Em resumo, as ideias de Smith defendiam (ROSSETTI, 2003):
• a mais ampla liberdade individual;
• o direito inalienável à propriedade;
• a livre iniciativa e a livre concorrência;
• a não intervenção do Estado na economia.
33
Outro autor relevante da Escola Clássica da Economia foi David Ricardo. Sua 
importância pode ser atestada pelas contribuições realizadas em seu livro 
Princípios de Economia Política e Taxação, publicado em 1817.
Figura 1.4 – David Ricardo 
 
Legenda: David Ricardo propõe a livre concorrência na economia.
Imagem: Wikipedia (2014).
Podemos destacar o conceito da teoria das vantagens comparativas no comér-
cio internacional. O autor aponta que o livre-comércio internacional beneficia 
dois países se cada um tiver uma vantagem relativa na produção a ser comer-
cializada. Por exemplo: Portugal comercializaria vinhos, e a Inglaterra, tecidos. 
O comércio externo realizado entre os dois seria benéfico para ambos, pois 
Portugal produz, com vantagem, vinhos, pela sua especialização, e a Inglaterra, 
tecidos (PINHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 2004).
Karl Marx é outro cientista econômico clássico, cuja contribuição teórica - uma 
visão alternativa ao pensamento capitalista – é fundamental. Em sua principal 
obra, O Capital (1867), demonstra que o capitalismo é um sistema baseado na 
exploração do trabalho assalariado do homem pelo homem. A lógica do sis-
tema capitalista é a busca constante de acumulação de capital: o capitalista 
apropria-se do trabalho não pago (mais-valia). Ele afirma que esse sistema é 
feito a partir de crises econômicas (ROSSETTI, 2003). Marx previu que o capi-
34
talismo, a partir dessas crises, entraria em processo de extinção por conta de 
suas contradições internas.
Figura 1.5 – Karl Marx
 
Legenda: Karl Marx critica o pensamento capitalista.
Imagem: Cultura Brasil (2013).
1.10.2 Escola Neoclássica
Em 1870, surge uma nova corrente de pensamento: a Escola Neoclássica, que 
permaneceu até 1929. Ela ficou conhecida por aliar a Matemática à Economia. 
Seu principal autor foi Alfred Marshall. Nesse período, a análise econômica e a 
Microeconomia, principalmente nas pesquisas de comportamento do consu-
midor, foram formalizadas. É importante você saber que a teoria da empresa 
(firma) tem origem na teoria do consumidor e que as duas, juntas, formam a 
base da Microeconomia. Também teve destaque a Teoria Quantitativa da Moe-
da, que relaciona os níveis de preço com a quantidade de dinheiro disponível e 
sua velocidade de circulação (ROSSETTI, 2003).
35
Figura 1.6 – Alfred Marshall
 
Legenda: Marshall sugere a utilização de Matemática para análise econômica.
Imagem: Wikipedia (2014).
1.10.3 Corrente keynesiana
Esta corrente surge para explicar a crise do sistema de produção capitalista 
ocorrida na década de 1930. Na visão de Keynes, formulada em seu livro A 
Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936), o capitalismo não pode 
ser regido somente pelo livre mercado. Ele preconiza a volta do Estado na Eco-
nomia, com políticas de intervenção, promoção e regulação para estimular o 
desenvolvimento capitalista (PINHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 2004).
Refletindo
Pesquise os fatores que impulsionaram a famosa Crise de 1929, 
nos Estados Unidos, que afetou toda economia mundial e levou 
à adoção da corrente keynesiana. Você acha que essa crise pode 
se repetir?
36
Figura 1.7 – John M. Keynes
 
Legenda: Keynes propõe a necessidade de intervenção do Estado na economia.
Imagem: Wikipedia (2014).
Keynes aponta que o volume de emprego e o nível de produção nacional de 
uma economia são determinados pela demanda agregada ou efetiva. Desse 
modo, o autor derruba a Lei de Say – toda oferta cria sua demanda. Para ele, 
são o consumo e o investimento que movimentam a economia de um país (PI-
NHO; GREMAUD; VASCONCELLOS, 2004). 
Observe que a economia que vivemos atualmente foi fortemente influencia-
da por esses pensadores. Além disso, Pinho, Gremaud e Vasconcellos (2004) 
afirmam que, no período recente, a teoria econômica apresenta três caracte-
rísticas marcantes: uso da informática para o processamento de dados, maior 
consciência de suas próprias limitações e maior produção de conteúdo prático.
