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APOSTILA FILOSOFIA DO DIREITO

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1 
 
 
GABRIELA ERBETTA 
2°PERÍODO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
APOSTILA DE 
FILOSOFIA DO DIREITO 
2 
 
DIREITO NO PENSAMENTO ANTIGO 
 
 Filosofia tem a capacidade metodológica de adentrar em outras áreas do saber 
 
 Filosofia do Direito a) Indaga sobre Valor, Norma e Justiça 
 b) Realidade jurídica pensada filosoficamente 
 
 Direito: conjunto sistemático de regras (normas) => era Fato Social + Elementos 
místicos/religiosos => o mundo era dado por divindades => o mundo humano faz parte da 
ordenação cósmica => Lei Humana (semelhante à) Lei Cósmica. 
 
 Nos gregos: Physis (natureza) associada à Diké (justiça) =/= Nomos (convenção, costume que surge 
das relações sociais), assim, pode-se dizer que em certos momentos o homem não segue a physis, 
ou seja, não é justo. 
- Lei Divina (Natural): Eterna, Imutável, Dada por divindade ou Intrínseca na natureza, Não escrita, Posta. 
-Lei Humana (Positiva): Temporal, Mutável, Feita pelo ser humano, Escrita, Pressuposta, (Cf. Antígona). 
 
Direito no Pensamento Antigo: 
1 Sofistas: o ser humano e as coisas humanas são suas preocupações 
 Protágoras (491/81 a.C – 405 a.C): “O homem é a medida de todas as coisas”, assim, não há valores, 
verdades, justiça e direitos absolutos, há algo que é mais útil e conveniente para sociedade. (Cf. 
Teeteto 166d) 
 Górgias (485/80 a.C – 380/75 a.C): Não existe absolutamente a verdade e tudo é falso! (O ser não 
existe/ Se existisse, não poderia ser pensado/ Se pudesse ser pensado, não poderia ser falado!), por 
isso só resta a retórica (Direito). 
- Obra perdida: Da Natureza ou Sobre o não ser 
 
Corrente naturalista: 
 Hípias (séc. IV a.C): a Physis une os humanos (Direito Natural – Válido e Eterno) =/= Lei Positiva = 
Tirana dos humanos (separa os humanos), uma vez que é contingente, pois é fruto de convenção e 
arbítrio (Cf. Protágoras 337c). 
 Antifonte (séc. V a.C) = Lei Natural = verdade =/= Lei Positiva = opinião => os seres humanos são 
iguais por natureza (DK 87 A). 
 Outros deduziram que na Natureza há seres humanos mais fortes (dominantes) e outros mais fracos 
(dominados), ou seja, os seres são desiguais por natureza 
ex. - Trasímaco (séc. V a.C): o justo é vantajoso para o mais forte (Rep. I, 338c). 
3 
 
 - Cálicles (personagem literário?): por natureza, justo é o domínio do mais forte =/= da lei que é feita 
pelos fracos para se defenderem dos mais fortes (Górgias 483a-c). 
 
2 Sócrates (470/69 a.C – 399 a.C) 
 Foi condenado injustamente em Atenas por corromper a juventude e não acreditar nos deuses da 
cidade (Cf. Apologia de Sócrates). Sócrates respeitava a lei positiva, a qual ele ajudou a criar, e partiu 
do pressuposto de que essas leis são justas, tanto por dever quanto por exemplo para sociedade e não 
fugiu da prisão quando teve a possibilidade, mesmo que preso por uma injustiça. 
 
3 Platão (427 a.C – 347 a.C) - Direito e Moral andam juntos 
 O que é a justiça: 
 - de acordo com Platão, existe uma ideia de justiça ideal (direito natural) que serve de parâmetro/base para 
as justiças particulares (direito positivo). Essa ideia estrutura o pensamento jusnaturalista ao longo da história. 
- chega através da PAIDEIA (educação), é a Techné apreendida com conhecimento que constrói o Estado 
Ideal (ordenado = justo), em que cada indivíduo faz aquilo que lhe compete, como o Rei-Filósofo que 
contempla o Bem (ideia) para governar (através da Dialética – ciência do inteligível) 
- Platão mostrou dois significados diferentes para Justiça. A primeira concepção de Justiça pode ser definida 
como: “cada um faz aquilo que lhe compete”. Já a segunda concepção se justiça tem relação com a alma 
(razão, irascível e concupiscível) e a cidade (artesãos, guardiões e governantes). 
 
 
Estado Ideal Ser Humano ideal Virtudes 
Rei-Filósofo Razão Sabedoria 
Guardião Irascível Coragem JUSTIÇA (Cf. A República) 
Artesão/Agricultor Apetitiva. Temperança 
 
 
 
 
4 Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) 
 O Ser Humano é um animal político que vive em comunidade mantendo relações interpessoais 
(Homem/Mulher => Família => Vila => Pólis), assim o ser humano se realiza na Polis. 
- Estado: regulado por leis justas (Política A,2) 
- A virtude da justiça é adquirida através do hábito de atos justos. 
 O que é a JUSTIÇA? Uma virtude: 
- Parte da alma Sensitiva => Virtudes éticas: 
- Justiça = ordem (cada um fazendo aquilo que lhe compete) =/= desordem (satisfação dos 
apetites) 
- As “Leis” suprem a não realização do Estado Ideal (Cf. Leis IX, 875c-d) – visão realista 
 
4 
 
a) hábito 
b) mediania 
- Parte da alma Racional=> Virtudes dianoéticas: 
a) razão prática: Phronesis (temperança) - p/ reto agir; 
b) razão teorética: Sophia (sabedoria) - (Ética a Nicômaco – EN L.II-V e VII) 
 
 Justiça é a principal virtude ética (1) 
 Justiça é um meio termo entre vícios (engrandecimento de si sem mérito e sofrer injustiça 
voluntariamente). 
 Justiça tem um fim em si mesma assim, mas não há uma justiça ideal, a justiça só é adquirida através 
da prática. 
 A justiça está dentro de cada Estado. 
 Justiça é: 
a) disposição p/ fazer o justo (questão de caráter); 
b) respeitador das leis (atos legítimos = atos justos => a lei visa a vantagem comum em atos virtuosos!) – a lei 
visa a convivência em comunidade 
 Justiça é a maior das virtudes, pois compreende todas as virtudes. 
 Justiça como todo significa praticar virtudes (não será tratado) =/= justiça particular, que é uma virtude 
ética específica (EN L. V) 
 Como Platão, Aristóteles acredita que a Justiça é a principal virtude, mas se diferem quando Aristóteles 
diz que existem mais virtudes éticas além das cardeais, tratadas por Platão. 
 Justiça Distributiva: relação proporcional entre mérito e recompensa 
- a relação proporcional deve ser entendida como uma relação de igualdade. Mérito, nesse caso, é o mesmo 
que a ação e recompensa significa a consequência para essa ação. 
a) Varia de acordo com a Polis 
b)Pressupõe uma ordem na Polis em termos de merecimentos e classificação de bens a serem distribuídos 
c) o dinheiro é uma criação p/ as relações => é um meio termo e medida p/ os bens. 
Ex: Arquiteto e Sapateiro (3) 
 Justiça Corretiva: meio termo (MT) entre dano e vantagem em atos voluntários (compras, vendas, 
empréstimos, etc.) e involuntários (Clandestinos, p.ex. furto, adultério, etc. / Violentos (p.ex. agressão, 
sequestro, etc.) 
a)Pressupõe classificação de danos e privações que podem ser impostos como punições. 
b) O juiz é guiado pelas leis (feitas pelos legisladores), mas sem elas, deve usar a phronesis p/ julgamentos 
razoáveis. 
- tem como objetivo tornar igual a relação entre indivíduos (meio termo). O papel do meio-termo é exercido 
pelo Estado/juiz. Quando o objetivo desse tipo de justiça é realizado, dizemos que está acontecendo uma 
correção. Dano é o mesmo que desvantagem. Em relação às ações ou atos, eles não podem ser interpretados 
5 
 
à luz da vontade quando classificados como voluntários ou involuntários, pois, não existe a vontade, ainda, 
para a concepção helênica. 
Ex: MT (Juiz – restabelece igualdade) entre ganho (“ter mais do que é nosso”) e perda (“ter menos do que é 
nosso”).(4) 
 
