Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: uma ação interdisciplinar ESTEVÃO, ANA CECÍLIA ESTEVÃO. (1); CARDOSO, EVA PRISCILA. (2) 1. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Departamento de Engenharia civil e Meio ambiente. Rua Santa Rita 900 - Santa Rita - Curvelo – MG anacestevao@yahoo.com.br 2. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Aluna da graduação em Engenharia civil Rua Santa Rita 900 - Santa Rita - Curvelo – MG pry_dtna@hotmail.com RESUMO Ao longo dos anos vários programas voltados para a Habitação de Interesse Social (HIS) foram realizados no Brasil. No entanto, na maioria das vezes, as produções habitacionais decorrentes destes programas reproduziram modelos inadequados, que podem ser classificados como “depósitos de prédios” em áreas isoladas e sem humanização dos espaços, tirando dos moradores a urbanidade. Em Minas Gerais esse processo não é diferente do restante do país. O objetivo deste artigo é estudar a produção da HIS no estado de Minas Gerais. A metodologia envolve revisão bibliográfica, pesquisas nos sites de prefeituras municipais e entrevistas com arquitetos, engenheiros e moradores de conjuntos habitacionais. Buscou-se através deste levantamento analisar a forma como se deu a produção habitacional no estado, quais os seus avanços e a relação entre arquitetos, engenheiros e órgãos públicos responsáveis pela HIS nos municípios. A partir desta análise pretende-se contribuir para uma mudança de estratégia projetual que possibilite espaços mais humanizados e integrados com as preexistências, que não se limitem a resolver as questões construtivas, mas se preocupem com a garantia do direito constitucional à moradia digna. Através de uma ação interdisciplinar direcionada à apropriação dos espaços planejados por parte dos moradores, a produção habitacional no estado e no país poderá alcançar a tão almejada inclusão social. Palavras-chave: Habitação de interesse social; interdisciplinaridade, moradia digna. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: uma ação interdisciplinar Ao longo dos anos vários programas voltados para a Habitação de Interesse Social (HIS) foram realizados no Brasil. No entanto, na maioria das vezes, as produções habitacionais decorrentes destes programas reproduziram modelos inadequados, que podem ser classificados como “depósitos de prédios” em áreas isoladas e sem humanização dos HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 espaços, tirando dos moradores a urbanidade. Em Minas Gerais esse processo não é diferente do restante do país. O objetivo deste trabalho é estudar a produção da HIS no estado de Minas Gerais. Buscou- se através deste levantamento analisar a forma como se deu a produção habitacional no estado, quais os seus avanços e a relação entre arquitetos, engenheiros e órgãos públicos responsáveis pela HIS nos municípios. A metodologia envolve revisão bibliográfica sobre HIS no Brasil com vistas a conhecer quais foram os programas habitacionais ao longo dos anos e como eles interferiram na qualidade habitacional no país, também sobre o conceito de moradia digna buscando descrever o que a caracteriza e todas as questões a serem consideradas no momento de sua produção e,por fim, sobre a interdisciplinaridade com vistas a caracterizá-la como inerente à produção da HIS e, portanto, necessariamente, objeto de estudo quando atemática se tratar de moradia digna de interesse social. Foram realizadas pesquisas em sites e entrevistas com arquitetos, engenheiros e moradores de conjuntos habitacionais buscando investigar de que maneira acontecem as relações entre estes atores e como essa ação interdisciplinar contribui para a produção da moradia digna. Este trabalho é parte de um conjunto de estudos para capacitar e subsidiar a equipe do Núcleo de Orientação para Sustentabilidade (NOS), que é um grupo formado por alunos e professores do CEFET-MG, unidade Curvelo, que tem como principal objetivo a implantação de um escritório para prestação do serviço de engenharia pública no município de Curvelo, contribuindo desta forma para desenvolvimento sustentável da cidade e de toda a região. Habitação de Interesse social no Brasil O processo de urbanização do Brasil teve início na passagem do Império para a República, quando o número de estabelecimentos comerciais aumentou, sendo a maioria deles situados nas cidades. Naquele momento, o urbano começou a adquirir maior importância na economia do país. No entanto, a política urbana àquela época buscava a manutenção do modelo agrário-exportador e cidades, tais como o Rio de Janeiro, foram remodeladas para atrair o investidor estrangeiro. Para tal, casarões, utilizados como pensões para as classes populares, foram demolidos, o que gerou um grande aumento nos preços dos aluguéis. Essa política expulsou dos centros urbanos as classes populares e teve início a divisão do espaço entre centro e periferia. (BOTEGA, 2007). HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 Em adição, o