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ESCOLA CLÁSSICA DO DIREITO NATURAL

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ESCOLA CLÁSSICA DO DIREITO NATURAL.
 
               Os conflitos religiosos e as crises políticas intensas do Renascimento, acima abordadas timidamente, geraram um sentimento de exigência de respostas a camada intelectual. Assim, não podendo mais justificá-los pela religião que se desintegrava, procurou-se norteá-los através de bases naturais da convivência, pelo reconhecimento de certas leis tidas como naturais e também necessárias ao bem coletivo, o que se definiu como método cartesiano.
                A Escola Clássica do Direito Natural, como uma ampla abordagem dos problemas jurídicos e políticos da época, é abordada em três momentos distintos, com enfoques na evolução dos problemas da sociedade renascentista, senão vejamos:
               I – 1ª Etapa: Direito Natural garantido pelos governantes – Face à necessidade imperiosa de manter a paz, tendo em vista os graves conflitos em ocorrência, procurou-se demonstrar o que é a lei natural e como deve comportar-se a ordem política. Houve uma variada gama de tratadistas com tais propósitos: Hugo Grocio; Thomas Hobbes, Spinoza, Cristhian Wolff.
               Dessa feita, por exemplo, para Grocio (1538-1645), o ser humano possui o sócio-tropismo natural, havendo um direito natural radicado em sua natureza, mesmo que Deus não existisse para fundamentá-lo. Nesta esteira, mesmo que a guerra seja um estado permanente da sociedade, as relações entre os povos poderão ser pacíficas, desde que as autoridades sigam os preceitos da lei natural da convivência internacional.
               No entanto para Hobbes (1588-1679), o ser humano, marcado pelo pecado original, é um ser naturalmente egoísta, e, por isto, no estão de natureza, sempre vigora a guerra de todos contra todos. Daí que o stado de sociedade só se constitui através de um contrato ou a renúncia da cupidez primitiva, para tornar possível a vida social. 
               Aqui, porém, os cidadãos, ao instituírem a ordem político-jurídica, renunciam parte de sua liberdade em valor do todo, cujo depositário é o Estado (Leviatã), onde cumpri a este fazer cumprir os ditames do direito natural e manter a paz, ilustrando-se o absolutismo.
               Neste momento, o Direito Natural é a ordem jurídica fundada as necessidades básicas dos indivíduos e da sociedade e compreende direitos essenciais, direitos públicos ou deveres éticos.
               II – 2ª Etapa: Salvaguarda da violação dos Direitos Naturais – nesta fase, o governante visa erigir salvaguardas à violação do direito natural, surgindo a separação dos poderes com John Locke (1632-1704) e Montesquieu (1689-1755).
               Em tal momento temos a negativa a Hobbes e seu Leviatã (absolutismos ilustrado), posto que Locke afirme que o estado de natureza é um estão de guerra, mas o é de liberdade e igualdade, onde vige a lei natural.
               Aqui, o contrato social se faz necessário, quando os homens, esquecendo a lei natural, aumentaram a sua Gancia e cupidez. Contudo, o destinatário do pacto social não são os governantes, mas toda a sociedade, que permanece sempre soberana para gerir os seus destinos.
               Para tanto, afirma ainda Locke, que o melhor regime é aquele baseado em boas leis, como numa monarquia constitucional, em que aquelas limitam o arbítrio e garantem os direitos naturais. 
               Na mesma linha Montesquieu, precursor da sociologia jurídica, enfatiza a separação e a convivência harmônica dos poderes do governo, com fundamentos para a efetivação dos ideais coletivos, abordado em sua obra “Espírito das Leis” – onde claramente encontramos as fontes para nosso Estado contemporâneo – separação do Poder Legislativo, Executivo e Judiciário sob a égide da harmonia entre os mesmos.
               III – 3ª Etapa: Lei Natural e soberania popular – presente etapa é caracterizada pela aplicação da lei natural como soberania popular e autonomia ética, onde, respectivamente J.J Rosseau (1712-1778) e Immanuel Kant (1724-1804), assim tratavam.
               Para Rosseau, admirado com a ordem política da comunidade grega de Péricles, na qual via a perfeita concretização de sua idéia social, entendeu que o “contrato social” só se efetivava eficazmente quando a sociedade, abandoando o que ele chamava de “vontade de todos”, passasse a seguir os ditames da “vontade geral”.