 Justiça é bilateral, pois depende de relações interpessoais (ser humano <=> ser humano) 
Obs. Justiça Política é encontrada em homens (livres e iguais) que vivem em comum (sociedade). (5) 
- justiça existe entre humanos cujas relações são governadas por leis, as quais existem para conter injustiça 
(6) => deve-se obedecer e respeitar as leis, que possibilita os cidadãos exercerem as virtudes na Polis. 
 Justiça política é Natural, ou seja, a mesma em todo lugar (p.ex. cumprimento dos contratos) Legal = 
convenção (7). (p.ex. tipo de animal para sacrifício a Zeus) Mas a justiçanatural tem diferentes 
formulações nas Polis. 
 Nem sempre quem age injustamente (ou justamente) é injusto (justo) => mas há casos que sim, 
depende do conhecimento de causa: 
a) sem ignorar pessoa atingida pelo ato; 
b) nem instrumento usado; 
c) nem o fim que há de alcançar). (p.s. Atos voluntários e involuntários não estão relacionados com uma 
faculdade da vontade em Aristóteles => é deliberação e sem deliberação!). 
 Há três possíveis danos nas relações entre os seres humanos: 
a) praticado por ignorância (engano) quanto à pessoa atingida, o ato ou o instrumento; 
b) provocado por cólera; 
c) de maneira deliberada 
- para Aristóteles, atos provocados por ignorância são desculpáveis, por cólera, não! (8) 
 Há atos injustos não deliberados; 
 Não é possível ser tratado injustamente por que quer, a injustiça depende de quem comete o ato; 
 Justo é disposição de caráter; 
 Não é possível ser injusto contra si mesmo. (9) 
 
DIREITO NO PENSAMENTO MEDIEVAL (476-1453) 
 
A) Judaísmo e Cristianismo 
 
 P/ judeus e cristãos Abraão é o precursor da fé. Viveu uma história de obediência, a qual diz que Deus, 
além da aliança, faz as leis p/ serem seguidas (p.ex. Torá e 10 mandamentos). Portanto, nessa visão a 
Justiça é viver na obediência às leis divinas. 
 A fé está acima da própria ética 
 c/ o cristianismo, a lei divina se estende p/ toda a espécie humana, que é convocada p/ à redenção e 
obediência 
6 
 
 Paulo (judeu romano): todo ser humano tem acesso à divindade, assima Lei Natural (criada e por 
Deus e dada aos homens) =/= Lei Positiva (Rm) => o ser humano pode seguir a lei sem ter acesso à 
divindade pela lei do coração. 
 Deus cria uma lei e a coloca no coração dos humanos. Nesse caso, não precisa de lei positiva. Existe 
um Deus criador, essa maneira de pensar muda a concepção de lei natural que, para os gregos, nessa 
época, era o mesmo que algo intrínseco à natureza). 
 Deus cria a lei divina (ou natural) e a partir dela é criada a lei positiva. Atribui à Deus a lei divina, 
que serve de parâmetro para a lei temporal. A lei maior que servir de incentivo para a própria lei, é 
também incentivo para o ilícito, o que tem como justificativa o pecado original. 
 
B) Romanos 
 
 Marco Túlio Cícero (106 a.C – 43 a.C): Expoente da filosofia eclética dizia que o Direito não 
resulta do arbítrio, mas é dado por Natureza (constante e eterna), conhecido como Direito Natural, 
captado pela razão (De Rep 3, 22, 33). 
 Justiça e Injustiça são definidos a partir da “lei suprema”/ natural (De Legibus I, 6, 19), podemos 
adquiri-la pelo fato de todo ser humano possuir uma razão, logo a Justiça é o que está de acordo com 
a natureza. (Viver de acordo com a natureza! = influência estoica) 
 Há Direito dos povos (das gentes) = observado pelos povos (comum) e Direito Civil (positivo) = 
Direito de um povo 
 Em Roma há a figura do Jurisconsulto (“especialista” em Direito). 
 Há relação entre Direito e Moral, mas há diferença entre o lícito moral (honestidade) e o lícito 
jurídico (lícito) (p.ex. É lícito o governante aumentar seu salário, mas não é honesto!) – nem sempre 
oque está na norma é moralmente lícito 
 Eneu Domício Ulpiano (170 – 228 d.C): 
 
 Direito 1) conhecimento das coisas divinas e humanas; 
 2) Ciência do Justo e do Injusto 
 
 No Corpus Iuris civilis (org. por Justiniano (527-565 d.C)) há 3 preceitos fundamentais do Direito 
(Cf. Digesto I, 1, 10): 
 a) Viver honestamente (de acordo c/ a natureza = razão) (estoicismo); 
 b) Não lesar ninguém moralmente ou juridicialmente (Epicuro); 
 c) Dar a cada um o que é seu (justiça distributiva – Aristóteles) 
 
 
 
 
7 
 
C)Santo Agostinho (354-430) 
 
 O Império Romano não poderia ser chamado de República, pois não tinha justiça, pois assim como 
para Cícero, República é a coisa do povo, ou seja, uma associação de homens baseada no consenso 
do direito e na comunidade de interesses. Essa associação só atingirá a concórdia com a justiça, assim 
só há república quando governado com honestidade e justiça! (CD II, 21) => s/ Justiça o reino seria 
pirataria (CD IV, 4). 
 A Justiça não é apenas um conceito filosófico natural, mas possui um sentido filosófico religioso, a 
partir do qual a Justiça = Vera iustitia (fundada na divina ordem ou Lei eterna pela qual Deus ordena 
o mundo) e depende da Vera caritas (amor a Deus e ao próximo). Assim pode-se saber o que é a 
justiça eterna e não a cumprir (por falta de graça), mas é preciso o amor (tendo Cristo como 
exemplo!). Portanto não é possivel atingir a verdadeira justiça pela justiça positiva, assim toda lei 
positiva é injusta, mas devem ser cumpridas, pois é oque resta para os homens. 
 O Estado existe para evitar que os homens matem uns aos outros, já que são corrompidos 
 O ser humano com a razão não consegue atingir a lei eterna/natural, uma vez que os homens foram 
corrompidos/decaidos pelo pecado capital, por isso Deus a consede aos homens 
 Justiça = Deus (Ep 120, 4, 19) = criador da lei eterna 
 Justiça = amar o que deve ser amado (Ep. 155), na verdadeira República todos vivem na caridade. 
p.s. Amor = Vontade! 
 Há Leis: Eternas (dada pela Razão suprema) = cumprida por amor =/= temporais (lei dos humanos = 
mutável) = cumprida por temor (quanto mais próxima da lei eterna, mais justa!) (L.A I, 15) 
 Estado: visa a Paz (maior dos bens temporais (CD XIX, 11) (= Bem supremo da civitas (XIX, 12)) 
e paz é sinonimo de ordem = Justiça (dar a cada um o que é seu (L.A I,6), portanto a Deus devemos 
dar a Fé, e aos seres humanos a concórdia) (CD XIX, 12-14) 
 Povo: “conjunto de seres racionais associados pela comunidade de objetos amados” (CD XIX, 24) 
 Dois amores fundam duas cidades (CD XIV, 18) 
 Cidade Terrena: Amor aos bens temporais, amor a si = orgulho (visa a autoglorificação e, como 
Roma, não há verdadeira justiça. Aqueles que não amam a Deus 
 Cidade de Deus: fundada e governada por Cristo (CD XIX, 26) – visão mística que transcende a 
realidade 
 Antes do fim dos tempos, as duas cidades caminham juntas (CD XIX, 26, 37) e todo indivíduo, 
enquanto ser temporal, necessita do Estado terreno, apesar de leis imperfeitas, deve-se obedecer as 
leis temporais (CD, V, 19; 21) 
a) por utilidade/necessidade; 
b) por mais injustas que sejam, há uma providência divina para as suas existências! 
 s/ justiça pessoal não há justiça na República (CD XIX, 21, 2) = Relação moral/direito! 
8 
 
 A Justiça é: 
a) um parâmetro jamais alcançado na Cidade Terrena; 
b) tem uma alta exigência de perfeição (p.ex. abandono dos bens terrenos...); 
c) possui inaptidão para a sanção terrena. 
 Leis pelas quais Deus faz o homem conhecer a justiça (Contra Fausto, XLX, 2ss): 
a) Lei Natural: atingida pela razão, mas limitada devido ao Pecado Origina; 
b) Lei Mosaica: era uma ordem de Deus, que valia para uma determinada época, mas que prescreveu. 
c) Lei de Cristo: dada pelos Evangelhos como a lei perfeita, resumida em “Amar a Deus sobre todas as coisas 
e o próximo como a si mesmo. 
 