processo de industrialização nas cidades, tais como São Paulo, se deu mediante a construção das fábricas distantes dos centros urbanos, em locais sem infraestrutura e transporte, obrigando a transferência da moradia dos operários para regiões próximas às fábricas, surgindo assim as Vilas Operárias. A inexistência de um adequado planejamento urbano resultou em terrenos ocupados por construções irregulares, desenvolvimento de loteamentos clandestinos e ausência de lei que gerenciasse esse processo (ARRUDA, 2007). Nos anos de 1937 a 1945, no período do governo de Getúlio Vargas, o Estado brasileiro passou a interferir no mercado habitacional. A política da habitação consistia na oferta de crédito para a aquisição da casa própria. Desse período, cabe citar o Decreto-Lei do Inquilinato, de 1942, que congelou os aluguéis até 1964 e a criação das Carteiras Prediais dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), em 1937. Os IAP’s merecem destaque pela qualidade e dimensão dos projetos, criando novas tipologias, propostas urbanísticas inovadoras e difundindo um novo modo de morar (BONDUKI, 2008; BOTEGA, 2007). Em 1946, foi criada a Fundação da Casa Popular, a primeira ação governamental voltada exclusivamente à habitação social no Brasil. Destinava-se ao financiamento da construção das habitações e à disseminação de informações sobre barateamento de imóveis. O Sistema Financeiro de Habitação (SFH) foi criado em 1964, juntamente com o Banco Nacional de Habitação (BNH), cuja proposta era estimular a construção de habitações de interesse social, e o financiamento da casa própria para as classes de baixa renda (BOTEGA, 2007). Em 1967, o BNH era uma das principais instituições financeiras do país e a maior instituição mundial voltada especificamente para o problema da habitação. Construiu milhares de unidades habitacionais no país destinadas à população de baixa renda, no entanto, tais habitações possuíam uma arquitetura padronizada e desqualificada e o montante alcançado estava muito aquém do déficit gerado pelo processo de urbanização (BONDUKI, 2010). Segundo Bonduki (2003), a estratégia do BNH beneficiou, em curto prazo, a construção civil, o que seria positivo, se tivesse contribuído para enfrentar o problema a que o órgão se propunha. O BNH voltou todos os recursos para a produção da casa própria, construída pelo sistema formal da construção civil, não desenvolveu qualquer ação para apoiar a produção de moradia por processos alternativos, incorporando a participação popular. A consequência foi a produção da habitação pelo processo da autoconstrução, resultando em moradias irregulares em áreassem infraestrutura adequada. O que demonstra que estas políticas não sanaram o problema do déficit habitacional do país. Kowarick (apud Botega, 2007) ressalta que 80% dos empréstimos do BNH foram direcionados para as classes média e alta HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 contemplando famílias de até 12 salários mínimos tendo desta forma o seu objetivo desvirtuado. Em 1986, o BNH foi extinto, nessa década e na seguinte, os problemas de habitação nas cidades aumentaram em decorrência da redução do financiamento, concomitante ao empobrecimento da população urbana (BONDUKI, 2003). A partir da extinção do BNH, a Caixa Econômica Federal (CAIXA) incorporou a política habitacional que passou a ser uma política setorial em uma instituição que não possuía nenhuma experiência em relação ao tema. Nos quatro anos seguintes, a política urbana e habitacional passou por um período de confusão institucional com várias reformulações, gerando descontinuidade e ausência de estratégia (BOTEGA, 2007). No governo Collor, que teve início em 1990, houve um aprofundamento da crise habitacional. Os programas habitacionais eram controlados pelo Ministério da Ação Social. Pode-se destacar o Plano de Ação Imediata para a Habitação que pretendia a construção de 245 mil casas em 180 dias. As metas não foram atingidas, o custo aumentou e os recursos não foram liberados (ARRUDA, 2007). O período denominado pós-BNH foi marcado por programas habitacionais financiados através de fontes alternativas. Estados e municípios tentaram ocupar de forma criativa a grave lacuna deixada pela ausência de uma política nacional de habitação. Os programas adotavam uma perspectiva mais social, com práticas tradicionais entre a população de baixa renda, como o mutirão e projetos de interesse urbanístico (BONDUKI, 2010). No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), foram criados programas de financiamento voltados ao beneficiário final, as Cartas de Crédito Individual e Associativa, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). As modalidades dessas cartas de crédito que mais se destacaram foram o financiamento de material de construção e a aquisição de imóveis usados. Voltado para o poder público, foi criado o programa Pró- Moradia e, para o setor privado, o programa Apoio à Produção. Em 1999, o governo federal criou um programa