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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI PEDAGOGIA A experimentação no ensino de Ciências nas séries iniciais do ensino fundamental EDUARDA SAMPAIO DOMINGUES CAPIVARI SP 2011 CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI PEDAGOGIA A experimentação no ensino de Ciências nas séries iniciais do ensino fundamental Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia da FACECAP/CNEC Capivari para obtenção do título de Pedagogo, sob a orientação da Profa. Ms. Alessandra R. G. de Lucena. EDUARDA SAMPAIO DOMINGUES CAPIVARI SP 2011 FICHA CATALOGRÁFICA Domingues, Eduarda Sampaio A experimentação no ensino de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental / Eduarda Sampaio Domingues. Capivari - SP: CNEC, 2011. 27p. Orientadora: Profª Ms. Alessandra R. G. de Lucena Monografia apresentada ao curso de Pedagogia. 1. Ensino de Ciências. 2. Métodos de Ensino. 3. Experimentação. I. Título CDD 372.35 Agradecimentos Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, pois sem ele eu não teria forças para realizar este trabalho. A minha família que esteve do meu lado, me dando apoio, e que sempre me entendeu nos momentos em que fiquei nervosa e briguei com todos. E por último a minha orientadora Alessandra, que sem ela eu não teria começado e nem terminado esta pesquisa. Obrigada a todos. DOMINGUES, Eduarda. A experimentação no ensino de Ciências nas séries iniciais do ensino fundamental. Monografia de Conclusão de Curso. Pedagogia Faculdade Cenecista de Capivari – CNEC. 27 p., 2011. RESUMO O tema do presente trabalho é a experimentação no ensino de Ciências nos anos iniciais do ensino fundamental. Tal escolha se deu a partir da minha afinidade com a disciplina, pois sempre participei das aulas de Ciências, me envolvia bastante com os temas abordados. Tem- se como objetivo desta pesquisa possibilitar reflexões acerca da relevância do ensino de Ciências para o desenvolvimento da criança, apontando procedimentos metodológicos adequados e que favoreçam o processo de ensino e aprendizagem. Esta pesquisa pretende apontar as dificuldades que os docentes alegam enfrentar ao utilizar a experimentação em seu cotidiano profissional. Para tal, escolheu-se como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo que foi realizada em uma escola municipal da cidade de Capivari. A pesquisa se desenvolverá numa abordagem qualitativa, sob uma perspectiva histórico-cultural, baseada em pesquisa bibliográfica e documental. Os autores escolhidos para a realização desta pesquisa são: Fracalanza (1986), Amaral (1986), Gouveia (1986), Megid (2006), Bizzo (2000), Weissmann (1998), Campos (1999). Palavras-chave: 1. Ensino de Ciências. 2. Métodos de Ensino. 3. Experimentação. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................................07 1. BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS.................................................10 1.1 ORIGEM DO ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL.....................................10 2. EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS................................................13 2.1 CONCEPÇÕES DE EXPERIMENTAÇÕES....................................................13 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES PRÁTICAS.....................................16 2.3 O QUE DIZ O PCN DE CIÊNCIAS SOBRE EXPERIMENTAÇÃO.............18 3. A PESQUISA DE CAMPO...........................................................................................20 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................25 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................26 APÊNDICE...............................................................................................................................27 7 INTRODUÇÃO O tema do presente trabalho é a experimentação no ensino de Ciências nos anos iniciais do ensino fundamental ciclo I. Tal escolha se deu a partir da minha afinidade com a disciplina, pois sempre participei das aulas de Ciências, envolvia-me bastante com os temas abordados. Outro aspecto que me instigou a fazer este trabalho foi a minha vivência no estágio, quando observei um professor ministrando aula de Ciências e surpreendi-me com o pouco envolvimento do professor e dos alunos no trabalho pedagógico realizado. Afinal, esta disciplina sempre me causou curiosidade. O procedimento utilizado por ele foi uma aula expositiva, sem a participação do aluno e logo após, os mesmos deveriam responder a um questionário. Sabe-se que a disciplina de Ciências torna-se importante para as crianças, pois abrange temas extremamente importantes e que despertam a curiosidade das crianças, como corpo humano, saúde, natureza, entre outros. A experimentação é um procedimento pedagógico