Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 GABRIELA ERBETTA 2°PERÍODO 2020 APOSTILA DE FILOSOFIA DO DIREITO 2 DIREITO NO PENSAMENTO ANTIGO Filosofia tem a capacidade metodológica de adentrar em outras áreas do saber Filosofia do Direito a) Indaga sobre Valor, Norma e Justiça b) Realidade jurídica pensada filosoficamente Direito: conjunto sistemático de regras (normas) => era Fato Social + Elementos místicos/religiosos => o mundo era dado por divindades => o mundo humano faz parte da ordenação cósmica => Lei Humana (semelhante à) Lei Cósmica. Nos gregos: Physis (natureza) associada à Diké (justiça) =/= Nomos (convenção, costume que surge das relações sociais), assim, pode-se dizer que em certos momentos o homem não segue a physis, ou seja, não é justo. - Lei Divina (Natural): Eterna, Imutável, Dada por divindade ou Intrínseca na natureza, Não escrita, Posta. -Lei Humana (Positiva): Temporal, Mutável, Feita pelo ser humano, Escrita, Pressuposta, (Cf. Antígona). Direito no Pensamento Antigo: 1 Sofistas: o ser humano e as coisas humanas são suas preocupações Protágoras (491/81 a.C – 405 a.C): “O homem é a medida de todas as coisas”, assim, não há valores, verdades, justiça e direitos absolutos, há algo que é mais útil e conveniente para sociedade. (Cf. Teeteto 166d) Górgias (485/80 a.C – 380/75 a.C): Não existe absolutamente a verdade e tudo é falso! (O ser não existe/ Se existisse, não poderia ser pensado/ Se pudesse ser pensado, não poderia ser falado!), por isso só resta a retórica (Direito). - Obra perdida: Da Natureza ou Sobre o não ser Corrente naturalista: Hípias (séc. IV a.C): a Physis une os humanos (Direito Natural – Válido e Eterno) =/= Lei Positiva = Tirana dos humanos (separa os humanos), uma vez que é contingente, pois é fruto de convenção e arbítrio (Cf. Protágoras 337c). Antifonte (séc. V a.C) = Lei Natural = verdade =/= Lei Positiva = opinião => os seres humanos são iguais por natureza (DK 87 A). Outros deduziram que na Natureza há seres humanos mais fortes (dominantes) e outros mais fracos (dominados), ou seja, os seres são desiguais por natureza ex. - Trasímaco (séc. V a.C): o justo é vantajoso para o mais forte (Rep. I, 338c). 3 - Cálicles (personagem literário?): por natureza, justo é o domínio do mais forte =/= da lei que é feita pelos fracos para se defenderem dos mais fortes (Górgias 483a-c). 2 Sócrates (470/69 a.C – 399 a.C) Foi condenado injustamente em Atenas por corromper a juventude e não acreditar nos deuses da cidade (Cf. Apologia de Sócrates). Sócrates respeitava a lei positiva, a qual ele ajudou a criar, e partiu do pressuposto de que essas leis são justas, tanto por dever quanto por exemplo para sociedade e não fugiu da prisão quando teve a possibilidade, mesmo que preso por uma injustiça. 3 Platão (427 a.C – 347 a.C) - Direito e Moral andam juntos O que é a justiça: - de acordo com Platão, existe uma ideia de justiça ideal (direito natural) que serve de parâmetro/base para as justiças particulares (direito positivo). Essa ideia estrutura o pensamento jusnaturalista ao longo da história. - chega através da PAIDEIA (educação), é a Techné apreendida com conhecimento que constrói o Estado Ideal (ordenado = justo), em que cada indivíduo faz aquilo que lhe compete, como o Rei-Filósofo que contempla o Bem (ideia) para governar (através da Dialética – ciência do inteligível) - Platão mostrou dois significados diferentes para Justiça. A primeira concepção de Justiça pode ser definida como: “cada um faz aquilo que lhe compete”. Já a segunda concepção se justiça tem relação com a alma (razão, irascível e concupiscível) e a cidade (artesãos, guardiões e governantes). Estado Ideal Ser Humano ideal Virtudes Rei-Filósofo Razão Sabedoria Guardião Irascível Coragem JUSTIÇA (Cf. A República) Artesão/Agricultor Apetitiva. Temperança 4 Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) O Ser Humano é um animal político que vive em comunidade mantendo relações interpessoais (Homem/Mulher => Família => Vila => Pólis), assim o ser humano se realiza na Polis. - Estado: regulado por leis justas (Política A,2) - A virtude da justiça é adquirida através do hábito de atos justos. O que é a JUSTIÇA? Uma virtude: - Parte da alma Sensitiva => Virtudes éticas: - Justiça = ordem (cada um fazendo aquilo que lhe compete) =/= desordem (satisfação dos apetites) - As “Leis” suprem a não realização do Estado Ideal (Cf. Leis IX, 875c-d) – visão realista 4 a) hábito b) mediania - Parte da alma Racional=> Virtudes dianoéticas: a) razão prática: Phronesis (temperança) - p/ reto agir; b) razão teorética: Sophia (sabedoria) - (Ética a Nicômaco – EN L.II-V e VII) Justiça é a principal virtude ética (1) Justiça é um meio termo entre vícios (engrandecimento de si sem mérito e sofrer injustiça voluntariamente). Justiça tem um fim em si mesma assim, mas não há uma justiça ideal, a justiça só é adquirida através da prática. A justiça está dentro de cada Estado. Justiça é: a) disposição p/ fazer o justo (questão de caráter); b) respeitador das leis (atos legítimos = atos justos => a lei visa a vantagem comum em atos virtuosos!) – a lei visa a convivência em comunidade Justiça é a maior das virtudes, pois compreende todas as virtudes. Justiça como todo significa praticar virtudes (não será tratado) =/= justiça particular, que é uma virtude ética específica (EN L. V) Como Platão, Aristóteles acredita que a Justiça é a principal virtude, mas se diferem quando Aristóteles diz que existem mais virtudes éticas além das cardeais, tratadas por Platão. Justiça Distributiva: relação proporcional entre mérito e recompensa - a relação proporcional deve ser entendida como uma relação de igualdade. Mérito, nesse caso, é o mesmo que a ação e recompensa significa a consequência para essa ação. a) Varia de acordo com a Polis b)Pressupõe uma ordem na Polis em termos de merecimentos e classificação de bens a serem distribuídos c) o dinheiro é uma criação p/ as relações => é um meio termo e medida p/ os bens. Ex: Arquiteto e Sapateiro (3) Justiça Corretiva: meio termo (MT) entre dano e vantagem em atos voluntários (compras, vendas, empréstimos, etc.) e involuntários (Clandestinos, p.ex. furto, adultério, etc. / Violentos (p.ex. agressão, sequestro, etc.) a)Pressupõe classificação de danos e privações que podem ser impostos como punições. b) O juiz é guiado pelas leis (feitas pelos legisladores), mas sem elas, deve usar a phronesis p/ julgamentos razoáveis. - tem como objetivo tornar igual a relação entre indivíduos (meio termo). O papel do meio-termo é exercido pelo Estado/juiz. Quando o objetivo desse tipo de justiça é realizado, dizemos que está acontecendo uma correção. Dano é o mesmo que desvantagem. Em relação às ações ou atos, eles não podem ser interpretados 5 à luz da vontade quando classificados como voluntários ou involuntários, pois, não existe a vontade, ainda, para a concepção helênica. Ex: MT (Juiz – restabelece igualdade) entre ganho (“ter mais do que é nosso”) e perda (“ter menos do que é nosso”).