D)Santo Tomás de Aquino (1224/25 – 1274) 
 
 Lei é a regra/medida/parâmetro dos atos e formada pela razão, portanto tanto o homem quanto Deus 
criam leis 
(ST I-II, Q.90, a.1, resp) – “Primeira seção da Segunda parte, questão 90, artigo 1º, resposta) 
 Lei = ordem: visa o fim comum (comunidade), que é a felicidade (Q. 90, a.2): 
a) Emana da comunidade ou do legítimo representante (Q. 90, a.3) (estado terreno = governante e universo = 
Deus) 
b) É promulgada (Q. 90, a.4): deve se fazer conhecida 
c) Faz os humanos bons, pois é justa (Q.92, a.1) 
e) Gera o temor da pena (Q. 92, a.2) 
 Tipos de Lei: 
a) Comunidade governada por Deus (Universo): Razão Eterna produz a Lei eterna (Q. 91, a.1) – os homens 
não tem acesso 
b) Na tentativa do ser humano de atingir a lei eterna, através de sua razão imperfeita, chega a Lei natural:Obrigações da razão pela natureza. A razão capta uma ordem nas coisas. Há uma lei suprema da lei natural, 
que é fazer o bem e evitar o mal (Q.91, a.2) para possibilitar uma boa convivência em sociedade. A lei 
natural não é sancionatória, só a partir do momento que se torna uma lei humana. 
EX: Autoconservação: instinto de sobrevivência; conservação da humanidade; união dos seres humanos; 
educação dos filhos; conhecer a verdade (Deus); viver em sociedade. (Q. 94, a.2) 
c) Lei Humana: O legislador busca referência na lei natural, mas isso depende da sua relação com a lei 
natural, assim ele pode se aproximar ou não dela. Por isso, existem diferentes leis humanas, as quais são 
particulares. Porém, a lei humana, para ser justa, tem que estar amparada na lei natural. Daí que surgem as 
diferenças entre as leis humana, visto que nas sociedades existem diferentes legisladores e alguns se 
aproximam mais que outros da lei natural. Nas sociedades concretas que surgem o Direito, para que ele 
possa ser usado por meio da lei, alcançando, assim, a justiça. (Q.91, a.3) A lei humana é: 
9 
 
a) necessária por causa da natureza humana sociável (Q. 90, a.3) 
b) tem sua origem na autoridade política reconhecida pela sociedade (Q. 90, a.3) e na aceitação popular (Q. 
97, a.2) 
c) um prolongamento do Direito Natural 
d) adaptada às circunstâncias temporais (Q. 95, a.3) 
e) deve ser seguida por buscar a justiça 
d) Lei Divina = revelação: possibilita o conhecimento do sobrenatural para direção (salvação) da vida 
humana (Q.91, a.4). Há Lei Antiga (antigo testamento – 10 mandamentos) e Lei Nova (novo testamento – 
discurso da montanha) (Q.91, a.5) 
 
OBS: Não é possível afirmar que a lei divina (que está a parte do sistema de hierarquia) não se confunde 
com a lei eterna, visto que não conhecemos a lei eterna em si. 
E) JOÃO DUNS SCOTUS (1265/66-1308) 
 
Ordinatio I, Q. 44 - “Deus poderia fazer as coisas de modo diferente?” 
• Deus (Perfeição e Racionalidade Suprema), Legislador Sapientíssimo, poderia ter feito o mundo com 
outro ordenamento? 
• Deus ou os seres humanos podem agir contra a reta lei (pela qual Deus criou e rege o universo)? 
- Potência ordena: princípio para agir conforme a lei reta 
- Potência absoluta: capacidade de agir além ou contra a lei reta 
• Os seres humanos, os quais têm potência ordenada, não podem agir contra a lei divina 
• Deus, o qual tem a potência absoluta, pode agir contra a lei divina 
• Embora o estudo da lei seja teológico, no nível teórico, transcende a teologia 
 - a diferença entre potência absoluta e potência ordenada pode ser exemplificada pela relação príncipe e 
súditos na lei positiva. 
- O príncipe, que estatui a lei, pode modificá-la ou substituí-la (pot. abs.), e pode agir conforme (pot. ord.) 
• A lei (divina ou humana) é determinada/criada pela vontade 
• Optar por uma lei está no poder absoluto da vontade do legislador 
ex. Deus poderia estabelecer outra ordem, limitando-se ao princípio da não contradição, uma vez que Deus é 
o sumo bem, então não pode criar algo que seja intrinsecamente mal. 
• A inclinação natural é moralmente neutra, pois a moral depende da escolha da vontade (faculdade da 
mente) 
 
Ordinatio III, d. 37 – “Todos os preceitos do Decálogo pertencem à lei natural?” 
• A princípio, Deus manda agir contra o Decálogo (p.ex. Abraão/Isaac, adultério, furtos...), mas Deus 
não pode tornar o ilícito em lícito, uma vez que desde toda a eternidade já foram dadas as coisas dessa 
10 
 
forma 
• Na lei positiva, o legislador pode revogar uma lei, tornando lícito o que era ilícito! Mas, e a lei natural, 
Deus pode mudá-la? Deus não pode mudar uma lei que é necessariamente boa, uma vez que tudo que 
ele faz é bom. 
• A lei natural pode ser: 
- os primeiros princípios práticos (evidência dos termos ou conclusões necessárias) - são os dois primeiros 
mandamentos: 
1- “Amar a Deus sobre todas as coisas”; 
2- “Não tomar o santo nome de Deus em vão, eles têm Deus como objeto (fim último). 
ex. seria uma contradição Deus, Ser Supremo, não ser amado necessariamente. - Deus não pode alterar essas 
leis porque ele estaria indo contra a sua própria essência! 
- tomada em consonância com os primeiros princípios práticos, os demais mandamentos não têm a necessidade 
e a imutabilidade da lei natural em sentido estrito, mas em sentido amplo! Deus os ordenou, mas não se encontra 
preso neles, pois referem- se às relações humanas (por isso, contingentes) e não a Deus como fim último! 
 
Ordinatio IV, d. 15, q. 2 (c/ Reportatio Parisiensis) 
• Lida com a propriedade particular dos bens - Se no Paraíso os bens eram comuns, como a lei positiva 
pode tornar justa a divisão dos bens? 
• Há duas autoridades: 
- paterna: é justo pela lei natural que os filhos obedeçam aos pais e não foi revogado 
- política (sobre estranhos): De um só ou da comunidade => é justa pelo consenso comum e eleição 
• No estado paradisíaco não existia autoridade política, pois por natureza os homens nascem livres 
(Ord. IV, d. 36, q. 1, n. 2) 
• A autoridade política não é lei natural ou inclinação natural (o ser humano não é um animal político!). 
• Os seres humanos se reúnem por livre decisão, em busca da Paz (Rep. Par. IV, d. 15, q. 4, n. 11). 
• Após a queda, os seres humanos mantiveram sabedoria e prudência suficientes para instituírem leis 
(Rep. Par. IV, d. 15, q. 4, n. 9). 
 
Lei Natural em sentido lato (Ord. III, d. 17) 
• Trata do sacramento da penitência, mas trata da lei natural em sentido próprio e secundariamente. 
• Lei Natural em sentido próprio deve ser: 
- auto evidente/ analítica: conhecida dos termos da proposição 
- conclusão que decorre de uma ou mais proposições analíticas auto evidentes. 
• Lei Natural: verdade prática que é imediatamente reconhecida por todos como estando de acordo com tal 
lei. 
• A lei natural é reconhecida por todos e tem como características: 
11 
 
1) aspectos mais gerais da lei moral; 
2) refere-se aos seres humanos em geral; 
3) reconhecida pela razão. 
F) GUILHERME DE OCKHAM (?1285-1349) 
 
• Não era um filósofo político, por isso seus escritos são ocasionais, mas excepcionais! 
 
