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Marco Bidart e Edilton Borges Trabalho Final DRU

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – UNIPAMPA
CAMPUS SANTANA DO LIVRAMENTO/RS
CONSTRUÇÃO DE DIAGNÓSTICOS REGIONAIS:
CONSOLIDAÇÃO DE PARCERIAS PARA A COLETA E GESTÃO 
DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE SANTANA DO LIVRAMENTO-RS
MARCO BIDART
EDILTON BORGES
Santana do Livramento, 29 de Janeiro de 2018
INTRODUÇÃO 
O incremento demográfico mundial em escala geométrica multiplica também a produção de lixo, fato que, somado ao estreitamento temporal entre cada quebra de paradigma tecnológico, transforma em detrito o que pouco tempo antes era uma novidade para o consumo, ou, em outras palavras, criamos lixo com o consumo sistemático e desenfreado de maneira diretamente proporcional a rapidez com que descartamos o que ontem fora o objeto do desejo. 
Desta forma - crescente e cumulativa - a quantidade de lixo que a sociedade produz carece de destino e causa graves danos ao meio ambiente, provocando sobrecarga aos insuficiente aterros sanitários existentes em âmbito federal, estadual e, sobretudo, municipal. Contudo, da mesma forma que existe dificuldade em dar destino a este lixo, há também o reconhecimento do seu grande valor econômico, social e ambiental. Buscando alcançar um equilíbrio entre a geração e a prestação dos serviços de gerenciamento e gestão de resíduos sólidos, foi criada, em 2010, a Lei n° 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada pelo Decreto n° 7.404/2010 (De Souza; Farias e Do Canto, 2014). 
Observando os artigos 18 e 19, constantes na Lei em questão, surge a necessidade da elaboração de planos municipais de GIRS para a obtenção dos recursos da União para esse fim, sendo que estes devem preencher um mínimo de requisitos, como destinação correta dos resíduos sólidos, incentivo a coleta seletiva como ação mínima para a preservação ambiental e estímulo ao exercício da cidadania.
Tais ações provocam mudanças significativas na sociedade como um todo, pois promovem uma reeducação da população, criam novas vagas de trabalho, entre catadores, recicladores e até mesmo agentes ambientais para o mercado de trabalho. Isso sem citar uma melhoria na apresentação dos espaços públicos, diminuição da quantidade de resíduos e, em consequência, uma ampliação na vida útil de aterros, reduzindo impactos negativos ao Meio Ambiente, além de poder gerar lucros.
Para atingir esse nível, cidades como Santana do Livramento necessitam promover profundas mudanças em diversos setores da sociedade civil e também no âmbito público-privado, já que a mesma não conta com políticas públicas voltadas de fato para a GIRS, muito embora não se encontre num estado estagnação nessa questão e seja membro do PRGAIRS (Plano Regional de Gestão Associada e Integrada de Resíduos Sólidos). Vale citar que, por ser fronteira seca com a uruguaia de Rivera, cidade conhecida pelos seus free shops, Santana do Livramento sofre com picos de população aos finais de semana e feriados, devido aos turismo de compras, acarretando um grande aumento na geração de resíduos (De Souza; Farias e Do Canto, 2014). 
Incluir a prática da coleta seletiva até que a mesma se torne praticamente um hábito, tanto das ações dos cidadãos quanto das políticas públicas das administrações, independente da liderança, depende de alguns fatores para ter êxito. Sensibilizar todas as partes envolvidas, em todas as etapas do processo, desde o momento do descarte, da armazenagem e até chegar à etapa da reciclagem, também é necessário que se crie uma cultura de conscientização ambiental, para que os indivíduos mudem alguns de seus hábitos e costumes (De Souza; Farias e Do Canto, 2014). 
