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Bioquímica Clínica Artigos e cartilha sobre biossegurança

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- BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO.pdf
Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 
31 (2): 126-131, março-abril,, 1989 
BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO 
R . I S H A K (1), A . C . L I N H A R E S (2) & M. O . G . I S H A K (1) 
R E S U M O 
Nos últ imos dez anos tem sido travada uma luta com a finalidade de prevenir 
a transmissão de agentes infecciosos dentro de laboratórios. A grande fonte de disper¬ 
são de patógenos por meio de aerossóis, pode ser el iminada satisfatoriamente com 
o uso de câmaras de segurança biológica. Regras gerais e específicas de biossegu¬ 
rança devem ser cumpridas por todos os usuários de laboratórios que manuseiam 
patógenos ou materiais potencialmente contaminantes e, eventualmente, aval iados 
por um comitê de biossegurança independente. O surgimento da síndrome de imuno-
deficiência adquir ida deve servir.como fator de estímulo à adoção de normas eficazes 
de segurança laboratorial. 
U N I T E R M O S : Biossegurança: Infecção laboratorial. 
I N T R O D U Ç Ã O 
Prevenir a transmissão de agentes infeccio 
sos, dentre outros produtos nocivos à saúde hu-
mana, é o grande problema de segurança labora 
torial que deveria ser incutido em todos os usuá-
rios iniciantes e nos chamados ' 'exper ientes" 
que se ut i l izam de um espaço de laboratório para 
o preparo de " inócuas" culturas de cé^i las ou 
a separação de sangue para os mais variados 
fins ou aqueles que manuseiam patógenos de 
reconhecida importância médica. 
Entretanto, apesar de todos os perigos de 
contaminação de naturezas infecciosa e quími-
ca, os riscos potenciais que são enfrentados no 
dia a dia em um laboratório, na maioria das ve-
zes, são obscuros e silenciosos, e esperam a opor-
tunidade certa de causar o seu dano. 
Como itens de segurança geral temos os se-
guintes a serem considerados: 
1. Vidrar ias e objetos perfurantes: são comuns 
os acidentes ao colocar-se uma pera ou outro 
auxi l iar de pipetagem na ponta de uma pipeta 
ou no manuseio de vidrarias quebradas den-
tro de receptáculos etc. O descarte de agulhas 
no passado, era efetuado após a cobertura 
com a respectiva capa. Após o advento da 
Síndrome de Imunodeficiência Adqui r ida ( S I -
D A / A I D S ) observou-se que o número de per-
furações acidentais provenientes deste ato 
não estava dentro dos l imites aceitáveis. Des-
ta forma é preferível que exista um recipiente 
adequado e único para o desprezo de agulhas 
e seringas imediatamente após o uso, sem co-
brir a agulha. O desprezo de vidraria quebra-
da e agulhas deve ser feito em local apropria-
do que não o l ixo geral; 
2. Produtos químicos de natureza tóxica: deter 
gentes podem ser cáusticos ou causar irrita 
(1) U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r á . C e n t r o de C i ê n c i a s B i o l ó g i c a s , D e p a r t a m e n t o de P a t o l o g i a , L a b o r a t ó r i o de V i r o l o g i a . 
(2) I n s t i t u t o E v a n d r o C h a g a s , F S E S P / B e l é m , P a r á , B r a s i l . 
E n d e r e ç o p a r a c o r r e s p o n d ê n c i a : D r . R i c a r d o I s h a k — C a i x a P o s t a l 3005 — 66.000 B e l é m , P a r á , B r a s i l 
çáo na pele, olhos e t c ; desinfetantes químicos 
como o hipoclorito de sódio podem manchar 
tecidos, causar irr i tação na pele ou mesmo 
corroer metais; produtos químicos comumen-
te usados em cultura de células, como o dime-
til sulfóxido, solvente poderoso que penetra 
através da pele e pode carregar consigo subs-
tâncias infecciosas, químicos mutágenos ou 
carcinogênicos; 
3. Gases: C 0 2 , N 2 não são perigosos quando a 
exposição é feita a pequenas quantidades, po-
rém causam as f i x ia quando l iberados em 
grandes quantidades; a liberação de 0 2 requer 
ventilação máx ima devido ao risco de fogo; 
a vedação de ampolas deve ser feita com cui-
dado para não haver refluxo de oxigênio ou 
defeitos na mis tura gás/ox igênio; c i l indros 
que contêm gases devem estar fixos, evitando 
o risco mecânico de queda dos mesmos; 
4. Nitrogênio liquido: são três os maiores riscos 
associados ao nitrogênio — queimadura, asfi-
x ia e explosão; quando as ampolas são sub-
mersas em N 2 l íquido, existe uma diferença 
de pressão entre o exterior e o interior da am-
pola; se esta não estiver perfeitamente fecha 
da haverá a entrada de N 2 , a qual causará 
a explosão da ampola no momento de descon-
gelamento; a inalação de grandes quantida-
des de N 2 pode levar à asf ix ia, e devido à ba ixa 
temperatura do mesmo o seu manuseio sem 
luvas de proteção pode resultar em queima-
duras; 
5. Fogo: B icos de gás e álcool para esteril ização 
devem ser mantidos afastados; a esteril ização 
pelo fogo deve ser feita com cuidado redobra-
do e o material esterilizado mantido longe do 
álcool; 
6. Radiação: o uso de radioisótopos segue regras 
que devem ser obedecidas com cuidado; seu 
cumprimento é assegurado por órgãos de fis-
calização e que não será objeto de análise no 
presente artigo. Por outro lado, no trabalho 
rotineiro, todo cuidado deve ser observado 
para a proteção contra as irradiações de lâm-
padas u l t rav io leta na pele e nos olhos; barrei-
ras de vidro ou plástico devem ser sempre uti-
l izadas porque há o risco de lesão de retina 
e de câncer de pele. 
R I S C O B I O L Ó G I C O D E C O N T A M I N A Ç Ã O 
A necessidade de proteção contra um risco 
biológico é definida pela (i) fonte do material; 
(ii) pela natureza da operação ou experimento 
a ser efetuado e (iii) pela condição na qual o expe-
rimento será realizado. Não há controvérsias so-
bre o risco de contaminação quando se trabalha 
com patógenos conhecidos, pois para estes exis-
tem normas e classificações que regem os níveis 
de contenção adequados para os seus manu-
seios 2 6 . Entretanto, o desenvolvimento de novas 
técnicas como a hibridização celular inter-espe-
cífica, o uso de novos patógenos em locais não 
considerados como de contenção máx ima, o uso 
de l inhagens celulares transformadas, todos in-
troduzem riscos para os quais ainda náo se dis-
põe de informações epidemiológicas suficientes 
para aval iar o impacto que as modernizações 
de tecnologia acarretam. A s comissões de segu-
rança internacional reunem-se, em geral, quan-
do se detecta o risco. 
É importante então que cada instituição de 
pesquisa aponte um Comitê de Biossegurança 
que atue nas seguintes funções: 
a) no aconselhamento para desenvolver e me-
lhorar as regras para a segurança no trabalho: 
b) prover uma revisão geral de biossegurança 
dentro das atividades desenvolvidas pela ins-
tituição em questão sob um ponto de vista 
rigoroso e imparcial . 
É essencial que a responsabil idade com a 
biossegurança envolva não apenas o cientista 
coordenando ou real izando um projeto, como 
também todos os usuários do laboratório, inclu-
sive aqueles do corpo administrat ivo, os quais 
também devem obedecer regras específicas. 
C Â M A R A S D E S E G U R A N Ç A 
Além de regras de ordem prát ica que devem 
ser seguidas, a proteção contra a contaminação 
laboratorial sob a forma de aerossol, é feita pri-
mariamente através do uso de câmaras de segu-
rança microbiológica 5 . É essencial que o opera-
dor seja protegido, assim como não se permita 
que seja eliminado qualquer agente ou outro ele 
mento para o meio ambiente. 
Inicialmente é importante fazer a distinção 
entre câmaras de fluxo laminar ordinárias e de 
segurança. 
A s câmaras de fluxo laminar ordinárias não 
são projetadas para dar proteção ao operador. 
São capelas com pressão posit iva, com um fluxo 
de ar de dentro para fora da área de trabalho 
da mesma, que não é recirculado e sim eliminado 
para o interior do laboratório. Es tas câmaras de 
fluxo horizontal dão a proteção adequada para 
a cultura de células, reagentes e tc , porém nunca 
devem ser ut
i l izadas com radioisotopes, mutá-
genos, vapores tóxicos, mater ia is infectantes 
etc Até mesmo o simples trabalho de cultura 
de células pode ser questionado nestas câmaras, 
em vista da presença de vírus endógenos cuja 
patogenicidade é desconhecida para o homem. 
Ex is tem três tipos de cabines de segurança 
com projeções e util izações diferentes, gradua-
das em classes de acordo com o grau de segu-
rança proporcionado: 
Classe I — possuem um fluxo de ar de fora 
para dentro e protegem apenas o operador, não 
mantendo a esterilidade dos reagentes trabalha-
dos; 
Classe I I — é projetada para proteger o ope-
rador e material trabalhado, possuindo um fluxo 
de ar estéril em direção ao espaço do trabalho 
e um fluxo de ar de fora para dentro entrando 
por uma abertura frontal; 
Classe I I I — teoricamente são cabines de 
contenção máx ima para usos de patógenos de 
alta periculosidade (e.g., varíola, febre de L a s s a , 
raiva, H I V e tc ) ; são projetadas com luvas f ixas 
na parte frontal, formando uma barreira física 
entre o material e o operador. 
