Buscar

resenha critica do filme: Daens, um grito de justiça

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI – UFPI 
FACULDADE DE DIREITO DO PIAUÍ 
João Luiz Cardoso Neto¹, Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento². 
1Aluno do curso de Direito - UFPI. E-mail: joaoluizcardosoneto@gmail.com 
2Docente de Introdução às Ciências Sociais (2018.1 - T03) – UFPI, Doutorado 
em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-mail: 
nonatorr.33@gmail.com 
 
RESENHA CRÍTICA DO FILME: 
DAENS: UM GRITO DE JUSTIÇA 
João Luiz Cardoso Neto¹ 
 
O filme se passa na década de 90 do século XIX, ainda no calor da 
Revolução Industrial um período repleto de instabilidade, incerteza e desequilíbrio de 
ordem econômica, social e politica, em Aalst, na Bélgica, uma pequena cidade 
flamenga. O filme mostra as calamidades enfrentadas pela classe operária como: 
péssimas condições de moradia e péssimas condições de trabalho que eram submetidas 
aos operários: exautivas jornadas de trabalho, que alcançavam até 16 horas diárias, e 
um salário com odor de miséria. Mulheres e crianças sofriam bem mais que os 
homens, uma vez que o salário era muito menor, chegando a corresponder à metade do 
salário dos homens, logo necessitariam trabalhar o dobro do tempo para conseguir o 
mesmo salário. 
É em Aalst, onde se iniciam as primeiras rebeliões dos trabalhadores das 
indústrias têxtil locais por melhores condições de trabalho. Nessa época ainda não 
existiam leis que assegurassem alguns direitos trabalhistas básicos, como a 
salubridade do ambiente de labor. Nesse cenário caótico chega o Padre Adolphe 
Daens, designado para a paróquia da cidade. Ao chegar tem um choque com o 
desgosto da Revolução Industrial europeia, com o trabalho infantil, sem quaisquer 
medidas de higiene e segurança e com uma jornada de trabalho extenuante, a morte de 
uma criança resultante de sua exaustão provinda do labor, e outras situações 
relacionadas às referidas condições de trabalho levam o padre a buscar soluções, 
inclusive ingressando na política. O padre em todos os instantes busca atuar como 
principal defensor dos operários, e se posiciona contra o trabalho infantil buscando 
 
 
contribuir na luta acirrada por condições humanas de vida aos operários, na cidade de 
Aalst. 
O cenário visto na época era marcado pela exploração alcançando até 
mesmo as crianças e mulheres. Era comum que crianças com idade entre 05 e 07 anos 
iniciassem em carreiras fabris de ambiente insalubre, muitas vezes esse ingresso era 
incentivado por seus próprios pais, tendo que trabalhar em troca de comida, ou 
qualquer outra recompensa, eram comum que grávidas parissem seus filhos no chão de 
fábrica, outro ponto muito comum eram os filhos bastardos dos “chefes”, ondes estes 
impunham o sexo com as operárias como uma certeza de garantia de emprego. As 
fábricas não davam nenhuma condição humana de trabalho, não havia vasos sanitários 
e nem janelas. Os trabalhadores eram obrigados a comer no chão. Esse era o cenário 
da tal revolução, do tal capitalismo que na prática nada mais era do que uma 
hiperexploração de mão-de-obra legalizada, fomentada e defendida pelo Estado. Sob 
essa nova ordem socioeconômica; homens, mulheres e crianças, para sobreviver, 
viram-se obrigados a vender o único bem que lhes restavam: sua força de trabalho. 
A época também era o despertar do socialismo e a luta contra as ações 
ofensivas da classe elitista. Padre Daens para defender sua luta a favor dos operários 
se candidatou a deputado. Na luta a favor do povo, dos seus interesses instruiu a 
população, inclusive os analfabetos, a usar o poder do voto direto e secreto. Daens foi 
eleito e através do voto a população começou a escolher seus representantes com 
maior lucidez desde então. 
O filme nos mostra a influência da igreja, as possibilidade que a igreja 
sempre teve de interferir positivamente perante as miseráveis condições vividas pelos 
operários, especificamente europeus. Percebemos que muitas vezes a igreja não se se 
teve imóvel, que em momento algum se manteve preocupada com o povo. Ao 
contrário disso, mantém uma relação de conflito contra o padre Daens, afinal este é o 
único da Instituição que é capaz de sentir o desejo de intervenção assídua em prol da 
classe operária. Nesse ponto é necessário compreender as relações entre a doutrina 
católica de justiça, a relação a Igreja e a burguesia e o crescimento dos ideais 
socialistas/comunistas. A igreja, sob o viés das relações tinha a missão de apascentar a 
massa operária para o bom funcionamento do sistema, porém, contraditoriamente, via-
se obrigada a seguir suas doutrinas zelando pelo bem-estar social de todos. A igreja 
enxergava as atrocidades acometidas nas fábricas, no entanto, compactuava com a 
 
 
burguesia pela soberania das almas em suas paróquias e, consequentemente, frear 
qualquer propagação dos ideais socialistas, que negavam a fé e doutrina católica. 
A Igreja Católica condenava a doutrina socialista. Sendo assim, membros 
da Igreja aliados com as lideranças fabris denunciaram o padre Daens ao Papa, 
acusando-o de se converter aos ideais socialistas e ir contra os dogmas da igreja, o 
acusando de indisciplina canônica. O Padre vai à Roma de encontro ao Papa Leão 
XIII, no entanto o pontífice recusa-se a recebê-lo e o envia apenas uma carta como 
resposta, determinando que Daens ocupasse basicamente as atividades católicas 
ligadas à Igreja, sem qualquer forma de interferência de cunho social, e com a missão 
apenas de manter a paz e a ordem social. 
Daens volta a Aalst e incentiva o povo a continuar as lutas. Mas acaba 
sendo suspenso de suas atividades sacerdotais, em 1898, por Antoine Stillmans, bispo 
de Ghente, mas seu grito por justiça nunca se calou. Elegeu-se para mais um mandato 
no parlamento, onde se ampliou sua voz em defesa dos oprimidos. 
O filme mostra-nos a esperança que um povo sofrido tem de viver em um 
ambiente mais favorável. Sem miséria, exploração e infelicidade, fatores causados 
pela desigualdade. Os oprimidos viram em Daens a esperança de direitos respeitados e 
uma condição mais digna de vida. Os legisladores representam essa participação das 
minorias nas decisões politicas, eles devem de forma ativa e ostensiva falar e dar 
ouvidos aos que não tem voz, aos menos favorecidos é por isso que estes segundos os 
colocaram no poder. Através do voto e da luta o povo consegue derrubar toda e 
qualquer injustiça.

Continue navegando