DESENVOLVIMENTO 
A gestão e o gerenciamento integrado de resíduos sólidos podem ser definidos como a ação conjunta dos diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o intuito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento, e a disposição final dos resíduos sólidos, culminando em uma cidade mais asseada, o que por sua vez acarreta um aumento da qualidade de vida da população (MONTEIRO, 2001, apud DE SOUZA; FARIAS, 2014).
Inseridos no Programa de Educação Ambiental do Município – que ainda está sendo formulado – a Associação dos Catadores Novo Horizonte engloba, segundo dados não oficiais coletados junto à servidores da prefeitura Municipal de Santana do Livramento, perto de 200 famílias que se alternam na coleta e reciclagem de resíduos sólidos, sendo que, atualmente, aguardam a liberação de um galpão que será usado para armazenar e separar todo o material reciclável que for recolhido no município, sob cedência da própria Prefeitura. O espaço só será liberado após alguns reparos e adequações. Enquanto aguardam a liberação, os catadores providenciaram um local provisório. (DE SOUZA; FARIAS e DO CANTO, 2014). 
A associação conta com o apoio da UNIPAMPA, Universidade Federal do Pampa, sob a coordenação do professor Altacir Bunde, que afirma em texto constante no site da universidade que objetiva fortalecer a organização para que essa possa implantar uma forma de gestão baseada na autogestão, seguindo os princípios da economia solidária para orientar e capacitar às famílias de catadoras e catadores e contribuir para a organização social e produtiva dos mesmos através da autogestão, da ação direta com independência, com solidariedade, com democracia direta e apoio mútuo na execução dos trabalhos.
Contudo, até o momento o trabalho de catação é executado a céu aberto e de forma individual, estabelecendo relações de precariedade, tanto no âmbito profissional quanto sociocultural, com mazelas que vão desde o preconceito até a exploração dos trabalhadores por atravessadores no momento da comercialização dos materiais que são coletados. 
Justamente por isso Bunde assevera que a parceria com universidades pode (e deve) contribuir para o reconhecimento, enquanto catadoras e catadores, na inclusão e valorização do trabalho, pela auto-organização em bases orgânicas, com independência e solidariedade entre os catadores. Presume-se, com base nos argumentos expostos pelo professor Bunde (disponível em https://www10.unipampa.edu.br//portal/resumo.php?projeto_id=7813), que é mister conscientizar a população e os catadores para lutar contra a incineração e a privatização do lixo no município, pois somente com capacitação, intercâmbio e integração às instancias da economia solidária e do MNCR (Movimento Nacional do Catadores de Materiais Recicláveis – www.mncr.org.br) que haverá condições de organizar e dar passos importantes, tanto na prática como na ação direta. Como citado por Bunde, autogestão; democracia; cooperação; centralidade do ser humano; valorização da diversidade; emancipação; valorização do saber local; valorização da aprendizagem; justiça social na produção e cuidado com o meio ambiente são os 10 princípios básicos da economia solidária.
Um mapeamento realizado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES –, do Ministério do Trabalho e Emprego, em parceira com o Fórum Brasileiro de Economia Solidária, revelou a existência de 14.959 empreendimentos econômicos solidários, em 2.274 municípios do Brasil (41% dos municípios do país). Em 2005, a maior parte dos empreendimentos solidários dedicava-se à agricultura e pecuária (64%). Os demais estavam voltados à prestação de serviços (14%), produção de alimentos (13%), indústria têxtil, de confecções e calçados (12%), artesanato (9%), indústria de transformação (6%), coleta e reciclagem de resíduos sólidos (4%) e finanças (2%). (1)
Segundo os autores Pereira e Goes (2016), a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece a gestão integrada, que articula a dimensão social, ambiental e econômica presente na administração dos resíduos sólidos. A lei que institui a PNRS (Lei Federal no 12.305/2010) reconhece o trabalho das cooperativas e das associações de catadores, e define que elas sejam priorizadas na contratação para a execução dos serviços de limpeza urbana.