para a produção de unidades novas para arrendamento, com recursos do FGTS e de origem fiscal, o Programa de Arrendamento Residencial (PAR). No entanto, nessas alternativas, o baixo valor do financiamento e a ausência de assessoria técnica para a obra não permitiram condições adequadas de habitabilidade (BONDUKI, 2010). Após tantas tentativas e poucos resultados, a primeira década do século XXI foi marcada por uma conquista fundamental quanto ao direito à moradia digna. Em 2000, a moradia foi considerada direito social, a partir de uma emenda constitucional (ARRUDA, 2007). HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 No ano de 2005, cabe citar a aprovação da Lei 11.124 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e institui o Conselho Gestor do FNHIS. O SNHIS tem como objetivos viabilizar habitação digna e sustentável à população de menor renda, além de implementar políticas e programas de investimentos e subsídios. Através do FNHIS são centralizados e gerenciados os recursos orçamentários para os programas estruturados pelo SNHIS. Finalizando este breve histórico, cabe citar o pacote habitacional proposto pelo governo de Lula, em 2009. O programa “Minha Casa Minha vida” (PMCMV)teve como meta a construção de um milhão de moradias para atender a população de zero a dez salários mínimos. A proposta era que a imensa demanda de moradia começasse a ser regularmente atendida pelo mercado. Para as famílias com renda de até três salários mínimos, a modalidade operacional utilizada seria o PAR, o subsídio concedido equivaleria a 400 mil moradias e as condições de retorno adotadas seriam de 180 parcelas de 10% da renda. Para as famílias de três a dez salários mínimos, seriam utilizados programas do FGTS (Carta de Crédito e Apoio à Produção) e seriam concedidas melhores condições de financiamento (MINHA CASA MINHA VIDA, 2009). O programa PMCMV foi criticado por sua forma de operação e por estar fora do SNHIS e do FNHIS instâncias que poderiam promover o controle a participação social. Ainda assim em 2011, no governo Dilma, o PMCMV continuou a ser utilizado como forte estratégia para resolução do problema habitacional. Para operacionalização do programa são realizadas parcerias com Estados, Municípios e empresas e entidades sem fins lucrativos. Os critérios de seleção das famílias são renda de até R$5.000/mês, não possuir casa própria ou financiamento e não ter sido contemplado por benefício habitacional do governo anteriormente. O cadastramento de beneficiários acontece através da prefeitura municipal (RUBIN, BOLFE, 2014, p.211). Segundo estas mesmas autoras o PMCMV recebe críticas bem semelhantes às recebidas pela produção habitacional do extinto BNH. Ambos os programas produziram conjuntos habitacionais sem qualidade urbanística e/ou arquitetônica com o objetivo prioritário de produzir o maior número possível de unidades habitacionais e, claramente, sem a devida atenção para produção de moradia digna em todos os aspectos que a caracterizam. Conceito de moradia digna A Constituição Federal (1988) define como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 e a assistência aos desamparados. Segundo Piovesan (2004), os direitos sociais são autênticos e verdadeiros direitos fundamentais, portanto, devem ser reivindicados como tais e não como caridade, generosidade ou compaixão. Levi (2010) acrescenta que os direitos sociais não devem ser buscados de maneira a garantir apenas a existência humana, mas sim uma vida digna, ou seja, uma vida saudável, em um meio equilibrado. O tamanho e a qualidade das habitações influenciam diretamente na saúde, segurança e privacidade de seus habitantes. Sua localização é determinante para o acesso ao emprego e aos serviços públicos e é o local onde são providas as demais necessidades básicas e, dessa forma, a moradia digna figura como uma das necessidades mais básicas do indivíduo (BARBO; SHIMBO; 2006). A produção da HIS deve garantir o direito à moradia digna que é aquela em que se vive com qualidade de vida e, para que isso seja alcançado, é necessário que a habitação esteja inserida em um ambiente sadio e equilibrado. Tal direito não se restringe à casa, engloba o acesso à terra urbana, à infraestrutura, ao saneamento ambiental, à mobilidade e ao transporte coletivo, aos equipamentos e serviços urbanos e sociais, ao trabalho e ao lazer, ou seja, o direito às cidades sustentáveis (LEVI, 2010). Saule (apud LEVI, 2010) afirma que moradia digna “é aquela que engloba segurança jurídica da posse, disponibilidade de serviços e infraestrutura, custos da moradia acessível, habitabilidade, acessibilidade, localização e adequação cultural”. Segundo Costa (2007), a única forma de se alcançar o direito à moradia digna é através da aplicação dos direitos sociais, otimizando as regras que dispõem sobre esses direitos, considerando a dignidade de forma coletiva e também individual. Todos devem ter acesso de forma igualitária e, para tal, será necessária a intervençãodo estado, garantindo