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HIS 2015

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: uma ação interdisciplinar 
ESTEVÃO, ANA CECÍLIA ESTEVÃO. (1); CARDOSO, EVA PRISCILA. (2) 
 
1. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Departamento de Engenharia civil e 
Meio ambiente. 
Rua Santa Rita 900 - Santa Rita - Curvelo – MG 
anacestevao@yahoo.com.br 
 
2. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Aluna da graduação em Engenharia 
civil 
Rua Santa Rita 900 - Santa Rita - Curvelo – MG 
pry_dtna@hotmail.com 
 
RESUMO 
Ao longo dos anos vários programas voltados para a Habitação de Interesse Social (HIS) foram 
realizados no Brasil. No entanto, na maioria das vezes, as produções habitacionais decorrentes 
destes programas reproduziram modelos inadequados, que podem ser classificados como “depósitos 
de prédios” em áreas isoladas e sem humanização dos espaços, tirando dos moradores a 
urbanidade. Em Minas Gerais esse processo não é diferente do restante do país. O objetivo deste 
artigo é estudar a produção da HIS no estado de Minas Gerais. A metodologia envolve revisão 
bibliográfica, pesquisas nos sites de prefeituras municipais e entrevistas com arquitetos, engenheiros 
e moradores de conjuntos habitacionais. Buscou-se através deste levantamento analisar a forma 
como se deu a produção habitacional no estado, quais os seus avanços e a relação entre arquitetos, 
engenheiros e órgãos públicos responsáveis pela HIS nos municípios. A partir desta análise 
pretende-se contribuir para uma mudança de estratégia projetual que possibilite espaços mais 
humanizados e integrados com as preexistências, que não se limitem a resolver as questões 
construtivas, mas se preocupem com a garantia do direito constitucional à moradia digna. Através de 
uma ação interdisciplinar direcionada à apropriação dos espaços planejados por parte dos 
moradores, a produção habitacional no estado e no país poderá alcançar a tão almejada inclusão 
social. 
Palavras-chave: Habitação de interesse social; interdisciplinaridade, moradia digna. 
 
 
 
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: uma ação interdisciplinar 
Ao longo dos anos vários programas voltados para a Habitação de Interesse Social (HIS) 
foram realizados no Brasil. No entanto, na maioria das vezes, as produções habitacionais 
decorrentes destes programas reproduziram modelos inadequados, que podem ser 
classificados como “depósitos de prédios” em áreas isoladas e sem humanização dos 
HABITAR 2015 
Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015 
ISSN 2359-0734 
espaços, tirando dos moradores a urbanidade. Em Minas Gerais esse processo não é 
diferente do restante do país. 
O objetivo deste trabalho é estudar a produção da HIS no estado de Minas Gerais. Buscou-
se através deste levantamento analisar a forma como se deu a produção habitacional no 
estado, quais os seus avanços e a relação entre arquitetos, engenheiros e órgãos públicos 
responsáveis pela HIS nos municípios. 
A metodologia envolve revisão bibliográfica sobre HIS no Brasil com vistas a conhecer quais 
foram os programas habitacionais ao longo dos anos e como eles interferiram na qualidade 
habitacional no país, também sobre o conceito de moradia digna buscando descrever o que 
a caracteriza e todas as questões a serem consideradas no momento de sua produção e,por 
fim, sobre a interdisciplinaridade com vistas a caracterizá-la como inerente à produção da 
HIS e, portanto, necessariamente, objeto de estudo quando atemática se tratar de moradia 
digna de interesse social. 
Foram realizadas pesquisas em sites e entrevistas com arquitetos, engenheiros e 
moradores de conjuntos habitacionais buscando investigar de que maneira acontecem as 
relações entre estes atores e como essa ação interdisciplinar contribui para a produção da 
moradia digna. 
Este trabalho é parte de um conjunto de estudos para capacitar e subsidiar a equipe do 
Núcleo de Orientação para Sustentabilidade (NOS), que é um grupo formado por alunos e 
professores do CEFET-MG, unidade Curvelo, que tem como principal objetivo a implantação 
de um escritório para prestação do serviço de engenharia pública no município de Curvelo, 
contribuindo desta forma para desenvolvimento sustentável da cidade e de toda a região. 