Enquanto política de governoque quer tornar-se política de Estado, a PNDR (Plano Nacional de Desenvolvimento Regional) deve estar atenta para não incorrer em contradições cada vez mais profundas, como alerta Albuquerque (2007), quando afirma que situação similar ocorre com as políticas desenvolvimentistas orientadas para regiões consideradas em “atraso relativo”, caso do sertão nordestino ou das regiões campeiras meridionais. As instituições públicas propõem combater a “desvalorização econômica regional” por meio de maiores investimentos de capital, como se os problemas sociais de hoje já não fossem derivados de investimentos realizados no passado. (2)
Os tipos de resíduos gerados no Município de Santana do Livramento expressam um panorama em que os resíduos de serviços de saúde são gerenciados pela Empresa ANSUS Ltda., que realiza a coleta mensal dos resíduos provenientes dos serviços municipais de saúde, seu transporte, tratamento e disposição final adequada a esses resíduos. O serviço é cobrado por litro, tendo o custo atual de R$ 1,57/l, tendo segundo o setor de compras da secretaria de saúde uma estimativa de 2000 litros/mês. Os resíduos domésticos sólidos ficam em torno de 50 t/dia, tendo um acréscimo significativo aos finais de semana pelo número de turistas que pode chegar a 25.000 (PRGAIRS, 2012, apud DE SOUZA e FARIAS, 2014). Os resíduos recicláveis, pelo fato do município ainda não possuir coleta seletiva, são coletados pelos catadores autônomos, ou recolhidos juntamente aos domésticos, no entanto, os dados das empresas que atuam no setor de recicláveis são dispersos e não demostram o real volume produzido, pois a atividade de coletas de materiais ocorre tanto no município de Sant’Ana do Livramento – Brasil, quanto na intendência de Rivera – Uruguai (dado alcançado através da Observação Sistemática). Os resíduos públicos provenientes dos serviços de poda e varrição desempenhados servidores da Secretaria de Serviços Urbanos são dispostos em uma área da prefeitura (DE SOUZA e FARIAS, 2014).
Tais informações foram coletadas por De Souza e Farias (2014) através de entrevistas estruturadas, tipo de fonte de informação que também revelou, através de um estudo feito pelo engenheiro agrônomo Eloi Luft (2013), que Santana do Livramento produz anualmente em torno de 12.600 toneladas de lixo, entre as variedades expostas acima, que atinge aproximadamente 420 gramas de lixo p/dia e p/pessoa. 
Contudo, atualmente o Município de Santana do Livramento ainda não possui um Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, embora se encontre em fase de estruturação. Existe um núcleo gestor para a realização dos trabalhos de elaboração e implantação, mas por enquanto ocorrem apenas ações esparsas e paliativas que acabam levando a um desinteresse da comunidade em se envolver. Um exemplo disso foi a transformação da área do antigo lixão em aterro controlado, mas desativada em 2003 e entregue ao antigo proprietário, passando os resíduos sólidos a serem levados para um aterro sanitário em Candiota-RS (DE SOUZA e FARIAS, 2014).
Entretanto, a legislação vem exercendo pressão sobre os municípios no intuito de dirimir os impactos que o lixo inadequadamente armazenado vem causando ao meio ambiente, bem como a crescente necessidade de aproveitar os recursos que a reciclagem pode gerar em todas as frentes. Para Santana do Livramento não é diferente pois vem sendo impostos prazos e metas para adequação e assim possam ser captados recursos junto à União.