Atualmente existem Padrões de Segurança 
definidos em países como os E U A , Inglaterra, 
Austrá l ia , A lemanha Oriental e Japão 4 . O pa 
drão definido na Inglaterra exige que o operadoi 
que trabalha em uma cabine Classe I ou I I tenha 
uma exposição a aerossóis em uma quantidade 
que não ultrapasse I O " 5 da exposição que teria 
a qualquer aerossol infeccioso produzido se o 
trabalho fosse efetuado em um balcão de labora-
tório sem qualquer mecanismo auxi l iar de con-
tenção 1. 
Convém lembrar de que estas cabines são 
suscetíveis à influência do meio externo, na qual 
movimentos do operador, de portas, pessoas ao 
redor, causam distúrbios no fluxo de ar, podendo 
levar contaminantes para o interior, assim como 
trazer patógenos para o operador e visi tantes 
inesperados e circunstanciais. Uma das formas 
de corrigir tais ocorrências é a colocação das 
Câmaras em lugares adequados no laboratório, 
colocar portas de correr, efetuar vedações abso-
lutas, observar normas de segurança etc. 
A manutenção de salas com pressão nega-
t iva ou um pouco abaixo (2-3mm de Hg) das salas 
ao redor são práticas adequadas para aumentar 
a segurança de câmaras assépticas a fim de evi-
tar a saída de qualquer espécimen sendo manu-
seado para o meio externo 3 . 
Além destas câmaras, existem ainda aque-
las produzidas para o trabalho com produtos tó-
xicos, carcinogênicos e radioisótopos, as capelas 
químicas. São câmaras que devem obedecer o 
grau de segurança daquelas de Classe I I e dota-
das principalmente de uma abertura frontal mí-
nima, fluxo de água e boa venti lação. 
A instalação e teste de câmaras de seguran-
ça devem ser criteriosamente estudadas e ava-
l iadas de tempo em tempo, para se ter certeza 
que o funcionamento está correto. 
N Í V E I S D E C O N T E N Ç Ã O L A B O R A T O R I A L 
Os trabalhos executados em laboratór io, 
obedecem a um gradiente de periculosidade de 
acordo com o patógeno que está sendo manu-
seado. Desta forma, costuma-se admitir quatro 
níveis de contenção laboratorial: 
Nível 1 (Mínimo): adequado para patógenos 
com nível mínimo de risco para o operador; o 
trabalho é feito em geral em balcão aberto sem 
nenhum equipamento especial de contenção re-
querido. H á necessidade de se observar algumas 
práticas como: manter as portas fechadas, des-
contaminar superfícies diariamente, desconta-
minar material a ser lavado ou descartado, proi-
bir comida, bebida, fumo, pipetagem com a boca, 
evitar a formação de aerossol etc. 
Nível 2 (Baixo risco): o pessoal técnico deve 
ser mais treinado para manusear patógenos, o 
acesso ao laboratório é l imitado quando da ma-
nipulação com microorganismos e os procedi-
mentos capazes de produzir aerossol devem ser 
efetuados em câmaras de segurança. Adic ional-
mente deve-se fazer um programa eficaz de con 
trole de insetos e outros animais, não uti l izar 
jalecos fora da área laborator ial , não manter 
plantas, agulhas e l ixo no interior do laboratório, 
assim como criar um sistema de notif icação e 
registro de acidentes no laboratório, de expo-
sição aos patógenos trabalhados e de v ig i lância 
médica v inculada principalmente aos casos de 
absenteísmo posterior aos acidentes e/ou expo-
sições a agentes patogênicos. 
Nível 3 (Risco moderado): o laboratório j á 
deve possuir uma arquitetura especial e equipa-
mento de contenção adequada para o manuseio 
de patógenos potencialmente letais. Todo mate-
rial deve ser esterilizado dentro da área labora-
torial ou enviado em frascos à prova de vaza-
mento para uma unidade de esteril ização. Não 
deve ser permit ida a entrada de pessoas estra-
nhas ao serviço, as quais devem ser orientadas 
sobre o risco de contaminação; deve-se criar pro-
tocolos escritos para as situações de emergência; 
a descontaminação tem de ser eficaz; não usar 
roupas de rua e cobrir-se até os sapatos (de prefe-
rência com botas à prova d'agua); uso obriga-
tório de luvas e máscaras (especialmente em bio-
térios); e usar filtros nas l inhas de vácuo. 
Nível 4 (Alto Risco): o pessoal do laboratório 
deve ter conhecimento e treinamento completo 
no manuseio de patógenos sabidamente capazes 
de produzir doença severa ou fatal no homem, 
assim como devem compreender as funções dos 
níveis de contenção, do equipamento e das ca-
racterísticas do laboratório. E s t a área deve ser 
claramente demarcada dentro de um espaço físi 
co. O uso de Câmaras Classes I ou I I pode ser 
feito apenas se todos os usuários mostrarem evi-
dência de imunização anterior ao agente em 
questão, de outra forma, a manipulação de pató-
genos requer Câmaras de Classe I I I ou roupas 
especiais pressurizadas. 
E m uma contenção de Nível 4 as portas de 
vem ser mant idas fechadas e o número de chaves 
l imitado estritamente aos usuários. À entrada 
e saída, deve haver troca de roupa e banho em 
uma ante-sala que permita este f luxo de pessoas. 
Deve haver um espaço para quarentena e obser-
vação de operadores suspeitos de contaminação 
e suporte médico de casos potenciais ou confir-
mados de doença associada ao laboratório. Todo 
mater ia l saído deste nível de contenção tem 
obrigatoriamente de ser esterilizado (UV, calor, 
banho químico) ou filtrado (ar). 
P R E C A U Ç Õ E S E M B I O S S E G U R A N Ç A 
Todo indivíduo trabalhando com agentes in-
fecciosos ou material suspeito de conter patóge-
nos está exposto ao risco de infecção. Daí é im-
portante que precauções apropriadas sejam to-
madas, j á que mesmo uma cultura de células 
não inoculada pode ser uma fonte de patógenos 
virais. É aconselhável que todo o pessoal de labo-
ratório tenha uma amostra de sangue coletada 
anualmente. 
R E G R A S G E R A I S D E B I O S S E G U R A N Ç A 
1. Todo material contaminado deve ser marca-
do apropriadamente e esterilizado por auto-
clave, ou UV (superfícies e ar). A contamina-
ção do sistema hidráulico por agentes infec-
ciosos não pode ocorrer. 
2. Devem existir em estoque, próximas do local 
de t rabalho, soluções de desinfetantes, in-
cluindo-se formalina a 20% e etanol a 70%. 
3. Gaio las com animais, garrafas de água e res-
tos de animais assim como ovos infectados 
devem ser autoclavados e os técnicos que tra-
balham com tal material devem ser instruídos 
a seguir fielmente as normas de segurança. 
4. Todas as vacinas disponíveis devem ser crite-
riosamente ut i l izadas para os operadores e 
usuários do laboratório 
R E G R A S E S P E C Í F I C A S D E B I O S S E G U R A N Ç A 
— Manter todos os frascos contendo material 
infectante fechados quando não estiverem 
em uso; 
— Não colocar pipetas contaminadas na super-
fície do balcão de trabalho; não andar com 
pipetas pelo laboratório; não descartar
flui-
dos contaminados na p ia; não causar derra-
mamento de material; 
— Não produzir aerossol desnecessariamente 
(maceração com gral e pistilo, agitação vio 
lenta, sonicação, abertura de vasi lhames com 
pressão interna maior que a ambiente, inocu-
lação de animais por v ia i n t ranasa l , coleta 
de fluidos de animais ou de ovos embrionados 
e tc ) ; 
— Não pipetar com a boca; 
— Não comer, beber ou fumar no laboratório 
ou estocar comida ou bebida nos refrigera-
dores ou locais de área técnica; 
— Não levar luva para fora da área de trabalho, 
e lavar as mãos antes de sair do laboratório; 
— Vestir jalecos no local de trabalho, mas trocá-
los antes de sair; 
— Desinfectar os balcões ao final do dia; 
— Ur ina, fezes, sangue total, p lasma, soro e ou-
tros fluidos orgânicos devem ser considera-
dos como material contaminado até prova 
em contrário. E m virtude disto, evite sujar-se 
com qualquer destes materiais; 
— Lava r sempre com água e sabão a parte do 
corpo imediatamente após o contato com 
qualquer espécimen do laboratório; 
— Cobrir cortes e abrasões de pele, pr incipal-
mente das mãos, antes de manusear qualquer 
espécimen laboratorial; 
— Ev i ta r perfurações com agulhas e outros obje-
tos pontiagudos, principalmente aqueles su 
jos com sangue; substituí-los, eventualmen-
te, por instrumentos plásticos; 
— Não colocar recipientes contendo substân-
cias l íquidas ou qualquer outro objeto, por 
mais leve que seja, sobre o equipamento de 
laboratório, para se evitar problemas que in-
cluem danos elétricos e obstrução da venti-
lação; 
— Despejar todo o material de análise de forma 
segura, esteril izando tudo o que for necessá-
rio; 
— Você deve ter consciência da sua segurança 
em seu local de trabalho. Não acredite que 
seu trabalho é inócuo só porque você ainda 
não foi infectado no laboratório. U m dia isto 
pode acontecer, e o que é pior, pode ser fatal. 
Tenha cuidado! 
