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1 de 5 Por Carlos Xavier para Direito sem Juridiquês Assista ao vídeo clicando aqui 1. Introdução: Neste resumo vamos estudar o “ativismo judicial.” A primeira coisa a fazer é definir ativismo judicial. O ativismo judicial é uma postura proativa do Poder Judiciário que tem a sua base na ideia de proteção aos direitos fundamentais. Aqui, o juiz não está limitado pelo texto da lei, mas ele se preocupa com a resposta mais adequada às necessidades dos direitos fundamentais.1 2. Ativismo judicial em perspectiva política: Definido o que é o ativismo judicial, vamos primeiro abordar o assunto numa perspectiva política. Ainda que nós compreendamos que a principal missão do Poder Legislativo seja editar leis, alterar a ordem jurídica, as complexidades da nossa sociedade contemporânea fazem com que os parlamentares, em muitas situações, não estejam dispostos a pagar o preço por determinadas escolhas políticas. 1 Recomenda-se o vídeo Neoconstitucionalismo em 5 passos. 2 de 5 Assim, naturalmente acaba sobrando um espaço maior para a atuação do Poder Judiciário. O Poder Judiciário, especialmente por meio das Cortes Supremas, acaba assumindo um espaço de protagonismo que é deixado pelo Poder Legislativo. Do ponto de vista político, nós poderíamos dizer que quanto maior for o ativismo do Poder Legislativo, menor será o ativismo judicial. Do contrário, quanto menor for a pró- atividade do Poder Legislativo, maior será o ativismo judicial. A coisa funciona numa relação inversamente proporcional. 3. Perspectiva jurídica. Limites do ativismo judicial: Se esse é o panorama político, então acaba não sobrando muito espaço para questionarmos o ativismo judicial do ponto de vista jurídico. E se somarmos esse panorama político ao controle da inconstitucionalidade por omissão2 e à ideologia dinâmica da interpretação,3 que nós já estudamos, fica ainda mais claro de compreendermos por que o ativismo judicial é tão aceito e difundido hoje em dia. Na verdade, o problema não é se o juiz será proativo. O problema é o “como.” Podemos dizer que não é uma questão formal (se pode ou não), mas material (conteúdo: como irá fazer isso). Não é uma questão quantitativa (de quantidade), mas qualitativa (de qualidade: novamente, como será a decisão). O juiz pode ser proativo, ele pode dar proteção aos direitos fundamentais de forma direta, mas toda a questão é saber como. A grande questão é estudarmos os limites do ativismo judicial. 3.1. Questões estritamente políticas: Um primeiro limite seguro traçado pela doutrina e pela experiência histórica da própria Suprema Corte dos Estados Unidos são as questões propriamente políticas. O Poder Judiciário não deveria se intrometer em assuntos que dizem respeito ao jogo político. Mas isso, infelizmente, é algo que temos visto cada vez mais em nosso país, especialmente no STF. 2 Assista ao vídeo respectivo clicando aqui. 3 Assista ao vídeo respectivo clicando aqui. 3 de 5 3.2. Fundamentação como fator de legitimação social da decisão judicial: Mas, nas demais áreas, no campo da afirmação e da evolução do Direito, uma outra baliza segura é a fundamentação da decisão. O que legitima uma decisão judicial não é simplesmente a autoridade do juiz, o cargo que o juiz ocupa. O Poder Legislativo recebe sua legitimidade do voto. A legitimidade da decisão judicial, já que o juiz não é eleito, está na sua fundamentação. Assim, o problema não é se o juiz pode ou não pode inovar na ordem jurídica. O problema é o como ele faz isso. Nós devemos questionar não a forma, mas o conteúdo da decisão judicial. Se ele está certa ou errada; se ela é legítima ou ilegítima. E a decisão judicial ativista só será legítima se ela for pautada em argumentos racionais capazes de convencer. Por isso que é tão importante um sistema de precedentes, como forma de agregar coerência e maior segurança jurídica a uma realidade na qual o ativismo judicial está presente. Se a decisão “ativista”, por exemplo, em matéria constitucional, for claramente contrária a precedente do STF, ela estará equivocada e deverá ser reformada. 3.3. Proporcionalidade. Preservação do núcleo essencial (mínimo existencial ou mínimo imprescindível): E, por fim, um último ponto fundamental é dominarmos o princípio4 da proporcionalidade. Aqui nós não teremos tempo de estudar esse ponto a fundo, vamos deixar para fazer isso mais adiante, mas o que é importante nós sabermos é que o princípio da proporcionalidade nos ensina que quando um juiz está dando tutela diretamente a um direito fundamental ele está limitado a proteger o núcleo essencial deste direito, o mínimo existencial ou mínimo imprescindível. 4 Alguns preferem chamar de “máxima” ou de “postulado.” A terminologia, aqui, não importa; importa dominar a técnica em si. 4 de 5 Em outras palavras, a margem de liberdade que o Poder Judiciário tem para tutelar de forma direta um direito fundamental é muito menor que a margem de liberdade do Poder Legislativo. Imagine, por favor, dois limites. O primeiro é chamado proibição de excesso. O segundo é chamado proibição de insuficiência. O Poder Legislativo tem uma ampla margem de liberdade, dentro desses dois limites, para disciplinar a proteção aos direitos fundamentais. Já o ativismo judicial, como está limitado ao mínimo existencial, ao mínimo imprescindível, obviamente fica limitado a uma margem muito mais próxima à proibição de insuficiência. O ativismo judicial deve ficar limitado apenas à proteção mínima que garanta o núcleo essencial do direito fundamental. 4. Resumindo: ATIVISMO JUDICIAL Postura proativa do Poder Judiciário, inovando na ordem jurídica, especialmente com o objetivo de tutelar os direitos fundamentais ATIVISMO JUDICIAL EM PERSPECTIVA POLÍTICA Quanto menor o “ativismo” (protagonismo) do Poder Legislativo, mais espaço se abre para o “ativismo judicial” (relação inversamente proporcional) ATIVISMO JUDICIAL NA PERSPECTIVA JURÍDICA. LIMITES Questões estritamente políticas Fundamentação como fator de legitimação social da decisão judicial Princípio (ou máxima) da proporcionalidade Preservação do núcleo essencial do direito fundamental (mínimo existencial ou mínimo imprescindível) A margem de discricionariedade conferida ao Poder Judiciário para a tutela direta de um direito fundamental é menor do que aquela de que dispõe o Poder Legislativo para disciplinar o direito fundamental 5. Indicações bibliográficas: Teoria do Processo Civil. Marinoni, Arenhart e Mitidiero. 5 de 5 Reclamação Constitucional e Precedentes Judiciais. Xavier. Ativismo e Autocontenção Judicial. Dimoulis. O Ativismo Judicial Contemporâneo no STF e nas Cortes Estrangeiras. Campos STF – Fator de instabilidade institucional? Limongi
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