...se fez sentir com um conjunto de inovações normativas, do qual a Lei no 12.035/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é o exemplo maior. Fez-se também sentir com a aplicação de mais de R$ 500 milhões (Pereira e Goes, 2016, apud Metello, 2015) nos últimos cinco anos destinada à promoção da reciclagem por meio de cooperativas de catadores de materiais recicláveis e ainda consolidou o Movimento dos Catadores como um ator-chave na discussão sobre reciclagem e meio ambiente no Brasil. (3)
A empresa ANSUS SERVIÇOS LTDA., detentora da concessão dos serviços de coleta e destinação final dos resíduos sólidos em Santana do Livramento, dispõe de três caminhões compactadores (um de reserva e dois para o serviço), que realizam a coleta de 6 a 5 vezes por semana na área central da cidade e de 1, 2 ou 3 vezes por semana nos bairros mais afastados. Os resíduos sólidos são acondicionados em sacos plásticos e dispostos em lixeiras privadas, dependurados em grades, postes, árvores, ou simplesmente amontoados nas calçadas e sarjetas da cidade. Os resíduos sólidos são coletados e encaminhados a uma área de trasfega ou transferência, devidamente licenciada, onde permanecem armazenados por um período máximo de 24 horas. A transferência dos mesmos é realizada para duas carretas, que transportam os resíduos até o aterro sanitário da Empresa Meioeste, em Candiota, onde é feita a sua disposição final (DE SOUZA e FARIAS, 2014).
Obviamente, a terceirização dos serviços de coleta de lixo é um mau negócio para os municípios em todos os sentidos. No entanto, como realizar um trabalho em que possam ser aproveitados não somente os recursos sólidos e as oportunidades de trabalho, mas no qual seja realizada uma mudança na mentalidade comunitária e seja possível envolver toda a população, neste caso, se Santana do Livramento, em um processo com início, meio, não obstante sem fim? 
Consolidar verdadeiras parcerias para a coleta e gestão de resíduos sólidos pode ser um projeto que percorra um longo caminho e abranja todo o conjunto da sociedade, representada por suas principais entidades e instituições, como veremos no diagnóstico a seguir.
PERFIL DO TERRITÓRIO 
Formação histórica
Santana do Livramento, cognominada oficialmente de "Fronteira da Paz", nasceu de um período de guerras, quando a posse da terra dependia da sorte das armas e quando as instáveis fronteiras eram defendidas com as pontas das lanças, das patas dos cavalos e do gume das espadas nos combates.
Em 1810 os acontecimentos que se desenrolaram no Rio da Prata e deveriam terminar com a emancipação política das colônias espanholas, pôs em perigo a situação do governo de Montevidéu. Esse fato causou muita intriga e com isso ocorreu a 1ª intervenção militar do Brasil Reino. A organização de um exército de tropas de linha territorial no Rio Grande do Sul foi necessária, tendo sido enviado para guarnecer as fronteiras de Bagé e Livramento o Exército Pacificador, comandado por Diogo de Souza (1° Conde de Rio Pardo).
Este exército foi dividido em dois destacamentos principais e estabeleceu-se no Rio Ibirapuitã, acampamento que na época chegou a ser chamado de Cidade de São Diogo, marcando o início do povoamento de Santana do Livramento com a construção da capela junto ao citado arroio. Mais tarde, autoridades religiosas não aprovaram o local e a dependência da capela. Foi então que a capela definitiva foi construída no local denominado Itacuatiá, com a denominação de Nossa Senhora do Livramento no dia 30 de julho de 1823, data que assinalou a fundação oficial da cidade.
Contudo, o início do povoamento de Livramento foi em 1814, quando o Marquês de Alegrete fez as doações das primeiras sesmarias (uma légua de frente por três de fundos) para Belarmina Coelho, João da Costa Leite e Antonio José de Menezes. Em 1818, tendo assumido o governo da Província, o Conde de Siqueira, Dom José Castelo Branco da Cunha de Vasconcelos e Souza, incentivou o povoamento da região concedendo sesmarias em maior número. Os primeiros colonizadores que habitaram a cidade foram os índios Charruas e Minuanos, pertencentes ao grupo Guaicurus do Sul, e os primeiros europeus que vieram para habitar a região foram os jesuítas espanhóis, habitando a região do Prata e contribuindo com a formação e povoamento de Santana do Livramento e conformando as etnias de origem local entre Charruas; Minuanos; Jesuítas espanhóis; portugueses e italianos. (4)
Características e indicadores socioeconômicos
Atualmente, trata-se de uma cidadede médio porte, com 84.306 habitantes (2016), área de 6.950,4 km² e densidade demográfica de 11,6 hab/km² (2013), inserida na metade sul do Rio Grande do Sul, vizinha de Rivera, cidade de médio porte situada no extremo norte do Uruguai, com suas peculiaridades históricas e seus 7,3 km de fronteira seca urbana divididas apenas por avenidas comuns. 