que também promove o grande o envolvimento dos alunos, favorecendo o processo educativo. O professor acaba tendo espaço para trabalhar com seus alunos de diferentes formas assim seu aluno participa ativamente das aulas e se interessam pelas experimentações realizadas pelos professores. Porém, constata-se que muitos professores apresentam dificuldades para desenvolver tal prática em seu cotidiano profissional, isso ocorre devido a vários fatores, tais como, indisciplina dos alunos, ausência de materiais e espaço adequado (laboratório). É neste cenário que surge essa pesquisa. Tais reflexões despertaram meus interesses em relação ao estudo sobre este procedimento metodológico, com o intuito de buscar a relevância da utilização desta prática para as aulas de Ciências. Portanto, tem-se como objetivo para a presente pesquisa: possibilitar reflexões sobre o conceito de experimentação nas aulas de Ciências bem como seus benefícios e entraves na utilização de tal procedimento no cotidiano escolar. Pretende-se também apontar possibilidades de caminhos pedagógicos que propiciem o sucesso do processo educativo. 8 Torna-se necessário delimitar o problema desta pesquisa: O professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental – Ciclo I utiliza a experimentação como procedimento metodológico nas aulas de Ciências? A partir deste problema surgem outros questionamentos que pretendo discutir ao longo do trabalho, são eles: • Qual o problema mais freqüente que os professores encontram ao realizarem uma experimentação seja em sala de aula ou fora dela? • Como o professor pode trabalhar a experimentação em sala de aula, sem que isso se torne monótono para seu aluno, tendo como objetivo a participação do mesmo em sala de aula? • Qual a freqüência que o professor das séries iniciais do ensino fundamental trabalha a disciplinade Ciências • Quais os procedimentos metodológicos os professores utilizam para trabalhar a disciplina de Ciências Com base no problema delimitado, traçaram-se os objetivos previstos nesta pesquisa, são eles: • Investigar como o professor das séries iniciais de uma escola municipal da cidade de Capivari trabalha a experimentação com seus alunos; • Identificar com que frequência este professor trabalha temas relacionados ao ensino de Ciências; • Levantar como os professores utilizam a experimentação como estratégia pedagógica. • Descrever as dificuldades que este professor enfrenta para desenvolver a experimentação no ensino de Ciências em seu cotidiano profissional. Para tal, escolheu-se como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo a ser realizada em uma escola municipal da cidade de Capivari1. A pesquisa se desenvolverá numa abordagem qualitativa, sob uma perspectiva histórico-cultural, baseada em pesquisa bibliográfica e documental. Os autores escolhidos para a realização desta 1 O nome da escola será mentido em sigilo. 9 pesquisa são: Fracalanza (1986), Amaral (1986), Gouveia (1986), Megid (2006), Bizzo (2000), Weissmann (1998), Campos (1999). O trabalho foi organizado em três capítulos. O primeiro capítulo discute sobre um breve histórico do ensino de Ciências no Brasil, para que possamos compreender as características do ensino de Ciências atual, permitindo apontar as facilidades e dificuldades do professor em realizar o trabalho pedagógico. Já o segundo capítulo, discute sobre os pressupostos do PCN de Ciências, destacando a importância e finalidade da experimentação no ensino de Ciências. Foi feito também uma revisão bibliográfica sobre o tema. Para finalizar, o terceiro capítulo aborda a descrição e analise da pesquisa de campo realizada, buscando atender os objetivos previstos neste trabalho. 10 CAPÍTULO 01 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS Este capítulo tem como objetivo discorrer sobre o ensino de Ciências no Brasil, sua origem, caracterizando-o, destacando as concepções de ensino e aprendizagem, promovendo uma reflexão crítica principalmente quanto aos métodos de ensino utilizados. 1.1 Origem do Ensino de Ciências no Brasil Em 1549, na Bahia, surge a primeira escola no Brasil cujo objetivo era trabalhar a alfabetização e doutrinação da nobreza e religiosos. O ensino científico era inexistente, o que se tinha eram as observações dos astros feitas pelos jesuítas e seminaristas, sem vinculação ao ensino. O ensino desenvolvido neste período apresentava as seguintes características: literário, retórico e livresco. As diretrizes para este ensino vinham da Europa. (FRACALANZA, MEGID NETO, 2006) A disciplina de Ciências Físicas e Naturais surge com a fundação do colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1837. As características do ensino de Ciências desenvolvido no colégio Pedro II eram pautadas no ensino tradicional com influencia do ensino europeu, em que os métodos utilizados