aos grupos sociais vulneráveis o acesso a esse direito. Alguns documentos internacionais falam sobre o tema, procurando definir padrões de adequabilidade para as moradias. O Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em seu artigo 11, reconhece o direito de todas as pessoas a um nível de vida suficiente, incluindo alojamento. O Comentário Geral nº 04, do Comitê dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, é relativo ao artigo 11 do pacto e trata do direito à moradia adequada. A seguir são sintetizadas suas recomendações (OFFICE OF THE HIGHT COMISSIONER FOR HUMAN RIGHTS, 1991): O direito à habitação deve ser tratado de forma extensiva e não se reduzir ao fato de se ter um teto. Além disso, todas as pessoas devem ter acesso à habitação, independentemente de sua renda. A habitação digna foi definida pela Comissão de HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 Assentamentos Humanos e da Estratégia Global para Habitação, no ano de 2000, como “... privacidade adequada, espaço suficiente e segurança adequada, iluminação e ventilação adequados, infraestrutura básica adequada e localização adequada no que diz respeito ao trabalho e instalações básicas – tudo a um custo razoável.” Desta forma, a adequação da habitação deve ser inerente ao alcance de uma habitação digna; Independente do contexto específico de cada país, cujas particularidades devem ser observadas, alguns aspectos podem ser considerados de forma geral para a adequação da habitação, são eles: A segurança jurídica da posse; A disponibilidade de serviços, materiais, instalações e infraestrutura, tais como água e esgoto tratado, energia elétrica, coleta de lixo e drenagem local; O comprometimento adequado da renda para acesso à habitação; Habitabilidade segundo os princípios de saúde da habitação, elaborados pela Organização Mundial de Saúde; Acessibilidade a todos os grupos sociais, em especial os desfavorecidos; Localização que permita o acesso às opções de emprego, serviços de saúde, escolas e demais serviços sociais, além de condições que propiciem uma vida saudável; Adequação cultural. A Declaração de Vancouver e a Declaração de Istambul para Assentamentos Humanos e as respectivas agendas, Habitat I e II, são também documentos internacionais que visam a proporcionar o melhoramento do padrão de vida, através da solução de problemas relacionados à questão da moradia. Dessa forma, o conceito de moradia digna, reconhecido internacionalmente, é interdisciplinar, pois considera questões relacionadas ao direito urbanístico, à saúde das habitações e, consequentemente, de seus habitantes, ao adequado planejamento urbano das cidades e à utilização de tecnologias construtivas que busquem maior sustentabilidade e custos acessíveis para as habitações. Interdisciplinaridade na produção de Habitação de Interesse Social Segundo Thomsen (2005), a interdisciplinaridade é composta por vários saberes, buscando como objetivo final um novo saber compartilhado. Especialistas de várias áreas analisam HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 determinado problema e, através de um trabalho em equipe, geram soluções que se inter- relacionam. Alguns termos expressam idéias muito próximas ao conceito de interdisciplinaridade. Podemos citar multidisciplinaridade: ação simultânea de várias disciplinas em torno de uma temática em comum, e pluridisciplinaridade, que difere da anterior, por promover uma inter- relação entre as disciplinas que tratam de uma mesma temática. A interdisciplinaridade se difere dessa última à medida que apresenta uma coordenação neutra, possibilitando a harmonia entre os envolvidos (THOMSEN, 2005). Para que os objetivos da interdisciplinaridade sejam alcançados, os participantes do processo devem estabelecer critérios precisos para análise do problema, evitando que o resultado final seja a enumeração de semelhanças e diferenças ou a simples justaposição dos saberes (MARTIN, 1988 apud SAMPAIO et. al., 1994, p.53). A qualidade da habitação tem relação direta com a qualidade do ambiente urbano no qual está inserida. Thomsen (2005) afirma que a abordagem do problema urbano através de uma visão unidisciplinar fragmenta o objeto em estudo, ao adotar um ponto de vista particular. A produção da HIS envolve arquitetos ou engenheiros na elaboração dos projetos e acompanhamento da obra. Envolve também profissionais da prefeitura responsáveis pela política habitacional no município. Segundo a Política Nacional de Habitação, todos os projetos habitacionais devem conter o Projeto de Trabalho Social elaborado por assistentes sociais, psicólogos ou outros profissionais de áreas afins. Desta forma, se faz necessário uma ação interdisciplinar. O trabalho do técnico social é fundamental na produção da habitação de interesse social, à medida que harmoniza as relações entre os envolvidos no processo. Em muitos casos as habitações são construídas em regime de mutirão o que exige uma interação positiva entre os beneficiários, e destes