Em 2015, o salário médio mensal era de 2.0 salários mínimos e a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 18.1% (15.017 pessoas). Na comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 363 de 497 e 244 de 497, respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo, ficava na posição 1987 de 5570 e 1623 de 5570, respectivamente. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 33.9% da população nessas condições, o que o colocava na posição 162 de 497 dentre as cidades do estado e na posição 3794 de 5570 dentre as cidades do Brasil. Trata-se, portanto, de uma cidade que forma parte das chamadas microrregiões estagnadas,
(...) com rendimento domiciliar médio, mas com baixo crescimento econômico. Em geral refletem dinamismo em períodos passados e possuem, em muitos casos, estrutura socioeconômica e capital social consideráveis. Nessas regiões, que apresentam um grau de urbanização relativamente elevado (75,3%), e são responsáveis por cerca de 18% do PIB nacional, residem cerca de 29% dos brasileiros. A sua espacialização mostra uma dispersão por todo território nacional, embora predominem nas regiões Sul e Sudeste, com importante presença em parte do Centro-Oeste. (4)
Em 2015, os alunos dos anos inicias da rede pública de Santana do Livramento tiveram nota média de 5 no IDEB. Para os alunos dos anos finais, essa nota foi de 3.5. Na comparação com cidades do mesmo estado, a nota dos alunos dos anos iniciais colocava esta cidade na posição 333 de 497. Considerando a nota dos alunos dos anos finais, a posição passava a 294 de 497. A taxa de escolarização (para pessoas de 6 a 14 anos) foi de 97.6 em 2010. Isso posicionava o município na posição 316 de 497 dentre as cidades do estado e na posição 2733 de 5570 dentre as cidades do Brasil.
A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 10.66 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 0.5 para cada 1.000 habitantes. Comparado com todos os municípios do estado, fica nas posições 186 de 497 e 273 de 497, respectivamente. Quando comparado a cidades do Brasil todo, essas posições são de 3104 de 5570 e 3330 de 5570, respectivamente. 
No que tange ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a cidade tem pontuação média, na ordem de 0,727. Apresenta 79.5% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 89.5% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 18.9% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio). Quando comparado com os outros municípios do estado, fica na posição 86 de 497, 186 de 497 e 258 de 497, respectivamente. Já quando comparado a outras cidades do Brasil, sua posição é 979 de 5570, 1544 de 5570 e 1944 de 5570, respectivamente.
Outros índices relevantes que devem ser levados em conta: a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais é de 4,23 % (2010); a expectativa de vida ao nascer é 75,77 anos (2010); o coeficiente de mortalidade infantil é de 7,54 por mil nascidos vivos (2015); o PIB (Produto Interno Bruto) municipal é de R$ 1.901.220,23 (mil) (2015); o PIB per capita é de R$ 22.915,10 (2015) e as exportações totais somam U$S FOB 29.300.962.