 
Habitação de Interesse social no Brasil 
O processo de urbanização do Brasil teve início na passagem do Império para a República, 
quando o número de estabelecimentos comerciais aumentou, sendo a maioria deles 
situados nas cidades. Naquele momento, o urbano começou a adquirir maior importância na 
economia do país. No entanto, a política urbana àquela época buscava a manutenção do 
modelo agrário-exportador e cidades, tais como o Rio de Janeiro, foram remodeladas para 
atrair o investidor estrangeiro. Para tal, casarões, utilizados como pensões para as classes 
populares, foram demolidos, o que gerou um grande aumento nos preços dos aluguéis. 
Essa política expulsou dos centros urbanos as classes populares e teve início a divisão do 
espaço entre centro e periferia. (BOTEGA, 2007). 
HABITAR 2015 
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Em adição, o processo de industrialização nas cidades, tais como São Paulo, se deu 
mediante a construção das fábricas distantes dos centros urbanos, em locais sem 
infraestrutura e transporte, obrigando a transferência da moradia dos operários para regiões 
próximas às fábricas, surgindo assim as Vilas Operárias. A inexistência de um adequado 
planejamento urbano resultou em terrenos ocupados por construções irregulares, 
desenvolvimento de loteamentos clandestinos e ausência de lei que gerenciasse esse 
processo (ARRUDA, 2007). 
Nos anos de 1937 a 1945, no período do governo de Getúlio Vargas, o Estado brasileiro 
passou a interferir no mercado habitacional. A política da habitação consistia na oferta de 
crédito para a aquisição da casa própria. Desse período, cabe citar o Decreto-Lei do 
Inquilinato, de 1942, que congelou os aluguéis até 1964 e a criação das Carteiras Prediais 
dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), em 1937. Os IAP’s merecem destaque 
pela qualidade e dimensão dos projetos, criando novas tipologias, propostas urbanísticas 
inovadoras e difundindo um novo modo de morar (BONDUKI, 2008; BOTEGA, 2007). 
Em 1946, foi criada a Fundação da Casa Popular, a primeira ação governamental voltada 
exclusivamente à habitação social no Brasil. Destinava-se ao financiamento da construção 
das habitações e à disseminação de informações sobre barateamento de imóveis. O 
Sistema Financeiro de Habitação (SFH) foi criado em 1964, juntamente com o Banco 
Nacional de Habitação (BNH), cuja proposta era estimular a construção de habitações de 
interesse social, e o financiamento da casa própria para as classes de baixa renda 
(BOTEGA, 2007). 
Em 1967, o BNH era uma das principais instituições financeiras do país e a maior instituição 
mundial voltada especificamente para o problema da habitação. Construiu milhares de 
unidades habitacionais no país destinadas à população de baixa renda, no entanto, tais 
habitações possuíam uma arquitetura padronizada e desqualificada e o montante alcançado 
estava muito aquém do déficit gerado pelo processo de urbanização (BONDUKI, 2010). 
Segundo Bonduki (2003), a estratégia do BNH beneficiou, em curto prazo, a construção civil, 
o que seria positivo, se tivesse contribuído para enfrentar o problema a que o órgão se 
propunha. O BNH voltou todos os recursos para a produção da casa própria, construída pelo 
sistema formal da construção civil, não desenvolveu qualquer ação para apoiar a produção 
de moradia por processos alternativos, incorporando a participação popular. A consequência 
foi a produção da habitação pelo processo da autoconstrução, resultando em moradias 
irregulares em áreassem infraestrutura adequada. O que demonstra que estas políticas não 
sanaram o problema do déficit habitacional do país. Kowarick (apud Botega, 2007) ressalta 
que 80% dos empréstimos do BNH foram direcionados para as classes média e alta 
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contemplando famílias de até 12 salários mínimos tendo desta forma o seu objetivo 
desvirtuado. 
Em 1986, o BNH foi extinto, nessa década e na seguinte, os problemas de habitação nas 
cidades aumentaram em decorrência da redução do financiamento, concomitante ao 
empobrecimento da população urbana (BONDUKI, 2003). 
A partir da extinção do BNH, a Caixa Econômica Federal (CAIXA) incorporou a política 
habitacional que passou a ser uma política setorial em uma instituição que não possuía 
nenhuma experiência em relação ao tema. Nos quatro anos seguintes, a política urbana e 
habitacional passou por um período de confusão institucional com várias reformulações, 
gerando descontinuidade e ausência de estratégia (BOTEGA, 2007). 
No governo Collor, que teve início em 1990, houve um aprofundamento da crise 
habitacional. Os programas habitacionais eram controlados pelo Ministério da Ação Social. 