com a assistência técnica, para garantir um bom andamento das atividades. Dentro do canteiro de obras, o papel do técnico social é melhorar a qualidade do trabalho, minimizar os conflitos e maximizar a boa relação (NASCIMENTO, 2007). Outro aspecto a ser ressaltado é a conscientização a ser feita com os beneficiários quanto aos seus direitos e deveres, tanto durante o processo como na pós-ocupação. A partir da construção das habitações, será formada uma nova comunidade e deverá ser incentivada a formação de representações políticas, os moradores deverão ser preparados para a nova forma de morar, dentro da formalidade, o que implica em novos deveres como, por exemplo, pagamentos de taxas para fornecimento de energia, impostos, dentre outros. HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 A presença do técnico social na produção de HIS é ainda reforçada pela necessidade de se garantir a participação do beneficiário em todas as etapas do processo. A formação desses profissionais possibilita o uso de estratégias adequadas para fortalecer a identidade do grupo de beneficiários, fazer com que se sintam valorizados e mediar as discussões entre eles e os demais atores envolvidos. A interação entre esses profissionais deve acontecer para que o objetivo final comum, que é a garantia à moradia digna, seja alcançado através da competência de cada profissional em sua área e que o resultado final não seja uma simples justaposição, mas sim um novo saber compartilhado. Metodologia A metodologia aqui adotada envolve uma revisão bibliográfica sobre a HIS no Brasil, o conceito de moradia digna e a interdisciplinaridade existente em sua produção. Para essa revisão foram feitas pesquisas em teses, dissertações e artigos. Na primeira fase deste estudo foi realizado um recorte que selecionou municípios que possuem conjuntos habitacionais produzidos pela Companhia de Habitação do Estado de Minas (COHABMINAS)e que tem entre 55mil e 100mil habitantes. Este recorte possibilitou a análise do município de Curvelo, onde esta localizada a unidade do CEFET- MG na qual se realiza o estudo aqui proposto. Posteriormente serão estudados os demais municípios ampliando a análise a que este estudo se propõe. Depois de feito o recorte foi pesquisado no site da COHABMINAS, a relação dos números de telefone e endereços das prefeituras das cidades que se encaixavam no recorte para a realização das entrevistas. O objetivofoi entrevistar profissionais da prefeitura responsáveis pelapolítica habitacional, engenheiros ou arquitetos responsáveis pela elaboração e/ou execução do projeto e os moradores dos conjuntos habitacionais. Os contatos dos engenheiros foram fornecidos pelas prefeituras, o dos moradores foi pesquisado em catálogos telefônicos, fornecido por conhecidos e com alguns moradores se deu pessoalmente. Para estas entrevistas foram elaborados questionários levando em consideração a definição de moradia digna feita pela Comissão de Assentamentos Humanos e da Estratégia Global para Habitação, no ano de 2000, que diz: “... privacidade adequada, espaço suficiente e segurança adequada, iluminação e ventilação adequados, infra-estrutura básica adequada e HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 localização adequada no que diz respeito ao trabalho e instalações básicas – tudo a um custo razoável”. O questionário utilizado na entrevista com os profissionais da prefeitura foi organizado em perguntas que buscavam aferir:a relação da prefeitura com o projeto, quais profissionais envolvidos,quantos e qual o mais recente conjunto habitacional existente na cidade,se o mais recente estava inserido na malha urbana, como era realizada a seleção das famílias beneficiárias e o perfil das mesmas. Buscou-se também analisar a infraestrutura dos conjuntos, se os mesmos tinham esgotamento sanitário, abastecimento de energia, drenagem da água da chuva, área de lazer, pontos de ônibus, hospitais entre outros. O questionário utilizado na entrevista com os engenheiros teve o intuito de saber se o projeto e o local de implantação foi escolha da prefeitura ou da construtora, se teve algum contado do morador com o projeto antes de sua execução, se os projetos se enquadravam nas necessidades de cada família, se era interessante do ponto de vista do profissional este tipo de empreendimento e o que poderia melhorar para tornar empreendimentos de HIS mais atraentes para as construtoras e engenheiros. O questionário utilizado na entrevista com o morador teve como objetivo analisar a satisfação com a moradia e sua adequada inserção no contexto urbano, avaliando então a produção ou não de uma moradia digna e a consequente inclusão social da família beneficiária. As perguntas buscaram identificar a satisfação do mesmo com o tamanho e localização de sua moradia, se no local havia rede de esgoto, abastecimento de água e acesso a transporte público, ao trabalho, escola, unidades de saúde e áreas de lazer. Discussão dos resultados O recorte realizado selecionou os seguintes municípios: Novo Lima, Esmeraldas, Curvelo, São João Del Rei, Três Corações, Cataguases, São Sebastião do Paraíso, Januária, Frutal, São Francisco e Pirapora. Na realização das entrevistas houve uma grande dificuldade. Foi difícil conseguir estabelecer contato com os profissionais responsáveis e quando isso foi possível houve desinteresse e/ou falta de conhecimento sobre o assunto atrasando o cronograma inicial estabelecido para esta pesquisa. Desta forma os resultados apresentados aqui são parciais, sendo parte de uma pesquisa em andamento. Foram realizadas 5 entrevistas com profissionais nas prefeituras, um entrevistas com engenheiros de construtoras e três entrevistas com moradores. 