Origem da propriedade (Contra João XXII) 
 
• Pela Lei Natural, há uma destinação universal dos bens (uso de todos =/= propriedade comum). 
 
• Depois do pecado, para evitar o apetite imoderado dos maus, Deus institui o Poder de apropriar-se 
dos bens temporais (Brev. 3, 7) – propriedade não é um direito natural 
 
• O domínio próprio coube à razão humana efetuar! 
 
• Propriedades Temporais: bens mínimos para a paz (para Bem viver, quando necessário) – tudo 
que não vêm de Deus 
 
• Propriedade é anterior ao Estado, o qual passará a regulá-la (por necessidade dos indivíduos) (Opus 
non C. 88, II). 
 
Origem do Estado (Contratualismo Político) 
 
• Pensa a questão na disputa entre o Papa e o Imperador 
 
• A reflexão sobre a Plenitude Potestatis visa abrir um poder civil que não dependa do Papa e nem no 
imperador: 
 
- Não se encontra o poder civil ao Papa nas Escrituras (Direito Divino) 
 
- Também não se demonstra no Direito Natural (Contra Benedictum C. 6, 39) 
 
• Os seres humanos nascem livres, uma vez que no Paraíso não há autoridade humana, assim, é possível 
dizer que a autoridade submete a liberdade 
 
• Com a queda (pós pecado original), visando a paz, escolhe-se alguns para terem autoridade – o Direito 
passa a ser uma condição humana 
 
• Autoridade: bem ínfimo para a convivência, concedido por Deus 
 
• Os seres humanos acatam a autoridade por uma deliberação racional (Brev. 3, 7) 
 
• Viver em sociedade = submissão ao poder da autoridade 
 
• O poder de Deus pode vir: 
 
1) Diretamente: (p.ex. Moises, Pedro...); 
2) através de alguma criatura ou do ser humano (p.ex. Batismo, Eucaristia...); 
3) conferido por outro, mas através de Deus (Brev. 4, 5) 
 
• O Império e o poder civil foram instituídos por Deus, através dosseres humanos (povo) e não da 
12 
 
autoridade Pontifícia (Pode um príncipe c. 4, 98). 
 
• A função da autoridade é punir os maus (Santo Agostinho) = coerção! (=/= autoridade espiritual – 
que trata de questões do reino do céu), para evitar que os maus tomem conta de todo o poder 
 
 
O Bom governo e a legitimidade do poder 
 
• Qual a melhor forma de governo na Igreja: monarquia ou aristocracia? (Dial. III, I, II) 
=> Depende da circunstância = o governo de um nem sempre é o melhor! => pode-se procrastinar por séculos 
a escolha do Imperador ou do Papa!) 
 
• O governo deve ser voltado ao bem comum (=/= interesses particulares) 
 
• O melhor governo gera a paz e a concórdia (Octo Quest. 3, 5, I) 
 
• Pelo bem comum, em casos emergenciais (passageiros), pode-se intervir na propriedade particular e 
nos Direitos individuais (poder usado casualmente =/= poder regular). Assim, o Papa pode intervir 
no poder civil e o Imperador no poder eclesiástico. 
 
• O limite da autoridade é a liberdade individual, por isso nem o Papa, nem o Imperador têm a plenitude 
potestatis (absoluta), ou seja, não podem ir contra a Lei Divina e o Direito Natural (Dial. III, II, II, c. 
27) => não se pode retirar a liberdade (escravidão é punição) 
 
• O Estado é fundamentado na liberdade individual e a liberdade individual ordena o Estado! (com 
Ockham é possível montar uma teoria do Estado pautada nos Direitos Subjetivos, influenciado pelo 
voluntarismo de Scotus e João de Pedro Olivi, e na subjetividade da consciência individual de São 
Francisco de Assis) (Octo Quest. 3, 6, I). 
 
• Liberdade: compreendida a partir da liberdade evangélica (=/= opressão da Lei Antiga) (Pode um 
príncipe c. 2, 23) a qual vai servir de modelo para a liberdade civil (Liberdade > Bem comum) 
 
• Regularmente, o poder da autoridade é superior aos súditos, mas, casualmente, o poder dos súditos é 
superior, por isso, podem destituir a autoridade civil/papal se são empecilhos para a paz. Nesse sentido, 
o que é de interesse de todos é decidido por todos (civil/eclesiástico) (Dial. I, V, c. 21, 35, 100). 
 
• A legitimidade da autoridade está, além de visar o bem comum e respeitar a liberdade dos indivíduos, 
na anuência dos súditos, assim pode-se passar de um governo inícialmente tirânico para um governo 
legítimo, se os súditos reconhecerem (Brev. 4, 10-11). 
 
 
 
CONTRATUALISMO THOMAS HOBBES (1588-1679) 
 
→ Estado de Natureza 
a) Seres Humanos iguais (corpo e espírito) 
b) Guerra de todos contra todos => Discórdia 
c) Não há bem e mal => sem juízo de valor 
d) Não há propriedade 
OBS: O ser humano é um ser de desejos 
a) competição (p/ lucro) 
b) desconfiança (p/ segurança) 
c) glória (p/ reputação) 
13 
 
→ Direito de Natureza = Liberdade = Ausência de impedimentos externos 
OBS: Liberdade natural é ilusória se não há o Estado para regular as ações dos indivíduos. 
 
→ Leis da Natureza 
a) Busca pela paz - Não faz sentido sair do EM se não for para garantir a vida 
b) Renúncia do seu direito (não há renúncia de defesa e vida) 
 
→ Renúncia de direitos = CONTRATO => Cria-se o ESTADO CIVIL 
(por uma questão de sobrevivência/individual/egoísta é melhor viver em sociedade, mesmo que seja necessário 
abrir mão da suposta liberdade natural) – paradoxo: construimos a coletividade a partir de motivos 
individuais. 
 
→ O Estado garante a conservação e a satisfação (sobrevivência e satisfação dos desejos, desde que eles 
não afetem a conservção dos outros), além de ter o poder para manter (com castigo) o contrato. 
 
→ Para o PACTO é preciso um PODER COMUM = uma só vontade (homem ou assembleia) 
 
→ O Ser humano não é um animal político => Dificuldades para viver socialmente: 
a) são competitivos (buscam honra e dignidade) 
b) comparam os bens entre si (vaidade) 
c) pensam diferentemente sobre a condução das coisas públicas 
d) são dissimulados 
e) são implicantes 
f) o pacto é algo artificial => fragilidade em se manter 
Por essas razões, Hobbes acredita que é melhor o executivo e o legislativo se concentrar nas mãos de um, ou 
seja, o absolutismo. 
→ ESTADO (O Estado Moderno é composto por vários tentáculos que querem adentrar em todas 
instâncias da vida humana) = LEVIATÃ = Deus mortal, o qual garante: 
a) defesa; 
b) Paz através do poder e da força. 
OBS:Estado tem pretenssão de ser onisciente, onipresente e onipotente. 
 
→ Estado é composto por 
a) Soberano (aquele que possui poder soberano) 
b) Súditos (aqueles que estão submetidos ao poder soberano) 
 
14 
 
→ Leis civis 
a) os seres humanos são obrigados a respeitá-las por estarem no Estado 
b) é obrigatório seu conhecimento 
c) é ordem do Estado => parâmetro de bondade/maldade e justiça/injustiça 
 
→ Consequências sobre a lei 
a) Soberano (Monarquia/Democracia/Aristocracia) = Legislador (faz leis) = representante máximo do Estado 
– faz e executa as leis 
b) Soberano não está sujeito à lei civil, pois ele pode mudar a lei quando lhe for conveniente 
c) Costume torna-se lei pela vontade do Soberano (p.ex. seu silêncio) 
d) A lei civil restringe a liberdade natural 
e) Um Estado subjugado está submetido às leis civis do Estado Soberano 
f) Lei é a força, autoridade e vontade do Estado (Monarca ou Assembleia). 
g) Estado tem a força, associada ao Monarca, o qual comanda e governa + Justiça (Parlamento/juiz) 
h) Lei é a intensão do legislador = razão do Estado = Monarca (o juiz sentencia pelo Monarca) 
i) Não se aplica a lei para os que não a compreendem (débeis, crianças, loucos, animais...) 
 