Pode-se destacar o Plano de Ação Imediata para a Habitação que pretendia a construção 
de 245 mil casas em 180 dias. As metas não foram atingidas, o custo aumentou e os 
recursos não foram liberados (ARRUDA, 2007). 
O período denominado pós-BNH foi marcado por programas habitacionais financiados 
através de fontes alternativas. Estados e municípios tentaram ocupar de forma criativa a 
grave lacuna deixada pela ausência de uma política nacional de habitação. Os programas 
adotavam uma perspectiva mais social, com práticas tradicionais entre a população de baixa 
renda, como o mutirão e projetos de interesse urbanístico (BONDUKI, 2010). 
No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), foram criados programas de 
financiamento voltados ao beneficiário final, as Cartas de Crédito Individual e Associativa, 
com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). As modalidades dessas 
cartas de crédito que mais se destacaram foram o financiamento de material de construção 
e a aquisição de imóveis usados. Voltado para o poder público, foi criado o programa Pró-
Moradia e, para o setor privado, o programa Apoio à Produção. Em 1999, o governo federal 
criou um programa para a produção de unidades novas para arrendamento, com recursos 
do FGTS e de origem fiscal, o Programa de Arrendamento Residencial (PAR). No entanto, 
nessas alternativas, o baixo valor do financiamento e a ausência de assessoria técnica para 
a obra não permitiram condições adequadas de habitabilidade (BONDUKI, 2010). 
Após tantas tentativas e poucos resultados, a primeira década do século XXI foi marcada 
por uma conquista fundamental quanto ao direito à moradia digna. Em 2000, a moradia foi 
considerada direito social, a partir de uma emenda constitucional (ARRUDA, 2007). 
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No ano de 2005, cabe citar a aprovação da Lei 11.124 que dispõe sobre o Sistema Nacional 
de Habitação de Interesse Social (SNHIS), cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse 
Social (FNHIS) e institui o Conselho Gestor do FNHIS. O SNHIS tem como objetivos 
viabilizar habitação digna e sustentável à população de menor renda, além de implementar 
políticas e programas de investimentos e subsídios. Através do FNHIS são centralizados e 
gerenciados os recursos orçamentários para os programas estruturados pelo SNHIS. 
Finalizando este breve histórico, cabe citar o pacote habitacional proposto pelo governo de 
Lula, em 2009. O programa “Minha Casa Minha vida” (PMCMV)teve como meta a 
construção de um milhão de moradias para atender a população de zero a dez salários 
mínimos. A proposta era que a imensa demanda de moradia começasse a ser regularmente 
atendida pelo mercado. Para as famílias com renda de até três salários mínimos, a 
modalidade operacional utilizada seria o PAR, o subsídio concedido equivaleria a 400 mil 
moradias e as condições de retorno adotadas seriam de 180 parcelas de 10% da renda. 
Para as famílias de três a dez salários mínimos, seriam utilizados programas do FGTS 
(Carta de Crédito e Apoio à Produção) e seriam concedidas melhores condições de 
financiamento (MINHA CASA MINHA VIDA, 2009). 
O programa PMCMV foi criticado por sua forma de operação e por estar fora do SNHIS e do 
FNHIS instâncias que poderiam promover o controle a participação social. Ainda assim em 
2011, no governo Dilma, o PMCMV continuou a ser utilizado como forte estratégia para 
resolução do problema habitacional. Para operacionalização do programa são realizadas 
parcerias com Estados, Municípios e empresas e entidades sem fins lucrativos. Os critérios 
de seleção das famílias são renda de até R$5.000/mês, não possuir casa própria ou 
financiamento e não ter sido contemplado por benefício habitacional do governo 
anteriormente. O cadastramento de beneficiários acontece através da prefeitura municipal 
(RUBIN, BOLFE, 2014, p.211). 
Segundo estas mesmas autoras o PMCMV recebe críticas bem semelhantes às recebidas 
pela produção habitacional do extinto BNH. Ambos os programas produziram conjuntos 
habitacionais sem qualidade urbanística e/ou arquitetônica com o objetivo prioritário de 
produzir o maior número possível de unidades habitacionais e, claramente, sem a devida 
atenção para produção de moradia digna em todos os aspectos que a caracterizam. 