eram exposição oral do professor, sem a participação do aluno, propiciando a transmissão de conhecimento, atividades que promoviam a memorização dos conteúdos, a repetição mecânica e a valorização do produto final de Ciências. (FRACALANZA, MEGID NETO, 2006) As características do ensino de Ciências não se modificaram muito ao longo do tempo, o que se observa é que no século XX, especificamente na década de 20, não existiam cursos de licenciatura no Brasil, portanto, os professores de Ciências não eram habilitados para ministrar aulas para o ensino de Ciências, quem ministrava essas aulas eram médicos, veterinários, entre outros. As inovações no ensino de Ciências ocorrem na década de 50, em que surgiram diversos e variados movimentos para transformar o ensino de Ciências, os quais foram considerados inovações educacionais, principalmente na educação básica. (FRACALANZA, MEGID NETO, 2006). 11 Deve-se destacar que a educação no Brasil sofreu nos últimos 45 anos influências excessivas dos Estados Unidos através de acordos de cooperação internacional desse período (FRACALANZA, MEGID NETO, 2006). No ensino de Ciências, essa influência se substanciou mediante as absorções das principais idéias de renovações que continham os projetos de ensino norte-americanos, que foram adaptados e difundidos no Brasil nos anos 60. (FRAKALANZA, MEGID NETO, 2006). Fracalanza e Megid apontam que dois fatos importantes aconteceram nos EUA, que promoveram o início da modernização do ensino de Ciências na década de 50: a explosão da bomba H e o lançamento pela URSS em 1957, do Sputnik I, que foi o primeiro satélite artificial com órbita ao redor da Terra. No Brasil, meados dos anos 60, as inovações foram lideradas por instituições como o IBECC (Instituto Brasileiro de Educação, Ciências e Cultura) e a FUNBEC (Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências). Ambas foram criadas no estado de São Paulo, por professores de Ciências de diversos estados brasileiros. O objetivo dessas entidades era primordialmente traduzir e adaptar projetos norte- americanos em diversas áreas como biologia, química, física, com objetivo de criar uma grande produção de material didático para o ensino, promovendo o aperfeiçoamento do ensino de Ciências. Estas instituições não mediram esforços para a implementação de projetos inovadores para o ensino de Ciências, criando novos materiais, e cursos de capacitação docente que promovessem a atualização dos professores para que pudessem fazer uso desses materiais. (FRACALANZA, MEGID NETO, 2006). Outra inovação marcante na década de 60 foi a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 4.024/61, que permitiu a flexibilidade dos currículos, assim ampliando o tempo destinado ao ensino de ciências, nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. (FRACALANZA, MEGID NETO, 2006). Oliveira e Junior apontam que a disciplina tornou-se obrigatória no Brasil a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) n° 4.024/61. Os autores destacam também que a formação inicial de professores para esse nível de ensino só passou a ser discutida e realizada na década de 70. No final da década de 60 e início da década de 70, a escola de primeiro grau substituiu os antigos cursos que eram o primário e o ginasial e nesse novo contexto foi proposto um tratamento interdisciplinar do ensino de Ciências no decorrer do primeiro grau. (FRACALANZA, 1986). 12 Já nos anos 70 os problemas relativos ao meio ambiente e à saúde começaram a ter presença quase obrigatória em todos os currículos de ciências Naturais assim abordando diferentes níveis de profundidade e pertinência (BRASIL, 2001). Ao longo do tempo, o ensino de ciências foi atualizando seus conteúdos, deixando de lado as inadequadações da forma que eram utilizadas, assim transmitindo conhecimento e formulando uma estrutura na área. Nos anos 80, acompanhando o movimento da sociedade brasileira, de revisão do seu passado mais recente, a educação passou por um processo de caracterização, surgindo uma intensa discussão sobre o papel da escola em nossa sociedade. Outros aspectos que foram discutidos foram as preocupações com as relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade, ênfase na educação na educação ambiental, na ecologia humana e na ética nas ciências; a valorização dos aspectos cognitivos, da cultura e do cotidiano do aluno. (FRACALANZA, MEGID NETO, 2006). O ensino de Ciências, além de inserir-se nas características expostas, vem se manifestando através decorrentes divergentes. Há os que propunham pela definitiva consolidação das linhas de renovação construídas nas décadas anteriores. Outros, por sua vez, empenham-se no sentido do retorno aos modelos do passado em virtude de se encontrarem desiludidos com o aparente fracasso das propostas de inovações das últimas décadas. (FRACALANZA, 