B I O S S E G U R A N Ç A E A S Í N D R O M E D E 
I M U N O D E F I C I Ê N C I A A D Q U I R I D A 
As normas aqui propostas assumem parti-
cular relevância quando se observa a acelerada 
expansão da S I D A / A I D S no mundo e consti-
tuem um apanhado geral de regras largamente 
difundidas. 
Qualquer unidade laboratorial que se utilize 
de fluidos orgânicos como o sangue ou porções 
do mesmo, está em risco de se ver um dia frente 
ao manuseio de espécimens contaminados pelo 
H I V . Desta forma, mais do que nunca é essencial 
que as normas de segurança aqui del ineadas, 
e outras particulares de cada laboratório, sejam 
fielmente respeitadas e seguidas. 
Por outro lado, o trabalho com pacientes so-
ropositivos para o H I V ou com a S I D A / A I D S , 
requer que sejam estabelecidas regras mínimas 
complementares para bloquear a transmissão ao 
operador. Desta forma, o trabalho com o H I V 
deverá obedecer: 
— a notificação da existência de um trabalho 
desta natureza para fins de aval iação por um 
Comitê independente; 
— a existência de mecanismos de contenção e 
prevenção da infecção, tais como: a sinal i-
zação do perigo biológico, a presença de fonte 
de água de fácil acesso, desinfetantes próxi-
mos ao local de trabalho, equipamento de uso 
exclusivo como geladeira, centrífuga e tc ; 
— uma rotina r íg ida de trabalho l imitando o 
acesso de usuários, mantendo portas fecha 
das, prevendo a sistemática uti l ização de jale-
cos, aventais plást icos, óculos de proteção, 
luvas e dando o descarte adequado ao mate-
rial infectante após sua esteril ização; 
— cuidados específicos a serem seguidos para 
o derramamento de material e seu descarte 
adequado: são recomendadas concentrações 
variáveis de hipoclorito para a descontami-
nação e l impeza de materiais variados como 
pipetas, ponteiras (hipoclorito a 0,25%), su-
perfícies, objetos e equipamentos (hipoclorito 
a 0,1% ou glutaraldeído a 2%). Contamina-
ções grosseiras devem ser l impas com solução 
de hipoclorito a 1 %; é essencial o uso de cubas 
fechadas para autoclavação; 
— manutenção de livro de ocorrência para regis-
tro de acidentes, infecções, doenças, assistên-
cia médica e t c ; 
— orientação correta para recebimento de ma-
teriais de outros laboratórios; nunca é demais 
lembrar que a vedação dos frascos contendo 
soros para teste deve ser completa e que os 
frascos devem ser embalados em sacos plás-
ticos individuais antes de serem enviados; 
— l impeza diária do laboratório. 
Reenfatizamos o cuidado quanto ao uso de 
seringas e agulhas, particularmente no momen-
to da colheita do sangue: N U N C A tentar repor 
a capa de plástico que originalmente recobria 
a agulha; uma vez coletado o espécimen, depo-
site-o em um frasco apropriado, injetando-o atra-
vés da agulha; ao término desse últ imo procedi-
mento, descartar a seringa acoplada à agulha 
( N Ã O T E N T E S E P A R Á - L O S ! É D E S N E -
C E S S Á R I O . . . ) em um recipiente apropriado (e. 
g., uma ca ixa de papelão suficientemente rígido) 
cujo destino será a cremação. 
Por último convém enfatizar que mais im-
portante que a contenção física do laboratório 
para evitarem-se os acidentes, são as prát icas 
seguras que devem ser seguidas pelo pessoal de 
laboratório. As pessoas que trabalham no labo 
ratório devem entender todos os procedimentos, 
funcionairlento dos equipamentos e as instala 
ções, assim como devem saber da natureza dos 
agentes infecciosos, carcinogênicos ou emisso-
res de radiações que são manipulados e as conse-
qüências da sua manipulação errônea, displicen-
te, despreocupada e irresponsável. 
S U M M A R Y 
L A B O R A T O R Y S A F E T Y 
The occurrence of laboratory-acquired infec-
tions have elicited in the last ten years an intense 
interest in methods and procedures for the safe 
handl ing of microbiological material. The major 
laboratory safety problem is aerial transmission, 
however, protection against airborne hazards is 
efficiently achieved by the use of microbiological 
safety cabinets. Biosafety rules should be stric-
tly followed by all members of a laboratory. E v a -
luation of these procedures should be effectively 
performed by an independent biosafety commit-
tee. The upsurge of A I D S should stimulate the 
adoption of safe working procedures in the labo-
ratory. 
A G R A D E C I M E N T O S 
À S r a . F Á T I M A M O N T E I R O pela paciente 
dati lografia do manuscrito. 
R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S 
1. B R I T I S H S t a n d a r d 5726. S p e c i f i c a t i o n s for m i c r o b i o l o -
g i c a l sa fe t y c a b i n e t s . L o n d o n , B r i t i s h S t a n d a r d s I n s t i t u ¬ 
t i on , 1979. 
2. C A S A L S , J . — A r b o v i r u s e s , a r e n a v i r u s e s a n d h e p a t i t i s . 
I n : H E L M A N , A . ; O X M A N , M. N . & P O L L A C K , R . , ed . 
— B i o h a z a r d s in b i o l o g i c a l r e s e a r c h . C o l d S p r i n g H a r b o r , 
N e w Y o r k , C o l d S p r i n g H a r b o r L a b o r a t o r y , 1973 . p. 
223-245. 
3. C L A R K , R . P . — C o n t a i n m e n t f a c i l i t i e s for p a t h o l o g i c a l 
m a t e r i a l . E n v i r o n . In t . , 8: 387-394, 1982. 
4. C L A R K , R . P . — T h e p e r f o r m a n c e of c o n t a i n m e n t f a c i l i ¬ 
t ies . J . S o c . e n v i r o n . E n g i n . , 21: 31-35, 1982. 
5. C L A R K , R . P . — A i r b o r n e h a z a r d s i n the l a b o r a t o r y . N a t u -
re , 301: 15-16, 1983. 
6. L A B O R A T O R Y sa fe ty for a r b o v i r u s e s a n d c e r t a i n o the r 
v i r u s e s of v e r t e b r a t e s . T h e S u b c o m m i t t e e o n A r b o v i r u s 
L a b o r a t o r y S a f e t y of the A m e r i c a n C o m m i t t e e o n A r t h r o -
p o d b o r
n e V i r u s e s . A m e r . J . t r o p . M e d . Hyg:. , 29: 1359-1381, 
1980. 
R e c e b i d o p a r a p u b l i c a ç ã o e m 08/8/1988 
- Biossegurança.pdf
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Informes Técnicos Institucionais Technical Institutional Reports
Biossegurança
Biosecurity
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa
Uma pessoa à procura de materiais que possam va-
ler algum dinheiro revira sacolas e caixas em um lixão.
De repente, um descuido. O catador se fere com uma
seringa utilizada e abandonada no meio do lixo.
Fim de expediente para um profissional de um labora-
tório que lida com o bacilo da tuberculose. Ele encerra
as atividades sem perceber que sua máscara de prote-
ção estava mal colocada. Três semanas depois, o filho
de sua empregada é diagnosticado com tuberculose.
Hong Kong, China. Um hóspede com sintomas de
gripe permanece em um hotel por dois dias. Semanas
depois, pessoas com a Síndrome Aguda Respiratória
(Sars) são identificadas em cinco países, incluindo
Canadá e Estados Unidos. A investigação mostra que
os casos estavam relacionados ao paciente do hotel.
As situações acima dizem respeito a um conceito
cada vez mais importante nos dias atuais: a
biossegurança. Essa palavra resume um problema do
tamanho do mundo, que envolve desde o controle de
uma ameaça séria como a gripe do frango até o sim-
ples hábito de lavar, ou não, as mãos. Em síntese: quan-
do o tema é biossegurança, o que está em pauta é a
análise dos riscos a que está sujeita a vida.
Laboratórios
A preocupação com a biossegurança cresceu com a
circulação, cada vez mais intensa, de pessoas e mer-
cadorias em todo o mundo. A possibilidade do uso de
vírus e bactérias em atentados terroristas também trou-
xe apreensão aos laboratórios e à entrada de substân-
cias contaminadas em um país.
Nos anos 70, uma série de estudos detectou que
os profissionais de laboratórios de saúde apresen-
tavam mais casos de tuberculose, hepatite B e
shigelose – doença caracterizada pela presença de
diarréia, febre e cólicas estomacais – do que pes-
soas envolvidas com outras atividades. Na Ingla-
terra, a incidência de tuberculose entre esses traba-
lhadores chegava a ser cinco vezes maior do que na
população. Na Dinamarca, a proporção de casos de
hepatite era sete vezes mais alta, se comparada com
o restante das pessoas.
Na opinião de especialistas que discutem a bios-
segurança, o grande problema não está nas tecnolo-
gias disponíveis para eliminar ou minimizar os riscos
e, sim, no comportamento dos profissionais. Como
afirma a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) Ana Beatriz Moraes, não basta ter bons equi-
pamentos. “De nada adianta usar luvas de boa quali-
dade e atender ao telefone ou abrir a porta usando as
mesmas luvas, pois outras pessoas tocarão nesses
objetos sem proteção alguma”, explica. Para ela, é fun-
damental que todos os trabalhadores envolvidos em
atividades que representem algum tipo de ameaça
química ou biológica estejam preparados e dispostos
a enxergar e apontar os problemas.