ESTRATÉGIAS (QUADRO GERAL)
	OBJETIVO GERAL
	OBJETIVOS ESPECÍFICOS
	Melhorar a coleta e gestão de resíduos sólidos em Santana do Livramento
	1.1 Seleção dos resíduos
1.2 Coleta seletiva
1.3 Armazenamento adequado
1.4 Economia nas terceirizações e aumento do emprego
1.5 Redução da poluição
	Capacitar os catadores de materiais recicláveis para a realização das triagens
	2.1 Treinamento
2.2 Definir a necessidade de contar com um local adequado
2.3 Uniforme para melhor identificação
2.4 Capacidade de autogestão
2.5 Geração de oportunidades de renda
	
Conscientizar a população sobre a importância da separação dos resíduos
	3.1 Levantamento junto a sociedade sobre quais ações estão sendo feitas
3.2 Melhorar a qualidade de vida das pessoas
3.3 Conservação do meio ambiente
3.4 Trazer contribuições para os gestores públicos e sociedade como um todo
3.5 Compreender a dimensão do impacto na sociedade e no meio ambiente
	
Desenvolver parcerias entre o poder público, universidades e associações de catadores visando estabelecer uma correta e constante coleta e gestão dos resíduos sólidos 
	4.1 Levantamento junto ao poder público das ações de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos com base na Lei n° 12.305/10
4.2 Identificar os pontos críticos do processo
4.3 Implantação de indicadores para o constante acompanhamento da sustentabilidade do PMGIRS
4.4 Definir a contratação de associações de catadores para a coleta e gestão dos resíduos sólidos
4.5 Implantação da educação ambiental nas escolas
ESTRATÉGIA 1
	Estratégia 1 (Objetivo Geral): Melhorar a coleta e gestão de resíduos sólidos em Santana do Livramento
Justificativa:
	1
	Objetivo específico
	Quem
	Quando
	Onde
	Como
	1.1
	Seleção dos resíduos
	População local
	Durante o ano inteiro
	Centro, bairros e localidades rurais
	Através da seleção, separação e acondicionamento adequando dos resíduos
	1.2
	Coleta seletiva
	Associações de catadores consolidadas e contratadas pela Prefeitura Municipal
	Durante o ano inteiro
	Centro, bairros e localidades rurais
	Através da logística disponível pelos contratados para realizar o trabalho
	1.3
	Armazenamento adequado
	Prefeitura Municipal
	Durante o ano inteiro
	Novo aterro sanitário
	Construído com a ajuda dos recursos da União disponíveis graças a adequação à Lei nº 12.305/2010
	1.4
	Economia nas terceirizações e aumento do emprego
	Prefeitura Municipal e setor da economia solidária
	A partir da consolidação do PMGIRS
	Setor público e terceiro setor
	Não renovação de contratos com empresas de gestão de resíduos e contratação de associações de catadores locais
	1.5
	Redução da poluição
	Comunidade santanense, setor público e privado
	A partir da consolidação do PMGIRS
	Município de Santana do Livramento
	Melhora na coleta e gestão de resíduos através da conscientização da comunidade como um todo
Resultados esperados:
A participação colaborativa e envolvimento de toda a comunidade santanense na seleção dos resíduos sólidos será o passo inicial para uma nova visão com respeito a responsabilidade que cada um tem para com sua cidade. Através da educação da sociedade para tal fim, levada às residências pelos profissionais da coleta seletiva, serão consolidas associações e cooperativas que vão encarar o lixo e sua reciclagem como um negócio rentável. Contudo, esta não será uma ação direta nem voluntária dos catadores, mas uma atitude das prefeituras municipais, universidades, ONGs, instituições religiosas ou entidades que atuam como facilitadores (PINHEL, 2015, apud CLIPES e CASSANEGO JUNIOR, 2017).