1.11. Economia e as outras ciências
A Economia, assim como qualquer outra ciência, se desenvolveu por meio da 
aplicação do único método, consagrado, consolidado e universal, de se gerar o 
conhecimento, o método científico.
37
É por meio do rigor científico, que exige do cientista a observação, a hipoteti-
zação, a experimentação e por fim, a aceitação ou refutação de uma teoria, que 
o conhecimento é finalmente aceito.
Vimos que o economista se utiliza de modelos, equações, para demonstrar 
suas teorias. O que ele faz, enquanto cientista é tão somente aplicar o método 
científico.
Mas a Economia não se desenvolveu como uma área do conhecimento isolada. 
Por se tratar essencialmente de uma ciência social, tópico que será abordado 
mais adiante, ela necessita utilizar outros conhecimentos para consolidar suas 
teorias e modelos.
Conforme SOUZA (2007) a Economia tem relações com as seguintes áreas do 
conhecimento.
• Biologia: a ideia de fluxo, mobilidade e evolução foram determinantes na for-
mulação das teorias de crescimento e desenvolvimento, da variação de custos, 
receitas, rendas e riqueza.
• Física: noções de estática e dinâmica, velocidade e força ajudaram nas teorias 
de análises de investimento, consumo, produção, renda e do equilíbrio geral e 
parcial.
• Psicologia: conceitos advindos desta área foram importantes paradetermi-
nar o comportamento racional dos agentes econômicos, a noção de bem-estar 
e o entendimento de como as decisões individuais exercem poder sobre os 
rumos da economia.
• História: o desenvolvimento da ciência econômica se confunde com o pró-
prio desenvolvimento humano. Fatos históricos que mudaram a trajetória hu-
mana estiveram sempre atrelados a fatos econômicos.
• Estatística: desta área do conhecimento são aplicados técnicas e metodolo-
gias acerca de séries temporais que, por sua vez, se utiliza de amostras e ferra-
mentas estatísticas como média, desvio padrão, variância e analisa tendências, 
muito utilizadas nas análises de variáveis macroeconômicas como PIB, renda, 
consumo, investimento, exportações, importações etc.
38
• Matemática: a partir das formulações matemáticas, a Economia foi capaz de 
formular boa parte de suas teorias. As equações e funções matemáticas são 
bastante uteis uma vez que a ciência econômica, por tratar fundamentalmente 
de variáveis quantitativas, formula seus modelos matemáticos explicativos do 
comportamento dos agentes econômicos e da própria economia.
• Econometria: a inferência estatística é bastante útil na formulação de mode-
los econômicos para fins de previsão e de planejamento que podem ser adota-
dos nas políticas econômicas de longo prazo por exemplo. Esta área do conhe-
cimento aplica a matemática e a estatística ao mesmo tempo, fornecendo uma 
poderosa ferramenta para o economista.
• Geografia: a íntima relação se dá porque as relações econômicas se dão em 
espaços geográficos, sejam micro ou macro. Destacam-se a Economia regio-
nal, do meio ambiente, internacional, que afetam a mobilidade espacial de in-
divíduos, fatores de produção e de bens e serviços. Por outro lado, o solo e o 
clima afetam, positiva ou negativamente, atividades econômicas com reflexos 
na produtividade, na disponibilidade de recursos e nas condições de trabalho.
• Sociologia: a questão social está atrelada à questão econômica. A distribuição 
da riqueza gera assimetrias sociais e suas consequências geram impactos em 
políticas públicas. Padrões sociais podem ter reflexo sobre o mercado, a estru-
tura de consumo e de produção e no próprio curso do progresso econômico.
• Ciência Política: as relações econômicas exigem que um arcabouço político-
-legal seja incorporado ao sistema econômico. O papel da política é sensível 
quando se avalia o interesse da sociedade nos rumos de sua economia. A re-
presentatividade política, portanto, é chave para que toda a sociedade usufrua 
dos ganhos econômicos e é por meio da política que estes interesses devem ser 
direcionados, exercendo um papel crucial neste ambiente.
• Direito: as relações econômicas também devem ser orientadas por uma es-
trutura jurídica que garanta o bom andamento destas relações. A questão legal 
está inserida nas relações de consumo, de trabalho, de produção e que en-
volvem o contexto social e dão sustentação ao equilíbrio das instituições que 
devem exercer suas atividades em prol do desenvolvimento da sociedade. Os 
direitos e deveres dos agentes econômicos funcionam para garantir que o sis-
tema econômico trabalhe de forma eficiente e duradoura. 