De acordo com o gerente-geral de Laboratórios da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
Galdino Guttmann Bicho, ainda se nota uma dissociação
dos conceitos qualidade e segurança. “Entretanto, já é
consenso que essas duas questões devem estar inter-
ligadas. E é com essa visão que a Anvisa e o Ministério
da Saúde vão promover um curso de gestão de
biossegurança com qualidade”, adianta.
Durante o Seminário Internacional de Biossegurança
em Saúde, realizado em agosto, na cidade de São Paulo,
um ponto muito debatido foi a necessidade de criar
uma cultura de biossegurança. É indispensável, na aná-
lise dos participantes, relacionar o risco de acidentes
às práticas cotidianas dentro de um laboratório.
O consultor de biossegurança da Organização Mun-
dial de Saúde (OMS), Jonathan Richmond, lembra que
a maior responsabilidade sobre o controle de agentes
*Texto de difusão técnico-científica da Anvisa.Correspondência para/ Correspondence to:
ANVISA - Assessoria de Imprensa
SEPN 515 Bloco B - Edifício Ômega 1o subsolo
70770-502 Brasília, DF
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Informe Técnico Institucional
perigosos é do profissional, que entende o risco e co-
nhece os mecanismos de controle. “Nenhum micro-
biologista quer levar um agente perigoso para sua casa
ou espalhá-lo pela rua”, justifica. Mesmo assim, os er-
ros podem aparecer. “Visitei um laboratório na China
que trabalha com Sars e o que me chamou a atenção é
que, embora houvesse muitas regras de segurança, as
pessoas não estavam agindo dentro de uma cultura de
segurança exigida para um ambiente como aquele. Além
disso, não havia nenhum respirador que se encaixasse
corretamente no meu rosto”, exemplifica Richmond.
Para a brasileira Denise Cardo, diretora da Divisão
de Controle de Infecções do Centers for Disease
Control and Prevention (CDC) – órgão norte-ameri-
cano responsável pelo controle de epidemias – medi-
das simples reduzem bastante a possibilidade de aci-
dentes. É o caso da vacinação dos profissionais de
saúde contra doenças como rubéola, tétano, gripe e
hepatites ou, ainda, o uso de recursos como o álcool
glicerinado para desinfecção. Ela reconhece, porém,
que mesmo essas pequenas mudanças não são fáceis
de serem implementadas. “Nós, profissionais de saú-
de, não nos julgamos suscetíveis aos riscos”. Denise
Cardo acredita que a importância dos detalhes, muitas
vezes, só é entendida nos momentos de crise. “O caso
da Sars nos ensinou bastante. Os países que contive-
ram a contaminação nos hospitais, como Taiwan, não
tiveram casos externos significativos, ao contrário de
Hong Kong e China, que assistiram a uma rápida dis-
seminação da epidemia.” China e Hong Kong soma-
ram 7.082 casos, enquanto Taiwan – terceiro país em
números de casos de Sars – somou 346 diagnósticos.
Perto de todos
Mais recentemente, o tema biossegurança ultrapas-
sou os limites dos laboratórios e hospitais com a cons-
tatação de que os riscos biológicos e químicos estão
presentes também em outros ambientes. A biosse-
gurança não está relacionada apenas a sistemas mo-
dernos de esterilização do ar de um laboratório ou
câmaras de desinfecção das roupas de segurança. Um
profissional de saúde que não lava suas mãos com a
freqüência adequada ou o lixo hospitalar descartado
de maneira errada são práticas do dia-a-dia que tam-
bém trazem riscos.
Nos resíduos hospitalares, os materiais perfuro-
cortantes, como agulhas, lâminas e tubos de ensaio
quebrados, ocupam lugar de destaque no fator peri-
go. Isso porque são materiais que entram em contato
com substâncias contaminadas e podem facilmente
provocar um corte na pele de uma pessoa sadia. Se-
gundo a Gerente de Infra-estrutura em Serviços de
Saúde da Anvisa, Regina Barcelos, há estudos mos-
trando que a possibilidade de se contrair hepatite B
em um acidente com perfurocortantes é de 30% e, no
caso da hepatite C, esse índice é de 1,8%.
Por isso, os especialistas da área defendem que os
profissionais de limpeza e administração estejam fami-
liarizados com os conceitos de segurança dos labora-
tórios. Normalmente, acontece um acidente com o res-
ponsável pela limpeza nesses locais porque uma agu-
lha ou bisturi não foi descartado de maneira adequada
pelo profissional de saúde.
Por mais básico que possa parecer, o hábito de lavar
as mãos ainda é adotado com menos freqüência do que
o necessário. A gerente de Investigação e Prevenção
de Infecções e dos Eventos Adversos da Anvisa, Adélia
Marçal, acredita que esse ato ultrapassa a questão cul-
tural. “A higiene demanda tempo. Às vezes, o profissio-
nal se encontra tão sobrecarregado pelo trabalho,
que
pula a ação de higiene para ir direto a ação assistencial,
que é vista como mais importante”, justifica. Esse pro-
blema é maior quando o médico ou enfermeiro tem que
se deslocar da sua área de trabalho para encontrar, por
exemplo, uma pia. Adélia ressalta que fatores como a
qualidade dos sabonetes também dificulta a realização
de um procedimento simples como a lavagem das mãos.
Se o sabão não for adequado, depois de um período a
pele acaba ficando ressecada e descamada, o que ape-
nas piora a situação, principalmente dos que lavam as
mãos várias vezes ao dia.
Até mesmo a tecnologia criada para reduzir risco
pode ser um problema quando mal utilizada. É o caso
da “esterilização flash”, um procedimento recomen-
dado para limpar materiais apenas em casos de urgên-
cia. No entanto, a técnica vem sendo empregada de
modo rotineiro, mesmo havendo outros métodos de
esterilização mais eficientes que podem ser utilizados
quando não há necessidade imediata do material.
Desvios como esse tornam possível entender por
que num país desenvolvido, como os Estados Uni-
dos, entre 44 mil e 98 mil pacientes são vítimas de erro
médico, anualmente. Ou, ainda, por que um em cada
10 pacientes, na Europa, volta do hospital com algum
efeito adverso (como uma infecção, por exemplo) pro-
vocado pela falta de maiores cuidados com a seguran-
ça hospitalar.
Outras fronteiras
A forma de abordar e estudar a biossegurança, nos
últimos anos, ganhou novos contornos. Até mesmo o
fator psicológico dos trabalhadores passou a ser con-
siderado no momento da avaliação dos riscos. Para
Paulo Starling, um dos coordenadores do Curso de
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Informe Técnico Institucional
Especialização de Biossegurança em Instituições de
Saúde do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Cha-
gas, da Fiocruz, problemas como a falta de condições
adequadas de trabalho e pressões por produtividade
influenciam negativamente os resultados, mas pou-
cas vezes são considerados. “O estresse psicossocial
gera um sofrimento que provoca dificuldades na aten-
ção e na capacidade de trabalho. A conseqüência é a
desmotivação para a realização das suas atividades
de maneira correta”, justifica. Segundo Paulo, para
identificar a relação entre o estresse e o risco de aci-
dente em um serviço de saúde basta fazer um mapa
das áreas de risco e da incidência de doenças entre os
profissionais da instituição.
Para o médico veterinário e especialista em segu-
rança de transgênicos Sílvio Valle, a maior preocupa-
ção, no momento atual, deve ser com relação ao im-
pacto da liberação de determinados produtos no am-
biente. Segundo ele, a discussão sobre biossegurança
em serviços típicos de saúde, como hospitais e labo-
ratórios, já está mais adiantada. Fora desses ambien-
tes, porém, a idéia de biossegurança ainda não se con-
solidou. Ele cita o caso dos transgênicos, reconheci-
dos como produtos que envolvem risco, mas que ain-
da carecem de controle mais rígido. “O gado trans-
gênico pode ser facilmente contido, caso se descubra
algum problema de segurança em relação ao consumo
de derivados do animal, mas quando se tratam de plan-
tas e insetos, por exemplo, esse é um trabalho mais
difícil”, alerta Valle.
Em todos esses casos, o ponto central é a certeza de
que a reflexão sobre a segurança de todos os proces-
sos é fundamental para garantir a vida de pessoas,
seja num pequeno acidente com uma seringa utilizada
ou numa epidemia desencadeada a partir do contato
entre hóspedes de um hotel.
Os ataques com a bactéria do Antraz nos EUA, em
2001, tornaram realidade uma preocupação antiga: o
uso de agentes perigosos em ataques terroristas.
Atualmente, a discussão sobre biossegurança passa
também pela segurança física dos laboratórios que
trabalham com esse tipo de material.
De acordo com o consultor da OMS para assuntos
de biossegurança Jonathan Richmond, apesar de o
terrorismo ameaçar um número restrito de países, todo
laboratório deve ser visto como um alvo potencial.
Ele inclui o Brasil nesta lista. Para ele, a iniciativa
brasileira de montar uma rede de laboratórios de ní-
vel de biossegurança segurança 3 (NB3), capazes de
trabalhar com agentes perigosos como o vírus da
hantavirose e a bactéria do Antraz, é fundamental
para aumentar a capacidade do país na área de diag-
nóstico. Entretanto, é indispensável que se pense
também no controle do acesso aos agentes perigo-
sos, ressalta. “Não existe sistema perfeito. O que po-
demos é diminuir os riscos, mas eles nunca serão
totalmente eliminados”, sentencia. O transporte des-
ses materiais também é um desafio.