→ Pecado: intenção (interior) de cometer um ilícito =/= Crime = ação ilícita exteriorizada: 
a) Vícios (moral) = pecados 
b) sem lei civil não há crime 
c) sem poder soberano não há crime 
OBS: pode-se escolher praticar um crime se o ato for melhor do que as penas. 
 
→ Pena: Dano da autoridade pública à transgressão da lei 
a) A pena é praticada pelo Estado (não o súdito) - a pena é aplicada exclusivamente pelo Estado, não se pode 
fazer justiça com as próprias mãos 
b) Vinganças pessoais ou injúrias não são penas 
c) Não é pena o esquecimento da autoridade pública 
d) Dano sem condenação é um ato hostil do Estado 
e) Danos de entes públicos sem autoridade do Soberano é ato hostil 
f) Pena = exemplo 
g) Consequências danosas se não infligidas pela autoridade pública não são penas 
h) A pena deve ser maior que o benefício da transgressão 
i) Pena maior que previsão é hostilização 
j) sem lei não há transgressão 
k) Danos contra a autoridade é ato hostil 
15 
 
l) Pode-se aplicar quaisquer danos aos inimigos do Estado (que não estão sujeitos às Leis) 
 
→ Tipos de penas 
a) Corporais: capital = morte, outras não mortais 
b) Pecuniárias: Confisco (de dinheiro ou bens) 
c) Ignomínia: desonra (títulos e cargos) 
d) Prisão: privação da liberdade 
e) Exílio: saída do Estado 
Bibliografia: Leviatã – Cap. XII, XIV, XVII, XXVI, XXVII, XXVIII 
 
JOHN LOCKE (1632-1704) – Segundo Tratado Sobre o Governo 
→ para compreender o poder político se deve pensar o Estado de Natureza no qual se dá: 
a) perfeita liberdade; 
 
b) igualdade. 
→ Ninguém é de uso de ninguém (escravidão), a exceção é o castigo 
 
→ No Estado de Natureza está se submetido às leis naturais, a sua transgressão acarreta uma pena que 
pode ser aplicada por todos. Nesse sentido, todo ser humano tem o poder para castigar (para preservar 
a humanidade) – todos são “juízes” – como consequência a justiça feita com as próprias mãos é 
desmedida 
 
→ Estado de Natureza: 
 
a) O ser humano é livre, mas vive com temores e perigos 
 
b) Falta lei positiva, o que possibilita que nem todos seguem a lei natural/razão, pois não existe um poder que 
os obrigue a tal 
 
c) Falta juiz imparcial que siga a lei – cada um é seu próprio juiz 
 
d) Falta garantia para a sentença e execução de penas (leis) 
 
→ Direito Natural = Direito a preservação/subsistência (ex. Direito a comida e água)→ Deus concede o mundo aos seres humanos => PROPRIEDADE como um Direito Natural, já 
encontrada no Estado de Natureza 
 
- DN: Liberdade e propriedade 
- Inicialmente,os animais e os frutos pertencem à humanidade, mas ao caçar ou colher (trabalho) passam a ser 
propriedade, ou seja, o trabalho transforma a natureza em propriedade. 
 
Obs: não se deve exceder a propriedade (é um liberal falando) - terra é a principal propriedade exterior. Locke 
era inglês e a Inglaterra é um país pequeno, então havia uma preocupação com os latifúndios, pois iria 
prejudicar as relações interpessoais. 
 
- Locke diz que o Estado deve garantir os DN (liberdade e propriedade) e os ingleses levam para os EUA, a 
16 
 
qual permanece na cultura da sociedade americana, nesse sentido, a discussão sobre uma saúde pública lá não 
é totalmente aceita, uma vez que os cidadãos americanos partem da visão de que o estado deve intervir somente 
para garantir a liberdade e a propriedade, então quando se propõe que o estado deveria cuidar também da 
saúde para todos, os indivíduos veem isso como uma invasão de sua vida privada. 
 
→ O ser humano nasce: 
 
a) Livre; 
 
b) com o direito de preservar a vida, a liberdade e os bens 
 
=> Há dois direitos naturais = Liberdade e Propriedade (a vida é a principal propriedade). 
 
→ O Estado Civil surgirá para restringir: 
 
a) a parcialidade 
 
b) a violência desproporcional 
 
=> PACTO (contrato) é a concordância sobre um corpo político comum a todos os indivíduos 
 
→ ESTADO NATURAL => RENÚNCIA DO PODER NATURAL/ PACTO => 
ESTADO CIVIL = poder para preservar propriedade com castigo – poder sancionatório 
 
- passa dos arbítrios particulares para as regras comuns (leis) 
 
→ Liberdade Natural = livre de qualquer poder na terra (restrição da lei natural) =/= liberdade social = 
consentimento ao poder legislativo (lei) = vive-se sobre as regras, agir conforme as leis (escravidão 
somente como sanção) 
 
→ Sociedade: 
 
a) julga (poder de julgar); 
 
b) baseada nas leis (poder legislativo) - principal poder (supremo), uma vez que todos os outros dependem 
dele 
 
c) através do castigo (poder executivo). 
 
- Locke é crítico de Hobbes 
 
- Sociedade civil = corpo político (povo) 
 
- Na Sociedade, o homem abandona a igualdade, a liberdade e o poder naturais para sua preservação, sua 
liberdade e a permanência de sua propriedade. 
 
→ No Estado há: 
 
a) Poder Supremo = governo através de leis conhecidas 
 
b)Juízes = decidem baseado em leis 
 
c)Força = p/ executar leis e prevenir malefícios 
 
→ O Estado visa garantir: 
17 
 
a) a paz; 
 
b) a segurança; 
 
c) o Bem Público 
 
→ O Estado garante a paz e a segurança através de Leis e 1ª lei positiva: estabelecer o Poder Legislativo: 
 
a) escolhido pelo povo; 
 
b) é o poder supremo; 
 
c) gera obrigação de seguir; 
 
d) garante a preservação (não pode destruir, escravizar ou propositalmente empobrecer os súditos). 
 
e) decide direitos por leis promulgadas 
 
→ Divisão dos poderes: 
 
a) Poder Legislativo: estabelece leis - não é permanente, uma vez que não se fazem leis o tempo todo 
 
b)Poder Executivo: executa as leis - sempre presente 
 
c)Poder Federativo: para transações internacionais - derivado do Direito Natural – “direito das gentes” 
 
Obs. Poder Legislativo =/= Poder Executivo: 
- povo escolhe representantes do Poder Legislativo 
 
- Se o Poder Executivo usar da força contra o povo = guerra => o povo pode removê- lo pela força 
(rebelião) 
 
 
Bibliografia – Segundo Tratado Sobre o Governo – Cap. II (parágrafos 4-15), IV, V (25- 35), VII (87-
89), IX (123-131), XI (134-136), XII (143-144). 
 
 
Barão de Montesquieu (1689-1755) 
→ Livro: Do Espírito das Leis 
→ Lei e tipos de leis 
 
a) Lei é uma relação necessária que deriva da natureza das coisas (contra o acaso) – está presente de forma 
implícita em tudo 
 
b) Deus age segundo as leis que criou com sabedoria e poder 
 
c) Há justo/injusto antes da instituição da Lei Positiva, uma vez que está relacionada com a Lei Natural 
 
d) Leis Naturais (perpétuas) =/= Leis Humanas (mutáveis e sujeitas ao erro e ao egoísmo) 
18 
 
Animais - tem lei natural = prazer; 
 - não tem a lei positiva = conhecimento/razão 
 
→ Leis Naturais 
 a) Paz; 
 
 b) Subsistência; 
 
 c) Relação entre os entes; - relação humana (ex. sexualidade) 
 
 d) Viver em sociedade. 
 