1986). Segundo Oliveira e Junior, na década de 90 foi promulgada mais uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB - de Nº. 9.394/96 que, dentro de vários avanços e objetivos, tornou obrigatória a formação em nível superior de cursos plenos para profissionais da educação (BRASIL, 1998). O fim dos cursos de licenciatura curta não resultou numa formação específica para os professores de ciências que atuam no Ensino Fundamental, sendo que a maior parte das universidades brasileiras preferiu continuar a formar professores em áreas específicas. Atualmente, constata-se que o ensino de Ciências apresenta características da escola tradicional, em que o livro didático é o principal recurso utilizado pelo professor, desenvolvendo atividades memorísticas e de repetições. Diante deste cenário, torna-se necessário discutir alguns métodos de ensino utilizado pelos professores para desenvolver o ensino de Ciências nos anos iniciais do ensino fundamental ciclo I. Tais questões serão discutidas no próximo capítulo. 13 CAPÍTULO 02 EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS A experimentaçãso pode ter um importante papel na modificação das idéias dos alunos, como eles podem colher dados que não dependem diretamente de seu controle e qual o papel do professor diante da experimentação. (BIZZO,2000 p.77). Este capítulo tem como objetivo promover reflexões sobre os conceitos e benefícios da experimentação para o ensino de Ciências. Pretende-se tambem discutir o que os PCNs (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS) de Ciências dizem sobre o tema. 2.1 Concepções de experimentações A experimentação é um procedimento metodológico de grande relevância para o ensino de Ciências. Sabe-se que tal atividade desperta a curiosidade dos alunos, favorecendo o envolvimento dos mesmos nas aulas de Ciências. Porém, verifica-se que temos várias formas de realizar tal procedimento metodológico. As experiências despertam em geral um grande interesse nos alunos, além de proporcionar uma situação de investigação. Quando planejadas levando em conta estes fatores, elas constituem momentos particularmente ricos no processo de ensino-aprendizagem. (DELIZOICOV, ANGOTTI, 2000, p. 22). Bizzo aponta que as aulas de Ciências, geralmente são cercadas de expectativas por parte dos alunos. Há uma motivação natural referente as aulas dirigidas ao enfrentar desafios e investigar diversos aspectos da natureza, nos quais as crianças apresentam um grande interesse. (BIZZO, 2000). Torna-se importante também que o professor perceba que a experimentação é um elemento extremamente importante nas aulas de ciências, mas ressaltando que ela dada por si só, não garante um bom aprendizado, pois quando um aluno realiza uma experimentação, acaba tendo a oportunidade de verificar se aquilo que ele pensa ocorre mesmo de fato, e assim a partir de alguns elementos ele acaba não tendo o controle absoluto 14 Bizzo destaca que não se pode esperar que uma simples realização de um experimento seja suficiente para modificar a forma de pensar dos alunos, pois a realização de experimentos torna-se uma tarefa muito importante, mas sem dispensar o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar o resultado dos experimentos encontrado pelos alunos. ( BIZZO, 2000). Considerando que Ciência é dúvida, surge a partir de um problema, de um questionamento, torna-se necessário compreender como é um ciclo investigativo. Campos (1999) destaca que o ciclo investigativo surge de uma situação problemática aberta e confusa. A investigação inicia pela analise qualitativa de trabalhos bibliográficos, ou seja, busca-se um corpo de conhecimento, teorias sobre o tema estudado. Após isso, se dá a elaboração de hipóteses ou modelos que podem ser testados exeperimentalmente ou a partir de conhecimentos. Para tal, é necessário a elaboração de várias estratégias de teste, incluindo aqui a realização de experimentos. Após a realização dos experimentos, cabe a interpretação dos resultados à luz das hipóteses e do corpo teórico já construído para chegar a conclusão final. Posteriormente, comunicam-se os resultados e as conclusões do ciclo investigativo. Portanto, o autor aponta que a experimentação é uma das etapas do ciclo investigativo e que deve surgir a partir de uma situação problema, permitindo a elaboração de hipóteses. A experimentação é uma ação para checar a hipótese. Campos destaca que a experimentação deve ser mediada pelo professor, que deve “provocar” o aluno por meio de questionamentos, valorizando as colocações dos mesmos: ...Para isso, é importante que o professor estimule e valorize as indagações dos alunos. Suas primeiras tentativas de respostas merecem não só o respeito do professor, mas também ser consideradas verdadeiras hipóteses exlicativas com as quais trabalhará. (CAMPOS, 1999, p.145). O mesmo autor coloca que uma das formas de testar as hipóteses explicativas dos alunos é a realização das atividades experimentais investigativas. Destaca ainda que não se trata de demonstrações mágicas para entreter os alunos, mas de atividades planejadas pelos professores e alunos com o intuito de analisar as hipóteses explicativas. 