Segundo Nicoletta Previsan, diretora de Vigilância
e Resposta a Doenças Transmissíveis da OMS, há
casos em que o serviço de correio desconhece o
material que está transportando e as providências a
serem tomadas, em caso de acidente. Ao mesmo tem-
po, surge outra preocupação: a identificação externa,
nos pacotes com agentes perigosos, pode ser um
atrativo para terroristas.
Terrorrismo internacional
ASPECTOS DE BIOSSEGURANÇA RELACIONADOS AO USO DO JALECO PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE - UMA REVISÃO DA LITERATURA.pdf
Revisão de literatura - 355 -
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 355-60.
ASPECTOS DE BIOSSEGURANÇA RELACIONADOS AO USO DO JALECO 
PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Carmem Milena Rodrigues Siqueira Carvalho1, Maria Zélia de Araújo Madeira2, Fabrício Ibiapina Tapety3, 
Eucário Leite Monteiro Alves4, Maria do Carmo de Carvalho Martins5, José Nazareno Pearce de Oliveira Brito6
1 Doutora em Dentística e Endodontia. Professora da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí 
(NOVAFAPI) e Universidade Federal do Piauí (UFPI). Piauí, Brasil. E-mail: ccarvalho@novafapi.com.br 
 2 Mestre em Educação. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UFPI. Piauí, Brasil. E-mail: zeliamadeira15@yahoo.
com.br
 3 Doutor em Odontologia. Professor da Faculdade NOVAFAPI. Piauí, Brasil. E-mail: ftapety@novafapi.com.br, fabricio100@
hotmail.com
 4 Médico. Professor do curso de Medicina da Faculdade NOVAFAPI. Piauí, Brasil. E-mail: medicina@novafapi.com.br 
 5 Doutora em Ciências Biológicas. Docente do Departamento de Biofísica e Fisiologia da Faculdade NOVAFAPI e da UFPI. 
Piauí, Brasil. E-mail: mcmartins@novafapi.com.br 
 6 Doutor em Ciências Médicas. Docente do Curso de Graduação em Medicina da Faculdade NOVAFAPI e da UFPI. Piauí, 
Brasil. E-mail: nazapearce@novafapi.com.br
RESUMO: O estudo objetivou analisar a literatura publicada a respeito dos aspectos da biossegurança relacionados ao uso do jaleco 
pelos profissionais da saúde. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura publicada no período de 1991 a 2008. Utilizou-se as bases 
de dados MEDLINE, LILACS e SciELO, sendo selecionados 22 artigos que foram agrupados para análise considerando os enfoques 
priorizados em: infecções cruzadas causadas por jalecos; jalecos contaminados; flora bacteriana em jalecos dos profissionais de saúde. 
O jaleco foi abordado como fonte de contaminação e como equipamento de proteção individual na prevenção das infecções. Portanto, 
são necessárias campanhas educativas no sentido de orientar os profissionais de saúde sobre o uso de jaleco. 
DESCRITORES: Infecção. Biossegurança. Prevenção.
BIOSECURITY ASPECTS RELATED TO THE USE OF LABORATORY 
COATS BY HEALTH PROFESSIONALS: A LITERATURE REVIEW
ABSTRACT: This study aimed to analyze the literature published in regards to biosecurity aspects of the use of laboratory coats 
by health professionals. This is a narrative review of the literature published from 1991 to 2008. MEDLINE, LILACS, and SciELO 
were the databases used. Twenty-two articles were selected and were grouped for analysis with emphasis given to: cross infections
caused by lab coats; contaminated lab coats; bacterial flora on health professionals’ lab coats. The lab coat was found to be a source of 
contamination and to be equipment for individual protection in infectious disease. Therefore educational campaigns are necessary in 
order to orientate health professionals about the use of lab coats. 
DESCRIPTORS: Infection. Biosecurity. Prevention.
ASPECTOS DE BIOSEGURIDAD RELACIONADOS AL USO DEL JALECO 
POR PROFESIONALES DE SALUD: UNA REVISIÓN BIBLIOGRÁFICA
RESUMEN: El objetivo del estudio fue analizar la literatura publicada sobre los aspectos de bioseguridad relacionados al uso del 
jaleco por profesionales del área de la salud. Se trata de una revisión narrativa de la literatura publicada en el período de 1991 a 2008. 
Se utilizaron las bases de datos MEDLINE, LILACS y SciELO, siendo seleccionados 22 artículos que fueron agrupados para su análisis 
considerando los enfoques cuyo énfasis es dado en: infecciones cruzadas causadas por los jalecos; jalecos contaminados; flora bacteriana 
presente en los uniformes de los profesionales de salud. El jaleco fue considerado como fuente de contaminación y como equipo de 
protección individual en la prevención de las infecciones. Por lo tanto, son necesarias campañas educativas en el sentido de orientar 
los profesionales de salud sobre el uso del jaleco. 
DESCRIPTORES: Infección. Bioseguridad. Prevención.
- 356 -
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 355-60.
INTRODUÇÃO
Na prevenção da contaminação por agentes 
infecciosos, recomenda-se que os profissionais 
de saúde adotem medidas de Biossegurança, 
especificamente àqueles que trabalham em áreas 
insalubres, com risco variável. 
Esses riscos dependem da hierarquização e 
complexidade dos hospitais ou posto de saúde, 
do tipo de atendimento realizado (hospital de 
doenças infecto-contagiosas) e do ambiente de 
trabalho do profissional (endoscopia, unidade de 
terapia intensiva, lavanderia, laboratório etc), uma 
vez que estão mais suscetíveis a contrair doenças 
advindas de acidentes de trabalho, por meio de 
procedimentos que apresentam riscos.
Biossegurança é definida como o conjunto 
de ações voltadas para a prevenção, minimização 
ou eliminação de riscos inerentes às atividades de 
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tec-
nológico e prestação de serviços, riscos que podem 
comprometer a saúde do homem, dos animais, 
do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos 
desenvolvidos.1-2
Em relação à Biossegurança, é importante 
relacionar à sua legalização no Brasil, que atu-
almente está veiculada à Lei Nº 11.105 de 25 de 
março de 2005 que dispõe sobre a Política Nacional 
de Biossegurança. A Lei Nº 8.974, de 5 de janeiro 
de 1995 foi revogada, criou a Comissão Técnica 
Nacional de Biossegurança, uma dimensão am-
pla que extrapola a área da saúde e do trabalho, 
sendo empregada quando há referência ao meio 
ambiente e à biotecnologia.1
Nesse sentido, a saúde dos trabalhadores 
abrange um campo específico da área da saúde 
pública no Brasil, que procura atuar através de 
procedimentos próprios, com a finalidade de pro-
mover e proteger a saúde das pessoas envolvidas 
no exercício do trabalho. Assim, voltada para a 
saúde do trabalhador, tem-se a Portaria Nº 37 de 
06/12/2002, que instituiu a Norma Regulamenta-
dora (NR) 32, que trata especificamente da Segu-
rança e Saúde do Trabalho nos Estabelecimentos 
de Assistência a Saúde.3
Considerando esses aspectos, no ambiente 
hospitalar, o risco é uma ou mais condições de 
uma variável com potencial necessário para causar 
danos.3 De acordo com a NR-9 do Ministério do 
Trabalho e Emprego, os riscos de acidentes podem 
ser classificados em: físicos (calor, iluminação e 
artigos cortantes); químicos (soluções químicas e 
aerossóis); biológicos (fluidos corporais – vírus, 
bactérias e fungos); ergonômico-mecânicos (des-
conforto); e psicossociais (estresse e fadiga).4
Dentre estes, o risco biológico como um dos 
principais entre os profissionais de saúde, aumen-
tou, principalmente após o aparecimento da Aids 
e do crescimento do número de pessoas infectadas 
pelos vírus da hepatite B e C.3 
Com o advento da aids e a divulgação 
por parte dos meios de comunicação dos riscos 
a que estão submetidos durante, por exemplo, 
tratamentos odontológicos, a população passou a 
exigir mais e, principalmente, a valorizar aqueles 
profissionais que investem em biossegurança.5 
É importante salientar que nos serviços de 
saúde, especialmente de urgência e emergência, 
grande parte dos acidentes que envolvem profis-
sionais da área da saúde se deve à falta de obser-
vância e adoção das normas de biossegurança.4
Contudo, o emprego de práticas seguras, 
como o uso do jaleco, reduz significativamente o 
risco de acidente ocupacional, sendo importante 
também a conscientização dos profissionais para 
utilização de técnicas assépticas e o estabeleci-
mento de normas, conduta e procedimentos que 
garantam ao profissional e ao paciente um trata-
mento sem risco de contaminação. 
Nos serviços de saúde as infecções são con-
sideradas problemas de saúde pública, devido à 
sua importante incidência e influência nas taxas de 
letalidade, especialmente nos hospitais. Apesar de 
tantos exemplos, como as infecções pós-cirúrgicas, 
transmissão da hepatite B, do herpes simples, entre 
tantas outras, os profissionais da área de saúde res-
ponsáveis pela prevenção e controle nem sempre 
estiveram conscientes disso e nem propensos a 
seguir de forma correta os passos necessários para 
eliminar e diminuir os riscos para seus pacientes 
e para si próprios e sua equipe.