→ Leis Positivas 
a) Estado Natural (paz) =/= Sociedade (estado de guerra (entre humanos e nações) = justifica as leis 
positivas, as quais buscam salvagualdar os individuos e os estados dos conflitos inerentes da vida em 
sociedade 
 
→ Tipos de Direitos 
 a) Direito das Gentes: comum entre as nações, visa a paz (máximo bem) e evita a guerra (mínimo mal), 
para conservação do Estado 
 
 b) Direito Político: surge da relação do governo com o governado (vertical), dando origem ao Estado 
Político, o qual é a reunião das forças individuais => Lei Política é aquela que estabelece o Estado 
 
 c)Direito Civil: surge da relação entre os cidadãos (horizontal), dando origem ao Estado Civil, o qual é 
a reunião das vontades individuais => Lei Civil é aquela que mantém o Estado 
 
- Há o governo de um ou de muitos => há um melhor/peculiar para cada povo 
 
- A lei varia de acordo com vários fatores de cada Estado – é contingênte - (Clima, Relevo, Religião, 
Costumes...) 
 
→ Tipos de Governo 
a) Republicano: Povo (ou parcela) tem o poder soberano 
 
b) Monárquico: Um governa com leis fixas 
 
c) Despótico: Um governa com capricho 
 
→ República 
a) Povo = Democracia; 
b) Parte do povo = Aristocracia 
 
• Democracia : Povo = Monarca (vontade geral) + Súdito = Vontade Particular 
a) é preciso fixar o número para compor a assembleia; 
 
b) o povo nomeia os magistrados; 
19 
 
c) é preciso um conselho ou Senado escolhido; 
 
d) o povo deve escolher com sabedoria (o povo não vai governar pois o povo não sabe governar); 
 
e) é preciso divisão do povo em classes para atuação política, ou seja, para que cada classe tenha um 
representante que a represente (para direito a voto); 
 
f) a plebe deve ser esclarecida (instruida) e contida (receio da revolta); 
 
g) o povo institui leis, mas há ocasiões para a atuação do senado (decretos que são postos e depois 
aceitos/referendados pela vontade do povo) 
 
• Aristocracia : poder para alguns fazerem e executarem as leis 
a) não há voto por sorteio; 
 
b) havendo muitos nobres, é preciso um senado; 
 
c) não se deve subjugar o povo!; 
 
d) o magistrado deve permanecer o suficiente no poder, para que ele não se confunda com o próprio poder 
(ex. 1 ano); 
 
e) a melhor forma de aristocracia é a que não oprime, pois é a que mais se aproxima da democracia 
 
→ Monarquia: governo de um baseado em leis (preferido do Montesquieu) 
 a) Príncipe é a fonte de poder (político e civil) 
 
 b) Há um poder intermediário = nobreza (divisão de poderes já existente) 
 
 c) O poder eclesial é importante para evitar o despotismo 
 
→ Despotismo: poder de um só, não há leis fundamentais e não há repositório da lei. 
 
→ Liberdade 
a) Estado é uma sociedade com leis, dentro dela a liberdade é “fazer o que se deve querer e não ser obrigado 
a fazer o que não se deve desejar”, ou seja, fazer o que a lei permite. 
 
b) O ser humano abusa do poder, por isso “é preciso que o poder freie o poder”. 
 
→ O Estado tem 
1) Poder Legislativo: faz as leis (baseado no Direito Político – Governo cria leis para os governado 
seguirem); 
 
2) Poder Executivo (do Direito das Gentes): faz guerra/ paz, assegura segurança...) 
{Poder executivo!}; 
 
3) Poder Executivo (do Direito Civil – regula as relações entre os cidadãos): poder de julgar (pune e 
julga) 
20 
 
- não há liberdade civil com a junção de 2 ou 3 poderes 
 
→ Sobre a divisão dos poderes (Inglaterra como exemplo) 
 
a)o poder de julgar não deve ser permanentemente => são pessoas do povo! => são como seres 
inanimados. 
 
b) poder executivo (execução da lei) e poder legislativo (vontade geral) podem ter corpo permanente. 
 
c) Povo => através de representantes = tem o poder legislativo 
 
d) Deve-se escolher representantes de todas as partes da nação. 
 
e) Poder Legislativo = nobreza + corpo escolhido => não é necessário estar sempre reunido => pode 
vetar o executivo. 
 
f) Poder executivo = monarca = tem ação instantânea => pode vetar o legislativo e vice-versa 
 
g) Com a mudança do legislativo, renova-se a esperança. 
 
 
 
Texto base – Do Espírito das Leis: Primeira Parte: Livro I – Capítulos: I, II, III; Livro II – Capítulos 
I, II, III, IV, V; Livro XI – Capítulos I, II, III, IV, V, VI. 
 
 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) 
- Obras: “Do Contrato Social” e “A Origem da Desigualdade Social entre os Homens” 
- Filósofo base do pensamento revolucionário progressista 
- Rosseau defende que os homens são naturalmente bons 
 Estado de Natureza: 
a) Estado de Natureza (Liberdade Natural) => Sociedade (Divisão/Conflito) => Contrato => Estado Civil 
(surgiu para lidar com a propriedade – Estado irá regular as relações entre os indivíduos) 
 
- Quando o primeiro homem cercou seu terreno, chamou isso de seu e convenceu os demais que aquilo era 
dele, daí a derrocada da humanidade. 
 
 Saída do Estado de Natureza: 
a) Força Individual (EN) => Força Coletiva (EC – submetidos a vontade geral) 
Obs: Rosseau coloca o coletivo acima do indivíduo. 
 
b) Liberdade (natural) é limitada pela força individual (até onde o indivíduo consegue se impor sobre o outro) 
=> Liberdade convencional (liberdade de agir conforme a lei) = limitada pela vontade geral 
 
c) Posse (efeito da força individual) => propriedade (garantia/efeito da lei) 
21 
 
Obs: Não existe propriedade no EN, pois não existe um poder regulador que assegure que o que você afirma 
ser seu é realmente seu. 
 
 Contrato: 
a) deve ser seguido => o rompimento do contrato (revolução) leva à volta ao Estado Natural (pré-contrato), 
no sentido de recomeçar o EC com um novo contrato. 
Obs:O pré- contrato é o momento em que se retorna ao EM pelo rompimento do contrato, porém não de 
forma absoluta, uma vez que nesse contexto se tem a sociedade. 
 
b) há entrega dos direitos para o corpo coletivo (vontade geral) 
 
c) garante: 1) retorno dos direitos; 
 2) força para conserva-los. 
 
d) entrega totalmente dos direitos 
 
e) cria a vontade geral = corpo coletivo (corpo político) 
 
f) associados: 1) povo (coletivo); 
 2) cidadãos (particular): partícipes da autoridade soberana - cada um enquanto indivíduo 
é também soberano; 
 3) súditos (particular): submetidos às leis do Estado 
 
 Estado Civil: 
a) Estado Natural (impulso físico/apetite) => Estado Civil (dever/direito); 
 
b) Estado Civil proporciona: 1) desenvolvimento da razão; 
 2) aumento/sofisticação das ideias; 
 3) enobrecimento dos sentidos. 
 
c) com a vontade geral é preciso legislação; 
 
d) Possui governo e leis; 
 
e) é convenção/construção humana (=/= ordem natural); 
 
f) justiça humana está explicitada em leis = direito (no Estado de Natureza não há justiça, porque não há lei 
e direito). 
 
 Lei: 
a) é a vontade geral (vontade do Estado); 
 
b) é única e universal (não visa um ser humano particular) - coletiva; 
 
c) ninguém está acima dela; 
 
d) é justa; 
22 
 
e) segui-la é ser livre dentro do Estado Civil; 
 
f) o povo é o autor (por meio de um legislador). 
 
 República: Estado regulado por leis, que visa o interesse público, ou seja, é regido pela vontade 
geral. 
 
 Legislador: 
a) descobre as melhores regras (coletivas/da vontade geral); 
 
b) deve possuir inteligência superior para captar a Vontade Geral; 
 
c) ajuda a passar de uma natureza individual/egoísta para uma natureza coletiva (para Rousseau o homem 
não é um animal social, por natureza); 
 
d) não pode governar (separação entre o legisladore quem executa); 
 
e) usa linguagem técnica; 
 
f) usa os costumes e a opinião; 
 
g) legislar é um ato humano (Moisés e Maomé foram grandes legisladores) 
 
 Divisão das leis: 
a) Lei política: relação do soberano com o Estado -vertical = lei fundamental; 
 
b) Lei civil: relação dos membros (indivíduos) entre si – horizontal; 
 
c) Lei criminal: relação ser humano com a lei; 
 
d) Usos, costumes e opinião – “lei mais importante”; 
 
 Governo: 
a) Corpo Político = poder legislativo (vontade) + poder executivo (força) 
 
b) Executivo (Governo) = relaciona o Soberano com os súditos:1) executa as leis; 
 2) mantêm a liberdade civil; 
 
c) corpo que administra (lida com a burocracia); 
 
d) Governo = executa e o Povo: 1) é legislador (soberano) 
 2) é súdito- segue as leis; 
 
e) há um soberano e “n” súditos => quanto maior o nº de súditos, menor a liberdade civil, poia a liberdade 
passa pela participação política, a qual estaria diluída; 
 
f) se os costumes forem =/= das leis, maior é a força repressora; 
 
23 
 
g) quanto maior o Estado, maior a corrupção, pois é mais dificil do governo controlar todas as suas instâncias. 
 