15 profissionais entre HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 prefeituras e construtoras já formam contatados e o questionário foi enviado para resposta online. Nos municípios nos quais já foram realizadas as entrevistas com os profissionais da prefeitura responsáveis pela politica habitacional pode-se perceber que,na grande maioria, estavam envolvidos no empreendimento engenheiros, arquitetos e assistentes sociais. Apenas em um deles não houve a participação da assistência social. O perfil das famílias beneficiadas segue o mesmo padrão sendo famílias de baixa renda, com salário máximo de até três salários mínimos. Na maioria dos municípios entrevistados a renda máxima era de R$1.600,00 (mil e seiscentos reais). Em um dos municípios 50% das famílias beneficiadas tinham renda de até um quarto do salário mínimo. Outra característica comum nos municípios é a preferência de concessão do benefício dada às mulheres chefes de família, às famílias que tem como integrantes pessoas com deficiência e aos idosos. Em um dos municípios incluiu-se no critério de seleção prioritária famílias residentes em áreas de risco por características próprias do município.Pode-se notar um esforço por parte das prefeituras em garantir o acesso ao benefício por parte de grupos sociais mais desfavorecidos. Todos os municípios entrevistados possuem mais de dois conjuntos habitacionais já entregues, mostrando assim que a prefeitura já deveria estar habituada com esse tipo de empreendimento. Porém durante as entrevistas foi possível notar que, por parte dos profissionais das prefeituras, ainda há uma falta de conhecimentoao se tratar de assuntos como: a área da unidade habitacional, quais os cômodos e como acontece a relação entre responsável técnico pelo projeto/obra, a prefeitura e o beneficiário. Sugerindo que os responsáveis pela politica habitacional não se preocupam em adequar as características da unidade habitacional às demandas de área e setorização da habitação das famílias beneficiárias. Segundo a entrevista nas prefeituras os conjuntos habitacionais possuem esgotamento sanitário, abastecimento de energia, drenagem da água da chuva, acesso a transporte público e alguns equipamentos de uso comum como: área de lazer, espaço comunitário, quadra esportiva, playground. Ao se perguntar se existia uma avaliação do projeto em relação à ventilação e iluminação adequada, área suficiente dos cômodos, pé direito confortável, dentre outros, a maioria das respostas foram positivas, havendo dois entrevistados que não souberam responder. Em relação à inserção dos moradores desses conjuntos habitacionais na área urbana do município, segundo os entrevistados a maioria dos conjuntos estão bem localizados, possuindo escolas, hospitais, creches, comércios e serviços próximos ao mesmo. Apesar de HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 estar próximo, em um dos municípios foi apontada a necessidade da construção de equipamentos tais como: escolas e unidade básica de saúde, para facilitar o acesso das famílias beneficiárias. Em apenas um dos municípios entrevistados foi apontada a existência de fiscalização por parte da prefeitura para garantir a qualidade da habitação e do conjunto como um todo. Em outro foi relatado que acontecerá mediante contratação de serviços externos à prefeitura. Em relação ao trabalho pré e pós morar, que são ações que visam preparar as famílias beneficiárias ao novo modo de morar e proporcionar a sua efetiva integração à nova realidade habitacional, as entrevistas indicam que ocorreu em dois municípios. Em um dos municípios entrevistados não houve por falta de comunicação com a assistência social e em outro não ouve pré morar, mas será realizado o pós morar. Nas entrevistas com as construtoras através dos engenheiros responsáveis pelo empreendimento houve grande dificuldade para obtenção das respostas sendo possível apresentar os resultados de apenas uma entrevista. Através das respostas fornecidas por esse profissional, temos que o mesmo não sabe quem elaborou o projeto e que a implantação dos conjuntos é escolhida pela prefeitura. Segundo o profissional a técnica construtiva adotada foi a alvenaria estrutural e as condições do conjunto habitacional em relação a área, iluminação, ventilação e acesso a infraestrutura