15 Campos alerta que para fazer uma boa investigação, o professor precisa de alguns quesitos e habilidades: Portanto, para fazer uma boa investigação, o professor de ciências, além de reconhecer as hipóteses explicativas dos alunos, deve incentivá-los e auxiliá-los a planejar e a executar experimentos investigativos apropriados para averiguá-las. (CAMPOS, 1999, p. 147). Verifica-se que na escola ocorre uma confusão entre os procedimentos metodológicos no ensino de Ciências, especificamente entre experimento e atividade prática de demonstração. Há uma diferença entre estas atividades. Atividade prática de demonstração proporciona ao aluno o contato com fenômenos ou fatos, mas são feitas pelos professores e copiadas pelos alunos, não há problematização e nem teste de hipóteses. Já a experimentação, que é uma etapa do ciclo investigativo, surge a partir de uma situação problemática, cujo intuito é testar as hipóteses previamente formuladas pelos alunos e professores. ( CAMPOS, 1999). Um experimento não deve ser confundido com uma atividade prática do tipo demonstração. Enquanto esta possibilita o contato do aluno com certos fenômenos ou fatos, o experimento destina-se a testar hipóteses previamente formuladas. (CAMPOS, 1999, p.147). O mesmo autor destaca que o professor deve auxiliar as crianças dos anos iniciais, pois as mesmas apresentam dificuldades em propor experimentos. Campos aponta que o professor deve: [...] se preocupar em ir aumentando pouco a pouco a autonomia das crianças. Isso possibilitará que, nos anos posteriores, elas formulem e executem seus próprios projetos experimentais. (1999, p.147). Para Campos o professor, em um trabalho investigativo, deve auxiliar os alunos a não centralizarem tanto o foco nas hipóteses que se desviem do problema central. Cabe ao professor o papel de mediador, orientador das investigações. O autor coloca que o professor deve: • Incentivar os alunos a formular hipóteses explicativas. • Auxiliar na elaboração das hipóteses e dos experimentos para testá-las. • Possibilitar a efetiva comprovação experimental das hipóteses dos alunos. • Colaborar nas discussões, evitando que os alunos se desviem demais do objetivo central.16 • Propor atividades em que o aluno perceba claramente o que e por que vai fazer, e as relações com aquilo que já foi feito. ( CAMPOS, 1999, p.150). 2.2 Classificação das Ativiades Práticas Campos (1999) propõe uma classificação das atividades práticas para que favoreça a analise de práticas pedagogicas, são elas: • Demonstrações práticas: atividades que são realizadas pelo professor, às quais o aluno assiste a maior parte do tempo sem poder intervir. Possibilitam ao aluno maior contato com fenômenos ja conhecidos, mesmo ele não tendo dado conta dele. • Experimento ilustrativos: são atividades em que o aluno pode realiza e que cumprem as mesmas finalidades das demonstrações práticas. • Experimentos descritivos: atividades que são realizadas que nem sempre o professor tem obrigação de dirigir. Os alunos tem contato direto com coisas ou fenômenos que precisam ser apurados, sendo comun ou não no nosso dia-a-dia. • Experimentos investigativos: são direfentes das outras pois envolvem obrigatoriamente a discussão de idéias, e elaboração de ipóteses explicativas e experimentos para testá-las. Fazendo com que o aluno crie a criticidade, assim trabalhando como os cientistas. (1999, p.151). O autor destaca que a demonstração prática, experimento ilustrativo e descritivo, os alunos não possuem a oportunidade de intervir na atividade, e acaba não sendo esclarecedora aos alunos, mostra-se como um evento de entreterimento aos alunos, atividade mágica. Não há abertura de questionamentos aos alunos sobre o que estão observando e nem estimulo a investigação. Já o experimento investigativo, o aluno é ativo na realização da atividade, é estimulado a elaborar hipóteses, problematizações. Deve construir estratégias para testar as hipóteses construídas, testando-as e analisando os resultados. Porém, o mesmo autor destaca que as demosntrações práticas apresentam finalidades específicas, como pode constatar no quadro abaixo: 17 Demonstrações e experiências ilustrativas Investigações e experimentos Ser uma ponte entre a realidade e uma teoria absoluta. Desenvolver a autonomia dos alunos. Possibilitar o contato com materiais, fatos ou fenômenos que os alunos teriam dificuldades em conhecer de outra forma. Promover a aprendizagem significativa pela mudança não só conceitual, mas