Nas infecções cruzadas, os microrganismos 
têm um papel passivo, cabendo ao homem o papel 
ativo; logo, será sobre suas ações o maior enfoque 
do controle dessas infecções. Atualmente, as normas 
consoantes à biossegurança são motivos de preocu-
pação, tanto por parte das Comissões de Controle 
de Infecção Hospitalar quanto pelos Serviços de 
Medicina Ocupacional. A utilização de precauções 
básicas auxilia os profissionais nas condutas técni-
cas adequadas à prestação dos serviços, através do 
uso correto de Equipamento de Proteção Individual 
(EPI), de acordo com a NR-6 da portaria Nº 3.214, 
de 08.06.78. Essas medidas devem gerar melhorias 
na qualidade da assistência e diminuição de custos 
e infecções cruzadas advindas da prática hospitalar 
Carvalho CMRS, Madeira MZA, Tapety FI, Alves ELM, Martins MCC, Brito JNPO
- 357 -
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 355-60.
e ambulatorial, tanto para os profissionais como 
para os pacientes e seus familiares.6-7
Dentre as medidas destacam-se os EPIs, que se 
destinam a proteger os profissionais nas operações 
de riscos de exposição ou quando houver manipu-
lação de produtos químicos e biológicos, bem como 
riscos de contaminação com materiais perfurocor-
tantes. Os EPIs podem ainda ser considerados um 
dispositivo de uso individual destinado a proteger 
a integridade física e a saúde do trabalhador.7-8
A contaminação da pele e vestimentas (rou-
pas) por respingos e por toque é praticamente 
inevitável em hospitais e ambulatórios, assim 
como em consultórios odontológicos.8 Estudo 
demonstrou que as roupas são uma importante 
via de transmissão de infecção no ambiente hos-
pitalar.9 Desta forma, os jalecos dos profissionais 
da área de saúde, passam a ser o primeiro sítio de 
contato em termos de indumentária com a pele, 
líquidos e secreções dos pacientes, tornando-se 
com isto um verdadeiro fômite.
Bactérias multirresistentes, que podem pro-
vocar doenças como faringites, otites, pneumonia, 
tuberculose e até mesmo a morte, são carregadas 
para lugares públicos e retornam das ruas para 
consultórios médicos, odontológicos, enfermarias
e salas de cirurgia nos jalecos dos mais diversos 
profissionais de saúde. Freqüentemente, a serie-
dade da questão é negligenciada por arrogância 
ou desconhecimento de alguns conceitos básicos 
de microbiologia.10
Em restaurantes e lanchonetes da região 
hospitalar de muitas cidades, observam-se, dia-
riamente, médicos, enfermeiros, odontólogos e 
outros profissionais de saúde paramentados com 
seus aventais de mangas compridas, gravatas, 
estetoscópios no pescoço e até mesmo vestimen-
tas específicas para áreas cirúrgicas. Essa cena se 
repete em outros locais da cidade onde funcionam 
hospitais, consultórios, laboratórios de análises, 
clínicas médicas e veterinárias. Além de constituir 
grave ameaça à saúde pública, esses profissio-
nais (e os estabelecimentos onde trabalham) são 
passíveis de representações nos órgãos de defesa 
do consumidor e podem ser punidos com pesa-
das multas. Na Inglaterra, a Associação Médica 
Britânica estabeleceu diretrizes rigorosas para o 
problema. A entidade condena o uso de gravatas, 
relógios de pulso, adornos e, sobretudo, o hábito 
de circular com aventais e jalecos em ambientes 
não hospitalares, já que vários germes capazes de 
provocar doenças foram isolados, principalmente 
nas mangas e nos bolsos dessas indumentárias.10
Muitos profissionais da saúde alegam não 
haver estudos científicos conclusivos que avaliem 
o impacto dos jalecos nas taxas de infecção hospita-
lar e por isso passam a freqüentar os mais diversos 
ambientes usando seus uniformes.
Diante dessas considerações, o estudo teve 
como objetivo fazer uma análise da literatura pu-
blicada a respeito dos aspectos da biossegurança 
relacionados ao uso do jaleco pelos profissionais 
da saúde. 
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão narrativa da litera-
tura, que apresenta uma temática mais aberta, não 
exigindo um protocolo rígido para sua confecção, 
a busca das fontes não é pré-determinada e especí-
fica, sendo frequentemente menos abrangente. A 
seleção dos artigos é arbitrária, provendo o autor 
de informações sujeitas a viés de seleção, com 
grande interferência da percepção subjetiva.11 
A forma de busca do material foi nas bases 
de dados MEDLINE, LILACS e SciELO, utilizando 
como limitação temporal o período de 1991 a 2008. 
Foram utilizadas as palavras chaves: infecção, 
biossegurança, prevenção e controle, conforme 
apresentação do vocabulário contido nos Descri-
tores em Ciências da Saúde, criados pela Bireme. 
Com esses termos, selecionou-se, de forma arbi-
trária, um total de 22 artigos pertinentes ao tema 
abordado onde os critérios de inclusão foram 
a presença das palavras-chave selecionadas e a 
limitação temporal do período. 
Os textos foram agrupados para análise con-
siderando os enfoques priorizados em: infecções 
cruzadas causadas por jalecos, jalecos contamina-
dos, flora bacteriana em jalecos, padrões e normas 
para descontaminação de jalecos dos profissionais 
de saúde. Considerou-se também no estudo os 
artigos descritos na literatura que utilizavam como 
sinônimo de jaleco o avental, o casaco e a bata.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O jaleco como fonte de contaminação
Estudo realizado demonstrou que uniformes 
e jalecos brancos tornaram-se progressivamente 
contaminados durante atendimentos clínicos e que 
a contaminação alcança um nível de saturação até se 
estabilizar em um platô. O tempo que é gasto para 
se atingir este nível de saturação não está claro e é 
provável que dependa da quantidade de colonização 
Aspectos de biossegurança relacionados ao uso do jaleco pelos...
- 358 -
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 355-60.
microbiana do paciente, freqüência e tipo de ativi-
dade clínica e outros fatores, tais como: o nível de 
contaminação microbiana ambiental e a extensão e 
o uso efetivo de roupa protetora. Assim, os autores 
concluíram que os uniformes tornavam-se contami-
nados durante atendimentos, sugerindo a hipótese 
que aqueles uniformes são um veículo potencial para 
transmissão de microrganismos, o que pode vir a 
causar infecções associadas a cuidados de saúde.12 
Existe uma significante preocupação do 
público, na Inglaterra, a respeito dos profissio-
nais que usam uniformes em locais públicos e 
estes, se contaminados, podem contribuir para a 
disseminação de infecções associadas aos cuida-
dos de saúde. Evidências de uma conexão entre 
uniformes contaminados e que infecções podem 
contribuir para a disseminação de patógenos em 
ambientes não foi medido sistematicamente. Es-
tudos em pequena escala, mostram que uniformes 
e jalecos brancos tornam-se, progressivamente, 
contaminados durante os atendimentos clínicos, e 
a maioria da contaminação microbiana se origina 
do usuário para o uniforme.12 
Nesta perspectiva, o uso diário do jaleco pelo 
profissional de saúde no contato com pacientes 
faz com que os jalecos se tornem colonizados com 
bactérias patogênicas? Esta hipótese foi confirmada 
em pesquisa na qual foi demonstrado que os jale-
cos brancos de estudantes de medicina são mais 
susceptíveis de estarem bacteriologicamente con-
taminados em pontos de contato freqüente, como 
mangas e bolsos. Os principais microrganismos 
identificados foram comensais de pele incluindo 
o Staphylococcus aureus. Para os autores, a limpeza 
dos jalecos realizada pelos estudantes, foi correla-
cionada com a contaminação bacteriológica, e ape-
sar disso, uma proporção significativa dos estudan-
tes lavava os seus jalecos somente ocasionalmente. 
Estudantes de medicina em treinamento hospitalar 
deveriam considerar a hipótese de assumirem o 
compromisso de terem seus jalecos sempre lavados 
recentemente. Este estudo apóia a opinião de que 
os jalecos brancos dos estudantes constituem uma 
fonte potencial de infecção cruzada em enfermarias 
e que seu modelo deveria ser modificado, de modo 
a facilitar a lavagem das mãos.13
O papel dos trabalhadores da saúde na pre-
venção da transmissão de infecção nosocomial 
e a importância da lavagem das mãos, uma das 
práticas mais importantes para os profissionais 
da área de saúde, pois é uma conduta simples, de 
baixo custo e muito importante na prevenção da 
infecção.14 Há pouca evidência de outros métodos 
melhores que a lavagem das mãos na prevenção 
de infecção hospitalar, independente do tipo de 
jaleco que os profissionais estejam usando.15 
Também em relação à contaminação micro-
biológica, alguns estudos concluíram que os Sta-
phylococcus aureus resistentes à Meticilina (MRSA) 
prevaleciam em duas alas em suas escolas médicas 
de um hospital universitário, durante o período de 
julho a setembro de 1997.16-17 Para determinar se es-
tes Staphylococcus aureus isolados foram associados 
a fatores ambientais, realizaram-se dois inquéritos 
seqüenciais MRSA com o pessoal hospitalar e ar-
redores, em enfermarias com surtos (alas 1 e 2) e 
em uma enfermaria sem um foco (enfermaria 3), 
em abril de 1998 (enfermaria apenas 1) e em março 
de 1999 (enfermarias 1, 2, e 3). Nos dois inquéritos 
seqüenciais, cepas MRSA foram detectadas prin-
cipalmente a partir de casacos brancos.