39
1.12. Abordagem social da Economia
A Economia é essencialmente uma ciência social. Apesar do caráter quantita-
tivo e materialista que esta disciplina impõe, todas as ações e atividades estão 
inseridas no contexto social, pois se observa que a Economia se movimenta a 
partir do comportamento, seja de indivíduos ou organizações. Basicamente o 
interesse da ciência econômica se assenta na questão materialista da socieda-
de, ou seja, parte-se do princípio que a prosperidade material é essencial para 
o progresso humano. As relações humanas, por fim, é que ditam as relações 
econômicas.
1.13. Funcionamento de uma Economia de mercado
 Você deve se lembrar de que no item 1.4 foi abordado o tema sobre os sistemas 
econômicos. Um sistema econômico é escolhido para a solução das questões 
econômicas fundamentais de uma sociedade: o que, como e para quem pro-
duzir?
Os dois sistemas existentes na atualidade são o capitalista e o socialista, ca-
bendo ao primeiro a supremacia absoluta sobre o segundo. A dissolução do 
sistema socialista ocorreu após os intensos movimentos de democratização, 
da liberdade do indivíduo e, sobretudo, da globalização, que permitiu a criação 
de um mercado global e influenciou movimentos contra a economia centrali-
zada no poder do Estado que imperava no leste europeu até fins dos anos 80.
O fim da Guerra Fria, simbolizada pela queda do muro de Berlim em 1989, foi 
o ato final para a dominação total do sistema baseado na livre iniciativa, da 
liberdade individual e no princípio da eficiência econômica para alcançar o 
desenvolvimento das sociedades.
O Capitalismo passou a ser, praticamente, o único sistema econômico no mun-
do atual e a sua adoção só é possível porque é um sistema baseado no funcio-
namento do mercado. A economia de mercado é o sinônimo de Capitalismo.
A figura a seguir mostra como é o funcionamento de uma economia de merca-
do. Por ser um modelo econômico e, portanto, simplificado, esta figura indica 
a relação entre dois agentes econômicos somente, famílias e empresas (estão 
40
de fora deste modelo o governo e o resto do mundo). Este é considerado o sis-
tema mais simples possível e, embora seja teórico, é útil para o entendimento 
de como um sistema econômico funciona.
Figura 1.8 – Modelo circular de funcionamento de uma economia de mercado
 
Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/384926/
Os principais pontos que se pode tirar da análise e interpretação deste modelo 
e que são uteis para o entendimento de um sistema econômico são os seguin-
tes:
• Há interação entre agentes econômicos (famílias e empresas);
• Verifica-se dois tipos de mercado: o de bens finais, onde as famílias compra 
bens e serviços das empresas, e o de fatores de produção, onde as empresas 
compram os recursos produtivos das famílias;
• Cada agente age racionalmente, procurando tirar o máximo benefício de suas 
decisões;
• Observa-se uma relação de interesses, onde cada um procurar atingir os seus 
objetivos (satisfação para as famílias e lucro para as empresas);
• Não há na relação motivação emocional, pois as famílias ao consumir bens 
e serviços e as empresas ao produzi-los buscam maximizar os seus objetivos;
41
• As famílias não vão consumir aquilo que não gera bem-estar e as empresas 
não vão produzir aquilo que não gera lucro;
• É com a venda pelas empresas dos bens e serviços às famílias que as empre-
sas lucram e é com a venda pelas famílias, dos fatores de produção às empre-
sas, que as famílias auferem renda;
• As famílias só compram porque recebem renda e as empresas só produzem 
porque recebem fatores de produção (recursos produtivos). Isso mostra o flu-
xo circular do sistema, onde cada um agindo pelos seus interesses, faz o siste-
ma funcionar. Lembra-se da mão invisível do mercado?
• O sistema funciona em fluxos, o que garante a sua continuidade e perenidade;
• O fluxo monetário indica que as relações de troca envolvem recursos finan-
ceiros (moeda) o que mostra que as relações econômicas envolvem pagamen-
to, ou seja, nada é de graça!
É assim, de maneira bem simplificada, que funciona uma economia de mer-
cado, baseada na liberdade do indivíduo, no interesse próprio e na busca da 
otimização dos benefícios econômicos.
