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Penas restritivas de direito e de multa As penas restritivas de direito possuem um tríplice caráter: a) são autônomas – como espécie independente de pena, existente ao lado das penas privativas de liberdade e da pena de multa, sua execução extingue a pena privativa de liberdade. b) são substitutivas – porque aplicáveis como alternativa à pena privativa de liberdade. c) São reversíveis – porque admitem, em determinadas hipóteses, a reaplicação da pena privativa de liberdade substituída, como garantia da eficácia da pena restritiva de direito aplicada (ART. 44,§§2º e 3º do CP). A substituição das penas privativas de liberdade por restritivas de direito é determinada pela natureza do crime cometido, conforme a duração da pena aplicada, assim equacionados. Quanto a natureza do crime: 1) em crimes dolosos cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, a pena privativa de liberdade de até quatro anos pode ser substituída por pena restritiva de direitos (art. 44, I, CP) 2) No caso de crimes culposos a pena privativa de liberdade pode sempre ser substituída por pena restritiva de direitos (art. 44, I CP); 3) Nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça a pena privativa de liberdade inferior a um ano, pode ser substituída por pena restritiva de direitos (art. 54, CP). Quanto a duração da pena 1) no caso de pena privativa de liberdade igual ou inferior a 1 ano é possível a substituição por multa ou por uma pena restritiva de direitos (art. 44, §2º, CP); 2) no caso de pena privativa de liberdade superior a 1 ano, possibilidade de substituição por pena restritiva de direitos e multa, ou por duas penas restritivas de direito (art. 44§ 2º, CP). Ex. penas para integrantes de torcidas organizadas pode ser prestação de serviço à comunidade e impedimento de frequentar estádios de futebol. Outros requisitos que impedem a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. 1) reincidência – em crime doloso impede a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos (art. 44, II, CP), a não ser quando a reincidência não é pelo mesmo crime (reincidência genérica) e a substituição for socialmente recomendável. 2) Circunstâncias judiciais desfavoráveis – previstas no artigo 59 do CP, que são a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade, os motivos e circunstâncias do crime não recomendarem esta substituição. Restrição de caráter específico – art. 44 da Lei 11.343/06 impede que a pena restritiva de direito seja aplicada ao tráfico de entorpecentes e crimes assemelhados (art. 33, caput e §1º e art. 34 até o art, 37 da mesma lei). Conclui-se que as penas restritivas de direito estão instituídas para serem substitutos das penas privativas de liberdade para os casos de aplicação de regime aberto (note que a pena de até quatro anos com réu não reincidente, admite a substituição por pena restritiva de direito). Espécies de penas restritivas de direito: a) Prestação pecuniária – a prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou dependentes, ou entidade pública ou privada com destinação social, de um valor fixado pelo Juiz, entre o mínimo de 1 e o máximo de 360 salários mínimos, como reparação do dano causado pelo crime. Existe a hipótese de reparação do dano através de prestação de outra natureza caso o condenado requeira e o beneficiário aceite.(art. 45, §§ 1º e 2º do CP); b) Perda de bens e valores – algum bem pertencente ao condenado correspondente ao valor maior do prejuízo ou do provento obtido com a prática do crime, este bem se destina ao Fundo Penitenciário Nacional (art. 45, § 3º, CP); c) Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas – para condenações superiores a 6 meses (dentro do limite das penas restritivas de direito), e consistem em tarefas gratuitas atribuídas conforme a aptidão do condenado, sem prejuízo à jornada normal de trabalho, em entidades assistenciais, escolas, hospitais, orfanatos, etc. Em razão de uma hora de trabalho por dia de condenação (art. 46, §§§1º, 2º e 3º, CP); d) Interdição temporária de direitos – A interdição temporária de direitos consiste em proibições; d1) proibição de cargo, função ou atividade pública ou mandato eletivo; d2) proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, licença ou autorização do poder público; d3) suspensão de autorização para dirigir veículos; d4) proibição de freqüentar determinados lugares. (art. 47, § 1º CP). e) Limitação de fim de semana – a limitação de fim de semana se assemelha parcialmente ao regime aberto, consiste na permanência durante 5 horas nos sábados e domingos em casa de albergado, com a possibilidade de participar de cursos, palestras e outras atividades educativas (art. 48, parágrafo único, CP). f) Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo (prevista na Lei 11343/06) – a Lei 11343/06 criou uma nova espécie de pena restritiva de direito (tem também pena de prestação de serviço a comunidade. Nestas penas o seu descumprimento acarreta pena de multa. (art. 28,§ 6º e 29 da lei 11343/06) PENA DE MULTA Pena de multa é aplicada pelo sistema de dias-multa, uma criação original do Código Criminal de 1.830. A multa pode ser aplicada cumulativamente com as penas privativas de liberdade, com restritiva de direito ou isoladamente. O valor se destina ao fundo penitenciário. a) no caso da pena de multa ser aplicada isoladamente substituindo a pena privativa de liberdade, quando a aplicação da pena privativa de liberdade for igual ou inferior a 1 ano (art. 44, §2º, CP). b) se superior a um ano a pena privativa de liberdade pode ser substituída por pena restritiva de direitos e multa (art. 44, §2º, do CP). APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA 1) quantidade de dias-multa – a quantidade de dias multa varia entre o mínimo de 10 e o máximo de 360 dias-multa, dependendo da gravidade do crime;(Lei 11343/06 penas de até 4000 dias-multa). 2) o valor do dias-multa – e calculado com base no salário mínimo da época do fato entre 1/30 (um trigésimo) até 5 vezes . Este valor pode ser multiplicado por três (a atual lei de tóxicos admite a multiplicação deste valor pelo décuplo, art. 43, parágrafo único da Lei 11.343/06). Depende da situação econômica do réu. Conversibilidade das penas criminais No caso da pena restritiva de direito elas podem ser convertidas em penas privativas de liberdade, quando houver descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade convertida será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos (art. 44, § 4º do Código Penal). Exceto uso de entorpecentes para consumo pessoal é aplicada uma pena restritiva de direitos (art. 28, § 6º da Lei 11.343/06) seu descumprimento acarreta pena de multa. No caso de pena de multa antigamente podia ser convertida em privativa de liberdade, não pode mais. Esta somente pode ser considerada dívida de valor, podendo ser penhorado bens pela Fazenda Pública. A multa perdeu o seu caráter penal. (redação atual do art. 51 do CP).
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