 
Referência: Do Contrato Social – Livro I (Caps. I,VI, VIII); Livro II (Caps. VI, VII, XII); Livro III (Cap.I) 
 
 
Immanuel Kant (1724-1804) 
 
 Conhecimento: 
 Ap. Cognitivo 
S (sujeito) ==========> O (objeto empírico) 
 
Faculdades do Aparato Cognitivo: 
- Sensibilidade (Formas): tempo e espaço – capta o objeto 
- Entendimento (Categorias): organiza o que foi captado pela sensibilidade 
 - Razão (Ideias): alma/mundo/Deus = princípios regulativos (preenchimento de lacunas para criar sentido 
aos objetos que não são perfeitamente conhecidos pelo aparato cognitivo – ex. sou uma pessoa boa mas sem 
sucesso) 
 
Obs: Nômeno (objeto em si mesmo) e fenômeno (o que meu aparato cognitivo me permite conhecer sobre o 
objeto). 
 
 
 Razão Prática Pura: Ato Moral (=/= felicidade) = as ações universais geralmente são moralmente 
boas, o que seria agir pelo Imperativo Categórico (“Aja tomando a sua ação de modo universal”), o 
qual é um dever - retorno da Liberdade, assim pode-se falar em Direito, uma vez que já pressupomos 
a noção de liberdade. 
 
Obs: A liberdade é pressuposta, uma vez que não pode ser conhecida, pois não é um objeto empírico, mas é 
possível dizer que ela está na escolha de agir ou não conforme a minha razão (seguindo o imperativo 
categórico). 
 
 Estado de Natureza 
 
 
 
 Estado Civil: 
a) possui justiça distributiva; 
b) possui poder legislativo (povo), executivo (representante) e judiciário (Direito); 
c) tem tutela do Direito – o Estado possui o poder de lidar com as relações interpessoais através do Direito; 
d) garante a posse permanente (aquilo que você possui é garantido pelo Estado que irá permanecer com 
você, por isso pode ser lido como uma propriedade) =/= posse provisória do Estado de Natureza (alguém 
pode tomar de você, pois não há lei sobre tal) 
 e) Garante: 1) Liberdade (enquanto homem): para buscar a felicidade sem prejudicar outro; 
2) Igualdade (enquanto súdito): todos os indivíduos são iguais diante da lei; 
3) Independência (enquanto cidadão): para participar do poder legislativo. 
contrato – Id. da razão 
24 
 
Obs: A razão se vale da ideia do Estado de Natureza para justificar o Estado Civil, por isso Kant concebe o 
estado civil então tudo o que existe no estado civil, pode-se pressupor que não tem no estado de natureza. 
 
 
 Ação: 
a) Interna: é a ação moral uma ação pordever, ou seja, a ação por respeito à lei dada pelo imperativo 
categórico. A ação moral é a que leva em conta os motivos do agir, ou seja, os sentidos e as intenções que 
motivaram a ação. 
 
b) Externa: a ação, quando externalizada, torna-se uma ação jurídica, pois é a ação que o Estado é capaz de 
legislar sobre (Estado não tem como legislar a mente). A ação externa pode lidar com motivos diferentes 
relacionados à conduta dos indivíduos, que pode ser realizada pelo DEVER ou pela COERÇÃO (Estado). 
 
 Direito: 
a) possibilita os seres humanos viverem livres (liberdade civil); 
b) possibilita a coexistência dos arbítrios (vonstades); 
c) prescinde/não necessita da intenção; 
d) é coercitivo. 
 
 Lei Universal do Direito: “Aja externamente de modo que o livre exercício de tua vontade possa 
coexistir com a liberdade de todos os outros”. 
 
 Direito Inato (Meu e Teu interno): é a liberdade =/= Direito Jurídico (Meu e Teu externo) = para 
posse externa. 
 
 República Mundial (Id. da razão): junção dos Estados = visa a Paz 
 
 
Referência: Primeiros Princípios Metafísicos da Doutrina do Direito. 
 
FILOSOFIA DO DIREITO APÓS KANT 
JUSNATURALISMO 
 
1- Busca um critério absoluto de justiça - O jusnaturalismo é uma corrente que se confunde com a filosofia do 
Direito, a qual foi vigente do século IV a.C. até século VII d.C. Nela, o que legitima o Direito é a justiça 
(direito natural como critério absoluto de justiça). 
 
D. Natural/Jusnaturalismo D. Positivo (sociedade) 
 O direito surge na sociedade 
 e se aplica nela 
 
OBS: Dentro do Juspositivismo existe o positivismo jurídico, o qual defende o Direito Positivo (lei). 
 
2- Esse critério de justiça é a busca pela validade do direito. 
25 
 
3- Doutrina que perpassou a tradição ocidental: 
• Antígona: Fil. Grega (Aristóteles – Justiça natural/distinta = “respeito aos pactos” e justiça 
legal/convencional = “sacrificar ovelhas ou cabras à Zeus”) 
• Romanos: Cristianismo (Santo Tomás – Lei Eterna => Lei Natural (Fazer o bem e evitar o mal => 
Lei Humana) A lei natural é um parâmetro de justiça absoluta que varia de acordo com os povos (o 
máximo que a razão humana consegue alcançar da lei eterna) e lei humana é aquela produzida pelos 
próprios homens. 
• Modernos: 
a) Hobbes: DN (pacto e paz)=/= DP (presente no Estado Civil) 
b) Locke: DN (Vida e Propriedade) => DP (deve garantir o DN, pois quanto mais próximo do DN ele 
for, mais justo ele é) 
c) Kant: DN = Liberdade e DP = Legislador – é jusnaturalista mas abre espaço para pensamentos 
juspositivistas. 
 
➔ Entra em crise nos séculos XVIII e XIX e retorna com maior força após as Grandes Guerras (Séc. XX). 
Com a falta de um parâmetro universal, cada país adotava como certa a sua legislação positivada, 
justificando a guerra. Assim, por uma questão de sobrevivência, os povos voltam a falar de direito natural, 
mas com outros nomes, como direitos humanos. 
 
4- Gustav Radbruch (1878-1949) – Obra: Filosofia do Direito (1932/entre guerras): 
a) Uma lei que nega a vontade de justiça (rejeição aos Direitos dos Homens), não tem validade 
b) Leis injustas e danosas socialmente devem ser rejeitadas => Há princípios jurídicos mais fortes que a 
normatividade jurídica (leiposta). 
c) Sem justiça e igualdade a lei não tem juridicidade (validade) – forma de evitar a arbitrariedade dos direitos 
positivados. 
 
5- Jean Dabin (1879-1971) - Texto “Direito Natural, Justiça e Regra Geral” (1944) 
a) Direito Natural: 
1- É norma da razão; 
2- É regra de conduta, tanto moral quanto jurídica; 
3- Tem validade universal e imutável; 
4- É um princípio para a legislação civil – parâmetro para o direito positivo; 
5- É regra que visa o bem e a justiça; 
6- Visa o Bem-Estar social; 
7- Tem Aristóteles e Tomás como grandes expoentes. 
 
b) Justiça: 
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1- É virtude moral – gregos já diziam; 
2- Se relaciona com o bem 
3- É o cumprimento dos deveres; 
4- É “dar a cada um o que lhe é devido” ; 
5- É igualdade; 
6- É representado pela: 
a) Justiça Comutativa: Pessoa Privada <=> Pessoa Privada; 
b) Justiça Distributiva: Coletividade (Sociedade/Estado) => Indivíduo (membro), lida com: 
participação no bem público; distribuição de frações; alocações de atribuições; 
c) Justiça Legal: Indivíduo (membro) => Coletividade (sociedade). 
 