 
Conceito de moradia digna 
A Constituição Federal (1988) define como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, 
a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância 
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e a assistência aos desamparados. Segundo Piovesan (2004), os direitos sociais são 
autênticos e verdadeiros direitos fundamentais, portanto, devem ser reivindicados como tais 
e não como caridade, generosidade ou compaixão. Levi (2010) acrescenta que os direitos 
sociais não devem ser buscados de maneira a garantir apenas a existência humana, mas 
sim uma vida digna, ou seja, uma vida saudável, em um meio equilibrado. 
O tamanho e a qualidade das habitações influenciam diretamente na saúde, segurança e 
privacidade de seus habitantes. Sua localização é determinante para o acesso ao emprego 
e aos serviços públicos e é o local onde são providas as demais necessidades básicas e, 
dessa forma, a moradia digna figura como uma das necessidades mais básicas do indivíduo 
(BARBO; SHIMBO; 2006). 
A produção da HIS deve garantir o direito à moradia digna que é aquela em que se vive com 
qualidade de vida e, para que isso seja alcançado, é necessário que a habitação esteja 
inserida em um ambiente sadio e equilibrado. Tal direito não se restringe à casa, engloba o 
acesso à terra urbana, à infraestrutura, ao saneamento ambiental, à mobilidade e ao 
transporte coletivo, aos equipamentos e serviços urbanos e sociais, ao trabalho e ao lazer, 
ou seja, o direito às cidades sustentáveis (LEVI, 2010). 
Saule (apud LEVI, 2010) afirma que moradia digna “é aquela que engloba segurança 
jurídica da posse, disponibilidade de serviços e infraestrutura, custos da moradia acessível, 
habitabilidade, acessibilidade, localização e adequação cultural”. 
Segundo Costa (2007), a única forma de se alcançar o direito à moradia digna é através da 
aplicação dos direitos sociais, otimizando as regras que dispõem sobre esses direitos, 
considerando a dignidade de forma coletiva e também individual. Todos devem ter acesso 
de forma igualitária e, para tal, será necessária a intervençãodo estado, garantindo aos 
grupos sociais vulneráveis o acesso a esse direito. 
Alguns documentos internacionais falam sobre o tema, procurando definir padrões de 
adequabilidade para as moradias. O Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, em seu artigo 11, reconhece o direito de todas as pessoas a um nível de 
vida suficiente, incluindo alojamento. O Comentário Geral nº 04, do Comitê dos Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais, é relativo ao artigo 11 do pacto e trata do direito à moradia 
adequada. A seguir são sintetizadas suas recomendações (OFFICE OF THE HIGHT 
COMISSIONER FOR HUMAN RIGHTS, 1991): 
 O direito à habitação deve ser tratado de forma extensiva e não se reduzir ao fato de 
se ter um teto. Além disso, todas as pessoas devem ter acesso à habitação, 
independentemente de sua renda. A habitação digna foi definida pela Comissão de 
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Assentamentos Humanos e da Estratégia Global para Habitação, no ano de 2000, 
como “... privacidade adequada, espaço suficiente e segurança adequada, 
iluminação e ventilação adequados, infraestrutura básica adequada e localização 
adequada no que diz respeito ao trabalho e instalações básicas – tudo a um custo 
razoável.” Desta forma, a adequação da habitação deve ser inerente ao alcance de 
uma habitação digna; 
Independente do contexto específico de cada país, cujas particularidades devem ser 
observadas, alguns aspectos podem ser considerados de forma geral para a adequação da 
habitação, são eles: 
 A segurança jurídica da posse; 
 A disponibilidade de serviços, materiais, instalações e infraestrutura, tais como água 
e esgoto tratado, energia elétrica, coleta de lixo e drenagem local; 
 O comprometimento adequado da renda para acesso à habitação; 
 Habitabilidade segundo os princípios de saúde da habitação, elaborados pela 
Organização Mundial de Saúde; 
 Acessibilidade a todos os grupos sociais, em especial os desfavorecidos; 
 Localização que permita o acesso às opções de emprego, serviços de saúde, 
escolas e demais serviços sociais, além de condições que propiciem uma vida 
saudável; 
 Adequação cultural. 
A Declaração de Vancouver e a Declaração de Istambul para Assentamentos Humanos e as 
respectivas agendas, Habitat I e II, são também documentos internacionais que visam a 
proporcionar o melhoramento do padrão de vida, através da solução de problemas 
relacionados à questão da moradia. 