também metodológica e atitudinal. Possibilitar a visão de ciências como uma interpretação do mundo, e não como um conjunto de respostas prontas e definidas. Desenvolver amplamente habilidades e capacidades relacionadas à aprendizagem. Adaptado de Campos, 1999, p. 152. Uma demonstração prática também pode servir para ilustrar uma exposição teórica do professor, assim permitindo com que os alunos conheçam algumas formas mais palpáveis das teorias abstratas. As demonstrações práticas podem e devem ser utilizadas pelos professores somente para atender finalidades muito bem definidas.,.não devem ser o único instrumento didático para viabilizar a aprendizagem de determinados conteúdos... (CAMPOS 1999, p. 142). Portanto, conclui-se que o trabalho investigativo com crianças mais novas apresenta características próprias. O objetivo da investigação com essa faixa etária é que os alunos desenvolvam a observação dos fatos da vida, comecem a identificar e elaborar os problemas ao seu redor, dando palpites para suas próprias indagações. ( CAMPOS, 1999). É importante que o docente não esqueça de que deve proporcionar às crianças mais novas a capacidade de conhecer e indagar mais sobre o mundo, adquirindo mais informações, compreendendo as coisas, fazendo previsões e até tentando explicá-las. ( CAMPOS, 1999). Campos destaca que: Cabe ao professor estar atento para o fato de que não é uma atividade prática isolada, mas todo um processo que inclui discussões e atividades intercaladas, que permite a formulação de ideias e a construção de teorias e conhecimentos sobre o problema que está sendo investigado. (CAMPOS, 1999, p. 153). Portanto, verifica-se que os autores destacam a importância da experimentação nas aulas de Ciências, e é notória a sua relevância para o sucesso do processo educativo, 18 favorecendo o desempenho dos alunos. Diante disto, o terceiro capítulo descreverá a pesquisa de campo realizada, cujo objetivo é verificar como os professores tem utilizado a experimentação em suas aulas de Ciências. 2.3 O que diz os PCNs de Ciências sobre experimentação Neste item pretende-se trazer a discussão sobre o que os PCNs de Ciências dizem sobre a utilização da experimentação nas aulas de Ciências. O documento aponta que o experimento desenvolvido pelas escolas atualmente é aquele constituído por uma atividade em que o professor segue um protocolo, uma receita ou guia, assim demonstra aos alunos o fenômeno decorrente desse experimento. O professor mostra aos alunos, e os alunos observam e acompanham o resultado. Mesmo o professor demonstrando o experimento o aluno pode ter uma participação primordial, desde que o professor solicite o auxílio do aluno e deixe que ele dê sua opinião sobre o experimento (BRASIL 2001 p. 122) O PCN destaca que a utilização do experimento nas aulas de ciências torna-se relevante quando os alunos podem manipular os materiais, intervir na atividade, assim o professor deve ter um cuidado maior ao realizar tal atividade, os cuidados devem ser discutidos com os alunos, fazendo com que eles entendam o que se pode fazer, assim também seguindo o mesmo protocolo do professor, que estará sempre mediando, todos os passos do experimento. (BRASIL, 2001, p.123). O PCN fala sobre desafios para experimentação principalmente quando os alunos são os construtores dos experimentos. Já a atuação dos professores, é maior nas situações precedentes: devem discutir com os alunos as definições dos problemas abordados, é importante que o professor converse com a classe sobre os materiais que são necessários para cada tipo de experimento e também como atuar testando as suposições que foram levantadas, por fim coletando e relacionando os resultados. (BRASIL, 2001, p. 123). O experimento torna-se mais importante quanto mais os alunos participam na confecção de seu guia ou protocolo. O PCN destaca também que os alunos devem realizar por si mesmos as ações sobre os materiais assim discutindo sobre os resultados, organizando e preparando anotações do que foi realizado. (BRASIL, 2001, p. 123). Para finalizar o documento destaca que é bastante comum os alunos terem as ideias, assim elas mudam os experimentos que são protocolados. Diz também que é preciso 19 incentivar a discussão das mesmas, e colocá-las em prática, sempre que possível, pois não é perda de tempo em trabalhar com isso. 20 CAPÍTULO 03 A PESQUISADE CAMPO Este capítulo tem como objetivo descrever a pesquisa de campo realizada bem como analisar os dados obtidos, a fim de responder a problematização do presente trabalho: O professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental – Ciclo I utiliza a experimentação como procedimento metodológico nas aulas de Ciências? Diante desta pergunta surgiram vários questionamentos que me intrigaram muito, são eles: • Os alunos se interessam muito pelas aulas