1.14.Valor real versus valor nominal
Considere a seguinte situação: você tem um aumento no seu salário na ordem 
de 15% referente ao reajuste anual que o seu empregador é, por força da con-
venção coletiva de trabalho, obrigado a conceder. E aí você pensa o quão bom 
foi esse reajuste, pois, digamos que você receba R$ 2.500,00 ao mês e agora vê 
o seu salário maior, valendo R$ 2.875,00. 
 E aí você já imaginaque pode comprar um tênis novo, pois está recebendo 
mais! Porém, antes de entrar em êxtase, você deve refletir sobre as seguintes 
questões:
O aumento recebido é suficiente para manter o mesmo nível de gastos que eu 
tinha? Eu posso com o novo salário comprar as mesmas coisas que comprava 
e, além disso, aumentar o meu volume de compras, sem a necessidade de con-
trair empréstimos?
42
A resposta a estas questões é encontrada em uma variável fundamental para a 
Economia: o preço.
O que está implícito no seu novo salário e que nem sempre é visível é o que se 
chama poder de compra. Ele nada mais é do que a capacidade que o dinheiro 
(moeda) tem para comprar as coisas que necessitamos.
Então ao receber o novo salário, é preciso compará-lo à variação dos preços 
para saber se o aumento verificado nos preços diminuiu o poder de compra do 
seu novo salário. Assim, se o aumento dos preços, digamos de 20% no mesmo 
período, mais conhecido como inflação e medido percentualmente, foi maior 
do que o aumento do seu salário de 15%, infelizmente você teve o seu poder 
de compra diminuído em 5% e, em termos reais, você está ganhando e com-
prando menos que antes, embora que em termos nominais, o seu salário está 
maior.
O que deve ser levado em conta na hora de avaliar o poder de compra é o valor 
real e não o valor nominal da moeda. O valor nominal nada mais é do que um 
valor de face (por exemplo, o valor lançado no seu contracheque) enquanto 
que o valor real mede o poder de compra, ou seja, aquilo que realmente se 
pode comprar (bens e serviços) com o novo salário.
Intuitivamente, podemos perceber a influência que a inflação tem na vida das 
pessoas, empresas e governos. Se há alta inflação, o valor real ou o poder de 
compra tende a cair; se há baixa inflação, o valor real ou perde pouco ou pode 
até ter crescimento; e caso haja deflação (queda dos preços), isso eleva o poder 
de compra da moeda e, consequentemente, seu valor real.
Suponha que você, no dia do seu aniversário, recebeu como presente uma 
quantia de R$ 1.000,00 para comprar roupas. Você, porém, decidiu guardar 
este dinheiro embaixo do seu colchão e só utilizá-lo no seu próximo aniver-
sário, pois você já tinha bastante roupas. O que você acha que aconteceria um 
ano depois, quando você decidisse usar este valor para renovar o seu guarda 
roupa?
Portanto, as políticas econômicas, sobretudo a monetária, devem ser orienta-
das para elevar o valor real da moeda, não só para que as pessoas comprem 
mais, ou que as empresas lucrem mais, mas também para que o PIB do país, 
43
que mede o crescimento econômico seja maior em termos reais, o que eleva a 
riqueza da sociedade.
O combate à inflação é, portanto, um dos mais importantes desafios quando 
se avalia as políticas econômicas e, por isso, a intervenção governamental é 
sempre acionada quando há um descontrole dos preços.
44
O que aprendemos
Nesta unidade, você aprendeu que:
• a questão central da Economia é como alocar recursos escassos para 
satisfazer necessidades ilimitadas;
• a Economia divide-se em Microeconomia, Macroeconomia, Economia 
Internacional e Desenvolvimento Econômico;
• a Macroeconomia preocupa-se com bens públicos, externalidades e 
recursos comuns;
• o sistema econômico pode ser capitalista ou socialista;
• três escolas econômicas se destacam: Clássica, Neoclássica e keynesiana. 
>> Sua vez
Agora é o momento de ir ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e par-
ticipar do Fórum de Discussão. Você irá interagir com seus colegas e com 
o seu tutor, assim, ampliará o seu conhecimento, debatendo um tema po-
lêmico. Sua opinião é muito importante! Lembre-se, também, de realizar a 
atividade de fixação do conhecimento.
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Referências da unidade
PINHO, D. B.; GREMAUD, A. P.; VASCONCELOS, M. A. S. Manual de economia. São 
Paulo: Saraiva, 2004.
ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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