(4) Justiça é bilateral, pois depende de relações interpessoais (ser humano <=> ser humano) Obs. Justiça Política é encontrada em homens (livres e iguais) que vivem em comum (sociedade). (5) - justiça existe entre humanos cujas relações são governadas por leis, as quais existem para conter injustiça (6) => deve-se obedecer e respeitar as leis, que possibilita os cidadãos exercerem as virtudes na Polis. Justiça política é Natural, ou seja, a mesma em todo lugar (p.ex. cumprimento dos contratos) Legal = convenção (7). (p.ex. tipo de animal para sacrifício a Zeus) Mas a justiçanatural tem diferentes formulações nas Polis. Nem sempre quem age injustamente (ou justamente) é injusto (justo) => mas há casos que sim, depende do conhecimento de causa: a) sem ignorar pessoa atingida pelo ato; b) nem instrumento usado; c) nem o fim que há de alcançar). (p.s. Atos voluntários e involuntários não estão relacionados com uma faculdade da vontade em Aristóteles => é deliberação e sem deliberação!). Há três possíveis danos nas relações entre os seres humanos: a) praticado por ignorância (engano) quanto à pessoa atingida, o ato ou o instrumento; b) provocado por cólera; c) de maneira deliberada - para Aristóteles, atos provocados por ignorância são desculpáveis, por cólera, não! (8) Há atos injustos não deliberados; Não é possível ser tratado injustamente por que quer, a injustiça depende de quem comete o ato; Justo é disposição de caráter; Não é possível ser injusto contra si mesmo. (9) DIREITO NO PENSAMENTO MEDIEVAL (476-1453) A) Judaísmo e Cristianismo P/ judeus e cristãos Abraão é o precursor da fé. Viveu uma história de obediência, a qual diz que Deus, além da aliança, faz as leis p/ serem seguidas (p.ex. Torá e 10 mandamentos). Portanto, nessa visão a Justiça é viver na obediência às leis divinas. A fé está acima da própria ética c/ o cristianismo, a lei divina se estende p/ toda a espécie humana, que é convocada p/ à redenção e obediência 6 Paulo (judeu romano): todo ser humano tem acesso à divindade, assima Lei Natural (criada e por Deus e dada aos homens) =/= Lei Positiva (Rm) => o ser humano pode seguir a lei sem ter acesso à divindade pela lei do coração. Deus cria uma lei e a coloca no coração dos humanos. Nesse caso, não precisa de lei positiva. Existe um Deus criador, essa maneira de pensar muda a concepção de lei natural que, para os gregos, nessa época, era o mesmo que algo intrínseco à natureza). Deus cria a lei divina (ou natural) e a partir dela é criada a lei positiva. Atribui à Deus a lei divina, que serve de parâmetro para a lei temporal. A lei maior que servir de incentivo para a própria lei, é também incentivo para o ilícito, o que tem como justificativa o pecado original. B) Romanos Marco Túlio Cícero (106 a.C – 43 a.C): Expoente da filosofia eclética dizia que o Direito não resulta do arbítrio, mas é dado por Natureza (constante e eterna), conhecido como Direito Natural, captado pela razão (De Rep 3, 22, 33). Justiça e Injustiça são definidos a partir da “lei suprema”/ natural (De Legibus I, 6, 19), podemos adquiri-la pelo fato de todo ser humano possuir uma razão, logo a Justiça é o que está de acordo com a natureza. (Viver de acordo com a natureza! = influência estoica) Há Direito dos povos (das gentes) = observado pelos povos (comum) e Direito Civil (positivo) = Direito de um povo Em Roma há a figura do Jurisconsulto (“especialista” em Direito). Há relação entre Direito e Moral, mas há diferença entre o lícito moral (honestidade) e o lícito jurídico (lícito) (p.ex. É lícito o governante aumentar seu salário, mas não é honesto!) – nem sempre oque está na norma é moralmente lícito Eneu Domício Ulpiano (170 – 228 d.C): Direito 1) conhecimento das coisas divinas e humanas; 2) Ciência do Justo e do Injusto No Corpus Iuris civilis (org. por Justiniano (527-565 d.C)) há 3 preceitos fundamentais do Direito (Cf. Digesto I, 1, 10): a) Viver honestamente (de acordo c/ a natureza = razão) (estoicismo); b) Não lesar ninguém moralmente ou juridicialmente (Epicuro); c) Dar a cada um o que é seu (justiça distributiva – Aristóteles) 7 C)Santo Agostinho (354-430) O Império Romano não poderia ser chamado de República, pois não tinha justiça, pois assim como para Cícero, República é a coisa do povo, ou seja, uma associação de homens baseada no consenso do direito e na comunidade de interesses. Essa associação só atingirá a concórdia com a justiça, assim só há república quando governado com honestidade e justiça! (CD II, 21) => s/ Justiça o reino seria pirataria (CD IV, 4). A Justiça não é apenas um conceito filosófico natural, mas possui um sentido filosófico religioso, a partir do qual a Justiça = Vera iustitia (fundada na divina ordem ou Lei eterna pela qual Deus ordena o mundo) e depende da Vera caritas (amor a Deus e ao próximo). Assim pode-se saber o que é a justiça eterna e não a cumprir (por falta de graça), mas é preciso o amor (tendo Cristo como exemplo!). Portanto não é possivel atingir a verdadeira justiça pela justiça positiva, assim toda lei positiva é injusta, mas devem ser cumpridas, pois é oque resta para os homens. O Estado existe para evitar que os homens matem uns aos outros, já que são corrompidos O ser humano com a razão não consegue atingir a lei eterna/natural, uma vez que os homens foram corrompidos/decaidos pelo pecado capital, por isso Deus a consede aos homens Justiça = Deus (Ep 120, 4, 19) = criador da lei eterna Justiça = amar o que deve ser amado (Ep. 155), na verdadeira República todos vivem na caridade. p.s. Amor = Vontade! Há Leis: Eternas (dada pela Razão suprema) = cumprida por amor =/= temporais (lei dos humanos = mutável) = cumprida por temor (quanto mais próxima da lei eterna, mais justa!) (L.A I, 15) Estado: visa a Paz (maior dos bens temporais (CD XIX, 11) (= Bem supremo da civitas (XIX, 12)) e paz é sinonimo de ordem = Justiça (dar a cada um o que é seu (L.A I,6), portanto a Deus devemos dar a Fé, e aos seres humanos a concórdia) (CD XIX, 12-14) Povo: “conjunto de seres racionais associados pela comunidade de objetos amados” (CD XIX, 24) Dois amores fundam duas cidades (CD XIV, 18) Cidade Terrena: Amor aos bens temporais, amor a si = orgulho (visa a autoglorificação e, como Roma, não há verdadeira justiça. Aqueles que não amam a Deus Cidade de Deus: fundada e governada por Cristo (CD XIX, 26) – visão mística que transcende a realidade Antes do fim dos tempos, as duas cidades caminham juntas (CD XIX, 26, 37) e todo indivíduo, enquanto ser temporal, necessita do Estado terreno, apesar de leis imperfeitas, deve-se obedecer as leis temporais (CD, V, 19; 21) a) por utilidade/necessidade; b) por mais injustas que sejam, há uma providência divina para as suas existências! s/ justiça pessoal não há justiça na República (CD XIX, 21, 2) = Relação moral/direito! 