Pesquisadores relataram que os uniformes 
dos profissionais de saúde, incluindo os jalecos, 
quando em uso, tornam-se progressivamente con-
taminados com bactérias de baixa patogenicidade 
provenientes do usuário e de patogenicidade mista 
provenientes do ambiente clínico e de pacientes.17 
A hipótese que os uniformes ou as roupas pode-
riam ser um veículo para transmissão de infecção 
não são suportadas por evidências. Todos os 
componentes do processo de lavagem contribuem 
para remover ou matar os microrganismos. Não 
existem trabalhos científicos que estabeleçam se 
há diferenças na eficácia da descontaminação de 
uniformes entre as lavanderias industriais e as 
domésticas ou que a lavagem
doméstica promova 
uma inadequada descontaminação. 
O jaleco como equipamento de proteção 
individual na prevenção de infecção
Segundo pesquisadores, ainda não se apre-
sentou o isolamento de bactérias patogênicas, uma 
vez que muitos destes microrganismos precisam 
de um ambiente úmido e seco para sua sobrevivên-
cia, o que não está presente em jalecos brancos.18
Por outro lado, alguns acessórios que ficam 
em contato direto com os jalecos dos profissionais 
de saúde como crachás de identificação, colares e 
brincos usados por muitos profissionais, podem 
estar contaminados com bactérias patogênicas 
às quais poderiam ser transmitidas a pacientes. 
Desta forma no estudo, são sugeridas intervenções 
de controle de infecções apropriadas. Crachás de 
identificação, mesmo não parecendo ser a principal 
fonte de microrganismos patogênicos, podem abri-
Carvalho CMRS, Madeira MZA, Tapety FI, Alves ELM, Martins MCC, Brito JNPO
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Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 355-60.
gar organismos de doença e deveriam ser limpos 
regularmente, o que pode ser aplicado a jalecos.19
Desse modo, a prevenção se faz através da 
utilização das precauções padrão, medidas de 
proteção que devem ser tomadas por todos os pro-
fissionais de saúde, quando prestam cuidados aos 
pacientes ou manuseiam artigos contaminados, 
independentes da presença de doença transmis-
sível comprovada, como por exemplo, o uso de 
EPIs (luvas, máscaras, gorros, óculos de proteção, 
aventais e botas), lavagem das mãos, descarte 
adequado de roupas e resíduos, material perfuro-
cortante adequadamente acondicionado e todos os 
profissionais vacinados contra a Hepatite B.18
Em relação ao papel dos jalecos médicos 
na transmissão e prevenção de infecções noso-
comiais,20 outro estudo concluiu que uma maior 
atenção deveria ser feita em relação à vestimenta 
de jalecos da equipe de saúde, sendo que muitas 
vezes seu papel protetor é superestimado. 
O avental e as luvas são importantes para a 
terapia em um paciente, quando houver possibi-
lidade de contato com fluidos corpóreos e devem 
ser removidos após o uso, pois podem facilmente 
veicular microrganismo.14 Investigação realizada 
aponta o fato de os alunos utilizarem transporte 
coletivo vestidos com jalecos, além de freqüenta-
rem cantinas e restaurantes sem a mínima preocu-
pação em estar portando uma roupa com grande 
chance de estar contaminada. 21
As luvas, por apresentarem menos porosi-
dades e reentrâncias que a pele, possibilitam uma 
melhor desinfecção, além de conferir natural pro-
teção à contaminação. Luvas devem cobrir os pu-
nhos do avental, que deve ter mangas compridas 
e ser mantido fechado; a máscara deve apresentar 
paredes duplas ou triplas e se ajustar confortavel-
mente aos óculos de proteção; os propés devem ser 
utilizados ou reserva-se um par de sapatos para 
uso exclusivo no consultório.22
A atenção às estratégias preventivas sim-
ples podem reduzir significativamente as taxas 
de infecções cruzadas.23 Dentre elas, a lavagem 
freqüente das mãos continua sendo a mais im-
portante medida no controle das infecções. No 
entanto, identificar mecanismos para garantir o 
cumprimento pelos profissionais de saúde conti-
nua a ser um problema de alta complexidade.
Em um estudo prospectivo observacional foi 
analisada a obediência ao uso rotineiro de capotes 
por trabalhadores de saúde e visitantes não traba-
lhadores de saúde, quando entravam em quartos 
de pacientes sob precauções de contato. Concluí-se 
que havia uma melhoria na transmissão de pató-
genos e que a obediência do uso do capote requer 
esforços educacionais mais intensos.24
As luvas, batas e máscaras têm um papel a 
desempenhar na prevenção das infecções, mas 
muitas vezes são usados inadequadamente, 
aumentando os custos de serviços desnecessa-
riamente. Enquanto microrganismos virulentos 
podem ser cultivados a partir de estetoscópios e 
casacos brancos, seus papéis na transmissão de 
doenças permanecem indefinidos. Tal como o 
estetoscópio, o casaco branco foi durante muito 
tempo um símbolo do profissional de saúde, assim, 
muitas instituições insistem para que médicos, em 
especial, o vistam como parte de um código obri-
gatório. Cerca de metade dos pacientes continua 
a preferir o seu médico de jaleco branco.23
No entanto, os pacientes podem ficar menos 
entusiasmados, se compreenderem que casacos 
brancos constituem fontes potenciais de agentes 
patogênicos e é fonte de infecção cruzada, parti-
cularmente em áreas cirúrgicas.25
A recomendação é que os jalecos devem ser 
removidos em sacos plásticos e em uma freqüên-
cia superior a uma semana. Devem ser seguidas 
regras simples de biossegurança para assegurar a 
saúde dos profissionais e dos pacientes no controle 
de doenças.26
CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo apontam no 
sentido de que os jalecos, bem como outros aces-
sórios usados pelos profissionais da área de saúde, 
são um veículo potencial para transmissão de 
microrganismos podendo vir a servir como fonte 
de infecções associadas aos cuidadores de saúde. 
O uso de jalecos se tornou uma prática obri-
gatória, com a finalidade de proteção dos profis-
sionais durante a realização de procedimentos a 
pacientes, que envolvam material biológico, no 
entanto sua utilização indevida (como uso fora 
do ambiente de trabalho) pode causar sérias con-
seqüências para a saúde pública. 
Pode-se dizer que há poucos estudos em re-
lação à contaminação de uniformes utilizados por 
profissionais da área de saúde. É necessário que se 
realizem mais pesquisas para verificar a observância 
da existência de infecção cruzada por vestimentas uti-
lizadas pelas equipes médicas multidisciplinares. 
Sugere-se a realização de campanhas edu-
cativas no sentido de orientar os profissionais de 
saúde sobre o uso de jaleco e a adoção de proto-
Aspectos de biossegurança relacionados ao uso do jaleco pelos...
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Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 355-60.
colos rígidos no uso e descontaminação de jalecos 
por parte das instituições de saúde.
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Correspondência: Maria Zélia de Araújo Madeira
Rua Humberto de Campos, 1291 
64023-600 - Lourival Parente,Teresina, PI, Brasil
E-mail: zeliamadeira15@yahoo.com.br
Recebido em: 7 de agosto de 2008
Aprovação final: 21 de maio de 2009
Carvalho CMRS, Madeira MZA, Tapety FI, Alves ELM, Martins MCC, Brito JNPO
biossegurança (cartilha).pdf
BIOSSEGURANÇA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
em laboratórios
Prof. Dr. Natalino Salgado Filho
REITOR
Prof. Dr. Antonio José Silva Oliveira
VICE-REITOR
Maria Elisa Cantanhede Lago Braga Borges
PRÓ-REITORA DE RECURSOS HUMANOS
Carla Magalhães de Souza Gaspar
DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS
Márcia Teixeira Marques
COORDENADORA DE ATENÇÃO À SAÚDE DO SERVIDOR
Ronaldo Doering Mota
DIRETOR DO SERVIÇO ESPECIALIZADO EM SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO 
Elaboração:
SESMT - UFMA
Universidade Federal do Maranhão
Av. dos Portugueses, s/n – Campus Bacanga – Edifício Castelo Branco – 65080-40 São Luís - MA
www.prh.ufma.br/5s
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. PRINCÍPIOS DA BIOSSEGURANÇA
3. TIPOS DE RISCOS
4. MÉTODOS DE CONTROLE DE AGENTES DE RISCOS
 4.1 BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO 
 4.2 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA
 4.3 ESTRUTURA FÍSICA DO LABORATÓRIO
5. SEGURANÇA QUÍMICA EM LABORATÓRIOS
6. PRIMEIROS SOCORROS
7. INCÊNDIOS NO LABORATÓRIO
8. PROGRAMA DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. INTRODUÇÃO
Ambientes laboratoriais são locais que podem expor as pessoas 
que nele trabalham ou circulam a riscos de diversas origens. Os laboratórios 
de ensino e pesquisa têm características diferentes de outros, devido 
principalmente a grande rotatividade de professores, pesquisadores, 
estagiários, alunos de graduação e pós-graduação, além da variabilidade de 
atividades desenvolvidas. A manipulação de produtos químicos, 
microorganismos e parasitas com risco de infectividade e morbidade é 
bastante variada, sobretudo nos laboratórios de ensino na área de saúde.
A Biossegurança por ser um conjunto de procedimentos, ações, 
técnicas, metodologias, equipamentos e dispositivos capazes de eliminar 
ou minimizar riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, 
desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem 
comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a 
qualidade dos trabalhos desenvolvidos, é de fundamental importância em 
laboratórios de ensino e pesquisa.
Portanto, neste material serão abordados cuidados que devem 
ser tomados e medidas que reduzem ao máximo a exposição aos riscos que 
afetam a saúde de profissionais e estudantes, que estão em contato com 
equipamentos, substâncias químicas e espécimes biológicos em 
laboratórios.