REALISMO JURÍDICO 
 
➔ Corrente do Juspositivismo 
1) Direito surge da realidade social 
- O comportamento humano faz e desfaz a norma, não existe nada além da sociedade e dos costumes que 
servem de base para o direito. 
 
2) Validade do Direito = Eficácia da norma 
- Uma regra se mantém atuando quando ela é eficaz, quando ela é eficaz ela é válida, a validade para os realistas 
é a eficácia. “Está funcionando? Vamos continuar com essa lei. Não está funcionando? Vamos trocar” 
- É possível analisar a sociedade através dos sentidos. 
 
3) Escola Histórica 
- Friedrich Karl Von Savigny (1779-1861); Texto: “Da vocação do nosso tempo para a legislação e 
jurisprudência” (1814). 
 a) Fontes do Direito: “Espírito do Povo” e Direito Consuetudinário (costumes e crenças, os quais 
constituem a história desse povo, daí o nome da corrente) 
 b) Lei: essência do povo (=/= essência do homem) – significa aquilo que é o fundamento do povo, 
sinônimo de história, dentro de uma perspeciva metafísica, ou seja, que transcende o povo. 
 c) Código (Legislação): Leis existentes + Novos dispositivos (costumes/opiniões só se tornam parâmetros 
quando transformados em lei, se efetivando no ordenamento jurídico) - na falta de um direito absoluto, o DP 
muda de acodo com as condições históricas. 
 d) Lei/Direito Natural: Teoria “Extravagante e Infundada”, tendo em vista que ele não existe => O Direito 
Positivo se adequa à conveniência histórica dos fatos 
 
4) Características da Lei: - buscar nos textos 
 
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a) Associada à vontade/consciência/história do povo 
b) Comunicada por escrito ou oral 
c) Sujeita à mudança 
d) É expressa por uma linguagem técnica 
e) Pautada pelas leis existentes e por novos dispositivos 
f) Precisa (quando a lei é posta, ela é certa) e Uniforme (mesma lei para todos os indivíduos) – Concisa 
 
5) Característica da História: 
 
 a) É parte de um determinado povo 
 b) Ramo do conhecimento (para o direito/formação das leis) 
 c) Formada pelos costumes e jurisprudências 
 d) Mantém o povo unido (Estado Primitivo/originário) 
 
POSITIVISMO JURÍDICO 
 
1) VÁLIDADE =/= JUSTIÇA (problema ético) =/= EFICÁCIA 
justiça cristã e platônica, justiça não é uma questão juridica e por isso não poderia classificar a norma 
 
2) Hans Kelsen (1881-1973): nascido em Viena 
Direito = Ciência Pura (Teoria Pura do Direito) => Estudo científico do Direito Positivo = Torna o Direito 
uma Ciência => o que constitui o Direito é sua Validade Jurídica (Validade da Norma – principal objeto de 
estudo) o direito é autossuficiente, toda influencia externa é transformada para caber no ordenamento 
jurídico 
 
- Sofreu grande influência de Ludwig Wittgeinstein: jogos de linguagem e tractato (filo só serve como 
ferramenta para analisar as proposições científicas sobre a realidade – Círculo de Viena – visão cientificista e 
positivista) 
 
3) Norma: 
a) não é comando/imperativo. 
b) liga um Fato Condicionante e uma consequência (sanção) = entidade lógico-hipotética (qualifica 
juridicamente a experiência social); 
c) não enuncia juízo de valor moral/político; 
d) é coercitiva - sanção (para evitar o ilícito) 
 
4) Validade da Norma: 
a) se a autoridade que fez a norma tem autoridade legítima; 
b) se a norma atual não for anulada (revogada); 
c) se a norma criada é compatível com o ordenamento jurídico.d) Norma fundamental 
 
5) Ser =/= Dever-ser 
a) Ser = Natureza = nexo causal necessário (C=>C=>...C) = se A, B. 
b) Dever-ser 
ex. fenômeno social (regulado por) => Norma Jurídica = Princípio de Imputação/atribuição {Norma (prop. 
Hipotética: (Se) A (condição) (Fato-Ilícito)==(então) (Imputação = vontade = Estado)==> B (efeito/sanção) 
 
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6) Norma Fundamental: 
- uma norma não pode se auto validar 
* Sanção <=(Validade)= Norma <=(V)= Norma <=(V)=...Norma Fundamental 
 
ex. Prisão <=(V)= Sentença Judiciária <=(V)= Lei Penal <=(V)= Constituição <=(V)= 
... <=(V) = Norma Fundamental 
 
7) Norma Fundamental: pressuposição teorica que kelsen utiliza para validar o ordenamento jurídico 
 
a) 1ª Constituição; (não é positivada) 
b) não é posta; 
c) é pressuposta; 
d) feita por grupo ou usurpador; 
e) pressuposição última; 
f) valida as demais normas. 
 
JÜRGEN HABERMAS (1929) 
 
1) Sociedades Seculares (moderna): 
- ruptura a partir da Ref. Protestante (rompe com a unidade cristã), Rev. Científica e Grandes Navegações 
a) Rejeita o mito e tradição - não há mais um tipo de discurso universal 
b) Plural – diferentes formas de perceber a realidade 
c) Tende ao dissenso – tende ao conflito por ser plural 
 
2) O Direito não pode buscar fundamento na: 
a) Teleologia da História – Habermas não aceita a visão de que a história tende a um fim 
b) Essência do ser humano (jusnaturalismo) – após a teoria da evolução é dificil falar em essência 
c) Tradição Cultural – manifestação do espírito absoluta – Habermas também rejeita o juspositivismo, pois 
há uma pluralidade cultural, assim qual seria o parâmetro para o direito? 
 
3) Com a reviravolta linguística a Razão Prática (lida com a ética + direito) passa a ser denominada como 
Razão Comunicativa (Agir comunicativo para o entendimento) 
- a linguagem passa a ser o principal objeto de estudo da filosofia na primeira metade do séc. XX, por ser 
um meio para se comunicar e refletir 
- Conflito = falta de entendimento entre os indivíduos, assim, para resolvê-lo, no nível ideal, seria preciso 
criar um discurso que o interlocutor reconheça como válido 
 
4) Para a Teoria da Ação Comunicativa (T.A.C) no discurso válido: 
a) o falante se faz compreender - tem que acatar essa intenção comunicativa 
b) o falante dá a entender algo - não pode ser dúbio, não pode querer enganar 
c) verdadeiro/correto – algo é verdadeiro se aquele predicado se adequa ao sujeito e correto quando tem a 
intenção de ser 
- Ação estratégica: não agir com finalidade de entendimento, querer convencer o outro com um discurso que 
não é necessariamente válido 
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5) A teoria do Agir Comunicativo visa a integração social, conectando as ações/interlocutores. Assim, a 
fala coordena entendimento entre ouvinte e falante, enquanto busca consenso (com dissenso busca-se o 
“melhor” argumento). 
 
6) Com validade falível, ou seja, sem consenso entre os diferentes discursos, se faz necessário positivar o 
Direito para garantir a convivência social 
 
7) Direito: surge para resolver os conflitos, porque nem todos agem conforme a ação comunicativa 
a) Demarca as liberdades – possibilita a convivência social 
b) Garante a Integração Social – o Direito faz a mediação entre os indivíduos 
c) Manifesta a Vontade do povo – ideal democrático 
d) Tem o monopólio da Sanção - coercitivo 
e) Evita o dissenso – busca o concenso dentro da pluralidade social 
f) Tem validade falível – o Direito não é absoluto, as leis são mutáveis 
 
8) A norma jurídica é: 
a) Objetivadora - é obstáculo para minhas ações => ação estratégica (buscando contrariar o Direito) 
b) Performativa - é deontológica, ou seja, é um norte para minhas ações => ação comunicativa 
 
9) Legitimidade do Direito: 
 a) Democracia (Deliberativa) - democracia institucionalizada, baseada nos Direitos Humanos, na qual se 
dá a convivência entre discursos antagônicos 
 b) Institucionalização – burocratização para que a democracia funcione 
 - Pode existir direito fora da democracia, mas ele só é válido dentro de um sistema democrático

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