8 A Justiça é: a) um parâmetro jamais alcançado na Cidade Terrena; b) tem uma alta exigência de perfeição (p.ex. abandono dos bens terrenos...); c) possui inaptidão para a sanção terrena. Leis pelas quais Deus faz o homem conhecer a justiça (Contra Fausto, XLX, 2ss): a) Lei Natural: atingida pela razão, mas limitada devido ao Pecado Origina; b) Lei Mosaica: era uma ordem de Deus, que valia para uma determinada época, mas que prescreveu. c) Lei de Cristo: dada pelos Evangelhos como a lei perfeita, resumida em “Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo. D)Santo Tomás de Aquino (1224/25 – 1274) Lei é a regra/medida/parâmetro dos atos e formada pela razão, portanto tanto o homem quanto Deus criam leis (ST I-II, Q.90, a.1, resp) – “Primeira seção da Segunda parte, questão 90, artigo 1º, resposta) Lei = ordem: visa o fim comum (comunidade), que é a felicidade (Q. 90, a.2): a) Emana da comunidade ou do legítimo representante (Q. 90, a.3) (estado terreno = governante e universo = Deus) b) É promulgada (Q. 90, a.4): deve se fazer conhecida c) Faz os humanos bons, pois é justa (Q.92, a.1) e) Gera o temor da pena (Q. 92, a.2) Tipos de Lei: a) Comunidade governada por Deus (Universo): Razão Eterna produz a Lei eterna (Q. 91, a.1) – os homens não tem acesso b) Na tentativa do ser humano de atingir a lei eterna, através de sua razão imperfeita, chega a Lei natural:Obrigações da razão pela natureza. A razão capta uma ordem nas coisas. Há uma lei suprema da lei natural, que é fazer o bem e evitar o mal (Q.91, a.2) para possibilitar uma boa convivência em sociedade. A lei natural não é sancionatória, só a partir do momento que se torna uma lei humana. EX: Autoconservação: instinto de sobrevivência; conservação da humanidade; união dos seres humanos; educação dos filhos; conhecer a verdade (Deus); viver em sociedade. (Q. 94, a.2) c) Lei Humana: O legislador busca referência na lei natural, mas isso depende da sua relação com a lei natural, assim ele pode se aproximar ou não dela. Por isso, existem diferentes leis humanas, as quais são particulares. Porém, a lei humana, para ser justa, tem que estar amparada na lei natural. Daí que surgem as diferenças entre as leis humana, visto que nas sociedades existem diferentes legisladores e alguns se aproximam mais que outros da lei natural. Nas sociedades concretas que surgem o Direito, para que ele possa ser usado por meio da lei, alcançando, assim, a justiça. (Q.91, a.3) A lei humana é: 9 a) necessária por causa da natureza humana sociável (Q. 90, a.3) b) tem sua origem na autoridade política reconhecida pela sociedade (Q. 90, a.3) e na aceitação popular (Q. 97, a.2) c) um prolongamento do Direito Natural d) adaptada às circunstâncias temporais (Q. 95, a.3) e) deve ser seguida por buscar a justiça d) Lei Divina = revelação: possibilita o conhecimento do sobrenatural para direção (salvação) da vida humana (Q.91, a.4). Há Lei Antiga (antigo testamento – 10 mandamentos) e Lei Nova (novo testamento – discurso da montanha) (Q.91, a.5) OBS: Não é possível afirmar que a lei divina (que está a parte do sistema de hierarquia) não se confunde com a lei eterna, visto que não conhecemos a lei eterna em si. E) JOÃO DUNS SCOTUS (1265/66-1308) Ordinatio I, Q. 44 - “Deus poderia fazer as coisas de modo diferente?” • Deus (Perfeição e Racionalidade Suprema), Legislador Sapientíssimo, poderia ter feito o mundo com outro ordenamento? • Deus ou os seres humanos podem agir contra a reta lei (pela qual Deus criou e rege o universo)? - Potência ordena: princípio para agir conforme a lei reta - Potência absoluta: capacidade de agir além ou contra a lei reta • Os seres humanos, os quais têm potência ordenada, não podem agir contra a lei divina • Deus, o qual tem a potência absoluta, pode agir contra a lei divina • Embora o estudo da lei seja teológico, no nível teórico, transcende a teologia - a diferença entre potência absoluta e potência ordenada pode ser exemplificada pela relação príncipe e súditos na lei positiva. - O príncipe, que estatui a lei, pode modificá-la ou substituí-la (pot. abs.), e pode agir conforme (pot. ord.) • A lei (divina ou humana) é determinada/criada pela vontade • Optar por uma lei está no poder absoluto da vontade do legislador ex. Deus poderia estabelecer outra ordem, limitando-se ao princípio da não contradição, uma vez que Deus é o sumo bem, então não pode criar algo que seja intrinsecamente mal. • A inclinação natural é moralmente neutra, pois a moral depende da escolha da vontade (faculdade da mente) Ordinatio III, d. 37 – “Todos os preceitos do Decálogo pertencem à lei natural?” • A princípio, Deus manda agir contra o Decálogo (p.ex. Abraão/Isaac, adultério, furtos...), mas Deus não pode tornar o ilícito em lícito, uma vez que desde toda a eternidade já foram dadas as coisas dessa 10 forma • Na lei positiva, o legislador pode revogar uma lei, tornando lícito o que era ilícito! Mas, e a lei natural, Deus pode mudá-la? Deus não pode mudar uma lei que é necessariamente boa, uma vez que tudo que ele faz é bom. • A lei natural pode ser: - os primeiros princípios práticos (evidência dos termos ou conclusões necessárias) - são os dois primeiros mandamentos: 1- “Amar a Deus sobre todas as coisas”; 2- “Não tomar o santo nome de Deus em vão, eles têm Deus como objeto (fim último). ex. seria uma contradição Deus, Ser Supremo, não ser amado necessariamente. - Deus não pode alterar essas leis porque ele estaria indo contra a sua própria essência! - tomada em consonância com os primeiros princípios práticos, os demais mandamentos não têm a necessidade e a imutabilidade da lei natural em sentido estrito, mas em sentido amplo! Deus os ordenou, mas não se encontra preso neles, pois referem- se às relações humanas (por isso, contingentes) e não a Deus como fim último! Ordinatio IV, d. 15, q. 2 (c/ Reportatio Parisiensis) • Lida com a propriedade particular dos bens - Se no Paraíso os bens eram comuns, como a lei positiva pode tornar justa a divisão dos bens? • Há duas autoridades: - paterna: é justo pela lei natural que os filhos obedeçam aos pais e não foi revogado - política (sobre estranhos): De um só ou da comunidade => é justa pelo consenso comum e eleição • No estado paradisíaco não existia autoridade política, pois por natureza os homens nascem livres (Ord. IV, d. 36, q. 1, n. 2) • A autoridade política não é lei natural ou inclinação natural (o ser humano não é um animal político!). • Os seres humanos se reúnem por livre decisão, em busca da Paz (Rep. Par. IV, d. 15, q. 4, n. 11). • Após a queda, os seres humanos mantiveram sabedoria e prudência suficientes para instituírem leis (Rep. Par. IV, d. 15, q. 4, n. 9). Lei Natural em sentido lato (Ord. III, d. 17) • Trata do sacramento da penitência, mas trata da lei natural em sentido próprio e secundariamente. • Lei Natural em sentido próprio deve ser: - auto evidente/ analítica: conhecida dos termos da proposição - conclusão que decorre de uma ou mais proposições analíticas auto evidentes. • Lei Natural: verdade prática que é imediatamente reconhecida por todos como estando de acordo com tal lei. • A lei natural é reconhecida por todos e tem como características: 11 1) aspectos mais gerais da lei moral; 2) refere-se aos seres humanos em geral; 3) reconhecida pela razão. F) GUILHERME DE OCKHAM (?1285-1349) • Não era um filósofo político, por isso seus escritos são ocasionais, mas