ESTRATÉGIA 2
	Estratégia 2 (Objetivo Geral): 2.	Capacitar os catadores de materiais recicláveis para a realização das triagens
Justificativa:
	2
	Objetivo específico
	Quem
	Quando
	Onde
	Como
	2.1
	Treinamento
	Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe
	Imediata e constantemente
	In loco
	Realizando a prática orientada e regulamentada da atividade
	2.2
	Definir a necessidade de contar com um local adequado
	Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe e associações de catadores
	Imediata e constantemente
	Galpão no Bairro Industrial do Município de Santana do Livramento
	Em parceria com a Prefeitura Municipal2.3
	Uniforme para melhor identificação
	União através dos recursos disponíveis para esse fim
	Imediata e constantemente
	Sede e/ou local das associações de catadores
	Em parceria com o Governo Federal
	2.4
	Capacidade de autogestão
	Associações de catadores de Santana do Livramento
	Na medida em que avança o PMGIRS
	Durante o exercício administrativo
	Através da capacitação e sob os princípios da economia solidária
	2.5
	Geração de oportunidades de renda
	Associações de catadores, Prefeitura, universidades e entidades de classe
	Na medida em que avança o PMGIRS
	Durante o exercício da atividade
	Exercendo profissionalmente a atividade da coleta e gestão de resíduos
Resultados esperados:
Espera-se obter a consolidação do PMGIRS com a criação de um novo e rentável setor dentro da economia da Município de Santana do Livramento, com a profissão de catador reconhecida pela sociedade e regulamentada pela lei.
ESTRATÉGIA 3
	Estratégia 3 (Objetivo Geral): 3.	Conscientizar a população sobre a importância da separação dos resíduos
Justificativa:
	2
	Objetivo específico
	Quem
	Quando
	Onde
	Como
	3.1
	Levantamento junto a sociedade sobre quais ações estão sendo feitas
	Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e escolas municipais e estaduais
	Imediatamente da implantação e estruturação do PMGIRS
	No Município de Santana do Livramento, em suas residenciais e rurais
	Através do trabalho da Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e professores do magistério
	3.2
	Melhorar a qualidade de vida das pessoas
	As associações de catadores na realização de um bom e estruturado trabalho
	A partir da implantação e estruturação do PMGIRS
	No Município de Santana do Livramento, em suas residenciais e rurais
	Através do trabalho da Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e professores do magistério
	3.3
	Conservação do meio ambiente
	Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e escolas municipais e estaduais
	A partir da implantação e estruturação do PMGIRS
	No Município de Santana do Livramento, em suas zonas residenciais e rurais
	Através das ações sistemáticas da Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e professores do magistério
	3.4
	Trazer contribuições para os gestores públicos e sociedade como um todo
	Pesquisa e extensão universitária
	A partir da implantação e estruturação do PMGIRS
	Na área de atuação planejada para a execução da pesquisa e extensão universitária
	Realizando pesquisa aplicada
	3.5
	Compreender a dimensão do impacto na sociedade e no meio ambiente
	Comunidade santanense
	A partir da implantação e estruturação do PMGIRS
	No Município de Santana do Livramento, em suas zonas residenciais e rurais
	Através da educação continuada
Resultados esperados:
Espera-se uma mudança na mentalidade das pessoas da comunidade e uma nova visão social sobre a importância da seleção dos resíduos a partir dos núcleos residenciais, orientando a sociedade para um futuro com responsabilidade ambiental, social e comunitária. Sob a ótica da seleção, coleta e gestão de resíduos sólidos será possível levar para cada residência os princípios básicos da economia solidária.