Dessa forma, o conceito de moradia digna, reconhecido internacionalmente, é 
interdisciplinar, pois considera questões relacionadas ao direito urbanístico, à saúde das 
habitações e, consequentemente, de seus habitantes, ao adequado planejamento urbano 
das cidades e à utilização de tecnologias construtivas que busquem maior sustentabilidade 
e custos acessíveis para as habitações. 
 
Interdisciplinaridade na produção de Habitação de Interesse Social 
Segundo Thomsen (2005), a interdisciplinaridade é composta por vários saberes, buscando 
como objetivo final um novo saber compartilhado. Especialistas de várias áreas analisam 
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determinado problema e, através de um trabalho em equipe, geram soluções que se inter-
relacionam. 
Alguns termos expressam idéias muito próximas ao conceito de interdisciplinaridade. 
Podemos citar multidisciplinaridade: ação simultânea de várias disciplinas em torno de uma 
temática em comum, e pluridisciplinaridade, que difere da anterior, por promover uma inter-
relação entre as disciplinas que tratam de uma mesma temática. A interdisciplinaridade se 
difere dessa última à medida que apresenta uma coordenação neutra, possibilitando a 
harmonia entre os envolvidos (THOMSEN, 2005). 
Para que os objetivos da interdisciplinaridade sejam alcançados, os participantes do 
processo devem estabelecer critérios precisos para análise do problema, evitando que o 
resultado final seja a enumeração de semelhanças e diferenças ou a simples justaposição 
dos saberes (MARTIN, 1988 apud SAMPAIO et. al., 1994, p.53). 
A qualidade da habitação tem relação direta com a qualidade do ambiente urbano no qual 
está inserida. Thomsen (2005) afirma que a abordagem do problema urbano através de uma 
visão unidisciplinar fragmenta o objeto em estudo, ao adotar um ponto de vista particular. 
A produção da HIS envolve arquitetos ou engenheiros na elaboração dos projetos e 
acompanhamento da obra. Envolve também profissionais da prefeitura responsáveis pela 
política habitacional no município. Segundo a Política Nacional de Habitação, todos os 
projetos habitacionais devem conter o Projeto de Trabalho Social elaborado por assistentes 
sociais, psicólogos ou outros profissionais de áreas afins. Desta forma, se faz necessário 
uma ação interdisciplinar. 
O trabalho do técnico social é fundamental na produção da habitação de interesse social, à 
medida que harmoniza as relações entre os envolvidos no processo. Em muitos casos as 
habitações são construídas em regime de mutirão o que exige uma interação positiva entre 
os beneficiários, e destes com a assistência técnica, para garantir um bom andamento das 
atividades. Dentro do canteiro de obras, o papel do técnico social é melhorar a qualidade do 
trabalho, minimizar os conflitos e maximizar a boa relação (NASCIMENTO, 2007). 
Outro aspecto a ser ressaltado é a conscientização a ser feita com os beneficiários quanto 
aos seus direitos e deveres, tanto durante o processo como na pós-ocupação. A partir da 
construção das habitações, será formada uma nova comunidade e deverá ser incentivada a 
formação de representações políticas, os moradores deverão ser preparados para a nova 
forma de morar, dentro da formalidade, o que implica em novos deveres como, por exemplo, 
pagamentos de taxas para fornecimento de energia, impostos, dentre outros. 
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A presença do técnico social na produção de HIS é ainda reforçada pela necessidade de se 
garantir a participação do beneficiário em todas as etapas do processo. A formação desses 
profissionais possibilita o uso de estratégias adequadas para fortalecer a identidade do 
grupo de beneficiários, fazer com que se sintam valorizados e mediar as discussões entre 
eles e os demais atores envolvidos. 
A interação entre esses profissionais deve acontecer para que o objetivo final comum, que é 
a garantia à moradia digna, seja alcançado através da competência de cada profissional em 
sua área e que o resultado final não seja uma simples justaposição, mas sim um novo saber 
compartilhado. 
 
Metodologia 
A metodologia aqui adotada envolve uma revisão bibliográfica sobre a HIS no Brasil, o 
conceito de moradia digna e a interdisciplinaridade existente em sua produção. Para essa 
revisão foram feitas pesquisas em teses, dissertações e artigos. 
