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Universidade Estadual da Paraíba Centro de Ciências Humanas e Exatas – CCHE Curso de Letras Professor: Paulo Vinícius Ávila Nóbrega O Gerativismo KENEDY, Eduardo. Curso básico de linguística gerativa. São Paulo: Contexto, 2013. PAVEAU, Marie-Anne; SARFATI, Georges-Élia. As grandes teorias linguísticas: da gramática comparada à pragmática. São Carlos: Claraluz, 2006. Noam Chomsky e o modelo gerativo • A importância dos trabalhos de Chomsky (nascido em 1928) pode ser medida pela sua repercussão mundial na Linguística. • A teoria chomskiana foi amplamente difundida nos anos 1960 e 1970, tanto nos meios de pesquisa como nos do ensino. • Chomsky foi um aluno de Zellig S. Harris (1909-1992), marcado por seu trabalho sobre a tradução automática no MIT (Massachusetts Institute Of Technology, em Cambridge). • Chomsky contesta o princípio harrissiano do corpus finito de enunciados naturais (tradição do descritivismo), enraizado na linguística americana desde a metade do século XIX). • Chomsky propõe uma teoria transformacional e gerativa, em que uma das características é a evolução dos modelos: ele expõe o que chamamos sua “teoria padrão” nos anos 1950 e 1960, depois a “teoria padrão ampliada”, nos anos 1970, e propõe um último modelo nos anos 1980, com desenvolvimentos nos anos 90: a “teoria dos princípios e parâmetros”. • O que seria a teoria padrão de 1950? A teoria padrão 1950/1960 • Trata-se de uma teoria das estruturas linguísticas expostas no livro Sintactic Structures (1957). É uma teoria centrada na sintaxe, que é para Chomsky o centro da análise de uma língua: para ele, a sintaxe é autônoma, e ela deve permitir construir uma teoria geral formalizada da estrutura linguística e explorar fundamentos de uma tal teoria. • Chomsky examina a eficiência de abordagem teórica de vários modelos sintáticos antes de propor o seu: • Os modelos sintáticos Chomsky insiste no que denomina “independência da gramática” em relação ao sentido. O objetivo do autor será elaborar um modelo capaz de explicar todas as frases gramaticais de uma língua, no plano de sua estrutura sintática. Ele dá o célebre exemplo da frase As ideias verdes sem cor dormem furiosamente, perfeitamente gramatical mas a- semântico. • Gramática do estado finito Chomsky examina, no quadro de um modelo teórico da comunicação, o caso de uma máquina que parte de um estado inicial para chegar a um estado final, tendo como resultado a produção de uma frase (essa teoria não deu conta de explicar todas as frases) • Gramática dos Constituintes (GC) O autor volta-se, então, para a análise em constituintes, que é uma descrição em termos de estrutura sintagmática. O modelo propõe um conjunto de “fórmulas de instrução” (regras de reescrita) que permitem engendrar frases por meio de um procedimento de derivação. Por exemplo, O homem jogou a bola é engendrada por uma sequência de 9 derivações: (I) Frase (II) SN+SV (III) Art. + SN + SV (IV) Art. + N + V + SN (V) O + N + V + SN (VI) O + homem + V + SN (VII) O + homem + jogou + SN (VIII) O + homem + jogou +Art. + N (IX) O + homem + jogou + a + N (X) O + homem + jogou + a + bola • A Gramática Transformacional (GT) O modelo da GT vai prolongar e melhorar o dos constituintes: Chomsky introduz novas regras, chamadas “transformações gramaticais”. Uma transformação gramatical T opera sobre uma sequência dada que possui estrutura sintática dada, e a converte em uma nova sequência dando-lhe uma nova estrutura sintagmática derivada (transformações de estrutura passiva, por exemplo) Exemplos: Jonas admira a sinceridade / A sinceridade é admirada por Jonas O modelo padrão • Já em 1965 (com o livro Aspectos da Teoria Sintática), Chomsky propõe uma teoria geral (exposição mais elaborada da teoria padrão), que introduz dois conceitos que se tornam centrais em linguística: as distinções competência/desempenho e estruturas profundas/estruturas superficiais: Pierre promete a Maria vir Pierre permite a Maria vir A cognição humana • Todos os seres humanos, exceto aqueles acometidos por alguma grave patologia, possuem a faculdade de produzir e compreender expressões linguísticas nas inúmeras situações do cotidiano que envolvem comunicação através de uma língua natural (português, francês, italiano, chinês etc.). O que é, afinal, essa faculdade humana para a linguagem? • Bebês não demonstram, ao nascimento, capacidade de produzir e compreender palavras, frases ou discursos, mas, ao longo de um tempo muito curto, não superior a três anos, essa faculdade já se manifesta de maneira bastante produtiva. Por volta dos cinco anos, uma criança já demonstra habilidade linguística equivalente à dos adultos. O que acontece com a criança durante o período em que ela está adquirindo a língua de seu ambiente? • Já na adolescência, a capacidade de adquirir uma língua de maneira natural decai significativamente. A partir de então, aprender uma nova língua demanda esforços conscientes que não são necessários durante a aquisição da linguagem em tenra infância, tais como frequentar cursos, ler manuais didáticos e dicionários, treinar a fala, corrigir erros com ajuda de professores etc. Por que aprender línguas estrangeiras é tão diferente de adquirir uma língua-mãe? • Pessoas que sofrem derrames cerebrais ou que são acometidas por doenças neurológicas graves podem perder a capacidade linguística parcial ou totalmente. Na verdade, mesmo indivíduos sem queixas neurológicas podem ter o uso da linguagem comprometido quando se encontram desconcentradas ou muito cansadas. Como é que o cérebro humano faz emergir as nossas capacidades linguísticas normais? • Cognição é o termo científico atualmente utilizado para fazer referência ao conjunto de inteligências humanas. Diz respeito, portanto, a todos os fenômenos mentais que tenham relação com a aquisição, o armazenamento, a ativação e o uso de conhecimento. Já o termo conhecimento é usado para fazer referência aos estados cognitivos de uma pessoa, os quais resultam da interação do indivíduo com o seu ambiente físico e sociocultural. Exemplo 1: duplo sentido Exemplo 2: duplo sentido Exemplo 3: duplo sentido Exemplo 4: ambiguidade • As expressões linguísticas são as estruturas que ordenam o trânsito dos significados que vão de uma mente à outra entre indivíduos durante o discurso. São organizações silenciosas, das quais, quase nunca tomamos consciência quando falamos ou ouvimos algo. Muito raramente tomamos consciência das formas que usamos para expressar certos conteúdos. • A linguagem é, portanto, um conhecimento tácito, implícito, inconsciente no conjunto da cognição humana. Denominamos esse tipo de conhecimento como conhecimento linguístico ou competência linguística. • Pesquise o conceito dos seguintes termos: 1 – Psicolinguística 2 – Neurolinguística 3 – Língua-E 4 – Língua-I 5 – Modularidade da mente 6 – Inatismo 7 – Princípios e parâmetros 8 – Gramática Universal
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