ESTRATÉGIA 4
	Estratégia 4 (Objetivo Geral): 4.	Desenvolver parcerias entre o poder público, universidades e associações de catadores visando estabelecer uma correta e constante coleta e gestão dos resíduos sólidos
Justificativa:
	4
	Objetivo específico
	Quem
	Quando
	Onde
	Como
	4.1
	Levantamento junto ao poder público das ações de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos com base na Lei n° 12.305/10
	Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e escolas municipais e estaduais
	A partir da implantação e estruturação do PMGIRS
	No Município de Santana do Livramento, em suas zonas residenciais e rurais
	Através das ações sistemáticas da Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e professores do magistério
	4.2
	Identificar os pontos críticos do processo
	Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e escolas municipais e estaduais
	A partir da execução sistemática e das leituras periódicas do PMGIRS
	Dentro do processo de execução sistemática e das leituras periódicas do PMGIRS
	Através das ações sistemáticas da Prefeitura, universidades, ONGs, entidades de classe, associações de catadores e professores do magistério
	4.3
	Implantação de indicadores para o constante acompanhamento da sustentabilidade do PMGIRS
	Pesquisa e extensão universitária
	A partir da execução sistemática e das leituras periódicas do PMGIRS observadas pela universidade
	Na área de abrangência planejada para a execução da pesquisa e extensão universitária
	Realizando pesquisa aplicada
	4.4
	Definir a contratação de associações de catadores para a coleta e gestão dos resíduos sólidos
	Prefeitura Municipal
	A partir da implantação e estruturação do PMGIRS
	No Município de Santana do Livramento
	Através da não renovação dos contratos com empresas terceirizadas de fora do Município
	4.5
	Implantação da educação ambiental nas escolas
	Prefeitura Municipal e Governo Estadual
	A partir da implantação do PMGIRS
	Nas escolas municipais e estaduais
	Através da educação continuada
Resultados esperados:
Com essa estratégia se pretende transformar a essência cidadã de cada membro da comunidade, para que cada um se sinta parte de um todo integrado, coeso e corresponsável pela sua cidade e por cada membro da comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
A nova visão estratégica que o PMGIRS de Santana do Livramento deveria buscar imprimir no seio da sociedade em que atua é a noção de que todos compartilhamos um espaço social (LOPES DE SOUZA, 2001) que é ambientalmente limitado e economicamente tendente à escassez. A participação efetiva do trabalhador individual e da sociedade plural em tudo que envolve sua vida é algo que pode romper com a indiferença das pessoas e abrir caminho para a transformação da sociedade e de nossas condições de vida que é extremamente precária.
Não deveríamos, enquanto comunidade, ter de impor ao poder público a obrigatoriedade da sanção, da multa, da penalização econômica, pois seria aumentar a escassez de um recurso para tentar diminuir os danos causados a um outro. Somente as ações sistematicamente planejadas, pensadas, revisadas e embasadas podem ter resultados positivos no longo prazo. Neste caso, tais resultados são a melhoria da qualidade de vida da população santanense, o nascimento de um setor econômico estruturado, o embelezamento do espaço social urbano e rural e a preservação dos recursos naturais.
Mas o sucesso da implantação do PMGIRS não é apenas uma necessidade visível, uma cidade limpa, uma população mais cidadã, um setor econômico com empregabilidade. Trata-se da capacidade comunitária de renovar-se, de encontrar novas motivações para permanecer no município e, consequentemente, reduzir a migração. Melhorar a autoestima dos cidadãos que aqui residem, incluir novos cidadãos como parte do mercado e da comunidade e reduzir o impacto que cada um sabe que provoca em seu entorno pode aumentar os índices de sucesso de todos como seres humanos, mais desenvolvidos em seu bem estar, individual e coletivo.
REFERÊNCIAS
Economia solidária, outra economia acontece: Cartilha da Campanha Nacional de Mobilização Social – Brasília: MTE, SENAES, FBES, 2007. 36 p.;
ETGES. Virginia Elisabeta; DEGRANDI. José Odim. Desenvolvimento regional: a diversidade regional como potencialidade. REVISTA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL, BLUMENAU, 1 (1), P. 85-94, OUTONO DE 2013;
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=27461;http://www.sdolivramento.com.br/prefeitura/cidade/
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Política Nacional de Desenvolvimento Regional. Brasília. 2003. Disponível: http://www.integracao.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=240b7eb3-af5d-458a-ad65- 1e9f4d5e9095&groupId=24915;
http://docs14.minhateca.com.br/655494250,BR,0,0,Marcelo-Lopes-de-Souza---ABC-do-Desenvolvimento-Urbano.pdf
https://www10.unipampa.edu.br//portal/resumo.php?projeto_id=7813
www.mncr.org.br

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