excepcionais! Origem da propriedade (Contra João XXII) • Pela Lei Natural, há uma destinação universal dos bens (uso de todos =/= propriedade comum). • Depois do pecado, para evitar o apetite imoderado dos maus, Deus institui o Poder de apropriar-se dos bens temporais (Brev. 3, 7) – propriedade não é um direito natural • O domínio próprio coube à razão humana efetuar! • Propriedades Temporais: bens mínimos para a paz (para Bem viver, quando necessário) – tudo que não vêm de Deus • Propriedade é anterior ao Estado, o qual passará a regulá-la (por necessidade dos indivíduos) (Opus non C. 88, II). Origem do Estado (Contratualismo Político) • Pensa a questão na disputa entre o Papa e o Imperador • A reflexão sobre a Plenitude Potestatis visa abrir um poder civil que não dependa do Papa e nem no imperador: - Não se encontra o poder civil ao Papa nas Escrituras (Direito Divino) - Também não se demonstra no Direito Natural (Contra Benedictum C. 6, 39) • Os seres humanos nascem livres, uma vez que no Paraíso não há autoridade humana, assim, é possível dizer que a autoridade submete a liberdade • Com a queda (pós pecado original), visando a paz, escolhe-se alguns para terem autoridade – o Direito passa a ser uma condição humana • Autoridade: bem ínfimo para a convivência, concedido por Deus • Os seres humanos acatam a autoridade por uma deliberação racional (Brev. 3, 7) • Viver em sociedade = submissão ao poder da autoridade • O poder de Deus pode vir: 1) Diretamente: (p.ex. Moises, Pedro...); 2) através de alguma criatura ou do ser humano (p.ex. Batismo, Eucaristia...); 3) conferido por outro, mas através de Deus (Brev. 4, 5) • O Império e o poder civil foram instituídos por Deus, através dosseres humanos (povo) e não da 12 autoridade Pontifícia (Pode um príncipe c. 4, 98). • A função da autoridade é punir os maus (Santo Agostinho) = coerção! (=/= autoridade espiritual – que trata de questões do reino do céu), para evitar que os maus tomem conta de todo o poder O Bom governo e a legitimidade do poder • Qual a melhor forma de governo na Igreja: monarquia ou aristocracia? (Dial. III, I, II) => Depende da circunstância = o governo de um nem sempre é o melhor! => pode-se procrastinar por séculos a escolha do Imperador ou do Papa!) • O governo deve ser voltado ao bem comum (=/= interesses particulares) • O melhor governo gera a paz e a concórdia (Octo Quest. 3, 5, I) • Pelo bem comum, em casos emergenciais (passageiros), pode-se intervir na propriedade particular e nos Direitos individuais (poder usado casualmente =/= poder regular). Assim, o Papa pode intervir no poder civil e o Imperador no poder eclesiástico. • O limite da autoridade é a liberdade individual, por isso nem o Papa, nem o Imperador têm a plenitude potestatis (absoluta), ou seja, não podem ir contra a Lei Divina e o Direito Natural (Dial. III, II, II, c. 27) => não se pode retirar a liberdade (escravidão é punição) • O Estado é fundamentado na liberdade individual e a liberdade individual ordena o Estado! (com Ockham é possível montar uma teoria do Estado pautada nos Direitos Subjetivos, influenciado pelo voluntarismo de Scotus e João de Pedro Olivi, e na subjetividade da consciência individual de São Francisco de Assis) (Octo Quest. 3, 6, I). • Liberdade: compreendida a partir da liberdade evangélica (=/= opressão da Lei Antiga) (Pode um príncipe c. 2, 23) a qual vai servir de modelo para a liberdade civil (Liberdade > Bem comum) • Regularmente, o poder da autoridade é superior aos súditos, mas, casualmente, o poder dos súditos é superior, por isso, podem destituir a autoridade civil/papal se são empecilhos para a paz. Nesse sentido, o que é de interesse de todos é decidido por todos (civil/eclesiástico) (Dial. I, V, c. 21, 35, 100). • A legitimidade da autoridade está, além de visar o bem comum e respeitar a liberdade dos indivíduos, na anuência dos súditos, assim pode-se passar de um governo inícialmente tirânico para um governo legítimo, se os súditos reconhecerem (Brev. 4, 10-11). CONTRATUALISMO THOMAS HOBBES (1588-1679) → Estado de Natureza a) Seres Humanos iguais (corpo e espírito) b) Guerra de todos contra todos => Discórdia c) Não há bem e mal => sem juízo de valor d) Não há propriedade OBS: O ser humano é um ser de desejos a) competição (p/ lucro) b) desconfiança (p/ segurança) c) glória (p/ reputação) 13 → Direito de Natureza = Liberdade = Ausência de impedimentos externos OBS: Liberdade natural é ilusória se não há o Estado para regular as ações dos indivíduos. → Leis da Natureza a) Busca pela paz - Não faz sentido sair do EM se não for para garantir a vida b) Renúncia do seu direito (não há renúncia de defesa e vida) → Renúncia de direitos = CONTRATO => Cria-se o ESTADO CIVIL (por uma questão de sobrevivência/individual/egoísta é melhor viver em sociedade, mesmo que seja necessário abrir mão da suposta liberdade natural) – paradoxo: construimos a coletividade a partir de motivos individuais. → O Estado garante a conservação e a satisfação (sobrevivência e satisfação dos desejos, desde que eles não afetem a conservção dos outros), além de ter o poder para manter (com castigo) o contrato. → Para o PACTO é preciso um PODER COMUM = uma só vontade (homem ou assembleia) → O Ser humano não é um animal político => Dificuldades para viver socialmente: a) são competitivos (buscam honra e dignidade) b) comparam os bens entre si (vaidade) c) pensam diferentemente sobre a condução das coisas públicas d) são dissimulados e) são implicantes f) o pacto é algo artificial => fragilidade em se manter Por essas razões, Hobbes acredita que é melhor o executivo e o legislativo se concentrar nas mãos de um, ou seja, o absolutismo. → ESTADO (O Estado Moderno é composto por vários tentáculos que querem adentrar em todas instâncias da vida humana) = LEVIATÃ = Deus mortal, o qual garante: a) defesa; b) Paz através do poder e da força. OBS:Estado tem pretenssão de ser onisciente, onipresente e onipotente. → Estado é composto por a) Soberano (aquele que possui poder soberano) b) Súditos (aqueles que estão submetidos ao poder soberano) 14 → Leis civis a) os seres humanos são obrigados a respeitá-las por estarem no Estado b) é obrigatório seu conhecimento c) é ordem do Estado => parâmetro de bondade/maldade e justiça/injustiça → Consequências sobre a lei a) Soberano (Monarquia/Democracia/Aristocracia) = Legislador (faz leis) = representante máximo do Estado – faz e executa as leis b) Soberano não está sujeito à lei civil, pois ele pode mudar a lei quando lhe for conveniente c) Costume torna-se lei pela vontade do Soberano (p.ex. seu silêncio) d) A lei civil restringe a liberdade natural e) Um Estado subjugado está submetido às leis civis do Estado Soberano f) Lei é a força, autoridade e vontade do Estado (Monarca ou Assembleia). g) Estado tem a força, associada ao Monarca, o qual comanda e governa + Justiça (Parlamento/juiz) h) Lei é a intensão do legislador = razão do Estado = Monarca (o juiz sentencia pelo Monarca) i) Não se aplica a lei para os que não a compreendem (débeis, crianças, loucos, animais...) → Pecado: intenção (interior) de cometer um ilícito =/= Crime = ação ilícita exteriorizada: a) Vícios (moral) = pecados b) sem lei civil não há crime c) sem poder soberano não há crime OBS: pode-se escolher praticar um crime se o ato for melhor do que as penas. → Pena: Dano da autoridade pública à transgressão da lei a) A pena é praticada pelo Estado (não o súdito) - a pena é aplicada exclusivamente pelo Estado, não se pode fazer justiça com as próprias mãos b) Vinganças pessoais ou injúrias não são penas c) Não é pena o esquecimento da autoridade pública d) Dano sem condenação é um ato hostil do Estado e) Danos de entes públicos sem autoridade do Soberano é ato hostil f) Pena = exemplo g) Consequências danosas se não infligidas pela autoridade pública não são penas h) A pena deve ser maior que o benefício da transgressão i) Pena maior que previsão é hostilização j) sem lei não há transgressão k) Danos contra a autoridade é ato hostil 15 l) Pode-se aplicar quaisquer danos aos inimigos do Estado (que não estão sujeitos às Leis) → Tipos de penas a) Corporais: capital = morte, outras não mortais b) Pecuniárias: Confisco (de dinheiro ou bens) c) Ignomínia: desonra (títulos e cargos) d) Prisão: privação da liberdade e) Exílio: saída do Estado Bibliografia: Leviatã – Cap. XII, XIV, XVII, XXVI, XXVII, XXVIII JOHN LOCKE (1632-1704) – Segundo Tratado Sobre o Governo → para compreender o poder político se deve pensar o Estado de Natureza no qual se dá: a) perfeita liberdade; b) igualdade. → Ninguém é de uso de ninguém (escravidão), a exceção é o castigo → No Estado de Natureza está se submetido às leis naturais, a sua transgressão acarreta uma pena que pode ser aplicada por todos. Nesse sentido, todo ser humano tem o poder para castigar (para preservar a humanidade) – todos são “juízes” – como consequência a justiça feita com as próprias mãos é desmedida → Estado de Natureza: a) O ser humano é livre, mas vive com temores e perigos b) Falta lei positiva, o que possibilita que nem todos seguem a lei natural/razão, pois não existe um poder que os obrigue a tal c) Falta juiz imparcial que siga a lei – cada um é seu próprio juiz d) Falta garantia para a sentença e execução de penas (leis) → Direito Natural = Direito a preservação/subsistência (ex. Direito a comida e água)→ Deus concede o mundo aos seres humanos => PROPRIEDADE como um Direito Natural, já encontrada no Estado de Natureza - DN: Liberdade e propriedade - Inicialmente,os animais e os frutos pertencem à humanidade, mas ao caçar ou colher (trabalho) passam a ser propriedade, ou seja, o trabalho transforma a natureza em propriedade. Obs: não se deve exceder a propriedade (é um liberal falando) - terra é a principal propriedade exterior. Locke era inglês e a Inglaterra é um país pequeno, então havia uma preocupação com os latifúndios, pois iria prejudicar as relações interpessoais. - Locke diz que o Estado deve garantir os DN (liberdade e propriedade) e os ingleses levam para os EUA, a 16 qual permanece na cultura da sociedade americana, nesse sentido, a discussão sobre uma saúde pública lá não é totalmente aceita, uma vez que os cidadãos americanos partem da visão de que o estado deve intervir somente para garantir a liberdade e a propriedade, então quando se propõe que o estado deveria cuidar também da saúde para todos, os indivíduos veem isso como uma invasão de sua vida privada. → O ser humano nasce: a) Livre; b) com o direito de preservar a vida, a liberdade e os bens => Há dois direitos naturais = Liberdade e Propriedade (a vida é a principal propriedade). → O Estado Civil surgirá para restringir: a) a parcialidade b) a violência desproporcional => PACTO (contrato) é a concordância sobre um corpo político comum a todos os indivíduos → ESTADO NATURAL => RENÚNCIA DO PODER NATURAL/ PACTO => ESTADO CIVIL = poder para preservar propriedade com castigo – poder sancionatório - passa dos arbítrios particulares para as regras comuns (leis) → Liberdade Natural = livre de qualquer poder na terra (restrição da lei natural) =/= liberdade social = consentimento ao poder legislativo (lei) = vive-se sobre as regras, agir conforme as leis (escravidão somente como sanção) → Sociedade: a) julga (poder de julgar); b) baseada nas leis (poder legislativo) - principal poder (supremo), uma vez que todos os outros dependem dele c) através do castigo (poder executivo). - Locke é crítico de Hobbes - Sociedade civil = corpo político (povo) - Na Sociedade, o homem abandona a igualdade, a liberdade e o poder naturais para sua preservação, sua liberdade e a permanência de sua propriedade. → No Estado há: a) Poder Supremo = governo através de leis conhecidas b)Juízes = decidem baseado em leis c)Força = p/ executar leis e prevenir malefícios → O Estado visa garantir: 17 a) a paz; b) a segurança; c) o Bem Público → O Estado garante a paz e a segurança através de Leis e 1ª lei positiva: estabelecer o Poder Legislativo: a) escolhido pelo povo; b) é o poder supremo; c) gera obrigação de seguir; d) garante a preservação (não pode destruir, escravizar ou propositalmente empobrecer os súditos). e) decide direitos por leis promulgadas → Divisão dos poderes: a) Poder Legislativo: estabelece leis - não é permanente, uma vez que não se fazem leis o tempo todo b)Poder Executivo: executa as leis - sempre presente c)Poder Federativo: para transações internacionais - derivado do Direito Natural – “direito das gentes” Obs. Poder Legislativo =/= Poder Executivo: - povo escolhe representantes do Poder Legislativo - Se o Poder Executivo usar da força contra o povo = guerra => o povo pode removê- lo pela força (rebelião) Bibliografia – Segundo Tratado Sobre o Governo – Cap. II (parágrafos 4-15), IV, V (25- 35), VII (87- 89), IX (123-131), XI (134-136), XII (143-144). Barão de Montesquieu (1689-1755) → Livro: Do Espírito das Leis → Lei e tipos de leis a) Lei é uma relação necessária que deriva da natureza das coisas (contra o acaso) – está presente de forma implícita em tudo b) Deus age segundo as leis que criou com sabedoria e poder c) Há justo/injusto antes da instituição da Lei Positiva, uma vez que está relacionada com a Lei Natural d) Leis Naturais (perpétuas) =/= Leis Humanas (mutáveis e sujeitas ao erro e ao egoísmo) 18 Animais - tem lei natural = prazer; - não tem a lei positiva = conhecimento/razão → Leis Naturais a) Paz; b) Subsistência; c) Relação entre os entes; - relação humana (ex. sexualidade) d) Viver em sociedade. → Leis Positivas a) Estado Natural (paz) =/= Sociedade (estado de guerra (entre humanos e nações) = justifica as leis positivas, as quais buscam salvagualdar os individuos e os estados dos conflitos inerentes da vida em sociedade → Tipos de Direitos a) Direito das Gentes: comum entre as nações, visa a paz (máximo bem) e evita a guerra (mínimo mal), para conservação do Estado b) Direito Político: surge da relação do governo com o governado (vertical), dando origem ao Estado Político, o qual é a reunião das forças individuais => Lei Política é aquela que estabelece o Estado c)Direito Civil: surge da relação entre os cidadãos (horizontal), dando origem ao Estado Civil, o qual é a reunião das vontades individuais => Lei Civil é aquela que mantém o Estado - Há o governo de um ou de muitos => há um melhor/peculiar para cada povo - A lei varia de acordo com vários fatores de cada Estado – é contingênte - (Clima, Relevo, Religião, Costumes...) → Tipos de Governo a) Republicano: Povo (ou parcela) tem o poder soberano b) Monárquico: Um governa com leis fixas c) Despótico: Um governa com capricho → República a) Povo = Democracia; b) Parte do povo = Aristocracia • Democracia : Povo = Monarca (vontade geral) + Súdito = Vontade Particular a) é preciso fixar o número para compor a assembleia; b) o povo nomeia os magistrados; 19 c) é preciso um conselho ou Senado escolhido; d) o povo deve escolher com sabedoria (o povo não vai governar pois o povo não sabe governar); e) é preciso divisão do povo em classes para atuação política, ou seja, para que cada classe tenha um representante que a represente (para direito a voto); f) a plebe deve ser esclarecida (instruida) e contida (receio da revolta); g) o povo institui leis, mas há ocasiões para a atuação do senado (decretos que são postos e depois aceitos/referendados pela vontade do povo) • Aristocracia : poder para alguns fazerem e executarem as leis a) não há voto por sorteio; b) havendo muitos nobres, é preciso um senado; c) não se deve subjugar o povo!; d) o magistrado deve permanecer o suficiente no poder, para que ele não se confunda com o próprio poder (ex. 1 ano); e) a melhor forma de aristocracia é a que não oprime, pois é a que mais se aproxima da democracia → Monarquia: governo de um baseado em leis (preferido do Montesquieu) a) Príncipe é a fonte de poder (político e civil) b) Há um poder intermediário = nobreza (divisão de poderes já existente) c) O poder eclesial é importante para evitar o despotismo → Despotismo: poder de um só, não há leis fundamentais e não há repositório da lei. → Liberdade a) Estado é uma sociedade com leis, dentro dela a liberdade é “fazer o que se deve querer e não ser obrigado a fazer o que não se deve desejar”, ou seja, fazer o que a lei permite. b) O ser humano abusa do poder, por isso “é preciso que o poder freie o poder”. → O Estado tem 1) Poder Legislativo: faz as leis (baseado no Direito Político – Governo cria leis para os governado seguirem); 2) Poder Executivo (do Direito das Gentes): faz guerra/ paz, assegura segurança...) {Poder executivo!}; 3) Poder Executivo (do Direito Civil – regula as relações entre os cidadãos): poder de julgar (pune e julga) 20 - não há liberdade civil com a junção de 2 ou 3 poderes → Sobre a divisão dos poderes (Inglaterra como exemplo) a)o poder de julgar não deve ser permanentemente => são pessoas do povo! => são como seres inanimados. b) poder executivo (execução da lei) e poder legislativo (vontade geral) podem ter corpo permanente. c) Povo => através de representantes = tem o poder legislativo d) Deve-se escolher representantes de todas as partes da nação. e) Poder Legislativo = nobreza + corpo escolhido => não é necessário estar sempre reunido => pode vetar o executivo. f) Poder executivo = monarca = tem ação instantânea => pode vetar o legislativo e vice-versa g) Com a mudança do legislativo, renova-se a esperança. Texto base – Do Espírito das Leis: Primeira Parte: Livro I – Capítulos: I, II, III; Livro II – Capítulos I, II, III, IV, V; Livro XI – Capítulos I, II, III, IV, V, VI. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) - Obras: “Do Contrato Social” e “A Origem da Desigualdade Social entre os Homens” - Filósofo base do pensamento revolucionário progressista - Rosseau defende que os homens são naturalmente bons Estado de Natureza: a) Estado de Natureza (Liberdade Natural) => Sociedade (Divisão/Conflito) => Contrato => Estado Civil (surgiu para lidar com a propriedade – Estado irá regular as relações entre os indivíduos) - Quando o primeiro homem cercou seu terreno, chamou isso de seu e convenceu os demais que aquilo era dele, daí a derrocada da humanidade. Saída do Estado de Natureza: a) Força Individual (EN) => Força Coletiva (EC – submetidos a vontade geral) Obs: Rosseau coloca o coletivo acima do indivíduo. b) Liberdade (natural) é limitada pela força individual (até onde o indivíduo consegue se impor sobre o outro) => Liberdade convencional (liberdade de agir conforme a lei) = limitada pela vontade geral c) Posse (efeito da força individual) => propriedade (garantia/efeito da lei) 21 Obs: Não existe propriedade no EN, pois não existe um poder regulador que assegure que o que você afirma ser seu é realmente seu. Contrato: a) deve ser seguido => o rompimento do contrato (revolução) leva à volta ao Estado Natural (pré-contrato), no sentido de recomeçar o EC com um novo contrato. Obs:O pré- contrato é o momento em que se retorna ao EM pelo rompimento do contrato, porém não de forma absoluta, uma vez que nesse contexto se tem a sociedade. b) há entrega dos direitos para o corpo coletivo (vontade geral) c) garante: 1) retorno dos direitos; 2) força para conserva-los. d) entrega totalmente dos direitos e) cria a vontade geral = corpo coletivo (corpo político) f) associados: 1) povo (coletivo); 2) cidadãos (particular): partícipes da autoridade soberana - cada um enquanto indivíduo é também soberano; 3) súditos (particular): submetidos às leis do Estado Estado Civil: a) Estado Natural (impulso físico/apetite) => Estado Civil (dever/direito); b) Estado Civil proporciona: 1) desenvolvimento da razão; 2) aumento/sofisticação das ideias; 3) enobrecimento dos sentidos. c) com a vontade geral é preciso legislação; d) Possui governo e leis; e) é convenção/construção humana (=/= ordem natural); f) justiça humana está explicitada em leis = direito (no Estado de Natureza não há justiça, porque não há lei e direito). Lei: a) é a vontade geral (vontade do Estado); b) é única e universal (não visa um ser humano particular) - coletiva; c) ninguém está acima dela; d) é justa; 22 e) segui-la é ser livre dentro do Estado Civil; f) o povo é o autor (por meio de um legislador). República: Estado regulado por leis, que visa o interesse público, ou seja, é regido pela vontade geral. Legislador: a) descobre as melhores regras (coletivas/da vontade geral); b) deve possuir inteligência superior para captar a Vontade Geral; c) ajuda a passar de uma natureza individual/egoísta para uma natureza coletiva (para Rousseau o homem não é um animal social, por natureza); d) não pode governar (separação entre o legisladore quem executa); e) usa linguagem técnica; f) usa os costumes e a opinião; g) legislar é um ato humano (Moisés e Maomé foram grandes legisladores) Divisão das leis: a) Lei política: relação do soberano com o Estado -vertical = lei fundamental; b) Lei civil: relação dos membros (indivíduos) entre si – horizontal; c) Lei criminal: relação ser humano com a lei; d) Usos, costumes e opinião – “lei mais importante”; Governo: a) Corpo Político = poder legislativo (vontade) + poder executivo (força) b) Executivo (Governo) = relaciona o Soberano com os súditos:1) executa as leis; 