de Ciências, principalmente em relação à experimentação, fazem perguntas questionam o professor? • Qual realmente é o interesse do professor em relação à experimentação, o quanto ele se interessa em utilizar este procedimento metodológico em suas aulas de Ciências? • Quais as dificuldades que o professor enfrenta para utilizar a experimentaçãoem seu cotidiano profissional? Tais questionamentos levaram-me a elaborar o questionário que apliquei aos professores com o intuito de investigar a prática pedagógica dos mesmos. Sendo assim, esta pesquisa de campo foi realizada em uma escola municipal da cidade de Capivari de Ensino Fundamental – Ciclo I. O procedimento metodológico utilizado para a coleta de dados foi a elaboração de um questionário a ser respondido pelo professor. Foram entregues 20 questionários para professores de diferentes séries do ensino fundamental – ciclo I, foram devolvidos 13 questionários, todos respondidos. O questionário apresentava oito questões, em que foi perguntado sobre a formação acadêmica, tempo de magistério, condições de trabalho, se ela utiliza a experimentação em suas aulas bem como as dificuldades que enfrenta. Em relação à formação acadêmica dos professores pesquisados constatou-se que dos treze questionários respondidos, dez professoras possuem o ensino superior e três não possuem, tendo somente o magistério. 21 Tempo de Magistério Número de professoras 0 a 5 anos 01 10 a 20 anos 06 Acima de 20 anos 06 Verificou-se também que a maioria dos professores pesquisados trabalha em uma escola. Todos os professores pesquisados trabalhavam exclusivamente na rede pública. Após a caracterização do público pesquisado, as perguntas trazem questionamentos referentes a prática pedagógica relacionada ao ensino de Ciências, especificamente a utilização da experimentação. A primeira questão é: Quantas vezes por semana você trabalha com temas relacionados ao ensino de Ciências em suas aulas? As respostas obtidas foram: Frequência do trabalho com ensino de ciências Número de professoras 02 vezes na semana 09 02 a 03 vezes na semana 02 Todos os dias 02 Constatou-se, então que a maioria dos pesquisados alegam que trabalham duas vezes na semana com a disciplina de Ciências. A segunda questão: Os alunos interessam-se pelo ensino de Ciências? O interesse dos alunos pelo ensino de ciências Número de professoras Sim, todos 12 Não 0 Alguns 1 22 Nesta questão os professores apontam o grande interesse dos alunos pelo ensino de Ciências. A terceira questão: Quais as estratégias de ensino que você utiliza quando trabalha com o ensino de Ciências? Verificou-se que a maioria dos docentes investigados dizem utilizar em seu trabalho com a disciplina de Ciências a pesquisa e a realização de experiências. A quarta questão: Você trabalha experimentação com seus alunos? Se sim, quantas vezes por semana? Trabalha experimentação. Quantas vezes por semana? Número de professoras Sim, 1 vez por semana 4 Sim, somente quando a apostila pede 8 Não 1 Analisando os resultados encontrados nesta questão verifica-se que os docentes alegam trabalhar com a experimentação somente quando a apostila solicita, mostrando assim que o mesmo segue o material apostilado. A quinta questão: Como os alunos reagem em relação às experiências em sala de aula? Quais são os resultados que você obtém? Quais estratégias usadas para trabalhar o ensino de ciências Números de professoras Pesquisas, experiências 8 Aulas expositivas 3 Só utilizo a apostila 2 23 Como os alunos reagem com as experiências? Número de professoras Há muito interesse, todos participam. 11 Há interesse só em alguns experimentos 2 Não há interesse 0 A maioria dos professores destaca que há muito envolvimento dos alunos nas aulas em que há a experimentação e que os alunos participam, envolvem-se mais. A sexta questão: Como você trabalha com a experimentação na sala de aula? Como é trabalhada a experimentação em sala de aula? Número de professoras Sigo a apostila 4 Sigo a apostila, mas adapto conforme a realidade 6 Distribuição de materiais 3 Os professores apontam a grande influência que o material apostilado tem em seu trabalho pedagógico, pois a maioria destacou que segue a apostila. A sétima questão: Qual a maior dificuldade que você tem ao trabalhar com os experimentos em sala de aula? Qual a maior dificuldade em trabalhar com experimentos em sala de aula? Números de professoras Falta de materiais e espaço 9 Desinteresse dos alunos 0 Não encontro dificuldades 4 Em relação às dificuldades enfrentadas, a maioria dos docentes investigados alega ser a ausência de materiais e espaço adequado para a realização dos experimentos. 