               Dessa maneira, enquanto a vontade de todos representava o somatório dos interesses individuais, egoístas, a vontade geral é o ideal ético coletivo, representado pela renúncia de cada um em favor dos objetivos comuns, compatibilizando os interesses individuais com aqueles maiores da comunidade.
               Rosseau, com os olhos voltados à Grécia, defendeu a soberania inalienável do povo, que por isto deverá viver em plebiscito permanentemente, reluzindo uma democracia direta, tornando-se o governo um mandatário provisório para garantir os direitos. Naturais, onde, o homem em estado de natureza é bom, a sociedade o corrompe.
               Em tal fase, a origem da sociedade e sua alienação é a propriedade, devendo as leis velar para conter as injustiças sociais.
Jusnaturalismo racionalista: leis naturais da vida que são estabelecidas pelos humanos com base na razão e bom senso. Surgiu durante o século XVII e XVIII, num período em que as revoluções liberais dos burgueses estavam em alta (evidência da razão humana).
  No século XVII a concepção do jusnaturalismo teológico foi, gradativamente, substituída por uma doutrina jusnaturalista subjetiva e racional, buscando seus fundamentos na identidade de uma razão humana universal. O jusnaturalismo racionalista irá encontrar o seu ápice com o advento do iluminismo, despontando a razão humana como um código de ética universal e acreditando que a racionalidade humana poderia ordenar a natureza e vida social.
  Mas antes de encontrar seu ápice com o iluminismo, é com as teorias contratualistas que o jusnaturalismo racionalista vão fomentar suas bases e ideais. As teorias  contratualistas representam uma forma de pensamento em que uma espécie de contrato social determinou a passagem da vida humana do estado de natureza para o estado civil, para que os direitos naturais e individuais fossem assegurados e colocados sob a guarda de um soberano. Ao Estado cabe a função máxima de cumprir essa função essencial, acordada por todos os contratantes do pacto social. 
Na opinião do filósofo inglês Thomas Hobbes, a única maneira de o direito natural prevalecer seria por meio da submissão de todos os que estavam no estado de natureza, abdicando de suas liberdades, instituindo o Estado, e subordinado-se às ordens do soberano. Ao Estado cabe, inclusive, o poder de coação se for necessário, para garantir o direito natural.
Cumpre notar que Hobbes é um dos primeiros a fazer uma distinção entre direito e lei (jus e lex): “[...] direito consiste na liberdade de fazer ou de omitir, ao passo que a lei obriga ou determina uma dessas coisas” (apud BRANCO, 2004, p. 33). E embora Hobbes faça inúmeras referências ao que poderíamos chamar de lei natural, o filósofo não deriva o “direito constitucional”, se assim podemos nos exprimir, de leis naturais, eternas e universais, mas de um consentimento e acordo entre homens e, neste sentido, podemos dizer que Hobbes é um dos precursores do direito positivo. As leis da natureza seriam, antes, regras morais acerca do bem e do mal ou princípios estabelecidos pelos ditames da razão.
            Outro filósofo inglês, John Locke, incorporou o direito natural a muitas de suas teorias e à sua filosofia. Ao direito natural da liberdade, Locke acrescenta o direito à vida e à propriedade. A função básica do contrato social é garantir a preservação destes três direitos e para qualquer governante que contrarie o direito natural, as pessoas estariam justificadas em derrubar o seu governo.
            Mas é com a obra do filósofo alemão Imannuel Kant que a proposta de racionalização do jusnaturalismo atinge um maior grau de profundidade e sofisticação intelectual.Kant preocupa-se em fundamentar a prática moral, por exemplo, em uma lei inerente à racionalidade universal humana, o chamado imperativo categórico: age de tal modo, segundo uma máxima tal, que possas querer, ao mesmo tempo, que se torne uma máxima universal. A razão prática é legisladora que define os limites da ação e da conduta humana. O agir livre é o agir moral. O agir moral é o agir de acordo com o dever. O agir de acordo com o dever é fazer de sua lei subjetiva um princípio de legislação universal, a ser observada por todos. De igual modo a justiça se impõe como um imperativo da razão, segundo duas regras que se complementam: age de modo a tratar a humanidade, na sua como na pessoa de outrem, sempre como fim, jamais como simples meio, bem como age segundo uma máxima que possa valer ao mesmo tempo como lei de sentido universal.
            No jusnaturalismo racionalista moderno, o conhecimento jurídico passa a ser um constructo sistemático da razão, conforme o rigor lógico da dedução matemática.

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