2) mantêm a liberdade civil; c) corpo que administra (lida com a burocracia); d) Governo = executa e o Povo: 1) é legislador (soberano) 2) é súdito- segue as leis; e) há um soberano e “n” súditos => quanto maior o nº de súditos, menor a liberdade civil, poia a liberdade passa pela participação política, a qual estaria diluída; f) se os costumes forem =/= das leis, maior é a força repressora; 23 g) quanto maior o Estado, maior a corrupção, pois é mais dificil do governo controlar todas as suas instâncias. Referência: Do Contrato Social – Livro I (Caps. I,VI, VIII); Livro II (Caps. VI, VII, XII); Livro III (Cap.I) Immanuel Kant (1724-1804) Conhecimento: Ap. Cognitivo S (sujeito) ==========> O (objeto empírico) Faculdades do Aparato Cognitivo: - Sensibilidade (Formas): tempo e espaço – capta o objeto - Entendimento (Categorias): organiza o que foi captado pela sensibilidade - Razão (Ideias): alma/mundo/Deus = princípios regulativos (preenchimento de lacunas para criar sentido aos objetos que não são perfeitamente conhecidos pelo aparato cognitivo – ex. sou uma pessoa boa mas sem sucesso) Obs: Nômeno (objeto em si mesmo) e fenômeno (o que meu aparato cognitivo me permite conhecer sobre o objeto). Razão Prática Pura: Ato Moral (=/= felicidade) = as ações universais geralmente são moralmente boas, o que seria agir pelo Imperativo Categórico (“Aja tomando a sua ação de modo universal”), o qual é um dever - retorno da Liberdade, assim pode-se falar em Direito, uma vez que já pressupomos a noção de liberdade. Obs: A liberdade é pressuposta, uma vez que não pode ser conhecida, pois não é um objeto empírico, mas é possível dizer que ela está na escolha de agir ou não conforme a minha razão (seguindo o imperativo categórico). Estado de Natureza Estado Civil: a) possui justiça distributiva; b) possui poder legislativo (povo), executivo (representante) e judiciário (Direito); c) tem tutela do Direito – o Estado possui o poder de lidar com as relações interpessoais através do Direito; d) garante a posse permanente (aquilo que você possui é garantido pelo Estado que irá permanecer com você, por isso pode ser lido como uma propriedade) =/= posse provisória do Estado de Natureza (alguém pode tomar de você, pois não há lei sobre tal) e) Garante: 1) Liberdade (enquanto homem): para buscar a felicidade sem prejudicar outro; 2) Igualdade (enquanto súdito): todos os indivíduos são iguais diante da lei; 3) Independência (enquanto cidadão): para participar do poder legislativo. contrato – Id. da razão 24 Obs: A razão se vale da ideia do Estado de Natureza para justificar o Estado Civil, por isso Kant concebe o estado civil então tudo o que existe no estado civil, pode-se pressupor que não tem no estado de natureza. Ação: a) Interna: é a ação moral uma ação pordever, ou seja, a ação por respeito à lei dada pelo imperativo categórico. A ação moral é a que leva em conta os motivos do agir, ou seja, os sentidos e as intenções que motivaram a ação. b) Externa: a ação, quando externalizada, torna-se uma ação jurídica, pois é a ação que o Estado é capaz de legislar sobre (Estado não tem como legislar a mente). A ação externa pode lidar com motivos diferentes relacionados à conduta dos indivíduos, que pode ser realizada pelo DEVER ou pela COERÇÃO (Estado). Direito: a) possibilita os seres humanos viverem livres (liberdade civil); b) possibilita a coexistência dos arbítrios (vonstades); c) prescinde/não necessita da intenção; d) é coercitivo. Lei Universal do Direito: “Aja externamente de modo que o livre exercício de tua vontade possa coexistir com a liberdade de todos os outros”. Direito Inato (Meu e Teu interno): é a liberdade =/= Direito Jurídico (Meu e Teu externo) = para posse externa. República Mundial (Id. da razão): junção dos Estados = visa a Paz Referência: Primeiros Princípios Metafísicos da Doutrina do Direito. FILOSOFIA DO DIREITO APÓS KANT JUSNATURALISMO 1- Busca um critério absoluto de justiça - O jusnaturalismo é uma corrente que se confunde com a filosofia do Direito, a qual foi vigente do século IV a.C. até século VII d.C. Nela, o que legitima o Direito é a justiça (direito natural como critério absoluto de justiça). D. Natural/Jusnaturalismo D. Positivo (sociedade) O direito surge na sociedade e se aplica nela OBS: Dentro do Juspositivismo existe o positivismo jurídico, o qual defende o Direito Positivo (lei). 2- Esse critério de justiça é a busca pela validade do direito. 25 3- Doutrina que perpassou a tradição ocidental: • Antígona: Fil. Grega (Aristóteles – Justiça natural/distinta = “respeito aos pactos” e justiça legal/convencional = “sacrificar ovelhas ou cabras à Zeus”) • Romanos: Cristianismo (Santo Tomás – Lei Eterna => Lei Natural (Fazer o bem e evitar o mal => Lei Humana) A lei natural é um parâmetro de justiça absoluta que varia de acordo com os povos (o máximo que a razão humana consegue alcançar da lei eterna) e lei humana é aquela produzida pelos próprios homens. • Modernos: a) Hobbes: DN (pacto e paz)=/= DP (presente no Estado Civil) b) Locke: DN (Vida e Propriedade) => DP (deve garantir o DN, pois quanto mais próximo do DN ele for, mais justo ele é) c) Kant: DN = Liberdade e DP = Legislador – é jusnaturalista mas abre espaço para pensamentos juspositivistas. ➔ Entra em crise nos séculos XVIII e XIX e retorna com maior força após as Grandes Guerras (Séc. XX). Com a falta de um parâmetro universal, cada país adotava como certa a sua legislação positivada, justificando a guerra. Assim, por uma questão de sobrevivência, os povos voltam a falar de direito natural, mas com outros nomes, como direitos humanos. 4- Gustav Radbruch (1878-1949) – Obra: Filosofia do Direito (1932/entre guerras): a) Uma lei que nega a vontade de justiça (rejeição aos Direitos dos Homens), não tem validade b) Leis injustas e danosas socialmente devem ser rejeitadas => Há princípios jurídicos mais fortes que a normatividade jurídica (leiposta). c) Sem justiça e igualdade a lei não tem juridicidade (validade) – forma de evitar a arbitrariedade dos direitos positivados. 5- Jean Dabin (1879-1971) - Texto “Direito Natural, Justiça e Regra Geral” (1944) a) Direito Natural: 1- É norma da razão; 2- É regra de conduta, tanto moral quanto jurídica; 3- Tem validade universal e imutável; 4- É um princípio para a legislação civil – parâmetro para o direito positivo; 5- É regra que visa o bem e a justiça; 6- Visa o Bem-Estar social; 7- Tem Aristóteles e Tomás como grandes expoentes. b) Justiça: 26 1- É virtude moral – gregos já diziam; 2- Se relaciona com o bem 3- É o cumprimento dos deveres; 4- É “dar a cada um o que lhe é devido” ; 5- É igualdade; 6- É representado pela: a) Justiça Comutativa: Pessoa Privada <=> Pessoa Privada; b) Justiça Distributiva: Coletividade (Sociedade/Estado) => Indivíduo (membro), lida com: participação no bem público; distribuição de frações; alocações de atribuições; c) Justiça Legal: Indivíduo (membro) => Coletividade (sociedade). REALISMO JURÍDICO ➔ Corrente do Juspositivismo 1) Direito surge da realidade social - O comportamento humano faz e desfaz a norma, não existe nada além da sociedade e dos costumes que servem de base para o direito. 