24 A oitava questão: Quais são os aspectos facilitadores da experimentação para a aprendizagem do aluno? Aspectos facilitadores para a aprendizagem dos alunos? Número de professoras Aulas práticas 9 Aulas teóricas 4 Não utilizo aulas praticas 0 Por fim, a maioria dos docentes coloca que aulas práticas são agentes facilitadores do processo ensino e aprendizagem. Conclui-se, então que os professores trabalham com a disciplina de Ciências em sua grade curricular trabalha duas vezes na semana, pois a relevância do processo educativo é voltada para a alfabetização e o ensino da Matemática, não há a multi ou interdisciplinaridade nas disciplinas. Outro aspecto marcante nos resultados encontrados é que o professor prende- se, ou seja, planeja seu trabalho tendo como guia o material apostilado, criando pouco e deixa de planejar ações pedagógicas coerentes com a realidade e necessidade didático-pedagógica dos educandos. Os professores na pesquisa de campo apontaram como dificuldades em utilizar os experimentos como procedimentos metodológicos a ausência de recursos, materiais para os experimentos e a falta de laboratórios. 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a realização do presente trabalho constatou-se que a disciplina de Ciências chama a atenção das crianças, pois desperta a curiosidade das mesmas, aborda assuntos relacionados ao cotidiano das mesmas, como saúde, corpo humano, animais, plantas, entre outros temas. Verificou-se também que há um grande interesse e envolvimento dos alunos que o professor utiliza a experimentação em suas aulas, favorecendo o processo educativo. Constatou-se após os estudos aqui realizados que o professor tem espaço para trabalhar com seus alunos de diferentes formas, cujo objetivo é levar o aluno a participar ativamente das aulas, interessando-se pelas experimentações realizadas pelos professores. Porém, constata-se que muitos professores apresentam dificuldades para desenvolver tal prática em seu cotidiano profissional, isso ocorre devido a vários fatores, tais como, indisciplina dos alunos, ausência de materiais e espaço adequado (laboratório) e o material apostilado. Viu-se que os professores que ministram aulas para os anos iniciais do Ensino Fundamental utilizam a experimentação em suas aulas, porém com baixa freqüência e tendo como guia o material apostilado. Verificou-se que o professor prende-se, ou seja, planeja seu trabalho tendo como guia o material apostilado, criando pouco e deixa de planejar ações pedagógicas coerentes com a realidade e necessidade didático-pedagógica dos educandos. A maioria dos professores investigados utiliza o material apostilado como um manual, seguindo-o a risca. Os professores na pesquisa de campo apontaram como dificuldades em utilizar os experimentos como procedimentos metodológicos a ausência de recursos, materiais para os experimentos e ausência de laboratórios. Pareceu-nos que o docente não percebe que o experimento pode ser realizado em outros espaços e que a ausência do laboratório não é um impedimento para a realização de experimentos. Portanto, conclui-seser pertinente à realização de um processo de formação continuada docente que leve o professor a investigar a própria pedagógica e busque caminhos para construção de práticas coerentes à realidade e necessidades dos educando 26 REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências. Brasilia, DF: Senado Federal, 2001 BIZZO, N. Ciências: Fácil ou Difícil. São Paulo: Ática, 2000. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 2000. FRACALANZA. H. O Ensino de Ciências no primeiro Grau. São Paulo: Atual, 1986. FRACALANZA, H.; MEGID NETO, J. O Livro Didático de Ciências no Brasil. Campinas: Komedi, 2006. 27 APÊNDICE QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE CAMPO Os dados serão utilizados para pesquisas e elaboração de Monografia de Conclusão de Curso de Pedagogia da Faculdade Cenecista de Capivari-SP . Fez Magistério: ( ) Sim ( ) Não Ensino Superior : ( ) Sim ( ) Não -Curso: ________________ Especialização : ( ) Sim ( ) Não Curso : ___________________________________________________ Tempo que atua no magistério :_________________________________ Quantas escolas você trabalha ? _______________________________ Trabalha : ( ) na rede pública ( ) na privada ( ) em ambas 1. Quantas vezes por semana você trabalha com temas relacionados ao ensino de Ciências em suas aulas? 2. Os alunos interessam-se pelo ensino de Ciências? 3. Quais as estratégias de ensino que você utiliza quando trabalha com o ensino de Ciências? 4. Você trabalha experimentação com os seus alunos? Se sim, quantas vezes por semana? 5. Como os alunos reagem com as experiências em sala de aula? Quais os resultados você obtém? 6. Como você trabalha com a experimentação na sala de aula? 7. Qual a maior dificuldade que você tem ao trabalhar com os experimentos em sala de aula? 8. Quais são os aspectos facilitadores da experimentação para a aprendizagem dos alunos?
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