são satisfatórias. Durante aentrevista o profissional afirmou que não houve discussão com os moradores sobre o projeto e que o mesmo já vem pronto, e que provavelmente não existiram estudos para buscar um projeto mais adequado à realidade das famílias. Quando perguntado sobre a inserção do conjunto no contexto urbano do município, com acesso a serviços, comércio, lazer e equipamentos de saúde a resposta foi positiva, alegando ser uma exigência da CAIXA. O profissional relatou que para construtores e engenheiros é interessante, do ponto de vista econômico, construir este tipo de empreendimento. Porém poderia haver uma melhora nos preços e diminuição de impostos para possibilitar a melhoria da qualidade habitacional e possibilitar o interesse de um número maior de construtoras. As entrevistas com os moradores dos conjuntos habitacionais possibilitaram a obtenção das respostas com muito mais facilidade. Sobre o tamanho da habitação a maioria alegou que estava satisfeito, porém admitiram que foi necessário ampliá-la destacando que “isso poderia melhorar”. Um dos moradores destacou que “quem projeta esse tipo de residência HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 não mora nela”.Quando foram questionados sobre iluminação e ventilação da unidade habitacional relataram que a luminosidade é muito boa, porém a residência é muito quente. Em relação ao acesso ao trabalho, equipamentos de saúde, lazer, comércio e serviços, uma moradora relatou que em seu conjunto existem todos estes equipamentos próximos com possibilidade de acesso através de caminhadas. Porém os outros entrevistados alegaram não existir nada próximo, um deles ressaltou sentir falta principalmente de escola para seus filhos, alegando que caminham distâncias muito longas para chegar à instituição de ensino mais próxima. Em relação à existência de esgoto, iluminação, abastecimento de água e asfalto, todos disseram que o conjunto possuía todos os itens funcionando em bom estado. Em relação ao transporte público a grande maioria disse existir pontos de parada próximos as suas residências, porém um morador alegou seu mau funcionamento aos finais de semana. Todos os entrevistados disseram que o valor pago pela habitação estava de acordo com a sua capacidade de comprometimento da renda. Nenhum dos moradores entrevistados participou de espaços democráticos de discussão do projeto e do empreendimento como um todo para contribuir com sua opiniãode melhoria ou para explicitar alguma necessidade em relação à moradia. Quando foram questionados sobre a satisfação com a nova forma de moradia a maioria respondeu positivamente. Apenas um dos moradores declarou não estar satisfeito e com a pretensão de buscar outro local para moradia. Quando perguntados sobre a inclusão social proporcionada pelo acesso à moradia as respostas foram variadas: “sim”, “mais ou menos, me sinto incluído por ter uma casa mas excluído porque minha casa é distante dos comércios, escolas, do meu trabalho” e “me sinto excluído, esquecido mesmo”. Considerações finais Este trabalho permitiu uma maior compreensão a cerca dos programas habitacionais ao longo dos anos no Brasil e das características das habitações produzidas por eles. A melhor referência revisada em relação à qualidade habitacional é a produção dos IAP’s que ofereciam projetos de unidades habitacionais amplas, diferenciadas e inseridas no contexto urbano das cidades. HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 O programa mais recente, ainda em implantação, o PMCMV, tem uma preocupação com a produção habitacional em números não estando esta produção atrelada a qualidade habitacional, repetindo erros do extinto BNH. A moradia digna, direito constitucional, envolve a garantia de muitos aspectos a citar a privacidade adequada, espaço suficiente, iluminação e ventilação adequados, infraestrutura básica adequada e localização adequada no que diz respeito ao trabalho e instalações básicas e custo compatível com a capacidade de comprometimento da família beneficiária. Cita-se ainda a acessibilidade a esta moradia por parte de todos os grupos sociais em especial os desfavorecidos. A produção da HIS é uma atividade interdisciplinar que envolve arquitetos, engenheiros, assistentes sociais, poder público e famílias beneficiárias. A interação entre esses profissionais deve acontecer para que o objetivo final comum, que é a garantia à moradia digna, seja alcançado através da competência de cada profissional em sua área e que o cliente final tenha suas necessidades atendidas de forma plena. Em relação à produção de HIS em Minas Gerais os resultados apontam que as prefeituras e construtoras estão satisfeitas com a qualidade oferecida, embora não demonstrem uma total compreensão de todas as questões que a produção da moradia digna envolve. No entanto as famílias beneficiárias não compartilham, na totalidade, com este entendimento apontando a necessidade de melhorias em relação à unidade habitacional e sua inserção no contexto urbano das cidades. Para uma melhor compreensão do cenário em Minas Gerais é necessário a continuidade do estudo e realização de todas as entrevistas. Desta forma será possível uma melhor contribuição para uma interação entre os diversos profissionais e as famílias atendidas, possibilitando o alcance da tão almejada inclusão social. Referências bibliográficas ARRUDA;Ângelo Marcos; CUNHA, EglaísaMicheline Pontes; MEDEIROS; Yara.