Na primeira fase deste estudo foi realizado um recorte que selecionou municípios que 
possuem conjuntos habitacionais produzidos pela Companhia de Habitação do Estado de 
Minas (COHABMINAS)e que tem entre 55mil e 100mil habitantes. Este recorte possibilitou a 
análise do município de Curvelo, onde esta localizada a unidade do CEFET- MG na qual se 
realiza o estudo aqui proposto. Posteriormente serão estudados os demais municípios 
ampliando a análise a que este estudo se propõe. 
Depois de feito o recorte foi pesquisado no site da COHABMINAS, a relação dos números 
de telefone e endereços das prefeituras das cidades que se encaixavam no recorte para a 
realização das entrevistas. 
O objetivofoi entrevistar profissionais da prefeitura responsáveis pelapolítica habitacional, 
engenheiros ou arquitetos responsáveis pela elaboração e/ou execução do projeto e os 
moradores dos conjuntos habitacionais. Os contatos dos engenheiros foram fornecidos 
pelas prefeituras, o dos moradores foi pesquisado em catálogos telefônicos, fornecido por 
conhecidos e com alguns moradores se deu pessoalmente. 
Para estas entrevistas foram elaborados questionários levando em consideração a definição 
de moradia digna feita pela Comissão de Assentamentos Humanos e da Estratégia Global 
para Habitação, no ano de 2000, que diz: 
 “... privacidade adequada, espaço suficiente e segurança adequada, 
iluminação e ventilação adequados, infra-estrutura básica adequada e 
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localização adequada no que diz respeito ao trabalho e instalações 
básicas – tudo a um custo razoável”. 
O questionário utilizado na entrevista com os profissionais da prefeitura foi organizado em 
perguntas que buscavam aferir:a relação da prefeitura com o projeto, quais profissionais 
envolvidos,quantos e qual o mais recente conjunto habitacional existente na cidade,se o 
mais recente estava inserido na malha urbana, como era realizada a seleção das famílias 
beneficiárias e o perfil das mesmas. Buscou-se também analisar a infraestrutura dos 
conjuntos, se os mesmos tinham esgotamento sanitário, abastecimento de energia, 
drenagem da água da chuva, área de lazer, pontos de ônibus, hospitais entre outros. 
O questionário utilizado na entrevista com os engenheiros teve o intuito de saber se o 
projeto e o local de implantação foi escolha da prefeitura ou da construtora, se teve algum 
contado do morador com o projeto antes de sua execução, se os projetos se enquadravam 
nas necessidades de cada família, se era interessante do ponto de vista do profissional este 
tipo de empreendimento e o que poderia melhorar para tornar empreendimentos de HIS 
mais atraentes para as construtoras e engenheiros. 
O questionário utilizado na entrevista com o morador teve como objetivo analisar a 
satisfação com a moradia e sua adequada inserção no contexto urbano, avaliando então a 
produção ou não de uma moradia digna e a consequente inclusão social da família 
beneficiária. As perguntas buscaram identificar a satisfação do mesmo com o tamanho e 
localização de sua moradia, se no local havia rede de esgoto, abastecimento de água e 
acesso a transporte público, ao trabalho, escola, unidades de saúde e áreas de lazer. 
 
Discussão dos resultados 
O recorte realizado selecionou os seguintes municípios: Novo Lima, Esmeraldas, Curvelo, 
São João Del Rei, Três Corações, Cataguases, São Sebastião do Paraíso, Januária, Frutal, 
São Francisco e Pirapora. 
Na realização das entrevistas houve uma grande dificuldade. Foi difícil conseguir 
estabelecer contato com os profissionais responsáveis e quando isso foi possível houve 
desinteresse e/ou falta de conhecimento sobre o assunto atrasando o cronograma inicial 
estabelecido para esta pesquisa. Desta forma os resultados apresentados aqui são parciais, 
sendo parte de uma pesquisa em andamento. 
Foram realizadas 5 entrevistas com profissionais nas prefeituras, um entrevistas com 
engenheiros de construtoras e três entrevistas com moradores. 15 profissionais entre 
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prefeituras e construtoras já formam contatados e o questionário foi enviado para resposta 
online. 
Nos municípios nos quais já foram realizadas as entrevistas com os profissionais da 
prefeitura responsáveis pela politica habitacional pode-se perceber que,na grande maioria, 
estavam envolvidos no empreendimento engenheiros, arquitetos e assistentes sociais. 
Apenas em um deles não houve a participação da assistência social. 