2) Validade do Direito = Eficácia da norma - Uma regra se mantém atuando quando ela é eficaz, quando ela é eficaz ela é válida, a validade para os realistas é a eficácia. “Está funcionando? Vamos continuar com essa lei. Não está funcionando? Vamos trocar” - É possível analisar a sociedade através dos sentidos. 3) Escola Histórica - Friedrich Karl Von Savigny (1779-1861); Texto: “Da vocação do nosso tempo para a legislação e jurisprudência” (1814). a) Fontes do Direito: “Espírito do Povo” e Direito Consuetudinário (costumes e crenças, os quais constituem a história desse povo, daí o nome da corrente) b) Lei: essência do povo (=/= essência do homem) – significa aquilo que é o fundamento do povo, sinônimo de história, dentro de uma perspeciva metafísica, ou seja, que transcende o povo. c) Código (Legislação): Leis existentes + Novos dispositivos (costumes/opiniões só se tornam parâmetros quando transformados em lei, se efetivando no ordenamento jurídico) - na falta de um direito absoluto, o DP muda de acodo com as condições históricas. d) Lei/Direito Natural: Teoria “Extravagante e Infundada”, tendo em vista que ele não existe => O Direito Positivo se adequa à conveniência histórica dos fatos 4) Características da Lei: - buscar nos textos 27 a) Associada à vontade/consciência/história do povo b) Comunicada por escrito ou oral c) Sujeita à mudança d) É expressa por uma linguagem técnica e) Pautada pelas leis existentes e por novos dispositivos f) Precisa (quando a lei é posta, ela é certa) e Uniforme (mesma lei para todos os indivíduos) – Concisa 5) Característica da História: a) É parte de um determinado povo b) Ramo do conhecimento (para o direito/formação das leis) c) Formada pelos costumes e jurisprudências d) Mantém o povo unido (Estado Primitivo/originário) POSITIVISMO JURÍDICO 1) VÁLIDADE =/= JUSTIÇA (problema ético) =/= EFICÁCIA justiça cristã e platônica, justiça não é uma questão juridica e por isso não poderia classificar a norma 2) Hans Kelsen (1881-1973): nascido em Viena Direito = Ciência Pura (Teoria Pura do Direito) => Estudo científico do Direito Positivo = Torna o Direito uma Ciência => o que constitui o Direito é sua Validade Jurídica (Validade da Norma – principal objeto de estudo) o direito é autossuficiente, toda influencia externa é transformada para caber no ordenamento jurídico - Sofreu grande influência de Ludwig Wittgeinstein: jogos de linguagem e tractato (filo só serve como ferramenta para analisar as proposições científicas sobre a realidade – Círculo de Viena – visão cientificista e positivista) 3) Norma: a) não é comando/imperativo. b) liga um Fato Condicionante e uma consequência (sanção) = entidade lógico-hipotética (qualifica juridicamente a experiência social); c) não enuncia juízo de valor moral/político; d) é coercitiva - sanção (para evitar o ilícito) 4) Validade da Norma: a) se a autoridade que fez a norma tem autoridade legítima; b) se a norma atual não for anulada (revogada); c) se a norma criada é compatível com o ordenamento jurídico.d) Norma fundamental 5) Ser =/= Dever-ser a) Ser = Natureza = nexo causal necessário (C=>C=>...C) = se A, B. b) Dever-ser ex. fenômeno social (regulado por) => Norma Jurídica = Princípio de Imputação/atribuição {Norma (prop. Hipotética: (Se) A (condição) (Fato-Ilícito)==(então) (Imputação = vontade = Estado)==> B (efeito/sanção) 28 6) Norma Fundamental: - uma norma não pode se auto validar * Sanção <=(Validade)= Norma <=(V)= Norma <=(V)=...Norma Fundamental ex. Prisão <=(V)= Sentença Judiciária <=(V)= Lei Penal <=(V)= Constituição <=(V)= ... <=(V) = Norma Fundamental 7) Norma Fundamental: pressuposição teorica que kelsen utiliza para validar o ordenamento jurídico a) 1ª Constituição; (não é positivada) b) não é posta; c) é pressuposta; d) feita por grupo ou usurpador; e) pressuposição última; f) valida as demais normas. JÜRGEN HABERMAS (1929) 1) Sociedades Seculares (moderna): - ruptura a partir da Ref. Protestante (rompe com a unidade cristã), Rev. Científica e Grandes Navegações a) Rejeita o mito e tradição - não há mais um tipo de discurso universal b) Plural – diferentes formas de perceber a realidade c) Tende ao dissenso – tende ao conflito por ser plural 2) O Direito não pode buscar fundamento na: a) Teleologia da História – Habermas não aceita a visão de que a história tende a um fim b) Essência do ser humano (jusnaturalismo) – após a teoria da evolução é dificil falar em essência c) Tradição Cultural – manifestação do espírito absoluta – Habermas também rejeita o juspositivismo, pois há uma pluralidade cultural, assim qual seria o parâmetro para o direito? 3) Com a reviravolta linguística a Razão Prática (lida com a ética + direito) passa a ser denominada como Razão Comunicativa (Agir comunicativo para o entendimento) - a linguagem passa a ser o principal objeto de estudo da filosofia na primeira metade do séc. XX, por ser um meio para se comunicar e refletir - Conflito = falta de entendimento entre os indivíduos, assim, para resolvê-lo, no nível ideal, seria preciso criar um discurso que o interlocutor reconheça como válido 4) Para a Teoria da Ação Comunicativa (T.A.C) no discurso válido: a) o falante se faz compreender - tem que acatar essa intenção comunicativa b) o falante dá a entender algo - não pode ser dúbio, não pode querer enganar c) verdadeiro/correto – algo é verdadeiro se aquele predicado se adequa ao sujeito e correto quando tem a intenção de ser - Ação estratégica: não agir com finalidade de entendimento, querer convencer o outro com um discurso que não é necessariamente válido 29 5) A teoria do Agir Comunicativo visa a integração social, conectando as ações/interlocutores. Assim, a fala coordena entendimento entre ouvinte e falante, enquanto busca consenso (com dissenso busca-se o “melhor” argumento). 6) Com validade falível, ou seja, sem consenso entre os diferentes discursos, se faz necessário positivar o Direito para garantir a convivência social 7) Direito: surge para resolver os conflitos, porque nem todos agem conforme a ação comunicativa a) Demarca as liberdades – possibilita a convivência social b) Garante a Integração Social – o Direito faz a mediação entre os indivíduos c) Manifesta a Vontade do povo – ideal democrático d) Tem o monopólio da Sanção - coercitivo e) Evita o dissenso – busca o concenso dentro da pluralidade social f) Tem validade falível – o Direito não é absoluto, as leis são mutáveis 8) A norma jurídica é: a) Objetivadora - é obstáculo para minhas ações => ação estratégica (buscando contrariar o Direito) b) Performativa - é deontológica, ou seja, é um norte para minhas ações => ação comunicativa 9) Legitimidade do Direito: a) Democracia (Deliberativa) - democracia institucionalizada, baseada nos Direitos Humanos, na qual se dá a convivência entre discursos antagônicos b) Institucionalização – burocratização para que a democracia funcione - Pode existir direito fora da democracia, mas ele só é válido dentro de um sistema democrático
Compartilhar