(org). Experiências em Habitação de Interesse Social no Brasil. Brasília: Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação, 2007. 216p. BARBO, André Roriz de Castro; SHIMBO, Ioshiaqui. Uma reflexão sobre o padrão mínimo de moradia digna no meio urbano brasileiro. Estudo dos métodos de cálculo da Fundação João Pinheiro e da Fundação Seade. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais. v. 8, no 2 / novembro de 2006, p. 75. Disponível em: <http://desenvolvimentoemquestao.wordpress.com/2010/03/04/revista-brasileira-de-estudos- HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 urbanos-e-regionais-%E2%80%93-novembro2006-%E2%80%93-anpur/ >. Acesso em: 25 ago. 2010. BONDUKI, N. G. Descentralização da política habitacional e a experiência de São Paulo (1989-1992). In: IV SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO DA REDE CYTED XIV.C, 2003, São Paulo. Anais do IV SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO DA REDE CYTED XIV.C. São Paulo : IPT, 2003. v. 1. p. 187-196. Disponível em: < http://www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/162.pdf >. Acesso em: 07 out. 2008. ______. Habitação social na vanguarda do movimento moderno no Brasil. In: Conferência “El Patrimônio de lavivienda em Brasil”, SEMINARIO DE EXPERTOS EM AMERICA LATINA Y CATALUÑA PARA DEBATIR LA CONSERVACIÓN Y FUTURO DE LA VIVIENDA SOCIAL MODERNA, Barcelona, abril, 2008. Disponível em: < www.nabil.org.br >. Acesso em: 25 out. 2009. ______. Política habitacional e inclusão social no Brasil: revisão histórica e novas perspectivas no governo Lula. Disponível em: <http://www.usjt.br/arq.urb/numero_01/artigo_05_180908.pdf >. Acesso em: 09 jun. 2010. BOTEGA, Leonardo da Rocha; De Vargas a Collor: urbanização e política habitacional no Brasil. Espaço Plural, Cascável, vol. 8, n.17, p.66-72, 2º. semestre, 2007. Disponível em: <http://e-revista.unioeste.br/index.php/espacoplural/issue/view/225/showToc >. Acesso em: 9 jun. 2010. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm >. Acesso em: 23 nov. 2008. COSTA, Maria Amélia da.MoradiaDigna na Cidade. In: Congresso Nacional do CONPEDI, XVI, 2007, Belo Horizonte. XVI Congresso Nacional - Belo Horizonte, 2007. Disponível em: < http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/bh/maria_amelia_da_costa.pdf >. Acesso em: 19 ago. 2010. LEVY, D. R. Direito Fundamental Social à Moradia Digna. In: Elida Séguin; Guilherme José Purvin de Figueiredo. (Org.). Direitos Sociais. Estudos à luz da Constituição de 1988. Curitiba: Letra da Lei, 2010, p. 205-225. Disponível em: < http://www.pge.ac.gov.br/site/arquivos/bibliotecavirtual/teses/IBAPtesesPDF/Direitofundame ntalsocialmoradia.pdf >. Acesso em: 18 ago. 2010. MINHA CASA MINHA VIDA. Brasil, 2009. Disponível em: < http://www.minhacasaminhavida.gov.br/index.html >. Acesso em: 02 fev. 2010. HABITAR 2015 Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 ISSN 2359-0734 NASCIMENTO, Paula Fonseca. O Papel da Assistente Social no Programa de Autoconstrução da CDHU. In: Jornada do Trabalho, VIII. O Papel da Assistente Social no Programa de Autoconstrução do CDHU, 2007, São Paulo. Disponível em: < http://www4.fct.unesp.br/ceget/PaulaFonsecadoNascimento.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2008. OFFICE OF THE HIGHT COMISSIONER FOR HUMAN RIGHTS.The Right to adequate housing. (Art. 11.1): .13/12/91. CESCR General comment 4. (General Comments).Disponível em: <http://www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf/(Symbol)/469f4d91a9378221c12563ed0053547e?Opendo cument >. Acesso em: 26 ago. 2010. PIOVESAN, Flávia. Direitos Sociais Econômicos e Culturais e Direitos Civis e Políticos. In: SUR – Revista Internacional de Direitos Humanos. Ano 1, no 1, 1º semestre, 2004, p. 26. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/sur/v1n1/a03v1n1.pdf >. Acesso em: 26 ago. 2010. SAMPAIO, Maria das Mercê F.; QUADRADO, Alice Davanço; PIMENTEL, Zita Porto. Interdisciplinaridade no Município de São Paulo. v.3 Brasília: INEP, 1994. Disponível em: <www.cipedya.com/web/FileDownload.aspx?IDFile=153301 >. Acesso em: 10 out. 2010. RUBIN, G. R. ; BOLFE, S. A. . O desenvolvimento da habitação social no Brasil.Ciência e Natura, v. 36, p. 201-213, 2014. THOMSEN, Thomaz Henrique. Habitação e Qualidade de Vida no Espaço Urbano de Joiville-SC: Um estudo sobre urbanidade no Bairro Bucarein. 2005. 132 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2005. Disponível em: < http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000026/000026AF.pdf >. Acesso em: 31 ago. 2010.
Compartilhar