O perfil das famílias beneficiadas segue o mesmo padrão sendo famílias de baixa renda, 
com salário máximo de até três salários mínimos. Na maioria dos municípios entrevistados a 
renda máxima era de R$1.600,00 (mil e seiscentos reais). Em um dos municípios 50% das 
famílias beneficiadas tinham renda de até um quarto do salário mínimo. Outra característica 
comum nos municípios é a preferência de concessão do benefício dada às mulheres chefes 
de família, às famílias que tem como integrantes pessoas com deficiência e aos idosos. Em 
um dos municípios incluiu-se no critério de seleção prioritária famílias residentes em áreas 
de risco por características próprias do município.Pode-se notar um esforço por parte das 
prefeituras em garantir o acesso ao benefício por parte de grupos sociais mais 
desfavorecidos. 
Todos os municípios entrevistados possuem mais de dois conjuntos habitacionais já 
entregues, mostrando assim que a prefeitura já deveria estar habituada com esse tipo de 
empreendimento. Porém durante as entrevistas foi possível notar que, por parte dos 
profissionais das prefeituras, ainda há uma falta de conhecimentoao se tratar de assuntos 
como: a área da unidade habitacional, quais os cômodos e como acontece a relação entre 
responsável técnico pelo projeto/obra, a prefeitura e o beneficiário. Sugerindo que os 
responsáveis pela politica habitacional não se preocupam em adequar as características da 
unidade habitacional às demandas de área e setorização da habitação das famílias 
beneficiárias. 
Segundo a entrevista nas prefeituras os conjuntos habitacionais possuem esgotamento 
sanitário, abastecimento de energia, drenagem da água da chuva, acesso a transporte 
público e alguns equipamentos de uso comum como: área de lazer, espaço comunitário, 
quadra esportiva, playground. Ao se perguntar se existia uma avaliação do projeto em 
relação à ventilação e iluminação adequada, área suficiente dos cômodos, pé direito 
confortável, dentre outros, a maioria das respostas foram positivas, havendo dois 
entrevistados que não souberam responder. 
Em relação à inserção dos moradores desses conjuntos habitacionais na área urbana do 
município, segundo os entrevistados a maioria dos conjuntos estão bem localizados, 
possuindo escolas, hospitais, creches, comércios e serviços próximos ao mesmo. Apesar de 
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estar próximo, em um dos municípios foi apontada a necessidade da construção de 
equipamentos tais como: escolas e unidade básica de saúde, para facilitar o acesso das 
famílias beneficiárias. 
Em apenas um dos municípios entrevistados foi apontada a existência de fiscalização por 
parte da prefeitura para garantir a qualidade da habitação e do conjunto como um todo. Em 
outro foi relatado que acontecerá mediante contratação de serviços externos à prefeitura. 
Em relação ao trabalho pré e pós morar, que são ações que visam preparar as famílias 
beneficiárias ao novo modo de morar e proporcionar a sua efetiva integração à nova 
realidade habitacional, as entrevistas indicam que ocorreu em dois municípios. Em um dos 
municípios entrevistados não houve por falta de comunicação com a assistência social e em 
outro não ouve pré morar, mas será realizado o pós morar. 
Nas entrevistas com as construtoras através dos engenheiros responsáveis pelo 
empreendimento houve grande dificuldade para obtenção das respostas sendo possível 
apresentar os resultados de apenas uma entrevista. Através das respostas fornecidas por 
esse profissional, temos que o mesmo não sabe quem elaborou o projeto e que a 
implantação dos conjuntos é escolhida pela prefeitura. 
Segundo o profissional a técnica construtiva adotada foi a alvenaria estrutural e as 
condições do conjunto habitacional em relação a área, iluminação, ventilação e acesso a 
infraestrutura são satisfatórias. 
Durante aentrevista o profissional afirmou que não houve discussão com os moradores 
sobre o projeto e que o mesmo já vem pronto, e que provavelmente não existiram estudos 
para buscar um projeto mais adequado à realidade das famílias. Quando perguntado sobre 
a inserção do conjunto no contexto urbano do município, com acesso a serviços, comércio, 
lazer e equipamentos de saúde a resposta foi positiva, alegando ser uma exigência da 
CAIXA. 
O profissional relatou que para construtores e engenheiros é interessante, do ponto de vista 
econômico, construir este tipo de empreendimento. Porém poderia haver uma melhora nos 
preços e diminuição de impostos para possibilitar a melhoria da qualidade habitacional e 
possibilitar o interesse de um número maior de construtoras. 