 
2. PRINCÍPIOS DA BIOSSEGURANÇA
O objetivo principal da biossegurança é criar um ambiente de 
trabalho onde se promova a contenção do risco de exposição a agentes 
potencialmente nocivos ao trabalhador, pacientes e meio ambiente, de 
modo que este risco seja minimizado ou eliminado.
O termo “contenção” é usado para descrever os métodos de 
segurança utilizados na manipulação de materiais infecciosos ou 
causadores de riscos em meio laboratorial, onde estão sendo manejados 
ou mantidos.
O objetivo da contenção é reduzir ou eliminar a exposição da 
equipe de um laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente em geral 
aos agentes potencialmente perigosos. As contenções de riscos 
representam-se como a base da biossegurança e são ditas primárias ou 
secundárias.
A contenção primária, ou seja, a proteção do trabalhador e do 
ambiente de trabalho contra a exposição a agentes infecciosos, é obtida 
através das práticas microbiológicas seguras e pelo uso adequado dos 
equipamentos de segurança. 
A contenção secundária compreende a proteção do ambiente 
externo contra a contaminação proveniente do laboratório e/ou setores 
que manipulam agentes nocivos. Esta forma de contenção é alcançada 
tanto pela adequada estrutura física do local como também pelas rotinas 
de trabalho, tais como descarte de resíduos sólidos, limpeza e desinfecção 
de artigos e áreas, etc.
3. TIPOS DE RISCOS
As normas de biossegurança englobam medidas que visam evitar 
riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.
RISCOS FÍSICOS
Consideram-se agentes de riscos físicos as diversas formas de 
energia, originadas dos equipamentos e são dependentes dos 
equipamentos, do manuseio do operador ou do ambiente em que se 
encontra no laboratório. Pode-se citar alguns exemplos: ruídos, vibrações, 
pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, 
radiações não ionizantes, ultra-som, etc.
Estufas, muflas, banhos de água, bicos de gás,
lâmpadas 
infravermelhas, mantas aquecedoras, agitadores magnéticos com 
aquecimento, incubadoras elétricas, fornos de microondas e autoclaves 
são os principais equipamentos geradores de calor. Suas instalações 
devem ser feitas em local ventilado e longe de materiais inflamáveis, 
voláteis e de equipamentos termossensíveis.
RISCOS BIOLÓGICOS
Os materiais biológicos abrangem amostras provenientes de seres 
vivos como plantas, bactérias, fungos, parasitas, animais e seres humanos 
(sangue, urina, escarro, peças cirúrgicas, biópsias, entre outras).
 
RISCOS DE ACIDENTES
Considera-se riscos de acidentes qualquer fator que coloque o 
trabalhador ou aluno em situação de perigo e possa afetar sua integridade 
e bem estar físico. São exemplos de riscos de acidentes: equipamentos 
sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico e 
armazenamento inadequados, etc.
RISCOS QUÍMICOS
Consideram-se agentes de riscos químicos os produtos que 
possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, 
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da 
atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo 
organismo através da pele ou por ingestão.
A classificação das substâncias químicas, gases, líquidos ou 
sólidos devem ser conhecidas por seus manipuladores. Nesse aspecto, 
tem-se solventes orgânicos, explosivos, irritantes, voláteis, cáusticos, 
corrosivos e tóxicos. Eles devem ser manipulados de forma adequada em 
locais que permitam ao operador a segurança pessoal e do meio ambiente, 
além dos cuidados com o descarte dessas substâncias.
RISCOS ERGONÔMICOS
Considera-se riscos ergonômicos qualquer fator que possa interferir 
nas características psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto 
ou afetando sua saúde. Tais riscos referem-se as condições dos projetos 
dos laboratórios como a distância em relação à altura dos balcões, cadeiras, 
prateleiras, gaveteiros, capelas, circulação e obstrução de áreas de 
trabalho. Os espaços devem ser adequados para a execução de trabalhos, 
limpeza e manutenção, garantindo o menor risco possível de choques 
acidentais. 
4. MÉTODOS DE CONTROLE DE AGENTES DE RISCOS
4.1. BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO (BPL):
 
Todo pessoal de laboratório deve:
 Conhecer os riscos biológicos, químicos, radioativos, tóxicos e 
ergonômicos com os quais se tem contato no laboratório;
 Ser treinado e aprender as precauções e procedimentos de 
biossegurança;
 Seguir as regras de biossegurança; 
 Evitar trabalhar sozinho com material infeccioso. Uma segunda 
pessoa deve estar acessível para auxiliar em caso de acidente;
 Ser protegido por imunização apropriada quando disponível;
 Manter o laboratório limpo e arrumado, devendo evitar o 
armazenamento de materiais não pertinentes ao trabalho do 
laboratório;
 Limitar o acesso aos laboratórios. Não permitir crianças no 
laboratório. Esclarecer mulheres grávidas ou indivíduos 
imunocomprometidos que trabalham ou entram no laboratório 
quanto aos riscos biológicos;
 Manter a porta do laboratório fechada;
 Usar roupas protetoras de laboratório (uniformes, aventais, jalecos, 
máscaras), que devem estar disponíveis e serem usadas inclusive 
por visitantes;
 Usar luvas sempre que manusear material biológico. As luvas 
devem ser usadas em todos os procedimentos que envolverem o 
contato direto da pele com toxinas, sangue, materiais 
infecciosos ou animais infectados. Anéis ou outros adereços de 
mão que interferem o uso da luva devem ser retirados. As luvas 
devem ser removidas com cuidado para evitar a formação de 
aerossóis e descontaminadas antes de serem descartadas. Trocar 
de luvas ao trocar de material. Não tocar o rosto com as luvas de 
trabalho. Não tocar com as luvas de trabalho em nada que possa ser 
manipulado sem proteção, tais como maçanetas, interruptores, 
etc. Não descartar luvas em lixeiras de áreas administrativas, 
banheiros, etc.;
 Retirar o jaleco ou avental antes de sair do laboratório. Aventais 
devem ter seu uso restrito ao laboratório. Não devem ser usados em 
áreas não laboratoriais tais como áreas administrativas, biblioteca, 
cantina, etc.;
 Não usar sapatos abertos;
 Usar óculos de segurança, visores ou outros equipamentos de 
proteção facial sempre que houver risco de espirrar material 
infectante ou de contusão com algum objeto;
 Não aplicar cosméticos; 
 Não retirar canetas ou qualquer outro instrumento do laboratório sem 
descontaminar antes;
 Evitar o uso de lentes de contato. Se houver necessidade de usá-las, 
proteja os olhos com óculos de segurança. Lentes de contato não 
devem ser manuseadas nas áreas de trabalho. Em caso 
indispensável do ajuste das mesmas, isto deverá ser feito após 
lavagem das mãos, fora do ambiente de atividade prática;
 Cabelos compridos devem estar presos durante o trabalho. O uso 
de jóias ou bijuterias deve ser evitado;
 Lavar as mãos sempre após manipulação com materiais 
sabidamente ou com suspeita de contaminação. Lavar as mãos 
sempre após remoção das luvas, do avental ou jaleco e antes de sair 
do laboratório;
 Nunca pipetar com a boca. Usar pêra ou pipetador automático;
 Restringir o uso de agulhas, seringas e outros objetos pérfuro-
cortantes;
 Extremo cuidado deve ser tomado quando da manipulação de 
agulhas para evitar a auto-inoculação e a produção de aerossóis 
durante o uso e descarte. Nunca tente recapear agulhas. As agulhas 
ou qualquer outro instrumento perfurante e/ou cortante devem ser 
desprezados em recipiente resistente, inquebrável, de abertura 
larga. O uso de seringas e agulhas deve ser restrito à coleta de 
sangue. Não usar para aspirar fluido de frascos. Pipetas devem 
estar disponíveis para tal fim;
 Não transitar nos corredores com material patogênico a não 
ser que esteja acondicionado conforme normas de biossegurança;
 Não fumar, não comer, não beber no local de trabalho onde há 
qualquer agente patogênico. Não estocar comida ou bebida no 
laboratório;
 Nunca usar vidraria quebrada ou trincada. Vidraria quebrada e 
pipetas descartáveis, após descontaminação, devem ser 
colocadas em caixa com paredes rígidas rotuladas “vidro 
quebrado” e descartada adequadamente;
 Descontaminar a superfície de trabalho sempre que houver 
contaminação com material infectante e no final do dia, de acordo 
com as rotinas estabelecidas no manual de limpeza e desinfecção;
 Descontaminar todo material líquido ou sólido antes de reusar ou 
descartar;
 Não levar as mão à boca ou aos olhos quando estiver 
manuseando produtos químicos;
 Todos os procedimentos técnicos devem ser realizados com o 
mínimo de produção de aerossóis;
 Não manter plantas, bolsas, roupas ou qualquer outro objeto não 
relacionado com o trabalho dentro do laboratório.
 As unhas devem ser curtas;
 Usar cabine de segurança biológica para manusear material 
infeccioso ou materiais que necessitem de proteção contra 
contaminação. Colocar as cabines de segurança biológica em 
áreas de pouco trânsito no laboratório, minimizar as atividades que 
provoquem turbulência de ar dentro ou nas proximidades da cabine;
 Colocar todo o material com contaminação biológica em recipientes 
com tampa e a prova de vazamento, antes de removê-los de uma 
seção para outra

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