As entrevistas com os moradores dos conjuntos habitacionais possibilitaram a obtenção das 
respostas com muito mais facilidade. Sobre o tamanho da habitação a maioria alegou que 
estava satisfeito, porém admitiram que foi necessário ampliá-la destacando que “isso 
poderia melhorar”. Um dos moradores destacou que “quem projeta esse tipo de residência 
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não mora nela”.Quando foram questionados sobre iluminação e ventilação da unidade 
habitacional relataram que a luminosidade é muito boa, porém a residência é muito quente. 
Em relação ao acesso ao trabalho, equipamentos de saúde, lazer, comércio e serviços, uma 
moradora relatou que em seu conjunto existem todos estes equipamentos próximos com 
possibilidade de acesso através de caminhadas. Porém os outros entrevistados alegaram 
não existir nada próximo, um deles ressaltou sentir falta principalmente de escola para seus 
filhos, alegando que caminham distâncias muito longas para chegar à instituição de ensino 
mais próxima. 
Em relação à existência de esgoto, iluminação, abastecimento de água e asfalto, todos 
disseram que o conjunto possuía todos os itens funcionando em bom estado. Em relação ao 
transporte público a grande maioria disse existir pontos de parada próximos as suas 
residências, porém um morador alegou seu mau funcionamento aos finais de semana. 
Todos os entrevistados disseram que o valor pago pela habitação estava de acordo com a 
sua capacidade de comprometimento da renda. 
Nenhum dos moradores entrevistados participou de espaços democráticos de discussão do 
projeto e do empreendimento como um todo para contribuir com sua opiniãode melhoria ou 
para explicitar alguma necessidade em relação à moradia. 
Quando foram questionados sobre a satisfação com a nova forma de moradia a maioria 
respondeu positivamente. Apenas um dos moradores declarou não estar satisfeito e com a 
pretensão de buscar outro local para moradia. 
Quando perguntados sobre a inclusão social proporcionada pelo acesso à moradia as 
respostas foram variadas: “sim”, “mais ou menos, me sinto incluído por ter uma casa mas 
excluído porque minha casa é distante dos comércios, escolas, do meu trabalho” e “me sinto 
excluído, esquecido mesmo”. 
 
Considerações finais 
Este trabalho permitiu uma maior compreensão a cerca dos programas habitacionais ao 
longo dos anos no Brasil e das características das habitações produzidas por eles. A melhor 
referência revisada em relação à qualidade habitacional é a produção dos IAP’s que 
ofereciam projetos de unidades habitacionais amplas, diferenciadas e inseridas no contexto 
urbano das cidades. 
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O programa mais recente, ainda em implantação, o PMCMV, tem uma preocupação com a 
produção habitacional em números não estando esta produção atrelada a qualidade 
habitacional, repetindo erros do extinto BNH. 
A moradia digna, direito constitucional, envolve a garantia de muitos aspectos a citar a 
privacidade adequada, espaço suficiente, iluminação e ventilação adequados, infraestrutura 
básica adequada e localização adequada no que diz respeito ao trabalho e instalações 
básicas e custo compatível com a capacidade de comprometimento da família beneficiária. 
Cita-se ainda a acessibilidade a esta moradia por parte de todos os grupos sociais em 
especial os desfavorecidos. 
A produção da HIS é uma atividade interdisciplinar que envolve arquitetos, engenheiros, 
assistentes sociais, poder público e famílias beneficiárias. A interação entre esses 
profissionais deve acontecer para que o objetivo final comum, que é a garantia à moradia 
digna, seja alcançado através da competência de cada profissional em sua área e que o 
cliente final tenha suas necessidades atendidas de forma plena. 
Em relação à produção de HIS em Minas Gerais os resultados apontam que as prefeituras e 
construtoras estão satisfeitas com a qualidade oferecida, embora não demonstrem uma total 
compreensão de todas as questões que a produção da moradia digna envolve. No entanto 
as famílias beneficiárias não compartilham, na totalidade, com este entendimento apontando 
a necessidade de melhorias em relação à unidade habitacional e sua inserção no contexto 
urbano das cidades. 
Para uma melhor compreensão do cenário em Minas Gerais é necessário a continuidade do 
estudo e realização de todas as entrevistas. Desta forma será possível uma melhor 
contribuição para uma interação entre os diversos profissionais e as famílias atendidas, 
possibilitando o alcance da tão almejada inclusão social. 
 
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